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sexta-feira, 4 de novembro de 2016

Aí não dá, Lewandowski! Falta decoro! Falta pudor!

Ministro do Supremo resolve se comportar como líder da CUT em encontro de magistrados. É o fim da picada!

Se alguém me perguntar o que mais me irrita na vida pública brasileira além da roubalheira, da incompetência, da desídia essas coisas que irritam toda gente —, a minha resposta será esta: a falta de decoro. As autoridades brasileiras, com raras exceções, estão perdendo qualquer senso de solenidade — muito especialmente a solenidade do cargo que ocupam. É um dos aspectos que admiro no presidente  Michel Temer: encarna o que me parece ser a correta neutralidade do estado. “Ah, ninguém é neutro etc. e tal…” Eu sei. Mas deixemos isso para ser decodificado por analistas, cientistas sociais, críticos profissionais, jornalistas… Que a autoridade se esforce!

Infelizmente, não é o que temos visto. O ministro Ricardo Lewandowski, do Supremo, comportou-se muito mal nesta quinta na abertura, em Porto Seguro, do 6º Encontro Nacional de Juízes Estaduais, que é realizado a cada três anos pela AMB (Associação dos Magistrados Brasileiros). Ah, sim: com direito a show de Ivete Sangalo e Diogo Nogueira. Tá certo… Não faria muito sentido um encontro de magistrados, sei lá, na periferia de Salvador, de São Paulo ou do Rio, onde estão os que têm fome de Justiça, certo? Pareceu demagógico? Só estou evidenciando como é fácil fazer demagogia, outra das práticas corriqueiras no Brasil que me causam asco.

Pois bem! Lá estava o ministro do Supremo, certo? Um dos 11 varões e varoas de Plutarco da República. O único discurso que lhe cabe é o institucional. A única coisa aceitável é falar dos consensos que nos unem. Até os dissensos devem ser guardados para a Corte. A única tarefa de quem presidiu o Supremo até outro dia era falar em favor do povo brasileiro.

Mas não foi isso o que fez Lewandowski. A voz que se ouviu era a de um militante sindical, e do tipo que carrega no sotaque cutista. Disse ele, diante da categoria que compõe a elite salarial do Brasil, sobre a reivindicação dos magistrados por aumento de vencimentos: “Não há vergonha nenhuma nisso, porque os juízes, no fundo, são trabalhadores como outros quaisquer e têm seus vencimentos corroídos pela inflação (…). Condomínio aumenta, IPTU aumenta, a escola aumenta, a gasolina aumenta, o supermercado aumenta, e o salário do juiz não aumenta? E reivindicar é feio? É antissocial isso? Absolutamente, não”.

Foi aplaudido com entusiasmo. Ele tinha mais a declarar:  “Para que possamos prestar um serviço digno, é preciso que tenhamos condições de trabalho dignas e vencimentos condizentes com o valor do serviço que prestamos para a sociedade brasileira”.

Não quero parecer amargo, mas, se o brasileiro pobre fosse convidado a dizer quanto vale, na média, o serviço da Justiça, as palavras poderiam não ser as mais doces.  Notem: é claro que acho que juízes têm o direito de reivindicar reajuste de salário e que defendo que tenham vencimentos dignos. E eles têm! Mas disso devem cuidar as múltiplas associações de magistrados. As há mais no Brasil que queijos na França. É de um ridículo ímpar que um ministro do Supremo vá falar como líder de corporação.

Mais: é claro que ele sabe o peso dessas palavras num momento em que se discute a MP 241. Parece que Lewandowski está expressando uma opinião política, não? Ele sabe que também o Judiciário vai ter de lidar com algo que lhe era estranho: teto de gastos. Um ministro do Supremo tem a obrigação moral de falar para pacificar a nação e as contendas, não para exacerbá-las. Um ministro do Supremo não pode ter grupo.  Nem lado.

Que os senhores da AMB e os presentes se manifestassem nesses termos, vá lá. Que o homem que compõe a cúpula de um Poder, que ele próprio presidiu até outro dia, resolva discursar como sindicalista, bem, aí não dá.
Falta decoro.
Falta pudor.

Fonte: Blog do Reinaldo Azevedo - VEJA

 

Planalto ‘comemora’ adiamento de processo no STF

Nesta quinta, a Corte tentou analisar a ação que podia complicar Renan Calheiros, por pedir que réus não assumam cargos na linha sucessória presidencial

O adiamento da decisão do Supremo Tribunal Federal que pode complicar o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), agradou ao Palácio do Planalto. Embora auxiliares do presidente Michel Temer tenham procurado ministros da Corte para expor a “inconveniência” política de julgar agora a ação que tem potencial para afastar Renan do Congresso, a ordem foi manter o tema longe do governo. Ministros foram orientados a não comentar o assunto.

A articulação do Planalto ocorreu nos bastidores porque Temer precisa de Renan para votar, ainda neste ano, a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que limita o aumento de gastos por 20 anos. Aprovada na Câmara, a proposta tem de passar pelo crivo do Senado.

Se o Supremo acatar os argumentos da Rede Sustentabilidade e decidir que réus com processos na Corte ficam fora da linha sucessória da Presidência da República, Renan sofrerá forte revés, o que atrapalhará a vida do governo. Apesar de o peemedebista ainda não ser réu, tudo indica que está a um passo de figurar nessa condição.

Alvo de onze inquéritos no STF – a maioria referente à Lava Jato –, Renan é o segundo na linha sucessória de Temer, atrás do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ). A eleição que renovará o comando da Câmara e do Senado ocorrerá em fevereiro de 2017, mas, se o STF aceitar a ação e Renan virar réu antes disso, será obrigado a deixar a presidência do Congresso.

Um julgamento assim, neste momento, é tudo o que o Planalto não quer. Além da votação da PEC do Teto de Gastos, uma decisão do Supremo desfavorável a Renan tende a causar impacto na sucessão da Câmara e do Senado. Foi por esse motivo que dois interlocutores de Temer conversaram com ministros do STF, na tentativa de adiar o julgamento. Dias Toffoli pediu vista do processo e não há data para a retomada da votação.

Em nota, Renan disse que a decisão do STF não pode prejudicá-lo. “O presidente do Senado não é réu em qualquer processo e, portanto, não está afetado pela manifestação do STF, ainda inconclusa”, escreveu. Afirmou ainda que os inquéritos contra ele, por “ouvir dizer” ou por “interpretações de delatores”, serão arquivados.

Fonte: Estadão Conteúdo


Leia também:
Planalto trabalha em favor de Renan no STF

 

Schumacher mostra ‘sinais encorajadores’, diz Ross Brawn

Ex-diretor da Ferrari não deu detalhes sobre o progresso na saúde do ex-piloto, em respeito à privacidade da família Schumacher

Uma pessoa bem próxima a Michael Schumacher quebrou, ainda que de forma discreta, o pacto de silêncio em relação ao estado de saúde do heptacampeão mundial de Fórmula 1. Ross Brawn, ex-diretor técnico da Ferrari, afirmou nesta quinta-feira que o ex-piloto alemão apresentou alguns “sinais encorajadores” em sua recuperação de graves lesões na cabeça sofridas em um acidente de esqui, em novembro de 2013.

 Michael Schumacher durante evento com a Força Aérea Italiana, em 11 de dezembro de 2003 (Franco Origlia/Getty Images/VEJA)

“A família decidiu conduzir a convalescença de Michael de forma particular e devo respeitá-la”, disse o britânico, que ajudou o alemão Schumacher em todos os seus títulos e trabalhou com ele na Benetton, Ferrari e Mercedes, em entrevista à BBC. “Há sinais encorajadores e todos estamos rezando a cada vez que vemos mais estes sinais. Então é difícil para mim dizer muito e respeitar a privacidade da família.”

"Tudo o que eu diria é que há muita especulação sobre a condição de Michael. A maior parte dela está errada e nós apenas rezamos e esperamos todos os dias que continuemos a ver algum progresso e que um dia possamos ver Michael recuperado das lesões terríveis”, completou.


Schumacher está sendo tratado em casa na Suíça desde que saiu do hospital, e pouquíssimos detalhes foram tornados públicos desde então. A situação real do ex-piloto de 47 anos ainda é desconhecida. Em entrevista a última edição de VEJA, Jean Todt, ex-­chefe de Schumacher na Ferrari, presidente da Federação Internacional do Automóvel (FIA) e um dos amigos mais próximos do campeão, disse que as pessoas que falam sobre sua saúde “não conhecem a situação e os que conhecem não falarão nada”.

“Felizmente, Schumacher não está morto, mas sua vida e a de sua família mudaram. Ele é bastante reservado, e nós consideramos que sua vida privada deve ser respeitada. Schumacher não é mais um personagem público”, completou Todt.

Fonte: Revista VEJA 

 

Efeito profilático

O que está decidido pelo Supremo Tribunal Federal (STF), com a efetivação suspensa pelo pedido de vista extemporâneo do ministro Dias Toffoli, é que, uma vez réu, o integrante da linha de substituição tem que ser afastado dessa posição, que o habilita a exercer a Presidência da República. Se o próprio presidente não pode ser réu, muito menos alguém que tenha que substituí-lo eventualmente pode sê-lo.

Isso implica que, se for recebida uma denúncia contra o presidente do Senado, da Câmara ou do STF, esse agente automaticamente deve ser afastado dessa presidência, podendo, porém, permanecer no exercício do cargo de origem (senador, deputado ou ministro do STF). O mérito da medida é impedir que uma pessoa nessas condições exerça a liderança institucional máxima.

Suposta “linha sucessória” não existe, pois há apenas um sucessor legal do presidente brasileiro, que é seu vice, que o substitui em eventualidades, ou sucede a ele em caso de vacância permanente, por doença, morte ou impeachment. Os presidentes da Câmara, Rodrigo Maia, e do Senado, Renan Calheiros, assim como a presidente do STF, Cármen Lúcia, portanto, não fazem parte da linha sucessória, mas substituem o presidente por no máximo 90 dias, para convocar eleições.

Do ponto de vista constitucional, portanto, Michel Temer não tem vice-presidente, assim como Itamar Franco e Sarney não tiveram, mas a Rede, que impetrou a ação que foi julgada ontem pelo plenário do STF, defende que um réu não pode substituir o presidente da República, mesmo em caráter provisório. Após o STF confirmar o julgamento, Renan perderá automaticamente a presidência do Senado se tiver denúncia contra si recebida, e já há uma aguardando pauta. Ele não pode simplesmente “abrir mão” de assumir a Presidência da República e passar para o próximo, afirma o juiz Márlon Reis. Essa prerrogativa não é dele, mas do cargo. Por isso ele sai do cargo para que o Senado não perca a prerrogativa.

A Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) apresentada pela Rede Sustentabilidade foi arquitetada na Faculdade de Direito da Uerj pelos advogados Daniel Sarmento, principal autor da ação no Supremo, e Eduardo Mendonça, que ficou com o escritório de advocacia do hoje ministro do STF Luís Roberto Barroso, que por essa razão declarou-se impedido de participar do julgamento. O pedido de vista feito por Toffoli, após 5 ministros já terem dado seus votos a favor da tese, teve o efeito prático de ajudar Renan a permanecer na presidência do Senado mais tempo, provavelmente até o fim de seu mandato, em janeiro.

Como o recesso do Judiciário é de 20 de dezembro a 20 de janeiro, dificilmente haverá tempo útil para o caso voltar a julgamento nesse período, mesmo que nele seja julgado, o que é improvável, um dos 11 processos contra ele já liberado por Edson Fachin. Trata-se de decidir se a empreiteira Mendes Junior pagou pensão alimentícia à jornalista Mônica Veloso, com quem o parlamentar tem uma filha fora do casamento. O escândalo data de 2007 e provocou a renúncia de Renan da presidência do Senado, para não ser cassado.

A atitude de Toffoli foi tão extemporânea que o ministro Celso de Mello decidiu dar mesmo assim o sexto voto, que formou a maioria do plenário a favor da proibição de que um réu permaneça na linha de substituição do presidente da República. Anteriormente, Toffoli havia sido derrotado pela maioria na primeira decisão do dia, quando se posicionou contra dar prosseguimento ao julgamento por “perda de objeto”, já que a ação original referia-se ao então presidente da Câmara, Eduardo Cunha, que já saiu da linha de substituição da Presidência.

A suspensão do julgamento sem a formalização da decisão que já está tomada é um favor, voluntário ou não, a Temer, que temia que a saída de Renan da presidência do Senado prejudicasse a votação da PEC do controle de gastos ainda este ano.  O juiz Márlon Reis, conhecido por sua atuação na aprovação da Lei da Ficha Limpa, considera que a Câmara e o Senado não mais elegerão réus, ou potenciais réus, para a sua presidência. “O efeito profilático da medida para o futuro é avassalador”, comemora o juiz, que lançou a tese que foi encampada pela Rede num artigo no GLOBO, a propósito de Eduardo Cunha.


Fonte: O Globo - Merval Pereira 


Rio considera servidor público estadual responsável pela crise e estabelece 30% de desconto - reajuste da alíquota previdenciária penaliza apenas servidor

Pezão diz que não queria adotar pacote, mas busca preservar empregos dos servidores  - Pacote do estado propõe desconto de 30% de servidor

O Rio vai encarar, a partir do próximo ano, o pacote de austeridade mais duro da crise financeira que está enfrentando. Entre decretos que serão publicados no primeiro dia de 2017 e projetos de lei que chegarão hoje à Assembleia Legislativa, o Palácio Guanabara pretende adotar medidas como aumentar a contribuição previdenciária, inclusive com a criação de uma alíquota extraordinária, acabar com programas sociais, suspender reajustes salariais, cortar cargos comissionados, elevar impostos e recorrer aos fundos de outros poderes para pagar servidores. O resultado seria um ganho de arrecadação de R$ 13,4 bilhões em 2017 e de R$ 14,76 bilhões no ano seguinte. O governo do estado alega que, se nada for feito, o rombo ao fim de 2018 vai chegar a R$ 52 bilhões. 

— O estado está quebrado. É preciso fazer alguma coisa — defendeu uma fonte do Palácio.
Se o governo tiver o apoio da Alerj e a apreciação do pacote for ágil, parte das medidas que precisa do aval do Legislativo entrará em vigor em abril do ano que vem. A proposta de aumento das alíquotas previdenciárias, que pode gerar mais resistência, depende da habilidade política do presidente da Casa, Jorge Picciani, para fechar um acordo com os deputados. Os servidores ativos, que já contribuem com 11% dos vencimentos, vão passar a pagar 14%, além de uma alíquota extraordinária de 16% concebida para reduzir o déficit previdenciário. Inativos e pensionistas que ganham mais de R$ 5.189 também pagarão os mesmos percentuais.

A mudança mais extrema será sentida na faixa de aposentados e pensionistas que ganham abaixo de R$ 5.189. Isentos até hoje, eles passarão a contribuir, caso o projeto de lei seja aprovado, com 30% de seus vencimentos. Com a medida, todos os funcionários, inclusive aposentados, terão, ao final, o mesmo desconto nos salários.

A duração dessa alíquota extra, prevista em lei, é de quatro quadrimestres, ou dezesseis meses. O governo sabe que poderá haver reação, mas aposta numa estratégia de convencimento alegando que, se não houver um freio no desequilíbrio das contas públicas, demissões se tornarão inevitáveis, o que seria mais traumático.  — Se não passar, será demissão em massa ou colapso — observou um técnico estadual.

Entre os programas sociais, serão extintos por decreto o Aluguel Social, voltado para desabrigados, e o Renda Melhor, destinado aos que vivem em extrema pobreza. Os restaurantes populares também vão acabar, a menos que sejam absorvidos pelos municípios.

Os gastos do Bilhete Único por pessoa ficarão limitados a R$ 150 por mês. Para crescer a receita, haverá aumento de ICMS de energia, telecomunicações, gasolina, cerveja, refrigerante e cigarro. O aparato administrativo não escapou à tesourada. O número de secretarias passará de 20 para 12, com a fusão de várias pastas, e oito autarquias e fundações estaduais serão extintas.


(...)

Programas sociais

Fim ou municipalização do restaurante popular
O tema será abordado em um decreto. O estado quer que as prefeituras assumam os restaurantes, que hoje servem diariamente 34.777 refeições e 21.877 cafés da manhã a preços populares. Isso já aconteceu em Campos e no Rio. Se os municípios não aceitarem, a opção será encerrar de vez o programa, que hoje acumula uma dívida de R$ 22,3 milhões.

Aluguel social deixará de ser pago
O programa, que já vem sofrendo com atrasos, vai acabar, a partir de junho de 2017. Os beneficiários do Aluguel Social são desabrigados, muitos em consequência de chuvas fortes, que recebem entre R$ 400 e R$ 500 por mês. Hoje, 9.640 famílias se beneficiam dos repasses em 15 municípios. O estado ainda deve entregar novas moradias definitivas até o fim do ano. A medida vai gerar uma economia de R$ R$ 74,1 milhões ao ano.

Programa renda melhor também vai acabar
Criado em 2011, o programa é parte integrante do Plano de Erradicação da Pobreza Extrema no Rio de Janeiro e assiste com benefício financeiro as famílias de baixa renda já atendidas pelo Bolsa Família. Como o Aluguel Social, já vem sendo pago com atraso para as 154 mil famílias que hoje recebem o auxílio.


Racionamento de água no DF - A coisa está séria, não existe volume morto a ser aproveitado

DF não pode contar com o volume morto dos reservatórios para abastecimento

Usar o volume morto do Descoberto não será uma saída viável. Essa foi uma das soluções encontradas em São Paulo. Ontem, a barragem atingiu o nível de 21,99% e racionamento fica mais próximo

 Se a crise hídrica se agravar, o Distrito Federal não pode contar com o volume morto dos reservatórios, como ocorreu em São Paulo. Segundo informações da Agência Reguladora de Águas, Energia e Saneamento do DF (Adasa), a reserva existente na Barragem do Descoberto não seria suficiente para abastecer a capital do país nem por 30 dias, o que não justificaria os custos da obra para captação. Para retirar o volume morto, é preciso a instalação de bombas coletoras porque não é possível fazer a retirada por gravidade. Em Cantareira, por exemplo, o sistema custou R$ 120 milhões e a obra demorou dois meses. No DF, não há previsão de custos. Também não há hipótese de usar a reserva do Santa Maria porque a barragem está localizada em área de proteção ambiental.

A estiagem prolongada e a redução do consumo em velocidade mais lenta do que o esperado preocupam os órgãos ambientais porque os reservatórios não conseguem se estabilizar e encher. Dessa forma, o uso do volume morto poderia ser uma alternativa de abastecimento, caso a tarifa de contingenciamento e o plano de racionamento não fossem suficientes para suprir a demanda de água. Entretanto, essa hipótese ainda não está entre as frentes de ação da Adasa e da Companhia de Saneamento do DF (Caesb). “Em São Paulo, o volume morto era grande. No Descoberto, é pequeno, não daria nem para 30 dias. O custo-benefício não compensa”, analisa Camila Campos, coordenadora de informações hidrológicas da Adasa. A Caesb informou, via nota, que “não tem o menor interesse de falar desse assunto no momento. Estamos preparando o plano de racionamento, que, esperamos, não tenha necessidade de ser implantado”.

Exemplo
O volume morto do Descoberto é de 16% em relação ao total do reservatório o que corresponde a 13,7 bilhões de litros. Em Cantareira, esse índice é de 23%, o que equivale a mais de 330 bilhões de litros. O volume morto é o local onde o ponto de captação de água não chega. A engenharia da obra de captação do Descoberto foi feita de uma maneira que a tomada fosse feita com profundidade, o que deixou pouco espaço para o volume morto.


Fonte: Correio Braziliense

Para conciliar saúde e ajuste fiscal

Ministério não é contra o acionamento da Justiça para assegurar o direito ao cidadão, no entanto, os custos desequilibram o planejamento

O Brasil enfrenta o grande desafio para voltar a crescer e ampliar o direito à saúde. Estamos em período de ajuste fiscal, o que exige um esforço ainda maior de gestão. Precisamos planejar melhor e valorizar os recursos disponíveis para ampliar a oferta de serviços. Todos reconhecem que o SUS é subfinanciado, assim como reconhecem a sua importância. Reforço o compromisso com a saúde pública, ciente de que a sustentabilidade do atual modelo requer uma administração mais eficiente.

Nos últimos cinco meses, o Ministério da Saúde mostrou que, com medidas de gestão, é possível ampliar serviços sem causar impacto no orçamento. Ao todo, R$ 1 bilhão foi economizado, resultado de negociação com fornecedores e melhorias na execução de serviços. Reduzimos em 20% os custos dos contratos na área de tecnologia, mantendo o escopo; economizamos 33% dos valores de serviços gerais como aluguéis e telefone; extinguimos 335 cargos DAS, de livre nomeação, e 88 funções gratificadas; e em 33 contratos de compra de medicamentos reduzimos os preços em até 39%.

Esse R$ 1 bilhão foi reaplicado na saúde. Financiamos 99 UPAs que estavam em funcionamento sem apoio do governo federal, sobrecarregando estados e municípios. Habilitamos novos serviços em 216 Santas Casas e hospitais filantrópicos e ampliamos em 7,4 milhões de unidades de medicamentos à população. Incorporamos o melhor medicamento do mundo para tratar HIV, o Dolutegravir, e, em 2017, vamos vacinar adolescentes contra meningite C e incluir meninos nas doses contra HPV.

Só é possível planejar bem quando temos segurança sobre onde e com o que estamos gastando. Elegi entre as minhas prioridades a melhoria das informações do SUS, para reduzir desperdícios e coibir fraudes. Lançamos um sistema mais moderno de prontuário eletrônico para que os gestores possam acompanhar o histórico dos pacientes nas unidades básicas de saúde, melhorando o atendimento ao cidadão. Também está em implantação o Conjunto Mínimo de Dados, plataforma que unifica nove sistemas, aprimorando a alimentação de dados da saúde. E seremos a primeira pasta a usar a biometria do Tribunal Superior Eleitoral para identificação de usuários do SUS.

Também avançamos na aproximação com o Judiciário. Fizemos parceria com o Conselho Nacional de Justiça para fornecer informações científicas e do SUS. O Ministério da Saúde não é contra o acionamento da Justiça para assegurar o direito ao cidadão, no entanto, os custos — que devem chegar a R$ 7 bilhões este ano — desequilibram o planejamento do gestor. É importante que essa harmonização entre Justiça e a Saúde produza bons resultados.

Nossas atitudes corroboram a orientação do governo federal de utilizar os recursos com mais eficiência e melhorar a entrega. Sem informação, não há gestão; sem gestão, não há planejamento; e assim continuaria o ciclo de maus gastos e despesas públicas no SUS. Acredito que, com bom controle do que acontece na ponta, seja possível produzir mais com o orçamento que já existe.

Fonte: O Globo - Ricardo Barros é ministro da Saúde


quinta-feira, 3 de novembro de 2016

Número de fuzis apreendidos pela polícia no estado subiu 60% em nove anos

Armas de guerra alimentam o poder de fogo de traficantes e milicianos

Na semana passada, dois homens, um deles com uma metralhadora, tentaram assaltar um ônibus na Avenida Brasil. Um acabou assassinado por um passageiro, que também estava armado e reagiu. A dentista Priscila Nicolau, de 37 anos, foi morta na segunda-feira por traficantes que fizeram 17 disparos, alguns de fuzis, contra o seu carro. Armas de guerra chegam cada vez mais ao estado para alimentar o poder de fogo de traficantes e milicianos. As apreensões de fuzis, por exemplo, saltaram de 214, em 2007, para 344, em 2015. Um aumento de 60% em nove anos. E não houve trégua em 2016: até setembro, foram retirados das mãos de criminosos 234 fuzis. 

Armas circulam cada vez mais no estado Foto de 06/06/2016 - Pedro Kirilos / Agência O Globo

A presença de um grande número de armas circulando no estado apareceu numa pesquisa inédita que o Instituto Sou da Paz acaba de concluir. Com informações das secretarias de Segurança dos estados do Sudeste, o levantamento revelou que, em 2014, o Rio teve a maior quantidade de fuzis recuperados pela polícia: 279. Em São Paulo, a polícia apreendeu 142; em Minas Gerais, 26; e no Espírito Santo, 31. 

DADOS PODEM ORIENTAR POLÍTICAS DE PREVENÇÃO
Os dados do levantamento “De onde vêm as armas do crime apreendidas no Sudeste?” poderão ser usados para orientar as políticas públicas de prevenção. — É um dado bastante significativo. Isto preocupa, pois essas armas e munições permitem que o crime enfrente a polícia e gere muita vitimização policial, de suspeitos e de terceiros não envolvidos, no que fica conhecido como “bala perdida’’. Principalmente pelo uso de armas que podem disparar rajadas e ter potência suficiente para atravessar paredes, sendo inapropriadas para uso em áreas populosas. Vale lembrar que o Rio é o estado em que mais morrem policiais afirmou Bruno Langeani, coordenador do Instituto Sou da Paz.

O estudo revelou ainda que quase a metade das armas apreendidas no Estado do Rio é de revólveres (47%), seguidos por pistolas (36%) e espingardas (9%). — Proporcionalmente, o Rio também lidera no Sudeste com o número de apreensões de pistolas. Elas representam um terço (35,9%) de todas as armas recolhidas na ilegalidade. Em São Paulo, esse percentual é de 27,8%; em Minas, de 9,9%; e no Espírito Santo, 14,2% — disse Langeani.

Em todos os estados, o calibre mais comum é o 38, de revólveres. Como há uma grande apreensão de pistolas, os segundos e terceiros lugares são ocupados pelos calibres 9mm e o 380. A grande quantidade de fuzis apreendidos no Rio não pode ser atribuída à eficiência policial. Em termos de números absolutos, Minas e São Paulo foram os estados com maiores apreensões de armas em geral: 18.560 e 17.932, respectivamente. Os pesquisadores também analisam os números relativos, ou seja, comparam a quantidade de armas apreendidas com a população. Nesse aspecto, Espírito Santo e Minas estão no topo do levantamento, com 108 armas e 89 armas para cada grupo de cem mil habitantes, respectivamente. O Rio ficou em terceiro, com a taxa de 52 armas por cem mil, e à frente de São Paulo, com 41.

Ao analisar a série histórica de apreensões, o Instituto Sou da Paz verificou que Rio e São Paulo têm tendências muito parecidas. O número de apreensões em 2003 (antes de o Estatuto do Desarmamento ser aprovado) era o dobro do que é registrado hoje. De lá para cá, os dois estados reduziram não só o número de armas recolhidas, mas também as taxas de homicídios. Minas e Espírito Santo têm um outro perfil. Os dois tiveram quedas menores depois da aprovação do Estatuto do Desarmamento e, a partir de 2007, vêm apreendendo mais armas.— No Espírito Santo, esse período de alta das apreensões também coincidiu com uma queda importante nos índices de homicídios — afirmou Langeani.

Uma face cruel da banalização do uso de armas pode ser verificada na estatística de balas perdidas no Estado do Rio: foram 846 mortos ou feridos este ano, uma média de três por dia, segundo dados da Polícia Civil. Uma das vítimas mais recentes foi Bruna Lace de Freitas, de 21 anos, que morreu na semana passada ao ser atingida dentro de casa, no Engenho da Rainha.

O novo secretário de Segurança do Rio, Roberto Sá, disse ao GLOBO que pretende criar um grupo de policiais para investigar como os fuzis estão chegando às mãos dos traficantes:
O número de apreensões de armas é tão grande e o número de fuzis apreendido no Rio é tão expressivo que prejudicam a imagem da cidade no mundo inteiro. São armas que aumentam o poder letal, aumentam a ousadia. Então, eu encomendei à polícia uma estratégia para dar dedicação exclusiva para os fuzis. Qual vai ser essa estrutura, eu não sei ainda. Eles podem me dizer que será a mesma que existe hoje, mas o que eu preciso é que se tenha um cuidado especial, específico, com relação aos fuzis. Temos que interromper a rota de fuzis para os traficantes.

RELATÓRIO PEDE CRIAÇÃO DE DRAE
O deputado estadual Carlos Minc (sem partido), que presidiu a CPI das Armas na Assembleia Legislativa, informou ontem que o relatório aprovado pelos deputados será entregue na próxima semana ao novo secretário. O documento destaca 47 recomendações e sugestões para reduzir o número de armas em circulação no estado. Uma delas é a recriação da Delegacia de Repressão a Armas e Explosivos (Drae). A unidade especializada é considerada pelos deputados fundamental para reprimir e investigar o roubo de armas no município. — Defendemos a recriação da Drae, especializada em investigar o tráfico de armas no estado. Também estamos sugerindo que a Secretaria de Segurança do Rio tenha acesso ao Sistema Nacional de Armas (Sinarm) da Polícia Federal. O novo secretário de Segurança disse, corretamente, que o foco dele será o controle de armas — afirmou Minc.

O relatório da CPI também cita o fim do controle manual das armas dos paióis da PM, com a informatização de todo o sistema, a instalação de câmeras de segurança nas unidades das forças de segurança, e que armas e munições compradas pelas polícias tenham numeração e códigos para eventual rastreamento, em caso de roubos ou desvios.  A rotina de tiroteios também se abastece desse mercado paralelo. Ontem, um novo confronto entre policiais e bandidos interrompeu o trânsito na Linha Amarela por meia hora. 

Fonte: O Globo



Dos males do antiamericanismo

A rigor, por causa disso acabamos por perder recursos e oportunidades

Na última década, fomos capazes de estreitar relações com Cuba, Iraque, Venezuela e Angola dentre outras nações vanguardistas do cenário político e econômico mundial –, mas não com os Estados Unidos. No mais emblemático dos casos desse período envolvendo uma eventual parceria com os americanos, fizemos questão de desqualificar o melhor produto, que concorria com preço competitivo. Os caças F/A-18 Super Hornet, da Boeing, preferidos pelos nossos militares, únicos testados com sucesso em combate, foram, primeiro, preteridos por causa de uma exigência de transferência de tecnologia (depois atendida pela empresa) e posteriormente, na falta de outra desculpa, por um suposto mal-estar provocado pelo vazamento de práticas de espionagem do governo americano no caso WikiLeaks.

Se não é exatamente uma surpresa os governos do PT terem certa ojeriza dos ianques, é interessante perceber que nosso sentimento antiamericano vai além dos simpatizantes das ideias socialistas e afins. Embora não difundido por toda a população, esse sentimento extrapola a classe dos nossos políticos – quase todos autoproclamados de esquerda ou centro-esquerda – e se estende principalmente pelas camadas ditas mais esclarecidas, particularmente entre acadêmicos e “intelectuais” diversos.

Há 20 anos, Alvaro Vargas Llosa, Plinio Mendoza e Carlos Alberto Montaner lançaram o Manual do Perfeito Idiota Latino-Americano, que trata com muita inteligência e ironia das crenças predominantes nesta região do mundo sobre as causas de nossa pobreza e nosso atraso. Nele retratam que nenhum preconceito, ressentimento ou desculpa pelos nossos fracassos é tão difundido quanto o antiamericanismo, dado que por estas bandas os americanos são considerados não apenas como a quintessência dos valores burgueses e do liberalismo, mas também do consumismo e da exploração imperialista dos fracos da Terra. 


Segundo eles, as origens dessa crença – dos Estados Unidos como fonte primal dos nossos males se encontram na cultura hispano-católica, na visão econômica nacionalista ou marxista, na história de conflitos armados entre os EUA e os países ao sul e ainda em sentimentos antagônicos de inveja e admiração.

Em nosso caso, seria cabível desprezar o elemento bélico – seguramente nunca entramos num embate com os gringos; mas talvez acrescentar aquele fator de ordem acadêmica, dada a inclinação histórica de boa parte dos nossos professores e doutores – em especial nas universidades públicas – por autores europeus. Principalmente a França, a Alemanha, a Itália e mesmo a Inglaterra sempre foram olhadas – certamente com razão – como fontes inequívocas e legítimas de teorias, conceitos, estudos e análises, sem as reservas não raramente dirigidas aos americanos. Em minha prosaica, embora longa, passagem – de 1980 a 2005 – pela Universidade de São Paulo fui beneficiado pela frequente exposição às ideias e obras de europeus, porém desproporcionais reduzidas vezes aos acadêmicos e pensadores dos Estados Unidos. Ao menos em minha vivência, essa predileção pelos europeus se fazia presente nas aulas ligadas aos mais diversos temas. Para minha sorte e melhor formação, fui orientado por um excepcional professor que não sofre e nunca sofreu desse viés, ele mesmo estudou na californiana Stanford University durante seu doutorado.

Voltando aos dias de hoje, é verdade que a prática se tem imposto ao pensamento antiamericano com significativa força: são centenas de milhares de brasileiros que estudaram e estudam nos EUA, o número de turistas brasileiros por lá é da ordem de mais de 1 milhão/ano, são também cerca de 1 milhão os brasileiros que migraram para lá e a grande maioria dos 85% de conteúdo internacional das TVs por assinatura no País vem dos Estados Unidos, apenas para citar alguns números. Por outro lado, embora ainda uma das oito maiores economias do mundo, o Brasil é destino de apenas 2% das exportações dos EUA (11.ª posição) e apenas 1% da origem das importações americanas (17.ª posição).

A rigor, com nosso antiamericanismo acabamos por perder recursos e oportunidades. Perdemos recursos porque poderíamos intensificar e tornar mais vantajosas as trocas comerciais entre os dois países e também perdemos oportunidades de desenvolvimento de nossa sociedade por deixarmos de admitir que temos o que aprender com eles em inúmeras frentes, como educação, tecnologia, economia, infraestrutura, gestão pública e cidadania.

Ninguém precisa admirar a Associação Nacional do Rifle ou gostar de Donald Trump, mas ignorar a priori todas as contribuições e os avanços americanos é um total nonsense. Seria importante que, ao menos a partir de agora, tivéssemos uma posição estruturada, institucional, constante e atuante a favor do estreitamento e fortalecimento da relação Brasil-Estados Unidos. Os primeiros sinais da nova fase do Ministério das Relações Exteriores parecem muito promissores. Que a tendência prossiga e independa deste ou daquele titular do Itamaraty.

Para finalizar, vale a pena resgatar uma história que novamente tem que ver com aviões: em 1943 e 1944, Casimiro Montenegro, militar e aviador, fez uma série de visitas ao Massachusetts Institute of Technology, o MIT, com a ideia de desenvolver a Aeronáutica no Brasil. Com a colaboração do chefe do Departamento de Engenharia Aeronáutica do MIT, Richard Habert Smith, concebeu o Instituto de Tecnologia Aeronáutica (ITA), que viria a ser fundado em 1950. Como consequência direta da existência do ITA, e tendo-o como condição sine qua non, surgiu em 1969 a Embraer, das mãos de um grupo de iteanos liderado por Ozires Silva. Passados quase 50 anos, a Embraer é hoje uma das quatro maiores empresas de aviação civil do planeta, na companhia da americana Boeing, do consórcio europeu Airbus e da canadense Bombardier.


 
Fonte:  Fabio Biazzi - Engenheiro de produção, doutor em engenharia pela USP, diretor executivo e consultor de gestão, é professor de liderança e comportamento organizacional do MBA executivo do Insper

RIO: 3.087 PMs mortos em 22 anos = mais de 140 por ano - mesmo período 13.735 feridos = mais de 600 por ano

Rio teve 3.087 mortes de PMs em 22 anos

Coronel diz que, no mesmo período, houve 13.735 feridos

[e as tais ONGs dos DIREITOS HUMANOS para bandidos ainda diz que a Polícia do Rio é violenta.
E tem um detalhe: sempre que a PM abate um bandido, leva vantagem em um confronto, aparece os urubus das tais ONGs e alguns autoridades - na maioria da própria polícia - para condenar os PMs que participaram da operação por não terem deixado que os bandidos os matassem.]
Um levantamento feito pela PM mostra que 3.087 policiais militares foram mortos de 1994 a 2015 no Estado do Rio. Segundo o chefe do Estado-Maior do Comando de Policiamento Especializado, coronel Fábio Cajueiro, em termos percentuais, o número de mortos na corporação é maior que o de baixas nas Forças Armadas dos Estados Unidos em qualquer guerra de que o país participou, incluindo a Primeira e a Segunda Guerras Mundiais. — Nestes 22 anos, 90 mil homens serviram na PM e morreram 3.087, uma taxa de 3,43%. Na Primeira Guerra Mundial, a taxa de mortalidade dos militares americanos foi de 2,46%. Ou seja, é muito mais perigoso ser policial no Rio do que fazer parte do Exército americano diz Cajueiro.
 
Enterro do Policial Militar Renato Liberato Neto, morto ao reagir a assalto no Centro do Rio - Fábio Guimaraes / Extra

MORTES NA HORA DA FOLGA
Segundo a deputada estadual Marta Rocha (PDT), ex-chefe da Polícia Civil, os agentes morrem mais quando estão de folga do que em serviço. Foi o caso do policial civil Alexandre Corrêa, morto anteontem em São Cristóvão. -  Quando o policial está de folga e presencia um crime, ou é vítima, ele precisa intervir, não pode fingir que não vê. Isso está na natureza dele, na sua vocação. Ele não é policial apenas no momento em que está na delegacia ou no batalhão. Além disso, se ele deixar de intervir e alguém o identificar como policial, com certeza ele vai ser cobrado — disse a deputada.

Para a delegada Marta Rocha, é preciso que o governo do estado faça um estudo mais aprofundado sobre o que provoca a morte de tantos policiais nas ruas do Rio: — Falta um estudo real para demarcar dias, horários e locais dessas mortes, para que seja feito um mapeamento, uma análise mais completa sobre o que está atingindo esses homens. É preciso conhecer melhor esse fenômeno. Apenas assim, será possível tomar medidas eficazes para resolver o problema.

Fonte: O Globo


Ajuste, por bem ou por mal

Número de funcionários nos municípios simplesmente dobrou. E os salários reais, em média, subiram coisa de 50%

É difícil tirar uma tendência de eleições municipais num país tão amplo e tão diversificado. Mas, observando os principais centros políticos, as capitais estaduais e as cidades mais dinâmicas e de maior peso regional, pode-se dizer que a agenda de esquerda — a ideia de que o governo e suas estatais podem tudo — foi dizimada. Quanto à agenda liberal, o seu contrário, não se pode dizer que teve uma vitória esmagadora. Mas é certo que avançou em boa parte do país. 

Essa discussão, no fundo, é a seguinte: o que fazer no pós-PT? Debate, aliás, que envolve até a esquerda. Como sobreviver sem o PT e, sobretudo, sem Lula, que está com seus dias políticos contados?  É verdade que tal discussão não apareceu explicitamente em boa parte dos municípios. Mas dava para perceber. Por exemplo, quando os candidatos petistas e/ou de esquerda esconderam a estrela, Lula e Dilma, estavam dizendo que uma era havia acabado. Quando candidatos de diversos partidos se diziam “não políticos”, estavam refletindo a crítica ao excesso de Estado, aos aparelhamentos. E, sobretudo, quando candidatos ao centro prometiam diminuir a máquina e cortar cargos, estavam apontando para o necessário ajuste de contas. Na mesma direção, muitos falaram de necessidade de parcerias com o setor privado para novos investimentos.

Os prefeitos eleitos que não trataram desses temas vão encontrá-los em janeiro na forma de uma dura realidade. Os municípios estão quebrados. Há exceções, claro. Há cidades médias bem administradas e, sobretudo, há municípios que têm boa capacidade econômica para gerar receitas e atrair investimentos privados. Mesmo esses, porém, estão necessariamente em regime de restrição. Os problemas estão ali onde os políticos menos gostam: no próprio setor público e, dentro deste, na folha de pessoal.

De 2001 para cá, surfando na bonança econômica que trouxe expressivos ganhos de receita para os governos federal, estaduais e municipais, o setor público gastou boa parte disso contratando pessoal e concedendo aumentos salariais.  O número de funcionários nos municípios simplesmente dobrou nesse período. E os salários reais, em média, subiram coisa de 50%. No geral, os prefeitos, como muitos governadores, administraram como se nunca houvesse a possibilidade de uma redução nas receitas. Era como se todo ano houvesse mais dinheiro que no anterior.

Ou seja, querendo ou não, os prefeitos eleitos terão diante de si um ajuste fiscal. A reação imediata de muitos deles, talvez da maioria, é correr para Brasília. Podem levar alguns trocados, mas nada que resolva, dada a situação de penúria também do governo federal.
A alternativa é dura: ou fazem o ajuste ou logo faltará dinheiro para pagar as contas do dia, inclusive salários, o que já ocorre em algumas cidades.

Dito de outro modo, a agenda liberal é inevitável: enxugar a máquina, cortar gastos de investimento e custeio, dar um jeito de segurar a folha nada de novas contratações e reajustes de salários buscar eficiência na gestão, concentrar o dinheiro que tiver em saúde e educação e chamar o setor privado para as necessárias obras.  Quem não fizer isso vai fracassar. Quem fizer, terá de ser muito bom político para vender a agenda como positiva, ao menos no início da gestão. Esse tipo de programa impõe sacrifícios na partida, deixa a administração com alguma folga nos anos finais, os mais perto da nova eleição municipal e no momento do pleito nacional e estadual.

Tudo considerado, temos um período interessante pela frente. O PSDB, o grande vencedor, terá de mostrar que toca efetivamente uma agenda liberal e exibir resultado nas principais conquistas, como a cidade de São Paulo. É com elas que vai se apresentar em 2018. O DEM renasceu e vem forte com alguns nomes importantes, a começar pelo prefeito de Salvador, ACM Neto. O PMDB, bem, todos sabem, buscará a agenda mais adequada para o momento, que é a do ajuste.

Os demais partidos, os pequenos, que tiveram boas vitórias serão testados. Na verdade, não os partidos, mas os prefeitos pessoalmente, já que, para eles, a fidelidade partidária não existe.  O Rio com Crivella e o projeto evangélico é um caso à parte. Vai depender de como andar a administração. O PT? Parte quer simplesmente deixar e/ou acabar com a legenda. Outra parte quer que o partido se legitime como esquerda socialista, declarando-se pela extinção do capitalismo. Se for assim, uma parte acaba, a outra vai para o gueto da esquerda. 

A ver.

Fonte: Carlos Alberto Sardenberg - http://www.sardenberg.com.br/


quarta-feira, 2 de novembro de 2016

Com acordo, Marcelo Odebrecht deve ficar preso até fim de 2017

A defesa do empreiteiro conseguiu a redução da pena alegando que, diante do conteúdo apresentado pelo empresário em delação, a condenação era muito rígida

Os advogados da empreiteira Odebrecht e o Ministério Público Federal (MPF) fecharam um acordo para que o empreiteiro Marcelo Odebrecht, permaneça preso em regime fechado até dezembro de 2017, segundo a edição do jornal Folha de S. Paulo desta quarta-feira.

Na negociação de delação premiada, os procuradores da força-tarefa da Operação Lava Jato e os representantes do empreiteiro acertaram que a pena total será de dez anos, sendo dois anos e meio em regime fechado. Marcelo está preso desde junho do ano passado na Superintendência da Polícia Federal, em Curitiba, sob suspeita de envolvimento no esquema de desvios da Petrobras. Esse período de um ano e quatro meses será descontado da pena total, de acordo com pessoas ligadas às negociações.

O empresário entraria em progressão de regime no final de dezembro de 2017 – cumprindo pena no regime semiaberto, aberto e domiciliar. Em março, o juiz federal Sergio Moro, responsável pelos processos da Lava Jato na primeira instância, condenou Odebrecht a 19 anos e quatro meses de prisão por corrupção, lavagem de dinheiro e associação criminosa.

A defesa do empreiteiro conseguiu a redução da pena alegando que, diante do conteúdo apresentado pelo empresário em delação premiada, a condenação se mostrava muito rígida. 

A delação de Marcelo Odebrecht, conforme revelou VEJA, envolve os ex-presidentes Dilma Rousseff e Luiz Inácio Lula da Silva, o atual, Michel Temer, os tucanos, José Serra, Aécio Neves e Geraldo Alckmin, além de peemedebistas fortemente ligados a Temer, como o senador Romero Jucá e o ministro Geddel Vieira Lima, e os dois principais nomes do PMDB no Rio de Janeiro: o prefeito Eduardo Paes e o ex-governador Sérgio Cabral.

A expectativa é que o acordo de delação seja assinado até o fim deste mês – mais de 50 executivos e funcionários da empresa negociam com a Procuradoria-Geral da República (PGR) e com a força-tarefa da Lava Jato. A Odebrecht informou que não vai se pronunciar sobre a data em que Marcelo Odebrecht deixará o regime fechado.

Fonte: VEJA

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Afinal, quem inventou o avião?

No domingo, completaram-se 110 anos do histórico voo de Dumont com o 14 Bis.  

Entenda por que o brasileiro seria o Usain Bolt da aviação, enquanto os Wright ganharam mérito apenas por um feito duvidoso, realizado às escondidas (como um atleta que diz superar Bolt, sem se exibir a ninguém)


Agora, ao se pensar em Dumont, a primeira questão que vem à cabeça é: foi ele mesmo quem criou o avião? Alguns (em especial, americanos e brasileiros com síndrome de vira-lata, que gostam de rejeitar os heróis nacionais) defendem que, na real, foram os irmãos americanos Wright. Há, ainda, os que apontam o francês Clément Ader, responsável por cunhar o termo “avião” e que afirmava que fazia, ainda no século XIX, experimentos secretos com máquinas do tipo para militares de seu país. E aí, como fica?

Defendo a tese defendida por dois biógrafos ouvidos por mim, o holandês Albert Chapin e o brasileiro Henrique Lins de Barros: não há um pai da aviação, ou do avião. Na indústria da tecnologia, são raros os momentos históricos nos quais se atribui uma invenção a somente um nome.

Exemplo: se perguntarem pelas ruas quem criou o smartphone, muitos indicarão, de pronto, Steve Jobs. O mesmo nome seria destacado em relação ao primeiro computador pessoal. Contudo, veja só, já se idealizavam misturas de telefones com computadores desde a década de 1900, em ideias capitaneadas por gente do calibre de Nikola Tesla. Nas lojas, existem smartphones desde os anos 90. Só que foi Jobs quem deu a cara que conhecemos ao aparelho e o tornou viável para o dia a dia, com seu iPhone.

O mesmo vale para o computador pessoal, esse que colocamos em nossas mesas de trabalho. Seria errado esquecer, por exemplo, da famosa The Mother of All Demos (A Mãe de Todas as Demonstrações), na qual, já em 1968, o americano Douglas Engelbart (muito antes de Jobs) exibiu como funcionaria um PC (com mouse e tudo). Acabou o mérito de Jobs? Claro que não, pelo contrário. Mais uma vez foi ele, ao lado de outro Steve, o Wozniak (Woz, pros íntimos), quem deu forma à invenção e à levou ao público.

O que isso tem a ver com o avião? “Há vários pais das aeronaves e da aviação, em geral”, simplificou Chapin, biógrafo de Dumont. “Um inventava uma coisa ali, outro acrescentava um novo elemento, até o negócio decolar”, acrescentou. No caso do 14 Bis, de Dumont, o brasileiro misturou invenções alemãs, francesas e americanas (incluindo dos Wright) para criar sua máquina voadora. Assim como ele emprestava seus inventos (em opção que hoje seria tido como bem contemporânea, mas vista como inocente no início do século XX), sem cobrar pelas patentes, a colegas aviadores. Todos esses, por exemplo, devem muito a outro brasileiro, Bartolomeu Lourenço de Gusmão – que, em 1709, demonstrou à corte portuguesa o funcionamento de seu invento, o balão.

Entretanto, o povo adora ter 1 inventor. Somente 1. Não 2, 3, 4… Cai bem para os livros de história, certo? Se for assim, Dumont é o nome. Não Clément Ader, muito menos os Wright. Na reportagem de VEJA, destacam-se infográficos que comprovam o ineditismo do brasileiro.

Primeiro, por que não Ader, que, em termos de datas, seria o pioneiro:
— não se sabe se as aeronaves dele eram dirigíveis (ou seja, se podiam ser guiadas ou se voavam sem controle);
— nem se podiam decolar e pousar sozinhas;
— muito menos se eram seguras;
— e, isso tudo, por ele não ter feito exibições públicas ou, ao menos, a comissões de especialistas em aviação (requisitos para qualquer experimento científico que se preze).


Aí, no início da década de 1900, criaram-se as regras claras para o que seria definido, afinal, como um avião (ninguém tinha visto um, logo era impossível saber ao certo)
Deveria decolar por meios próprios, sem o uso do impulso do vento ou de outros aparelhos; 
Precisaria voar ao menos 100 metros, sem acidentes; 
O pouso (e, também, a decolagem) tinha de ser em terreno plano e horizontal, novamente sem ajuda externa 
Caberia a uma comissão de especialistas observar e avaliar o feito.
“Funcionava como na Olimpíada”, pontuou o biógrafo Henrique Lins de Barros. “Se o Usain Bolt corre, mais rápido que qualquer um, 100 metros, na frente do público, em evento especial, acompanhado por pessoas que medem a performance, atesta-se a façanha e ela vira um recorde”, completou. “Agora, se um atleta diz, só diz, que foi bem mais veloz correndo 100 metros na frente de sua casa, sem testemunhas que valham, além de familiares, amigos e afins… isso não vale”.

Os Wright se encaixam na segunda categoria. A começar, a única prova de que eles voaram antes veio deles mesmo, num telegrama. De testemunha, só tinham familiares e funcionários contratados pela dupla. Nada de especialistas, a não ser os próprios Wright. Ainda assim, eles demoraram anos para avisar ao mundo que teriam cumprido com o objetivo.

Alguns defendem que o sigilo se devia a quererem vender o projeto. Pois bem, a maior organização francesa de aviação ofereceu uma fortuna (novamente, confira na reportagem de VEJA) para que eles o demonstrassem em público. Recusarem. Na sequência, contudo, aceitariam vender, por bem menos, o projeto, para a mesma instituição (que não quis). Só que havia um grande “porém”, no período: o avião deles só decolaria ou com um impulso externo (como uma catapulta), ou com a ajuda de um vento a 40 quilômetros por hora (a exemplo de um planador), como se fez na primeira viagem deles, em 1903.

Ou seja, o aparelho dos Wright não atendia aos critérios científicos estabelecidos. Indo além, dentro das especificações, não seria muito distinto dos que Clément Ader alegava (assim como alegavam os Wright) ter fabricado, bem antes. Os americanos, portanto, equivaleriam a um atleta que diz, só diz, ter superado Bolt, às escondidas, correndo em frente a amigos.
Em 2003, americanos tentaram reproduzir o voo dos Wright, no vídeo deste link. Note como o Flyer dos irmãos só sai do chão, por pouquíssimo tempo, com a ajuda de um vento a 30 quilômetros por hora (no caso de Dumont, essa não era uma necessidade, pois a máquina decolava com o torque do próprio motor) #

Mesmo assim, termino retomando a ideia inicial: na real, não existe um pai da inovação. Tratou-se de uma colaboração. Agora, se é para entrar nos livros de história, o mérito é de Dumont. Ponto. Assim como uma glória bem maior dele: a de, cinco anos antes, em 1901, ter sido o primeiro ser humano a realmente controlar um objeto voador, circundando a Torre Eiffel com seu dirigível nº 6.

Aceitem, brasileiros. Essa honra – e o polêmico herói que a fez – nos pertence.

Nesta semana, assino uma reportagem biográfica sobre o genial brasileiro Alberto Santos Dumont, em razão dos 110 anos de sua decolagem com o 14 Bis e dos 115 de seu voo de dirigível em torno da Torre Eiffel – no link, um gostinho da matéria; na íntegra, na revista que está nas bancas.  

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