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terça-feira, 13 de junho de 2023

Assassinos, estupradores e pedófilos em liberdade - Joice Maffezzolli

Revista Oeste [Cortesia]

Determinação do CNJ pode deixar doentes mentais criminosos abandonados à própria sorte

Foto: Shutterstock

Estação de metrô Sé, uma das mais movimentadas da capital paulista. Terça-feira, 25 de fevereiro de 2014, por volta das 7 horas. Um homem olhava atentamente os usuários esperando o próximo trem na plataforma de embarque. Quando a composição chegou, ele furtivamente se aproximou de uma desconhecida e a empurrou sobre os trilhos. Na queda, Maria da Conceição de Oliveira, de 27 anos, perdeu o braço e, por sorte, sobreviveu.
Segundo testemunhas, o homem saiu “correndo e sorrindo”. Naquele momento, Eduardo Rodrigues da Silva Camargo, 36 anos, estava feliz. Ele havia atendido ao pedido de uma voz em sua mente que dizia: “Você tem que matar alguém hoje”.

Eduardo tem esquizofrenia, o mesmo diagnóstico da mãe, e, antes de ser preso, teve nove registros de agressão, quatro deles no metrô. 
Hoje, está internado no Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico (HCTP) Professor André Teixeira de Lima, em Franco da Rocha, na Grande São Paulo, uma das três unidades de custódia do Estado. Em maio de 2024, Eduardo pode estar novamente nas ruas, caso se concretize a resolução do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) que determina o fechamento de todos os 28 hospitais do tipo existentes no país. [DÚVIDA ATROZ - perguntar, não ofende: o CNJ é o supremo do Supremo? ou o Legislativo SUPREMO? AFINAL, o CNJ interfere nas mais diversas áreas e todos cumprem o que manda - de forma mais submissa do que quando a decisão emana da Suprema Corte.]HCTP Professor André Teixeira de Lima, fundado em 1933 | Foto: Reprodução Internet

Ao lado do Parque Estadual do Juquery, numa área cercada por verde, o hospital se divide em oito pavilhões, com dormitórios, refeitório, enfermaria e área de lazer. Os leitos de emergência estão vazios, os pacientes estão ocupados com outros afazeres.

(...)

Em abril deste ano, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) determinou, por meio da Resolução 487/2023, o fechamento das 28 unidades de custódia no Brasil até maio de 2024. As instituições abrigam mais de 4.600 doentes mentais, segundo o Levantamento Nacional de Informações Penitenciárias (Infopen)

(...)

O aposentado Luciano Gomes da Silva, de 57 anos, conhecido como “Zé Marreta”, foi posto em liberdade depois de ficar 18 anos no HCTP de Franco da Rocha por ter matado a noiva, em 1993. Na época da prisão, testes indicaram em Luciano “deficiência mental, consistente em esquizofrenia paranoide, doença congênita, permanente e irreversível”. Em 2018, contudo, sua pena foi extinta por decisão judicial. Solto, ele voltou a atacar. Em 2021, Luciano matou a marretadas a auxiliar de limpeza Roseli Dias Bispo, de 46 anos, dentro de um dos trens da Linha 1-Azul do Metrô de São Paulo. 

Segundo os seguranças que o detiveram, Luciano alegou ter ouvido “vozes” e achou que a auxiliar de limpeza, que ia para o trabalho, o havia chamado de “mulher ou gay”. Em liberdade, Zé Marreta deveria ter sido amparado pela Rede de Atenção Psicossocial (Raps) ou pelo Centro de Atenção Psicossocial (Caps), órgãos indicados na resolução do CNJ para acompanhar os doentes mentais criminosos que forem soltos.

“Esses órgãos não vão ficar 24 horas por dia com o paciente para saber se ele está tomando a medicação, diferentemente das casas de custódia, onde o medicamento é vigiado pelo profissional para não correr o risco de o interno jogá-lo fora”, afirma Calvo. “Se o Caps e o Raps tivessem capacidade, isso não teria acontecido.”

Outro caso bastante conhecido é o de Francisco da Costa Rocha, o Chico Picadinho, agora com 81 anos, condenado por matar e esquartejar duas mulheres. 
O primeiro assassinato foi em 1966, aos 24 anos, no centro de São Paulo. A vítima foi a bailarina austríaca Margareth Suida, de 38 anos, que fazia programas. 
Depois de uma noite de muita bebida, drogas e sexo, ele se tornou violento e a estrangulou, primeiro com a mão e, depois, com o cinto. Para se livrar do corpo, Chico Picadinho esquartejou a mulher e a colocou em uma sacola. 

Dez anos depois do crime, liberado por bom comportamento, voltou a estuprar, matar e estrangular outra mulher. A cena se repetiu em 1976 com a prostituta Ângela Silva, conhecida como “Moça da Peruca”, 34. Depois de espancá-la e estrangulá-la, ele a esquartejou e tentou jogar os pedaços do corpo pelo vaso sanitário. Picadinho fugiu para o Rio de Janeiro e foi preso 28 dias depois. 

(...) 

É comum, no momento da prisão, o suspeito dizer que não é responsável por seus atos, porque é usuário de drogas ou tem transtorno mental, mas o psiquiatra tem a capacidade de identificar cada caso. “É muito complexo”, afirma Palomba. “Juízes e psicólogos não têm noção, mas o psiquiatra sabe. Quando a pessoa pode ficar internada dois meses só para medicação, por exemplo, a gente indica um hospital comum. Quando é crônico, não tem respaldo familiar ou social e não adere à medicação, indica-se uma internação mais prolongada.”

A média de tempo de permanência dos pacientes no HCTP de Franco da Rocha é de três anos. Quando saem, o hospital aciona a Raps ou o Caps e faz acompanhamento fora dos muros por seis meses. No período de internação, além do tratamento clínico e psiquiátrico, os internos têm assistência odontológica e complementar, com núcleo de educação, recreação e terapia ocupacional. Os detentos ainda trabalham no ateliê de costura, em reforma de móveis escolares, conservação e jardinagem.

Entidades médicas contra o fim

A resolução do CNJ regulamenta a Lei Antimanicomial (2001), que já previa o atendimento desses pacientes na rede pública de saúde, como Raps e Caps. Mas é preciso entender que há uma diferença entre o doente mental e o doente mental criminoso. O primeiro pode conviver com a família, em sociedade e ser tratado. O segundo precisa de internação por tempo indeterminado.

Guido Palomba explica que a maioria dos doentes mentais não é portadora de periculosidade. “Estamos falando de uma minoria, da mesma forma que a maioria das pessoas não é criminosa”, garante. “Essa turma acaba estigmatizando o doente.”

Enquanto associações de psiquiatria e de direitos humanos defendem a aplicação da política antimanicomial, até como forma de pôr em prática o que hoje diz a lei, entidades médicas lançaram uma nota contra a resolução. Um texto assinado pelo Conselho Federal de Medicina (CFM), a Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), a Associação Médica Brasileira (AMB), a Federação Nacional dos Médicos (Fenam) e a Federação Médica Brasileira (FMB) diz que a medida não foi debatida com médicos e que haveria risco para a segurança pública.

“O sistema público de saúde e o sistema prisional comum não estão preparados para receber todas essas pessoas, por isso haverá abandono do tratamento médico, aumento da violência, aumento de criminosos com doenças mentais em prisões comuns, recidiva criminal, dentre outros prejuízos sociais”, informa a nota.

“É uma irresponsabilidade acabar com a instituição de custódia que está habituada com o paciente que comete crimes, que é muito diferente da psiquiatria comum”, afirma Paulo Sérgio Calvo. “Tanto as terapêuticas quanto o tratamento são diferentes.”

(...)


Champinha: o caso do criminoso não se enquadra na resolução do CNJ
Roberto Aparecido Alves Cardoso, o Champinha, é autor de um dos crimes mais aterradores já cometidos no Brasil. Aos 16 anos, ele torturou e matou o casal de namorados Liana Friedenbach, de 16 anos, e Felipe Caffé, de 19, em Embu-Guaçu, na Região Metropolitana de São Paulo. 
Champinha | Foto: Reprodução

Era novembro de 2003. Liana e Felipe planejavam passar o fim de semana acampados perto de um sítio abandonado em Embu-Guaçu quando foram surpreendidos por Champinha e Paulo César da Silva Alves, o Pernambuco. Quando a dupla de criminosos percebeu que os adolescentes tinham pouco dinheiro, resolveram sequestrar Liana e Felipe. 

Os quatro foram para a casa de Antônio Matias de Barros, outro comparsa, que serviu de primeiro cativeiro para o crime. Na primeira noite, Liana foi violentada sexualmente por Pernambuco, enquanto Felipe permanecia no quarto ao lado. No dia seguinte, Pernambuco percebeu que Felipe não seria útil e o matou com um tiro na nuca. O corpo foi abandonado na mata e o criminoso fugiu para São Paulo.

Liana foi levada para a casa de outro comparsa, Antônio Caetano da Silva. No primeiro dia, Champinha a estuprou e, nos dias seguintes, o estupro passou a ser coletivo, com a participação de Antônio Caetano da Silva e Aguinaldo Pires.

Na madrugada do dia 5 de novembro, Champinha levou a vítima para o mesmo matagal em que Felipe havia sido morto. Ele tentou degolá-la e, ao falhar, desferiu golpes de faca nas costas e no tórax. Liana morreu de traumatismo craniano, quando Champinha golpeou sua cabeça com o lado cego da faca. Os corpos das vítimas foram encontrados cinco dias depois. Os assassinos foram localizados e presos em 10 de novembro.

Felipe Silva Caffé e a namorada, Liana Friedenbach | Foto: Reprodução
Aguinaldo Pires foi condenado a 47 anos e três meses de reclusão por estupro. 
Antônio Caetano da Silva recebeu 124 anos de reclusão por diversos estupros, e Antônio Matias de Barros foi sentenciado a seis anos de prisão e um ano, nove meses e 15 dias de detenção por cárcere privado, favorecimento pessoal, ajuda à fuga dos outros acusados e ocultação da arma do crime. 
Pernambuco pegou 110 anos e 18 dias por homicídio qualificado, sequestro, estupro e cárcere privado. 

Mesmo sendo menor de idade, Champinha era o líder do bando. Ele foi condenado a três anos na Fundação Casa. Ao completar 21 anos, no entanto, o Ministério Público requereu sua interdição civil depois que um laudo psiquiátrico apontou que ele tem doenças mentais graves, como transtorno de personalidade antissocial e leve retardo mental, sendo que pode apresentar risco à sociedade. 

ÍNTEGRA DA MATÉRIA - Revista Oeste


Leia também “Perversidade jornalística”

 

Joice Maffezzolli, colunista - Revista Oeste 

 

terça-feira, 23 de maio de 2023

A futurologia do TSE no caso Deltan espantou até ex-ministro do STF - Gazeta do Povo

Vozes - Alexandre Garcia

A Sociedade Brasileira de Cardiologia faz um alerta para as mulheres: subiu para 62% a proporção de mulheres até 49 anos que têm infartos. 
Para as mulheres com mais de 50, quase triplicou o número de casos. Mas não é o que vocês estão pensando. A estatística vai até 2019, então ainda não pegou as vacinas. 
Começa no início dos anos 2000, e cobre os vinte anos seguintes. 
O pessoal do Instituto do Coração acha que é porque as mulheres estão assumindo cada vez mais tarefas, já não têm mais aquela tranquilidade que tinha minha mãe, por exemplo, enfim, é um alerta às mulheres.  
Claro, nos homens também houve aumento, mas menor, porque os homens já vinham sofrendo, digamos, esse estresse da vida moderna.

O que o TSE fez
Por falar em estresse, deve haver algum tipo de estresse lá no Tribunal Superior Eleitoral. Eu via a Roseann Kennedy, imaginando no Estadão, na coluna dela, que o Benedito Gonçalves, que fez aquele relatório futurologista para punir o Deltan, está de olho é na vaga de Lewandowski no Supremo.

Sobre o caso Deltan, outro ministro, Marco Aurélio, aposentado, disse que está perplexo com essa história, e que não há nada que o impediria de ser candidato.  
Tanto que o Tribunal Regional Eleitoral do Paraná e o Ministério Público do Paraná - que seria o acusador - não viu nada disso diante da queixa da ação movida pelo PT, Psol, Partido Verde, dizendo que ele respondia à inquérito. 
Ele respondia à diligência, não tem nenhuma ação de punição administrativa contra ele. Então, de onde é que tiraram isso? Exercício de futurologia.
 
Eu ainda hoje, no Youtube, já li um voto do ministro Alexandre de Moraes, de 2018, dizendo que não se pode exercer futurologia num julgamento. Foi isso que fizeram. 
Aí vem uma manifestação de um ex-ministro do Superior Tribunal do Trabalho, Almir Pazianotto, que foi advogado do Sindicatos dos Metalúrgicos nos tempos de Lula, chegou a ser ministro do trabalho também, e ele postou o seguinte: "Artigo 83 da Constituição diz que deputados e senadores, desde à expedição do diploma, serão submetidos à julgamento no Supremo Tribunal Federal. O TSE portanto, conclui ele, violou a Constituição.
 
Vejam só o que temos aí pela frente. Houve uma manifestação e foi muito povo pra rua em Curitiba.  
Eu acho que tem que se considerar que todo esse povo foi manifestar por um único deputado federal, e num momento em que o Supremo está dando um recado para que as pessoas não vão para a rua se manifestar, pois podem ser presas e virar réus, né? 
Afinal, 1050 já viraram réus, sem flagrante, sem juiz natural, sem um foro natural, sem serem ouvidos, sem personalizar, sem individualizar a conduta de cada um. São coisas estranhas que a gente vê pelo país de hoje.
 
Drogas no STF
Hoje, um julgamento muito importante no Supremo, sobre se a pessoa pode transportar drogas para o seu uso pessoal.
Primeiro lugar, eu acho que quem faz lei, são aqueles em que nós votamos, passamos uma procuração para fazer leis em nosso nome, né? Deputados e senadores é que decidem se a pessoa pode ou não transportar drogas ilícitas. Mas o Supremo pretende decidir isso hoje. Aí, o sujeito que transporta droga para uso próprio, descobre que ele pode vender na esquina, voltar, pegar sempre quantidade pequena, Não sei o que vão atribuir. 
Isso cria um varejo muito dinâmico, que por sua vez, aumenta o volume do atacado. O tráfico aumenta o volume do atacado, aumenta o volume do varejo e aumenta o volume das lágrimas das famílias.


Alexandre Garcia, colunista - Gazeta do Povo - VOZES


quinta-feira, 23 de março de 2023

Deter o Estado bandido - O Globo

Se não ficarmos atentos, se o governo não tomar providências drásticas, corremos o risco de ser submetidos a um estado narcotraficante, como aconteceu na Colômbia durante anos. Foi muito difícil acabar com esse domínio lá, foi preciso ajuda maciça dos Estados Unidos, com dinheiro e forças militares. É uma situação a que não podemos chegar.

Mais uma vez a realidade dramática do domínio de territórios pelo crime organizado nos afronta e nos amedronta.  
Não bastasse a sequência de crimes cometidos por facções criminosas disputando espaço no Nordeste brasileiro, surge a tentativa de intimidar a Justiça e o sistema penitenciário com atentados contra juízes, promotores, agentes penitenciários, que lidaram nos últimos anos com a iniciativa de controle dessas facções. Seja, como fez o hoje senador Sergio Moro quando ministro da Justiça, enviando as lideranças desses bandidos para prisões de segurança máxima em diversas regiões do país, seja tratando-os com o rigor da lei.

A criação de um Ministério da Segurança Pública, concretizada no governo Temer e revertida no de Bolsonaro, voltará à discussão. É o que sempre acontece quando fica evidente que o crime organizado está ampliando suas ações, nacionalizando e até internacionalizando sua presença na distribuição de drogas.

Mas há uma cautela historicamente apartidária para tratar a questão, para que ela não contamine o presidente da República. Em 1997, o então presidente Fernando Henrique Cardoso criou a Secretaria Nacional de Segurança Pública, mas ligada ao Ministério da Justiça. No primeiro governo petista, houve a sugestão de que esse secretário ficasse subordinado diretamente ao Palácio do Planalto, e foi escolhido o antropólogo Luiz Eduardo Soares. Questões políticas impediram a eficácia da mudança. O ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, não queria perder o controle dessa função crítica, e o ministro da Casa Civil, José Dirceu, tinha discordâncias políticas com Soares e convenceu Lula de que não deveria vincular sua figura presidencial a tema tão delicado politicamente.

No final de 2003, Dirceu lançou a tese de que deveria ser criada a figura do czar antidrogas no Brasil, a exemplo do que existe nos Estados Unidos. Chegou a dizer que gostaria de assumir a tarefa. Nada disso aconteceu. O governo federal deveria coordenar as políticas de segurança estaduais. O combate ao crime organizado não pode ser responsabilidade exclusiva dos estados, como teimam em interpretar a Constituição.

Narcotráfico e tráfico de armas são crimes federais, transnacionais, entram pelas fronteiras. A disputa do Estado de Direito com o Estado bandido, com as milícias, os comandos de criminosos de diversas facções é uma questão-chave de que o Brasil não cuida há muitos anos.

Este caso de agora é gravíssimo, porque é um lance a mais na tentativa de controlar a sociedade. Praticar atentados contra autoridades públicas, ameaçar as instituições é passo ousado que tem de ser combatido. Tem razão o ministro Flávio Dino quando diz que não se pode politizar a ação repressiva de ontem. Nem para ressaltar a ação governamental como se fosse demonstração de “democracia e civilidade”, por estar envolvido o ex-juiz Sergio Moro, muito menos para tentar insinuar que o PT tem a ver com a ameaça, como quis Bolsonaro.[saiba mais sobre declaração de Lula sobre o assunto.]

A ação policial nesses casos é obrigação do governo, não favor, sejam as vítimas adversários ou amigos. O comentário de Lula sobre querer “f…r” Moro, se vingar, é infeliz em todos os sentidos, mas não o incrimina em nenhuma ação. [temos apenas uma certeza: comentário nos moldes do expelido pelo petista, fosse proferido por Bolsonaro, o capitão teria sido, no mínimo, 'crucificado; fosse proferido por um bolsonarista, este já teria sido preso por atos antidemocráticos, discurso de ódio, etc,etc,etc. 
Ao nosso ver o atual  presidente proferiu uma ameaça.] Apenas revela que ele não é nenhum Mandela, como querem os que o endeusam.

Merval Pereira, colunista - O Globo


quarta-feira, 11 de janeiro de 2023

Estranhas ações e misteriosas omissões - Percival Puggina

 

A ordem para entregar todas as pessoas presentes no acampamento instalado junto ao QG do Exército foi emitida por alguém que deixou no armário o senso de humanidade. 
Lá se foram embarcadas pessoas idosas, pessoas enfermas, crianças e suas mães. 
Você não precisa pensar muito para perceber que isso está errado. 
Não creio que algo assim já tenha sido feito em cracolândias, para apreensão de drogas e traficantes.

Era inevitável que a multidão detida evocasse a imagem nefasta de um “campo de concentração”. O erro, que desencadeou uma série de problemas operacionais – e humanos – foi considerar criminoso o simples fato de estar alguém acampado diante de uma instalação militar em protesto contra a sequência de ações cujo produto final foi a eleição de Lula.

É excesso de autoestima e perda do senso de medida indignar-se e reagir de modo punitivo a essa prolongada irresignação inativa. Por que, raios, vociferar tanto contra a visibilidade proporcionada pela simples presença passiva, semana após semana?

Vê-los me fazia lembrar de Mahatma Ghandi ou Martin Luther King, que estão longe de ser maus exemplos. Indignar-se e reagir a eles é desprezar a autonomia do ser humano. Quem assim procede tem excesso de estima por si mesmo e escassa estima pela humanidade.

As pessoas devem ser livres para protestar pacifica e eternamente, se quiserem. É o que fizeram, sempre sob repressão do Estado, as Mães da Praça de Maio na Argentina durante 30 anos entre 1976 e 2006 e há 20 anos fazem as Damas de Branco em Cuba, enquanto marcham, juntas, silenciosas, para a missa. Há exemplos para a esquerda e para a direita.[curiosamente penso mais em estar o 'alguém' mencionado na primeira fase deste POST, mais ligado à Cuba do que à Argentina.]

É inútil colocar uma rolha e selar com o lacre da autoridade as opiniões divergentes. Ao peso e custo de sanções, perguntas sem resposta podem não ser verbalizadas, mas persistirão nas mentes e ecoarão na história. Vale o mesmo para as perguntas que hoje são feitas sobre as misteriosas omissões das autoridades na proteção da Esplanada dos Ministérios.   

Percival Puggina (78), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site Liberais e Conservadores (www.puggina.org), colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+.


domingo, 16 de outubro de 2022

Classe C impulsiona voto à direita no País; segmento representa 100 milhões de brasileiros - O Estado de S. Paulo

Grupo socioeconômico exprime sentimento de abandono e desconfiança do Estado; 55% da população, é maior no Sudeste, Sul e Centro-Oeste, onde Bolsonaro venceu no 1º turno

Um contingente estimado em 100 milhões de pessoas, que têm perfil diverso e difícil de ser capturado por análises, se tornou um dos mais expressivos segmentos eleitorais do País, cujo comportamento pode ser fator decisivo em disputas polarizadas como a corrida presidencial deste ano. Para estudiosos do tema, é nessa fatia populacional chamada de classe C – que se concentra em grande parte a explicação para a formação de uma onda à direita na votação em primeiro turno das eleições. 
Além dos 51 milhões de votos alcançados por Jair Bolsonaro (PL), viu-se o triunfo de candidatos associados ao presidente nas eleições legislativas.
 
 Conforme dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad) de 2020, do IBGE, compilados pela consultoria Plano CDE para o Estadão, a classe C hoje compreende famílias com renda mensal entre R$ 500 e R$ 2 mil por pessoa, podendo chegar a R$ 8 mil no total. Essa parcela representa 55% da população brasileira, mas está mais concentrada nas regiões onde candidatos bolsonaristas tiveram melhor desempenho e Bolsonaro venceu a disputa com Luiz Inácio Lula da Silva (PT): no Sudeste (59%), no Centro-Oeste (61%) e no Sul (63%). No Nordeste, onde a maioria votou em Lula, as classes D e E correspondem à maior parte, 47%, e a classe C é menor, com 45%.
 
(...)
 

De acordo com analistas, iniciativas como o aumento do auxílio emergencial às vésperas das eleições não mudaram essa relação já estabelecida entre o atual presidente e o Estado mínimo. “Mesmo que Bolsonaro não tenha conseguido fazer ações nesse sentido, o ‘não fique em casa’, o ‘Estado me atrapalha’, menos coletivo e mais individual, é uma visão que colou nele e que tem respaldo nesse grupo”, completa Prado.

 (...)
 
”A desconfiança em relação ao Congresso, aos partidos e até ao Judiciário é profunda”

José Álvaro Moisés, coordenador do grupo de trabalho sobre a qualidade da democracia da Universidade de São Paulo (USP)

(...)
 

Intangível

Outro elemento que as análises mostram sobre este grupo é uma dificuldade em entender e se mobilizar pelo que parece intangível. Em suas pesquisas, Prado percebe posições fortes, por exemplo, contra o feminismo. “Eles são contra demitir uma mulher por estar grávida, mas não associam isso ao feminismo. Há uma visão geral da coisa, mas quando vai no detalhe, no tangível, se mostram a favor”, explica. As campanhas têm justamente explorado, sem explicações detalhadas – o que favorece essa confusão – temas como aborto, drogas e gênero.

No aspecto criminal, diferentemente do que ocorre com o PT, analistas avaliam que há baixa compreensão sobre suspeitas de corrupção no governo Bolsonaro, como a influência dos pastores no Ministério da Educação (MEC), revelada pelo Estadão, ou a investigação sobre compra de vacinas para covid-19, denunciada pela CPI no Senado. “Petista preso é algo mais concreto. Roubo, cadeia é mais simples de entender”, diz Prado.

(...) 

Identificação de Classe C com religião faz PT rever campanha
Uma comunicação clara e focada no concreto, segundo analistas, torna-se um trunfo neste segundo turno para que as campanhas consigam falar à classe C. Além disso, a religião, identificada como algo relevante para esse grupo, também já tem aparecido como protagonista na disputa nas redes socais e deve continuar em evidência.

Especialistas apontaram erros do PT em ter se utilizado, por exemplo, de artistas e intelectuais para buscar voto para Lula no primeiro turno. Prado diz que o grupo enxerga “um discurso de lacração, de esquerda arrogante progressista ou de um vitimismo, de grupos como os gays”.

Andreia Bassan, microempresária, é eleitora convicta de Jair Bolsonaro; ‘Sou cristã e contra o aborto’, diz.
Andreia Bassan, microempresária, é eleitora convicta de Jair Bolsonaro; ‘Sou cristã e contra o aborto’, diz. Foto: Felipe Rau/Estadão

Ele cita o movimento nas redes sociais que estimulava eleitores do PT a fotografar 13 livros de cor vermelha. “Muitos pensam: nunca li nem 13 livros, quanto mais vermelhos”, diz o antropólogo. O partido tirou os artistas e passou a veicular vídeos com pastores evangélicos logo nos primeiros dias da campanha do segundo turno.[artistas tipo a Mercury cujo último sucesso foi na década de 90, ou o Chico Buarque, mais recente sucesso também no século passado.].

O desafio da comunicação também aparece no discurso de não violência, contra as armas, diz Prado, já que a população se vê entre facções criminosas e tráfico. A evidência de que o aumento no número de armas leva a mais violência, demonstrada em pesquisas, é mais difícil de explicar do que o discurso de que a arma serve para a pessoa se defender.[Comentários: é sabido que vários morticínio nos Estados Unidos, em outros países e mesmo no Brasil, não se realizaram ou tiveram menos vítimas, por ter pessoas armadas entre as , ou próximas das, possíveis vítimas.]

A religião surge, de acordo com analistas, muito atrelada aos valores morais na classe C. Uma parte da narrativa desses segmentos de direita é de natureza dos costumes, há uma recuperação de um sentimento conservador, colado na fé religiosa, que existe na sociedade e foi trazido para o centro do debate”, diz o professor José Álvaro Moisés.

Apesar de as últimas pesquisas mostrarem que 30% da população é evangélica, como o último Censo demográfico foi feito em 2010 (e deveria ter sido repetido em 2020) os números podem estar defasados. Outros 50% se declaram católicos.


“Como cristã, valorizo a família, a vida, sou contra o aborto, contra corrupção”, diz Andreia Bassan, de 47 anos, que é evangélica. Ela e o marido têm uma microempresa de cursos online de artesanato. Seu voto é convicto em Bolsonaro. “Ele veio para mostrar as coisas que a gente não enxergava, fomos muito enganados pela política. Se ele não tivesse esse jeito de falar, o sistema já teria engolido ele.”

Andreia mora na zona norte da capital e reclama de não poder trabalhar durante a pandemia e de ser obrigada a “entrar como bandida em seu escritório”. O casal não se vacinou contra a covid por não acreditar no imunizante “feito às pressas”. “Meu marido pegou covid no começo da pandemia, foi terrível, estávamos sem plano de  saúde, mas sou uma mulher de fé.”
 
Em Política - O Estado de São Paulo - LEIA MATÉRIA COMPLETA
 
 

quarta-feira, 7 de setembro de 2022

Bolsonaro diz que trará para as ‘quatro linhas’ da Constituição quem ousa ficar fora delas -= O Estado de S. Paulo

Em discurso após desfile na Esplanada, presidente afirma que ‘hoje todos sabem o que é o Supremo’ e volta a repetir o mote eleitoral da ‘luta do bem contra o mal

 O presidente Jair Bolsonaro (PL), candidato à reeleição, usou seu discurso durante o desfile de 7 de setembro na Esplanada dos Ministérios, em Brasília, para repetir motes de campanha e fazer um ataque velado ao Supremo Tribunal Federal. “A voz do povo é a voz de Deus”, disse Bolsonaro enquanto a multidão de apoiadores vaiava a Suprema Corte brasileira. “Hoje todos sabem que é o Poder Executivo, a Câmara dos Deputados, o Senado Federal. Todos sabem o que é o Supremo Tribunal Federal”, disse ele. “Todos nós mudamos. Todos nós nos aperfeiçoamos e podemos ser melhores no futuro.”

Bolsonaro também falou que a festa é mais do que o Bicentenário da Independência: 'É a democracia, a liberdade de um povo.' Foto: Wilton Junior/Estadão

“Com a reeleição, traremos para as 4 linhas todos os que ousam ficar fora delas”, disse o presidente da República, que no entanto evitou atacar frontalmente a Corte e os ministros. Durante o breve discurso, Bolsonaro também repetiu bordões de sua campanha eleitoral, como a suposta luta do bem contra o mal. Também fez críticas ao PT. “Sabemos que temos pela frente uma luta do bem contra o mal. Um mal que perdurou por 14 anos no nosso País, que quase quebrou a nossa Pátria e que agora deseja voltar À cena do crime. Não voltarão! O povo está do nosso lado. O povo está do lado do bem. O povo sabe o que quer”, disse.

 “Pode ter certeza, pela graça de Deus, que me deu uma segunda vida, e pela graça de comandar o País, que atingiremos o nosso objetivo”, disse. “Começamos a mudar nosso Brasil. Veio a pandemia, lamentamos as mortes. Veio a errada política do ‘fique em casa’ e a economia a gente vê depois”. “Quando parecia estar tudo perdido para o mundo, o Brasil ressurge pungente. Com uma das gasolinas mais baratas do mundo”, frisou o presidente.

O presidente e a primeira-dama se beijaram em alguns momentos do pronunciamento.

O presidente e a primeira-dama se beijaram em alguns momentos do pronunciamento. Foto: Evaristo Sá/AFP

Assim como a primeira-dama Michelle Bolsonaro antes dele, o presidente deu conotação cristã ao discurso.Somos uma pátria majoritariamente cristã, que não quer liberação das drogas, que não quer legalização do aborto, que não admite a ‘identidade de gênero’, que respeita a vida desde a sua concepção”, disse ele.

“Podemos fazer várias comparações. Até entre as primeiras-damas. Não há o que discutir. Uma mulher de Deus, família e ativa na minha vida. Não é do meu lado, muitas vezes está na minha frente”, afirmou.[com todo respeito ao nosso presidente, lembramos que ele erra na comparação; afinal,  a 'Janja', casada com o descondenado petista, é primeira-dama do que ou de quem? não é, nunca foi, nem nunca será.] A referência é a uma postagem antiga da mulher do candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT), a socióloga Rosângela da Silva, Janja, na qual ela aparece ao lado de ícones representando entidades da umbanda.


                                                 @RenatoCGC

André Shalders e Vinícius Valfré - O Estado de S. Paulo


domingo, 24 de julho de 2022

Bolsonaro ataca STF e convoca para protestos no 7 de setembro no lançamento de sua candidatura - O Globo

Bolsonaro participou de convenção no Rio que oficializou sua candidatura à reeleição  — Foto: Gabriel de Paiva

 

Bolsonaro participou de convenção no Rio que oficializou sua candidatura à reeleição — Foto: Gabriel de Paiva [no lançamento da candidatura do descondenado petista, não inocentado, faltou público.]

Em discurso na convenção nacional do PL, realizada neste domingo no Maracanãzinho para homologar sua candidatura à reeleição, o presidente Jair Bolsonaro citou ações de seu governo, enalteceu lideranças do Centrão e criticou o ex-presidente Lula (PT), seu principal adversário nas pesquisas. Nos minutos finais de sua fala, Bolsonaro fez ataques ao Supremo Tribunal Federal (STF) e conclamou apoiadores a irem às ruas no próximo dia 7 de setembro, mesma data em que, no ano passado, participou de manifestações antidemocráticas que pediam o fechamento a Corte.

Durante o discurso, que durou uma hora e dez minutos, Bolsonaro também sugeriu que participará dos debates na campanha. Além de momentos de pregação religiosa com citações a Deus, o presidente fez falas direcionadas a jovens e mulheres, destacando realizações de seu governo para estes públicos.

No início de sua fala, evitando citar textualmente o Supremo, Bolsonaro inflamou o público ao dizer que "hoje sabemos o que é o STF". Após a frase, o presidente ficou em silêncio enquanto o público vaiava e gritava "Supremo é o povo". Ao fim do discurso, o presidente citou a Corte de forma mais direta, ao se referir a "surdos de capa preta".

— Vamos às ruas no dia 7 de setembro pela última vez. Esses pouco surdos de capa preta tem que entender o que é a voz do povo. Tem que entender que quem faz as leis é o Poder Legislativo e o Executivo. Todos têm que jogar dentro das quatro linhas da Constituição — disse Bolsonaro.

Também nos momentos finais de sua fala, Bolsonaro alternou referências ao Exército e ao "exército do povo". Em dado momento, após o presidente se referir ao "nosso Exército", soou no sistema de alto-falantes do evento uma vinheta com um tambor em ritmo de marcha militar. Em seguida, Bolsonaro citou indiretamente acusações de fraudes no processo eleitoral, veiculadas nos últimos meses por ele mesmo e por seus apoiadores sem apresentar quaisquer evidências que as sustentem.

O presidente também fez referências veladas à participação das Forças Armadas em uma comissão montada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), com o objetivo de ampliar a fiscalização e transparência sobre o processo eleitoral, ao dizer que o exército "não admite fraude" e "merece respeito". Em audiência na Câmara há duas semanas, o ministro da Defesa, general Paulo Sérgio Nogueira, cobrou do TSE que acolhesse sugestões feitas pelos militares na comissão. Em nota divulgada na última terça, o TSE disse que as propostas "indicadas como não acolhidas" pelo ministro foram analisadas e encaminhadas de acordo com a legislação eleitoral em vigor.— Nós, militares, juramos dar a vida pela pátria. Todos vocês aqui juraram dar a vida pela sua liberdade. Eu juro dar a vida pela minha liberdade, repitam. Esse é o nosso Exército. O exército do povo. É o Exército que não admite corrupção, não admite fraude. Que quer transparência, que merece respeito. E que vai ter. Esse é o exército que nos orgulha. O exército de 210 milhões de pessoas — disse o presidente.

Na última segunda-feira, Bolsonaro já havia atacado os ministros Edson Fachin (presidente do Tribunal Superior Eleitoral), Luís Roberto Barroso e Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF) durante reunião com embaixadores.

Bolsonaro também declarou que deseja "bem lá na frente" transmitir a Presidência "de forma democrática e transparente". — O que eu mais quero lá na frente, bem lá na frente, é entregar o poder de forma democrática e transparente para quem vier me suceder. Mas entregar um país muito melhor do que aquele que recebi em 2019 — afirmou.

Durante a convenção deste domingo, Bolsonaro disse ainda que conversou com Paulo Guedes e que irá manter o auxílio em R$600 a partir de 2023.

E tenho certeza, teremos deflação no corrente mês — sentenciou.

Já no fim do discurso, Bolsonaro citou a escolha do general Walter Braga Netto (PL) como seu candidato a vice e enalteceu a presença de militares em seu governo. Bolsonaro também elogiou, em momentos distintos, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP) — a quem chamou de "grande amigo" —, o ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira (PP), e a ex-ministra da Agricultura, Tereza Cristina (PP).

Ao mencionar o ex-presidente Lula, a quem chamou de "ladrão" e "cachaceiro", Bolsonaro indicou participar de debates durante a campanha.— Não tenho nem adjetivo para qualificá-lo (Lula) neste momento. Quem sabe num debate, caso ele esteja presente — afirmou o presidente, alegando ainda que o ex-presidente teria a intenção de "legalizar o aborto e as drogas" no país.

Bolsonaro chegou ao ginásio às 11h17 e passou entre apoiadores localizados no espaço da quadra antes de subir ao palco, onde discursou ao lado de parlamentares e correligionários — incluindo o governador do Rio, Cláudio Castro (PL). Antes do presidente, a primeira a discursar foi a primeira-dama, Michelle Bolsonaro.

Em discurso de cerca de dez minutos antes da fala de Bolsonaro, com forte apelo religioso, a primeira-dama Michelle Bolsonaro ressaltou iniciativas do governo voltadas para as mulheres e para a população do Nordeste: — Falam que ele (Bolsonaro) não gosta de mulheres. Ele foi o presidente que mais sancionou leis de proteção às mulheres, foram mais de 70 leis. Quando ele sanciona a lei para que mães com filhos com microcefalia recebam o BPC (Benefício de Prestação Continuada), ele está defendendo as mulheres. Quando leva água para o Nordeste, está cuidando da mãe dona de casa, que leva água numa bacia na cabeça para cozinhar para seus filhos — discursou.

Em diferentes momentos, a primeira-dama chamou a candidatura de Bolsonaro de "projeto de libertação para o país". Em meio a citações bíblicas, ela também disse orar na cadeira usada pelo presidente no Palácio do Planalto ao fim de cada semana. Depois, Bolsonaro começou a falar. — Quando se fala em poder do povo, alguém acha que o povo cubano não quer a liberdade? Tem? Não. Como chegar a esse ponto? Por escolhas erradas (…) A nossa missão é não atrapalhar a vida de vocês. É, cada vez mais, tirar o Estado de cima de vocês. Estado forte, povo fraco. Povo forte, Estado forte — disse Bolsonaro.

As emendas já fazem o Congresso decidir como serão empregados neste ano 24,57% do total de gastos livres (a fatia do Orçamento que pode ser manejada). Em 2014, ele controlava 4%. Essas despesas são aquelas em que o gestor tem poder de escolha, como investimentos, bolsas de estudo e manutenção da máquina pública em geral.

Na hora da chegada de Bolsonaro, pouco mais de metade das arquibancadas do Maracanãzinho, estavam ocupadas pelo público, majoritariamente vestido com camisas verde e amarelas. O público formou filas desde antes do horário de abertura dos portões, por volta de 8h30.

Bolsonaro entrou no ginásio logo após a homologação de sua candidatura pelos convencionais do PL. A votação, encerrada às 11h, teve 204 votos a favor da candidatura, segundo o locutor do evento, que não informou se houve votos contrários ou abstenções. O presidente entrou acompanhado pela primeira-dama, Michelle Bolsonaro, pelo senador Flávio Bolsonaro (PL-SP), pelo ex-ministro Walter Braga Netto (PL), pré-candidato a vice, e por alguns correligionários, como o deputado federal Marco Feliciano (PL-SP).

No palco, estavam presentes o presidente nacional do PL Valdemar Costa Neto, ministros e ex-ministros, além de candidatos de chapas a governos estaduais e ao Senado apoiadas por Bolsonaro em diferentes estados. Entre as chapas anunciadas estavam as dos ex-ministros Tarcísio de Freitas (Republicanos) e Marcos Pontes (PL), que concorrem respectivamente ao governo e ao Senado por São Paulo; Anderson Ferreira (PL) e o ex-ministro Gilson Machado (PL), de Pernambuco; João Roma (PL) e Dra. Raíssa Soares (PL), da Bahia; e Jorginho Mello (PL) e Jorge Seif (PL), de Santa Catarina.

Também foram anunciados no palco pré-candidatos bolsonaristas aos governos estaduais, como o ex-presidente Fernando Collor de Mello (PTB), que concorre em Alagoas; o ex-ministro Onyx Lorenzoni (PL), do Rio Grande do Sul; Major Vitor Hugo (PL), de Goiás; Marcos Rogério (PL), de Rondônia; e Claudio Castro (PL), do Rio. 

Quase todos os candidatos foram anunciados ao som de uma vinheta que reproduzia o barulho da urna eletrônica — atacada por Bolsonaro nos últimos meses — quando são computados os votos. O efeito sonoro ainda foi repetido diversas vezes durante o discurso de Bolsonaro.

O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP) — que vestia uma camiseta com a inscrição "Bolsonaro 22" — também presente na convenção, foi saudado com frieza pelo público ao ser anunciado no palco. Embora não seja filiada ao PL, a ex-ministra Tereza Cristina (PP), pré-candidata ao Senado por Mato Grosso do Sul, foi um dos nomes mais aplaudidos ao ser anunciada.

Outro nome bastante saudado pelo público foi o deputado federal Daniel Silveira (PTB), condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por ataques à democracia. Silveira tenta viabilizar uma candidatura ao Senado pelo Rio, embora o palanque formal de Bolsonaro tenha o senador Romário (PL). Ao ser anunciado no evento, Romário foi vaiado por parte da militância presente. Parte do eleitorado bolsonarista no Rio defende a candidatura de um nome mais alinhado ao presidente Bolsonaro para o Senado.

O general da reserva Eduardo Pazuello, ex-ministro da Saúde, também foi aplaudido ao ser anunciado e caminhar pelo palco. Pazuello concorrerá a deputado federal pelo PL no Rio. Algumas ausências também chamaram a atenção. Não estiveram no evento o ministro da Economia, Paulo Guedes, além dos filhos do presidente Eduardo Bolsonaro (PL) e Carlos Bolsonaro (Republicanos).

A convenção misturou uma série de símbolos característicos do bolsonarismo como bandeiras do Brasil, cores verde e amarelo, ao lado dos novos motes de campanha de Bolsonaro como faixas com o slogan “Capitão do povo” e “Liberdade, verdade e fé pelo bem do Brasil”.

Compondo o comício conservador, lemas como “família”, “pátria”, “Deus”, “liberdade”, estavam espalhados em camisas, bandeiras e outros adereços que deram uma imagem de torcida ao público presente. Na fila de entrada e nas arquibancadas, os apoiadores de Bolsonaro entoaram cânticos no qual afirmam que sua bandeira "jamais será vermelha" e que vieram "de graça" ao evento.

O mestre de cerimônias, que animou o público presente em tom de locutor de rodeio, exaltou em diversos momentos do “esquenta” a importância da participação das mulheres para a campanha de Bolsonaro. Ele chegou a ensaiar uma música seguidas vezes com o público, cujos versos citam a "mulher brasileira em primeiro lugar".

Repetido nos alto falantes a todo momento, o jingle “Capitão do Povo", que inicia com um solo de guitarra que faz alusão ao Hino Nacional, embalou os apoiadores do presidente no ginásio. Autores da gravação, a dupla sertaneja Mateus e Cristiano subiram no palco repetidas vezes antes da chegada do presidente para ensaiar a letra com o público e preparar uma entrada “triunfal” para Bolsonaro. 

Eleições - O Globo


quinta-feira, 14 de julho de 2022

Petistas se preocupam com pedido de Anitta a Lula sobre as drogas

A conta ‘cara’ do apoio da cantora ao ex-presidente já assusta o PT

Mal anunciou apoio à candidatura do ex-presidente Lula (PT), e Anitta já começa a fazer suas cobranças. Durante uma live nesta terça-feira, 12, a cantora disse com todas as letras o que espera do petista: “Será que o Lula apoia isso, apoia a legalização para nós? Estou te dando o maior apoio… Tinha que virar empresa que paga imposto, ao invés de deixar esse povo tudo rico aí, lavando dinheiro, sei lá como… Sou a favor de virar tudo empresa legalizada. Proibir as drogas não faz com que as pessoas parem de usar… E ao invés de estarem aí colaborando para essa guerra que só mata o pobre, que nada tem a ver com isso, só deixa rico povo que não paga imposto, que lava dinheiro”, declarou.

A fala da cantora já soa como uma cobrança pela sua declaração de apoio a Lula. Mas por se tratar de um tema polêmico e que sempre gera discussões acaloradas, dirigentes do PT temem que a verborragia política de Anitta alimente a munição digital da bolsonaristas. Não custa lembrar que legalização das drogas deve passar pelo Congresso. Não se trata de um assunto que cabe unicamente ao presidente aprovar ou não.

Gente - Revista VEJA


sábado, 30 de abril de 2022

‘O pior racista é o negro vitimista’ - Revista Oeste

Paula Leal

Para o pastor e pré-candidato a deputado federal Wesley Ros, o negro precisa se libertar e superar o auto preconceito

Wesley Ros é pastor, cantor gospel, compositor e produtor musical. Aos 45 anos, ele é hoje um dos pastores evangélicos mais influentes das redes sociais. Em junho de 2020, Ros gravou um vídeo manifestando sua opinião sobre racismo, na esteira do que aconteceu com George Floyd, morto por um policial na cidade de Minneapolis, nos EUA, em maio daquele ano. O discurso foi na contramão dos movimentos antirracistas que se insurgiram na época, como o Black Lives Matter (Vidas Negras Importam), ao criticar a vitimização de grupos que usam a cor de pele como justificativa para a falta de oportunidades. “Era necessário que alguém que pensasse fora da bolha vitimista falasse alguma coisa”, disse Ros. A publicação viralizou nas mídias sociais. 


O pastor Wesley Ros | Foto: Arquivo Pessoal
O pastor Wesley Ros | Foto: Arquivo Pessoal

 

Desde então, ele ganhou milhares de seguidores e passou a compartilhar suas opiniões e a defender abertamente pautas de direita, como a não legalização das drogas e do aborto. Em dezembro passado, foi a Brasília e realizou uma apresentação musical no Palácio da Alvorada. Na plateia estavam o presidente Jair Bolsonaro e a primeira-dama, Michelle Bolsonaro, além de políticos e ministros. Ao término do show, Bolsonaro convidou o pastor para ser candidato a deputado federal por São Paulo: “Negão… Bora pra São Paulo? Se os bons se omitirem, os maus prevalecem”, disse o presidente. “Na hora fiquei meio sem entender o que ele estava dizendo”, confessou o pastor. “Não sabia o que fazer, só abracei o presidente.” Ros aceitou o convite e hoje é pré-candidato a deputado federal por São Paulo pelo PL, partido de Bolsonaro

Nesta entrevista, o produtor musical fala sobre a atuação de movimentos antirracistas, critica o discurso da “dívida histórica” em razão dos tempos da escravidão para justificar ações inclusivas e diz que não vai aceitar receber cota do fundo eleitoral pelo fato de ser negro. “Se for obrigado a receber, recebo e faço uma doação”, disse.  

A seguir, os principais trechos da entrevista.

Em junho de 2020, na esteira da morte de George Floyd, um vídeo em que o senhor fala sobre racismo viralizou nas redes sociais. Por que o senhor resolveu gravar o vídeo? 

Desde a morte do George Floyd, começou nos Estados Unidos uma onda de manifestações, para que as pessoas ficassem com ódio dos brancos. Em um protesto nos EUA, por exemplo, manifestantes jogaram uma tampa de ferro de esgoto na cabeça de um policial, que era branco, e ele morreu. O foco era contra policiais, de preferência brancos. Então, tive de me posicionar. Essa onda se espalhou por alguns países, inclusive no Brasil, com o episódio do Carrefour [em novembro de 2020, um homem negro foi morto por seguranças dentro de um supermercado da rede em Porto Alegre]. Pessoas tocando fogo no Carrefour e aquela situação toda. Era necessário que alguém que pensasse fora da bolha vitimista falasse alguma coisa. Caso de racismo existe? Existe. Algo que, inclusive, já aconteceu comigo. A ideia do vídeo era não maximizar o vitimismo. Quis  apontar o racista e não generalizar que todo branco é racista. Acho que meu recado foi muito bem dado.

Como foi a repercussão desse vídeo nas redes sociais? 

Ganhei muitos seguidores. Com isso, pude maximizar o que penso sobre a convivência entre negros e brancos e externar minhas opiniões políticas. Na época, os principais blogs entraram em contato para me entrevistar. Vi o carinho das pessoas. E não foi pela minha cor. Foi pelas minhas opiniões. Quantos negros chegaram para mim dizendo que pensavam diferente, que abri a cabeça deles, como um machado no cérebro. Mas também sofri um pouco de cobrança, de perseguição nas redes sociais. Esses que já têm carteirinha de militante disseram que eu estava negando o movimento, que eu era negro com discurso de branco. Esses são os verdadeiros racistas.

“A cota deveria ser social. Existem brancos embaixo de pontes, brancos na cracolândia, existe branco passando necessidade”

Como o senhor responde a negros que dizem que os brancos têm uma dívida histórica em razão da escravidão e que é preciso compensar esse período com ações inclusivas?

O negro tem uma licença para ser racista. Qual é? Jogar a culpa na dívida histórica. ‘Estou atacando o branco, mas não é um ataque. Sou a vítima, porque o branco tem uma dívida comigo’. E por isso o negro se acha no direito de atacar o branco. E o branco não pode se defender, mesmo sofrendo racismo por parte do negro. Quem é o verdadeiro racista nessa história?

O que o senhor pensa sobre a política de cotas nas universidades?

A cota deveria ser social. Existem brancos embaixo de pontes, brancos na cracolândia, existe branco passando necessidade. Tá cheio de negão milionário e de branco pobre. Esse discurso de dívida histórica pode ter funcionado por um determinado tempo, hoje não mais. Não há por que cobrar uma dívida do branco se não foi ele que fez e não é o negro de hoje que está amarrado num tronco. Isso não faz sentido. Além disso, é uma depreciação quando o negro entra em uma universidade e diz que conseguiu com a ajuda do branco. O mesmo branco que ele critica. 

O Brasil é um país racista?

Nos Estados Unidos, existiam bairros negros e brancos, escolas para negros e para brancos. No Brasil não houve isso. Você sai na rua e vai encontrar negros e brancos em qualquer esfera da sociedade. Aí vem o discurso: ‘Mas o negro não tem chance’. Como assim? Ele tem chance no funk e ganha milhões, tem chance no rap, no samba e ganha milhões, tem chance no futebol. Se existem setores em que o negro pode crescer e se tornar milionário, por que não na intelectualidade? Não é que não tem oportunidade, é que muita gente escolhe não estudar. É o negro que cresce com essa mentalidade ‘não tenho, não sou, não posso, não consigo’. A cadeira do intelectual branco, por exemplo, quem fundou foi um negro, Machado de Assis [o escritor fundou a Academia Brasileira de Letras, em 1897]. O pior racista é o negro vitimista. Porque ele sempre acusa o branco. E não é um branco, é o branco, no coletivo.

O senhor já disse que não acredita na existência da raça negra e que isso seria uma criação afro para distinguir preto de branco e dizer que preto tem raça e o branco não. Por quê?

Os movimentos de minorias sempre cobram que eu defenda a raça. Mas que raça? ‘A negra’, eles dizem. Mas eu não sou da raça negra, sou da raça humana. O cara que se ofende por ser chamado de negão precisa rever seus conceitos. Ele é preconceituoso. Porque essa mesma pessoa que se ofende, muitas vezes, é aquela que veste uma camiseta escrita “100% preto”, mas se sente ofendida quando um branco a chama de preto.

O senhor tem bastante contato com a classe artística. Como o senhor avalia o engajamento dos artistas em defesa de movimentos negros e antirracistas?

Veja o exemplo da música cantada pelo Seu Jorge no filme Marighella,a carne mais barata do mercado é a carne negra’. Ele já foi casado com quatro mulheres, e as quatro são brancas
Por acaso, ele estava em promoção quando elas chegaram para casar com ele? 
Olha os carros que ele tem, quanto custa um show dele? R$ 300 mil, R$ 400 mil? 
Ele é carne barata? Isso é tripudiar em cima dos negros, fazer deles palanque para alcançar fortuna e chamar todos os brancos de racistas. 
 
Menos as mulheres dele. Não entendo essa hipocrisia. A Ludmilla, funkeira, disse que precisou se mutilar para ser aceita na sociedade e que, por isso, fez cirurgia para afinar o nariz. Aí eu pergunto: e branco não faz também? É questão de estética. Ludmilla se mutilou não porque não foi aceita na sociedade, mas porque ela não se gosta. Ela se mutilou porque não se aceita negra. Por isso que ela usa peruca, alisa o cabelo. Quantas mulheres se cuidam, fazem dieta, alisam cabelo, fazem cirurgia plástica independentemente de serem brancas ou pretas? O negro precisa vencer o seu autopreconceito para depois dizer que algum branco é preconceituoso. 

Como o senhor define o negro que não pensa como o senhor?

Chamo de prisioneiro de uma senzala ideológica. Não se pode mais amarrar fisicamente os pulsos dele, os pés dele, então ele permite que amarrem seu cérebro. No fundo, ele ainda é um escravo. 

O senhor foi convidado pessoalmente pelo presidente Jair Bolsonaro para ser candidato a deputado federal. Por que aceitou o convite? 

Nunca tinha passado pela minha cabeça entrar na política. Nunca trabalhei em gabinete, na esfera pública. Meu negócio sempre foi a música, o palco, gravar artistas. Quando Bolsonaro me convidou, foi uma grande surpresa. E capitão não pede, capitão ordena. E o soldado que é inteligente obedece. O presidente me abriu os olhos para encarar o pedido como uma missão, um propósito. Para mim, lucrativamente, é andar para trás. Abrir mão das minhas agências, produções, shows, para ganhar o salário de deputado federal, é preciso ter muito amor no coração. Mas entendi o chamado de Bolsonaro e que ele precisa de ajuda. 

Por ser negro, o senhor terá direito a cotas do fundo eleitoral do seu partido. Como enxerga esse benefício?

Meu partido vai dar cota para que eu receba verba partidária só porque sou negro? Não quero. ‘Mas é obrigatório.’ Se for obrigado a receber, recebo e faço uma doação. Veja, isso foi um projeto da Benedita da Silva [em 2020, o Tribunal Superior Eleitoral acatou o projeto da deputada federal do PT para que os partidos destinassem recursos do fundo eleitoral de maneira proporcional à quantidade de candidatos negros e brancos]. O que a deputada quis com isso? Ela quis vender a ideia de que está ajudando a comunidade negra com essa iniciativa. Ela quis mostrar que os brancos sempre estiveram no poder na política e que seu projeto vai promover mais candidatos negros. Benedita ganhou o que queria: votos. Negros escravizam negros. Como lá atrás. A história se repete, só que agora é na ideologia.

O que o senhor pretende realizar caso seja eleito deputado? 

O político hoje não tem de ter bandeira, ele precisa atender o Estado que o elegeu e os eleitores que confiaram nele. Vou dizer que sou simpatizante a alguns temas, como a cultura e o foco em investimentos na periferia. Simpatizo também com a ideia de instalar escolas cívico-militares. Por que não? Eu gostaria de ver meus filhos hasteando a bandeira, cantando o Hino Nacional. Juntando todas as emendas a que um parlamentar federal tem direito, ele consegue movimentar cerca de R$ 60 milhões por ano. Dá para fazer muita coisa. Acho que serei uma peça fundamental caso isso se concretize, porque vou mostrar para os meus irmãos de cor que é possível pensar diferente daquilo que eles aprenderam a vida toda em um universo totalmente vitimista. E quero fazer por todos. Não pelos negros, mas pelas pessoas. 

Leia também “O socialismo promove a socialização da escassez”

Paula Leal, colunista - Revista Oeste