O
presidente quer defender o legado do seu governo na eleição de outubro e
essa intenção deverá filtrar o candidato de centro-direita que receberá
apoio do Planalto na urna. Michel Temer, que conduz à sucessão o
mandato da ex-presidente Dilma Rousseff, afastada por crime de
responsabilidade, também poderá tentar a reeleição. Contudo, com a
intervenção na segurança do Rio e incentivo ao consumo ele poderá
ampliar seu legado e lustrar sua biografia. Com bônus.
[o tão falado Ministério da Segurança não é a 'panaceia' para resolver os graves problemas da segurança pública no Brasil, especialmente no Rio.
Da mesma forma, a intervenção em andamento - chamada de intervenção meia-sola, devido a cerrada oposição que vai encontrar durante sua realização, oposição advinda da legislação pró bandidos que vigora no Brasil, especialmente o artigo 5º da Carta Magna - com certeza não resolverá na totalidade os problemas do Rio e muito provavelmente será necessário aumentar a meia-sola com a decretação do 'estado de sítio'.
Mas, somando a intervenção com a criação do Ministério da Segurança Pública, o combate à criminalidade ficará mais fácil, desde que Temer nomeie ministro da Segurança Pública um oficial-general do Exército Brasileiro.
Sob o comando de um oficial-general haverá melhoras no controle das diversas instituições de segurança:
- tanto no que concerne às três três Forças singulares (que, obviamente continuarão sob o comando dos seus respectivos comandantes, atuando na segurança pública em estreita colaboração entre o novo ministério e os comandos da cada força - o que tornará desnecessária a intervenção em operações de segurança pública do ministro da Defesa;
- quanto as demais instituições voltadas à segurança pública, incluindo, sem limitar, na estrutura do Ministério da Segurança Pública a Polícia Federal, a Polícia Rodoviária Federal, Polícia Ferroviária, Policia Civil e Polícia Militar de cada estado - excelente oportunidade para que as Secretarias de Segurança Pública (hoje 'premiadas' com denominações, digamos, 'politicamente corretas') voltem a ficar sob o comando de um oficial do Exército.
Com todas as instituições policiais sob um comando único, as coisas funcionarão melhores. Haverá autonomia das policias dos estados, mas perfeito entrosamento entre o secretário de Segurança de cada ente federativo e o Ministro da Segurança.
Presidente Temer: dê preferência a um oficial-general, mas, se for tentado a escolher um civil, o atual ministro Raul Jungmann, jamais.]
Enquanto a
reeleição soa tarefa solitária, proporcionar mais bem-estar aos
brasileiros tende a uma mobilização capaz de integrar outras áreas do
governo até agora condenadas a angariar votos para a reforma da
Previdência e sem muito sucesso. Também por esse motivo, na sexta-feira a
chance de aprovação dessa reforma era tida como página virada pela
intervenção na segurança pública do Rio de Janeiro. Expectativas
estão sendo escoadas para a intervenção. E se a ação do Exército
Brasileiro não decepcionar, uma melhora de humor sobretudo nos grandes
centros urbanos poderá impulsionar um pouco mais de atividade. Chegar a
esse estágio em seis meses, até às vésperas da eleição, está longe de
fácil ou simples, mas se montam condições favoráveis ao mesmo tempo em
que defensores da reforma previdenciária reconhecem que ela terá
tratamento mais adequado no próximo governo.
MATÉRIA COMPLETA, clique aqui
O Brasil saiu da
recessão que produziu um contingente de desempregados, mas também
derrubou inflação e juro, além de impulsionar uma redução inédita de
endividamento. Neste início de 2018, apenas 21% do orçamento das
famílias estão comprometidos com o pagamento de dívidas, excluindo da
conta despesas com crédito imobiliário. E a perspectiva de aumento da
renda disponível em R$ 198 bilhões neste ano é o resultado mais
eloquente dessa desalavancagem. Esse montante equivale a 2,2% do PIB. Apresentado
à coluna por credenciada fonte do governo, esse cálculo ainda
preliminar representa a soma da liberação de orçamento comprometido
anteriormente com dívidas, aumento na massa salarial e transferências
sociais.
À coluna, a autoridade do governo, que preferiu não ser
identificado, comparou esses quase R$ 200 bilhões ao combustível que
deverá bancar crescimento de 3% em 2018. Somente a redução do
endividamento agregará à renda disponível R$ 36 bilhões no primeiro
trimestre, R$ 43 bilhões no segundo, R$ 40 bilhões no terceiro e R$ 26
bilhões no último quarto deste ano. Esses R$ 145 bilhões correspondem à
sobra de dinheiro no bolso dos cidadãos pela queda de custos financeiros
proporcionada pela redução de 7,50 pontos percentuais na taxa Selic -
de 14,25% para 6,75% em um ano e meio.
O significativo ajuste das
condições financeiras favoreceu trocas de dívidas mais caras por outras
mais baratas, liquidação de prestações pendentes ou atrasadas e
manutenção em contas correntes de recursos que seriam destinados às
aplicações financeiras se as taxas de juros fossem mais elevadas ou
atraentes. Embora o governo possa vir a tomar medidas de fôlego,
o principal estímulo à atividade é a distensão monetária. Até a semana
passada, o governo estava debruçado sobre a reforma da Previdência que
perdeu espaço, mas a decisão de frear a escalada da violência no Rio de
Janeiro não desabona o governo. Há um clamor por segurança.
Informação
positiva sobre a reforma das aposentadorias: as alterações feitas pelo
relator do projeto para agregar apoio ao texto não chegaram a alterar a
economia prevista pelo governo, após uma primeira revisão. Essa
constatação animou o interlocutor da coluna para quem seria necessário
pensar que o governo ainda poderia ganhar de R$ 300 bilhões a R$ 400
bilhões em dez anos. "É bem menos que o previsto inicialmente, mas hoje
não economizamos nada", diz.
A fonte avalia que expansão do PIB
em 3% neste ano é realista levando-se em conta que a atividade no
segundo semestre será influenciada por decisões tomadas neste primeiro
semestre. Ela lembra que temos, por ora, a queda do juro e não se deve
esperar muito mais, uma vez que neste ano a economia e a política
caminharão juntas. A gestão de expectativas terá um papel crucial
para os indicadores econômicos nos próximos meses - sejam elas a
respeito de aprovação de reformas, novas medidas para o crescimento ou
quanto ao resultado da intervenção no Rio. Pelo canal das expectativas é
possível aumentar a confiança, melhorar o ambiente de negócios e,
indiretamente, blindar prêmios de risco e assim evitar efeitos na taxa
de câmbio. "Para alimentar a atividade temos os R$ 145 bilhões
que saíram de dívidas e têm passe livre para o consumo. A migração
desses recursos ocorrerá e com efeito duradouro. Mas é inegável que
incertezas existirão ao longo do ano, especialmente porque o processo
eleitoral promete ser acirrado e com resultado nebuloso possivelmente
até a votação", pondera o interlocutor.
O 1º turno de votação
será em 7 de outubro e o 2º no dia 28. Na sequência, nos dias 30 e 31, o
Copom realiza a penúltima reunião de 2018 e, neste encontro, a alta do
juro pode ser retomada. Essa reversão é esperada pela maioria de 47
economistas pesquisados pelo Valor que não descartam um encontro
atormentado por incertezas. "As incertezas tendem a criar um estado de
letargia na tomada de decisões e a afetar o ritmo da atividade", alerta a
fonte que não considera desprezível a perspectiva de "vazamento" da
balança comercial no segundo semestre deste ano. "O script é o
de sempre. O aumento do consumo pressionará as importações e impedirá
que as exportações cresçam no mesmo ritmo, mas sem prejuízo para as
expectativas. As projeções para o IPCA já mostram a inflação saindo de
2,9%, em doze meses no fechamento de 2016, para cerca de 4% na passagem
de 2018 para 2019, quando o indicador estará colado à meta."
Angela Bittencourt - Valor Econômico
Nenhum comentário:
Postar um comentário