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quinta-feira, 19 de dezembro de 2019

Um disfarce para recriar a CPMF? Ou não?


O uso do celular para efetuar pagamentos não difere, para fins de tributar transações financeiras, do emprego de outros meios como o cartão de crédito

O ministro da Economia, Paulo Guedes, reiterou a decisão do governo de não recriar a CPMF, mas ao mesmo tempo anunciou que se estuda a instituição de um imposto sobre transações digitais. Em entrevista coletiva, usou como exemplo o que entende como novidade dos dias atuais. Seria o pagamento de contas por meio do celular, que pode completar a transação por simples aproximação com a “maquininha”. O ministro avisou que ainda não tem detalhes da proposta.

Na verdade, está generalizando-se o uso do celular em substituição ao cartão de crédito para efetuar pagamentos no Brasil. Calcula-se que mais de 80% das “maquininhas” já estejam habilitadas a completar as transações sem uso do cartão de crédito. Pelo lado da base tributária, a proposta de Guedes nada diferiria da extinta CPMF. [Presidente Bolsonaro, certamente quinta-coluna é um termo bem conhecido.
E o senhor tem um dos seus ministros como quinta-coluna em seu governo.

- Com certeza é do seu conhecimento que o Marcos Cintra, aquele ex-integrante do seu governo e fissurado pela volta da maldita CPMF, agia como pau-mandado do ministro Paulo Guedes.

- Temer deu uma pisada feia nos tomates quando liberou preços diferenciados para venda a dinheiro e no cartão de crédito - o resultado foi a fantástica economia de R$0,04 no litro de gasolina pago em dinheiro vivo; 
só serviu para criar filas em posto de combustível, especialmente em locais em que abastecer  R$20,00 é rotina = economia um pouco inferior a R$ 0,20;

- agora o Guedes, do alto do seu liberalismo, tabela o cheque especial e se sabe o resultado = quem precisa do cheque especial para completar o salários, vai continuar usando.
Os que não precisam, tem aquele crédito devido os bancos ofertarem, vai cancelar - é praxe este cliente valorizar dinheiro, especialmente na hora de gastar sem necessidade.

- não satisfeito, o quinta-coluna governista quer punir os que usam recursos modernos, meios digitais, para efetuar movimentação financeira.
Não é novidade que a digitalização nos países modernos reduz custos - no Brasil aumenta os custos.

- Vamos ser CONSERVADORES - tenho orgulho de ser um - mas, CONSERVADORES no sentido de preservar FAMÍLIA, a MORAL, os BONS COSTUMES, a VIDA, e outros VALORES que são caros às famílias e a Pátria Amada, mas, vamos aceitar meios modernos que barateiem os custos e facilitem o progresso.]


Tanto faz a forma como se efetua o pagamento, se pelo celular, por cartão de crédito, por transferência bancária ou por cheque. O lançamento será feito na conta do titular, caracterizando a movimentação financeira objeto da tributação. Visto desse ângulo, o novo tributo seria um disfarce para recriar a CPMF.

Se assim for, a ideia teria tudo para fracassar. As pessoas e as empresas evitariam transações digitais e voltariam a usar o cartão de crédito e outros meios. Além do efeito negativo da recriação de um tributo disfuncional e causador de ineficiências na economia, a medida constituiria um retrocesso. As pessoas se organizariam para fugir das transações digitais, retornando à utilização de métodos menos eficientes.

Como o ministro não seria ingênuo a ponto de tentar ludibriar os contribuintes com um disfarce para recriar a CPMF, pode-se especular que sua ideia teria a ver com a reforma da tributação do consumo, ora sob exame do Congresso e do governo. Estuda-se a substituição de cinco impostos atuais – IPI, PIS, Cofins, ICMS e ISS – por um tributo sobre o valor agregado, que se chamaria Imposto sobre Bens e Serviços – IBS.

Os técnicos envolvidos no processo examinam uma forma de tributar o valor agregado no momento da liquidação financeira da operação. Seria uma forma de simplificar a cobrança sem custo adicional para o consumidor e sem causar as distorções econômicas como seriam as decorrentes do uso da CPMF.  Seja como for, é preciso esperar que o Ministério da Economia venha a público para detalhar, se for o caso, como funcionaria a ideia do ministro Guedes. Mas é também preciso ficar atento para identificar eventuais truques para recriar a CPMF.

Blog Mailson da Nóbrega - por Mailson da Nóbrega, colunista - VEJA

domingo, 13 de outubro de 2019

A banca viciou-se nos juros altos - Elio Gaspari

Folha de S. Paulo - O Globo

Bancos lucram tanto com quem paga que isso compensa calotes que tomam

A Selic está em 5,5% ao ano, mas a mordida dos juros do cartão de crédito cresceu quase 10%

O economista-chefe da Febraban, Rubens Sardenberg, fez uma estranha associação entre os juros altos da banca e a situação da economia:
“O aumento da inadimplência, a queda lenta do desemprego e o baixo crescimento da renda criam alguma cautela do ponto de vista de quem está concedendo o crédito”. 

A cautela poderia levar a uma menor oferta de crédito, não a uma subida nas taxas de alguns empréstimos. A Selic está em 5,5% ao ano, algumas taxas caíram, mas a mordida anual dos juros do cartão de crédito parcelado foi de 163,1% para 177,3%. [a taxa do cheque especial do BB, para clientes 'estilo', com limite acima da média, não utilizado, apresenta CET mensal de 12,80% e anual 323%.]
Indo-se ao livro “Uma chance de lutar”, a autobiografia da senadora Elizabeth Warren, candidata a presidente dos Estados Unidos pelo partido Democrata, vê-se a seguinte cena:
Pouco antes da crise de 2007 ela deu uma palestra para executivos do Citibank e disse que eles poderiam conter as inadimplências (e as bancarrotas familiares) parando de emprestar a quem estava em dificuldade
Ao que um dos caciques presentes tomou a palavra:
“Professora Warren, gostamos muito de sua exposição, mas não temos a intenção de parar de emprestar a essas pessoas. São eles quem garantem a maior parte de nosso lucro.” 

Cobrando juros altos para quem parcela as dívidas do cartão de crédito, a banca lucra tanto com quem paga que isso compensa os calotes que toma. O Citi continuou apostando e nunca mais convidou a professora Warren. Em 2008, o banco foi às cordas, salvou-se com um socorro de US$ 20 bilhões da Viúva e hoje é uma sombra do que foi. Já a professora, elegeu-se senadora e lidera (por pouco) algumas pesquisas de preferências entre os candidatos do partido Democrata.

(...)
 
Não sou o Macri
Bolsonaro tem repetido um bordão sempre que um çábio da ekipekonômica pretende ensinar-lhe o que fazer:
“Eu não sou o Macri”.
O presidente argentino Mauricio Macri fez o que os çábios recomendavam e está terminando o mandato com falta de votos e excesso de apupos. 

Por mais que o bordão pareça categórico, resta saber quem é Jair Bolsonaro.
Os çábios liberais garantem que Macri fritou-se por não ter feito tudo o que propunham, mas é possível que eles estejam tomados pela Síndrome de Minoru Genda.
Genda foi o oficial da Marinha japonesa que em 1941 planejou o ataque à base americana de Pearl Harbor e forçou sua entrada na Segunda Guerra Mundial.

Até morrer, em 1989, o almirante Genda garantia que o ataque foi uma boa ideia, que só deu errado porque faltou completá-lo com um segundo bombardeio.
Quem sofre da Síndrome de Minoru Genda nunca admite que teve um má ideia. Sempre atribui a derrota a quem decidiu não radicalizar uma iniciativa que, desde o início, daria errado. 

Aras em Roma
Aproveitando sua passagem por Roma, o procurador-geral Augusto Aras precisa pedir a proteção de Santa Dulce dos Pobres e aos santos de todos os altares da basílica de São Pedro. 

O doutor ainda não teve tempo de mostrar a que veio e já pegou duas lombadas.
Faltou pouco para que sua romaria fosse paga pela Viúva. Nomeou um general para sua assessoria especial de assuntos estratégicos (ganha uma viagem a Caracas quem souber para que serve isso numa procuradoria-geral) e exonerou-o oito dias depois.
A PGR informou que a exoneração se deu porque em uma semana ele cumpriu a sua missão. Fica combinado assim. [Aras pagou sua própria passagem e demais despesas;
Também foram ao Vaticano Alcolumbre e Maia - quem bancou passagens e demais despesas? 
 
O poderoso Nabhan
Apesar de sua tumultuada passagem pelo Exército, o capitão Jair Bolsonaro aprendeu as lições da hierarquia.
O presidente da União Democrática Ruralista, Luiz Antônio Nabhan Garcia, foi um dos seus primeiros aliados, defendeu a saída do Acordo de Paris e a fusão do Ministério da Agricultura com o do Meio Ambiente e poderia ter sido nomeado para o cargo. Não o foi, e ficou com a Secretaria Especial de Assuntos Fundiários.

Em dez meses, detonou os generais que haviam sido colocados na Funai e no Incra. O general da Funai disse que ele “odeia os indígenas”, e o do Incra disse que havia se tornado uma “pedra no sapato” de “verdadeiras organizações criminosas”.
Nabhan é um litigante por temperamento, mas a ministra da Agricultura é a doutora Tereza Cristina. Se a hierarquia prevalecer, ele acabará entendendo isso.
 
Coluna em Folha de S. Paulo e O Globo - 13 outubro 2019 - Elio Gaspari, jornalista
 
 

sábado, 12 de outubro de 2019

‘Regras do cheque especial e do cartão vão mudar’, diz presidente do BC - VEJA

Por Thiago Bronzatto

Roberto Campos Neto também quer acelerar a votação do projeto de autonomia da instituição e diz que a tecnologia aumentará a competição entre os bancos

Na ampla sala de reuniões do edifício-sede do Banco Central, em Brasília, os membros do Comitê de Política Monetária (Copom) definem a cada 45 dias a taxa básica de juros, a chamada Selic. Ela vem caindo sucessivamente e no último encontro, realizado em setembro, o indicador foi fixado em 5,5%, o menor da história. Para Roberto Campos Neto, que está no comando do BC desde fevereiro, os benefícios dessa política vão chegar mais rápido ao bolso dos consumidores com o aumento da competição entre as instituições financeiras e a popularização de novas tecnologias no setor. “Alguns já são perceptíveis, como a queda dos juros de financiamentos imobiliários”, afirma o presidente do BC, que é neto do ex-ministro Roberto Campos. O economista de 50 anos deixou para trás uma longa carreira no setor privado para, segundo ele, ajudar o governo a implementar a agenda liberal. Nessa linha, Campos Neto conta que vem conversando com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, a fim de tentar colocar em breve na pauta do Congresso o projeto de autonomia do BC. Confira a seguir os melhores trechos da entrevista.

Apesar da queda da Selic, os juros do cheque especial e do cartão de crédito continuam subindo. Qual a explicação para isso? 
 Esse é um tema muito importante. Se pegarmos os juros de crédito imobiliário, veremos que já há banco oferecendo abaixo de 7,5%. Acho que hoje o Brasil tem um crédito imobiliário bastante competitivo. [Juros baixos no crédito imobiliário não significam redução substancial de juros, da mesma forma que no crédito consignado para servidor público - as garantias são sólidas, risco mínimo.
O que o cidadão precisa é de juros baixos no capital de giro, financiamentos de veículos e especialmente no cheque especial e cartão de crédito; 
no BB, o cheque especial para cliente estilo - uma categoria de cliente 'especial' (não se sabe para cobrar mais caro ou por outra razão) está com a CET superior a 300% = quase cem vezes a inflação anual.]
 Os juros de capital de giro, de financiamento de veículos e de consignado também vêm caindo consistentemente. O mesmo não acontece com o cheque especial e o rotativo do cartão. Eles não só não têm caído como, na ponta, têm subido. Precisamos reinventar esses produtos. O que acontece na prática com o cheque especial é que, quando um cidadão tem um limite alto e não o usa, isso tem um custo para o banco. Então, na verdade, hoje quem utiliza o cheque especial e o rotativo do cartão de crédito está pagando por quem não usa. Precisamos consertar isso. Algumas propostas para corrigir essa distorção estão sendo estudadas e serão anunciadas em breve.

Segundo muitos especialistas, a pouca competição dentro do setor financeiro dificulta a queda dos juros de mercado. O senhor concorda com isso? 
Vemos que na parte de meios de pagamento, em que houve mais digitalização e mais avanço em tecnologia, verifica-se um efeito de preço bastante grande, com desconto para o lojista. Lancei a ideia do home equity (crédito com imóvel de garantia), um produto em que no primeiro momento as pessoas nem prestaram muita atenção. Eu tinha uma ideia de que o produto conseguiria reduzir a taxa de juros para o consumidor, que hoje é de 150%, para 15%. Já existe um banco oferecendo a 13%. Uma dessas plataformas oferece a 12%. Isso é a competição. “É importante ter autonomia no Banco Central para tomar uma decisão que seja independente do ciclo político. Haverá um ganho de credibilidade quando isso acontecer”

Como o BC pode atuar para incentivar uma competitividade maior entre os bancos?
O BC está atuando. Para incentivar a competição, é preciso entender onde estão as barreiras. Vários fatores garantiam aos bancos a fidelidade dos clientes. O mundo digital inovador está mudando tudo, e essa competição já está acontecendo. Basta ler o noticiário. Num dia aparece uma nova plataforma que oferece créditos imobiliários. No outro, uma que faz pagamentos instantâneos. E, logo depois, mais uma que está fazendo algo relacionado ao cooperativismo. Acho que os próximos três a quatro anos vão andar mais rápido que os últimos dez. Temos de acompanhar esse movimento. Estimulando essas tecnologias, teremos um sistema mais competitivo no futuro.

(...)

O Coaf, que agora se chama Unidade de Inteligência Financeira (UIF), será transferido para o Banco Central. Por que essa mudança gera tanta polêmica?
 É importante entender que existia um desejo de dar o máximo de autonomia e independência possível ao órgão. Houve um problema criado por uma interpretação de que poderiam estar ocorrendo intervenções na forma de o órgão operar. Independentemente de ser verdade ou não, a ideia foi pensada no sentido de isolar ao máximo o órgão de influência política. Obviamente, não imaginei que teria a repercussão que teve.

Em VEJA, leia MATÉRIA COMPLETA




domingo, 15 de setembro de 2019

Criptomoeda: o futuro chegou - Moedas digitais revolucionaram os negócios e em breve estarão no seu dia a dia - Isto É


Criptomoeda: o futuro chegou

Conhecidas até recentemente apenas como ativos para investimento, as criptomoedas ganham novas funções para promover o comércio de bens e serviços

Moradora de uma cidadezinha da região amazônica, Neusa começou a usar cartão de crédito quando era estudante do ensino médio. Adquiria produtos que chegavam até sua casa após uma jornada de barco que terminava no cais, onde retirava as mercadorias já pagas. Hoje, faz compras com criptomoedas. Seu uso não exige o intermédio de uma operadora de cartão de crédito. Com a criptomoeda, ela também envia um dinheirinho para o filho sem pagar taxas bancárias. O mais velho faz intercâmbio no exterior e troca a criptomoeda por moeda corrente. Neusa é cabeleireira, mas poderia ser advogada, balconista, médica, faxineira, executiva, funcionária pública. Recebe por seus serviços também com outro tipo de criptomoeda, que ganha espaço concorrendo com os meios de pagamento tradicionais. Por enquanto fictício, este cenário está para se materializar no Brasil e no resto mundo com a consolidação das moedas virtuais, que revolucionam a forma como nos relacionamos economicamente. É o que almejam desde executivos gigantes, como David Marcus, CEO do Libra, a moeda virtual do Facebook, até empreendedores digitais, como o brasileiro Pedro Alexandre, CEO da Wiboo e criador do Wibx, moeda nacional direcionada ao varejo.


As criptomoedas ficaram famosas com o Bitcoin, que teve uma valorização meteórica em 2017 quando sua cotação passou de US$ 960 para US$ 20 mil. Depois de cair, voltou a se valorizar este ano, e atualmente está cotado em cerca de US$ 10 mil. Essa moeda começou de forma experimental e hoje é negociada em todo o mundo com um valor de mercado de US$ 180 bilhões. No Brasil, a incorporadora Tecnisa foi uma das pioneiras em trabalhar com ela, aceitando-a nas negociações de imóveis. Segundo a empresa, foi a primeira construtora listada em bolsa do mundo a aceitar a criptomoeda. Essa trajetória fez vários investidores se familiarizarem com as novas moedas, cuja compra e venda é realizada principalmente nas chamadas exchanges (corretoras). Mas agora, com as chamadas criptomoedas de segunda geração, as funções se ampliaram. É o caso do Wibx, que representa três modelos de negócio: é um criptoativo, uma moeda para o varejo e um meio de fidelização. Essas novas funções estão fortalecendo e ampliando o mercado, diz Fabrício Tota, diretor de OTC em grandes clientes no Mercado Bitcoin, umas das maiores corretoras do País, que negocia as principais moedas como Bitcoin, Litecoin e Ethereum. Só essa exchange tem 1,6 milhão de clientes cadastrados, contra 1,2 milhão no final do ano passado. O volume negociado em 2019 já alcança R$ 3,5 bilhões. “O mercado está crescendo de forma sustentada. É uma cadeia, não uma explosão. A alta ocorre até num momento de maior estabilidade, como vivemos agora, com volatilidade pequena”, diz.
Criptomoedas ficaram famosas com o Bitcoin, que teve valorização meteórica. Hoje, crescem de forma sustentada

No caso do Wibx, o objetivo é entregar valorização, recompensa ao usuário (como os programas de fidelidade) e promover a descentralização da publicidade (como fazem as redes sociais, por meio do engajamento). Assim que houver a possibilidade de conversão (a troca da criptomoeda por dinheiro), ela estará apta para ser aceita também no varejo. “O celular se tornou a ferramenta mais poderosa do planeta. Com ele, as pessoas vão se tornar seus próprios bancos”, diz Alexandre. Diferente de outras criptomoedas mais antigas, como o Bitcoin, que funciona como um ativo de investimento, mas não possui penetração no varejo, a nova moeda virtual brasileira quer ser uma parceira das empresas de meios de pagamento (as maquininhas). “Seremos um integrador com outras plataformas, o que deve incluir também serviços de streaming, telefonia móvel em um modelo ponto-a-ponto”, diz Alexandre. “O Wibx beneficia o varejista porque estimula que as pessoas usem para comprar. Fomenta a economia real”, diz Guga Stocco, co-fundador da Domo Invest e um dos conselheiros da Wiboo.

POPULARIZAÇÃO Sucesso das criptomoedas levou o comércio a adotar a novidade. No Brasil, o Wibx será parceiro da Cielo (Crédito:Weedezign)
(...)

Para apoiar o negócio, algumas iniciativas de impacto estão em curso. A Cielo, uma das principais plataformas de meios de pagamento do Brasil, será parceira. O Wibx também vai ser empregado para aquisição de produtos licenciados nos Jogos Pan-Americanos Masters, no Rio de Janeiro, em setembro do ano que vem. A expectativa é que 15 mil atletas amadores participem do evento. Uma das primeiras ações da empresa foi fechar uma parceria com a Associação Nacional de Restaurantes, oferecendo integração com as grandes redes.

No mundo, as iniciativas se multiplicam e atraem as novas gerações. “Vamos chegar onde as moedas correntes não chegam”, afirma Fernando Barrueco, diretor jurídico da Bolsa de Moedas Virtuais Empresariais de São Paulo (Bomesp), que defende o potencial desse novo ecossistema. Graças à rastreabilidade, as criptomoedas podem reduzir custos. É o caso de cinco grandes indústrias farmacêuticas brasileiras, que gastam até R$ 230 milhões ao ano com a distribuição de 200 mil amostras grátis de remédios — cerca de 5% do faturamento. Com a adoção das moedas, esses laboratórios vão distribuir “cupons” virtuais aos médicos, que os repassarão aos pacientes. Ao serem retirados nas redes de farmácias, a indústria saberá quem e como seus produtos são usados, já que os médicos não têm a obrigação de prestar relatórios aos fabricantes.
As corretoras tradicionais buscam seu espaço nesse imenso campo de possibilidades. A B&T Câmbio criou a Z.ro Bank para liquidação de moedas virtuais. Eles pretendem ser o elo final de uma cadeia que vai da grande marca ao motorista de aplicativo. “As plataformas [de pagamento] ainda não estão preparadas”, afirma o CEO Edísio Pereira Neto. A empresa pretende dar rapidez às operações de conversão, que vão demorar segundos, permitindo que o dinheiro de verdade caia na conta em poucas horas. Hoje, a demora é um dos problemas de algumas corretoras, o que provoca desistências de consumidores e empresas.

O negócio do dinheiro virtual poderá movimentará centenas de bilhões de dólares nos próximos anos. Só nos EUA há mais de 1 bilhão de dólares reservados por empresas americanas que buscam investimentos de risco em criptomoedas. De acordo com o Fórum Econômico Mundial, até 2027 10% do PIB global será armazenado na forma de criptoativos. Essa nova economia foi sacudida este ano com a notícia de que o Facebook iria lançar sua própria moeda, o Libra, em 2020. Com uma base de 2,3 bilhões de usuários, a rede social tem o potencial de mudar a dinâmica de como o mercado funciona. Lastreado no dólar, euro, iene, libra esterlina e dólar de Cingapura, o Libra chamou a atenção dos Bancos Centrais do mundo inteiro. O temor é que possa desestabilizar moedas internacionais. Como o Libra é registrado na Suíça, o governo americano pressiona o CEO David Marcus, temendo manipulações chinesas com o yuan. O Facebook, por seu lado, disse que vai colaborar com as autoridades. “Ainda há muitas perguntas a serem respondidas e preocupações a serem abordadas, mas, mesmo assim, avançamos”, diz Marcus.
Com o Libra e uma base de 2,3 bilhões de usuários, o Facebook pode mudar  a dinâmica de como o mercado funciona

Enquanto a moeda do Facebook não se concretiza — o plano inicial era ser lançada em junho do próximo ano —, autoridades se debruçam sobre formas de driblar os riscos de lavagem de dinheiro e financiamento do terrorismo, por exemplo. No Brasil, por determinação da Receita Federal, operações com criptomoedas passaram a ser informadas a partir de agosto. Já as operações realizadas em corretoras no exterior e as feitas entre as próprias pessoas físicas ou jurídicas sem intermédio de corretoras precisam ser reportadas pelos usuários. O imposto é sobre operações, indo de 15% a 22% sobre o lucro na venda, a partir de R$ 35 mil ao mês. O Banco Central já determinou que o dinheiro virtual é uma commoditie digital passível de entrar em balanços, deixando o mercado se desenvolver – o que contraria nossa lógica histórica de intervencionismo. “Estamos no início, mas as perspectivas são de valorização. Há muito potencial e o governo se mostra aberto”, diz Safiri Felix, diretor-executivo da Associação Brasileira de Criptoeconomia (ABCripto). Ou seja, acostume-se com as moedas digitais: muito em breve, você ainda vai ter uma.

Em IstoÉleia MATÉRIA COMPLETA



segunda-feira, 15 de julho de 2019

Auto engano 2 - Marcos Lisboa

Imposto sobre transações  financeiras tem efeitos colaterais indesejáveis

Folha de S. Paulo

Na semana passada, empresários voltaram a defender a adoção de um imposto sobre transações financeiras.  O nosso sistema tributário certamente tornou-se disfuncional e deve ser reformado. Essa proposta, porém, tem efeitos colaterais indesejáveis.  Nos países desenvolvidos, a principal fonte pagadora de tributos é a geração de renda.  No Brasil, caso a proposta seja aprovada, vai ser diferente. Tributos serão pagos mesmo em transações que não resultem em aumento da renda, como a venda de bens com perda de capital. Um carro comprado por R$ 40 mil e vendido por R$ 30 mil pagará o tributo.
O aumento do número de operações sobre as quais incide a tributação permitirá desonerar a produção, o que sugere que o resultado será o aumento dos lucros. Recomenda-se calma com o andor.  A desoneração da produção será integralmente compensada pela maior tributação dos consumidores, reduzindo a sua renda. O resultado será a menor demanda por bens e serviços, que implica queda dos preços ou das quantidades vendidas e, portanto, das margens de lucro.  Há mais. Como esse tributo é cumulativo, os bens com cadeias longas de produção, como a indústria, ou os setores com menor margem de lucro, como o varejo, passarão a pagar mais tributos do que as demais atividades. O preço de uma geladeira vai aumentar em comparação ao custo de contratar um decorador.

Os problemas não param. As empresas com frequência precisam tomar empréstimos por alguns dias. Para cada R$ 100 emprestados são cobrados poucas dezenas de centavos.  Caso o tributo sobre movimentações financeiras seja de 2,5%, uma empresa que necessite de R$ 100 terá que tomar emprestado R$ 102,56. Para que o banco receba o que emprestou, a empresa terá que pagar mais de R$ 105.
A taxa de juros irá aumentar cerca de cem vezes para um empréstimo de poucos dias. Vamos ter saudade dos juros do cartão de crédito.
Pode-se isentar a cobrança do imposto nas operações de crédito, mas esse é só um exemplo dos muitos casos que deverão ser excepcionados para evitar a degradação do ambiente de negócios.  Os defensores da proposta argumentam que os informais passarão a pagar tributos, reduzindo a carga sobre o setor formal. No entanto, as transações informais pouco passam pelo sistema financeiro, que tem instrumentos para prevenir a lavagem de dinheiro. O novo tributo vai incentivar a adoção de mecanismos para minimizar a transferência formal de recursos, como o aumento das transações em dinheiro e os contratos de gaveta.

Como dizia Santa Teresa D’Avila: há mais lágrimas derramadas pelas preces atendidas do que pelas não atendidas.

Marcos Lisboa - doutor em economia e presidente do Insper 

sexta-feira, 14 de junho de 2019

Em busca do hacker que invadiu conversas de Moro

Todas as pessoas atacadas revelam um mesmo procedimento. Recebem uma ligação do próprio número, em geral à noite ou de madrugada

Desde abril, pelo menos doze pessoas, talvez mais que vinte, tiveram suas conversas eletrônicas invadidas por um hacker. Todas ligadas à Operação Lava-Jato: procuradores, juízes, jornalistas. 
 As conversas reveladas até agora pelo Intercept Brasil entre o então juiz Sergio Moro e o procurador Deltan Dallagnol revelam um tipo de cooperação que não deveria existir entre juiz e acusação. O fato de que a origem do vazamento é ilegal não muda o óbvio interesse público pelo material. Mas isto não quer dizer que a busca pelo hacker seja menos importante. Dentre as primeiras perguntas que qualquer jornalista se faz a respeito de suas fontes estão, sempre: a quem interessa e por quê?

Nos últimos dias, conversei com algumas das pessoas que sofreram tentativa de hackeamento e, outras, envolvidas na investigação. O que está chamando a atenção dos investigadores é a alta capacidade técnica envolvida.  Hackers existem de muitos tipos. Há garotos que baixam uns programas já prontos e os usam procurando vulnerabilidades conhecidas em computadores. Há gente mais hábil, com conhecimentos específicos de protocolos da rede. Há quem se especialize em engenharia social convencer, na lábia, pessoas a entregar senhas, números de cartão de crédito, e tudo o mais. Mas, acima de todos estes, existem os profissionais. A turma do chapéu preto em geral atua em grupo, mas não apenas. Suas habilidades técnicas são raras. Pelo menos para duas das pessoas envolvidas na investigação, é deste tipo que estamos falando.

Para eles, o que chama atenção é que o hacker conhece bem os protocolos de telefonia. O TCP/IP, os códigos que fazem a internet funcionar, são acessíveis a todos. Mas quem clonou estes celulares demonstrou também conhecimento de SS7, os padrões que ditam o funcionamento das redes de telefonia. Assim, manipulando roaming internacional, escolheu trafegar por operadoras pequenas no Brasil, ao invés das quatro grandes. Não à toa: nas pequenas, os níveis de segurança são mais frágeis.

Todas as pessoas atacadas revelam um mesmo procedimento. Recebem uma ligação do próprio número, em geral à noite ou de madrugada. Então receberam um SMS pedindo para que se autorizasse uma nova instalação do app de mensagens Telegram. Alguns caíram, outros, não. A Polícia Federal acredita que o hacker não está no Brasil por conta do que identificou como seu fuso horário, na região entre Europa e Ásia. De fato, esta é uma informação que aparece nos arquivos de log, embora possa ser falsificada.

Pelo menos uma das pessoas com quem conversei acredita que há uma coincidência — o hacker existe, mas não é ele a fonte do Intercept. As informações recebidas pelo site teriam sido colhidas de dentro do prédio do Ministério Público de Curitiba, através da rede interna, violando a versão de computador do Telegram utilizado pelos procuradores. O Estado brasileiro é de uma caipirice sem fim quando o tema é digital. Um dos indícios é a falta de qualquer política para o desenvolvimento de um ecossistema de negócios para brigar na nova economia. Outro é este: o total desleixo com dados. Todos os últimos presidentes, assim como parlamentares, ministros, juízes, usam celulares comuns e conversaram por sistemas frágeis. Para os aparatos internacionais de espionagem, ouvir o que falam é trivial. E, sim, a PF considera a possibilidade de operação russa — encomendada ou não.

A esquerda adoraria que os motivos do ataque à Lava Jato não fossem questionados. Mas imprensa serve para fazer as perguntas que alguém de presto quer impugnar. Se ministro ou procuradores deslizaram, que enfrentem as consequências. Mas se autoridades públicas estão sendo atacadas, precisamos saber por quem e, principalmente, por quê.


Pedro Doria - O Globo 

domingo, 11 de fevereiro de 2018

Por que o crédito continua caro?

Os juros básicos da economia estão no patamar mais baixo da história: 6,75% ao ano. Apesar disso, as taxas cobradas pelos bancos seguem extorsivas

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central reduziu na quarta-feira 7 a taxa de juros básicos da economia brasileira, a Selic, para 6,75% ao ano. Foi o décimo primeiro corte consecutivo, levando a taxa ao menor patamar da história. Há dois anos, estava em 14,25%. A queda constante da Selic é um ótimo indicador da saúde econômica do País: com juros menores, as empresas têm mais condições de financiar os investimentos necessários para crescer. Mas enquanto a taxa de juros básicos caiu pela metade, o mesmo não vem ocorrendo com o custo do crédito ao consumidor — pelo contrário. Os valores cobrados pelos bancos para quem usa cheque especial ou parcela a fatura do cartão de crédito continaram crescendo. Em dezembro de 2017 as taxas eram, respectivamente, 323% e 169,2% ao ano. O resultado prático dessas taxas é o aumento das dívidas de quem pega dinheiro emprestado e não consegue honrar os pagamentos. “Eu comecei com uma dívida de R$ 4 mil no cheque especial. Já paguei várias parcelas e ainda devo quase R$ 5 mil”, diz a designer Dayan Rubian, que precisou de um empréstimo bancário ao mudar de casa. A situação é semelhante à do médico Rodrigo Couto, que resolveu empreender e, após esgotar o crédito consignado, recorreu ao cheque especial e ao cartão rotativo. “Peguei R$ 40 mil e, em cinco meses, a dívida subiu para R$ 132 mil. Hoje gasto metade da minha renda com o pagamento dos empréstimos”, diz ele.



O custo do crédito é exorbitante no Brasil e suas consequências diretas são reprimir o poder de consumo das famílias e impedir o crescimento da economia. “O mercado nunca se orgulhou e não se orgulha das taxas”, diz Ricardo de Barros Vieira, diretor-executivo da Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (Abecs). “A realidade leva a isso porque, em caso de inadimplência, por exemplo, todo o custo recai sobre os bancos”, afirma. O argumento das instituições financeiras perde força quando os números mostram que a inadimplência está em queda. Mesmo com o consumidor honrando suas dívidas, as instituições financeiras não abrandam o valor dos juros. A diferença entre o custo do dinheiro para o banco e o quanto ele cobra do cliente é conhecido como spread bancário – e o Brasil possui um dos spreads mais altos do mundo. Por último, e esse pode ser o fator mais importante, está a concentração do mercado, que impacta no lucro das instituições. “Hoje os cinco maiores bancos respondem por mais de 80% das operações de crédito do País. Eles praticamente determinam as regras do mercado”, diz Ione Amorim, economista do Instituto de Defesa do Consumidor (Idec).

Para tentar tornar o sistema financeiro mais saudável, os agentes reguladores estão de olho no setor bancário. Foi assim, com uma resolução do Conselho Monetário Nacional, que caiu o número de clientes enforcados no rotativo do cartão de crédito, modalidade com um dos mais altos juros. Desde abril de 2017, os bancos devem transferir para o cartão parcelado os clientes há mais de 30 dias no rotativo. Agora se espera um posicionamento da Federação Brasileira dos Bancos (Febraban) sobre o cheque especial. “Estamos aguardando uma autorregulação”, diz Fernando Rocha, chefe do Departamento de Estatísticas do Banco Central (BC). “O que se imagina são linhas de educação financeira que levem a não utilização do crédito mais caro, somadas a normas que limitem seu uso”, diz ele. Os bancos, por sua vez, parecem não estar com pressa. “A Febraban elabora propostas para melhorar o instrumento e as anunciará, neste ano, quando forem concluídas”, afirmou a instituição por meio de nota. A Secretaria de Comunicação da Presidência esclareceu que o governo não está preparando mais medidas além das já tomadas e que não existe a possibilidade de reduzir os juros dos bancos estatais para influenciar o mercado.

Enquanto os consumidores aguardam as regulações, há uma nova opção cada vez mais atraente: as fintechs, instituições que oferecem taxas mais baixas por trabalhar com custos menores do que os dos bancos e também por não deixar que os maus pagadores entrem. “Nosso spread também é muito menor, de apenas 5%”, diz Marcelo Ciampolini, CEO e fundador da Lendico, que oferece empréstimos de R$ 2,5 mil a R$ 50 mil por uma taxa que varia de 38,78% a 117% ao ano. É o momento dos bancos prestarem mais atenção em suas práticas de crédito, eis que novas alternativas estão surgindo como opção mais interessante para o consumidor, (aqui) já cansado de ser refém do endividamento. Entre as fintechs destaque para a associação NuBank e  Mastercard.

 IstoÉ

 

 

domingo, 26 de novembro de 2017

Utilidade Pública - 4 sinais de que você está usando o cartão de crédito de forma equivocada

Pagar com cartão de crédito pode ser cômodo, mas isso pode facilmente virar um descontrole. Veja como identificar que você passou dos limites

Com inúmeras opções no mercado e aceitação quase universal no comércio, os cartões de crédito ocupam papel cada vez maior nas compras dos brasileiros. Só este ano devem ser realizadas cerca de 13 bilhões de transações nessa modalidade, segundo estimativas da Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (Abecs). A comodidade, porém, pode facilmente acabar em descontrole, sendo o mais grave a entrada no crédito rotativo, cujos juros vêm baixando mas ainda são os mais altos do mercado. 

Em pesquisa recente realizada pela Abecs e pelo Instituto Datafolha, 21% dos entrevistados afirmaram que a última fatura está acima do que podem pagar. Para 15% das pessoas, o valor representa mais da metade do orçamento do mês.  Confira quatro sinais listados por especialistas financeiros de que você está usando o cartão de crédito de forma descontrolada:

1.º sinal: Você está levando em conta o limite do cartão (e não quanto dinheiro tem disponível)
Para o educador financeiro Ricardo Pereira, do site Dinheirama.com, os erros mais cometidos na utilização do cartão de crédito acontecem quando, no lugar de respeitar os limites do orçamento, as pessoas usam como base o limite do cartão de crédito. “O cartão é uma ferramenta importante que, quando bem utilizado, oferece oportunidades. Mas é uma ferramenta que precisa ser utilizada com critério”, alerta.

2.º sinal: você paga o mínimo da fatura, e não o valor total
Pereira lembra que, depois de gastarem mais do que podem com o cartão, muitas pessoas acabam cometendo um segundo erro, que é pagar o porcentual mínimo da fatura. O chamado crédito rotativo, apesar de este ano ganhar regras novas justamente para evitar endividamento, ainda traz juros extremamente altos.

3.º sinal: você parcelou compras demais e estourou o orçamento
A Abecs, que tem uma cartilha com dicas para quem usa cartão de crédito, recomenda cuidado ao parcelar compras, já que as parcelas comprometem os orçamentos dos próximos meses. Outro erro comum dos usuários de cartão de crédito é parcelar compras demais que, somadas, podem estourar as contas pessoais. E se dividir muitas compras é um erro, fazer isso em compras recorrentes – como o supermercado ou a farmácia – é ainda pior, pois fatalmente os valores vão acumular com novas compras no mês seguinte.

4.º sinal: você paga caro por um programa de milhas que não serve para muita coisa
Por mais tentadores que possam parecer, os programas de milhagem muitas vezes podem não valer a pena. Fatores como o dólar mais alto, exigência de cada vez mais pontos para trocar por passagens e anuidades bastante altas tornaram a opção pouco interessante em comparação a uma “era de ouro” dessas modalidades no passado.

Taxas estão em queda, mas ainda são altas
Dados divulgados pelo Banco Central em outubro mostram que as taxas anuais do rotativo do cartão de crédito vêm diminuindo consideravelmente. Se em setembro do ano passado os consumidores que não conseguiam pagar o valor total de suas faturas arcavam com quase 16% ao mês de juros, um ano depois essa taxa foi para pouco menos de 13% (ou 332% ao ano).


Muito dessa queda se deve a novas regras que entraram em vigor em abril. Segundo elas, quem não paga o valor cheio da fatura só pode ficar no crédito rotativo por até 30 dias. Depois disso, caso o cliente ainda não consiga pagar a dívida, os cartões são obrigados a oferecer parcelamento do saldo devedor, o que garante juros menores – hoje em torno de 8,5%.

Ainda assim, os juros são os mais altos oferecidos no mercado. As taxas médias do crédito consignado, por exemplo, não passaram de 3% ao mês em setembro. Servidores públicos e aposentados e pensionistas do INSS podem conseguir taxas ainda mais baixas. No empréstimo não-consignado, mais caro, os juros passam de 7%.

Dica para conseguir pagar a fatura
Dessa forma, a dica pra quem não conseguiu pagar a fatura do cartão é sempre pesquisar por outras opções de empréstimo. Pereira lembra ainda que uma reserva para emergências também pode ajudar. “É importante que as pessoas percebam que a educação financeira e o planejamento financeiro precisam ser encarados como um estilo de vida. Um erro que pode parecer bobo, ao estourar o limite do cartão ou do cheque especial, pode custar muito caro”, avisa.


 

quinta-feira, 19 de outubro de 2017

O que são Fintechs?

Quando você precisa transferir dinheiro ou pagar contas, provavelmente recorre a bancos e instituições semelhantes, correto? Mas um tipo de empresa que une tecnologia com serviços financeiros está mudando esse cenário: as fintechs. O Brasil é muito bem representado nesse segmento com startups como Nubank, Controly e GuiaBolso.

Mas o que é exatamente uma fintech? Como serviços do ramo funcionam? Por que esse tipo de empresa pode mudar a forma como as pessoas administram o dinheiro? É o que você descobrirá nos próximos parágrafos.

O que são fintechs?
O termo 'fintech' surgiu da combinação das palavras em inglês financial (finanças) e technology (tecnologia). Esse nome, por si só, resume bem a ideia: fintech é toda empresa que oferece serviços financeiros que se diferenciam pelas facilidades proporcionadas pela tecnologia e, com efeito, pela internet.

Sob esse ponto de vista, talvez você não veja muita diferença em relação aos serviços oferecidos pelos bancos. Instituições bancárias trabalham com tecnologias bastante sofisticadas para atribuir acesso e segurança às transações financeiras. Isso vale para gerenciamento de contas correntes, empréstimos, serviços de cartão de crédito, investimentos, entre outros.  Mas, em uma fintech, a tecnologia é utilizada essencialmente para trazer conveniência por meio da inovação: as empresas do ramo utilizam recursos tecnológicos amplamente disseminados para criar metodologias, processos e ferramentas que facilitam o acesso a serviços financeiros. O resultado desses esforços aparece para o usuário na forma de praticidade, burocracia reduzida, custos baixos, maior controle sobre operações financeiras e por aí vai.

Quais serviços as fintechs oferecem?
As fintechs podem oferecer uma ampla variedade de serviços, tanto para usuários domésticos (pessoas físicas) quanto para empresas e demais instituições (pessoas jurídicas).  Alguns desses serviços não diferem muito do que encontramos em bancos e afins: fornecimento de cartão de crédito (inclusive pré-pago), meios de pagamentos, financiamentos, transferência de recursos, entre outros.  Outros serviços diferem bastante, como os que oferecem plataformas para que o cliente possa gerenciar as suas finanças com mais clareza ou que permitem que outros usuários — e não bancos — ofereceram pequenos empréstimos (nos países em que esse tipo de atividade é permitido).
Em todos os casos, o principal diferencial está no foco que é dado à experiência do usuário: como já dito, os recursos tecnológicos devem trazer praticidade, facilidade de uso, redução de burocracia, etc.

Como as fintechs funcionam?
Cada fintech tem um modelo próprio de negócio e, portanto, não dá para esmiuçar cada um deles. Mas, via de regra, as empresas do setor direcionam seus esforços no desenvolvimento de soluções que cobrem "deficiências" ou limitações de serviços financeiros tradicionais.

Em outras palavras, as fintechs utilizam tecnologia — sobretudo no âmbito da internet para dar aos usuários recursos que bancos e afins não disponibilizam ou que até são oferecidos por essas instituições, mas de modo muito conservador.  Esse diferencial todo é possível porque, na maioria dos casos, as fintechs são formadas por startups. Esse é o nome dado a um tipo de empresa, geralmente com pouco tempo de existência, que cria e explora ideias criativas para oferecer serviços e produtos inovadores.

Uma startup tecnológica, basicamente, identifica uma oportunidade — um produto ou serviço que supre uma demanda não atendida ou que pode fazer algo melhor do que aquilo que já é oferecido pelo mercado —  e utiliza a tecnologia para criar meios para explorá-la. É o que acontece com as fintechs. Note, porém, que é importante que a startup adote desde o início medidas para aperfeiçoar com agilidade serviços e produtos oferecidos, suportar aumentos expressivos da demanda e transmitir ao usuário percepção de valor. O melhor jeito de fazer isso é focando em qualidade, não em quantidade: convém disponibilizar poucos, mas excelentes serviços ou produtos do que oferecer vários deles, mas correr o risco de perder o controle sobre eles por conta da diluição do foco.

Nas fintechs esse princípio é levado bem a sério: boa parte das empresas do segmento oferece serviços ou produtos bem específicos. Na maioria dos casos não há, como nos bancos, uma ampla cesta de serviços ou qualquer coisa parecida. Isso é positivo porque a empresa consegue ficar focada em melhorar os seus processos. Desse modo, os clientes em potencial compreendem rapidamente o que cada uma delas oferece.

Um estudo de caso: a Nubank
Até aqui, a abordagem acerca do universo das fintechs tem sido teórica. Para facilitar a compreensão, é melhor estudarmos um caso real de sucesso. Utilizaremos para esse fim a proposta da Nubank, empresa que provavelmente ocupa o posto de fintech mais popular do Brasil.

A Nubank Brasil surgiu em 2013, mas começou a operar em 2014 disponibilizando apenas um produto: um cartão de crédito internacional com bandeira MasterCard. Até aí, nada demais. Tudo o que é banco oferece cartão de crédito. Assim, o que há de inovador aí? A forma como a Nubank oferece esse produto.  Para começar, o cartão não tem anuidade, tampouco cobra outras tarifas. Sim, há bancos e operadoras que também não cobram anuidade do cartão, mas na maioria das vezes há condições associadas: o cliente deve realizar pelo menos um gasto por mês com o cartão ou ter um longo tempo de relacionamento com a empresa, por exemplo. Com a Nubank não há nada disso: nenhum cliente paga anuidade e outras tarifas, não importa o seu perfil de renda ou se o cartão é pouco usado.

Mas a parte mais interessante — a que torna a empresa inovadora fica no smartphone do usuário: é necessário instalar um aplicativo do Nubank em um dispositivo móvel (Android, iOS ou Windows). Essa ferramenta permite ao usuário ter absoluto controle sobre o seu cartão.  Toda vez que o cliente usar o cartão, o aplicativo mostrará, tão logo a transação for confirmada, o nome da empresa que recebeu o pagamento, assim como a localização desta em um mapa. As informações sobre todas as transações ficam disponíveis em uma linha do tempo. Dessa forma, o usuário sempre consegue saber quando e onde realizou cada gasto.

Tem mais: o aplicativo também mostra qual o limite do usuário e quanto deste já foi gasto. Esse é um detalhe importantíssimo. A maioria dos bancos oferece, no máximo, uma notificação por SMS toda vez que uma transação é realizada. O usuário não tem, porém, um jeito fácil de saber o quanto já gastou no mês. Muitas vezes é possível ter essa informação no site ou no aplicativo móvel do banco, mas pode demorar dias para que uma transação realizada com o cartão apareça ali.

Isso é perigoso. Como as informações sobre gastos são pouco claras, muitos usuários acabam não percebendo que gastaram demais e não conseguem pagar a fatura na íntegra no final do mês. A consequência, muitas vezes, é o endividamento, pois os juros cobrados nos cartões emitidos no Brasil são absurdamente elevados.

Com o Nubank as chances de endividamento são menores porque o usuário tem uma visão geral sempre atualizada de seus gastos e, se não conseguir pagar a fatura na íntegra no final do mês, encontrará juros mais baixos (embora não muito) do que os cobrados por instituições convencionais.  Usando o aplicativo, o usuário também consegue solicitar aumento de limite, deixar esse limite abaixo do disponível, bloquear o cartão temporariamente e contatar o suporte da Nubank via chat — canal que atende muito bem, por sinal.

Fintechs versus bancos
Há uma pergunta que é frequente no universo das fintechs: essas empresas podem rivalizar diretamente com os bancos? A resposta curta é ‘sim, mas não é sempre’.
O modelo de negócio da Nubank é, novamente, um exemplo a ser citado: a empresa trabalha com um produto que existe em praticamente qualquer banco, mas aposta na experiência para concorrer com essas instituições.

Porém, veja que o objetivo aqui não é exatamente fazer frente aos bancos, mas oferecer alternativas para problemas que os clientes frequentemente encontram nessas instituições. Entre esses problemas estão usuários que não conseguem aproveitar bem os serviços bancários por não terem como comprovar renda ou porque moram em regiões desprovidas de agências ou caixas eletrônicos.

Também é o caso das fintechs que trabalham com cartão de crédito pré-pago. Se o usuário tiver dívidas ou não puder comprovar renda não terá o serviço negado, pois o cartão só permitirá que ele gaste o valor que tiver sido carregado como crédito. Logo, não há risco de ele ficar devendo para a instituição. Bancos tradicionais não gostam muito dessa modalidade de serviço.

Outro exemplo vem das empresas que disponibilizam plataformas para que o usuário faça controle financeiro. Essas ferramentas permitem que a pessoa administre melhor suas despesas e contas bancárias, outro tipo de recurso que normalmente não é oferecido pelos bancos.  O fato de as operações das fintechs serem quase que exclusivamente on-line também é um diferencial importante. Os serviços dessas empresas se integram com a "rotina digital" do usuário: o alvo são clientes que já estão acostumados a utilizar smartphones ou serviços on-line a partir do PC. Não por menos, a principal clientela das fintechs é o público na faixa etária dos 18 aos 34 anos, os mais familiarizados com a tecnologia.

Bancos, ainda que estejam cada vez mais focados em atendimento eletrônico, dependem muito de processos burocráticos que muitas vezes acabam sendo inconvenientes para o cliente (ele precisa ir a uma agência para resolver certos problemas, por exemplo). Quando há serviços que sobrepõem o que é ofertado pelas instituições bancárias, predomina aí o senso de concorrência: alguns bancos já vêm se inspirando nos modelos de negócio das fintechs para oferecer recursos semelhantes, como aplicativos para controle do cartão de crédito.

Não é que esses recursos já não tenham sido estudados ou ao menos cogitados antes do fenômeno das fintechs: é que os bancos, pela estrutura consolidada e tradicional da qual dispõem, normalmente têm outras prioridades. Logo, aplicativos ou plataformas na web sempre estiveram mais para recursos adicionais do que para diferenciais.

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quinta-feira, 24 de agosto de 2017

Juros do cartão de crédito crescem e acumulam 370,1% ao ano

Mesmo após novas regras para modalidade, taxa retorna ao patamar de fevereiro

- Em meio à queda da taxa básica, a Selic, e quatro meses após a implementação das novas regras para o crédito rotativo do cartão, as taxas de juros da modalidade chegaram a 370,1% ao ano em junho, segundo informou o Banco Central nesta quinta-feira. No mês anterior, a taxa foi de 333,4% ao ano.

Desde o dia 3 de abril deste ano ninguém pode ficar mais de 30 dias no crédito rotativo do cartão, por determinação do BC. Pelas novas regras, se na data do vencimento o cliente não tiver feito o pagamento total do valor da fatura, o restante terá que ser parcelado ou quitado.

Por isso, já em abril, a taxa sofreu uma redução e teve seu menor valor do ano, com 284%. Mesmo assim, de lá pra cá, os números voltaram a subir gradualmente nos meses seguintes, e hoje retornaram ao mesmo patamar de fevereiro, quando fechou o mês em 370,7%.

MERCADO DE CRÉDITO
O mercado de crédito brasileiro iniciou o terceiro trimestre com retração de 0,6% no estoque total em julho sobre o mês anterior, a R$ 3,062 trilhões de reais. No acumulado do ano, o estoque total apresenta retração de 1,4%.


Os dados do BC mostraram ainda que, considerando apenas o segmento de recursos livres, a inadimplência foi de 5,6% em julho, repetindo a mesma taxa de junho.
No período, o spread bancário — diferença entre o custo de captação das instituições financeiras e a taxa efetivamente cobrada ao tomador final — teve alta de 1 ponto percentual, a 37,6 pontos percentuais.

Os juros médios, por sua vez, avançaram a 46,6% em junho, sobre 46,2% em junho, voltando a subir após quatro quedas seguidas.

Fonte: O Globo

segunda-feira, 26 de junho de 2017

Temer: ‘Nada nos destruirá. Nem a mim e nem aos nossos ministros’

Presidente diz que não há 'plano B' para recuperação do país

O presidente Michel Temer disse, nesta segunda-feira, que não há “plano B” para a recuperação do Brasil. Ele frisou que o país tem a agenda mais ambiciosa dos últimos tempos e que a melhora econômica parecia miragem há um ano. Segundo ele, hoje o Brasil está nos trilhos. No encerramento de uma solenidade no Palácio do Planalto, ele ainda disse que não será "destruído". — Nada nos destruirá. Nem a mim nem aos nossos ministros — encerrou a fala e, em seguida, foi aplaudido.
 
A fala de Temer vem às vésperas de ele ser denunciado pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, por corrupção passiva. Janot deve apresentar a denúncia até esta terça-feira. Temer é investigado no Supremo Tribunal Federal (STF) por corrupção passiva, organização criminosa e obstrução de Justiça.

Temer partiu em defesa da reforma trabalhista e ainda disse que seu governo tem tomado medidas importantes para a economia que estavam paradas há 15 anos. Na solenidade para sancionar a lei que permite a diferenciação de preço para o consumidor que paga em dinheiro ou em outros tipos de meio de pagamento como, por exemplo, o cartão de crédito.

No discurso, o presidente Temer afirmou durante toda a solenidade que o governo promove medidas que estavam em discussão, mas não iam para frente. Falou que os representantes de vários setores admitem que essas ações deslancharam.
— Temos tido no governo essa satisfação — comemorou o presidente.
— Isso esperava oito, dez e, às vezes, 15 anos. E nós estamos fazendo.

Sobre a lei da diferenciação de preço, Michel Temer disse que a medida provisória é singela. Frisou que a legislação não precisa ser longa para produzir “efetivos efeitos”. Disse que, no Brasil, os políticos adotaram o hábito de ampliar demais a legislação e que isso gera uma “prisão para o interprete”, ou seja, para o Poder Judiciário.


Argumentou que a lei promove a justiça social e garante a transparência. E disse ainda que essa era uma demanda de uma década atrás.  — Grande parte do nosso povo não tem cartão de crédito e pagavam mais do que deveriam pagar — afirmou.
— É uma coisa socialmente produtiva.
Fonte: O Globo
 

segunda-feira, 3 de abril de 2017

Crédito rotativo do cartão a partir de hoje, só poderá ser usado por um mês

O Banco Central (BC) espera que as novas regras do rotativo possibilitem melhores condições para as instituições financeiras reduzirem os juros

As novas condições para o pagamento da fatura do cartão de crédito entram em vigor hoje. Com as mudanças, os consumidores podem usar a modalidade de crédito rotativo do cartão por, no máximo, 30 dias. Caso a pessoa pague qualquer valor entre o mínimo, 15% do total da fatura, e o integral, o saldo devedor deve ser quitado no mês seguinte. Para quem não puder pagar a pendência na data, os bancos serão obrigados a oferecer um parcelamento da dívida por uma linha de crédito com taxas de juros menores, com prazo de até 24 meses.

O Banco Central (BC) espera que as novas regras do rotativo possibilitem melhores condições para que as instituições financeiras consigam reduzir as taxas de juros cobradas e evitem o superendividamento das pessoas, o que pode diminuir a incidência de consumidores inadimplentes no rotativo, que é a modalidade de crédito mais cara do mercado. Na prática, a expectativa é que os consumidores saiam de uma dívida em que os juros chegam a 481,5% ao ano para uma que cobra, em média, 163,5%.

Hoje, a inadimplência do cartão de crédito rotativo para pessoas físicas é de 33,2% do total de operações, enquanto a do parcelado é de apenas 1,2%. A economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti, afirma que o número alto de endividados é consequência da facilidade em usar o cartão de crédito, combinada com as altas taxas de juros e o descontrole financeiro dos brasileiros.

O consultor de vendas Alisson Marques da Silva, 26 anos, quer se livrar do cartão. Para ele, a praticidade da ferramenta estimula o consumo. Há três meses, ele paga o valor mínimo da fatura porque as compras foram excessiva. Acumulou uma dívida de R$ 2 mil no período. “Comprei um celular, tênis, roupa, gastei com festas e até parcelei a entrada de um carro. Quero acabar com o cartão, porque vira um vício. Gastei demais e quando vi não tinha como pagar”, diz.

A dívida  de Silva aumentou mais de R$ 500 em três meses. Eu nem olho para quanto cobram de juros. Não gosto de ver essas taxas”, afirma Alisson. Mesmo com as novas regras, ele acha que vai se enrolar com as parcelas. “Não vai fazer muita diferença para mim. O segredo é a pessoa saber se programar para pagar a fatura em dia”, declara.

Pesquisa do SPC Brasil aponta que o cartão de crédito é o motivo da inadimplência para metade das pessoas que estão com o nome sujo ou que estiveram nessa situação nos últimos 12 meses. A auxiliar de serviços gerais Cristiana Carneiro da Silva, 40 anos, conhece a realidade de não ter crédito na praça. Por três meses pagou o valor mínimo da fatura, mas, sem emprego, não conseguiu mais honrar os compromissos. “A dívida aumentou quase R$ 500 em alguns meses”, diz. Apesar de achar extorsivos os juros oferecidos, ela está se planejando para limpar o nome. “Bloqueei o cartão e não uso nenhum. É ruim estar com o nome sujo, não consigo comprar nada”, desabafa.
 
Cuidados
Para Marcela, além das novas regras, é necessário que os consumidores se segurem na hora de comprar com o cartão. “De fato, as taxas do parcelado são menores que as do rotativo, mas continuam elevadas. Ainda é necessário ter cuidado na hora de comprar a prazo, até porque os juros do rotativo continuam sendo cobrados no primeiro mês”, nota. A economista aponta que o problema é o consumidor usar o cartão para gastos corriqueiros e de curto prazo, além de não ter controle do valor da fatura, como admitiram 49% das pessoas ao SPC Brasil.

O diretor do Instituto Brasileiro de Política e Direito do Consumidor (Brasilcon), Leonardo Garcia, acredita que a medida será positiva para o consumidor, pela obrigação de negociar a pendência com o banco antes que a dívida se torne uma bola de neve. “As pessoas só se preocupam em resolver o problema quando já é  um montante alto”, afirma. Para ele, além de informação, é importante que o cliente receba aconselhamento da instituição financeira para saber qual a melhor opção. “Mesmo no parcelado, há o risco de ele escolher uma opção que não é tão vantajosa. É importante que ele conheça todos os encargos e possa comparar qual a melhor forma de pagamento”, aponta.

As regras são válidas para todos os cartões de crédito do mercado, inclusive os cartões private label, como C&A e Lojas Americanas. O cartão Nubank, um Fintech, também deve observar as novas regras, de acordo com o professor Breno Peixoto Cortez, do Centro Universitário Estácio. O especialista explica que as medidas funcionam como proteção aos consumidores que financiavam suas compras com o rotativo do cartão de crédito. “O parcelamento de fatura já é um produto ofertado pelos bancos, porém, pouco utilizado. A mudança será benéfica para todos os envolvidos. O consumidor terá mais consciência financeira, os juros totais pagos tendem a reduzir e a curto prazo a inadimplência, também”, argumenta. [o único risco é que o crédito que vai substituir o rotativo tenha taxas altas - a legislação não estipula um limite para as mesmas, o que deixa os bancos livres para levares tais taxas a percentuais inferiores em um ou dois pontos em relação ao temido rotativo.]
 Ferramenta pode ser aliada
O cartão de crédito, usado com cuidado, pode trazer benefícios para os clientes, avaliam especialistas. Reinaldo Domingos, presidente da DSOP Educação Financeira, afirma que a ferramenta deve ser usada como aliada e não inimiga. É um meio de compra seguro, que proporciona rapidez, segurança e comodidade de fazer pagamentos 30 dias após a transação, sem juros. “O cartão de crédito não é o vilão. As pessoas precisam aprender a lidar com ele, porque, se bem utilizado, ele pode gerar benefícios, como bônus, milhas e pontuação”, garante.

Segundo o educador, ao longo do Plano Real, durante o governo do presidente Fernando Henrique Cardoso, várias pessoas adquiriram o cartão de crédito pela primeira vez. Muitas com limites acima da capacidade de pagamento. “Isso resultou em um desastre, porque não há educação financeira. Há quatro anos, nós tínhamos 50 milhões de endividados. Hoje nós temos 60 milhões e 80% deles no cartão de crédito”, afirma Domingos. O especialista diz também que a ferramenta precisa ser usada com sabedoria. Não é necessário ter vários cartões de crédito com limites altíssimos. “Quando se paga o valor mínimo da fatura é como se o consumidor fosse entrando numa areia movediça. No começo parece que vai conseguir sair, mas, no fim, não consegue. Fica atolado com os juros do rotativo ou do parcelamento”, afirma Domingos.

Atenção
Se for inevitável entrar no rotativo, o consumidor precisa observar o cenário e pesquisar as opções para quitar a dívida gastando o mínimo possível com juros. “O parcelamento pode levar muita gente para a inadimplência. Cabe a cada pessoa procurar o crédito pessoal ou consignado com taxas menores para quitar a dívida logo no primeiro mês”, recomenda Domingos.

O principal ponto é respeitar o dinheiro. Rafael Seabra, educador financeiro do blog Quero Ficar Rico, conta que o cartão de crédito deve ser usado para pagar os “sonhos” dos consumidores. “Não se pode usar para pagar combustível ou compras do supermercado. Os gastos do dia a dia devem ser pagos com dinheiro ou cartão de débito. Todo mês você vai pagar isto, então por que deixar para pagar no mês seguinte? Precisa caber no orçamento”, explica.

Nos últimos seis meses, o policial civil Luis Ramires de Lima, 48 anos, percebeu que as despesas com o cartão estão saindo do controle. “Uso para tudo, até na padaria”, admite.
Com medo de se endividar, ele está começando a mudar os hábitos. Até o começo do ano, usava três cartões de crédito, mas preferiu bloquear um dos plásticos. “Eu paguei o mínimo em um deles, porque extrapolei o limite do orçamento e não dei conta de quitar a fatura. Só então me dei conta do quanto os juros são altos”, conta.

 Fonte: Correio Braziliense