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sábado, 18 de novembro de 2023

No governo Lula, Ministério do Trabalho só serve para agir contra o trabalhador - J. R. Guzzo

 Gazeta do Povo - VOZES
 
Lula e o ministro do Trabalho, Luiz Marinho: projeto costurado por governo, centrais sindicais e confederações patronais cria nova contribuição a ser descontada do salário dos trabalhadores, sindicalizados ou não.

Lula e o ministro do Trabalho, Luiz Marinho.| Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil 
[dois pelegos de carteirinha: - o ainda ministro sempre pendurado nas tetas do sindicalismo e o presidente Da Silva nos tempos em que posava de 'líder' - anos 80 - insuflava os babacas dos metalúrgicos na Vila Euclides e sorrateiramente ia para a Fiesp encher o ... de whisky, delatava tanto seus liderados que seu codinome  era 'boi' = nome dado aos vasos sanitários na cadeia e também aos que com suas delações se igualavam ao que era lançado nos 'bois'. 
CONFIRAM: Lula era agente duplo servindo à polícia e às montadoras, diz Tuma.]
 
O Ministério do Trabalho do governo Lula tem uma dessas particularidades que só é possível encontrar em governos Lula
Em seus primeiros onze meses sob nova gerência, o Ministério do Trabalho não parou de fazer coisas contra o trabalhador. 
Faz isso usando um dos truques mais velhos do manual de falsificações para governantes: para prejudicar o trabalhador, e beneficiar os sindicatos, diz que só pensa em ajudar os dois. A realidade, no Brasil, mostra que é impossível fazer isso.

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Por causa de distúrbios genéticos que daqui a pouco vão completar um século, os sindicatos brasileiros têm interesses opostos aos dos trabalhadores. 
Ou seja: ficar sistematicamente ao seu lado, como é religião no governo Lula-PT-satélites, é ficar contra quem trabalha. É simples. Alguém está produzindo? Então o governo é contra.

O fato é que está em execução, com tudo isso, um projeto de extermínio de empregos. Lula e o ministro do Trabalho, com certeza, terão suas razões para fazer isso.

O ministro do Trabalho ainda não completou um ano no cargo, mas já tem uma performance de “superação”: uma vez a cada três meses, em média, ataca o bolso do trabalhador para cevar os gatos gordos dos sindicatos e centrais sindicais, que passaram os seis anos do pós-Dilma e pré-Lula sem uma boa parte das suas facilidades e agora estão com uma fome de refugiado da Somália.

Para começar, e com a aliança do STF, o governo Lula ressuscitou o Imposto Sindical; o efeito direto disso é que passa a entrar menos dinheiro no bolso de quem trabalha.  
É uma agressão aberta à vontade dos empregados. 
Em 2017, numa das raríssimas vezes na história em que se aprovou neste país uma lei dando ao trabalhador o direito de decidir alguma coisa em sua própria vida, o Congresso estabeleceu que o pagamento do imposto tinha de ser voluntário. Quem não queria pagar não pagava. 
É óbvio que, desde então, ninguém quis pagar mais nada.

Pode haver uma manifestação mais clara de qual é, realmente, a vontade do trabalhador? Pois então: Lula, o ministro do Trabalho e o Supremo decidiram que essa vontade é proibida e voltaram a impor o desconto obrigatório em folha para todo mundo, sejam ou não sócios do sindicato. (Se quiser usar o seu direito de não pagar, o empregado tem de fazer uma via-sacra que transforma esse direito em piada.)

Em seguida, o ministério anunciou sua decisão de obrigar 1,5 milhão de entregadores e motoristas de aplicativo, que são prestadores de serviço, a se submeterem às condições de emprego dos funcionários que têm registro em carteira. 
Mais de 80% dos trabalhadores da área não querem isso – pela excelente razão de que vão receber menos pelo seu trabalho, com os descontos “sociais”. 
Não ocorre ao governo que eles preferem trabalhar assim; não querem os “direitos” que o ministro quer socar em cima deles.
 
O último ataque do Ministério do Trabalho é contra os empregados do comércio que trabalham nos feriados e domingos – e fazem isso, também, por sua livre escolha, porque querem ganhar mais.  
O governo, agora, quer obrigar a todos a aprovarem em “assembleia geral da categoria” os acordos para trabalhar nos dias de folga, em vez de simplesmente aceitarem o trabalho extra em troca de remuneração extra. 
É outra mentira. 
Quem controla as assembleias são os sindicatos e as centrais – não há a menor hipótese de que a vontade do trabalhador seja respeitada nesse ambiente. O fato é que está em execução, com tudo isso, um projeto de extermínio de empregos. 
Lula e o ministro do Trabalho, com certeza, terão suas razões para fazer isso.
 
Conteúdo editado por:Jocelaine Santos

quarta-feira, 14 de dezembro de 2022

Não basta derrotar Bolsonaro; PT quer vê-lo preso - Gazeta do Povo

Vozes - Alexandre Garcia

Poderá Bolsonaro ser preso? Teoricamente, esse é o desejo da coligação que elegeu Lula, que entrou com uma ação no TSE acusando Bolsonaro de uso indevido dos meios de comunicação social e abuso do poder político
O problema é que a ação caiu nas mãos do ministro Benedito Gonçalves. Aquele dos tapinhas no rosto, recebidos de Lula. Aquele que cochichou no ouvido de Alexandre de Moraes (e o microfone captou) “missão dada, missão cumprida”.
 
 
 [MEMÓRIA]:Ministro Benedito Gonçalves, do TSE, recebe do companheiro Lula um carinhoso tapinha no rosto. - Foto: Reprodução/ Twitter [são momentos carinhosos e que mostram que autoridades e criminosos também são capazes de momentos de carinho.]
 
O pessoal está pedindo que sejam investigados não só Bolsonaro e seu vice Braga Netto, mas também deputados que são ferrenhos defensores de Bolsonaro, como Bia Kicis, Carla Zambelli e Eduardo Bolsonaro; o senador Flávio Bolsonaro; e três recém-eleitos que tiveram muitos votos: Gustavo Gayer, Magno Malta e Nikolas Ferreira. 
Qual é o objetivo? Tentar “desreeleger”, como já se conseguiu “descondenar” lá atrás. Querem anular os votosnão os de Flávio Bolsonaro, porque ele continua com o mandato de oito anose considerar Bolsonaro um criminoso eleitoral por ter abusado dos meios de comunicação. 
Imaginem, ele não abusou porque nem teve meios de informação ou de comunicação de massa à disposição dele
- abuso de poder político também não foi o caso, ele ficou na dele. 
Mas, como a ação está nas mãos de alguém que não tem amores por Bolsonaro, muito pelo contrário, há esse risco.


                    O presidente Jair Bolsonaro.| Foto: Isac Nóbrega/PR

Ministério de Lula é o retorno ao passado [consequência normal e esperada do retorno do criminoso à cena do crime.]
O presidente eleito convidou Luiz Marinho para ser ministro do Trabalho
É a volta ao passado, pois ele já tinha sido ministro do Trabalho de Lula, e depois foi prefeito de São Bernardo do Campos. 
Ele começou a carreira como líder sindical, no tempo em que era operador de máquinas da Volkswagen. 
Lula convidou ainda Josué Gomes da Silva, que é o atual presidente da Fiesp pelo menos até dia 21, porque já está marcada uma assembleia para destituí-lo, já que não gostaram da atuação dele para o Ministério da Indústria e Comércio, outra pasta que vai ser recriada, assim como o Ministério da Mulher. Diz o noticiário que a cotada é Cida Gonçalves; não sei quem é, mas dizem que ela é especializada em “violência de gênero”, seja lá o que for isso.

Veja Também:
    Senhores e vassalos
    Todos querem uma “boquinha” no governo Lula
    Lula não aprendeu com os erros do passado e agora vai repeti-los

E o novo ministro de Relações Exteriores já disse que Lula vai à China logo no início do ano e que vai reativar a relação com a Venezuela do ditador Nicolás Maduro.  
Portanto, vai expulsar daqui a embaixadora do outro presidente da Venezuela. 
Já a China é a campeã mundial, segundo os Repórteres Sem Fronteiras, em prisões de jornalistas
São 110 jornalistas presos, e 18% dessas prisões são de mulheres.

Alexandre de Moraes segue fazendo ameaças
Falando em prisão, Alexandre de Moraes, num evento em Brasília, ameaçou que ainda há muita gente para prender e muita multa para aplicar.
Eu fico pensando naqueles delegados que saem por aí pensando em prender todo mundo, ou o agente do Detran que pensa em multar todo mundo; é algo parecido que estamos ouvindo.

E aí eu lembro do secretário-geral dos Repórteres Sem Fronteiras, Christophe Deloire, dizendo que regimes ditatoriais e autoritários estão enchendo as prisões com jornalistas.  [PERGUNTAR, NÃO OFENDE: pensando cá com nossos botões, surgiu uma dúvida: 
- o ministro Moraes no discurso de louvação às urnas eletrônicas, à importância da Justiça Eleitoral - qualidade ainda não descoberta pelas maiores democracias do mundo, que não possuem tal modalidade de justiça,  existente só no Brasil,    e da  'dipromação' do apedeuta eleito, foi impossível não perceber o seu firme propósito de punir todos que praticaram atos antidemocráticos, que no seu entendimento foram inúmeros. 
 
É pacífico que prospera entre várias autoridades brasileiras o entendimento de que o presidente Bolsonaro cometeu alguns crimes com aquela tipificação. 
A Constituição Federal só permite em situações especialíssimas a prisão do presidente da República durante o exercício do seu mandato.
Sendo previsto que a partir do próximo 1º janeiro 2023 o mandato do presidente Bolsonaro termina, ele deixa de ter o amparo concedido pela CF = por não estar mais exercendo mandato.
 
Dirão os legalistas: mas, por eventuais crimes que possa vir a ser acusado não está mais em situação de flagrante delito e não pode ser preso.
Só que surge a  pergunta: e se o ministro Moraes ou outra autoridade do TSE decretar a prisão do presidente Bolsonaro - alegando um flagrante perenemente perpétuo, ou algo do gênero  e que o delegado da PF incumbido de efetuar a prisão, prenda o então cidadão Jair Bolsonaro.
Quem vai se opor a ordem ilegal? A quem recorrer? 
Encerramos, pensando que o nosso presidente estará atento a tal possibilidade. Queira DEUS que sim! É o que pensamos.]

Prisão por crime de opinião; enquanto isso, nenhum baderneiro que queimou veículo em Brasília foi preso ainda, pelo menos até o momento em que fiz essa gravação.

Alexandre Garcia, colunista - Gazeta do Povo - VOZES

 

segunda-feira, 15 de agosto de 2022

‘Carta pela democracia’: Skaf faz boletim de ocorrência contra suposta fraude

Ex-presidente da Fiesp alega que teve o nome incluído como apoiador do manifesto da USP de forma fraudulenta 

Paulo Skaf registrou boletim de ocorrência sobre suposta fraude em São Paulo
Paulo Skaf registrou boletim de ocorrência sobre suposta fraude em São Paulo | Foto: Reprodução/Jovem Pan

Ex-presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf registrou um boletim de ocorrência no último sábado, 13, pedindo investigação sobre uma suposta fraude envolvendo seu nome como signatário de ‘carta pela democracia’.

Paulo Skaf diz que não assinou a “Carta em Defesa do Estado Democrático de Direito” e alega que seu nome foi incluído no manifesto de forma fraudulenta. O documento foi lido durante ato na Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP), na última quinta-feira 11.

O caso foi registrado como falsidade ideológica na Delegacia Eletrônica e encaminhado ao 98º Distrito Policial, Cidade Monções, Zona Sul de São Paulo. A expectativa é que Skaf compareça ao local para prestar depoimento.

Skaf soube da presença de seu nome na carta na última sexta-feira 12, um dia depois do evento de leitura do documento. Em nota, a Faculdade de Direito da USP confirmou que Skaf foi incluído como apoiador da carta e que retirou o nome do empresário. De acordo com a universidade, os dados utilizados para o cadastro estavam corretos e vieram do número de IP do computador do empresário.

Além de ter presidido a Fiesp, Paulo Skaf foi candidato ao governo de São Paulo em três oportunidades, em 2010, 2014 e 2018. Depois de passagens por PSB e MDB, hoje o empresário é filiado ao Republicanos.

Ato em São Paulo
Divulgado como um evento apartidário, [sic] o ato de leitura da “carta pela democracia” na Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo registrou manifestações políticas pró-Lula na última quinta-feira 11. O evento teve a presença de sindicatos, coletivos de minorias, professores e advogados membros do Prerrogativas.[a pouca significância do tal 'manifesto', mentiroso na origem - se diz apartidário quando é, notoriamente, de esquerda - merece o nome que viralizou e imposto pelo presidente Bolsonaro: cartinha.]

Apesar de não mencionar o presidente Jair Bolsonaro (PL), a papelada defende as urnas eletrônicas, fala em “risco às instituições” e tece elogios aos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). O documento foi assinado por petistas, tucanos, banqueiros, juristas e alguns integrantes da classe artística.

Leia também: “O Brasil que ‘não aguenta'” , artigo de J. R. Guzzo na Edição 125 da Revista Oeste.

quarta-feira, 15 de setembro de 2021

"Todos viram o fracasso de reunir o povo antibolsonaro"

Alexandre Garcia

A comparação do dia 7 com o dia 12 deve fazer as pesquisas eleitorais pensarem um pouco, já que as ruas contrariam seus resultados. Examinar se há erro na coleta ou na computação dos dados, ou o quê.

Todos viram o fracasso da tentativa de reunir o povo antibolsonaro nas ruas, no último domingo. Se era para dar uma resposta ao 7 de Setembro, ou para impulsionar um impeachment, frustrou
As ruas que no dia 7 tiveram um porre de povo, no dia 12 sofreram crise de abstinência. 
Em Brasília foi um deserto; 
no Rio, só em torno do carro de som; 
em outras capitais, apenas centenas ou dezenas de manifestantes. 
Na Avenida Paulista, nos quarteirões da Fiesp e do Masp, onde estavam os carros de som. 
Quem teve olhos para ver as imagens foi isso que viu.
O evento teve amplo estímulo da mídia, com divulgação abundante e estimativa de uma grande mobilização – e ainda assim fracassou. Mostra que as pessoas já não são conduzidas pelos apelos tradicionais. 
Por mais esforço que tenham feito, não influenciaram a mobilização. 
Por mais tentativas de encobrir o fiasco, com imagens evitando mostrar o todo, não deu para esconder. 
A saída foi mudar logo de assunto.
Os palanques da Paulista reuniram cinco presidenciáveis e ainda faltavam outros, mais e menos citados. [presidenciáveis e nada são a mesma coisa; 
faltou na Paulista o atual presidente - que com as Bênçãos de DEUS, será também o próximo = JAIR MESSIAS BOLSONARO.] Todos sonhando ser o candidato da terceira via. O que significa uma divisão por cinco, ou por 10. Uma terceira via fraccionada fica sem chance de segundo turno — e pode contribuir para uma decisão no primeiro turno. Tentaram atribuir o fracasso a “movimentos de centro-direita” — mas lá estavam, por decisões de seus partidos, representantes do PDT, do Partido Socialista, do Partido Comunista, do ex-Partido Comunista e do PSDB – o próprio governador Doria, que até dançou. [Doria sempre dança - no sentido de rodou;  
não dançou nas eleições para governador de S. Paulo,  porque quando estava afundando Bolsonaro lhe estendeu a mão - fosse o contrário o Joãozinho teria chutado o quase afogado.] 
 
A comparação do dia 7 com o dia 12 deve fazer as pesquisas eleitorais pensarem um pouco, já que as ruas contrariam seus resultados. Examinar se há erro na coleta ou na computação dos dados, ou o quê.  
Por fim, o registro que o nome mais citado, mais repetido, nas bocas e faixas do dia 12, foi Bolsonaro. Esse foi um ponto comum nas duas manifestações. A manifestação antibolsonaro demonstrou que o presidente é o eixo referencial da eleição de 2022.

 Alexandre Garcia, colunista - Correio Braziliense

 

quinta-feira, 9 de setembro de 2021

Lira terá que acatar pedido de impeachment contra Bolsonaro a qualquer momento - Merval Pereira

O Globo

Sete de Setembro - Remédio amargo

Nem todos foram tão contundentes e certeiros com as palavras como o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Luiz Fux. Mas todos os que se pronunciaram com críticas à retórica belicista do presidente Bolsonaro na terça-feira o fizeram como se avisassem ao presidente que está chegando o momento da verdade.

A fala do procurador-geral da República, Augusto Aras, foi acadêmica e clara na defesa da tese de que a democracia não existe sem o respeito entre os três Poderes. Não cometeu o erro do presidente da Câmara, deputado Arthur Lira, de igualar na responsabilidade pela crise o Judiciário e o Executivo, quando claramente qual ciência exata está sendo utilizada para medir qual ato, de qual poder, é o último que estica a corda e quer submeter o primeiro a seus interesses familiares e políticos. Colocando-se em posição proativa, Aras reafirma uma nova postura independente.

Lira colocou o Legislativo no centro da Praça dos Três Poderes, como se fosse a ponte entre os outros dois, na concepção que atribuiu a Niemeyer e Lucio Costa. A mesma tentativa de explicar a praça foi feita no documento que Febraban e Fiesp organizaram, e acabou não dando certo pela tibieza de seus termos.
 
[a narrativa muda um texto legal? uma interpretação criativa pode até mudar, mas uma narrativa NADA MUDA e já nasce desacreditada. 
 
O presidente da Câmara dos Deputados, deputado Arthur Lira,  tendo em conta que o Brasil vive em um 'estado democrático de direito', que pressupõe que TODOS respeitam as leis, tem o poder  de submeter aos integrantes daquela Casa Legislativa pedido, ou pedidos, de impeachment - não pode ser obrigado a tomar, ou não, tal providência = ainda dentro do estado democrático de direito, podem até retirá-lo da Presidência da Câmara dos Deputados, visto que quando querem, os motivos são encontrados ou criados, mas obrigá-lo jamais.

Optando o deputado Arthur Lira por submeter um pedido ao escrutínio  dos parlamentares serão necessários que 342 deputados - 2/3 - votem favoráveis a que o pedido seja aceito quando então será aberto no Senado Federal um processo de impeachment e seguido o devido processo legal.
Gostem ou não gostem é isso que está na Constituição, na legislação e todos, incluindo sem limitar, os 'inimigos do Brasil' estão obrigados a aceitar. 
 
Ainda que se desesperem, em português claro:
- 172 deputados votando contra a admissão da acusação contra o presidente da República = votando contra o impeachment = o pedido será arquivado.
- a presença de apenas 341 deputados já impede a apreciação do pedido de impeachment.
- o presidente da Câmara apenas recebe o pedido de impeachment e decide se submete ao exame de quem realmente decide.
 
Sair desse regramento constitucional é sair da lei, da ordem, do estado democrático de direito e  partir para o VALE TUDO. Os BRASILEIROS DO BEM, entre os quais nos incluímos, NÃO QUEREM que no Brasil passe a vigorar a LEI DO VALE TUDO.] 

Na carta, dizia-se que o espaço da praça “foi construído formando um triângulo equilátero, cujos vértices são os edifícios-sede de cada um dos Poderes. Esta disposição deixa claro que nenhum dos prédios é superior em importância, nenhum invade o limite dos outros, um não pode prescindir dos demais”. Os dois, o discurso de Lira e o manifesto da Fiesp, com essa metáfora arquitetônica, queriam não criticar diretamente o presidente da República, fingindo que a culpa pela crise que vivemos é dos dois outros Poderes, quando, na verdade, somente o Executivo está em pé de guerra com o Judiciário e também com o Legislativo, quando Bolsonaro se recusa a aceitar a derrota do voto impresso.

O presidente da Câmara, que tem a chave [sic] do pedido de impeachment, não poderia ter se referido, como fez o ministro Luiz Fux, a crime de responsabilidade de Bolsonaro ao anunciar que não acataria mais decisões emanadas do ministro Alexandre de Moraes. Como cabe somente a ele abrir o processo de impeachment, uma palavra nesse sentido seria terminativa. Fux acusou o presidente de ter agido fora das quatro linhas a que tanto alude, mas lembrou que a investigação cabe ao Legislativo. O fato é que todas as autoridades se pronunciaram ainda impactadas pelas multidões que foram às ruas aderir ao discurso golpista de Bolsonaro.

Muitos continuavam ontem em Brasília fazendo arruaças. Tanto Fux quanto Lira aplaudiram quem foi à rua em manifestação pacífica, afirmando que assim funciona a democracia. Mas coube ao presidente do Supremo ressaltar que a forma era boa, mas o conteúdo não. Defender a extinção do STF ou a substituição de ministros, sem utilizar os meios legais para isso, é fora das quatro linhas. Assim como Bolsonaro não aceita a decisão do Congresso sobre o voto impresso, também não acata a decisão do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, de arquivar o pedido de impeachment contra o ministro Alexandre de Moraes.

Mesmo que Arthur Lira alegue não ver razão para acatar um dentre as dezenas de pedidos de impeachment contra Bolsonaro, terá de fazê-lo a qualquer momento, pois ninguém, nem mesmo ele, acredita em acordos com Bolsonaro para que se modere. Ontem mesmo, na reunião do Conselho de Governo que improvisou depois de ter dito que convocaria o Conselho da República como ameaça, mostrou fotos das manifestações do dia 7 de setembro para garantir que o povo está com ele.

O ministro que pula de ministério em ministério de acordo com a conveniência de Bolsonaro teve a petulância de sugerir ao ministro da Justiça que proíba a Polícia Federal de acatar ordens emanadas do ministro Alexandre de Moraes. Como se a PF não fosse polícia judiciária e autônoma — e pudesse ser manipulada pelo governo. Ou como se isso não representasse mais um crime de responsabilidade.

A fala absurda de Bolsonaro, assim como estimulou Lorenzoni a propor besteiras, fará com que militantes bolsonaristas, como blogueiros e caminhoneiros a soldo, se sintam estimulados a resistir a um mandado de prisão, o que poderá ter sérias consequências. A crise mal começou e, como depende apenas de Bolsonaro, não será contida a não ser com o remédio amargo do impeachment.

Merval Pereira, colunista - O Globo 

 


quinta-feira, 11 de junho de 2020

Entenda Essa Crise Política. É O Poder Mudando De Mão - DefesaNet

Stephen Kanitz

Essa súbita polarização na política, que deve estar assustando muita gente, é na realidade um fim de ciclo. O poder reinante nesse pais nos últimos 25 anos está sucumbindo, lutando com todos os seus meios para impedir o inevitável. Usam jogo sujo sim, mas é por puro desespero acreditem. Quem está perdendo miseravelmente nesses  últimos 30 anos  é a indústria, os sindicatos, os trabalhadores chão de fábrica, as grandes cidades, os industriais cada vez mais falidos e subsidiados.
Quem está crescendo e ganhando é a Agricultura.

A agricultura por si só já representa 25 % do PIB, contra 10% anos atrás. O Agro  negócio, que incorpora as indústrias que a fornecem, como mineração de fertilizantes, a indústria de tratores, os bancos, as seguradoras, as transportadoras passa a ser 40% do PIB, tranquilo. Ter 40% do PIB significa dinheiro, crescimento, poupança, prosperidade. ignifia crescente poder político, que ao contrário que a maioria das pessoas pensam, o setor Agrícola não tinha comensurável a esses 40%.

Foi sempre a agricultura que gerou exportações e superávit no câmbio, foi sempre a indústria que importava máquinas estrangeiras.
A Indústria sempre foi muito mais forte politicamente do que a Agricultura, mas agora ela definha, não apresenta lucros, não tem mais poder financeiro. Foi sempre a Indústria que indicava os Ministros da Fazenda, normalmente economistas ligados a Fiesp como Delfim Neto e Dilson Funaro, por exemplo. Foi esse total descaso pela nossa Agricultura que resultou no enorme êxodo rural, que tanto empobreceu o país e fortaleceu justamente partidos que atendiam as demandas dos bairros pobres.

Nada menos que 45% de nossa população teve que abandonar a agricultura, abandonada que foi pelos Ministros da Fazenda. Que nem sabem mais o significado de  “Fazenda”, apropriado para um país destinado a agricultura, como o Brasil e a Argentina. Foi  Raul Prebish, que convenceu economistas argentinos e brasileiros como Delfim, Celso Furtado, Jose Serra, FHC e toda a Unicamp, a esquecerem  nossa agricultura a favor da “industrialização” para o mercado interno, a famosa “substituição das importações ”. Por isso investirem fortunas em “incentivos”, leis Kandir, subsídios via o BNDES em indústrias antigas mas que “substituiriam as nossas importações”, importações que geralmente eram dos mais ricos, produzir produtos populares para classe C e D nem pensar.

Somente a partir de 1994 , que passaram a produzir para a Classe C e D, movimento do qual fiz parte. Além das milícias que invadiam terras, a luta por reservas, contra a ampliação de terras produtivas, destruição de pesquisas de aprimoramento genético. Nossos  industriais perceberam tardiamente que foi justamente essa “substituição das importações” que iria gerar nossa estagnação e não inovação, e lentamente destruímos a nossa indústria nascente a partir de 1987. De 27% do PIB, 45% com seus agregados, a Industria entrou numa espiral descendente para 14,5% hoje.

Que reviravolta. Essa atual crise política no fundo é a crise da indústria e das famílias ricas desesperadas, empobrecidas mas ainda com certo poder político. É a crise dos sindicatos trabalhistas que viviam dessas contribuições sindicais.

Em DefesaNet - continue lendo


segunda-feira, 8 de junho de 2020

Atos frustram aposta de radicalização - Valor Econômico

Marcelo Ribeiro


Protestos contra Bolsonaro e pró-democracia ocorrem de forma pacífica pelo país

A expectativa de que as manifestações nas ruas contra o governo Jair Bolsonaro, pró-democracia e antirracismo, realizadas ontem, pudessem acirrar os ânimos da crise política não se confirmaram. Os atos, em várias capitais do país, correram de forma pacífica, sem registro de problemas entre grupos opositores, retirando o trunfo da radicalização, que tem sido uma aposta do presidente para mobilizar seus apoiadores. Em São Paulo, porém, um grupo que durante a tarde havia participado da manifestação, foi dispersado pela Polícia Militar durante a noite para evitar que seguisse para a avenida Paulista, onde ocorreria um ato a favor do presidente Bolsonaro.

Além dos atos de rua, houve panelaços e buzinaços contra o presidente promovidos em diversas localidades, num fim de semana em que o governo federal foi muito criticado, dentro e fora do país, por causa da retirada do número de mortos de covid-19 do site do Ministério da Saúde.
No Rio, o ato em defesa da democracia e contra o racismo teve início a partir das 14h. Os manifestantes também lembraram a morte da vereadora Marielle Franco (Psol), em março de 2018. A manifestação foi acompanhada de perto pela Polícia Militar, mas não houve incidentes. Pela manhã, um ato em apoio a Bolsonaro foi realizado na Avenida Atlântica, na praia de Copacabana.

Em São Paulo, os manifestantes se concentraram a partir das 14h no Largo da Batata, na região Oeste da capital. O ato foi convocado por organizações de esquerda, como a Frente Povo Sem Medo, lideranças de torcidas organizadas e coletivos do movimento negro. Cartazes, bandeiras e cantos entoados na grande praça no bairro de Pinheiros tratavam de pautas diversas. Sobressaíram-se críticas à política do governo no combate à pandemia e ao número de mortes de negros causadas pela polícia. O protesto promoveu aglomeração e frustrou a tentativa dos organizadores de manter o distanciamento [importante: protesto contra o presidente Bolsonaro, quebrando regras dos governadores, prefeitos e parte da imprensa = 'donos' - do combate ao coronavírus.] de pelo menos um metro entre os manifestantes, para evitar a contaminação pela covid-19. Voluntários percorreram o local distribuindo álcool em gel e cartilhas com orientações de higiene. Por volta das 15h30, uma via inteira da avenida Brigadeiro Faria Lima estava tomada. Faixas pedindo “Fora, Bolsonaro” foram estendidas na rua.

Na avenida Paulista, manifestantes pró-Bolsonaro participaram de ato em frente ao prédio da FiespAliás, a esquerda, os inimigos do Brasil, da liberdade e do presidente Bolsonaro, usam o cadáver de George Floyd para defender seus interesses escusos.] Com faixas em defesa da intervenção militar, críticas ao governador João Doria e aplausos à PM. No domingo passado, a polícia lançou mão de bombas e prisões durante a manifestação na Paulista que reuniu manifestantes contra e a favor de Bolsonaro.

Em Brasília, manifestantes ocuparam a Esplanada dos Ministérios em dois atos simultâneos. Com cordão de isolamento organizado pela Polícia Militar, o local se dividiu entre manifestantes em defesa da democracia, antifascistas e antirracistas, e os bolsonaristas. O ato em defesa da democracia e contrário ao racismo e fascismo começou por volta das 9h. A concentração ocorreu na Biblioteca Nacional e os manifestantes caminharam pela Esplanada em direção à Praça dos Três Poderes. O grupo seguiu até a Alameda das Bandeiras, onde os policiais militares fizeram um bloqueio para evitar um encontro e eventual enfrentamento com manifestantes favoráveis ao governo.

Os manifestantes pró-democracia gritaram palavras de ordem e seguravam faixas contra o fascismo, racismo e a favor do regime democrático, além da defesa do Sistema Único de Saúde (SUS). Vestidos de verde e amarelo, um grupo favorável ao governo se manifestou em frente ao Palácio do Planalto, como já ocorreu nos últimos domingos.  O ministro do Gabinete de Segurança Institucional (SGI), Augusto Heleno, acompanhou o trabalho das forças de segurança. Nas redes sociais, afirmou não ter ido à Esplanada para participar das manifestações favoráveis ao governo, mas para “agradecer aos integrantes das F Seg [forças de segurança], pelo trabalho abnegado e competente que realizam, em prol de manifestações pacíficas”.

Em Belém (PA), a manifestação na manhã de ontem contra o racismo e a favor da democracia terminou com 112 pessoas detidas, dentre elas 16 menores de idade. A Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social do Pará informou que agiu para fazer cumprir o decreto emitido pelo governador Helder Barbalho (MDB) que proíbe aglomerações com mais de dez pessoas como forma de deter a disseminação do novo coronavírus. Ontem, Bolsonaro publicou em suas redes sociais um texto no qual afirma que as Forças Armadas foram responsáveis por derrotar “o nazismo e o fascismo” durante a Segunda Guerra Mundial. “Vinte e cinco mil brasileiros foram à 2ª Guerra e garantiram a nossa liberdade e democracia. Na Itália, para surpresa de outros exércitos, viram a nossa tropa composta de negros, brancos e mestiços vivendo de forma harmônica e integrada. A cobra fumou e derrotamos o nazismo e o fascismo”, escreveu Bolsonaro


Marcelo Ribeiro, jornalista - Valor Econômico



(Colaboraram Rodrigo Carro e Hugo Passarelli, do Rio e de São Paulo. Com agências noticiosas)

domingo, 2 de fevereiro de 2020

Petrobras dá vexame ao cancelar palestra - Elio Gaspari

Folha de S. Paulo - O Globo

O vexame da patrulha contra McCloskey 

Não se pode saber como vai acabar a lambança do Enem, mas exemplos mostraram que as redes sociais são uma das boas coisas deste século 

Dizer que a terra é plana ou que o nazismo foi de esquerda fazem parte de um bestiário incontrolável, mas entra-se no caminho do vexame quando uma empresa como a Petrobras cancela uma palestra da economista Dreirdre McCloskey porque ela disse que os governos de Donald Trump e de Jair Bolsonaro são “qualquer coisa, menos liberais”. [se a contratante não concorda com a capacidade de quem vai proferir a palestra e as opiniões a serem emitidas, não são interessantes nem adequadas, o mais conveniente  é cancelar.

Sem esquecer, que palestras, que em sua maioria são úteis aos assistentes  - há algumas exceções - se tornaram durante o governo que destruiu o Brasil, 2003 a 2016, meio de lavagem de dinheiro, o que torna imperativo mais cautela sobre quem, e o que, se contrata.]
Trata-se de um vexame pela falta de educação, pela truculência e pelo obscurantismo. Falta de educação porque os áulicos da Petrobras cancelaram a palestra sem dizer uma só palavra à professora. Pela truculência, porque o ex-Robert McCloskey teve coragem para mudar de sexo e com isso já enfrentou paradas bem mais duras do que pitis de burocratas amedrontados. É dela a mais sólida resposta às patrulhas que associam Milton Friedman à ditadura chilena do general Pinochet. (O texto da palestra está na rede com o título “Ethics, Friedman, Buchanan, and the Good Old Chicago School”.) Pelo obscurantismo, porque a professora é uma economista respeitada internacionalmente.

McCloskey veio da cepa da universidade de Chicago e trabalhou com Friedman. Seus três livros sobre as virtudes, a igualdade e a dignidade dos burgueses são aulas de História para quem quer conhecer as raízes do mundo moderno. Em poucas palavras (dela), nada a ver com a luta de classes de Marx, com os protestantes de Max Weber, com instituições ou com as teorias matemáticas da acumulação de riquezas. Foi tudo coisa das ideias: “Comércio e investimentos sempre foram rotinas, mas uma nova dignidade e a liberdade das pessoas comuns foram únicas dessa época”. O construtor do mundo moderno foi o burguês.

Bolsonaro não é liberal, finge mal e, se quiser sê-lo, terá muito chão pela frente. Cancelar uma palestra de McCloskey porque ela criticou o capitão foi atitude de quem passa por qualquer vexame para ficar bem na nominata das cerimônias.
Se esse triste episódio levar alguma editora a publicar a trilogia burguesa de McCloskey, a patrulha terraplanista terá prestado um serviço ao país.

O MEC está deseducando uma geração
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O ruinoso do Enem de Weintraub junta-se a outro desastre, com o qual ele nada teve a ver e, pelo contrário, já denunciou. É o caso dos inadimplentes do Fundo de Financiamento Estudantil. Invenção dos ministros da Educação petistas, para gosto dos donos de faculdades privadas, o Fies transferiu para a Viúva o risco de inadimplência dos estudantes da rede privada.

Hoje, o rombo está em R$ 32 bilhões. Isso aconteceu porque os financiamentos eram dados sem um fiador verificado e os educatecas não analisavam os empréstimos que o Fies concedia.
Weintraub apontou o pior lado dessa desgraça, o moral:
“São 500 mil jovens começando a vida com o nome sujo”.

Com o nome sujo e estimulados a não pagar o que devem, porque foram induzidos a isso pelos espertíssimos donos de faculdades. É sempre bom lembrar que um estudante da faculdade de Direito de Harvard formou-se em 1991 e só quitou sua dívida depois de 1996, com o que ganhou publicando seu primeiro livro. Chamava-se Barack Obama.

(....)

FiespDe um empresário abatido pelo desembaraço político de Paulo Skaf, presidente da Federação das Indústrias de São Paulo.
“Do jeito que estão as coisas aquele prédio da avenida Paulista podia passar por um retrofit. O térreo e o espaço do rés-do-chão poderiam ser entregues às moças que vendem milho e aos rapazes do yakissoba. Nos andares superiores ficaria o museu da indústria e o auditório seria entregue aos músicos e malabares”. [o que ocorre na Fiesp é apenas um tênue reflexo do que a 'nova cultura', que a esquerda tenta manter no Brasil, é capaz de fazer.
Se espera que Regina Duarte resgate a Cultura que merece ser valorizada na mesma proporção que valoriza antigos valores, que o maldito 'politicamente correto' tenta impor.
Caindo no lugar comum: se é político, jamais pode ser correto.]



Na Folha de S. Paulo e no O Globo, leia MATÉRIA COMPLETA - Elio Gaspari, jornalista

 

domingo, 26 de janeiro de 2020

Veja como será o colégio militar que Bolsonaro quer construir em SP - VEJA - Radar


Por Robson Bonin

Elaborada pelo time de Paulo Skaf, da Fiesp, a planta terá 68 000 metros quadrados de área construída e atenderá 1 000 alunos

Jair Bolsonaro costuma reclamar do sofrimento e da solidão do poder, mas há muitos prazeres em ser presidente. O desenho abaixo é um deles. O presidente bateu o pé que faria um colégio militar em São Paulo e, veja só, o projeto já saiu do forno.  Elaborada pelo time de Paulo Skaf, da Fiesp, a planta terá 68 000 metros quadrados de área construída e atenderá 1 000 alunos. É a menina dos olhos do capitão.
Divulgação


Robson Bonin, jornalista - Coluna Radar - VEJA




quarta-feira, 11 de dezembro de 2019

A necessária distensão – Editorial - O Estado de S. Paulo

Há sinais de que em nome de décadas de boa convivência e sólida relação comercial, os governos da Argentina e do Brasil decidiram optar pelo pragmatismo


A decisão do presidente Jair Bolsonaro de enviar o vice-presidente Hamilton Mourão para representar o Brasil na posse do presidente da Argentina, Alberto Fernández, realizada ontem, pode contribuir para distender a relação entre os dois países, afetada por divergências ideológicas profundas entre os dois chefes de Estado.  Não se deve esperar, é claro, que essas divergências sejam de todo superadas, pois derivam de visões de mundo completamente antagônicas, mas há sinais de que, em nome de décadas de boa convivência e de uma sólida relação comercial, os governos da Argentina e do Brasil decidiram, afinal, optar pelo pragmatismo, e não pelo confronto.

Não parece ter sido uma decisão fácil para o presidente Bolsonaro, que até o último minuto parecia firme em sua disposição de não enviar ninguém do primeiro escalão para a posse de Alberto Fernández. Na véspera, Bolsonaro informou que ainda estava analisando a “lista de convidados” do novo presidente argentino para avaliar se mandaria alguém.

A preocupação do presidente brasileiro era com a presença de líderes esquerdistas com os quais não queria nenhum tipo de contato, a começar pelo presidente de Cuba, Miguel Díaz-Canel. A tal lista de convidados que Bolsonaro avaliou incluía o ditador da Venezuela, Nicolás Maduro, e os ex-presidentes Lula da Silva e Dilma Rousseff, além dos ex-presidentes Rafael Correa, do Equador; José Pepe Mujica, do Uruguai; Fernando Lugo, do Paraguai; e Evo Morales, da Bolívia. Lula, Dilma, Evo e Maduro não foram, mas era realmente difícil imaginar o presidente Bolsonaro à vontade mesmo entre os demais próceres da esquerda latino-americana que prestigiaram a posse.

Problema maior, contudo, era ter de cruzar olhares ou sair na foto com a vice-presidente eleita, Cristina Kirchner. Durante a campanha eleitoral argentina, Bolsonaro qualificou Fernández e Cristina de “bandidos de esquerda” e disse que, se “a esquerdalha” vencesse, “o povo (argentino) saca, em massa, seu dinheiro dos bancos”, entre outros efeitos catastróficos.

Do lado argentino, o comportamento na campanha não foi muito melhor. O agora presidente Fernández reagiu às provocações de Bolsonaro chamando o presidente brasileiro de “racista, misógino e violento”. Além disso, fez campanha pela libertação de Lula da Silva, qualificando o petista como “preso político” – uma afronta à Justiça brasileira. Não era um bom prenúncio para as relações entre os dois países.

Contudo, os ânimos parecem ter arrefecido. Há alguns dias, Fernández aproveitou uma visita do presidente da Câmara, Rodrigo Maia, para enviar a Bolsonaro uma mensagem de “respeito” pelo Brasil. Do lado brasileiro, houve pressão, dentro do governo e também do Congresso, para que Bolsonaro recuasse de sua determinação de boicotar a posse. Funcionou. “Achamos melhor, para não dar a entender que estamos fechando portas”, explicou Bolsonaro sobre a decisão de enviar o vice-presidente Mourão. “O que interessa para nós interessa para eles”, completou o presidente, referindo-se à relação entre os dois países.

Houve alívio imediato entre os empresários brasileiros. Embora admita que “não ficou uma mensagem positiva” de todo o entrevero entre Bolsonaro e Fernández, o vice-presidente da Fiesp, José Ricardo Roriz, disse que “prevaleceu o bom senso”, pois “a Argentina é o país que historicamente mais compra manufaturados do Brasil e é importante manter uma boa relação, independentemente da posição ideológica do presidente”.

Do lado argentino, o novo presidente disse, em seu discurso de posse, que “com o Brasil, em particular, temos que construir uma agenda ambiciosa, inovadora e criativa, nas áreas tecnológica, produtiva e estratégica, apoiada pela irmandade histórica de nossos povos e que vá além de qualquer diferença pessoal daqueles que governam”.


Se o Brasil não pode colocar em risco a relação com um parceiro comercial tão estratégico como a Argentina, os argentinos, por sua vez, não podem nem sequer cogitar de brigar com o Brasil no momento em que o novo governo assume já avisando que “tem vontade de pagar (a dívida externa), mas não tem capacidade para fazê-lo”.

A necessária distensão – Editorial - O Estado de S. Paulo


quarta-feira, 20 de julho de 2016

Idade mínima + tempo mínimo de contribuição ou não se aposentar – eis o dilema



Idade mínima para aposentadoria é necessária, mas rejeitada pela população - Essencial à sustentabilidade das contas públicas, medida tem apoio de apenas 3% dos brasileiros, diz Fiesp 

Desde que assumiu interinamente a Presidência, Michel Temer tem reforçado que a reforma da Previdência é um dos desafios prioritários para ajudar no controle das contas públicas. Dois grupos de trabalho foram criados para debater medidas voltadas à área, que tem registrado rombos bilionários há pelo menos dez anos. Em entrevista recente, Temer informou que o governo avalia estabelecer uma idade mínima para a aposentadoria

A iniciativa, racional e eficiente do ponto de vista da administração pública, traria alívio aos cofres do governo e facilitaria investimentos e gastos em outras áreas consideradas importantes pela sociedade. A população, no entanto, rejeita a ideia, como mostra uma pesquisa da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) divulgada na terça-feira (19). Segundo o levantamento, apenas 3% dos entrevistados a consideram a melhor alternativa para cortar gastos.

Essencial à saúde das contas públicas, a medida é encarada como um benefício “a menos”, já que, atualmente, não há idade mínima para se aposentar. “O brasileiro é obcecado por se aposentar e qualquer medida que implique mais anos de trabalho será atacada”, diz Raul Velloso, especialista em contas públicas. “Do ponto de vista da sustentabilidade do sistema, no entanto, ela é positiva. É importante para que o governo evite a insolvência”, acrescenta. 
Velloso estima que 75% do gasto público são repasses para programas sociais, funcionalismo e Previdência. No ano passado, a diferença entre a arrecadação líquida e os benefícios pagos pela Previdência alcançou R$ 85,8 bilhões, um salto de 51% sobre o déficit de R$ 56,7 bilhões registrado em 2014. A baixa adesão à ideia, revelada pelo levantamento da Fiesp, reforça o desconhecimento popular a respeito da proposta e escancara o desafio que aguarda os gestores públicos para encampá-la.

O atual secretário da Previdência, Marcelo Caetano, defende a fixação de uma idade mínima. Na equipe econômica do novo governo chegou a se discutir o estabelecimento de 65 anos, perto da média de países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). Atualmente, a idade média de aposentadoria no Brasil é de 57,5 anos. Pelas regras atuais, os trabalhadores brasileiros podem solicitar o benefício com 30 anos de contribuição, no caso das mulheres, e 35 anos no dos homens. Para recebê-lo integralmente é preciso atingir a fórmula 85/95, resultado da soma entre idade e tempo de contribuição. “Se for necessário, estipularemos regras de transição. Se o prazo é de 35 anos de contribuição, talvez quem tenha, sei lá, 20 anos ou 15 anos, tenha de contribuir mais um ano, mais um ano e meio”, disse Temer em uma entrevista ao SBT, no começo de junho. “Mas isso é em benefício do próprio cidadão que no futuro vai se aposentar. Porque, se o poder público não tiver recursos quando ele se aposentar, pior para ele”, justificou.

A Força Sindical é uma das principais entidades contrárias à medida. Para o presidente, Paulinho da Força, a proposta pune os mais pobres, que começam a trabalhar mais cedo. Como alternativas, ele defende o fim de desonerações e a regularização dos jogos com direcionamento de impostos para a Previdência. A proposta deve seguir enfrentando forte resistência, sobretudo em ano de eleições municipais. O custo político de sua aprovação exigirá proporcional coragem dos congressistas para aprová-la. Na perspectiva mais otimista do governo, uma reforma deve ser aprovada em até dois meses. No cenário mais pessimista, o prazo se esgota no fim deste ano.

Mais cortes

Segundo o levantamento da Fiesp, o congelamento de salários dos funcionários do governo é considerada a medida mais efetiva pela população para reduzir gastos, com 24% de apoio. Em seguida, aparecem a redução da quantidade de funcionários em cargos comissionados (18%) e a não contratação de novos funcionários públicos (11%).

Debates & Provocações: a CPMF deve ser recriada?

Ainda de acordo com a pesquisa, 88% dos entrevistados acreditam que um orçamento mais equilibrado depende de corte de gastos, em comparação a 2% que apostam no aumento de impostos e 10% que declaram não saber. Temer nunca descartou uma eventual alta de impostos, mas pondera que, se realizada, seria temporária. O brasileiro, no entanto, desconfia: 84% dos entrevistados acham que uma elevação da carga tributária seria permanente. Na contramão, 5% dizem que confiam em um imposto temporário e 11% afirmam não saber.
Uma das possibilidades em discussão é a recriação da CPMF, que, embora impopular, chegou a arrecadar mais de R$ 37 bilhões em 2007, quando foi extinta. [só que qualquer recurso arrecadado pela CPMF é desviado da finalidade original e o mais grave é que todo governo tenta prorrogar a CPMF – tanto que o P da sigla era, originalmente, de PROVISÓRIA e passou a ser de PERMANENTE.]

A pesquisa foi realizada em âmbito nacional entre os dias 2 e 13 de junho, a partir de uma amostra de 1.200 pessoas.

Fonte: Época