A Jovem Pan está na mira dos democratas de manifesto
Manda quem pode. Obedece quem tem juízo. https://t.co/kLDIB3W1H3
— Mônica Bergamo (@monicabergamo) September 15, 2022
Além dos concorrentes diretos, jornais e revistas de papel contemplaram com desdém o nascimento da TV Jovem Pan News, em 27 de outubro de 2021.
Um dos bordões publicitários da Jovem Pan repetia havia muitos meses que a rádio virara TV. Nenhum exagero, confirmou a sequência de proezas. O uso intensivo de imagens ampliara extraordinariamente a audiência de atrações como o Jornal da Manhã, Pânico e Os Pingos nos Is. Nesses horários, pouco depois da estreia a Jovem Pan News já tinha desbancado a CNN por larga margem e encostado na GloboNews. Hoje, consolidada no segundo lugar, a emissora recém-nascida alcança com extraordinária frequência o topo do ranking. Paralelamente, publicações impressas despencam. Pouco mais de 430 mil exemplares foram colocados em circulação nos primeiros seis meses de 2022. Há sete anos, eram 1,3 milhão. A queda mais perturbadora foi protagonizada pela Folha: 16%. A tiragem oscilava pouco acima de 60 mil exemplares. Desabou para desoladores 55 mil.
Tampouco as revistas impressas vão bem das pernas. Segundo o Instituto Verificador de Comunicação (IVC), a circulação sofreu uma queda de 28% ao longo de 2021. A Veja, por exemplo, já foi a terceira maior do mundo ao imprimir 1,2 milhão de exemplares. O tombo mais recente levou-a a perder 51 mil — e amargar, pela primeira vez desde o nascimento, uma tiragem que mal atinge a faixa dos 90 mil. Todas as revistas hoje lutam pela sobrevivência. Menos a piauí, que não depende de leitores. Depende da herança do dono, o banqueiro João Moreira Salles. A bolada parece muito longe do fim. Tanto assim que, mesmo bancando os rombos mensais da revista, tem dinheiro de sobra para figurar na lista dos dez maiores doadores da campanha de Lula. É compreensível que sonhe com o desaparecimento de quem é suspeito de inclinações bolsonaristas.
Nenhuma surpresa. Um levantamento recente da Universidade Federal de Santa Catarina constatou que 80% dos jornalistas brasileiros se declaram de centro-esquerda, esquerda ou extrema esquerda. Só 4% se consideram de centro-direita, direita e extrema direita. O escritor e analista político Flavio Morgenstern afirma que a proliferação de jornalistas engajados deformou o comportamento profissional: “Não se vigiam mais os políticos. Age-se com os políticos para vigiar a sociedade”. Para Morgenstern, o objetivo da Folha “vai além da tentativa de monopólio das narrativas: quer-se criar uma versão ‘oficial’ dos fatos — e isto só pode ocorrer censurando-se desabridamente quem não siga a cartilha”.
“O jornalista de hoje quer demonizar seus concorrentes ideológicos, para que sejam perseguidos pelo estamento judicial”, acrescenta Morgenstern. “As críticas da Folha querem ter peso de lei, e seus jornalistas agem como esbirros a apontarem quem deve ser constrangido pela lei.” A esses tumores se soma a doutrinação marxista nas universidades de jornalismo”, acredita Carlos Alberto Di Franco, doutor em Comunicação e especialista em Jornalismo Brasileiro e Comparado. “Educação é formação em um ambiente de liberdade, de abertura, de diálogo, de debate”, lembra Di Franco. “A universidade e o ensino básico estiveram, e penso que ainda estão, muito dominados por uma matriz marxista. Uma matriz militante, ativamente militante, samba de uma nota só. Isso tem consequências. Quando a ideologia domina o processo de conhecimento, o que desaparece é o conhecimento.”
Sem espaço para divergênciaNo faroeste à brasileira, é o bandido que persegue o xerife. Não chega a ser surpreendente que também no jornalismo prevaleça o avesso das coisas. A TV Jovem Pan News abriga comentaristas de todos os espectros ideológicos, mas é qualificada pelos arautos do pensamento único de “bolsonarista”, “disseminadora de fake news” e “propagadora de discurso de ódio”. A Folha, que torce pela morte de Bolsonaro, proíbe contestações à verdade oficial e inventa verbos delirantes para esconder os avanços econômicos do país, apresenta-se como “imparcial”, “fiel aos fatos” e “defensora da democracia”.
Na GloboNews e na CNN Brasil, não há comentaristas políticos “de direita”, “liberais” e “conservadores”. Nas duas concorrentes, ninguém murmura algum contraponto ao incessante bombardeio que alveja o atual chefe de governo. “Se antes, pela falta de termo de comparação, o público talvez não notasse os truques sujos e as manipulações perpetrados diariamente pela imprensa autoproclamada ‘profissional’, hoje ele percebe”, acredita o escritor e antropólogo Flávio Gordon. “Quando a redação se torna uma bolha na qual o radicalismo ideológico de uns retroalimenta o dos colegas, o senso de cumprimento de uma missão política em vista de um mundo melhor sobrepuja qualquer preocupação com a prática jornalística tradicional, que, nessas condições, passa a ser vista até mesmo como reacionária.”
Como observa J.R. Guzzo, o “crime” da Jovem Pan é não se submeter ao pensamento único que a esquerda quer impor a todos os brasileiros. “Virou uma religião, com pecado mortal, excomunhão e o castigo do inferno”, constata o colunista. “Trate de obedecer — caso contrário, você será denunciado por subversão da ordem politicamente sagrada.” Com notável clareza, Guzzo localiza a questão-chave escancarada pelo surto autoritário:
É isso. O resto não passa de conversa fiada. Discurseira de intolerantes mal cobertos pela fantasia de democrata em frangalhos.
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