Blog Prontidão Total NO TWITTER

Blog Prontidão Total NO  TWITTER
SIGA-NOS NO TWITTER

domingo, 10 de setembro de 2023

Reforma ministerial feita por Lula é cara e malfeita - O Estado de S. Paulo

J. R. Guzzo

O que acaba de ser realizado, na verdade, é uma operação de compra e venda para o presidente arranjar mais votos no Congresso

Mal se completaram oito meses de governo e o presidente da República manda para o público pagante a fatura da sua primeira “reforma ministerial”. Já?  
Para quem quer ficar oito anos no Palácio do Planalto, pelo menos, o mercadinho de secos e molhados movido com dinheiro do erário parece estar abrindo cedo demais – nesse ritmo, quanta gente ainda vai ter de subir no bonde? Não há reforma nenhuma, é claro. 
Reforma ministerial é mudança nas opções, prioridades e projetos do governo – e para isso é preciso que haja opções, prioridades e projetos. 
O que acaba de ser feito é uma operação de compra e venda para Lula arranjar mais votos no Congresso – ou a gravíssima “governabilidade”, que serve como absolvição antecipada para tudo e para todos. 
Lembram-se do “projeto de país” que Lula e o PT prometiam para o Brasil? O “projeto de país” é isso: abrir o Tesouro Nacional para as gangues partidárias que operam na política brasileira sob a denominação genérica de “Centrão”.
A operação, mais uma vez, foi cara e malfeita. O ministro dos Portos, que em oito meses no cargo não foi capaz de projetar um único metro de cais, ou de qualquer outra coisa útil, foi demitido e rebaixado para um ministério que até agora não existia – e do qual ninguém jamais sentiu a menor falta.  
Mais um, além dos 37 que Lula já conseguiu socar em cima do pagador de impostos? Sim: esse é o 38º. 
O nome que inventaram, acredite se quiser, é “Ministério do Empreendedorismo, do Cooperativismo e da Economia Criativa”.  
O ex-ministro dos Portos, cuja cadeira foi entregue a um fidalgo do “Centrão”, achou que ficava ruim ser ministro da “Pequena e Média Empresa”, como se anunciou no começo; perdeu o cargo que realmente o interessava, esse de chefe dos portos, mas levou um título mais bonito. 
O mais cômico nessa história foi dizerem que ele tinha “aceito” o novo ministério. É mesmo? E quem recusa? Se não aceitasse já estaria no olho da rua – só isso.

A ministra dos Esportes, cujo desempenho na função também ficou entre o zero e o menos um, não teve essa escolha: foi mandada embora, simplesmente, sem que o seu nome sequer fosse citado no palavrório oficial. Quem se lembrou dela, no consórcio da esquerda, diz que fez um “grande trabalho”. Qual? E se fez, por que foi demitida? 

Parece que tentaram compensar a dispensa de uma “mulher” fazendo Lula aparecer cercado de mulheres no palanque do desfile do 7 de Setembro; tudo bem, mas isso não lhe devolveu o emprego
Para o seu lugar foi o deputado “Fufuca”, outra estrela do “centro democrático”. 
Eis aí, então, o “novo Brasil” de Lula. Mais um ministério – e “Fufuca” no governo.
J. R. Guzzo, colunista - O Estado de S. Paulo
 

Padrinhos da bandidagem - Percival Puggina

 

         É natural que criminosos sejam representados por advogados para seu direito de defesa ser plenamente exercido. 
A lei e a razão o determinam. Por isso, o Estado fornece advocacia gratuita a quem não pode pagar e por isso, também, profissionais e escritórios, querendo, atendem necessitados de modo gratuito (pro bono) em contribuição à Justiça como valor social. 
 
O que eu não consigo entender é a conduta dos padrinhos da bandidagem em tese e pro bono, através de literatura jurídica e dos meios de comunicação social. Aí é brabo! 
Não abraçam um bandido específico, mas protegem o coletivo, seja justificando a conduta criminosa, seja atacando os aparelhos policial e judiciário, vale dizer, aqueles que reprimem, investigam, acusam e julgam. Ensopam lenços retóricos ante um bandido morto e têm os distantes do policial cuja vida se esvaiu no cumprimento do dever.    
 
Nunca vi o sujeito indefinido de quem falam com tanto afeto. 
 A cada crime cometido por celerados que jamais poderiam andar soltos, eles mencionam esse raríssimo personagem padrão. 
Discorrem sobre ele com a intimidade de quem certamente sabe o nome da sofrida mulher e dos infelizes, mas diletos filhos. Descrevem sua situação social, os empregos que perdeu por motivos fúteis, os maus tratos que a vida lhe impôs por culpa de todos que estejam uma polegada acima de seus padrões de existência. 
Apesar do abismo que separa esse sujeito dos bandidos que enchem as páginas policiais, os tais rábulas pro bono o oferecem ao imaginário nacional como sendo o criminoso de referência. Lula pensa assim. 
 
 “Filho doente, sem emprego e sem dinheiro para os remédios, como buscar aquilo de que necessita?”, indagam como quem fala à dureza de corações empedernidos. 
Pois é, pode até ser que alguém tenha tido notícias, mas eu jamais soube de assalto cujo produto seja contado em vidros de antibiótico ou gramas de mortadela
O crime que enche os noticiários, que nos atormenta, é bem outro. 
Seus autores não vão em busca de uma necessidade premente.  
Querem dinheiro, sexo, automóveis, a conta bancária dos sequestrados, meios para comprar drogas. E, à menor contrariedade, atiram para matar. 
 
Os dois sujeitos armados que me assaltaram tempos atrás não tinham jeito de quem iria correndo ao supermercado adquirir gêneros para seus ninhos de amor familiar.  
Pergunto: as feras que volta e meia declaram guerra à polícia, disparam contra as delegacias, queimam ônibus, atiram em mulheres grávidas, cometem chacinas seriam imagem viva desses chefes de família torturados ao limite de sua resistência moral pelas carências dos entes queridos? Qual dos bandidos cujas ações enchem as páginas policiais tem o perfil que os tais doutores, sem o refinamento de Mark Twain, descrevem como se fossem inspirados na vida de Huckleberry Finn?

Sei que o mais empedernido promotor e o mais insensível magistrado não encarcerariam um miserável cuja situação e delito correspondam a essa quase romanesca descrição. 

Os bandidos que a sociedade quer ver jogando o jogo da velha nos quadrinhos do xadrez são receptadores, quadrilheiros, sequestradores, traficantes, pedófilos, estupradores, estelionatários, assassinos, corruptores e seus fregueses instalados nos escritórios do poder.

Processar com rapidez, prender e manter presos os poucos que caem nas malhas da polícia e da justiça – digo eu antes que os tais rábulas retornem com seu mantra: não resolve o problema da criminalidade. Leram-me bem, senhores? Não resolve!  
Mas resolve o problema da criminalidade praticada por esses específicos bandidos
Já será um bom começo pagarem atrás dos muros o mal que fizeram. Enquanto isso, cuide-se, também, das outras muitas causas. Entre elas, aliás, a ideologização que, dando origem a essa ladainha sentimental, se constitui em bom estímulo à tolerância perante o crime e ao avanço da violência.

Ah, se os verdadeiros criminosos fossem vistos como no Brasil os olhos da justiça viram quem cantou hinos e rezou diante de quartel!

Percival Puggina (78) é arquiteto, empresário, escritor, titular do site Liberais e Conservadores (www.puggina.org, colunista de dezenas de jornais e sites no país.. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+. Membro da Academia Rio-Grandense de Letras.

 

Bomba fiscal no horizonte - Carlo Cauti

Revista Oeste

O estrondo será sentido com o aumento de impostos, o contingenciamento de gastos, uma possível desvalorização do real, o aumento da dívida pública e uma eventual alta nos juros

Ilustração: Montagem Revista Oeste/Fortis Design/Shutterstock
 
 “O futuro a Deus pertence.” Foi com essas palavras que a ministra do Planejamento, Simone Tebet, apresentou o Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA) de 2024, enviado em 31 de agosto, último dia útil previsto por lei, ao Congresso Nacional. 
O futuro das contas públicas brasileiras pode até pertencer ao Todo-poderoso, mas a bomba fiscal que o governo está armando para o próximo ano cairá diretamente no bolso do contribuinte brasileiro
E ela vai explodir via aumento de impostos, contingenciamento de gastos, efeitos macroeconômicos negativos, uma possível desvalorização do real, aumento da dívida pública e eventual alta nos juros.

Para desenhar o orçamento do ano que vem, o Executivo começou pelos gastos, prevendo que vai precisar de R$ 2,188 trilhões para cumprir as promessas eleitorais. Um número gigantesco por si só, equivalente a cerca de 20% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro

Mas o que preocupa ainda mais é o aumento de gastos embutidos nesse montante: R$ 129 bilhões.

(...)


O ministro Haddad admitiu que será muito difícil obter essa aprovação. “Não estamos negando a dificuldade”, disse Haddad. “Estamos reafirmando o compromisso da área econômica em obter o melhor resultado possível, levando em consideração a opinião do Congresso Nacional”.


O governo pode até contar com a boa vontade do Legislativo. Ou pagar outros bilhões de reais via emendas parlamentares para garantir o voto de deputados e senadores — desde o começo do ano, já gastou cerca de R$ 20 bilhões nessa modalidade. Mesmo assim, existe a possibilidade de que os congressistas se recusem a aumentar de forma tão brutal os impostos. No país com a maior carga tributária entre os emergentes, e com serviços públicos de Terceiro Mundo, as bases eleitorais dificilmente compreenderiam. O custo político seria desproporcional.
Gastar é preciso, poupar não é preciso

O que está totalmente ausente na proposta orçamentária para 2024 é qualquer corte de gastos. Um orçamento que parece se adaptar perfeitamente à máxima da ex-presidente Dilma Rousseff quando questionada sobre sustentabilidade das contas públicas: “gasto público é vida”.

“Será muito difícil que o Congresso aprove o aumento da carga tributária para financiar gastos”
, observa Velloso. “Quaisquer que eles sejam, investimentos ou aumentos salariais. O pessoal do governo tem uma visão muito simplória, quase primitiva. Eles se deram um objetivo e, para alcançá-lo, querem aumentar a receita. Em cortar gastos ninguém fala. Mas vão acabar tendo que cortar custos, sim. O orçamento não comporta mais gastos. A arrecadação está diminuindo”.

Segundo o economista, o governo vai escolher o caminho mais fácil: cortar investimentos. Que já estão próximos do zero.

(...)

Mesmo assim, os especialistas em contas públicas e analistas do mercado financeiro estão muito céticos sobre esses recursos. Em relatório, a equipe de economistas da XP Investimentos salientou que prevê uma “alta incerteza” na possibilidade de obter uma arrecadação dessa proporção.

“A proposta final aprovada pelo Congresso prevê uma série de descontos de multas e juros, além da possibilidade de pagamento parcelado em 12 vezes, por meio de compensação de prejuízo fiscal de CSLL sem limite ou precatórios”, escreveram os economistas da corretora em relatório.

O BTG Pactual foi mais preciso. O economista Fábio Serrano calculou que a mudança no Carf pode arrecadar cerca de R$ 11 bilhões por ano. Cerca de 20% de quanto foi previsto pelo governo.

O voto de qualidade no Carf não é a única medida que vai acabar frustrando as expectativas arrecadatórias do governo. As outras mudanças terão muito provavelmente uma arrecadação muito menor do que o esperado pelo governo.

“A tributação de fundos exclusivos, por sua vez, deve ter a alíquota aplicada ao estoque reduzida de 10% para 6%, enquanto a extinção do JCP deve sofrer forte resistência política”, salientou a XP em relatório. Na conta final, o governo vai conseguir arrecadar apenas R$ 85 bilhões. Cerca de metade dos R$ 168 bilhões necessários para fechar as contas zeradas.Ilustração: Shutterstock

Fabricando números
Mas a parte menos crível de toda a peça orçamentária do ano que vem são os R$ 43,3 bilhões que foram identificados como “transações tributárias”.

“Ninguém sabe de onde vai vir esse dinheiro”, diz Gabriel Leal de Barros, economista da Ryo Asset. “O governo não detalhou. Simplesmente colocou no PLOA. Basicamente, tiraram da cartola e chamaram de ‘novo relacionamento da Receita Federal com os contribuintes’. 
Entendo isso como se fossem dois Refis.  
Um com a Receita e outro com a Procuradoria-Geral da Fazenda. 
O problema é que já temos um Refis rolando: o ‘Litígio Zero’, que o governo acabou prorrogando porque arrecadou muito menos do que previa. Entraram só R$ 3 bilhões dos R$ 20 bilhões orçados. Um prelúdio de 2024.”

Por último, existe um problema legal na ação do governo. Muitas das receitas adicionais provêm de medidas provisórias (MPs) assinadas pelo presidente Lula. Isso é inconstitucional, pois o art. 150 da Constituição Federal impõe o respeito do princípio da legalidade na criação de novos tributos, que só podem ser introduzidos via proposta de lei (PL). Existem algumas exceções, como o Imposto Extraordinário Guerra, o Imposto Importação, o Imposto Exportação, o IOF e o IPI. Nenhuma delas cabe no caso do PLOA ou dos impostos sobre offshores ou fundos exclusivos.

A Câmara já reagiu a esses abusos.
Deixando caducar, por exemplo, a MP que criou um novo imposto sobre a exportação de petróleo. Tanto que o próprio Haddad declarou que “o Congresso tem poder excessivo”, provocando a ira do presidente da Câmara, Arthur Lira. “A situação do orçamento do ano que vem é resumível em uma frase: ‘Se correr o bicho pega, se parar o bicho come'”

Se o Legislativo não colabora, o governo aposta na ajuda no Supremo Tribunal Federal (STF). 
Haddad também declarou abertamente que os outros Poderes precisam participar do orçamento. Decisões do STF começaram a beneficiar os cofres públicos, como a suspensão da redução de alíquota de PIS/Cofins sobre receitas financeiras das empresas que usam a tributação do lucro real ou a exclusão de benefícios fiscais do ICMS da base de cálculo do Imposto de Renda de Pessoa Jurídica (IRPJ) e da Contribuição Social sobre Lucro Líquido (CSLL). Decisões tomadas mesmo violando princípios gerais do Direito, como o da coisa julgada. A tão decantada “harmonia entre os Poderes”.

(...)

Por último, o governo inseriu no PLOA uma previsão do PIB para o ano que vem demasiadamente elevada”, observa Velloso. “Isso também para aumentar artificialmente as receitas previstas. Mais uma narrativa que vai dar errado. Esse PIB para 2024 é chute.”  
O cenário internacional está muito mais adverso do que no passado. Especialmente os Estados Unidos, que vão entrar em recessão em breve. Isso vai gerar efeitos graves no Brasil, pois o mundo vai fugir do risco e dos emergentes. Além disso, a China está enfrentando uma crise estrutural, com o estouro da bolha imobiliária. E a União Europeia enfrenta a estagflação.

“O orçamento de 2024, assim como o arcabouço fiscal recém-aprovado no Congresso, já não para de pé em uma situação de forte crescimento”, diz Velloso. “E muito menos em uma de turbulência. O Brasil vai enfrentar dificuldades nos próximos meses. Apertem os cintos”.

CLIQUE AQUI, MATÉRIA COMPLETA


Leia também “A volta da Odebrecht”

 Revista Oeste

 

 

 


A China tomou posse do MST - Gazeta do Povo

Vozes - Leonardo Coutinho


Brasil, América Latina, mundo (não necessariamente nesta ordem)

Detalhe de cartaz de propaganda chinês da época maoista sobre a mecanização agrícola.| Foto: Reprodução/Domínio público

O Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra (MST) divulgou que está fazendo um negócio da China. Literalmente. O Partido Comunista Chinês vai investir na organização que tem como uma das suas principais atividades a invasão de terras.

No fim de julho, uma delegação de 14 pesquisadores da Universidade Rural da China visitou assentamentos do MST e prometeu intercâmbio e suporte técnico para ajudar os assentados a modernizar seu sistema produtivo. A parceria, no entanto, é um belo negócio que os chineses avistaram depois que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva esteve na China carregando no colo o chefão do MST, João Pedro Stédile.

De volta ao Brasil, o MST se abrigou sob o dossel de institucionalidade do Consórcio Nordeste – que, não por acaso, também foi à China acomodado na algibeira presidencial. As duas organizações anunciaram que serão uma espécie de laboratório do empreendedorismo agrícola chinês.

    O Partido Comunista Chinês já tem os grandes produtores brasileiros de joelhos. Os fazendeiros praticamente se tornaram fornecedores de cliente único, tornando o agronegócio nacional perigosamente dependente dos interesses do partido

O governo do Rio Grande do Norte estendeu o tapete vermelho para os chineses demonstrarem a grandiosidade de sua tecnologia agrícola e recepcionará um campo de testes de pelo menos 31 modelos de equipamentos que serão usados em lavouras do MST. Antes de tomar esta iniciativa, entretanto, o Consórcio Nordeste bateu em muitas portas, dentro e fora do Brasil, em busca de financiamento “carimbado” para as máquinas chinesas. Como não deu certo, resolveram, então, transformar a região em um grande showroom para ajudar a convencer não só entes governamentais e agências de fomento, mas também os produtores da magnificência do maquinário que o Partido Comunista Chinês quer desovar no Brasil.

A aliança do Consórcio Nordeste com os interesses da China não é recente. Desde a sua criação, em 2019, a associação de governos esquerdistas nordestinos se apresentou como trincheira chinesa no Brasil. Uma espécie de movimento de secessão, que tinha como pretexto se contrapor ao “fascismo” do governo federal que buscava se afastar da China ao mesmo tempo que se alinhava aos Estados Unidos, na época comandados por Donald Trump.

Durante a pandemia de Covid-19, o consórcio passou a tratar diretamente com o embaixador chinês e com o governo da China, que ignorou qualquer tipo de protocolo e respeito na relação bilateral com o Brasil e passou a lidar com o grupo de governadores como se eles formassem um Estado dentro do Estado.

Quais serão as reais implicações da marcha da China sobre a agricultura familiar brasileira, valendo-se dos governadores esquerdistas do Nordeste e do MST? 
Não é possível prever com exatidão, mas os sinais apresentados pelos próprios envolvidos na operação indicam que:

1. O Partido Comunista Chinês já tem os grandes produtores brasileiros de joelhos. Os fazendeiros praticamente se tornaram fornecedores de cliente único, tornando o agronegócio nacional perigosamente dependente (e subserviente) dos interesses do Partido Comunista Chinês;

2. Os chineses viram um grande negócio no Brasil. Não soa nada absurdo ver, em breve, milhões e milhões de reais provenientes dos cofres públicos jorrarem para o financiamento dos tratorzinhos chineses. O diminutivo não é depreciativo, mas uma referência ao sistema de minimáquinas que a China desenvolveu para atender minipropriedades;

3. A conquista da produção da agricultura familiar,
que ficará atrelada – potencialmente em um modelo de sociedade 50%-50% com os chineses. O que antes era 100% brasileiro perderá, de imediato, metade da influência nacional e possivelmente muito mais do que isso no que se refere à destinação para o mercado interno;

    China, Rússia, Irã, Cuba, Venezuela e as demais autocracias que existem pelo mundo trabalham noite e dia para desacreditar as democracias. O mais bizarro é que eles têm conseguido fazer isso muito bem com o apoio de muita gente da direita

4. Quase ninguém se lembra, mas, durante a pandemia de coronavírus, a China chantageou meio mundo – e não foi diferente com o Brasil – sequestrando insumos para vacinas e emperrando as cadeias logísticas para se blindar de qualquer crítica ao regime e sua lista sem fim de violações.  
O Congresso brasileiro, políticos de todos os matizes ideológicos e a imprensa, sem falar do Consórcio Nordeste, uniram-se em coro para reverenciar a ditadura. 
Pois sem ela todos nós morreríamos, não é mesmo? 
Como o Partido Comunista entendeu o processo de domesticação ao qual fomos submetidos, eles avançaram na conquista;

5. O esquerdismo latino-americano do qual o MST faz parte é terreno fértil para o Partido Comunista Chinês semear suas políticas estratégicas que nada têm a ver com os interesses locais, mas apenas servem de plataforma para os objetivos globais do regime chinês.

Uma pesquisa de opinião realizada pelo Instituto Latinobarómetro, com sede no Chile, revelou que o desprezo dos latino-americanos pela democracia tem crescido de forma perturbadora. 
 Do total de 20 mil pessoas ouvidas em 17 países da região, 17% disseram preferir um regime autoritário a um sistema democrático. Para outros 16% tanto faz viver em uma democracia ou uma ditadura. 
A coisa fica ainda mais horripilante quando perguntados se defendem a democracia: o porcentual dos que disseram “sim” caiu de 63%, em 2010, para 48%, em 2023. [a condição mais adversa à  preservação da democracia é que na adoção de algumas medidas destinadas a preservar a democracia,  na prática, agridem a democracia.]

China, Rússia, Irã, Cuba, Venezuela e as demais autocracias que existem pelo mundo trabalham noite e dia para desacreditar as democracias. O mais bizarro é que eles têm conseguido fazer isso muito bem com o apoio de muita gente da direita que acredita que questões ligadas à corrosão de valores familiares ou tudo que cabe no tal wokeismo são culpa da democracia.

Esse sentimento repleto de confusão é usado pelas ditaduras para se normalizarem, colocando em xeque os valores democráticos. Ninguém tem investido mais nisso que o Partido Comunista Chinês. Xi Jinping tem gastado muito de seu capital político e financeiro para vender a ideia de que o Ocidente não pode ter o “monopólio da democracia”, ou mais precisamente dizer o que é democracia. Xi, na maior desfaçatez possível, passou a vender a ideia de que há uma democracia com características chinesas. Truque que angariou adeptos dentro dos principais partidos políticos do Brasil, inclusive.

A China compra quase tudo e todos. Não resta dúvidas de que a sua mais recente aquisição é o Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra. Mas, no caso, parece que não foi bem uma compra e sim, como dizem os seguidores de Stédile, uma ocupação
Ou seja, a China tomou posse de algo do qual ela se sente literalmente dona.

Conteúdo editado por:  Marcio Antonio Campos

Leonardo Coutinho, colunista - Gazeta do Povo - VOZES

 


 



O brado retumbante de Toffoli contra a Lava-Jato - Elio Gaspari

Folhas de S. Paulo - O Globo

A operação, que tudo podia, virou saco de pancadas  

 Ministro do STF, que viu a Lava-Jato passar sem maiores manifestações, proferiu um voto tardio e pouco original para anular as provas do acordo de leniência da Odebrecht

Com o seu brado retumbante, classificando a prisão de Lula como “um dos maiores erros judiciários da história do país”, o ministro Dias Toffoli alistou-se na categoria criada pelo jornalista americano Murray Kempton para os editorialistas: “O serviço deles é descer da colina depois da batalha para matar os feridos”.

Com um voto de 134 páginas, Toffoli anulou as provas do acordo de leniência da empreiteira Odebrecht e produziu uma catilinária contra a Operação Lava-Jato. Transbordando os limites do que se julgava, chamou-a de “armação”, “ovo da serpente” e “pau de arara”. Se o documento viesse assinado pelo atual ministro Cristiano Zanin, que à época defendia Lula e recorria das decisões enviesadas do então juiz Sergio Moro, seria o jogo jogado.

O brado de Toffoli é tardio e pouco original. Depois de ter sido reprovado em dois concursos para a magistratura, ele se tornou advogado do Partido dos Trabalhadores e foi nomeado no Supremo Tribunal em 2009, por Lula. Viu a Lava-Jato passar sem maiores manifestações. 
Os pontos de sua fala que mais chamaram atenção — “erro judiciário”, “tortura” e “ovo da serpente” — estão em falas antigas do ministro Gilmar Mendes, que combateu as práticas da República de Curitiba desde o primeiro momento. O voto de Gilmar pela suspeição do juiz Sergio Moro é de 2021. 
 
Em 2019, quando Jair Bolsonaro estava no Planalto e Lula na cadeia, os tempos eram outros. Em janeiro, morreu Genival Inácio da Silva, o Vavá, irmão mais velho do então ex-presidente. Lula pediu permissão para ir ao velório. Durante a ditadura, o delegado Romeu Tuma, autorizado pela Auditoria Militar, havia levado o petista, preso, ao funeral de sua mãe. 
 
Os tempos eram outros. A Polícia Federal explicou que não poderia levá-lo de Curitiba para São Bernardo
Deltan Dallagnol dizia que sua presença provocaria “um tumulto imenso” e o Ministério Público se opôs. A juíza Carolina Lebbos negou o pedido. Lula recorreu, e o desembargador de plantão, Leandro Paulsen, voltou a negar-lhe a permissão. (A favor na ocasião, sem que o caso fosse de sua alçada, só o vice-presidente Hamilton Mourão.)

Num novo recurso, o caso chegou às mãos do ministro Dias Toffoli, no STF.

A essa altura, Vavá já havia sido sepultado. Sem saber disso, o ministro autorizou Lula a “se encontrar exclusivamente com os seus familiares, em Unidade Militar na Região, inclusive com a possibilidade do corpo do de cujos ser levado à referida unidade militar, a critério da família”.Mais: “Vedado o uso de celulares e outros meios de comunicação externos, bem como a presença de imprensa e a realização de declarações públicas”.

Lula recusou o oferecimento e não o esqueceu. Em dezembro passado, durante a cerimônia de diplomação de Lula, Toffoli encontrou-o. Conforme o relato da repórter Mônica Bergamo, disse-lhe: “O senhor tinha direito de ir ao velório. Me sinto mal com aquela decisão, e queria dormir nesta noite com o seu perdão”.

Uma nova pizza para a Americanas
A rede varejista Americanas tem à venda três tipos de pizzas.
 
Seus sabores são: calabresa, quatro queijos e frango com Catupiry. Custam entre R$ 16,99 e R$ 18,99. Desde a semana passada, quando a CPI de seu escândalo encerrou suas atividades sem identificar um só responsável pela ruína, a Americanas bem que poderia oferecer a Pizza CPI, sem nada, só com a caixa de papelão.

A fraude cometida na Americanas resultou num pedido de recuperação judicial com uma dívida declarada de R$ 43 bilhões junto a bancos e cerca de 15 mil fornecedores, com prejuízo para pelo menos 146 mil acionistas individuais. É, de longe, a maior quebra corporativa já ocorrida em Pindorama, e a CPI acabou em coisa nenhuma.

Tancredo Neves sempre ensinou: “Esperteza, quando é muita, come o dono”.

A CPI caminhava para seu triste desfecho, quando veio uma surpresa: o ex-CEO da Americanas Miguel Gutierrez enviou-lhe uma carta na qual diz que “me tornei conveniente ‘bode expiatório’ para ser sacrificado em nome da proteção de figuras notórias e poderosas do capitalismo brasileiro”.

Fulanizando, os três grandes acionistas da Americanas são: Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira. Na última lista da revista Forbes eles foram colocados como as 3ª, 4ª e 5ª pessoas mais ricas do Brasil. Juntos, somam US$ 34,3 bilhões. Segundo Gutierrez, os acionistas sabiam da má situação da empresa e Sicupira acompanhava suas vendas. Não há registro do que soubessem das fraudes.

Gutierrez está na Espanha e é provável que de lá não saia. 
Ele não depôs na CPI, e na sua carta repete que não sabia das fraudes. No caso da Americanas, ninguém sabia de nada. O doutor sabia que em 2022 a empresa ia mal e nada viu de anormal, mas transferiu a propriedade de três imóveis para familiares e, em pelo menos uma troca de mensagens, deixou em segredo cifras das dificuldades.  (...) 


A parolagem na fila do INSS
Lula assumiu referindo-se à
“vergonhosa fila do INSS, outra injustiça estabelecida nestes tempos de destruição”.

Passaram-se algumas semanas, e o ministro da Previdência, Carlos Lupi, anunciou que ao fim deste ano a análise dos pedidos seria feita em até 45 dias.

Em abril a fila havia crescido e tinha mais de um milhão de pessoas.

Em agosto deu-se uma mágica e sumiram da fila 233 mil segurados.

Para resolver o mistério, o governo criou um grupo de trabalho.

Assim, há agora mais uma fila, a das pessoas que esperam as conclusões dos doutores. Faltam alguns meses para que Lupi possa exibir o cumprimento da meta de análise dos pedidos em até 45 dias.

Folha de S. Paulo - Jornal O Globo - Elio Gaspari, colunista


Condenados à morte - Revista Oeste

Cristyan Costa

Indígenas de São Gabriel da Cachoeira (AM) denunciam abusos e afirmam que ONGs ambientalistas não cumprem promessas

Rafael Castro, de 66 anos, com uma de suas netas, em Pari-Cachoeira (AM, 31/8/2023) | Foto: Cristyan Costa/Revista Oeste

 Em 2008, os indígenas da aldeia Pari-Cachoeira, localizada no coração da Amazônia, vibraram com a notícia de que a ONG Instituto Socioambiental (ISA) conseguira o dinheiro necessário para construir naquelas terras um criadouro de peixes bem abastecido, uma granja espaçosa e um centro para ensinar atividades culturais, além de implementar outras benfeitorias, como o saneamento básico. A grana necessária para tudo isso realmente chegou ao ISA. Passados 15 anos, contudo, as obras ou não saíram do papel ou estão abandonadas. É o que contam os moradores da vila localizada em São Gabriel da Cachoeira (AM), a mais de mil quilômetros de Manaus. Só se chega à tribo da etnia tucanos depois de sete dias de barco, partindo da capital, ou três horas de avião — e não há voos comerciais para aquele destino. 

O açude prometido pelo ISA, por exemplo, está prestes a se tornar um pântano. Os escassos peixes de pequeno porte que sobrevivem na água barrenta não garantem a subsistência dos 130 indígenas que moram ali. A vegetação proliferou ao redor, e até mesmo os nativos acostumados a andar naquele terreno tropeçam no matagal, cujo tamanho dificulta até mesmo que se enxergue a existência do local que deveria assegurar a atividade aquícola da aldeia.

(...)

Brandão conta que essas obras ajudariam a melhorar a qualidade de vida de uma aldeia que hoje depende de doações do Estado e pequenas roças, que também não são suficientes. Ao abrir a geladeira, o homem lamenta pela falta de alimentos, sobretudo de carne. Em vez de comida, panelas vazias amontoadas e poucos mantimentos, como mandioca, sacos de farinha, fubá e sal. “A maioria da nossa gente vive assim”, disse. Cabisbaixo, ele dirige o olhar para o chão de terra batida, salpicado pelos raios de sol que entram pelas frestas das paredes de barro. “As ONGs precisam sair para tomarmos o controle da nossa vida”, diz Brandão.

Parados no tempo
O cacique contou que a maioria dos moradores de Pari-Cachoeira ganha dinheiro do Bolsa Família. “Mas não queremos depender disso”, afirma. “Desejamos explorar o solo que armazena riquezas, como nióbio, ouro e diamantes. Precisamos de desenvolvimento.” A queixa de Brandão é a mesma do indígena Rafael Castro, de 66 anos, uma das lideranças dos tucanos. Coisas que para o homem da cidade são banais para os indígenas de São Gabriel da Cachoeira são um sonho inalcançável. Castro deseja um chuveiro, uma pia e um vaso sanitário dentro de casa. Há mais de 20 anos, o ISA prometeu saneamento básico para a aldeia. “Minha família faz as necessidades na floresta”, contou. Ele reclama também da inexistência do centro cultural que, entre outras atividades, ensinaria pintura e dança. “Minhas netinhas passam a maior parte do tempo em casa, vendo desenhos na TV que comprei com muito esforço.[pela vontade do cacique a TV não seria comprada e sim doada; dificil de entender é que  os indígenas recebem doações do Estado, ganham dinheiro do Bolsa Família, as terras indígenas chegam a 176 hectares por indígena - seja criança, idoso, adulto, mulher, homem.
Já milhões de brasileiros não indígenas - porém, tão brasileiros quanto aqueles - grande parte ganhando um salário mínimo (pouco mais de mil reais, após o fantástico aumento de R$ 18,00, concedido pelo 'pai dos pobres'), a grande maioria não recebendo nenhum auxílio do ATUAL DESgoverno, precisam se virar para pagar em torno de R$ 500, 00  por um aluguel de um barraco na periferia da periferia, com no máximo 50m2.
Quanto as ONGs é pacífico que a quase totalidade delas estão a serviço de governos estrangeiros.]

Segundo Castro, as ONGs nem sequer pavimentaram as vias da aldeia, como haviam se comprometido. Para chegar à residência do homem, é preciso descer uma estrada de terra tortuosa que vira um lamaçal em dias de chuva. “Nesses tempos, fica bem difícil sair de casa”, conta Castro. Ele afirma ainda que, se tivesse esperado as ONGs para conseguir energia elétrica — promessa feita há 20 anos —, Pari-Cachoeira ainda estaria no escuro. A luz que hoje ilumina as residências veio dos governos federal e estadual. “As ONGs impedem nosso progresso”, salienta Castro. “Elas inclusive não gostam que façamos casas de alvenaria, porque supostamente prejudicam o meio ambiente. Querem que moremos em residências com paredes de barro. Sinto que as ONGs preferem nos ver congelados no tempo.”

(...)

As reclamações sobre a atuação das ONGs, principalmente do ISA, não se restringem aos moradores de Pari-Cachoeira; elas atingem outras aldeias da região. Tule, um professor da etnia coripaco, afirmou que o ISA paga pouco pela pimenta produzida pelos indígenas e a revende por um preço muito maior a uma fábrica na Irlanda, sem dividir a participação nos lucros. “Ganham um bom dinheiro em cima do nosso conhecimento”, diz. O artesão Celestino Azevedo, de 63 anos, conta que fabrica peças de artesanato vendidas a ONGs que prometem fazer a mediação entre a aldeia e a cidade. Ele cobra R$ 500 por peça. Os objetos são comercializados no exterior por US$ 7,5 mil (cerca de R$ 37.500).


Nos Estados Unidos e no Canadá
Bem diferente do que acontece no Brasil,
tribos norte-americanas e canadenses há anos enriquecem com a extração de riquezas naturais do território onde vivem. É o caso da aldeia New Town, na Dakota do Norte, onde há correio, segurança policial, uma rede de hotéis, uma unidade de fast food Subway e até um cassino. Inspirado nos estabelecimentos de Las Vegas, esse negócio gerou empregos para a comunidade, tornou-se fonte de renda e foi, aos poucos, expandindo para incluir um restaurante e uma área de lazer com tobogã. Somando tudo o que é produzido na aldeia, a receita anual da reserva chega a US$ 400 milhões (quase R$ 2 bilhões). Os moradores também passaram a usar energia solar, que é mais barata, e ergueram um museu para preservar a cultura ancestral local.

O desenvolvimento também é realidade na reserva indígena Fort McKay, no Canadá, onde a população tem permissão para retirar petróleo e minério de ferro. O dinheiro das vendas ajuda inclusive a manter as tradições indígenas — algo com que as ONGs juram se preocupar. Hoje, os 800 moradores da aldeia têm controle sobre US$ 45 bilhões em petróleo (R$ 225 bilhões). A abundância de recursos per capita permitiu à comunidade um nível de prosperidade inimaginável para os brasileiros — indígenas ou não. Cada criança nascida na comunidade tem direito a dividendos dos negócios mantidos pela tribo. O jovem atinge os 18 anos com uma poupança de aproximadamente US$ 100 mil canadenses (cerca de R$ 390 mil). Se fizer um curso de educação econômica, já pode sacar metade do valor. Aos 21, ele tem o direito de retirar a outra metade.

 (...)

CPI começa a abrir a ‘caixa-preta’ das ONGs
Conforme moradores, o ISA atua na região de São Gabriel da Cachoeira desde a década de 1990. Em razão da falta de transparência e de fiscalização do governo, não se sabe ao certo como o grupo funciona. Agora, a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das ONGs da Amazônia, que promete abrir a “caixa-preta” do terceiro setor que atua na floresta, rastreou a origem de valores obtidos pelo ISA e uma fonte de recursos, o Fundo Amazônia, criado em 2008 e abastecido com 80% de capital estrangeiro. Noruega e Alemanha são os maiores doadores, enquanto o Brasil injeta o restante do dinheiro administrado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social.

Ainda em fase de investigação, a CPI revelou que, nos últimos anos, o ISA recebeu aproximadamente R$ 30 milhões do fundo para realizar projetos em Pari-Cachoeira. Recentemente, a comissão descobriu também que o ISA captou mais R$ 12 milhões do fundo, entre 2016 e 2022, para um “projeto de gestão em terras indígenas”. A comissão estranha o uso de termos considerados vagos e subjetivos. “O projeto estabelece a sistematização do conhecimento e o fortalecimento de estruturas de governança locais e das organizações indígenas”, informa um trecho do documento. A comunidade de Pari-Cachoeira assegurou nunca ter visto um centavo do que foi obtido pelo ISA, muito menos as benfeitorias prometidas. A CPI acredita que os valores são muito maiores que os descobertos até o momento. Por isso, vai convocar representantes do ISA e de outras ONGs.

Continue lendo...

 

Leia também “Supremas diferenças”

 

 Coluna Crystian Costa, Revista Oeste

 

A reportagem da Revista Oeste viajou para São Gabriel da Cachoeira, em um voo da Força Aérea Brasileira, a convite da CPI das ONGs, que fez uma diligência na região.

 

 


sábado, 9 de setembro de 2023

A perseguição religiosa chegou de vez ao Brasil - Gazeta do Povo

Vozes - Crônicas de um Estado laico
 

Intolerância

Casal que não gostou de música com teor religioso insultou e depois agrediu motorista de aplicativo em Minas Gerais.| Foto: Melonemond/Pixabay

Já falamos aqui que o laicismo não tem nada a ver com o Estado laico e se caracteriza por um movimento de expurgo da religião do espaço público, limitando-a à residência dos fiéis e a suas igrejas. 
 Por outro lado, o Estado laico se caracteriza pela separação entre o Estado e o fenômeno religioso, garantindo liberdade de atuação de cada um, em suas respectivas esferas de competência, permitindo que os fiéis vivam sua vida, no público e no privado, de acordo com as suas crenças. 
A laicidade possui variações, desde a norte-americana, que se caracteriza pelo wall of separation between church and State, até a colaborativa, na qual este “muro” não existe, possibilitando a colaboração do Estado com a igreja e vice-versa, um reflexo da ideia tomista e escolástica de que a fé e a razão devem andar juntas.
 
No Estado laico as pessoas não são laicas; a maioria delas tem uma fé e a exerce em casa, na igreja e no espaço público, ou seja, onde quer que elas estejam. O Estado tem uma postura neutra de não interferir e nem se relacionar com a religião, como nos EUA. 
Em outras situações, o Estado tem uma conduta cooperativa, de auxiliar a igreja, sobretudo a principal, como acontece na laicidade italiana por meio do Acordo de Villa Madama, com a Igreja Católica.  
Temos, ainda, o Estado que é colaborativo com o fenômeno religioso e possui uma atitude benevolente e positiva com todas as fés, colaborando com elas em prol do interesse público – é o caso brasileiro, como diz o artigo 19, I da Constituição.
 
Em nenhum desses exemplos há uma conduta negativa do Estado para com a religião. Essa conduta é típica de países laicistas, que bebem da fonte francesa, onde religiosos perdiam suas cabeças e freiras eram estupradas por não concordarem com o regime da fraternidade francesa do século 18 e a imposição de sua religião positivista. 
O Brasil, como já dito, não é laicista; basta olhar para sua bandeira e ver nela a Cruz de Cristo; temos os feriados religiosos, nomes de estados e cidades em homenagens a santos, referências religiosas na heráldica das maiores cidades brasileiras e por aí vai. 
 Entretanto, existe um movimento cada vez maior de pessoas laicistas no Brasil. Pensam elas: “Já que a história do Brasil, os símbolos nacionais, a Constituição, o ordenamento jurídico e tudo o mais têm uma atitude simpática com a religião, especialmente o cristianismo, e já que infelizmente existem liberdade religiosa e Estado laico colaborativo por aqui, serei eu o laicista; vamos censurar algum padre ou pastor, fechar alguma igreja, e processá-los todos nem sei pelo quê!”

    No Estado laico as pessoas não são laicas; a maioria delas tem uma fé e a exerce em casa, na igreja e no espaço público, ou seja, onde quer que elas estejam

Esse pensamento se popularizou não só entre indivíduos, mas também entre grupos ativistas. O caso mais recente é de uma motorista de aplicativo de caronas, de 27 anos, que foi vítima de agressão verbal e física durante uma viagem entre um bairro de Belo Horizonte e Contagem (MG), de acordo com informações divulgadas pelo portal R7. 
Os agressores, um jovem de 25 anos e uma mulher de 22 anos, teriam iniciado o ataque após questionar a religião da motorista e proferir xingamentos devido à música que tocava no rádio do veículo. A motorista solicitou que o casal desembarcasse do carro em frente à Unidade de Pronto-Atendimento JK, na cidade de Contagem, mas os passageiros, em vez de seguir a solicitação da motorista, teriam iniciado a agressão física. 
Um espectador tentou intervir para proteger a vítima e impedir a continuação da agressão. 
A Guarda Civil Municipal de Contagem, que estava posicionada nas proximidades da unidade de saúde, foi alertada pelos gritos de socorro e testemunhou o crime, corroborando a versão apresentada pela motorista.

Eis uma aplicação do pensamento laicista francês: “você não pode escutar essas músicas religiosas em um transporte público, mesmo que o carro seja seu; e, já que você insiste, vou descer-lhe a porrada”.

Uma reflexão sobre o caso
A agressão, em qualquer uma de suas formas, seja ela física, psicológica ou verbal, é algo profundamente lamentável e merece ser condenada veementemente. 
O caso envolvendo a motorista de aplicativo em Minas Gerais, insultada devido à música religiosa que estava ouvindo e, depois, agredida fisicamente, lança um alerta preocupante sobre os crescentes casos de intolerância na sociedade. Intolerância que se manifesta pelo pensamento segundo o qual, “já que o Estado tem uma postura positiva com a religião, vamos nós persegui-la”.
 
A intolerância, antes restrita a xingamentos e manifestações nas redes sociais, parece estar ganhando espaço na forma de violência física no cotidiano das pessoas. 
O fato de um casal de passageiros ter insultado a motorista por sua escolha musical é inaceitável, ainda mais quando a música está ligada à crença de quem a está ouvindo e que, ainda por cima, é o proprietário do carro. 
O desdobramento dessa situação, que culminou na necessidade de a motorista pedir que os agressores deixassem o veículo, seguido de agressão física, torna o caso ainda mais grave.

    Quando a intolerância atinge o ponto de agressão física devido a diferenças religiosas ou à escolha de uma religião específica, temos um claro ataque aos valores democráticos e à coexistência pacífica na sociedade

Este incidente ressalta a importância da liberdade religiosa e da tolerância em uma sociedade pluralista. A liberdade religiosa é um princípio fundamental em sociedades democráticas, que garante a todos o direito de praticarem sua religião ou crença, no público ou no privado; não se limita apenas à liberdade de culto, mas também engloba a liberdade de expressão e manifestação de suas crenças.
Portanto, é crucial que todos os cidadãos compreendam e respeitem a diversidade religiosa e cultural que enriquece nossas comunidades, podendo evidentemente discordar com relação a dogmas, práticas e liturgias, mas sem suprimir o direito do outro, muito menos agredi-lo. A disseminação do que é conhecido como “marxismo cultural”, que expande a luta de classes a diversas outras formas de divisão, está começando a mostrar seus efeitos mais alarmantes, minando a coesão social e prejudicando a convivência harmoniosa entre os indivíduos, fragmentando totalmente a sociedade.

Expressamos nossa solidariedade à motorista de aplicativo e desejamos sua recuperação emocional e física. Esperamos que as medidas legais adequadas sejam tomadas para responsabilizar civil e criminalmente os agressores, de acordo com as evidências apresentadas no devido processo legal. Mais do que nunca, é essencial que a sociedade reafirme seu compromisso com a liberdade religiosa, garantindo que todos possam viver em paz, independentemente de suas crenças.

Conteúdo editado por: Marcio Antonio Campos

Thiago Rafael Vieira, colunista - Gazeta do Povo -
Crônicas de um Estado laico

 

O canto sofrido no silêncio do peito - Percival Puggina

        Ao longo do dia de ontem, abri duas exceções à sábia decisão de não mais assistir a alguns canais de televisão. Desconheço suas programações. A exceção consistiu em não mais de cinco minutos, somados os tempos perdidos diante da tela, vendo imagens mostradas em dois ou três desses veículos.

Em pensamento, exclamei: “Bem feito!”. Colheram o que plantaram, numa sinistra mistura para a qual uns contribuíram com arrogância, tirania, desprezo às leis da República, à sociedade e suas opiniões, enquanto outros aportavam doses maciças de submissão, omissão, cumplicidade e semeadura de ódio. Imagino o que ia nas mentes de ambas as vertentes que ali se amalgamavam, constrangidas, diante da silenciosa e gigantesca vaia nacional!

A quem era essa vaia dirigida? A quem? É pouco provável que alguém, ali, escapasse ao desdém expresso no silêncio federal, estadual e municipal daquelas horas.  

Os dias anteriores evidenciaram o zigue-zague das avaliações oficiais. Segundo a Gazeta do Povo, o ministro Flávio Dino alertou o governo do Distrito Federal para possíveis atos organizados pelas redes sociais e colocou a Força Pública à disposição. 
O governo federal constituiu um Gabinete de Mobilização Institucional e o governo do Distrito Federal afirmou que as corporações (Polícia Civil e Polícia Militar) estavam vigilantes contra eventuais ameaças. 
Pouco depois, as notícias eram de que o ambiente nacional estava tranquilo. Cemitérios são, sim, locais bastante tranquilos. O féretro da liberdade, também.

Há um provérbio que parece aplicável ao caso sobre a má experiência de certo gato com água quente, mas o felino da história não pôs a água para ferver.

O jornal O Globo, em acesso de lulismo, deixou de lado o xoxo evento de 2023 e atacou o do ano passado, Bolsonaro e suas aparentemente “injustificáveis” críticas a ministros do STF
À época, lembro bem, alguns ativíssimos protagonistas do ambiente político nacional badalados pela Folha, pelo Estadão e pelo O Globo haviam decidido que era pouco saudável emitir opinião negativa a seu respeito. 
 
O 7 de setembro de 2023 tornou-se uma espécie de identificação facial, facilmente reconhecível, da triste “democracia” brasileira. Democracia entre aspas, sim, transformada em serventia dos donos do poder. 
Durante anos, parcela expressiva da sociedade brasileira gritou nas ruas e praças do Brasil para instituições cujas maiorias lhe viraram as costas. Muitos pagaram caríssimo pelo atrevimento de dissentir.

Silenciar neste 7 de setembro não é sinal de consentimento. Bem ao contrário, equivaleu a um ruidoso ato de resistência para quem o amor à Pátria cantou sofrido no silêncio do peito.

Percival Puggina (78) é arquiteto, empresário, escritor, titular do site Liberais e Conservadores (www.puggina.org, colunista de dezenas de jornais e sites no país.. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+. Membro da Academia Rio-Grandense de Letras.

Onde está a outra metade? - Rodrigo Constantino

Gazeta do Povo

Um blog de um liberal sem medo de polêmica ou da patrulha da esquerda “politicamente correta”.

Dizem que o país está dividido, polarizado, mas cabe perguntar, em especial após o 7 de setembro micado, vazio, às moscas: onde está a outra metade? 
Em 2022, o feriado de 7 de setembro reuniu milhões nas ruas do país. 
Eu sei, pois vi as imagens e estava lá, em Copacabana, sendo tratado como celebridade de Hollywood por gente simples, que veio do Brasil todo.
 
Essa multidão estava feliz, com verde e amarelo, com suas famílias inteiras, todos celebrando o patriotismo, a esperança num futuro melhor e pedindo respeito à Constituição. 
A velha imprensa nos chamava de "fascistas", de "golpistas" e de "extrema direita".  
Éramos apenas cidadãos comuns sonhando com um país realmente do futuro, com respeito às leis e punição aos corruptos.
 
Mas o ladrão voltou à cena do crime, como diria Alckmin.  
Após um malabarismo supremo, Lula ficou elegível e, com a ajuda de um TSE partidarizado, venceu pelas urnas eletrônicas. Mais de 60 milhões de votos!  
Aí gasta milhões para a festa patriota, e acena para o nada, para ninguém.
 
Um evento com "autoridades", com chefes de Poderes (nem todos, pois Arthur Lira, presidente da Câmara, não foi), mas sem povo
Os institutos de pesquisa dizem que a popularidade do governo vai bem, mas onde estão seus apoiadores? 
O clima era de velório. Uma festa para políticos e funcionários públicos, sem qualquer resquício de povo. Popular?
 
Os jornais alinhados falam em "volta à normalidade". Talvez. 
Afinal, o normal no Brasil sempre foi a casta política no comando e o povo na sarjeta, ignorado. 
Ocorre que o gigante despertou, que o povo tomou consciência de seus direitos e de seu poder, e não aceita mais esse papel de palhaço. 
O povo não acha graça em humorista censurado e bandido perdoado por ex-advogado com caneta suprema.
 
O teste das ruas é o grande choque de realidade que desespera os propagandistas do desgoverno. 
Eles pregam uma "democracia" de gabinete, tocada pelos "ungidos", pelos "iluminados", mas sem levar em conta a opinião popular. Para ter "governabilidade", abrem os cofres do orçamento secreto, agora rebatizado com eufemismo, para atrair o centrão fisiológico. Parece prostituição. Pois é.

A união entre esquerda radical, STF, mídia e centrão prostituído forma a aliança desta volta à normalidade. Os militares melancias observam tudo, alguns com constrangimento, mas prestam continência para comunista corrupto. [comunista corrupto que dá as costas para o general comandante do CMP, que, cumprindo o protocolo, lhe informa do término do desfile.]  O Brasil tem finalmente paz e harmonia - ao menos para os donos do poder. O povo é uma pedra no sapato, um entrave incômodo que precisa de "extirpado" da equação.

Todo regime comunista agiu da mesma forma: desfiles para autoridades e povo intimidado, acuado, com medo de reagir.  
O comunismo não precisa do povo, eis a triste verdade. 
E não resta dúvida de que este foi a grande figura ausente nas comemorações em tom fúnebre desta "Independência".  
Até a esquerdista Amanda Klein admitiu: não tinha povo ali.

Com dezenas de mortos no Rio Grande do Sul, pelas calamidades naturais, Lula achou adequado, após a cerimônia esvaziada de gente, pegar um avião e se mandar do país uma vez mais. Janja, deslumbrada, quer rodar o mundo todo, pelo visto. Imaginem se fosse Jair Bolsonaro fazendo isso!

Mas a imprensa está domesticada, adestrada, bem paga
Preferiu dar destaque à "volta da normalidade" no feriado. 
Um feriado sem povo na rua. Num país dividido. Então cabe perguntar: onde está a outra metade?


Rodrigo Constantino, colunista - Gazeta do Povo - VOZES


Sete de Setembro sem povo e nem verde e amarelo é o projeto de Lula para o país - J. R. Guzzo

Vozes - Gazeta do Povo 

O projeto mais ambicioso do governo Lula – além, é claro, da utilização permanente da máquina pública para atender os interesses privados das castas que se penduram nele é construir um Brasil sem povo. 
 O assalto permanente ao Erário, por meios formalmente legais, ou por outros meios, é traço genético do PT e da esquerda nacional. Não sabem, simplesmente, viver de outro jeito.

Whatsapp: entre no grupo e receba as colunas de J.R.Guzzo

É por isso, e só por isso, que não param de exigir um “Estado Forte” e de cofre cada vez mais cheio.  
Já a ideia de criar um Brasil só para quem manda, e com uma população destinada unicamente a trabalhar para o sustento, conforto e prosperidade do ecossistema estatal, é coisa da atual encarnação de Lula.
 
    Na comemoração este ano foi tudo maravilhosamente “democrático”, segundo a propaganda oficial. 
Em compensação, não havia povo.

A demonstração mais recente deste “projeto de país”, como eles dizem, foi o desfile do Sete de Setembro em Brasília. 
 No ano passado, a Esplanada dos Ministérios recebeu possivelmente a maior concentração de povo em toda a sua história. O governo não teve nada a ver com isso; a manifestação foi espontânea.
 
Nas capitais e outras cidades multidões também foram à rua, de verde amarelo e por sua livre e espontânea. 
Foi tanta gente, na verdade, que o consórcio Lula-TSE proibiu que as imagens fossem mostradas no programa eleitoral do ex-presidente; eram, segundo essa decisão, um “ato antidemocrático”
A maioria da mídia escondeu o que tinha acontecido. 
O ministro Luís Roberto Barroso disse que as multidões presentes na praça pública serviam para medir “o tamanho do fascismo no Brasil”. Na comemoração este ano foi tudo maravilhosamente “democrático”, segundo a propaganda oficial. Em compensação, não havia povo.

    De mais a mais, quem está disposto a colocar camiseta amarela e sair à rua com a bandeira do Brasil?

Para Lula, o PT e seu sistema esse é o Brasil ideal. No palanque das autoridades, no desfile de Brasília, se amontoaram 250 autoridades. Havia general, almirante e brigadeiro. 
O verde e amarelo das cores nacionais, que hoje é equiparado pela associação Lula-STF aos símbolos do fascismo, foi escanteado em favor do vermelho. 
Para compensar as duas ministras que já foram demitidas nestes primeiros oito meses de governo, os gerentes de marketing do Planalto fizeram Lula aparecer espremido no meio de uma penca de mulheres.
 
Povo, que é bom, não havia nada remotamente comparável ao oceano de gente que estava no mesmo lugar no ano passado. 
Desta vez, ao contrário, as pessoas tiveram de se cadastrar previamente na internet e mostrar QR Code para ir ao desfile. Tiveram de passar por barreiras de ferro, detector de metais e revistas de mochilas e de bolsas. 
Foram fichadas pelo GSI. 
E nas outras cidades? A população não apareceu.
 
Foi uma manifestação em que só houve, mesmo, a presença do Estado.  
Funcionários do governo federal foram pressionados a comparecer. O Banco do Brasil distribuiu bonés. 
A mídia não anunciou casos de mortadela, mas tudo ficou uma cópia de um desses eventos do PT em ambiente controlado;  
- havia militares, mas apenas como elemento de exibição para a plateia. 
De mais a mais, quem está disposto a colocar camiseta amarela e sair à rua com a bandeira do Brasil?
 
A Polícia Federal do ministro Dino pode aparecer na sua casa às 6 horas da manhã. O STF pode enfiar você no inquérito perpétuo contra os “atos antidemocráticos”. 
É mais prudente ficar com a segurança de uma camisa vermelha. 
É a cor que a mulher do presidente usa na data da independência nacional
É a cor que ficou obrigatória nas peças de propaganda o governo Lula. 
É a cor de um Brasil feito só de autoridades.

J.R. Guzzo, colunista - Gazeta do Povo - VOZES