Desligado do governo após ficar meses sem funções, ele não conseguiu neutralizar Carlos Bolsonaro nem diminuir a hostilidade com a imprensa
[o cargo de porta-voz é importante, essencial mesmo, para o governo Bolsonaro neutralizar as provocações da imprensa.
O gênio do presidente o leva a tornar pessoal perguntas feitas com o objetivo de provocá-lo.
Já perguntas ao porta-voz e por ele respondidas dão neutralidade.
E o general Rêgo Barros além de excelente comunicador, mostrou que estratégia também tem vez na comunicação - notem o próximo parágrafo.]
A trajetória do general Otávio Rêgo Barros como porta-voz do governo de Jair Bolsonaro chegou ao fim na noite desta quarta-feira, 26. Demitido após ficar meses sem exercer funções públicas, o militar foi escanteado diante da dificuldade que o presidente nutre em agir de acordo com o cargo que ocupa. Rêgo Barros deixa o posto acumulando constrangimentos com a família Bolsonaro e sem ter conseguido acabar com os constantes ataques feitos pelo presidente à imprensa.Rêgo Barros ingressou no governo em janeiro do ano passado com a missão de acabar com o clima de campanha que marcava o início do governo Bolsonaro. No currículo, ele trazia a experiência de ter revolucionado a comunicação do Exército, transformando a corporação na instituição federal com maior número de seguidores na internet. Também teve atuação destacada ao lado do ex-comandante Eduardo Villas Bôas, a quem aconselhou a divulgar o controverso tuíte de “repúdio à impunidade” às vésperas do julgamento de um habeas corpus do ex-presidente Lula no STF, em abril de 2018.
No governo, Rêgo Barros sugeriu que Bolsonaro fizesse transmissões ao vivo nas redes sociais para se comunicar diretamente com o eleitorado. As lives são até hoje um dos principais mecanismos de comunicação do presidente. O general assumiu as funções de transmitir boletins diários com a visão oficial do governo sobre os mais diversos assuntos e tentou construir pontes para melhorar a relação institucional com a imprensa. Foi por conta dessa que seu trabalho começou a ser mal visto pela ala ideológica da administração, capitaneada pelo vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ).
Os constrangimentos começaram quando Rêgo Barros começou organizar cafés da manhã para Bolsonaro se encontrar com jornalistas. As reuniões foram um desastre e ficaram marcadas pelas pérolas ditas pelo presidente, como a afirmação de que no Brasil não existia fome. No caso mais ruidoso, Bolsonaro usou a expressão xenófoba “de paraíba” para se referir ao governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB). As críticas cresceram de tal forma que Carlos Bolsonaro entrou em ação e criticou o porta-voz nas redes sociais. Foi a deixa para o fim dos cafés da manhã.
Antes de entrar para o governo, Rêgo Barros estava em vias promovido para o posto de general quatro estrelas, o mais alto da hierarquia no Exército. O Alto Comando, no entanto, optou por enviar um sinal de independência em relação ao governo e preteriu o porta-voz na leva de novas promoções, o que o levou a passar para a reserva da corporação.
VEJA - Blog Maquiavel
Nenhum comentário:
Postar um comentário