Este espaço é primeiramente dedicado à DEUS, à PÁTRIA, à FAMÍLIA e à LIBERDADE. Vamos contar VERDADES e impedir que a esquerda, pela repetição exaustiva de uma mentira, transforme mentiras em VERDADES. Escrevemos para dois leitores: “Ninguém” e “Todo Mundo” * BRASIL Acima de todos! DEUS Acima de tudo!
A tática de Luiz Inácio Lula da Silva no intrincado xadrez do clima
parece clara. Segue a receita tradicional: bater bumbo para a narrativa
do momento, buscar articulações que ampliem a superfície política de
contato, reduzindo assim a pressão exercida sobre o Brasil pelas forças
externas, e, entrementes, ir tocando a vida de acordo com as
necessidades práticas, preenchendo o tempo com ataques continuados aos
adversários políticos do momento.
Posto que a realidade material nunca consegue ficar circunscrita aos
discursos, alguma hora os fatos terão, porém, de se impor.
Logo o
governo brasileiro terá de decidir a autorização ou não para explorar o
petróleo na foz do Amazonas.
E autorizar trará necessariamente custo
reputacional [em nossa opinião 'custo reputacional' é um valor que só incide sobre boa reputação - qualidade que a folha corrida do cidadão mostra ser ele desprovido.]que para um presidente empenhado em se apresentar como
liderança planetária nos assuntos do momento, entre os quais brilha o
clima.
E tem pelo menos outro nó aí. A reindustrialização, agora repaginada
como neoindustrialização (também para reduzir a área de atrito com os
antidesenvolvimentistas), ocupa lugar central nos planos governamentais,
sem ela vai ser difícil reduzir estruturalmente as altas taxas de
desemprego. [neo industrialização com as taxas extorsivas de impostos que nos alcançarão nos próximos dias?] O PIB projetado é bom, mas a beleza dos números deve-se na
maior parte ao agronegócio, cuja vocação não é empregar. Serviços e
indústria comem poeira.
Qual é a real, então?Não haverá reindustrialização sem energia barata.
Aliás, encarecimento da energia causa desindustrialização. Que o diga a
Alemanha.
E, posto que o preço nunca está imune à lei da oferta e da
demanda, fica claro que é ficção reindustrializar sem energia abundante.
O papel e o Power Point aceitam tudo,mas alguma hora governos têm de
entregar o que projetaram para o futuro.
Pois se há algo certo sobre o futuro é que ele sempre chega.
O Brasil tem um dos perfis energéticos mais limpos, graças
principalmente às hidrelétricas. Mas o potencial hídrico ainda
inexplorado concentra-se na Amazônia,a construção das barragens ali
enfrenta oposição cerrada. [afinal, uma imensidão das terras localizadas na Amazônia é reserva indígena - o governo Bolsonaro acabou em 31 dezembro 2022, mas, a declaração '‘Hoje, o maior latifundiário do País é o índio’, diz Nabhan', permanece atual e os indígenas são especialistas em cobrar pedágio de tudo.] Ah, há também o etanol, mas a cana sofre a
concorrência dos alimentos pela área plantada. Um desafio adicional
para o país que aceitou o dogma de, também para ajudar a salvar o
planeta, congelar a fronteira agrícola.
As energias eólica e solar vêm em franca expansão, mas não deixam de ter
impacto sócio-ambiental.
Seus custos estão caindo rapidamente, mas a
oferta nem de longe será capaz de atender a demanda imediata.
O mesmo
vale para a energia nuclear. Ou o Brasil acelera a exploração de
petróleo e gás, ou a reindustrialização acelerada continuará confinada
aos discursos e às apresentações.
É provável que, com o tempo, as soluções pragmáticas acabem se impondo, e
o presidente sempre terá à mão o argumento de, afinal, estarmos um
período de transição energética, daí precisarmos usar todas as fontes
disponíveis.
Mas Lula neste tema não joga em casa, não tem com ele a
torcida incondicional dos mecanismos construtores de opinião pública nem
a simpatia da arbitragem.
Mais um detalhe. Em 2014, a acusação de que adversários parariam a
exploração do pré-sal e privilegiariam as energias limpas foi decisiva
na reeleição de Dilma Rousseff.
Agora, Mefistófeles aparentemente veio
acertar a fatura.
A ver se Lula, como Fausto, consegue escapar de ter de
pagar toda a conta.
A CHAMADA GUERRA DA UCRÂNIAé uma guerra que
apresenta muitos aspectos clássicos europeus, misturados a novas
estratégias típicas do século XXI.
Datar seu início é um desafio em si,
porque não existem documentos públicos oficiais que estabeleçam quando a
decisão de tomar território da Ucrânia foi tomada, se é que isso é
possível determinar, dada a presença de forças especiais e de russos
étnicos no território antes do conhecimento público das hostilidades.
Como na maioria dos conflitos modernos, determinar o quando, onde
justamente o Tempo é uma dimensão vital do conflito, é desafiador.
Ao se decidir impor um governo local submisso à antiga potência
imperial, não seria uma forma de guerra, bastante antiga e familiar aos
europeus? Ou se deveria considerar o início da ação das Forças Especiais
russas na região leste do país?
Ou a tomada da península da Criméia?
Ou mesmo a imposição velada do desarmamento nuclear unilateral, já
abrindo caminho para uma futura invasão?
Desta forma, este breve
trabalho não tentará estabelecer data para o início histórico do
conflito, que remonta de um passado longínquo que inclui historicamente
dominação político-ideológica, genocídio, deslocamento de população e
perda de vastas partes de território, somados à toda pletora de técnicas
das operações especiais modernas.
Portanto, quando este trabalho se
referir ao “início” do conflito, estará apenas cobrindo os episódios
referentes ao período iniciado em 24 de fevereiro de 2022 e se
estendendo até a semana anterior de sua publicação. Caso o fato
mencionado não esteja contido neste período, será feita uma menção
explícita a isto.
QUANDO DO INÍCIO DESTA FASE ATUAL DO CONFLITO NA REGIÃO,
muitos “experts” entenderam como sendo uma oportunidade de se estudar a
real capacidade da Rússia de combater uma guerra moderna, nos termos
entendidos no Ocidente.
Ficando subentendido que não existe material
primário (ordens do Estado Maior das partes em conflito, análises de
Serviços Secretos etc) disponível, uma vez que todas as operações
ocorridas são muito recentes e ainda estão sob manto de segredo de
estado.
(...)
A determinação da defensiva
ucraniana e sua capacidade de aceitar baixas sem entrar em colapso selam
o destino da ofensiva inicial russa. Fogos de longo alcance sobre a
área de suprimentos russos paralisam o conflito, que degenera em ação
sobre civis e guerra de propaganda.
Se as forças russas não se revelaram
capazes de apresentar flexibilidade sob pressão, um velho problema
desde os tempos da Stavka, que se radicalizou na era soviética, também
não foram um completo desastre. Porém, para além de suas tropas de
elite, algumas graves deficiências surpreenderam e até o presente
momento não tem explicação convincente.
A PRIMEIRA SURPRESA NAS FORMAÇÕES BLINDADAS RUSSAS
foi a presença maciça dos veteranos T-72, ainda que reequipados e
modernizados, liderando as formações russas.
Esses carros de combate
(CC), projetados nos anos 60 e fabricados até hoje em versões
atualizadas, foi pensado como um CC simples e barato, para ser operado
por 3 homens em um exército de conscritos. Seu preço inicial oscilava em
torno de US$ 500.000, cerca de metade do valor dos modelos básicos
ocidentais.
Foi equipado com blindagem reativa e telêmetro laser.
Seu canhão de 125 mm é considerado poderoso, mas o sistema de pontaria
oferecido aos aliados fora do Pacto de Varsóvia e a munição eram de
qualidade muito inferior, o que ficou desconhecido até o fim da URSS.
Quando países como Polônia e Alemanha Oriental abriram seus arsenais
para técnicos ocidentais, estes tiveram a amarga surpresa de descobrir
que a performance da munição e aparelhos de pontaria do Pacto eram muito
superiores, por exemplo, aos capturados no Iraque ou antes disso, pelos
israelenses durante suas guerras contra vizinhos.De qualquer
forma, a Rússia já dispunha do modelo T-90, porém relativamente
poucos foram vistos na Ucrânia e o novo CC T-14 Armata, aparenta
continuar ainda em desenvolvimento, não operacional.
Figura 1 – T-14 Armata, o mais novo CC da Rússia. (Foto Eurasia Times)
O EMPREGO DE MATERIAL CONSIDERADO COMO NÃO SENDO DE ÚLTIMA GERAÇÃO
não representa em si um problema.
Israel venceu 3 guerras (48, 67 e 73)
lutando contra vizinhos equipados com armas mais modernas e em maior
número.
Os alemães derrotaram franceses e ingleses em 1940 equipados com
material terrestre inferior. O que se impõe no campo de batalha é a
Doutrina, treinamento e motivação das tropas, associado à logística e a
manutenção.
(...)
Figura 2 – Carro de combate T-72 B3, versão mais moderna deste veículo, usado na invasão da Ucrânia. (Foto Agência TASS).
(...)
a) Deslocamentos em colunas por estradas.
Basicamente centenas de CCs foram destruídos em esquinas,
entroncamentos, curvas e outros pontos facilmente identificáveis em
qualquer carta topográfica.
Estes pontos são facilmente batidos por
fogos de artilharia e que a opção russa por não se deslocar fora da
estrada (atribui-se ao tipo de solo, mas essa explicação parece não se
justificar em áreas urbanas) tornou muito fácil a missão da artilharia
ucraniana. Embora a narrativa ocidental tenha atribuído as mudanças nos
ventos da guerra às armas anticarro, na verdade, foram as duas brigadas
de artilharia ucranianas que salvaram o país da derrota e pararam o
ataque o russo às portas de Kiev (agora Kyiv) Embora, não se possa
reduzir o efeito destas armas como imobilizadoras de colunas, nem como
armas de propaganda.
Mas o fato é que tropas que se deslocam por
estradas, rodovias ou caminhos claramente usados pela população em
geral, serão facilmente atingidos pelo fogo adversário. Normalmente
tropas com baixo nível de treinamento preferem a “segurança” das
estradas, onde as viaturas não atolam ou as frações não se perdem no
terreno.
A contrapartida é a facilidade com que são localizados e caem
em emboscadas.
Foto 3 – CC destruído em
estrada ucraniana. Notar uma “inocente” placa de trânsito, que na
verdade serve como referência para emboscada. (Foto Reuters)
b) Ausência de Infantaria. Um dos paradigmas
originais da guerra blindada, desde de sua concepção moderna na 2ª
Guerra Mundial, tem sido o combinado Infantaria – Carro. Binômio este
que foi expandido em anos recentes para incluir elementos de Engenharia
de Combate, de forma a não permitir a paralisia da Força Tarefa.
Isso não quer dizer que não exista infantaria russa.
Apenas que não
existe proteção de Infantaria aos CCs russos que são atingidos a curtas
distâncias por armas anticarro sem que o operador seja molestado pelos
GCs desembarcados que deveriam estar varrendo todo o entorno da coluna.
Na verdade, muitas vezes, os poucos infantes observados estão sentados
no topo de VBTPs que seguem atrás dos CCs em fila indiana.
Em outros
casos os CBTPs se encontravam sem tropas embarcadas, apenas com sua
guarnição de operação do carro.
É possível especular que isso se devesse
ao fogo da artilharia ucraniana, o que causaria eventuais baixas
pesadas.
Mas por outro a ausência da infantaria russa expôs a tropa
blindada à destruição por mísseis e rojões em proporções exageradas.
Figura 4 – CC russo T-72 destruído na Ucrânia. A presença de blindagem reativa (ERA) teve efeito mínimo na proteção dos carros.
Figura 8 – Leopard 2A4 polonês, um dos possíveis CCs a serem doados aos ucranianos. (Foto Reddit)
Um aspecto que não pode ser desprezado é o fato de que a profusão de
fontes e modelos de material bélico podem atrapalhar o esforço
ucraniano, fazendo com que líderes militares contem com material que
podem não estar disponível por questões logísticas diversas, como
possível falta de material e equipamentos de apoio (vide caso dos
Challengers), confusão nas cadeias logísticas no campo, ou simplesmente
falta de conhecimento suficiente para mantê-los em funcionamento.
AS CONCLUSÕES PARCIAIS DESTE INÍCIO DE CONFLITO devem ser lidas com muita cautela,
posto que ainda estão muito turvas pela névoa da guerra em andamento e
são possivelmente contaminadas pela maciça campanha de desinformação
realizada pelos dois lados em luta e seus aliados. Ainda assim algumas
observações podem ser listadas e posteriormente verificadas, quando do
acesso à documentação primária e outras fontes como serviços de
inteligência e grupos profissionais de análise de conflitos. Assim sendo
temos que:
a) A fase inicial do ataque russo foi executada com relativo sucesso,
mas a campanha falhou em atingir seu objetivo, a tomada em 10 dias de
Kiev e consequente rendição da Ucrânia. A falta de flexibilidade tática
foi desastrosa, expondo as tropas russas a perdas incompatíveis com a
capacidade inicial do inimigo.
b) As perdas materiais russas foram exorbitantes, mesmo para uma
campanha de grande porte e convencional como esta. A perda de cerca de
1/3 da frota de CCs da Federação Russa torna a possibilidade de novas
grandes ofensivas cada vez menor.
c) A artilharia ucraniana foi a grande responsável pelas perdas
materiais e humanas russas, em que pese o “glamour” das novas armas
anticarro e as baixas substanciais causadas por estas armas. O
deslocamento preferencial por estradas facilitou bastante este fato.
(...)
Eduardo Atem de Carvalho, PhD Universidade Estadual do Norte Fluminense
Rogerio Atem de Carvalho, DSc Instituto Federal Fluminense
O Irã anunciou que dois de seus navios de guerra atracariam no Porto
do Rio de Janeiro. Mas os navios nunca chegaram. A visita, que não
aconteceu, causou barulho.
O regime dos aiatolás aproveitou o retorno do
presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao poder para usar o Brasil como
trampolim para uma jornada, que oficialmente, é de provocação aos
Estados Unidos. O que pode ter acontecido no caminho?
O jornal Folha de S.Paulo publicou uma parte da história. O Irã, que
havia pedido autorização para seus navios de guerra atracarem no Brasil
entre os dias 23 e 30 de janeiro, teria mudado de ideia e
propositalmente postergado o desembarque para que coincidisse com a
visita do presidente Lula aos Estados Unidos.
O Brasil, segundo a mesma
notícia, não aceitou ser sócio na provocação. Uma nova data prevista é
de 26 de fevereiro a 3 de março – mais de um mês de atraso em relação ao
cronograma original. A história parece esclarecida. Mas só que não.
O que fez o Irã mudar de planos? Ou quais seriam os planos do Irã? Seria mesmo apenas provocação?
Os navios que o Irã mantém neste momento, em algum lugar do Atlântico
Sul, próximo às águas territoriais de Argentina, Uruguai e Brasil, são a
fragata e um ex-petroleiro adaptado como um porta-helicópteros e que
vem a ser a maior embarcação da marinha iraniana. Este segundo é um
autêntico posto de combustível flutuante.
Capaz de transportar em
seus tanques milhões de litros de combustível (originalmente 11
milhões), o navio tem autonomia para navegar meses (os iranianos juram
que por dois anos) sem a necessidade de recorrer a fonte externa de
abastecimento. Além de autossuficiência, seus tanques são a fonte de
combustível para outras embarcações. Assim, os dois navios estão dando a
primeira volta ao mundo e incluindo o Brasil no mapa da confusão.
O regime iraniano é especialista em dissimulações. Mas a constante
busca por desestabilização por meio do jogo que une propaganda, ameaças e
segundas intenções pode não explicar completamente o esforço dos
aiatolás e sobretudo o atraso no plano de provocar o Grande Satã.
A resposta pode estar em um par de voos realizados pela Força Aérea
dos Estados Unidos apenas uma semana antes da previsão original de
chegada dos navios ao Brasil. No dia 16 de janeiro, os americanos
enviaram para América do Sul um avião cuja capacidade é identificar na
atmosfera atividade nuclear. O avião WC-135R Constant Phoenix
64-14836, também apelidado de “farejador nuclear”, partiu de Porto Rico,
passando pela borda das águas territoriais da Venezuela, Guiana,
Suriname, Guiana Francesa e parte do Brasil, mais precisamente até as
proximidades do Estado do Espírito Santo. Por sinal, o mesmíssimo
caminho que as embarcações iranianas planejam fazer para alcançar o
canal do Panamá. (ver matéria – BR-US – Aeronave de inteligência USAF WC-135, especializado em pesquisas atmosféricas realizou voo ao longo da costa brasileira)
O mesmo avião contornou a América do Sul no sentido oposto ao
anterior.Coletou dados do Mar do Caribe, da porção norte da costa da
Venezuela e das águas da Colômbia, Equador e Peru. Nessa rota, sobrevoou
o canal do Panamá, o “ponto alto” da viagem da flotilha iraniana.
O registro da baseline da radiação na América do Sul pode ter se
transformado em um problema para os aiatolás. Não é de hoje que eles
perseguem o poder de ter uma bomba atômica. Também não é de hoje que o
regime chavista e seus xerimbabos regionais dão suporte para os planos
nucleares de Teerã.
As medições prévias dos níveis de radiação da Venezuela e da rota
sul-americana dos navios iranianos não podem ser tratadas como se fossem
um capricho imperialista americano. Assim como não se deve ignorar que o
esforço do Irã para ser capaz de colocar seus navios“em qualquer
oceano” não deve ser ignorado como parte de suas trapaças visando uma
bomba atômica.
O registro dos níveis naturais de radiação de parte da América do Sul
pode ser a razão de os iranianos terem mudado o calendário e
secretamente ajustado os seus planos. Caso os seus navios estivessem
transportando material radioativo ou armas para testes offshore
(possivelmente na Venezuela), os Estados Unidos poderiam identificar as
anomalias na atmosfera em comparação com o padrão medido na região de
forma preventiva.
Nem tudo que o regime iraniano faz é, de fato, o que parece ser. A
confusão é uma de suas armas mais eficientes. Mas, nesse caso,
potencialmente nuclear, eles estariam diante de um dilema. Se depois de
anos de movimentos nas trevas eles conseguiram desenvolver um aparato
nuclear que está pronto para os testes, com o uso da Venezuela (ou
qualquer outro lugar na América do Sul e no Caribe) como base offshore
para uma explosão nuclear, os vestígios da bomba poderão ser
“farejados”.
O falecido Hugo Chávez moveu mundos e fundos para desorganizar o
mundo. Ajudar o Irã a se tornar uma potência nuclear era um de seus
objetivos. Chávez morreu em 2013 e deixou o caminho pavimentado para
muitos de seus projetos em curso. Seu sucessor, Nicolás Maduro, apesar
de menos capaz que seu criador já falecido, tem se saído muito bem no
trabalho de dar sequência ao plano.
É, evidentemente, muito fácil tratar tudo isso como teoria da
conspiração, pelo aspecto absurdo e quase fantástico que envolve as
ações dos bolivarianos e seus patronos extrarregionais. Mas é justamente
isso que eles querem que as pessoas pensem sobre os seus planos. Foi
assim que Chávez, por exemplo, chegou aonde chegou e fez o que fez.
Visto como excêntrico e palhaço, ele marchou adiante e com ele muita
gente que está no poder. Seja na Venezuela, seja fora dela.
A política externa petista nutre amizade e um perigoso nível de
cumplicidade“Sul-Sul”com regimes e governos que, sob o pretexto da
multipolaridade, não medem muitos os esforços para tocar fogo em algumas
partes do mundo. Portanto, a tolerância do Brasil – ou o apoio, embora
aparentemente o governo Lula tenha pedido ao Irã para ter um pouquinho
de compostura –à militarização da região por parte de potências que
estão do outro lado do mundo não tem como ter um resultado positivo nem
para o Brasil, nem para o seu entorno.
A tal altivez da “diplomacia Sul-Sul” na busca cega pela alternativa
aos Estados Unidos pode fazer com que o Brasil se torne um comparsa de
ações ilegais, clandestinas e potencialmente explosivas.
#13
"É fácil tratar tudo isso como conspiração, pelo aspecto e quase
fantástico que envolve as ações dos bolivarianos e seus patronos
extrarregionais. Mas é justamente isso que eles querem. Visto como
palhaço, Chávez marchou adiante e com ele muita gente que está no
poder." pic.twitter.com/QbzKpGoHwm
O mundo entrou em verdadeiro pânico com a brutal invasão da
Rússia à Ucrânia, realizada recentemente,principalmente em virtude da “reação”
da OTAN, da União Européia e dos Estados Unidos, o que provocou uma resposta de
ameaça de uso de armas nucleares pelo ditador russo “travestido” de presidente,
Vladimir Putin.[defendemos o entendimento de que a Otan de há muito perdeu o sentido e que no mundo ocorrem várias guerras e nenhuma recebeu, ou recebe, a atenção tão especial dedicada ao conflito da Ucrânia.
O passado da humanidade não permite que sedescarte a eclosãode uma nova,daterceira guerra mundial,após as “duas”já
ocorridas na primeira metade do século passado,a primeira de 1914 a 1918,e a
segunda de 1939 a 1945. Mas a grande diferença entre os dois conflitos mundiais
do século passado,e o que poderia eventualmenteocorrer agora a qualquer
momento, reside na “potência” do armamento nuclear disponível.
Inclusive o impacto causado pelas bombas atômicas lançadas pelos americanos em
Nagazaki e Hiroshima,no Japão,no final da Segunda Guerra Mundial,em 1945,que
mataram e mutilaram milhares de japoneses,pode ser considerado
verdadeiro“brinquedo-de-criança” perto do poder de destruição dos equipamentos
nuclearesmais modernos,centenas de
vezes mais destrutivos.
Com absoluta certeza nenhum país do mundo com potencial
bélico nuclear,fora do eixo comunista,se atreveria a dar o “primeiro”
tiro.mesmo porque os naturais “entraves” da democracia exigiriam que tal
decisão,se fosse o caso, antes passasse por uma série de “cabeças” da política
e do poder militar de cada país. Os “filtros” seriam muitos antes desse
primeiro “tiro”. Com certeza isso jamais ocorreria.
Ora, o verdadeiro perigo da ameaça de conflito nuclear que
ronda o mundo parece residir bem mais no poder “ditatorial” dos chefes de
estado dos maiores países comunistas do mundo, Rússia e China, ficando muito
difícil conceber que uma só pessoa tivesse poderes para declarar o “fim do
mundo”,sabendo-se que o arsenal armazenado principalmente na Rússia, mais ou
menos equivalente ao dos Estados Unidos, daria para destruir o mundo várias
vezes. [Não consideramos a eclosão de uma guerra nuclear, pela razão apontada acima = só o arsenal nuclear dos Estados Unidos, bem superior ao russo e ao chinês é suficiente para destruir várias o nosso planeta, o que torna sem sentido o seu uso.
O uso de armamento nuclear de nível tático também não ocorrerá, pelo simples fato da tendência inevitável do aumento diário da potência e logo começará o uso dos mais potentes e ... fim do planeta. Além do mais o conflito tem tudo para se arrastar por meses e meses, com maior prejuízo material e de vidas do lado ucraniano. Só a saída do ex-comediante é que pode reduzir ou mesmo encerrar os combates.
Abominamos o comunismo, mas entre os dois ditadores e o 'democrata' Biden, temos o entendimento de ser Putin o mais confiável, o mais conservador e o mais à direita. Biden represente o esquerdismo progressista, a disseminação do aborto, a implantação da sinistra ideologia de gênero e outras aberrações.
É só conferir os males que ele tem causado aos Estados Unidos e ao mundo em 15 meses de governo e sua vice é um pouco pior.]
Mas como os dois “lados”estão devidamente preparados tecnologicamente para um revide imediato e instantâneo de
qualquer ameaça nuclear,mesmo o país agressor,o da “iniciativa”, o do “primeiro
tiro”,estaria destinado a ser destruído,como se fossem “tiros-pela-culatra”,ou
“recochetes”,atingindo quem dispara,dos seus própriosmísseis e bombas. A destruição generalizada seria meramente questão “cronológica”,diferenciada
em minutos ou horas.
Outra grande diferença que haveria entre uma nova guerra
mundial e as da primeira metade do século passado é que,no segundo caso,apesar
de todas as perdas de vida edanosmateriais , o mundo conseguiu recuperar-se em
poucos anos.
Mas conseguiria o mundo recuperar-se com o que “sobrasse” da
terceira guerra mundial? “Viver” no ambiente hostil na “nova natureza”? Como se
fosse um planeta inabitável?
Em
entrevista ao New Statesman esta semana Sergey Karaganov, assessor de
confiança dos presidentes Boris Yeltsin e Vladimir Putin, assim como do
ministro do Exterior deste último, Sergei Lavrov, repetiu o recado: para
a Russia esta é "uma guerra existencial", de modo que se não tivermos
"algum tipo de vitória"vai haver "uma escalada" que, sim, pode ser
nuclear.
Claro,
países nunca deixam de existir, mas para Vladimir Putin e sua camarilha
de ladrões essa guerra é, sim, "existencial". Por que razão não houve
ainda nem mesmo uma escalada na guerra convencional mas, ao contrário,
uma "revisão dos objetivos" da "operação especial" desastradamente posta
em curso em 24 de fevereiro pelo ex-agente da KGB, deixando de lado a
vitória a qualquer custo para adotar este "algum tipo de vitória" que "é
preciso alcançar" para salvar a face é coisa que seguramente tem a ver,
para além da força da reação militar da Ucrânia, sobretudo com o modo
pelo qual a China reagiu ao desatino de Putin.
Foi no
longo telefonema havido entre Xi Jinping e ele dias depois de iniciada a
coisa que se deu o primeiro "pé no breque" que Putin não tem podido
mais aliviar desde então...
Com toda a
tecnologia que levou à globalização do que já é globalizável - a fina
fatia da humanidade que, em todos os países, saltou da economia de
sobrevivência para a economia de consumo e fala algum inglês - o resto
do vasto mundo ainda é uma constelação de servidões isoladas que se
expressam em línguas e alfabetos mutuamente incompreensíveis, sem
nenhuma comunicação direta entre si e que, também graças a isso, só têm,
umas das outras, a imagem filtrada a que seus mestres lhes derem
acesso.
No país que
já está onde Lula e a imprensa da privilegiatura brasileira querem
chegar só "A Verdade" tem vez, de modo que tudo que aparece e permanece
na internet É a posição oficial do governo. Todo o resto ou já morreu ou
permanece em segredo bem guardado na mente de cada indivíduo tentando
evitar o tiro na nuca.
Assim, um
passeio pela internet chinesa oferece a oportunidade de saber o que a
China oficial está pensando e levando a China real a pensar sobre a
aventura de Putin. E não raro essas análises mostram mais lucidez que as
dos"especialistas" amestrados da nossa "imprensa livre".
Na plataforma weixin.qq.com está
publicado desde 16 de março, sem nunca mais ter sido apagado pela
polícia da internet do Partido Comunista Chinêsque é de matar Alexandre
de Moraes de inveja, um relato dos acontecimentos que precederam a
invasão, em que Putin é acusado de ter "manipulado" Xi Jinping ao
levá-lo a assinar um acordo com a Russia que o colocou inadvertidamente
"na armadilha de uma posição desconfortabilíssima"(an evil-like and
unkind position foi a expressão usada na tradução direta do texto do
chinês para o inglês) em relação a uma guerra que "viola as regras
básicas da civilização".
Segundo o
artigo Putin abordou Xi na abertura dos Jogos Olímpicos de Inverno
ameaçados de boicote pelos Estados Unidos com um tratado envolvendo 15
acordos de cooperação apoiando todas as bandeiras geopolíticas da China, da nacionalidade de Taiwan à iniciativa conjunta com a Organização
Mundial de Saúde para traçar a origem do coronavirus para fora daquele
país, passando pelo apoio às advertências contra "a intenção da Nato de
voltar à guerra fria". Xi não tinha porque recusar assina-lo embora o
artigo lembre que os 15 acordos não acrescentavam novidade alguma pois
todas essas iniciativas eram, desde sempre, apoiadas pela Russia. Mas o
fato de te-lo assinado "de modo nenhum significa que a China soubesse
com antecedência ou apoiasse a invasão da Ucrânia".
Um dia
antes desse artigo aparecer para o público chinês, o embaixador de
Pequim nos Estados Unidos, Qin Gang, publicou outro similar
no Washington Post, afirmando que dizer que a China sabia das intenções
de Putin "é pura desinformação" e que "a posição da China sobre a
Ucrânia é objetiva e imparcial, baseada nas regras da ONU de respeito à
integridade territorial e à soberania de todos os países, Ucrânia
inclusive, que devem ser estritamente observadas".
Em 5 de
abril passado outro artigo assinado por Yu Jianrong, intelectual muito
popular nas redes sociais chinesas, afirmava que quanto mais se
estender, mais a guerra de Putin será impopular na China. "Agressão é
agressão. É moralmente errada e ponto".
Também este
vinha na sequência de outro publicado no WeChat chinês, que analisava
as condições objetivas de Putin levar a cabo o seu projeto: "A Russia
quer brincar de União Soviética mas não tem mais a força econômica que
isso requer. A Ucrânia, agora vizinha da Nato e servida por modernas
capacidades militares, é uma versão aumentada do Afeganistão enquanto a
Russia é uma versão diminuída da União Soviética. Esta guerra abriu um
buraco nas artérias econômicas da Russia cuja economia já vinha abalada
desde 2012. As ameaças nucleares de Putin nunca chegaram a ser feitas no
tempo da União Soviética. São um sinal de fraqueza".
"No tempo
da Guerra Fria o PIB da União Soviética era de pelo menos 50% do dos
Estados Unidos. Hoje, com um PIB de 1,7 trilhão de dólares, a Russia é
menor que a economia da província de Guangdong. O orçamento da Federação
Russa de 330 bilhões de dólares para 2021 é metade do orçamento de 705
bilhões do Pentágono. Para manter a fidelidade da Bielorussia, com menos
de 10 milhões de habitantes, Putin injeta de 10 a 20 bilhões de dólares
por ano naquele país. Não tem condições de fazer o mesmo com a Ucrânia e
seus 44 milhões de habitantes".
"A Russia
não pode vencer essa guerra. Ela custa 8 bilhões de dólares por mês. Os
ucranianos destroem todos os dias tanques e aviões de centenas de
milhões de dólares com mísseis individuais que custam apenas algumas
dezenas de milhares fornecidos pelo resto do mundo e pela Nato. Não
existe mais uma União Soviética nem Ocidente contra o Leste, só existe
um jogo econômico global complexo. O tempo não é aliado da Russia. Esse é
o poder da globalização e a Russia não tem a opção de resistir-lhe".
A única
saída da sinuca em que se meteu é, portanto, a que Xi Jinping indicou a
Putin naquele telefonema depois de constatar a reação, "fechada" como
nunca, dos Estados Unido e da Europa: alguma que lhe salve a face sem
parecer uma derrota total, antes que o massacre de ucranianos se torne
definitivamente imperdoável.
Esta
salvaria o mundo de ver o ex-agente da KGB apertar o botão. Mas
dificilmente salvará ele próprio do final melancólico a que se condenou,
nem o povo russo do rebaixamento a satélite da economia chinesa, a
inversão do quadro "primo rico x primo pobre" dos dois gigantes
comunistas de ontem, que vai lhe restar depois dessa sangria desatada.
*Publicado originalmente em O Vespeiro (13/04/2022)
Quem tem o direito de mandar matar um inimigo em outro país em nome da segurança nacional? Em princípio, se as regras da ONU fossem seguidas ao pé da letra, ninguém. O artigo 51 da Carta da ONU foi traçado na época das guerras convencionais e permite apenas atos de autodefesa até que o Conselho de Segurança se reúna e intervenha em caso de conflito entre duas nações. Nada de assassinatos cirúrgicos, uma tática que se tornou padrão na guerra assimétrica contra organizações terroristas como a Al Qaeda e o Estado Islâmico.
É também um recurso usado sistematicamente, embora de maneira contida, em termos relativos, por Israel, em geral contra líderes do Hamas e do Hezbollah. O assunto voltou espetacularmente à cena com oassassinato do cientista-chefe que tocou o projeto nuclear secreto do Irã, Mohsen Fakhrizadeh. Ele foi emboscado numa estrada por dois utilitários cheios de comandos especiais que neutralizaram os seguranças e chegaram a tirar o físico nuclear de seu carro para ter certeza, via rajada de balas, de que a missão estava cumprida — a versão de que foi tudo feito por veículos e armamentos manejados remotamente é muito fantasiosa até para os padrões do Mossad.
[assassinatos seletivos, ou cirúrgicos, são praticados com frequência por Israel - intensificados sob Benjamin Netanyahu. O atual primeiro-ministro de Israel se sente inteiramente à vontade, até quando decide utilizar sua poderosa Força Aérea para assassinar civis palestinos, desarmados, na Faixa de Gaza.]
Qual a diferença entre a morte de Fakhrizadeh e os atentados praticados por agentes do regime iraniano? Tecnicamente, nenhuma.Mas entra aí o contexto — e faz uma tremenda diferença. O Irã representa uma ameaça existencial a Israel de uma forma que não tem a contrapartida oposta. Israel não ameaça varrer o Irã do mapa e nem provê dinheiro, armas e ideologia a organizações poderosas como o Hezbollah, hoje a força político-militar dominante no Líbano, cuja própria razão de ser é a destruição de Israel.
O Oriente Médio não é um ambiente que dê espaço a ingênuos, e Israel sabe muito bem que a eliminação de Fakhrizadeh, já aposentado, não muda em nada o programa nuclear iraniano, sempre a uma curta distância de transitar para a bomba atômica. A tática foi usada na última década, combinando assassinatos cirúrgicos contra cientistas nucleares e ataques cibernéticos com o vírus Stuxnet, conseguindo no máximo atrasar o projeto. Talvez o aspecto mais relevante do assassinato do físico iraniano tenha sido o timing: na transição do governo de Donald Trump para o de Joe Biden, com a certeza de que o novo presidente será muito mais condescendente com o Irã e menos flexível com Israel.
Estaria Benjamin Netanyahu tentando criar um fato consumado, uma reação armada iraniana que explodisse no colo de Biden antes mesmo de sua posse? Os iranianos não seriam bobos de cair nesse tipo de armadilha. Todos os envolvidos entendem que haverá retaliação, mas não aleatória ou irracional. Aliás, no acerto de contas do Irã, ocupa o primeiríssimo lugar o poderoso general Qassem Soleimani, explodido num bombardeio cirúrgico feito por drones americanos no aeroporto de Bagdá. A eliminação de Soleimani, que tinha o sangue de americanos nas mãos, não provocou o tipo de conflito generalizado sobre o qual se voltou a falar agora, mas com certeza será vingada. O direito de matar, legítima ou ilegitimamente, sempre vem com a etiqueta de preço.
Publicado em VEJA, edição nº 2716, de 9 de dezembro de 2020
Forças Armadas acertam quando atuam como órgão de estado
O ministro da Defesa, Fernando Azevedo, estava ontem em território
Ianomâmi. Foi numa viagem de rotina para acompanhar a operação de
atendimento médico e orientação nas aldeias. Os aviões da FAB já deram o
equivalente a 11 voltas ao mundo, em três meses, só levando e trazendo
material e equipamento médico que antes eram deslocados pela aviação
comercial. Sete mil e quinhentos militares foram contaminados com o
vírus, exatamente porque eles estão presentes em muitas frentes ao mesmo
tempo. Há uma sensação nas Forças Armadas de que seu trabalho no
combate ao Covid-19 não aparece em função dos enormes ruídos causados
pela discussão política sobre o risco de um novo golpe. — Estamos apanhando mais atualmente do que nos últimos 30 anos. Assuntos
que já estavam resolvidos voltaram com uma força enorme — disse um
oficial superior.
O relato do que as Forças Armadas estão fazendo neste momento é
interessante porque ilumina exatamente o seu papel no meio de uma
pandemia num país continental, com gigantescos desafios. Sendo, como têm
que ser, uma instituição do Estado, e não braço de um governo, tudo
fica mais fácil de ver e de valorizar. Lá dentro se diz que é nisso que
as tropas estão realmente pensando, no seu papel tradicional. Enquanto
isso, manifestantes bolsonaristas fazem passeatas pedindo intervenção
militar, e o próprio presidente fez constantes ameaças que alimentaram
velhas dúvidas e temores. Certos fatos incendiaram ainda mais o debate,
como o dia em que o ministro Azevedo sobrevoou com o presidente uma
dessas manifestações que pediam o fechamento do Supremo.
Na época das Olimpíadas havia uma grande preocupação com o risco de
atentados terroristas. Houve um investimento nas Forças Armadas em
treinamento e qualificação para ações de defesa contra ameaças química,
nuclear e radiológica. Isso ficou como um legado e foi usado agora no
combate ao Covid-19. Militares fizeram mais de duas mil descontaminações
de espaços públicos. E até por ser em áreas de muita população essas
ações tiveram mais visibilidade. Estiveram em locais de mais difícil
acesso, ilha de Marajó, por exemplo, para distribuir cestas básicas. Ao
todo, em vários pontos do país, e até aldeias indígenas, em três meses
distribuíram mais de meio milhão de cestas básicas. — Tem um programa que nasceu também na esteira dos Jogos Olímpicos, em
que crianças carentes saíam da escola e iam no contraturno para os
quartéis para a prática de esporte. Trinta mil crianças nesse programa.
De uma hora para outra, as escolas fecharam, e eles não iam mais para o
reforço escolar. Ficaram sem duas refeições. O dinheiro foi revertido em
kit alimentação para a família dos jovens — conta um oficial.
Um programa entre CNI, Senai e hospitais, para consertar respiradores no
Brasil inteiro, foi possível porque os aviões da FAB ou caminhões do
Exército ficaram no leva e traz de equipamentos. Foram 1.500
respiradores consertados. Quando os restaurantes à beira das rodovias
pararam, o país poderia ter tido um colapso logístico, porque os
caminhoneiros não teriam onde se alimentar. Os militares fizeram pontos
de parada e distribuição de quentinha para os motoristas.
Médicos militares foram deslocados para alguns hospitais com falta aguda
de pessoal. Saíram, por exemplo, do Sul, que estava pouco afetado, para
regiões de quase colapso como Macapá, São Gabriel da Cachoeira e
Tabatinga. Porque estiveram em várias frentes de combate o índice de contaminação
de militares foi de 2%, considerado alto. Morreram 20 dos 7.500
contaminados, mas já estão recuperados 80%. — O militar mesmo está com pouco tempo para discussão política. Há
pontos no país onde só nós conseguimos chegar com rapidez, uma ONG bem
intencionada consegue ajudar, mas as Forças Armadas fazem em grande
volume. Isso sem falar em todo o trabalho de sempre, de patrulhamento,
de vigilância de fronteira — me disse um oficial.
A politização das Forças Armadas foi evitada durante 30 anos. O
presidente Jair Bolsonaro, de forma deliberada, fez uma mistura entre
seu governo e o poder que elas têm. Se os militares forem viabilizadores
de um governo que estimula o conflito, e que está em crise, será, como
tenho dito aqui, um risco para o país e para a própria instituição.
Lula com Sarkozy, contra os EUA, e Bolsonaro com Trump, contra a França. E o Brasil?
Donald Trump está para Jair Bolsonaro assim como Nicolás Sarkozy esteve
para Lula e essas duas situações comprovam a máxima da política externa:
amigos, amigos, negócios à parte. Na hora de prometer mundos e fundos, é
fácil. Na hora de cumprir o prometido, a história é bem outra. O que
vale para Trump é“America first”, assim como o que valia para Sarkozy
era“La France avant tout”. [cabe uma atualização: nem o presidiário petista, nem o presidente francês daquela época eram confiáveis;
- Lula, o presidiário, queria negociar com a França devido a propina paga pelos franceses ser maior;
- Sarkozy, acertadamente, colocava os interesses da França em primeiro lugar, apesar de vender produto de qualidade inferior e do que seu país fez com os argentinos durante a Guerra das Malvinas - mísseis exocet.
Trump, temos que admitir que não está errado quando colocou, coloca e sempre colocará os interesses americanos - leia-se USA - adiante de qualquer outro.
Além do mais a verdade, mesmo sendo dolorosa, deve ser apontada: não há grande interesse para os States em posicionar o Brasil em um verdadeiro primeiro lugar nos interesses americanos na América do Sul:
É o primeiro, mas, a prioridade desta colocação, pode mudar conforme os interesses americanos - que no caso OCDE tanto pode ser privilegiar os países indicados, quanto alertar o Brasil que sua importância é diretamente proporcional a utilidade para os gringos do Norte.
Aquela de se estender tapete vermelho para os 'irmãos' do Norte que queiram viajar para o Brasil e os brasileiros ficarem na vala comum a todos que pretendem viajar para os EUA da América, ainda não foi digerida.
Militarmente, ter um Brasil pró-americano é sempre bom, mas, não essencial. A capacidade militar do Brasil atualmente é, esperamos que mude, mais defensiva, em termos de capacidade de ataque é mínima.] - um
Lula se encantou com Sarkozy, caiu na lábia dele e por pouco não atrelou
todo o arsenal brasileiro a uma única fonte: a França. Depois de fechar
com os franceses o ambicioso Prosub, programa de submarinos da Marinha,
inclusive o submarino de propulsão nuclear, Lula atuou o tempo todo
para renovar a frota da FAB com jatos supersônicos do país. [a propina para pela França era maior que a dos suecos.]
Havia três concorrentes, o Rafale da francesa Dassault, o F-18 da
norte-americana Boeing e o Gripen NG da sueca Saab. Depois de se
encontrar três vezes com Sarkozy num único ano, coisa rara em relações
bilaterais, Lula chegou a criar uma saia-justa ao anunciar a vitória do
Rafale antes do fim do relatório técnico da FAB. O então ministro da
Defesa, Nelson Jobim, fez um malabarismo para desmentir o presidente. Concluído o relatório, com milhares de páginas, o Rafale ficou no
terceiro e último lugar,atrás do F-18 e do Gripen, que acabou sendo
finalmente escolhido – mas só no governo seguinte, de Dilma Rousseff,
quando o namoro de Lula com Sarkozy já tinha terminado melancolicamente.
A obsessão de Lula teve dupla motivação: a empatia pessoal com Sarkozy e
a crença de que uma tal “aliança estratégica” do Brasil com a França
seria decisiva para combater o “mundo unipolar” – algo como “colocar os
EUA no seu devido lugar”.A fantasia ruiu quando o Brasil e a Turquia
operaram juntos o acordo do Irã, contra o armamento nuclear do país. Um
dos pilares da estratégia era o voto da França no Conselho de Segurança,
mas, na última hora, Sarkozy tirou o corpo fora, votou com Washington e
deixou Brasil e Turquia a ver navios. [trair para os franceses é algo que está no DNA.]
Há que se aprender com a história, principalmente quando se trata de
dois lados da mesma moeda: a ideologia empurrava Lula para a França
contra os EUA;
a ideologia trocada de Bolsonaro joga o Brasil no colo
dos EUA, contra a França. E onde fica o interesse do Brasil nesses dois
casos? [convenhamos que é melhor o Brasil contra a França do que contra os EUA.]
Diplomatas de diferentes gerações estão perplexos com o excesso de
reverência, até de encantamento, de Bolsonaro com Donald Trump, que já
foi até comparado a Deus num agora famoso artigo do chanceler Ernesto
Araújo. Trump passa, mais cedo ou mais tarde, mas os EUA ficam, o mundo
fica e nunca se inventou nada melhor em política externa do que o velho e
bom pragmatismo. Adotado, aliás, pelos excelentes diplomatas dos
governos Geisel e Figueiredo, no fim da ditadura.
Ao receber Bolsonaro no Salão Oval da Casa Branca, em março, Trump disse
vagamente que apoia a entrada do Brasil para a OCDE, mas não disse como
nem quando. Saltitante, feliz da vida, o presidente brasileiro se
precipitou e já saiu pagando a dívida antes de contraí-la. Aceitou,
inclusive, abdicar da classificação de país em desenvolvimento da
Organização Mundial do Comércio (OMC), mesmo perdendo condições
camaradas de tarifas. Foi temerário, como se vê agora. Trump apoiou a Argentina (além da Romênia) para a OCDE, mantendo o apoio
ao Brasil, mas só depois. Alegou que a Argentina pediu primeiro,sem
considerar a grave situação social e econômica e a volta do peronismo.
Após Lula cair como um patinho na tal“aliança estratégica com a
França”,Bolsonaro não pode cair no conto da “aliança estratégica com
Trump”. Está na hora de parar, pensar e assumir o “Brasil first”.
Se de fato a Coreia do Norte detonou uma bomba
de hidrogênio ou termonuclear, isso significa que o país comunista
deixou a "segunda divisão"entre as potências nucleares para entrar na
mais seleta —e mais letal— "primeira divisão". A elite nuclear tem tanto a bomba-A(bomba atômica)como a bomba-H(bomba de hidrogênio); os "clubes" de menos destaque têm só a bomba-A.
Os dois tipos de bomba são chamadas de nuclearesporque são baseadas em
propriedades físicas do núcleo dos átomos, a fissão e a fusão. Na fissão, átomos de elementos pesados (isto é, compostos de muitos
átomos), como o urânio ou o plutônio, se partem, e com isso produzem
muita energia. Já na fusão, acontece o contrário: átomos de um elemento
leve, o hidrogênio, se fundem para criar um outro elemento, o hélio,
produzindo ainda mais energia.
Em termos militares, a bomba-A (de fissão) tem um limite na sua
capacidade explosiva;já o céu é o limite para o poder destrutivo da
bomba-H. A fusão nuclear, afinal, é a energia que alimenta as estrelas,
como o Sol.
Para se ter uma ideia da diferença, no caso das maiores bombas
nucleares, a "espoleta" para sua detonação é uma bomba atômica. A
explosão atômica cria a altíssima temperatura necessária para que os
átomos de hidrogênio se fundam, por isso a bomba é conhecida também como
"termonuclear".
Produzir uma bomba tão sofisticada poderia ser algo que a Coreia do
Norte não seria capaz, já que se trata de um país subdesenvolvido, que
mal consegue alimentar sua população. Mas a ênfase no armamentismo —além
das bombas, os seus "vetores", isto é, mísseis balísticos— é uma
constante naquele que é provavelmente o país mais autoritário e
totalitário do planeta. Logo, a dúvida persiste.
Alcance e outras bombas Os norte-coreanos já fizeram vários testes de mísseis balísticos.
Obviamente são capazes de chegar até a Coreia do Sul ou ao Japão, países
muito próximos. Estima-se hoje que poderiam atingir a base americana na
ilha de Guam. No futuro próximo, talvez consigam atingir o estado
americano do Havaí. Mas ainda estariam bem longe de conseguirem chegar à
América do Norte.
Apesar das dificuldades, a "primeira divisão" conseguiu criar seu
arsenal nuclear em torno de meio século atrás, prova de que não é uma
tecnologia tão impossível de obter no século 21. São os cinco países que eram os "grandes aliados" da Segunda Guerra
Mundial (1939-1945) e que se tornaram os cinco membros permanentes do
Conselho de Segurança das Nações Unidas.
Os EUA explodiram suas primeiras bombas A e H, em 1945 e 1952. A URSS,
com bom auxílio de espionagem industrial-científica, veio a seguir,
explodindo sua primeira bomba-A em 1949 e a primeira bomba-H em 1953. A
Grã-Bretanha fez o mesmo, respectivamente em 1952 e 1957; a China em
1964 e 1967. A primeira bomba-A francesa explodiu em 1960 e a bomba-H em
1968.
A segunda divisão são os países que se acredita terem bombas atômicas, apesar de alguns não revelarem sua posse. A Índia explodiu uma bomba-A em 1974 e pode ter a tecnologia para uma
bomba-H.Acredita-se que Israel tenha várias bombas estocadas, assim
como o Paquistão.A África do Sul do apartheid chegou a cogitar em ter a
bomba. Brasil e Argentina renunciaram conjuntamente a produzir armamento nuclear. [a renúncia do Brasil foi um dos erros imperdoáveis do ex-presidente Collor.]
E há países do Primeiro Mundo, por exemplo Alemanha, Canadá, Itália e
Japão, com tecnologia capaz de produzir bombas, mas que se recusam
politicamente a fazê-lo.
Impacto O que torna diferentes as armas nucleares das convencionais é a enorme
concentração de energia em um tamanho pequeno, que pode ser liberada de
repente com resultados devastadores.Armas nucleares também deixam um subproduto letal por muitos anos:
material radioativo causador de doenças. Radioatividade é a propriedade
de certos elementos de emitirem partículas ou radiação eletromagnética
como fruto da instabilidade dos seus núcleos. A primeira bomba atômica foi detonada em 16 de julho de 1945, em um
teste em Alamogordo, no deserto do estado de Novo México, EUA. Ela foi
resultado de um ambicioso e secreto programa americano, o Projeto
Manhattan.
A primeira bomba, assim como duas outras usadascontra o Japão nas cidades de Hiroshima
e Nagasaqui, tinham todas o poder explosivo de cerca de entre 15 mil a
20 mil toneladas de TNT (o explosivo convencional trinitrotolueno),ou
entre 15 e 20 kilotons (ainda se debate sobre a real capacidade dessas
primeiras bombas, pois a tecnologia estava nascendo).
Para medir a capacidade explosiva de uma arma nuclear se usam os termos
"kiloton" e "megaton" _ um kiloton equivale à explosão de mil toneladas
de TNT; um megaton corresponde a um milhão de toneladas. As armas usadas contra o Japão são pequenas perto do que se fez depois.
Cientistas calcularam que, durante os seis anos da Segunda Guerra, em
todos os continentes, foram empregados o equivalente a 3.000 kilotons
(ou 3 megatons) de explosivo convencional.
Os EUA testaram em1954 no mar em torno da ilha Bikini, no oceano
Pacífico, uma bomba de hidrogênio de 15 megatons _ isto é, 15 milhões de
toneladas de TNT, uma bomba entre 750 a 1.000 vezes mais potente que as
lançadas contra o Japão. Mais de 2.000 armas nucleares foram testadas desde 1945 até hoje. Os EUA e URSS construíram durante a Guerra Fria um arsenal equivalente a
7.500 megatons _ isto é, suficiente para repetir a Segunda Guerra por
2.500 vezes.
Não é o tipo de poder que o mundo gostaria de ver nas mãos dos ditadores da Coreia do Norte.