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segunda-feira, 30 de novembro de 2015

Inflação maior em 2015 e PIB menor

Analistas elevam pela 11ª vez a previsão para a inflação deste ano

Focus indica PIB de -3,19% este ano e Selic acima de 14% em 2016

Analistas consultados pelo Banco Central na pesquisa Focus elevaram mais uma vez a previsão para a inflação deste ano. A 11ª alta seguida indica que o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) encerrará o ano em 10,38%. Para o ano que vem, a expectativa foi mantida igual à da semana passada, a 6,64%, acima do teto da meta, de 6,5%. Já a Selic deve superar os 14% no fim de 2016. O PIB voltou a ser revisto para baixo pelos analistas: -3,19% em 2015 e -2,04% em 2016. 
 Se a previsão para a inflação deste ano segue em alta há quase três meses, pela primeira vez após 16 elevações consecutivas, os economistas mantiveram inalterada a taxa prevista para 2016, em 6,64%. A meta oficial de inflação é de 4,5%, podendo variar dois pontos para cima ou para baixo. Em caso de descumprimento da meta, o BC é obrigado a fazer explicações públicas.

O relatório não cita mais a previsão para a Selic deste ano, já que a última reunião do Comitê de Política Monetária do BC ocorreu na semana passada e manteve a taxa em 14,25%. Para o ano que vem, os analistas elevaram pela segunda semana seguida a expectativa, passando de 13,75% para 14,13%.

O expectativa para o PIB deste ano foi reduzida pela segunda vez consecutiva, passando de -3,15% para -3,19%. O IBGE divulga amanhã o resultado da atividade econômica no terceiro trimestre e economistas esperam um recuo de cerca de 4% frente a igual período de 2014. Em relação ao ano que vem, os analistas consultados pelo Focus pioram a previsão há dois meses. Na semana passada a expectativa era de queda de 2,01%. No relatório divulgado nesta segunda-feira, eles acreditam que a economia vai encolher 2,04%.

A taxa de câmbio esperada para 2015 e 2016 não foi mudada em relação à pesquisa Focus da semana passada. Os analistas acreditam que a moeda americana encerrará este ano a R$ 3,95. No ano que vem, o dólar deve ser vendido a R$ 4,20, no mesmo patamar há cinco semanas.

Fonte: O Globo
 

Investigadores da Lava Jato acham que Lula se tornou alvo possível



Fatos apurados contra o pecuarista José Carlos Bumlai, próximo do ex-presidente, aproximaram Lula da investigação 

Lula e Bumlai juntinhos em foto encontrada pela Polícia Federal
O ex-presidente e o pecuarista, preso hoje, aparecem abraçados em festa animada ao som de viola

Os procuradores da Lava Jato acreditam que o ex-presidente Lula se tornou um alvo possível na investigação. Há três meses, imaginavam que focar a investigação em Lula causaria tumulto excessivo. De lá para cá, no entanto, jorraram elementos que o aproximaram dos crimes investigados. Os mais importante deles foram os fatos apurados contra o pecuarista José Carlos Bumlai -- que, segundo o delator Fernando Baiano, agia em nome de Lula -- e acerca do dinheiro do petrolão nas campanhas do petista.

Fonte: Época  

 

Guerra declarada

Derrubada de avião russo por militares da Turquia expõe os perigos do conflito civil na Síria e embaralha a estratégia do Ocidente para combater os terroristas do Estado Islâmico

Na terça-feira 24, onze dias depois dos atentados terroristas perpetrados pelo Estado Islâmico em Paris, os ânimos das nações mais poderosas do mundo foram de novo postos à prova quando o governo da Turquia decidiu derrubar um caça Su-24 pertencente à Rússia após este supostamente invadir espaço aéreo turco durante missão na Síria. Os relatos do que aconteceu são contraditórios. A Turquia diz que enviou, durante cinco minutos, dez mensagens ordenando que o avião se afastasse do território. Como os pedidos não foram atendidos, caças F-16 destruíram a aeronave. As autoridades russas dão uma versão diferente e afirmam que o jato não invadiu o espaço aéreo vizinho, sem representar ameaça ao país. O incidente embaralha a estratégia não só das duas nações diretamente afetadas, mas de todos os envolvidos no conflito civil sírio e no combate ao Estado Islâmico, incluindo os Estados Unidos e a União Europeia.

 Explosão no Iraque,  a derrubada do avião russo e protestos na embaixada turca em Moscou:
tensões tornam o xadrez diplomático mais complicado 

Há cerca de dois meses a Rússia entrou com força na Guerra da Síria. Seu objetivo é combater o Estado Islâmico e os rebeldes que ameaçam o regime do ditador Bashar al-Assad, aliado de Moscou. Entre as milícias de oposição ao regime estão guerrilheiros turcomenos, que contam com o apoio de Ancara. Durante essas missões, as forças russas realizavam constantes incursões aéreas próximas à fronteira da Turquia. A derrubada do Su-24 – que foi ordenada pelo presidente turco Recep Tayyip Erdoğan – representa o ponto de ebulição de tensões que já colocavam os dois países em rota de colisão. A rapidez com que a decisão foi tomada sugere que a Turquia só esperava a oportunidade para mandar um recado ao rival. Também explica por que a Rússia considerou o ataque como uma “emboscada” e a razão pela qual o presidente Vladimir Putin classificou o episódio de “facada nas costas”. “O conflito entre a Rússia e a Turquia poderá aumentar ”, diz Chuck Freilich, cientista político e ex-analista do Ministério de Defesa de Israel. “Não militarmente, mas diplomaticamente, com um pequeno teatro bélico.” 


Mais importante do que isso são as consequências para o conflito na Síria e o combate ao Estado Islâmico. A Turquia é membro da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan). Em tese, deve ser defendida pelos demais componentes do bloco (como Alemanha, Estados Unidos, França e Reino Unido) em caso de ofensiva inimiga. Para piorar, apesar de todas as principais nações do mundo estarem de mãos dadas no discurso contra o Estado Islâmico na Síria, elas possuem posições bem diferentes sobre Assad. Os russos apoiam o ditador lutando contra rebeldes, enquanto o Ocidente é contrário a ele. “A entrada da Rússia na equação síria mudou o equilíbrio do jogo”, afirma Hussein Kalout, professor de Relações Internacionais na Universidade de Harvard. “O país está ganhando terreno e encurralando o Estado Islâmico em áreas estratégicas.” 

Fonte: Isto É 
Ler na íntegra:  http://www.istoe.com.br/reportagens/441667_GUERRA+DECLARADA?pathImagens=&path=&actualArea=internalPage

Fotos: Ali Mukarrem Garip/Anadolu Agency; KIRILL KUDRYAVTSEV/AFP PHOTO, Andrew Harnik/AP Photo  
 

A política criminosa

A prisão do senador Delcídio Amaral, ordenada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) e depois confirmada pelo Senado Federal, suscita uma série de questões que dizem respeito ao desenlace da atual crise. Agora um fato novo vem à tona. Ele retoma com força o problema de um governo que já acabou, embora a presidente relute em reconhecer esse fato, que se impõe a todos os que pretendem ver a realidade. Parece que o País petista conseguiu ir além de qualquer limite, como se impunidade e corrupção fossem “regras” que devem ser seguidas.

O que imediatamente salta aos olhos é uma imensa crise de valores do mundo político e de setores do empresariado, em franca dissonância com os anseios da sociedade brasileira. O lulopetismo estabeleceu a corrupção como modo de governar, fazendo da impunidade um tipo de conduta que deveria ser seguido por todos. Os valores estão se esfacelando, como se não fossem mais fatores essenciais de coesão social.

Não seria, pois, de espantar o descrédito que hoje se abate sobre a classe política, amplificado pelo fato de o PT, outrora “partido da ética”, simplesmente afirmar que essas coisas são “naturais”. Imaginem as pessoas que vivem com poucos salários mínimos ou estão desempregadas vendo-se diante de um quadro de corrupção que consome bilhões de reais. A indignação e a desconfiança são, então, mera consequência.

A política petista pertence hoje à crônica policial. Uma política desprovida de qualquer pudor e sem nenhum valor moral tomou conta da cena pública, como se tudo fosse válido para a conservação do poder. Limites éticos foram simplesmente desconsiderados. Ser “progressista” significaria nada mais do que ser conivente com o crime, incentivador deste, em nome dos “valores” superiores da esquerda e do socialismo.

Ora, o resultado de tal política carente de moralidade é o crime como modo mesmo de governar. A política tornou-se criminosa por sua completa ausência de ética, uma política sem freios de espécie alguma. Note-se que os escândalos da época petista simplesmente se repetem e vão ganhando novas dimensões. O senador Delcídio Amaral somente escancarou o caráter propriamente mafioso dessa política, com a franqueza de uma conversa voltada para a obstrução da Justiça, que possibilitaria a fuga de um profundo conhecedor da política criminosa. Ele não seria o único beneficiário.

O senador petista procurou salvar-se e salvar o seu banqueiro financiador. A presidente da República foi citada por estar supostamente envolvida no escândalo da compra da usina de Pasadena. Delcídio pensou sobretudo nele, porém sem esquecer os desdobramentos políticos dos casos em que esteve envolvido. A política criminosa está se aproximando da própria presidente, além de já ter atingido o ex-presidente Lula, por intermédio de pessoas próximas, como o empresário/amigo José Carlos Bumlai. Num país que primasse pela moralidade pública e pela acepção mais elevada da política, a presidente já teria renunciado e seu criador, desde já, estaria prestando contas à Justiça.

Nesse contexto de política criminosa, não deixa de surpreender a votação no Senado – por 59 votos a 13 e uma abstenção pela manutenção da prisão de Delcídio. Isso porque vários desses senadores são objeto de investigações em curso no próprio STF, investigações essas que podem vir a comprometer o mandato de cada um deles. Ocorreu um fenômeno semelhante quando do impeachment do ex-presidente Collor, em que parlamentares com problemas com a Justiça terminaram por votar favoravelmente à sua saída. Não o fizeram por virtude ou por moralidade, mas premidos pelas circunstâncias, ciosos de conservar a sua própria imagem, por mais desfigurada que estivesse. Há aí uma espécie de contribuição que o vício paga à virtude.

Isso, contudo, só foi possível graças à ampla repercussão obtida pelo áudio da gravação nos diferentes meios de comunicação. Criou-se um ambiente público de maior intolerância com a corrupção e com os políticos, fazendo os senadores pensar duas vezes antes de tentarem empreender a absolvição do parlamentar sul-mato-grossense.  Senadores comprometidos com a moralidade, seja em foro íntimo, seja por imposição das circunstâncias públicas, terminaram se decidindo pelo voto aberto nesse julgamento. Trata-se, aqui, de uma condição da maior relevância, na medida em que obriga os senadores a uma prestação de contas pública de seus mandatos, devendo se justificar perante os seus eleitores. Nesse sentido, a votação preliminar pelo voto aberto foi da maior importância, oferecendo aos cidadãos brasileiros uma transparência política que contrasta tão flagrantemente com o caráter “oculto” da política criminosa.

Um dado particularmente surpreendente de todo esse episódio foi a nota da presidência do PT, na pessoa de Rui Falcão, recusando solidariedade ao senador. João Vaccari Neto, Delúbio Soares, José Dirceu e João Paulo Cunha, entre outros, são considerados “guerreiros do povo brasileiro” por terem cometido atos criminosos em nome do partido. Reconheceram a política criminosa por eles mesmos inventada. Ora, o senador Delcídio nada mais fez senão o que os outros também fizeram, repetindo um comportamento-padrão, em que os interesses partidários e pessoais se misturam tão intimamente. Resta saber se permanecerá calado, sofrendo em sua solidão. Se falar, concluirá o trabalho de desmoronamento da República petista. [Delcídio fez o que os outros fizeram, só que os outros ou roubaram integralmente para o partido ou repassaram parte do botim, já Delcídio ficou com tudo.]
 
O ex-presidente Lula não ficou atrás. Ao tomar conhecimento da gravação feita pelo filho de Nestor Cerveró, chamou o senador de “imbecil”, porque teria feito uma “burrada”. Não fez nenhum juízo moral, contentou-se em deixar claro que Delcídio não seguiu a habilidade própria da política criminosa, baseada no acobertamento. Considerou-o não inteligente, e não como imoral, injusto ou criminoso. [Detalhe: só que o filho de Lula conseguiu fazer uma burrada maior que a do Delcídio, quando, estupidamente, tentou enganar a Polícia Federal com textos tirados da internet.]

Eis o seu padrão da “política”. O Brasil é o que menos importa para ele e para os seus companheiros.
 
Fonte: *DENIS LERRER ROSENFIELD É PROFESSOR DE FILOSOFIA NA UFRGS
http://opiniao.estadao.com.br/noticias/geral,a-politica-criminosa,10000003306
 

As prisões de Delcídio do Amaral, André Esteves e Bumlai provocam um terremoto em Brasília - Suas ondas se farão sentir por muito tempo no país



A prisão do líder do governo no Senado, do banqueiro André Esteves e de um operador petista acusado de agir em nome de Lula sacode a política brasileira

O senador Delcídio do Amaral encontrou seu destino de pijama. Ele vinha em papel, nas mãos dos policiais federais que batiam à porta do flat onde o senador se hospeda, em Brasília, ao raiar daquele dia que o Brasil jamais esquecerá. Os agentes carregavam uma ordem judicial inédita na história do país. Eleito ao cargo pelo Partido dos Trabalhadores em Mato Grosso do Sul, líder no Senado do combalido governo Dilma Rousseff, confidente da presidente da República, articulador do cada vez mais difícil ajuste fiscal, Delcídio do Amaral Gómez, de 60 anos, recebeu com resignação, sonolento, sua sentença política de morte. 

Guiou a equipe da força-tarefa da Lava Jato pelos aposentos. Imediatamente, foi informado de que o local seria alvo de uma busca e apreensão. “Tudo bem, podem olhar”, disse. Abriu gavetas e até mencionou o conteúdo de alguns documentos às autoridades. Após a devassa, foi comunicado sobre a prisão. Reagiu com duas perguntas. Queria saber se a prisão era preventiva, que pode se estender por meses. Sim, era. Ato contínuo, perguntou sobre sua imunidade parlamentar. “Ordens do Supremo”, responderam os policiais, de posse do mandado judicial. 

Delcídio se aprumou, vestiu terno e gravata, entrou numa caminhonete que o aguardava no estacionamento do hotel e, às 8h15, já estava na carceragem da Superintendência da Polícia Federal em Brasília. Tornava-se o primeiro senador no exercício do mandato a ser preso. Começava ali o dia 25 de novembro de 2015, um dia que soltou perigosamente o parafuso da política brasileira – mas, ao mesmo tempo, um dia que demonstrou a blindagem de aço da República contra pancadas institucionais.

O dia 25 de novembro começara cedo também no Rio de Janeiro. Lá, a PF prendia um dos maiores banqueiros do Brasil, André Esteves, controlador do BTG Pactual, acusado de integrar com Delcídio a organização criminosa que tentou melar a delação do ex-diretor da Área Internacional da Petrobras Nestor Cerveró – e até planejar a fuga do país do executivo. A Lava Jato prendeu também Diogo Ferreira, chefe de gabinete de Delcídio, e, dias depois, o advogado de Cerveró, Edson Ribeiro. Um dia antes, na terça-feira, a Lava Jato, desta vez sob ordens do juiz Sergio Moro, prendera o pecuarista e operador do PT José Carlos Bumlai, acusado pelo delator Fernando Baiano de participar do petrolão usando o nome do ex-presidente Lula. A sequência de prisões neste ano, culminando com as do dia 25 de novembro, rumo a uma ordem hierárquica cada vez mais poderosa, assombra o Brasil. Estão presos, além do líder do governo no Senado, o operador do PT, o nono homem mais rico do país, o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, o ex-tesoureiro do PT João Vaccari, o ex-diretor do PT na Petrobras Renato Duque, o presidente da maior empreiteira da América Latina, Marcelo Odebrecht. Faltam beliches na PF para tanta gente VIP. [todos os presos citados possuem um ponto em comum: são amigos do Lula.]

A força-tarefa escolhera um nome para a operação: Catilina. Uma referência ao senador romano corrupto que conspirou contra a República e foi combatido por Cícero. “Eu tenho uma coisa muito importante aqui para decidir. Precisamos conversar”, disse o ministro Teori Zavascki, relator da Lava Jato no Supremo, ao ligar para o ministro Dias Toffoli, na manhã da terça-feira. Preocupado, Toffoli, que preside a Segunda Turma da Corte, onde correm os procedimentos contra a maior parte dos réus da Lava Jato com foro privilegiado, apressou-se em chegar ao Tribunal antes da sessão, que se iniciaria às 14 horas, e foi direto ao gabinete de Teori. Informado, espantou-se e resumiu o caso: “Isso vai chacoalhar a República”. Por liturgia e como preparação para uma possível crise entre Poderes, o presidente do STF, ministro Ricardo Lewandowski, também foi avisado pessoalmente.


E como chacoalhou. A gravação, desde já eternizada na rica história da corrupção brasileira, feita por Bernardo Cerveró, filho do ex-diretor da Petrobras, diz tudo. Ele estava hospedado em um quarto do hotel Royal Tulip, próximo ao Palácio da Alvorada, onde recebeu, no dia 4 de novembro, o senador Delcídio do Amaral, seu chefe de gabinete, Diogo Ferreira, e o advogado do pai, Edson Ribeiro. Bernardo gravou a conversa de uma hora e 35 minutos. Nela, os quatro falaram, principalmente, da delação premiada de Nestor Cerveró. Delcídio e o advogado Edson Ribeiro passaram a vislumbrar a possibilidade de uma fuga de Cerveró do país.


Discutiram com Bernardo os meios e até a rota: aventaram se a ida para a Espanha, de onde Cerveró tem um passaporte, seria mais viável via Venezuela ou Paraguai; se seria melhor ir de veleiro ou jatinho. A fuga seria possível, discutem, a partir de um habeas corpus que Ribeiro batalhava para Cerveró. Delcídio passa a comentar, então, seu espanto com algumas anotações que teriam sido feitas por Cerveró no documento referente à delação que faria – documento este que, segundo o senador, estava em posse do banqueiro André Esteves. Fica claro, ao longo da conversa, que havia um acerto prévio com Cerveró sobre um pagamento que, depois, Bernardo informou ser de R$ 50 mil mensais para seu pai e R$ 4 milhões no total para o advogado Edson Ribeiropara que ele não fechasse o acordo de delação. O senador ainda comentou que estava em contato com alguns ministros do Supremo e que pediria a ajuda de Renan Calheiros, presidente do Senado, para falar com o ministro Gilmar Mendes.


O relato da  gravação foi analisado pelos ministros do Supremo no começo da noite de terça-feira. Os cinco ministros da Segunda Turma se reuniram no gabinete de Teori. A reunião durou cerca de uma hora e terminou por volta de 19 horas. Durante a conversa, os ministros discutiram a possibilidade de haver questionamentos sobre a prisão, mas, diante das provas, não restou dúvida sobre a necessidade de prender Delcídio e os demais. Os ministros concordaram que se tratava, no jargão jurídico, de um flagrante de prática continuada de crime inafiançável. Entre os pares, o ministro Gilmar Mendes comentou ter ficado surpreso com a forma como o senador planejou o esquema para barrar as investigações e até para a fuga do ex-diretor. As provas mencionadas pelo procurador-geral, Rodrigo Janot, eram fortes. “Não parecia o comportamento de um senador, mas sim de um gângster”, disse aos colegas. Incomodou os ministros o fato de o senador ter usado o nome do STF para vender influência para o advogado e o filho de Cerveró. 

Os ministros discutiram ainda a possibilidade de a decisão ser colegiada, o que teria de ser feito então em uma reunião na própria noite de terça-feira. Se essa fosse a opção, a sessão teria de ser secreta, para que não houvesse vazamento da operação policial. No entanto, se fosse secreta, poderia levantar suspeita, ou mesmo a nulidade da decisão. Chegaram a um consenso de que seria melhor uma decisão monocrática de Teori ad referendum – ou seja, que ele tinha o consentimento e o apoio dos demais integrantes da Segunda Turma. Ficou decidido que seria marcada uma sessão aberta, apenas para chancelar a decisão de Teori, para as 9 horas do dia seguinte, quando a operação já estaria em curso e teria seus principais alvos localizados.

O advogado Antonio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, responsável pela defesa de André Esteves, diz que considera a prisão do banqueiro “desproporcional”. “A prisão temporária foi decretada basicamente para que a busca e apreensão fosse feita e para ter a oitiva do André. Esses não são fundamentos necessários para uma prisão temporária. Foi uma desproporcionalidade”, diz Kakay. Ele nega que Esteves tenha tido acesso a documentos referentes à delação premiada de Nestor Cerveró: “Para nós, é importante deixar claro: o André nunca teve acesso a esse documento”. O advogado acredita que, se o Ministério Público quisesse investigar se Esteves teve acesso aos papéis, poderia, no máximo, fazer um pedido de busca e apreensão na casa do banqueiro. Kakay diz ainda que o banqueiro nunca teve qualquer tipo de contato com o advogado Edson Ribeiro, com Bernardo Cerveró ou com Diogo Ferreira, chefe de gabinete de Delcídio do Amaral. “Ele se encontrou com o senador Delcídio umas quatro ou cinco vezes, como encontra com vários senadores. Ele é um player no mercado financeiro, é normal que seja ouvido.”


Fonte:  ÉPOCA desta semana. Nas bancas a partir de sábado. Leia trecho da reportagem de capa: http://glo.bo/1IfgygG #Época
 
 http://epoca.globo.com/tempo/noticia/2015/11/prisoes-de-delcidio-do-amaral-andre-esteves-e-bumlai-provocam-um-terremoto-em-brasilia.html 
 

domingo, 29 de novembro de 2015

A deslegitimação de um sistema político

Estava tudo planejado. Nestor Cerveró conseguiria um habeas corpus, atravessaria a fronteira com o Paraguai, tomaria um jatinho Falcon e desceria na Espanha. [uma hipótese que não tem sido apresentada na mídia:
é comum quando uma organização criminosa quer calar algum criminoso que sabe demais e que por estar sob custódia da Justiça e da autoridade policial não pode ser silenciado, se valer de um subterfúgio que é o de convencer o possível delator a aceitar fugir e na fuga é silenciado.
Lembrem-se que a petralhada já calou o ex-prefeito Celso Daniel, também o Toninho do PT e muitos outros.
Assim, nada a impediria de calar Cerveró - um dos delatores que aquela organização criminosa mais teme.].
 

Deu errado porque Bernardo, o filho do ex-diretor da Petrobras, gravou a trama do senador Delcídio do Amaral e a narrativa de sua conversa com o banqueiro André Esteves. Depois do estouro, estava tudo combinado. Em votação secreta, o plenário do Senado mandaria a Justiça soltar Delcídio, ou talvez o transferisse para prisão domiciliar num apartamento funcional de Brasília. Deu errado porque a conta política ficou cara e sobretudo porque o ministro Luiz Fachin ordenou que a votação fosse aberta.

A Operação Lava-Jato, com seus desdobramentos, está chegando ao cenário descrito há 11 anos pelo juiz Sérgio Moro num artigo sobre a Operação Mãos Limpas italiana. Ela deslegitimou um sistema político corrupto. É isso que está acontecendo no Brasil. Na Itália, depois da Mãos Limpas, o Partido Socialista e o da Democracia Cristã simplesmente desapareceram. Em Pindorama, parece difícil que a coisa chegue a esse ponto, mas o Partido dos Trabalhadores associou sua imagem a roubalheiras. Já o PMDB está amarrado ao deputado Eduardo Cunha, com suas tenebrosas transações. O PSDB denuncia os malfeitos dos outros, mas os processos das maracutaias ocorridas sob suas asas estão parados há uma década. 

A Lava-Jato criou o primeiro embate do Estado brasileiro com a oligarquia política, financeira e econômica que controla o país. Essa oligarquia onipotente vive à custa de “acordões” e acreditava que gatos gordos não iam para a cadeia. Foram, mas Marcelo Odebrecht não iria. Foi, mas os políticos seriam poupados e a coisa nunca chegaria aos bancos. Numa mesma manhã foram encarcerados o líder do governo no Senado e o dono do oitavo maior banco do país. Desde o início da Lava-Jato, a oligarquia planeja, combina e quando dá tudo errado ela diz que a vaca vai para o brejo. Talvez isso aconteça porque ela gosta do brejo, onde poderá comer melhor. 

Eduardo Cunha ainda acredita que terminará seu mandato. Sua agenda de fim do mundo desandou. A doutora Dilma Rousseff continua achando que não se deve confiar em “delator”. Lula diz que Delcídio fez uma “grande burrada”, mas não explica qual foi a “burrada”. [com certeza o mais burro de todos os burros, o mais imbecil dos imbecis já reviu sua opinião sobre Delcídio ter feito uma grande burrada.
Sem dúvida Delcídio foi burro, mas a burrada de todas as burradas, a mãe de todas as burradas foi a do filho do Lula - o tal Luís Cláudio - quanto tentou enganar a PF com material colhido na internet, cujo valor não alcança R$2,40, para justificar ganhos de R$ 2,4 MI.]
 
Nunca é demais repetir. O artigo do juiz Moro está na rede. Chama-se “Considerações sobre a Operação Mani Pulite”. Lendo-o, vê-se o que está acontecendo e o que poderá acontecer. 

A utilidade da memória de Marcos Valério
Faca nos dentes
O voto da ministra Cármen Lúcia na reunião do Supremo Tribunal Federal que determinou a prisão de Delcídio do Amaral e André Esteves — “o escárnio venceu o cinismo” — mostra que ela está com a faca nos dentes. Em setembro do ano que vem, Cármen Lúcia assume a presidência do Supremo, com mandato de dois anos. 

A rota de Arida
A sorte foi malvada com o economista Pérsio Arida quando ele escolheu os banqueiros com quem se associou.
Depois de ter presidido o BNDES e o Banco Central, Arida foi para a iniciativa privada. Ligou-se ao banco Opportunity, de Daniel Dantas, o poderoso mago da privataria tucana. Arida deixou o Opportunity em 1999. Em 2004, Daniel Dantas foi preso durante a espetaculosa e malfadada Operação Satiagraha, conduzida pelo delegado Protógenes Queiroz, que mais tarde viria a ser condenado pelo Supremo Tribunal Federal por vazar informações sigilosas. 

Em 2008, Arida associou-se a André Esteves no BTG Pactual. Com a prisão do novo mago, assumiu o comando do banco. 

Banqueiros
No século passado, o banqueiro Walther Moreira Salles comprou uma fazenda em Mato Grosso. Tinha como sócios os irmãos David e Nelson Rockefeller. Iam às matas da Bodoquena para caçar onças. David completou 100 anos e é um ícone da finança mundial. Nelson foi vice-presidente dos Estados Unidos.

Neste século, o banqueiro André Esteves também comprou a fazenda Cristo, no Pantanal de Mato Grosso. Ela foi vendida pelo pecuarista José Carlos Bumlai. Lula gostava de pescar na Cristo Rei. Esteves e Bumlai estão encarcerados.

Não se fazem mais banqueiros como antigamente.
As investigações da Lava-Jato indicam que as petrorroubalheiras e o mensalão compõem uma história só. Por exemplo: o banco Schahin emprestou R$ 12 milhões a José Carlos Bumlai em 2004, antes que a palavra “mensalão” entrasse no vocabulário político nacional. O dinheiro, como o dos empréstimos tomados pelo publicitário Marcos Valério, destinava-se ao PT. Na sua fúria arrecadadora, o comissariado ainda operava com personagens de segunda, mas já vendia facilidades na Petrobras. A Schahin levou um contrato de US$ 1,6 bilhão para operar um navio-sonda.

É possível que Marcos Valério reapareça. Ele está na penitenciária de Nova Contagem (MG), condenado a 37 anos de prisão. Já pagou três. Vive só numa cela e dedica-se a pintar quadros medonhos. Se ele tiver algo a contar, com provas, poderá negociar um acordo com o Ministério Público. Caso a Viúva revele interesse na sua memória, Marcos Valério pode conseguir uma passagem para o regime semiaberto. 

Coincidências
Lula é amigo de José Carlos Bumlai, pai de Fernando, marido de Neca, filha de Pedro Chaves dos Santos, o suplente que deverá assumir a cadeira de senador de Delcídio do Amaral, que discutiu o resgate de Nestor Cerveró com André Esteves, que comprou a fazenda Cristo Rei, de José Carlos Bumlai, que tomou R$ 12 milhões no banco de Salim Schahin, cuja empreiteira associou-se à Sete Brasil, presidida por João Carlos Ferraz, que era amigo de Lula. 

Trinca
É difícil acreditar que Delcídio e o banqueiro André Esteves estivessem numa operação solo.  Esteves não entrou na aventura da Sete Brasil porque estava distraído. Delcídio, por sua vez, sempre foi um suavizador de encrencas petistas.

Em 2006, ele contou a Lula que Marcos Valério, o tesoureiro do mensalão, ameaçava fechar um acordo com o Ministério Público. Lula ficou calado. Delcídio voltou ao assunto, e desta vez Nosso Guia falou: “Manda ele falar com o Okamotto”.
Paulo Okamotto é o fiel escudeiro de Lula. 

Vem mais
Em setembro, o empresário Fernando de Moura, amigo do comissário José Dirceu, passou a colaborar com as autoridades. Seus depoimentos deverão provocar o aparecimento de um novo colaborador que teria se prontificado a contar o que sabe.

O companheiro sabe bastante. Tinha uma empresa de construção em São Paulo e escritório vizinho a uma sede do PT. Juntou-se a um projeto de gasoduto da Petrobras e associou-se a uma grande empreiteira. Como não podia deixar de ser, foi chamado pela Sete Brasil para operar navios-sonda.

Seria um caso exemplar de colaboração oferecida. 


Fonte: Elio Gaspari, jornalista - O Globo


O PT contaminado



A única bancada que fechou questão pelo voto secreto foi a do PT, para esconder a posição sobre Delcídio 

Foi o maior rompimento de barragem de lama na Nova República. As palavras turvas que jorraram da boca do líder do governo Dilma no Senado inundaram o Congresso e o país, mas, especialmente, o PT e suas bases, soterrando esperanças e convicções. O partido está mais dividido que nunca. Quantos anos serão necessários para recuperar a bacia das almas desse acidente ou crime? Onde a lama vai parar? Boias de contenção me parecem em vão.

Os bons petistas, idealistas, não sabem mais em quem acreditar. Eles se contorcem para ficar à margem, para não ser atingidos e contaminados pelos rejeitos tóxicos da bandidagem institucionalizada. O protagonista desse último filme B pertence à “cúpula da turma do Lula”. Lula foi cabo eleitoral de Delcídio do “Amoral”, ops, Amaral. Lula saiu em carro aberto em Mato Grosso do Sul, pediu o voto dos companheiros para o governador, suou a camisa. 

Mais um traidor, ex-presidente? Ou, como o senhor disse, “um idiota” que fez “uma trapalhada”, uma “coisa de imbecil”? Será que, como os já condenados – o ideólogo Zé Dirceu e o tesoureiro João Vaccari Neto –, Delcídio figurará como guerreiro do PT na história revisitada do partido? Ou será sumariamente expulso, como querem os camaradas linha-dura? A expulsão de Delcídio impedirá que a lama tinja de laranja o lago do Palácio do Planalto? [conforme decisão comunicada em nota oficial do presidente do PT, Delcídio não terá o apoio do partido; afinal, ele cometeu o pior dos erros: roubou em proveito próprio - para ser herói tem que repassar o produto do furto para os cofres do PT.]
 
Um guerreiro, quase um terrorista suicida, que não hesitou em tentar calar a todo custo, pelo suborno e pelo tráfico de influência, um delator preso. Com o nobre objetivo de livrar sua cara, a cara do partido e a cara da presidente na compra da refinaria de Pasadena nos Estados Unidos em 2006, Delcídio planejou fugas mirabolantes do ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró pelo Paraguai com destino à Espanha. Delcídio se gabou de pressionar juízes do STF. Delcídio prometeu melar a Lava Jato, anular sentenças.

Ah, mas, segundo o PT, Delcídio “agia por conta própria” e não “a mando do partido”, embora fosse o principal articulador de Dilma na mais alta casa de nosso Parlamento. Delcídio não merece compaixão nem solidariedade – ou merece? Nem o PT se decide.  Na sessão no Senado, a maioria dos senadores do PT quis a volta do obscurantismo e apoiou o voto secreto para que eleitores não soubessem sua posição sobre a prisão de Delcídio. A única bancada que fechou questão a favor do voto secreto foi a do PT. E, mesmo assim, não conseguiu a fidelidade de todos os seus. 

Também entre os poucos que votaram a favor de soltar Delcídio, o PT foi maioria: nove dos 13. Tudo acompanhado ao vivo pelas redes sociais e pela TV Senado. Era um velório, no qual foi enfim desafiada a expressão dúbia “imunidade parlamentar” – usada no Brasil para garantir impunidade para crimes comuns, e não para proteger o direito constitucional do legislador. 

Ganhou a compostura. Ganharam as instituições. Mas, para os senadores, foi “um dia trágico”. De nervos expostos, de vísceras reviradas. E de clara divisão no PT e no PMDB. O presidente do Senado, Renan Calheiros, o grande aliado de Dilma e representante do vice Michel Temer, perdeu em tudo o que votou. Falou indignado contra “o Poder (Judiciário) que prendeu um senador em exercício de mandato sem culpa formada”. O Supremo respondeu, pela emocionada ministra Cármen Lúcia: “Criminosos não passarão sobre juízes”.


No fim, restou a Renan submeter-se ao plenário e atacar o PT por negar qualquer solidariedade a Delcídio. A nota do PT sobre esse episódio, além de intempestiva, é oportunista e covarde”, disse Renan. Para onde foi o código de ética entre mafiosos? O senador Delcídio está preso. Por crime inafiançável, flagrante e permanente. Não era um dos “nossos”?

Para variar, Dilma não sabe o que faz. Uma hora, a presidente se rende à ala de Rui Falcão e apoia a nota. Outra hora, Dilma se rende a assessores que recomendam cautela. Não vamos abandonar nem isolar nosso querido Delcídio. E se ele também se torna delator premiado? Que “solidariedade” ele mostrará ao PT se for jogado às traças? Nenhuma.

Calou fundo no coração de muitos petistas o que o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, ex-ministro da Educação, disse na véspera do rompimento da barragem de Delcídio. Uma fala cândida e premonitória. “Quando você tem um sonho de transformar a sociedade em favor da igualdade e você se desvia para se apropriar de recursos ou para beneficiar quem quer que seja, você está cometendo dois crimes: o primeiro é colocar a mão em recurso público, o segundo, você está matando um projeto político (...) Não tenho nada contra quem quer ganhar dinheiro, mas não venha para a política (...Se vier,) garanta que você não vai matar o sonho das outras pessoas. O sonho de Haddad virou pesadelo. O prefeito de São Paulo não está sozinho. Tem uma multidão com ele.

Fonte: Coluna de Ruth de Aquino

 

Governo cortará R$ 10,7 bi e 'desligará' pagamentos a serviços básicos



Presidente terá de adotar medida porque o Congresso ainda não votou proposta de alteração do Orçamento de 2015 

A presidente Dilma Rousseff fará novo corte no Orçamento de 2015, de R$ 10,7 bilhões, e pela primeira vez o Brasil terá um quadro chamado "shut down" ("desligar", em tradução livre), de acordo com o jornal O Globo. Trata-se da suspensão de todas as despesas discricionárias, isto é, pagamentos de serviços de água, luz, telefone, fiscalização ambiental, trabalho, bolsas nacionais e internacionais, passagens e diárias, Receita e Polícia Federal. [só está garantido o pagamento de salários dos servidores públicos federais e o Bolsa Família.]


  Dilma Rousseff (Foto: Valter Campanato / Agência Brasil)
Dilma sozinha é pior que todas as pragas do Egito
 
A petista cancelou viagens a Japão e Vietnã de 1 a 4 de dezembro por causa da crise. A viagem a Paris para a COP-21 em 30 de novembro foi mantida porque a medida só valerá a partir do dia 1º.

O governo precisa aprovar uma nova meta fiscal. Os últimos cálculos previam déficit de R$ 51,8 bilhões, mas pode chegar a R$ 117,9 bilhões caso o governo tenha de pagar R$ 55 bilhões em pedaladas fiscais e caso o leilão de hidrelétricas não renda R$ 11,1 bilhões.

O Congresso ainda não aprovou a nova meta. A votação aconteceria nesta semana, mas foi adiada para 3 de dezembro por causa da prisão do senador Delcídio do Amaral (PT-MS). A equipe econômica do governo federal precisa trabalhar com a meta em vigor, de superávit de R$ 55,3 bilhões. Como o governo já acumula déficit de R$ 33 bilhões no ano, precisaria cortar R$ 107,1 bilhões para ficar na meta oficial. Só que agora o único valor possível é de R$ 10,7 bilhões.

Fonte: Revista Época

A transformação dos monumentos à ignorância - ainda que em presídios para abrigar os ladrões do dinheiro público

No fim de semana a imprensa recorda o rio de lama que escorreu da participação das empreiteiras na construção ou remodelação dos estádios de futebol para a copa do mundo de 2014. Dezenas de bilhões de reais foram superfaturados e roubados dos cofres públicos, com a correspondente distribuição de propinas para governantes, políticos e empresários. 
Erigiram-se monumentos à ignorância nacional. Nem ao menos ganhamos a competição,  pois oferecemos ao mundo um dos  maiores vexames esportivos de todos os tempos. Pior ficou no fim de  tudo, com os estádios vazios e inócuos, servindo de homenagem ao desperdício de recursos imprescindíveis ao nosso desenvolvimento. Os bilhões poderiam ter sido utilizados na implantação de hospitais, universidades e centros de pesquisa. O governo deu de ombros quando lhe caberia, ao menos, adaptar esses imensos elefantes brancos para finalidades paralelas que, longe de ser subsidiárias e supérfluas, teriam se tornado em principais aplicações necessárias.
Por que não transformaram em alternativas sociais o Maracanã remodelado, o Mané Garrincha, a arena da Amazônia e os demais palácios?   No fins de semana, futebol, mas nos demais dias, salas de aula, bibliotecas,  laboratórios, enfermarias e auditórios destinados a ampliar o saber de uns ou a minorar agruras de outros? Adaptações poderiam ter sido feitas durante o início das obras, mas, mesmo depois, valeria o investimento. Em especial se em vez da roubalheira e da distribuição de propinas e comissões agora reveladas.
No primeiro governo de Leonel Brizola, no Rio, graças também a Darcy Ribeiro e a Oscar Niemeyer, em poucos meses construiu-se o Sambódromo, que desde então abriga os espetaculares desfiles das Escolas de Samba. Só que durante o ano inteiro as instalações funcionam como outro tipo de escolas, frequentadas por centenas de crianças. Além de terem sido abertos montes de vagas para professores.
Voltando aos tempos de hoje, quem pagou a farra dos estádios exclusivos, tão a gosto das empreiteiras? Os governos estaduais subsidiados pelo governo federal, quer dizer, a população através de seus impostos. Ainda haveria tempo, caso houvesse arrependimento e disposição por parte das autoridades e das elites. Ou já se esqueceram das parcerias público-privadas e da participação do capital particular na tarefa de retomar o crescimento? Não faltariam grupos interessados em implantar universidades ou em investir na saúde, subsidiados pelo BNDES e sucedâneos, claro  que dessa vez  voltados para servir à população.
Falta imaginação aos detentores do poder, principalmente quando se trata de corrigir erros. Os monumentos à ignorância bem que poderiam ser transformados em bens a serviço da sociedade, até financiados com as multas que as empreiteiras se comprometem pagar. Se nada disso der certo, se as sugestões que a lógica indica forem  obstadas pela burrice que assola o país, fica pelo menos a opção de transformar os estádios em penitenciárias para abrigar os ladrões da coisa pública. O diabo é que talvez não bastem…
Fonte: Carlos Chagas 
[incompetência não houve; não foi por não saber que fizeram a coisa tão mal feita e de tão dificil adaptação para uso em outras atividades úteis à população.
Houve sim, o interesse, escudado na má-fé,  de permitir gastos grandiosos em obras inúteis (os 7 x 1 que a Alemanha enfiou no Brasil e de extrema eloquência)  e deixar as portas abertas para que no futuro sejam realizadas novas obras - fontes inesgotáveis de corrupção - para construir o que realmente o Brasil precisa.]