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quinta-feira, 14 de março de 2019

Críticas a Israel dividem democratas

Um presidente historicamente impopular seria um presente para a oposição. Mas, dois meses depois da posse do Congresso mais etnicamente diverso da história americana, uma velha rusga ocupou as manchetes políticas na capital. Até onde é possível justificar o apoio incondicional a Israel, o país que mais recebeu ajuda financeira americana no pós-guerra?  Entra em cena um elenco de calouros eleitos para a Câmara, na esteira de reação anti-Trump em novembro de 2018. E uma jovem deputada que não teme perturbar a etiqueta dos veteranos – e não conhece bem o vernáculo histórico do antissemitismo nos Estados Unidos.

Falamos de Ilhan Omar, a somaliana que passou quatro anos num campo de refugiados no Quênia até emigrar para os EUA e construir uma carreira política no estado de Minnesota. Eleita deputada em novembro passado, Omar chegou em Washington sob o halo da renovação. Logo atraiu controvérsias com declarações desastradas sobre a influência de Israel na política externa americana.

O problema, argumentam com frequência Israel não é denunciar a influência real de lobbies pró-Israel e sim recorrer a clichês que remontam a marcos do antissemitismo, especialmente o centrado na Europa. Apesar de Omar ter feito outros comentários críticos tanto sobre Israel como sobre direitos humanos na Arábia Saudita, foi  uma declaração no começo de março que despertou a a ira de colegas da bancada democrata. Ilhan Omar respondia uma pergunta sobre o poderoso grupo de lobby AIPAC (American Israel Public Affairs Committee) uma organização que defende os interesses de Israel e que hoje é politicamente dominada pela direita evangélica americana. A deputada disse ” Eu quero falar sobre a influência política nesta país que tolera a pressão pela lealdade a um país estrangeiro.”

A reação foi imediata e bipartidária, com alguns democratas à esquerda da liderança, como a deputada igualmente caloura Alexandria Ocaso Cortez saindo em defesa da colega. Na quinta-feira, 7, depois de uma semana de turbulência, o Partido Democrata passou uma resolução que não condenou Ilhan Omar nominalmente, mas condenou “antissemitismo e expressões odiosas de intolerância”,  incluindo discriminação contra muçulmanos e qualquer outra minoria.

(...)

O debate sobre Israel ignora com frequência o fato de que a maioria dos judeus americanos não apoia a guinada à direita do estado de Israel sob Benjamin Netanyahu,  um fenômeno acentuado por geração. “Não há duvida de que os americanos mais jovens, entre eles os jovens judeus, têm menos interesse em Israel e dão menos apoio a suas políticas do que os mais velhos,” diz Stephen Walt.

Na eleição presidencial de 2012, 69% dos eleitores judeus votaram em Barack Obama contra 30% que deram o voto ao republicano Mitt Romney. Em 2016, Hillary Clinton recebeu 71% dos votos judeus, Donald Trump ficou com 24%.  No domingo passado, Netanyahu não demonstrou interesse em apaziguar seus críticos americanos com uma declaração explosiva: “Israel é uma nação-estado apenas para os judeus,” disse o primeiro ministro, em resposta a um comentário da atriz israelense Rotem Sela em defesa de igualdade para cidadãos árabes-israelenses. “Acredito que esta declaração revela os verdadeiros sentimentos de Netanyahu e aqueles em sua coalizão de governo,” diz Stephen Walt.Eles consideram os árabes israelenses cidadãos de segunda classe e acreditam que os palestinos vivendo sob seu controle em Gaza e na Cisjordânia não têm direito algum,” conclui.

 MATÉRIA COMPLETA, em VEJA




terça-feira, 26 de fevereiro de 2019

Mudança da Embaixada para Jerusalém

Consulado-geral na cidade poderia evitar mudança dramática na nossa política externa

[o volume de negócios do Brasil com Israel,  não justifica a pressa em mudar a sede da embaixada brasileira - foi uma promessa feita por afogadilho do nosso presidente e, que, felizmente, teve seu cumprimento adiado 'sine die';

as prioridades com alguns países precisam ser fundamentadas nos interesses economicos e certamente desagradar dezenas de países árabes não está entre as mais adequadas.]

Durante a campanha eleitoral, o candidato Jair Bolsonaro disse que, se eleito, iria transferir a Embaixada do Brasil de Tel-Aviv para Jerusalém: “Israel é um Estado soberano, que decide qual é sua capital, e nós vamos segui-lo”. A promessa respondia à reivindicação da comunidade evangélica, que apoiava fortemente o candidato. Depois de eleito, o presidente decidiu dar prioridade às relações com Israel e se comprometeu a concretizar a transferência a ninguém menos que o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, que em entrevista disse que a “questão não é se, mas quando”. Posteriormente, Bolsonaro recuou ao afirmar que “essa não é uma questão de honra” e “por ora” não haveria transferência, o que deve ter estimulado o vice-presidente Hamilton Mourão a receber duas delegações árabes e observar publicamente que “não haverá mudança da embaixada para Jerusalém”. O chanceler Ernesto Araújo qualificou declarações anteriores e notou que a decisão seria “parte de um processo de elevação do patamar da relação com Israel, isso, sim, uma determinação, independente da mudança ou não da embaixada”. A comunidade evangélica reagiu e deixou saber que vai cobrar a decisão presidencial para concretizar a transferência.
Como era previsível, a ideia causou reação em diversas frentes. Na área diplomática, porque representaria uma guinada radical na política externa brasileira, que desde 1947 se mantém coerente com o apoio da política de uma solução negociada para o conflito Israel-Palestina, com a implementação da política de dois Estados, com a criação também do Estado Palestino. Caso venha a concretizar-se, o Brasil ficará em Jerusalém ao lado apenas da Guatemala, que se alinhou automaticamente aos EUA. Por outro lado, a Liga Árabe e a União das Câmaras Árabes de comércio manifestaram preocupação com essa eventual decisão e uma comitiva ministerial brasileira teve visita ao Egito cancelada.

Na área econômica houve reação mais explícita, com menção à perspectiva de as exportações brasileiras de frango e carne bovina poderem vir a ser suspensas. O Ministério da Agricultura e associações de produtores manifestaram apreensão quanto às consequências negativas para as exportações brasileiras e a balança comercial. Nas prioridades para os primeiros cem dias de governo, o Itamaraty incluiu a visita presidencial a Israel e o interesse em ampliar a colaboração nas áreas de defesa, segurança e tecnologia. E em pronunciamento recente nas Nações Unidas, o representante alterno brasileiro reafirmou a política do Itamaraty de dois Estados, indicando que nada havia mudado.
O governo brasileiro tem assim nas mãos uma questão delicada a resolver, procurando evitar ao mesmo tempo um desgaste desnecessário com Israel e uma perda significativa para o agronegócio. Qualquer que seja a decisão do governo, não está em questão o interesse em elevar o nível do relacionamento bilateral com Israel, mantendo a posição tradicional de excelente relação bilateral. Nesse contexto, cabe mencionar um antecedente histórico que poderia ajudar na busca de uma solução de compromisso para essa questão. O Brasil tem uma relação histórica com Israel, desde que o então presidente da Assembleia-Geral da ONU, Oswaldo Aranha, coordenou pessoalmente a aprovação da resolução de 1947 que determinou a criação dos Estados e Israel e da Palestina. 
[Oswaldo Aranha foi presidente temporário da ONU e nesta condição presidiu a Assembleia citada;
na realidade ele sequer era o representante oficial do Brasil na ONU - o então representante faleceu e seu lugar foi ocupado, interinamente, por Oswaldo Aranha e a interinidade coincidiu com a realização da Assembleia-Geral que determinou a criação dos Estados de Israel e Palestina, resultando na criação dos dois Estados, sendo a Palestina o primeiro Estado a ser criado sem território geográfico.]
No governo de Juscelino Kubitschek, com Macedo Soares como chanceler, foi instalada a representação diplomática com a criação da legação do Brasil na capital, Tel-Aviv. Em 27 de março de 1958, a legação foi elevada ao status de embaixada. Como medida de rotina diplomática, e a fim de evitar contrariar a política dos dois Estados, por decreto de 22 de abril do mesmo ano o governo brasileiro decidiu criar um consulado-geral em Jerusalém. Em 1993, com Itamar Franco e Celso Amorim, o decreto foi revogado. O posto, assim, nunca chegou a ser efetivamente aberto.

A exposição de motivos que justificava a criação do consulado-geral, publicada nos jornais na época, causou controvérsia por imprecisões diplomáticas sobre as peculiaridades da disputa regional. Na consulta realizada ao governo de Tel-Aviv sobre a abertura do consulado foi afirmado que não seria objetada a criação de “uma seção consular” da embaixada, o que contrariava a decisão anunciada pelo governo de Juscelino Kubitschek, que talvez tenha motivado a não designação de pessoal para o posto. Indagado sobre as razões que levaram o governo brasileiro a abrir o consulado-geral em Jerusalém, Macedo Soares disse que foi “por razões espirituais, políticas e diplomáticas”. Mencionou também que “a existência de uma repartição consular brasileira” significava “a presença de milhões de católicos brasileiros na Cidade Santa”, que “a principal missão dos consulados é a defesa e o amparo de brasileiros que se acham no exterior” e, no caso de Israel, “de peregrinos que se encontravam naquela cidade”.
A recriação do consulado-geral em Jerusalém poderia ser uma solução para evitar uma mudança dramática de diretriz de política externa de mais de 60 anos. Essa solução - amparada em precedente histórico - seria até melhor, do ponto de vista brasileiro, do que outras soluções, como a criação de um escritório comercial em Jerusalém, a exemplo do que fez a Austrália. Ao anunciar o estabelecimento do escritório, o primeiro-ministro australiano manteve a coerência de sua administração e confirmou sua posição favorável à política de dois Estados. Apresentada de maneira apropriada, o governo israelense e a comunidade evangélica entenderiam a decisão do Brasil, coerente com sua tradicional atitude, compreendendo as dificuldades internas para alterar uma política tão consolidada e evitar o isolamento internacional.
 

Rubens Barbosa é presidente do Instituto de Relações Internacionais e Comércio exterior -  O Estado de S. Paulo
 

terça-feira, 22 de janeiro de 2019

Por um fio: Netanyahu pode ser reeleito ou ir para a cadeia? {Bolsonaro fez a escolha errada ao priorizar Israel.; felizmente o general Heleno deu aquele "reio de arrumação".


Arábia Saudita suspende importação de carne de frango de 33 frigoríficos do Brasil

[Bolsonaro, empolgado com o poder, pisou feio ao priorizar Israel em detrimento dos países árabes - felizmente o general Heleno optou por considerar prioridade o interesse comercial e deu um 'freio de arrumação'; 

agora mudança de embaixada algo a se discutir daqui uns vinte anos.]

Medida pode ser reação à sinalização dada por Bolsonaro de que poderia transferir embaixada brasileira em Israel [devidamente corrigida pelo general Heleno.]

A Arábia Saudita, maior importadora de carne de frango do Brasil, parece ter dado início às retaliações do mundo árabe pelo postura de Bolsonaro e do chanceler Ernesto Araújo de implementar uma política externa ideológica de submissão os interesses dos Estados Unidos e de Israel; [Bolsonaro estava super empolgado, recém empossado, tudo inédito e supervaloriazou as vantagens de manter relações comerciais com Israel;

foi tesmpestivamente alertado e optou por conceder a Israel o lugar que aquele país merece, em funçao do que tem a oferecer ao Brasil,  assim, o assunto transferir embaixada será discutido depois.

Ao Brasil interessa vender frango para A Arábia Saudita, o maior importador.]

os árabes riscaram cinco frigoríficos da lista dos exportadores brasileiros para o país árabe, entre eles unidades da BRF e JBS, empresas mais atuantes no setor; medida pode ser início de barreiras impostas após transferência de embaixada brasileira em Israel.

Folha de S. Paulo 


Por um fio: Netanyahu pode ser reeleito ou ir para a cadeia

Uma semana do barulho para o primeiro-ministro israelense, enrolado em denúncias de corrupção cujo destino será decidido por ex-aliado


Um político bom de briga disposto a fazer praticamente qualquer coisa para continuar no poder e um jurista incorruptível decidido a enfrentar praticamente qualquer obstáculo para impor o domínio da lei?  Todos nós já vimos este filme antes e a tensão política que ele cria. Como em Israel, as tensões habituais em qualquer outro país são multiplicadas por dez, o país espera como se fosse o dia do Juízo Final o que o procurador-geral Avichai Mandelbit vai fazer esta semana.
A decisão, que “não será influenciada por nada que não sejam as provas e a lei”, concerne as três denúncias por corrupção apresentadas em inquéritos policiais contra o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu.

Com carreira na justiça militar e kipá preto, típico de uma corrente dos ultraortodoxos, Mandelbit foi secretário de Governo de Netanyahu, uma posição estratégica, pela necessidade de articulação entre todos os ministros e conhecimento jurídico para preparar projetos de lei. Quando Netanyahu o nomeou procurador-geral, Mandelbit foi considerado o ocupante do cargo mais direitista de todos os tempos. Agora, obviamente, Netanyahu e seus partidários o acusam de fazer o jogo da oposição e da esquerda, em conluio com a imprensa.
É um filme que passa o tempo todo em certos países. No caso de Israel, exacerbado pela tensão pré-eleitoral.

Netanyahu antecipou as eleições parlamentares para 9 de abril e chegar a elas como processado por corrupção evidentemente pode ter um peso importante, embora não definitivo.  Mandelbit já disse que o calendário eleitoral não vai pesar em sua decisão, um fato “sem precedentes na história da justiça israelense”, segundo esperou Bibi. Emprestando um termo constantemente usado por Donald Trump, ele diz que tudo não passa de uma caça às bruxas politicamente motivada.  Dos três inquéritos por corrupção passiva, fraude e outros “malfeitos”, o mais grave é a ação penal 3000, na qual Bibi é acusado de favorecer Shaul Elovitch, dono de uma gigante de telecomunicações, em troca de cobertura favorável em seu site de notícias, o Walla.

As inúmeras intervenções no site foram reconstituídas. Por uma incrível coincidência, sempre a favor de Bibi. Elovitch, que ganhou contratos do governo, primeiro negou tudo e depois disse que agiu por medo de ser prejudicado.
Em outro inquérito, a cobertura favorável também foi a base de tudo, mas é mais enrolado: Bibi, segundo a acusação, propôs prejudicar a circulação de um dos jornais mais entusiasticamente afinados com seu governo para favorecer uma outra publicação. O acordo não chegou a ser concretizado. Champanhe rosê, comida gourmet, charutos cubanos e outros mimos, pagos por Arnon Milchan, um produtor de cinema em Hollywood, rolavam na casa dos Netanyahu. Um projeto fiscal que favoreceria o generoso doador foi bloqueado pelo Ministério da Justiça.

Comparadas com as proporções da corrupção no Brasil, as acusações contra Netanyahu envolvem valores e favores quase risíveis, embora o princípio da honestidade na condução dos negócios públicos seja exatamente o mesmo.  As acusações também empalidecem diante do que esperam, antecipam e até garantem, ainda sem provas, os inimigos de Donald Trump para os quais o presidente é culpado de nada menos que traição à pátria e conspiração com os russos.

(...)
 
Só para lembrar: a imprensa não tem que ser imparcial, ao contrário dos agentes públicos, mas precisa ser baseada em fatos razoavelmente dignos de crédito e checados com padrões profissionais.  Quando jornalistas exageram, dão chiliques, fazem campanha ou publicam dados não sustentáveis, [o que está se tornando corriqueiro aqui no Brasil desde a eleição de Bolsonaro e mesmo alguns dias antes do segundo turno - os 'disparos' de fake news', destacando o caso Queiroz, todo dia surgem manchetes alertando para descobertas, só que no miolo da notícia ser ver apenas o boato da semana passada, requentado e já fedendo.] 0 municiam os que prefeririam viver num mundo sem eles. E ainda podem arrastar os profissionais corretos junto com eles.

Denunciar perseguição por parte da imprensa ganhou novas dimensões nos tempos atuais.
O Likud, partido de Netanyahu, deu um passo adiante nesses novos tempos: espalhou outdoors com as fotos de quatro jornalistas conhecidos pelas reportagens negativas envolvendo Netanyahu. Embaixo, a frase “Eles não vão decidir”, uma referência à eleição de 9 de abril.  Mandelbit, que encerrou a carreira na justiça militar com a patente de general de duas estrelas, também está sentindo o peso do momento. O túmulo de seu pai, um sionista da ultradireita laica, foi vandalizada.

No mês passado, teve que sair da sinagoga onde estava sendo o kadish, a oração funerária judaica, em homenagem a sua mãe porque alguns manifestantes cercavam o local.  “Coisas assim não vão abalar um único fio de cabelo dele”, disse um ex-colega ao Times of Israel.

Mandelbit se tornou praticante aos 26 anos e segue uma escola ultraortodoxa criada por um rabino cabalista. Processar, ou não, o ex-amigo que o promoveu e agora o denigre é certamente um momento existencial difícil.

Matéria completa, Veja
 


quinta-feira, 3 de janeiro de 2019

Ruptura sem diplomacia

“O alinhamento proposto por Bolsonaro é o eixo político representado pelo presidente dos EUA, Donald Trump, e o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu”

O traço mais marcante da posse dos novos ministros ontem foi a cordial e diplomática transmissão de cargo entre os ministros que assumiram suas funções e a equipe do ex-presidente Michel Temer, mesmo em setores onde mudanças estruturais acabaram com ministérios importantes. O ex-ministro da Segurança Pública Raul Jungmann foi tratado com toda a deferência pelo novo ministro da Justiça, Sérgio Moro, assim como o ex-ministro Torquato Jardim. A exceção foi a sucessão no Itamaraty, onde o ex-chanceler Aloysio Nunes Ferreira fez um longo discurso em defesa das melhores tradições da diplomacia brasileira e foi calorosa e longamente aplaudido pelos diplomatas presentes, muito mais do que o novo ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo.

É muito raro o ministro que sai ser muito mais aplaudido do que o ministro que entra, ainda mais num ambiente cujo cerimonial é dos mais rigorosos e as disputas ocorrem com punhos de renda. Araújo, porém, foi corajoso. Num discurso no qual não conseguia esconder a tensão, misturou São João Batista com Renato Russo e pregou uma política externa missionária, anti-iluminista e antiglobalista, nacionalista e assumidamente de cunho religioso. “Não mergulhemos nessa piscina sem água que é a ordem global”. Segundo ele, o Itamaraty “existe para o Brasil e não para a ordem global”. O alinhamento proposto por Bolsonaro é o eixo político representado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu. Mesmo diante de uma plateia que aproveitou a solenidade para mandar um recado malcriado ao novo chanceler, Araújo não deixou nenhuma dúvida de que vai realmente chacoalhar o Itamaraty.

O problema da nova política externa, porém, não é a sintonia com o discurso de Bolsonaro, mas a necessidade de se posicionar estrategicamente em relação ao comércio exterior, à política nacional de defesa e ao contato com os vizinhos, num mundo no qual o eixo do comércio mundial se deslocou do Atlântico para o Pacífico. O Brasil não pode entrar de cabeça na guerra comercial dos Estados Unidos contra a China, que se transformou no nosso maior parceiro comercial, ainda mais sem ganhar nada em troca.

A propósito, a medida provisória do presidente Jair Bolsonaro publicada ontem no Diário Oficial respalda Araújo na guinada à direita na política externa brasileira. Mudar não somente o estilo, mas o eixo de atuação da nossa diplomacia. A MP altera trecho da lei que define o regime jurídico dos servidores do Serviço Exterior Brasileiro. Abriu espaço para que não diplomatas possam exercer chefia. A Lei nº 11.440, de 29 de dezembro de 2006, determinava que “o Serviço Exterior Brasileiro, essencial à execução da política exterior do Brasil, constitui-se do corpo de servidores, ocupantes de cargos de provimento efetivo, capacitados profissionalmente como agentes do Ministério das Relações Exteriores, no Brasil e no exterior, organizados em carreiras definidas e hierarquizadas”. O novo texto ressalva nomeações para “cargos em comissão e funções de chefia, incluídas as atribuições correspondentes, nos termos do disposto em ato do Poder Executivo.”

Congresso
Além disso, embora não dependa da medida provisória, pois o cargo é de livre nomeação da Presidência, essa mudança robusteceu as especulações de que um dos filhos do presidente da República, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), pode vir a ser nomeado o novo embaixador em Washington.  Deputado mais votado do país, [pouco mais de 1.800.000 votos, desde a proclamação da república - sendo bolsonarista de raiz, me sinto à vontade para comentar que falta ao deputado  Eduardo Bolsonaro aquela, digamos, finesse típica da Casa de Rio Branco.]  é um dos porta-vozes da nova política externa e esteve nos Estados Unidos logo após as eleições, para estreitar as relações do pai com o governo norte-americano, atropelando o Itamaraty. Além disso, foi um dos principais padrinhos da indicação de Araújo, alinhado às teses do filósofo Olavo de Carvalho, ideólogo da família Bolsonaro.

Eduardo Bolsonaro é homem de confronto e não de conciliação. No momento, não é indispensável na Câmara, pois o que predomina na relação do novo governo com a Casa é a composição. Ontem, o presidente do PSL, deputado Luciano Bivar (PE), anunciou o apoio da bancada de seu partido à candidatura de Rodrigo Maia (DEM-RJ), adesão que praticamente consolida seu favoritismo, porque pode unificar a base governista e dividir a oposição. O adversário mais forte é o vice-presidente da Casa, Fábio Ramalho (MDB-MG), muito querido entre os colegas.

Tudo indica que o acordo foi uma operação casada muito além da garantia de que o PSL terá o controle da Comissão de Constituição e Justiça da Casa, uma vez que Bivar também anunciou a candidatura do senador Major Olímpio à Presidência do Senado. Com grande votação em São Paulo, pode vir a ter o apoio dos senadores do DEM e outros partidos da base do governo. Mesmo assim, o favorito na disputa pelo comando do Senado é Renan Calheiros (MDB-AL), que já presidiu a Casa por quatro vezes, mas até agora não admitiu sua candidatura. Renan não teme a disputa, teme uma liminar do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Marco Aurélio inviabilizando sua candidatura.

Nas Entrelinhas - Luiz Carlos Azedo, jornalista - CB


 

quarta-feira, 26 de dezembro de 2018

Netanyahu quer distrair o público da corrupção com eleição antecipada, dizem analistas

Ao convocar uma eleição geral antecipada, o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu está tentando distrair o público da investigação de corrupção em andamento sobre suas atividades, disseram especialistas à Sputnik. De acordo com os mesmos analistas, em última instância, a ideia é desacreditar as investigações, mas o resultado da votação e os desenvolvimentos futuros em torno de possíveis acusações são mais difíceis de prever.
Na segunda-feira, os líderes da coalizão governista de Israel decidiram antecipar as eleições parlamentares de novembro para 9 de abril de 2019, com a atual legislatura do Knesset sendo dissolvida. Netanyahu disse que estava confiante de que venceria as eleições antecipadas e que a maioria do eleitorado israelense concordou com a agenda de seu governo. O anúncio veio na sequência da renúncia de novembro do ministro da Defesa de Israel, Avigdor Lieberman, e da retirada do partido de direita Yisrael Beiteinu da coalizão governista pela decisão do gabinete de aceitar um cessar-fogo que põe fim a recentes hostilidades contra militantes palestinos na Faixa de Gaza. A retirada não privou Netanyahu da maioria parlamentar, mas reduziu a coalizão governista a 61 assentos no Parlamento de 120 assentos.

Enquanto isso, Netanyahu e sua esposa, Sarah, estão envolvidos no caso de corrupção de Bezeq-Walla, também conhecido como Caso 4000. Eles são acusados de promover os interesses da Bezeq, a maior provedora de telecomunicações do país, em troca da cobertura favorável de Netanyahu pelo popular site de notícias Walla, que é controlado pela empresa. O primeiro-ministro israelense também foi suspeito de obter presentes caros dos círculos de negócios (Caso 1000) e tentar chegar a um acordo com a liderança do jornal Yedioth Ahronoth (Caso 2000). No entanto, Netanyahu refutou todas as acusações, descartando-as como uma campanha de difamação orquestrada pela mídia.

Razões para eleição precoce
O governo israelense supostamente decidiu realizar uma eleição geral antecipada devido a divergências sobre um novo projeto de conscrição militar. A controversa legislação diz respeito à questão há muito debatida de recrutar estudantes do seminário ortodoxo (yeshiva), que estão isentos do serviço militar obrigatório sob as leis atuais.
Moran Stern, professor adjunto do Programa de Civilização Judaica da Escola de Serviço Estrangeiro Edmund A. Walsh da Universidade de Georgetown, declarou à Sputnik que a decisão de realizar eleições antecipadas reflete "o repetido método de Netanyahu de abordar questões domésticas acaloradas", como o projeto de lei do alistamento militar, "simplesmente ignorando".

(...) 

O doutor Gayil Talshir, do Departamento de Ciência Política da Universidade Hebraica de Jerusalém, disse à Sputnik que é possível que as acusações de corrupção estejam por trás do movimento.
"Netanyahu espera ganhar a próxima eleição antes da acusação e audiência oficiais", comentou Talshir.



Reuters



segunda-feira, 3 de dezembro de 2018

Segurança é a maior preocupação para a cerimônia de posse de Bolsonaro

Grupo que coordena a cerimônia analisa a possibilidade de o presidente eleito, Jair Bolsonaro, fazer o trajeto da Catedral ao Congresso em carro fechado e não no tradicional conversível. Número de policiais deve passar dos 10 mil

[a segurança deve receber atenção especial, ser rigorosa e meticulosa.

Na dúvida, devem ser previstas todas as possibilidades e tudo que possa parecer suspeito deve ser tratado como comprovadamente suspeito.

Um alerta: o assassinato do ex-prefeito Celso Daniel, do Toninho do PT e o próprio atentado contra Bolsonaro devem estar sempre presentes - até hoje faltam  esclarecer como Adélio Bispo conseguiu fazer face a várias despesas, ter ótimos advogados, passando a maior parte do tempo desempregado e quando trabalhava o valor do seu salário era pouco maior que o valor do salário mínimo.]

A menos de um mês para a cerimônia de posse, Palácio do Planalto, Congresso Nacional, Itamaraty e Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República (GSI) estão a todo vapor para garantir que nada saia do protocolo durante o evento. A maior preocupação do comitê de organização é em relação à segurança e à saúde de Bolsonaro. Por isso, ritos tradicionais da cerimônia estão sendo revistos, a começar pelo clássico passeio em carro aberto.

Bolsonaro comentou com a equipe que gostaria de seguir o costume de fazer o trajeto entre Catedral e Congresso Nacional no Rolls Royce conversível, veículo utilizado na posse de todos os presidentes do país e em alguns eventos públicos desde 1953. Porém, o desejo do futuro presidente pode não se concretizar. A equipe de segurança analisa a possibilidade de fazer o percurso em carro fechado para minimizar riscos. O que também pode atrapalhar os planos de Bolsonaro é a chuva, frequente em Brasília em janeiro.

Em relação à assistência médica, o nível de alerta é alto. Uma ambulância exclusiva para o presidente eleito seguirá todo o percurso. Além dos enfermeiros que já vêm acompanhando Bolsonaro, ele terá um médico exclusivo no Congresso e no Palácio do Planalto. Por prevenção, um helicóptero também estará de prontidão durante o evento.

O número de pessoas integrando a segurança, em 1º de janeiro, também foi modificado. A expectativa inicial era de que 10 mil homens das Forças Armadas, das polícias Federal, Civil e Militar, e do GSI fariam a segurança do futuro presidente. Porém, com a confirmação da presença do primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, essa quantidade deve aumentar. O contingente corresponde a mais do que o dobro de agentes que participaram da posse da ex-presidente Dilma Rousseff, que foi de quatro mil.



Torto

O itinerário começa na Granja do Torto, ponto de partida protocolar. Por volta das 15h, Jair Bolsonaro deve sair da residência oficial e seguir pelo Eixão em direção à Esplanada dos Ministérios. Com a esposa, Michelle Bolsonaro, ele se dirigirá à Catedral de Brasília. Apesar da localização, não haverá cerimônia religiosa, como explica Maria Cristina Monteiro, diretora de Relações Públicas do Senado e coordenadora do Grupo de Trabalho para a posse no Congresso. “Não tem missa nem culto. Tradicionalmente, (o local de encontro) passou a ser a Catedral, porque é um ponto de destaque arquitetônico mesmo”, disse. “Eles vão até lá para se encontrar com a cavalaria, que fica aguardando na Catedral. Na verdade, todo o agrupamento militar já fica aguardando ali. Bolsonaro se encontra com o vice, general Hamilton Mourão, e sua esposa, Paula Mourão, e troca de carro. O vice vai em um carro atrás.”


De carro, seja aberto, seja fechado, Bolsonaro fará o trajeto com duração aproximada de 15 minutos até o Congresso. Lá, ele será recebido pelo presidente da Casa, Eunício Oliveira (MDB); pelo presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM); pelo presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli, e pelos parlamentares eleitos. Em sessão solene, no plenário da Câmara, Bolsonaro fará o juramento constitucional e será empossado. Terminada essa etapa, ele deve se encaminhar a um gabinete, enquanto espera a formação da guarda.

Como presidente da República, Bolsonaro, então, descerá a rampa do Congresso e ouvirá a execução do Hino Nacional. Depois, passará as tropas em revista, momento em que se tornará chefe de poder das Forças Armadas, e voltará ao carro para fazer um percurso de, aproximadamente, 1km até o Palácio do Planalto. No seu futuro local de trabalho, ele receberá a faixa presidencial das mãos de Michel Temer e fará um discurso à nação. A cerimônia seguirá com a posse dos futuros ministros no Salão Nobre. O evento se encerrará à noite, com um coquetel oferecido aos chefes de Estado no Itamaraty.

A expectativa, segundo Maria Cristina Monteiro, é de que a cerimônia completa da posse seja mais rápida. “Estamos prevendo discursos mais curtos. O próprio presidente eleito já sinalizou que quer uma cerimônia mais rápida. O que delonga são os discursos. O de Dilma, em 2015, durou cerca de 40 minutos, mas depende muito do presidente”, afirmou.


Correio Braziliense

 

quarta-feira, 7 de novembro de 2018

Bolsonaro e Israel, uma relação político-religiosa arriscada para o Brasil

Ao anunciar a transferência da embaixada do Brasil de Tel Aviv para Jerusalém, o presidente eleito Jair Bolsonaro respondeu às expectativas das influentes igrejas evangélicas, sua base de sustentação, correndo o risco de uma ruptura com uma política de mais de meio século do Itamaraty.   Seguindo os passos do presidente americano Donald Trump, de quem já se disse um admirador, o futuro chefe do Executivo brasileiro corre o risco de isolar o país diplomaticamente, expondo-o a represálias comerciais de parte dos países árabes, grandes importadores de carne do Brasil.
"O Brasil tem uma posição histórica naquilo que a gente chama de solução de dois Estados [para Israel e a Palestina] e esta decisão pode jogar todos esses esforços no lixo", avalia Guilherme Casaroões, cientista político e professor da Fundação Getúlio Vargas em São Paulo.

A anexação de Jerusalém oriental por Israel, após a guerra de 1967, nunca foi reconhecida pela comunidade internacional, para a qual o estatuto da cidade santa deve ser negociado pelas duas partes e as embaixadas não devem se instalar ali enquanto não se cheguar a um acordo.  O governo brasileiro sempre seguiu essa diretriz, mas o posicionamento de Jair Bolsonaro poderia colocá-la em xeque.  "É motivo de respeitar uma nação soberana", declarou o presidente eleito em entrevista à TV Bandeirantes na segunda-feira.

Na terça-feira, ele parecia hesitar, ao declarar que a transferência "ainda não foi decidida", lançando dúvidas sobre sua determinação sobre uma medida tão polêmica.  A transferência da embaixada teria, antes de mais nada, uma motivação religiosa para Jair Bolsonaro, eleito em 28 de outubro com 55% dos votos, em parte graças ao apoio ativo das igrejas evangélicas neopentecostais, que reúnem milhões de fiéis.
"Os evangélicos mais conservadores não colocam em questão, não relativizam nenhuma atitude de Israel. Qualquer decisão, qualquer medida, há um pressuposto que tem a legitimidade para fazer, como povo escolhido", que deve ser defendido custe o que custar, independentemente da atitude de seus dirigentes, explica Ronilson Pacheco, teólogo da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio).
"É uma leitura extremamente literal da Bíblia, sem fazer qualquer reflexão de contexto, de história", acrescentou.

Os neopentecostais brasileiros seguem os preceitos do sionismo cristão, corrente segundo a qual o retorno dos judeus à terra santa e a criação do Estado de Israel, em 1948, segue uma profecia bíblica que anuncia o retorno do Messias.  "Nos templos, há muitos símbolos litúrgicos do judaísmo, como o candelabro ou a estrela de Davi, e alguns pastores até usam o kipá ", acrescenta Ronilson Pacheco.

O próprio Jair Bolsonaro, casado com uma evangélica, foi a Israel em 2016 para ser batizado por um pastor nas águas do rio Jordão.
Mas a religião não é a única motivação para Bolsonaro transferir a embaixada para Jerusalém, um anúncio que agradou o premiê israelense, Benjamin Netanyahu.
"Tem um valor simbólico para ele, pela relação dele com a comunidade evangélica, e também casa com uma revisão da tradição da política externa brasileira, mais globalista, multilateralista", explicou Monica Herz, professora associada do Instituto de Relações Internacionais da PUC-Rio.

Para ela, o mimetismo com Donald Trump se aproxima a "um alinhamento com o governo americano, coisa que não fizemos nem durante a ditadura militar".  Ex-paraquedista do Exército, Jair Bolsonaro é conhecido justamente pela nostalgia do regime militar, que comandou o País entre 1964 e 1985.  A aproximação com Israel também se deve ao fascínio do presidente pela tecnologia de ponta do Exército israelense.

Um de seus filhos, o senador Flavio Bolsonaro, e o governador eleito do Rio, Wilson Witzel, devem visitar o país em breve para comprar drones de ataque, que poderão ser usados pelas forças de ordem na luta contra os narcotraficantes.
Mas para Guilherme Casarões, "o Brasil teria condições de se aproximar dos EUA e de Israel independentemente de transferir a embaixada" de Tel Aviv para Jerusalém.
Membro da comissão de Relações Exteriores do Congresso, o senador Ricardo Ferraço, considerou recentemente que Bolsonaro fez esta promessa de forma precipitada, sem medir as consequências.
A Câmara de Comércio árabe-brasileira declarou sua preocupação, enquanto o Brasil é o primeiro produtor do mundo de carne halal (cujo consumo é permitido aos muçulmanos). O chefe da representação palestina no Brasil, Ibrahim Alzeben, declarou à AFP esperar que o deslocamento da embaixada não passe de um "anúncio de campanha".


 

segunda-feira, 14 de maio de 2018

Exército de Israel pratica seu esporte predileto: atirar com armas modernas contra civis palestinos desarmados



Confrontos em protestos entre Gaza e Israel deixam 41 palestinos mortos

Palestinos se manifestam contra 70 anos de Israel e inauguração da embaixada americana em Jerusalém


Palestino carrega manifestante ferido em protesto na fronteira de Gaza - IBRAHEEM ABU MUSTAFA / REUTERS



Pelo menos 41 palestinos foram mortos nesta segunda-feira por soldados israelenses em confrontos próximos à cerca fronteiriça que separa Israel da Faixa de Gaza, informou o Ministério da Saúde palestino nesta segunda-feira. A violência começou em meio a protestos árabes contra os 70 anos da fundação do Estado de Israel que, este ano, coincide com a transferência da embaixada americana de Tel Aviv para Jerusalém, cuja cerimônia de inauguração acontece nesta segunda-feira. A Autoridade Nacional Palestina acusou Israel de "cometer um massacre em Gaza", enquanto a União Europeia pediu moderação.


Milhares de palestinos se concentraram em pontos próximos à divisa com Israel. Os soldados israelenses dispararam tiros de fuzil contra os manifestantes quando eles se aproximaram da cerca fronteiriça. Entre os mortos, há um adolescente de 14 anos.





O Comitê da ONU para a Eliminação da Discriminação Racial pediu nesta segunda-feira a Israel que "suspenda imediatamente o uso desproporcional da força contra manifestantes palestinos" e que garanta que os feridos tenham acesso a atendimento médico. Já Federica Mogherini, chefe da diplomacia da UE, pediu a "máxima moderação" após as mortes em Gaza.

Os atos de protesto são normalmente organizados às sextas-feiras, mas devem atingir seu ápice em 15 de maio — data conhecida pelos palestinos como Nakba ou "Catástrofe", que marca o deslocamento de centenas de milhares de árabes no conflito desencadeado com a criação de Israel em 14 de maio de 1948. O movimento islâmico Hamas, que controla a Faixa da Gaza, alertou que apoia qualquer tentativa dos manifestantes de romper as barreiras fronteiriças.

O Exército israelense anunciou no sábado que vai duplicar suas unidades de combate em torno da Faixa de Gaza e da Cisjordânia ocupada por Israel para reforçar a segurança diante possibilidade de protestos palestinos.  O presidente americano, Donald Trump, que anunciou a transferência da embaixada no ano passado, não estará presente na inauguração. Sua filha Ivanka e seu genro e assessor Jared Kushner já estão em Jerusalém para representá-lo. A decisão de Trump, que despertou fúria no mundo árabe, rompeu um antigo consenso internacional de que status de Jerusalém seria determinado por um acordo de paz entre Israel e os palestinos.

POSIÇÕES CONTRÁRIAS
No Twitter, o presidente americano anunciou a transmissão ao vivo da inauguração, comemorando o ato: "Um grande dia para Israel!".
O premier israelense Benjamin Netanyahu se disse emocionado com as várias comemorações no mesmo dia:
Que dia comovente para o povo de Israel e o Estado de Israel.

Jason Greenblatt, enviado de Trump ao Oriente Médio, disse no Twitter que "tomar o devido passo de mudar nossa embaixada não é uma saída de nosso forte compromisso em facilitar um acordo de paz duradouro. Ao contrário, é uma condição necessária para isso".
No entanto, o primeiro-ministro palestino Rami Hamdallah disse que o reconhecimento de Jerusalém como capital de Israel por parte de Trump é uma "violação flagrande da lei internacional".


[Clique aqui e conheça mais sobre a 'manobra suja' feita por um brasileiro quando presidiu parte da Assembleia Geral da ONU, que permitiu a criação de Israel, usando território pertencente ao Povo Palestino e invadido por Israel. ]



JIHAD CONTRA OS EUA
O líder da Al-Qaeda, Ayman al-Zawahiri, convocou no domingo a Jihad contra os Estados Unidos, ao afirmar que a instalação da embaixada do país em Jerusalém é a prova de que as negociações e o "apaziguamento" não ajudaram os palestinos.  Em um vídeo de cinco minutos com o título titulado "Tel Aviv também é um território dos muçulmanos", o médico egípcio que assumiu a liderança da Al-Qaeda após a morte de seu fundador, Osama bin Laden, em 2011, chama a Autoridade Palestina de "vendedores da Palestina" e convoca seus adeptos a pegar em armas.
— (Donald Trump foi claro e explícito e revelou a verdadeira face da Cruzada moderna (...) O apaziguamento não funciona com ele, e sim a resistência (...) pela via da Jihad — afirmou Al-Zawahiri de acordo com uma transcrição do grupo SITE, que monitora os sites de internet islamitas.

Para o líder da al-Qaeda, os países islâmicos fracassaram em atuar a favor dos muçulmanos ao integrar a ONU, instituição que reconhece Israel, e ao aceitarem as resoluções do Conselho de Segurança das Nações Unidas ao invés da Sharia (lei islâmica).  Os líderes da Autoridade Nacional Palestina se recusam em conversar com os representantes do governo americano desde o anúncio da transferência da embaixada, sequer com o genro do presidente, Jared Kushner, que havia sido designado para estimular o processo de paz.

O Globo