Lula disse que não é ladrão
nem pombo correio para usar tornozeleira. Foi uma declaração um pouco
enigmática, mas logo os esclarecimentos surgiram. O Sindicato dos Pombos
Correios soltou uma nota oficial confirmando que a instituição não
aceita filiados ficha suja – já basta a porcariada no chão da praça. Já o
Sindicato dos Ladrões, também em nota oficial, declarou que Lula
continua filiado e provavelmente está negando isso por se encontrar
inadimplente. “Não vamos aceitar calote só porque Lula é a maior
referência da nossa categoria”, reagiu o presidente do Sindicato dos
Ladrões. “É verdade que ele não está podendo ir ao banco pagar o nosso
boleto. Mas por que não manda o Haddad, que não está fazendo nada?”
A
nota do Sindicato lembra ainda que há vários filiados em situação de
inadimplência por terem gasto todo o produto dos seus roubos – e esses
merecem a solidariedade da instituição. “Mas não é, absolutamente, o
caso do Sr. Luiz Inácio da Silva”, continua a nota, “que coordenou um
assalto bilionário aos cofres públicos, do qual todos nos orgulhamos.
Mas se formos abrir exceção para todo filiado multimilionário iremos à
falência, que nem o Brasil depenado magistralmente pelo próprio Lula”,
argumenta a nota.
Procurado pela imprensa, o presidente do
Sindicato dos Ladrões informou que sua posição sobre o caso está
integralmente exposta na nota oficial da instituição. Mas não se furtou a
um apelo de viva voz: “Não vamos anistiar o Lula. Se ele quer
declarar que não pertence mais à nossa categoria, não vou negar que isso
dói na gente. São muitos anos de cumplicidade e formação de quadrilha,
muitos momentos felizes com o dinheiro dos outros, e essas coisas o ser
humano não esquece. Mas nem tudo é festa. É preciso um mínimo de
seriedade e compromisso com as instituições – e o Sindicato dos Ladrões,
como todos sabem, é uma instituição milenar. Então não tem conversa. O
companheiro Lula está cansado de saber que aquela lei dos cem anos de
perdão já foi revogada há muito tempo. Hoje, ladrão que rouba ladrão tem
que pagar. Pague ao Sindicato os boletos em aberto, Sr. ex-presidente”.
Questionado se não estava sendo rigoroso demais com o membro mais ilustre da categoria, o presidente do Sindicato encerrou: “Não
tenho nada pessoal contra ele. Mas é que no nosso meio, se não cobrar
com energia, ninguém paga. É da nossa natureza, entende? O Lula é um
ídolo, mas é muito evasivo. Se alguém cobra alguma coisa dele, já monta
um teatro, faz uma quizumba, joga areia nos olhos da plateia e sai de
fininho. Então estou avisando: não vai adiantar chamar a ONU, a Folha, o
El País ou o Papa pra contar história triste. Lula, sabemos que o seu
sol está nascendo quadrado, mas sabemos também que o seu boi está na
sombra. Portanto, pare de reclamar e pague o que deve”.
Em off, o
presidente do Sindicato dos Ladrões acrescentou que acha essa história
da tornozeleira uma grande bobagem. Segundo ele, Lula sabe que não vai
precisar de tornozeleira nenhuma, porque já está condenado a mais 12
anos no processo de Atibaia – e a menos que conseguisse comprar todo
mundo na segunda instância, terá a pena de reclusão confirmada. Fora os
outros seis processos nos quais é réu. “Esse papo de progressão
pro semiaberto é só pra animar os mortadelaços e os festivais Lula
Livre”, explicou o sindicalista da ladroagem, arrematando em tom
confessional: “O que seria da nossa categoria sem os trouxas?”
Ele
disse achar válidos esses alarmes falsos de soltura do ex-presidente,
em ações cirúrgicas de petistas infiltrados no Judiciário e no
Ministério Público. “Isso mantém elevado o moral da tropa imoral”,
esclareceu sorridente – orgulhoso da tirada. Mas fez um alerta: esse
aparelhamento da era de ouro do parasitismo, que protegeu
democraticamente tantos delinquentes do bem, pode estar com os dias
contados. “O fascismo tá aí”, afirmou o presidente do Sindicato
dos Ladrões, agora com lágrimas nos olhos. “Se ninguém der uma bagunçada
no país, o bicho vai pegar pra nós. Cadê o Janot?”"
Coluna do Guilherme Fiuza - Correio do Povo
Exclusivo: Um (quase) café com o presidente
"Pode ter certeza que alguém do PT vai vazar a prova (do Enem)."
Foi assim que o presidente Jair Bolsonaro
pontuou sua primeira conversa na manhã desta quarta-feira, 23, em
Davos, permeada ainda por críticas à imprensa, comentários sobre o poder
das redes, futebol, dólar, a situação da Venezuela e até mesmo
perguntas sobre a ortografia de palavras.
Quando um dos assessores de Bolsonaro chegou para o café, o presidente comentou: "Viu os pobretões que estavam na minha mesa ontem?", provocando risada geral. Ele se referia ao fato de que, na noite de terça-feira, 22, o jantar de abertura do Fórum incluiu em sua mesa o presidente da Suíça, Ueli Maurer, a rainha Rania, da Jordânia, o fundador do Fórum, Klaus Schwab, o presidente da Apple, Tim Cook, a rainha da Bélgica e o presidente da Microsoft, Satya Nadella. Parte do debate se concentrou na reação dos mercados e da imprensa sobre seu discurso em Davos, feito na terça-feira e que foi o mais curto já pronunciado por um presidente brasileiro no evento.
Mas, entre os assessores e mesmo o presidente, não foram poucas as críticas à imprensa e à interpretação publicada de que houve uma relação entre a queda do real e o conteúdo de seu discurso. "Tem cinco dias de alta e da uma baixadinha e dizem que é o discurso", se queixou Bolsonaro, em referência à moeda. Araújo destacou, de forma elogiosa, como dois jornais estrangeiros tinham dado destaque a certos trechos da fala do presidente, enquanto o resto da comitiva reclamava de que, no Brasil, foram as críticas que dominaram no que se refere aos trechos do discurso sobre meio ambiente. "E no Brasil dizem que eu me equivoquei ao falar das florestas", protestou o presidente. [no Brasil grande parte da Imprensa não aceitou a eleição de Bolsonaro;
e, agora, já que vão ter que aceitar, querem pautar o Governo Bolsonaro.]
Eduardo Bolsonaro dava uma atenção especial à cobertura do discurso realizado pelo jornal espanhol El País, que tem uma versão em português. Uma das pessoas na mesa chegou a qualificar o jornal de "vagabundo". "Um jornal vagabundo", insistiu. O deputado se surpreendia como, segundo ele, havia uma manchete no jornal espanhol diferente do título que o mesmo jornal havia dado para o discurso de Bolsonaro no Brasil. Eduardo, repetindo o que um grupo de jornalistas brasileiros tinha explicado um dia antes, tentou contar para o restante da mesa como ele ficou sabendo que, de fato, quem faz os títulos das matérias nem sempre são os repórteres, mas sim os editores.
Conspiração no Enem
A
conversa então migrou para a situação do Enem. "Pode ter certeza que
alguém do PT vai vazar a prova", disse Bolsonaro, num dos trechos da
conversa que está gravado. "Vai vazar", repetiu, insistindo para a
facilidade que seria "tirar uma foto". Nesta semana, o governo
Jair Bolsonaro tornou sem efeito a nomeação de Murilo Resende, que
assumiria a coordenação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), e o
nomeou para o cargo de assessor da Secretaria de Educação Superior do
Ministério da Educação (MEC).