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sexta-feira, 24 de dezembro de 2021

Estados não exigirão prescrição médica para vacinação de crianças contra covid-19 - O Estado de S. Paulo

Conselho de secretários estaduais de Saúde divulgou carta na qual aponta que não vai seguir postura defendida pelo Ministério da Saúde

Após reunião entre os secretários estaduais de Saúde na manhã desta sexta-feira, o Conselho Nacional de Secretarias de Saúde (Conass) divulgou na manhã desta sexta-feira, 24, uma "carta de Natal às crianças do Brasil". No texto, o grupo confirma que nenhum Estado exigirá prescrição médica para a vacinação de crianças contra a covid-19.

Na quinta-feira, 23, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, afirmou que o governo vai vacinar as crianças apenas mediante prescrição médica e a assinatura de um termo de consentimento pelos pais e responsáveis. A aplicação do imunizante da Pfizer em crianças de 5 a 11 anos foi autorizada há mais de uma semana pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), mas ainda não tem data de início prevista.

O Ministério da Saúde também abriu uma consulta pública sobre a exigência de prescrição médica e a obrigatoriedade da imunização. A iniciativa foi criada em um formulário fora de plataformas do governo federal, que apresentou instabilidade ao longo desta sexta, com perguntas dúbias e sem validação de dados, como CPF.

Embora as estatísticas da própria pasta mostrem que uma criança nessa faixa etária morreu a cada 2 dias por covid-19 desde o início da pandemia, o Queiroga chegou a dizer nesta semana que não há "emergência" para vaciná-las.

A carta é assinada pelo presidente do conselho e secretário de Saúde do Maranhão, Carlos Lula.[esse cidadão apesar de estar secretário da Saúde do Maranhão e presidente do tal Conass é advogado.] "Os cientistas do mundo inteiro apontam a segurança e eficácia da vacina para crianças! Ela inclusive já começou a ser aplicada em meninos e meninas de vários países do mundo. Infelizmente há quem ache natural perder a vida de vocês, pequeninos, para o coronavírus", diz um trecho.

"No lugar de dificultar, a gente procura facilitar a vacinação de todos os brasileirinhos. E é esse recado que queremos dar no dia de hoje, véspera de Natal: quando iniciarmos a vacinação de nossas crianças, avisem aos papais e às mamães: não será necessário nenhum documento de médico recomendando que tomem a vacina. A ciência vencerá. A fraternidade vencerá. A medicina vencerá e vocês estarão protegidos."

O governador do Ceará, Camilo Santana (PT), reafirmou em rede social que o Estado irá vacinar respeitar "o trabalho sério da Anvisa e a posição responsável do Conass(Conselho Nacional de Secretários de Saúde)". "Jamais seguiremos os negacionistas, independente do cargo que ocupam. Esses estão mais preocupados em promover disputas ideológicas e políticas que salvar vidas", afirmou.

Também em rede social, o prefeito do Rio, Eduardo Paes (PSD) postou: "Aqui não vai precisar de atestado para vacinar crianças não". Ele, ainda, incluiu a imagem de um trecho do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) que destaca a obrigatoriedade da vacinação de crianças "nos casos recomendados pelas autoridades sanitárias"

Em nota enviada ao Estadão/Broadcast nesta sexta, a Anvisa enfatizou ainda que a autorização para o uso da vacina infantil no Brasil não significa que os pais são obrigados a vacinarem seus filhos. "A concessão dessa autorização favorece o direito ao acesso, em especial, dos pais que tanto desejam a imunização dos seus filhos com uma vacina aprovada pela autoridade sanitária do Brasil e de diversos países", apontou. [uma advertência sensata da Anvisa, já que esse Camilo Santana, esse prefeito do Rio e as autoridades do Conass estão querendo fazer politicagem barata contra o ministro Queiroga usando nossas crianças.
Pela enésima vez expressamos a opinião do Blog Prontidão Total, totalmente favorável às vacinas (a maior parte dos nossos, foram e continuam sendo beneficiários das vacinas desde o século passado = defensores compulsórios e por gratidão dos imunizantes) mas, entendemos que vacinar crianças de forma açodada, com imunizantes que começaram a ser pesquisados/testados há menos de dois anos é algo que deve ser analisado com isenção, sem partidarismos. 
A propósito!  a Anvisa  sempre pautou sua conduta por uma política de neutralidade, só que de uns tempos para cá percebemos, talvez de forma equivocada, que a mosca da politica anda picando pessoas por lá.]

"A covid-19 ainda é uma ameaça para as pessoas que não foram vacinadas, isso inclui as crianças. Crianças e adultos podem contrair a covid-19, ficando gravemente doentes, o que pode resultar em hospitalização, e ainda em sequelas e danos à saúde que podem persistir por várias semanas ou mais após a infecção", destacou.

Saúde - O Estado de S. Paulo

 

Queiroga diz que vai recomendar vacinação de crianças contra Covid só com prescrição - Folha de S. Paulo

Imunizante da Pfizer já foi autorizado pela Anvisa para faixa de 5 a 11 anos

O Ministério da Saúde recomendará que crianças de 5 a 11 anos sejam vacinadas contra a Covid-19, desde que mediante a apresentação de prescrição médica e consentimento dos pais. O imunizante da Pfizer já foi autorizado pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) para essa faixa etária.

A informação foi dada pelo titular da pasta, ministro Marcelo Queiroga, em entrevista coletiva nesta quinta-feira (23) à noite. "A nossa recomendação é que essa vacina não seja aplicada de forma compulsória. Ou seja, depende da vontade dos pais. E essa vacina estará vinculada a prescrição médica, e a recomendação obedece a todas as orientações da Anvisa", disse Queiroga.

De acordo com o ministro, a decisão final será dos pais, prática que já ocorre hoje. "Os pais são livres para levar os seus filhos para receber essa vacina", afirmou. O ministro explicou que será recomendada a vacina da Pfizer. A indicação será submetida a consulta pública, medida que especialistas consideram desnecessária. "O documento que vai ao ar [na consulta pública] é um documento que recomenda o uso da vacina da Pfizer nessa versão aprovada pela Anvisa", disse. Queiroga afirmou ainda que o Brasil tem condições de começar a vacinação dentro de um "prazo bastante curto". 

De acordo com ele, até o dia 5 de janeiro deve ocorrer a aprovação do documento com as regras para vacinação de crianças de 5 a 11 anos. A data coincide com o prazo estabelecido pelo ministro Ricardo Lewandowski, do STF (Supremo Tribunal Federal), para o governo prestar informações sobre a vacinação infantil. Lewandowski é relator de um pedido do PT relacionado ao assunto.

Queiroga disse que o modelo a ser adotado pelo Brasil para a vacinação do público infantil se assemelha ao de países como a Alemanha. "Dada a sensibilidade do caso, nosso entendimento é muito parecido do que acontece na Alemanha, onde há recomendação médica, onde se contempla os casos que têm comorbidades e se respeita a decisão dos pais", disse.

Mais cedo, também em Brasília, Queiroga disse que as mortes de crianças por Covid-19 estão em um patamar baixo. Com isso, a seu ver, não são necessárias "decisões emergenciais", como autorizar vacinas para crianças. "Os óbitos em crianças estão absolutamente dentro de um patamar que não implica em decisões emergenciais", disse o ministro. "Particularmente, o Ministério da Saúde tem de tomar suas decisões com base em evidências científicas."

De acordo com dados do SIVEP-Gripe (Sistema de Vigilância Epidemiológica da Gripe), desde o começo da pandemia até 6 de dezembro deste ano, foram registrados 301 mortes de crianças entre 5 e 11 anos por Covid-19. Em 2020, 2.978 crianças tiveram síndrome respiratória aguda grave em decorrência do coronavírus -156 delas morrem. Neste ano, foram registrados 3.185 casos nessa faixa etária, com 145 mortes.  O presidente da Anvisa, Antônio Barra Torres, chamou os 301 óbitos infantis de "estatística macabra" em entrevista o jornal O Globo. "Entendo que o ministério precisa apresentar à sociedade a justificativa do porquê de nós mantermos inalterada uma estatística macabra", disse Barra Torres.[nos parece que o presidente da Anvisa começa a ceder à tentação de uma possível candidatura - está sempre procurando chamar atenção, prática a qual parecia avesso.]

A proposta de consulta pública foi publicada no Diário Oficial da União, com data de início nesta quinta e término no dia 2. "A consulta pública visa ouvir a sociedade. Isso não é uma eleição. Isso não é para opinião de grupos de 'zap', como estão falando por aí. Queremos ouvir a sociedade, incluindo especialistas", disse Queiroga.

O ministro defendeu também o fato de a consulta ouvir leigos, ainda que se trate de um tema técnico, porque esses leigos são pais e mães, disse.  "Não podemos ouvir especialistas nos canais de televisão. O Ministério da Saúde não se guia por opiniões que são exaradas em canais de televisão, embora respeitemos a imprensa", disse o ministro. "O lugar para se debater isso com especialistas é em uma audiência pública no Ministério da Saúde."[a opinião de leigos com alguma noção é melhor do que esses especialistas quando que quando vão dar uma entrevista, pedem ao entrevistador que forneça indicações do que devem responder.]

Na segunda (20), Queiroga havia dito que "a pressa é inimiga da perfeição", e que a prioridade seria "segurança", ao ser questionado se não seria possível antecipar o processo para as últimas semanas deste ano. O Consems-SP (Conselho de Secretários Municipais de Saúde do Estado de São Paulo) divulgou nota nesta quinta-feira em que classifica como "desnecessária e inaceitável" a abertura da consulta pública.[nos parece que bem mais desnecessária é a nota emitida pelo tal Consems-SP.]

Desde que a Anvisa aprovou a vacinação para crianças, foram registradas mais de 100 emails com ameaças aos técnicos da agência.Na mesma data da aprovação, durante sua live semanal, o presidente Jair Bolsonaro (PL) disse que havia solicitado extraoficialmente o nome dos técnicos da agência envolvidos no tema e que iria divulgá-los. A proposta foi interpretada internamente na Anvisa como uma tentativa de intimidação.

No início desta semana, Queiroga afirmou não ver problema na divulgação de nomes de técnicos da Anvisa como sinalizou Bolsonaro."Não há problema em se ter publicidade dos atos da administração. Acredito que isso é até um requisito da Constituição", disse a jornalistas na frente do ministério.

Saúde - Folha de S. Paulo


Partido sem votos, sem noção, sem representativade pede que STF determine vacinação de crianças - VEJA

A coluna defende a imunização para os pequenos já! Que o Supremo possa tomar a decisão certa 

[caso o pedido vá para o ministro Lewandowski tem tudo para ser atendido; a única dúvida será qual carimbo o ministro vai usar:  o que determina que o pedido seja atendido em 5 dias? em 10 dias? a dúvida surge pelo fato dos despachos de Lewandowski sobre saúde, quase sempre se limitam a estabelecer um prazo para o governo cumprir o que o partideco pede.]

O partido Rede Sustentabilidade pediu para que o Supremo Tribunal Federal (STF) determine a disponibilização, por parte do  Ministério da Saúde, de vacinas contra a Covid-19 para as crianças de 5 a 11 anos, “independentemente de prescrição médica”.

“Diante do exposto, requer, em tutela cautelar incidental de urgência, *a determinação de que o Ministério da Saúde disponibilize, de forma imediata e em consonância com as recomendações técnicas da Anvisa, vacinas contra a covid-19 para as crianças de 5 a 11 anos, independentemente de prescrição médica ou de qualquer outro obstáculo imposto pelo Governo ao direito à saúde e à vida”, diz o pedido de liminar protocolado nesta sexta-feira, 24, na corte.

O senador Randolfe Rodrigues, da legenda, afirmou que trata-se da “petição Fuga para o Egito… Para escapar de Herodes”.[o senador estridente deve a essa altura estar preparando uma notícia crime para apresentar ao STF acusando o ministro Queiroga de alguma coisa.

Neste assunto, a coluna também tem partido. Vacina para as crianças já! Que o STF possa tomar a decisão certa.

Matheus Leitão, jornalista - Blog em VEJA


domingo, 23 de agosto de 2020

Cai a máscara: a CLOROQUINA é eficaz contra a covid-19 - Especialistas contestam estudos que não viram benefícios na cloroquina

Um grupo de 37 pesquisadores brasileiros e internacionais divulga carta aberta afirmando que houve erro de interpretação dos testes estatísticos

Um grupo formado por 37 especialistas brasileiros, americanos e ingleses divulgará neste sábado, 22, uma carta aberta para contestar as conclusões dos ensaios clínicos publicados em importantes revistas científicas sobre o tratamento precoce da Covid-19 com a hidroxicloroquina. Liderada por Marcio Watanabe, professor do departamento de Estatística da Universidade Federal Fluminense, a equipe que redigiu o documento traz estatísticos, matemáticos e médicos, provenientes de instituições como Universidade de São Paulo, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Universidade Federal de Pernambuco, Universidade de Chicago, Universidade de Paris e Universidade de Oxford. 

[a melhor prova que a pandemia caminha para o  final, é que os principais canhões de parte da grande mídia destinados à maximização dos nefastos efeitos da covid-19, voltaram a ser apontados para o presidente Bolsonaro.]

Os trabalhos criticados envolveram periódicos renomados: Annals of Internal Medicine, Clinical Infectious Diseases e New England Journal of Medicine. 
Esses estudos testaram o uso da hidroxicloroquina em adultos com Covid-19 em fase inicial da doença (não hospitalizados, portanto) e concluíram que não foi observado benefício no uso da medicação entre os pacientes. Diz Watanabe:   “Vimos limitações nas interpretações dos dados, que acabaram interferindo negativamente nas conclusões relacionadas aos sintomas”. 

De acordo com os autores da carta, os dados dos ensaios randomizados sobre tratamento precoce em pacientes não hospitalizados publicados até agora mostram, na verdade, efeitos favoráveis nos grupos que receberam a terapia, principalmente nos pacientes de maior risco, como os idosos, onde a ação foi até três vezes maior do que nos jovens. Mas como a maioria das amostras era formada por jovens sem comorbidades, os estudos seriam estatisticamente inconclusivos,  e, portanto, haveria ainda uma incerteza razoável sobre os resultados. 

Segundo eles, em vez de os  trabalhos reportarem isso, afirmam que o tratamento não teve nenhum efeito comparado ao placebo. “Esse erro de interpretação nos testes estatísticos é muito conhecido e explicado na maioria dos  livros de graduação da área”, afirma Watanabe. “Um artigo publicado na Nature no ano passado afirma que cerca de 51% dos trabalhos sobre ensaios clínicos com esse tipo de resultado apresentam  conclusões incorretas.” 

Outras observações não teriam sido feitas, como em relação ao tempo transcorrido entre a infecção e o início do tratamento. No estudo da New England, por exemplo, os resultados foram gerais, misturando todos os pacientes e calculando a média. Na análise dos autores da carta, se a hidroxicloroquina for administrada no dia da exposição ao vírus, por exemplo, a redução de pessoas com sintomas poderia ser de até 72%, mas o efeito diminuiria quanto mais tempo levar para se iniciar o tratamento. “Não estamos dizendo que a medicação é a cura da doença. Queremos que os estudos retifiquem  suas conclusões, indicando com precisão os efeitos positivos que a hidroxicloroquina apresentou nos dados, nem mais nem menos”, diz Cláudia Paiva, da Universidade Federal do Rio de Janeiro. 

Os autores da carta aberta estudam diversas questões relacionadas ao novo coronavírus desde o início dos primeiros casos no mundo. O interesse pela hidroxicloroquina surgiu mais recentemente, com a  grande polêmica em torno do remédio. “A triste politização desse medicamento fez com que fossem criados obstáculos incomuns na ciência”, diz Flavio Abdenur, matemático pelo Instituto Nacional de Matemática Pura e Aplicada. 

Transcrito da VEJA - Saúde


Nota Blog Prontidão Total:
Nossos dois leitores sabem das restrições que este Blog faz aos especialistas - nacionais ou estrangeiros - do tipo daqueles que concedem uma entrevista, abusam do uso de termos técnicos, defendem a ciência e se despedem com o chavão: 'doença é séria, façam o isolamento social, usem máscaras,lavem as mãos com álcool gel, etc, etc.'

Os estudos transcritos na  matéria acima, tudo indica foram realizados com precisão científica, seguindo técnicas adequadas, identifica as instituições envolvidas e nos parece merecedor de credibilidade.

De nossa parte, afirmamos que o filho de um colaborador nosso, faixa dos 40 anos, militar, contraiu coronavírus, começou a sentir os sintomas, fez o teste,  testou positivo e iniciou tratamento combinando ivermectina e azitromicina, prescrito por médico, está no oitavo dia, em isolamento para não correr risco de infectar alguém, mas não fosse isto nenhum sintoma, saúde perfeita, bem estar total.

Tem o caso de um senhor 75 anos, testou positivo, iniciou o tratamento com o uso combinado da ivermectina e azitromicina - sob prescrição médica - já está totalmente recuperado.
Destacamos que o medicamento foi usado sempre sobre prescrição médica
Os dois casos não são os únicos do nosso conhecimento, que foram tratados da mesma forme e os pacientes estão recuperados.
Demoramos a divulgar a notícia para ter a certeza de que os casos expressam a verdade e também pelo fato de que há alguns dias defender a hidroxicloroquina ou qualquer tratamento que não tivesse o aval dos especialistas ouvidos pela mídia e que fosse aprovado pelo governo Bolsonaro era considerado alta traição.

Nossa alegria é que graças a DEUS a pandemia começa a regredir, a vacina em breve será aprovada e que o estudo acima - que esperamos será confirmado - desmonta a intenção dos que pretendiam ganhar milhões com uma vacina apresentada como única fonte de salvação  da humanidade, com preços estratosféricos em dólar, euro ou libra libra esterlina. 

Cada médico deve ter o direito indisponível de prescrever o medicamento que entender mais eficaz ao paciente e sempre deixar claro a este todos os detalhes do tratamento.]


domingo, 18 de julho de 2021

A feitiçaria médica do Planalto - Elio Gaspari

Folha de S. Paulo - O Globo

Feiticeiros de palácio às vezes são bem-sucedidos e às vezes prejudicam a saúde dos pacientes cujo poder pretendem preservar

Às 8h57m de quarta-feira a Secretaria de Comunicação da Presidência da República informou o seguinte: “O Presidente da República, Jair Bolsonaro, por orientação de sua equipe médica, deu entrada no Hospital das Forças Armadas (HFA), em Brasília, nesta quarta-feira (14) para a realização de exames para investigar a causa dos soluços.

Por orientação médica, o Presidente ficará sob observação, no período de 24 a 48 horas, não necessariamente no hospital. Ele está animado e passa bem.”

Salvo a data e a identidade do paciente, era tudo mentira.  Em seguida, o chefe da Casa Civil, general da reserva Luiz Eduardo Ramos, informou: “Teve fortes dores às 4h, mas nada de grave até o momento. Então, graças a Deus, ele está muito bem. Repousando, que é o que ele precisa.”

Salvo as dores da madrugada, tudo mentira. Horas depois, Bolsonaro chegava ao Hospital Vila Nova Star, em São Paulo, onde montou um pequeno circo. Feiticeiros de palácio às vezes são bem-sucedidos e às vezes prejudicam a saúde dos pacientes cujo poder pretendem preservar. Assim se deu com a “apendicite” de Tancredo Neves em 1985 e com a “gripe” do marechal Costa e Silva em 1969. É verdade que às vezes conseguem esconder os padecimentos dos chefes. Em 1959 esconderam o enfarte de Juscelino Kubitschek. 
João Goulart teve pelo menos três ataques cardíacos entre 1961 e 1964. Jamais se falou do leve acidente vascular cerebral transitório de José Sarney. [atualizando: Graças a DEUS o presidente Bolsonaro recebeu alta, está ótimo, a realização de cirurgia não foi necessária = repouso e tratamento medicamentoso bastaram.] Dois presidentes brasileiros, Costa e Silva e João Figueiredo, assumiram o cargo com médicos cantando a pedra de suas doenças circulatórias. Deu no que deu. Um foi incapacitado por um derrame e o outro perdeu o rumo com um enfarte em 1981. Lula e Dilma Rousseff deram exemplos de transparência médica.

O Bolsonaro que, segundo a Secom passava bem e estava animado na quarta-feira, esteve internado no Hospital das Forças Armadas quatro dias antes. Felizmente, a realidade paralela dos feiticeiros foi retificada pelo seu filho, o senador Flávio Bolsonaro. Ele revelou também que, ainda em Brasília, o pai foi para uma Unidade de Terapia Intensiva, onde intubaram-no “para evitar que ele aspirasse o líquido que estava vindo do seu estômago”. (Tratava-se da sonda gástrica.)

Se Bolsonaro tivesse ido a uma unidade do Samu no terceiro dia de sua crise de soluços, com muita probabilidade teria sido recebido a prescrição de vários exames. Paciente voluntarioso, como Tancredo, Bolsonaro não faz o que mandam os médicos. Às vezes, o paciente disciplinado acaba iludido pelos feiticeiros. Em 1969, passadas 27 horas do primeiro aviso de uma complicação neurológica e depois de perder a fala pela terceira vez, o presidente Costa e Silva perguntou ao capitão médico do serviço de saúde do Planalto:
Não será derrame o que estou sentindo?
Não senhor. Derrame não é. Vamos apurar tudo direitinho.
Era uma isquemia cerebral.

A insônia de Bolsonaro faz parte das mazelas da política nacional. Em 2019 ele contou: “Fiz exames para verificar as condições do sono. E descobri 89 episódios de apneia por hora (número de interrupções respiratórias no período). Detenho o recorde brasileiro de apneia”. Não é um recorde que devesse se vangloriar. Getulio Vargas tinha a sua apneia, mas cuidava-se, no limite da hipocondria.

Só os médicos podem decidir e devem falar com autoridade a respeito do estado de saúde do presidente. Se não fosse a intervenção de Flávio Bolsonaro, essa internação teria começado com feitiçarias.

Calmante Fux
O efeito do calmante com que o ministro Luiz Fux moderou o radicalismo do capitão durou menos de 72 horas. Internado, Bolsonaro voltou a acusar os adversários pelos seus padecimentos e a falar bem de si: “Com honestidade, com honra e com Deus no coração é possível mudar a realidade do nosso Brasil.”

(.........)

Omar Aziz
Se Deus é brasileiro e estiver vacinado, quando a CPI do Senado retomar suas audiências públicas, seu presidente, Omar Aziz, tratará seus pares com o respeito que a etiqueta da Casa determina.
Seu estilo de bedel ao tratar com os colegas governistas ofende até quem torce por ele.
 

domingo, 24 de outubro de 2021

Quatro gafes científicas do relatório final da CPI da Covid - Ideias

Eli Vieira

Senado

À parte as questões políticas e as acusações contra o presidente e demais atores envolvidos nas decisões em políticas públicas da pandemia, o relatório final da comissão parlamentar de inquérito do Senado em diferentes pontos cometes gafes científicas. Veja abaixo algumas delas.
1- Imunidade de rebanho “impossível”
Atribuindo a opinião à Luana Araújo enquanto alega que ela tem mais “afinidade com o tema” que Nise Yamaguchi (uma análise dos currículos delas poderia discordar), o relatório alega que “a imunidade de rebanho pela exposição ao vírus seria impossível de ser atingida” (p. 50).

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Enquanto é verdade que seria irresponsável recomendar a infecção com o vírus, é preciso muito cuidado ao afirmar impossibilidades em ciência. Em um artigo popular do ano 2000, os cientistas T. Jacob John e Reuben Samuel propuseram a seguinte definição para imunidade de rebanho:  
- a redução da infecção ou doença no segmento não-imunizado como resultado de imunizar uma proporção da população
Ou seja, é uma proteção conferida aos vulneráveis por aqueles que estão invulneráveis. Nesta definição, com a baixa nas mortes em muitos países, é possível que, com o auxílio das vacinas (a definição não se restringe à imunidade natural), a imunidade de rebanho não só seja possível, como já esteja sendo atingida.

O relatório às vezes faz as qualificações necessárias para corrigir esse erro, às vezes volta a cometê-lo — porém, insinua que a proteção da imunidade natural seria instável, o que é o oposto do que sabemos hoje. A imunidade natural confere uma proteção mais diversa e duradoura ao vírus e não é um consenso, ainda, se a vacina dá um incremento de proteção para quem já teve a doença.

2- Confusão conceitual a respeito de tratamento precoce
O relatório acusa determinados atores de criar ambiguidades propositais no termo “tratamento precoce” e que a introdução do termo “atendimento precoce” seria uma das confusões. Porém, o próprio relatório cria confusão ao negar que haja sinonímia entretratamento”, “atendimento” e “atenção” precoces. Ora, a politização pode jargonizar palavras, mas o termo é claríssimo na nossa língua e essa distinção traçada pelo relatório não faz sentido a não ser para que se facilite atacar a todos que utilizaram o termo “tratamento precoce”. Um fenômeno que é precoce já está em acontecimento, e é prematuro ou acontece antes de um determinado prazo.

O que vem após os indiciamentos na CPI da Covid? Saiba os próximos passos [ sugerimos enfaticamente aos nossos leitores que leiam a matéria linkada; transcrevemos um pequeno trecho para que avaliem o tanto que esses senadores da CPI, Aziz liderando, são sem noção, sem rumo, sem senso: Questionado sobre a postura de Aras nesta quarta, o presidente da comissão, Omar Aziz (PSD-AM), mandou o recado: "Nós não vamos permitir que nenhum cidadão, seja a autoridade que for, ache que pode engavetar esse relatório. Esse relatório vai ser debatido pelo Brasil, nas universidades, vai ser usado como tese para mestrados. Esse relatório passa a não ser mais da CPI, mas das vítimas da Covid, dos sequelados", disse o senador. Para a cômica, incabível e ridícula ameaça do Aziz, só cabe responder com o famoso E DAÍ? do nosso presidente.] 

O dicionário Houaiss conceitua “precoce” como " que amadurece antes do tempo normal", em referência a frutos. No caso, quer-se colher o fruto de mitigar os sintomas da doença tão cedo quanto possível. Só os senadores da CPI parecem estar confusos a esse respeito. O termo tratamento precoce é amplo e isso, sim, é proposital, pois a intenção foi encontrar qualquer droga que possa, com repropósito, ajudar a combater a Covid-19. Não há sequer uma necessidade de restringir a uma lista pré-definida de drogas. O relatório não menciona, por exemplo, a fluvoxamina e a budesonida, que têm bons resultados mencionados aqui na Gazeta do Povo em junho. Parece até que há um esforço para deixar de fora as drogas que mostraram ter evidências de alguma eficácia, para confirmar a alegação de que têm “pouca ou nenhuma” evidência.

É positivo, no entanto, que o relatório fale em evidências serem poucas, muitas ou nulas. Isso é bem diferente da retórica desinformada em filosofia da ciência a respeito de “comprovação”. Provas, que têm caráter definitivo, são para a matemática e a lógica. As ciências empíricas, incluindo as médicas, trabalham com evidências.

3- Postura contraditória quanto à ivermectina
Fraudes científicas foram descobertas a respeito da eficácia da ivermectina, que foi inflada nelas e na postura ativista de muitos, que atinge o pico naqueles que alegam, sem evidências suficientes, que só essa droga daria um fim na pandemia sozinha. Fraudes contrárias ao uso da droga também foram descobertas, como a fraude midiática envolvendo a revista Rolling Stone (em setembro, a Rolling Stone publicou que os hospitais de Oklahoma estavam recusando-se a atender vítimas de armas de fogo porque estavam lotados de casos de overdose de ivermectina para cavalos. O principal hospital envolvido desmentiu a história, e mostrou-se que o erro era da própria publicação, que tirou de contexto falas de um entrevistado).

Uma das posturas contrárias mais irracionais foi alegar que a droga não passa de um vermífugo para cavalos. A ivermectina rendeu um prêmio Nobel pelo seu uso em humanos e é uma droga segura. Os autores do relatório, enquanto citam um parecer sensato coordenado pelo pneumologista Carlos Carvalho dizendo que ela pode ter eficácia (p. 69), mas precisa de mais investigação, adotam na postura pública em diversos momentos uma certeza de que há “ineficácia comprovada” e chegam a traduzir um tweet completamente político da FDA que insinua que ivermectina é só para cavalos e vacas (p. 62), um ponto baixo na postura pública dessa agência reguladora americana.

Joe Rogan, dono do maior podcast do mundo, tomou ivermectina como tratamento precoce para Covid-19 por prescrição médica. Convidado ao podcast, o médico Sanjay Gupta, da CNN, admitiu que a CNN mentiu ao atacar Rogan por ter seguido esse tratamento chamando a ivermectina de “vermífugo para cavalos”.

Em suma, a eficácia da ivermectina como tratamento precoce ainda está em debate, e os que pulam às certezas e aos exageros o fazem por compromissos políticos, incluindo os membros da CPI e da grande mídia. A postura de citar relatórios que deixam em aberto a possibilidade de a ivermectina funcionar e depois dar certeza de que é ineficaz ao ponto de sua prescrição ser criminosa é completamente contraditória.

4- Distorção pró-mulheres contra os fatos
O identitarismo está em alta e os políticos estão atentos a isso. Então não é surpresa que o relatório alega que a “Covid-19 atingiu mais mulheres do que homens”. A rigor, isso não é incorreto se “atingido” significa “infectado”. Porém, é uma escolha estranha de vocabulário. Mortos são atingidos? Parece que sim. Quem morre é atingido mais do que quem se infecta? Mais uma vez, a resposta parece ser sim.

No estado de São Paulo, quase 60% dos mortos eram homens. Diante do fato de que homens têm sintomas mais severos da covid e morrem mais que as mulheres, o que justificaria essa alegação do relatório da CPI?  
Parece ser a moda de tratar as mulheres como cidadãs especiais, aproveitando a onda eleitoreira direcionada a elas com bajulação e projetos de lei identitários que ameaçam ainda mais no país a igualdade de tratamento dos cidadãos. 
Tudo em nome de exibicionismo moral.

Enquanto não se espera que um relatório de uma comissão parlamentar de inquérito seja um documento científico rigoroso, essas gafes vão além disso. Entram no campo de pecados contra a linguagem clara, contra a lógica e contra o bom senso. Todos querem justiça a respeito da gestão da pandemia. E essa justiça fica mais alcançável quando se evitam esses erros.

 Eli Vieira, especial para Gazeta do Povo - Ideias


sexta-feira, 12 de março de 2021

Gerente de farmácia é condenado por vazar receita de cloroquina de David Uip

O gerente da farmácia que vazou a receita médica do infectologista David Uip terá que pagar R$ 11.000 por crime de violação de sigilo profissional por ter feito a divulgação ilegal do documento. A decisão foi tomada pelo Juizado Especial Criminal do Fórum da Barra Funda, em São Paulo, na tarde dessa 5ª feira (11.mar.2021). A sessão foi presidida pelo juiz Fabrizio Sena Fusari.
 
© Governo do Estado de São Paulo - 8.abr.2020 O médico infectologista David Uip, então coordenador do Centro de Contingência contra a covid-19 em São Paulo, discursa no Palácio dos Bandeirantes  
 
A prescrição médica orientava o uso de difosfato de cloroquina, remédio sem eficácia comprovada contra a covid-19 e defendido pelo presidente Jair Bolsonaro.  Nos primeiros meses da pandemia, Uip coordenou o Comitê de Contingenciamento do governo de São Paulo contra a covid-19, organizado por João Doria (PSDB), adversário político de Bolsonaro. A ordem judicial estabelece o pagamento de R$ 11.000 em 4 parcelas. Durante a audiência, o gerente da farmácia solicitou que o valor fosse dividido em 10 parcelas. O pedido foi negado.
 

O vazamento da receita motivou uma série de ataques contra Uip nas redes sociais. Bolsonaro também chegou a cobrar uma declaração do médico sobre o tema.  Perguntado sobre o uso da cloroquina, Uip disse, à época, que não gostaria de “esconder nada”, mas que “não queria transformar o caso em modelo para coisa alguma”. Ele não confirmou o uso do remédio.

Poder 360 

 

terça-feira, 16 de maio de 2017

Anti-inflamatórios podem aumentar risco de ataque cardíaco em até 58%

Pesquisa mostra que probabilidade de problemas no coração aparece já após uma semana de uso

O uso de analgésicos conhecidos como anti-inflamatórios não esteroides (AINEs), como o ibuprofeno, pode aumentar o risco de ataques cardíacos entre 24% e 58% — principalmente no primeiro mês de uso contínuo, segundo uma pesquisa divulgada ontem no periódico “British Medical Journal”. 
 
A equipe de pesquisadores liderada pela epidemiologista Michèle Bally, do Hospital da Universidade de Montreal, no Canadá, revisou estudos realizados com 446.763 pessoas com idade entre 40 e 79 anos em países como Canadá, Finlândia e Reino Unido. Deste grupo, 61.460 indivíduos tiveram ataques cardíacos, tendo sido observados apenas pacientes que receberam prescrição médica, e não aqueles que adquiriram o remédio por conta própria. Os cientistas destacam que outras causas, além do uso de medicamento, podem estar envolvidas nas doenças cardiovasculares.

Pesquisas anteriores já tinham relacionado o consumo de analgésicos a problemas ou sobrecarga no coração, mas este novo estudo mede o risco das doses e o tempo de tratamento, além de classificar os efeitos de cada remédio.

PERIGO MAIOR COM DOSES ALTAS
“Considerando que o risco de infarto agudo do miocárdio é identificado já na primeira semana de uso e parece maior no primeiro mês de tratamento com doses mais elevadas, os prescritores devem considerar a ponderação dos riscos e benefícios dos anti-inflamatórios antes de instituírem o tratamento”, afirmaram os pesquisadores no estudo.

Michèle revela que o aumento absoluto dos riscos é muito pequeno, já que, na maioria das pessoas, as chances de um ataque cardíaco também são ínfimas. Ainda assim, a epidemiologista ressalta que os pacientes devem ser informados sobre detalhes de seus tratamentos: — Quero que as pessoas conversem com seus médicos — diz a pesquisadora. — A maioria dos pacientes não está ciente de seu risco cardiovascular, então é preciso saber se é bom continuar com os AINEs ou se deve considerar outros tratamentos. 

De acordo com o estudo, há mais de 90% de chances de que todos os anti-inflamatórios não esteroides estejam relacionados ao risco de ataque cardíaco. E a probabilidade de problemas cardiovasculares aumenta de acordo com o remédio. O que apresentou menor risco foi o celecoxibe (no Brasil comercializado como Celebra), com 24% de probabilidade de problemas cardiovasculares. Em seguida, aparecem o ibuprofeno (Advil e Motrin), com 48% de risco; o diclofenaco (Voltaren), com 50%; e o naproxeno (Flanax), com 53%. A maior taxa de risco, de 58%, foi verificada no rofecoxib (Vioxx), que foi retirado do mercado em 2014.


Diretor científico do Departamento de Aterosclerose da Sociedade Brasileira de Cardiologia, José Francisco Kerr Saraiva destaca que os maiores consumidores de anti-inflamatórios, em geral, já têm outros problemas de saúde. Estes medicamentos são mais procurados por pessoas com idade avançada, que sofrem mais de doenças como artrite, bursite e dor na coluna. E os idosos são o grupo com mais casos de hipertensão e doença renal. Portanto, o risco não pode ser ignorado — ressalta. — Existe uma regulamentação sobre o uso de anti-inflamatórios, mas as regras não são colocadas em prática. As autoridades sanitárias precisam ser rigorosas e impor algum tipo de controle.

Saraiva revela que é comum ver consumidores de anti-inflamatórios chegarem à emergência de hospitais com pressão alta.  Antes de recorrer aos medicamentos, as pessoas devem ter mais informações sobre as condições de seus rins e do sistema circulatório — recomenda. — Às vezes o paciente tem um problema cardiovascular e nem sabe.

Pesquisador da Escola Nacional de Saúde Pública da Fiocruz e membro da Câmara Técnica de Medicamentos, órgão consultivo vinculado à Anvisa, Francisco Paumgartten concorda que a grande preocupação é o fato de que algumas dessas drogas têm venda livre, como o ibuprofeno. O paciente não precisa nem se dirigir ao farmacêutico, o ibuprofeno fica exposto, há liberdade total — critica. — Além disso, é permitida a propaganda de medicamentos de venda livre na televisão, e essa publicidade estimula o consumo.

Paumgartten avalia que, com as evidências disponíveis sobre os riscos do medicamento, a Anvisa já deveria ter tomado alguma atitude para restringir o acesso:


A Anvisa já poderia ter excluído esse medicamento da lista de drogas de venda livre. É um risco alto para fazer um uso banal do remédio, e muitas pessoas os consomem desnecessariamente. No caso de um paciente com doença inflamatória grave, que sinta uma dor insuportável, o benefício pode ser maior que o risco. E o profissional capaz de colocar os prós e contras na balança é o médico.

O levantamento publicado ontem foi visto com ressalvas por parte da comunidade médica. Diretora do Real Colégio Britânico de Clínica Geral, Helen Stokes-Lampard pondera que é perigoso rejeitar imediatamente os analgésicos.  — Estas drogas podem ser eficazes no fornecimento de alívio da dor a curto prazo para alguns pacientes — sublinha. — É importante que qualquer decisão de prescrever seja baseada nas características individuais do paciente, e que os resultados sejam revistos regularmente.

Fonte: Saúde - O Globo
 
 


terça-feira, 17 de março de 2020

O dízimo de Bolsonaro - Merval Pereira

O Globo 

Bolsonaro mostra incapacidade


Ninguém sabe como isso vai terminar, mas torna-se assunto inevitável a possibilidade de Jair Bolsonaro vir a ter interrompido de alguma maneira seu mandato presidencial por absoluta incapacidade, não apenas de gestão, mas psicológica. Pode ser por uma licença de saúde, uma renúncia, ou um impedimento político. [claro que as alternativas do 'pode ser', uma ou toda,se tornem fatos, a incapacidade tem que ser provada, fundamentada, apoiada em laudos, etc !!!]. O assunto já era freqüente em reuniões de parlamentares, autoridades e empresários em Brasília e nos centros de decisão do país. Com a mais recente demonstração de irresponsabilidade no domingo, o tema ganhou  dimensões alarmantes, a ponto de o próprio Bolsonaro, sentindo o cheiro  de queimado, ter declarado que seria “golpe” isolar o presidente.

Por “isolar”, compreenda-se a prescrição médica determinada por seu próprio governo, até que fique garantido que não está contaminado pelo novo coronavírus. O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, que corre o risco de entrar na lista negra de Bolsonaro pelos elogios que vem  recebendo por sua ação sensata e eficiente durante a crise, foi cuidadoso ao dizer que participar de manifestações não era “adequado”. Lembrou que o ministério por enquanto estava apenas fazendo recomendações, que devem ser seguidas, mas não são compulsórias. Referindo-se indiretamente ao comportamento irresponsável do presidente.

Mas “isolar” o presidente pode significar também tocar o país sem depender dele, com os setores mais responsáveis do governo e os demais Poderes tomando as decisões necessárias. Ignorando quem deveria estar na liderança de um gabinete de emergência para enfrentar as crises de saúde pública e econômica, e, ao contrário, está à frente de intrigas palacianas e teorias conspiratórias que corroem sua mente e atrapalham a prevenção pelo mau exemplo. O fato é que Bolsonaro mostra com freqüência assustadora não ser capaz de ocupar a presidência da República, ainda mais num momento como o que vivemos, que exige discernimento, exemplo, liderança, capacidade de mobilização para atuação em comunidade.

 A realidade mostrada cotidianamente pelos meios de comunicação pelo mundo é tão dura que a censura mental que Jair Bolsonaro quer impor não resiste a ela, ao menos para a maioria dos brasileiros que já não o leva a sério diante da variedade das demonstrações de que não tem condições de estar onde uma maioria hoje inexistente o colocou. Um presidente eleito por voto popular desgasta sua legitimidade sempre que demonstra não ter condições morais ou psicológicas de cumprir o papel para o qual foi escolhido.

Talvez se fosse exigido um teste psicológico dos candidatos, assim como se exige não condenação em segunda instância,  vários não estariam aptos a participar da eleição, evitando-se assim problemas como o que levou uma deputada como Janaina Pascoal, do antigo partido de Bolsonaro e cotada para ser sua vice, a pedir o afastamento dele da presidência da República.   [a deputada citada conseguiu, em manobra de oportunismo político, ser classificada como possuidora de notório saber jurídico e com o apoio do presidente Bolsonaro alcançou um mandato de deputado estadual.
Mas, seu discurso na Alesp (O Antagonista) não deixa dúvidas do seu desconhecimento jurídico. Se o presidente Bolsonaro tivesse cometido algum crime seria no máximo de 'exposição à risco de contágio'. Acusar alguém de homicídio, sem que alguém tenha morrido em virtude do suposto homicídio é cegueira jurídica.]  A frase de Bolsonaro ao ser contestado por vários setores da sociedade por ter saído do isolamento a que está submetido para cumprimentar populares com calorosos apertos de mãos, e beijos e abraços, é exemplar de sua visão egocêntrica: “Se me contaminei, a responsabilidade é minha”.

Não seria problema apenas dele, já que ocupa o lugar de quem deveria dar o exemplo, liderar o país diante de um ambiente de guerra. Mas a questão é mais ampla: antes de se contaminar, Bolsonaro colocou em risco centenas de populares que, incentivados por ele, se submeteram à exposição do Covid-19 nas manifestações contra o Congresso e o Supremo. Sobretudo, à contaminação por ele próprio, que ainda fará um teste definitivo para ver se não foi atingido pelo novo coronavírus na viagem aos Estados Unidos em que nada menos que 13 pessoas da comitiva testaram positivo.

A atitude de Bolsonaro diante da grave ameaça à saúde pública no país é similar a um de seus maiores apoiadores, o autoproclamado Bispo Macedo, da Igreja Universal do Reino de Deus, que divulgou que o Covid-19 era uma invenção de satanás.Assim como Macedo não quer perder o dízimo com os templos cheios de incautos fiéis, também Bolsonaro não quer perder o seu dízimo, que são os votos.  

Merval Pereira, jornalista - O Globo





terça-feira, 25 de maio de 2021

Senadores buscam palanque eleitoral, mas isso pode ser ruim para eles - VOZES

CPI da Pandemia

A discussão sobre o voto auditável é uma preocupação.  
O objetivo é que o eleitor possa conferir, por meio de um comprovante, o voto que foi depositado na urna eletrônica caso haja dúvidas. Mas, também é preciso se atentar a uma segunda etapa, tão importante quanto a primeira: a apuração dos votos.


Eu lembro que a Corte alemã decidiu que não poderia existir uma contagem digital no país porque a apuração precisava ser pública. Nessa mesma decisão foi enfatizado que a contagem de votos precisa ser transparente e acessível a qualquer cidadão e não hermética e acessível apenas aos iniciados no mundo digital.

Como a apuração não é um hábito jurídico, e sim administrativo do estado brasileiro, ela se enquadra nas exigências constitucionais que falam sobre publicidade e transparência. Essa etapa precisa ser exposta. Ao pensar sobre isso, o sistema eleitoral se torna mais aberto, transparente e confiável. E isso precisa se estender além do voto e chegar a etapa de apuração. Afinal um voto pode ser decisivo em uma eleição. Todos sempre são. Se você vota em alguém que ganha a eleição, o seu voto fez isso e os outros foram sobras, não é verdade?

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Ex-feminista explica por que mudou de lado depois do falso “estupro culposo”

Quando o palanque não é necessariamente bom
A CPI da Covid poderia ser uma comissão sigilosa e a portas fechadas - apesar de não ter razão de ser. Mas, na verdade, se não fosse tão exposta, ela nem existiria, porque o objetivo principal disso tudo é o palanque eleitoral. Mas esse palanque não é necessariamente bom, porque está expondo senadores.

Nesse final de semana eu conversei com pessoas que acompanharam os trabalhos da CPI e verificaram que Ernesto Araújo e o general Pazuello foram muito superiores em argumentação e raciocínio do que muitos senadores. As diferenças de sinapses e neurônios foram abismais. Eu fiquei pensando que alguns senadores tinham problemas mentais. Essa exposição está sendo ruim para eles. Esses parlamentares estão se tornando mais conhecidos, porém a consequência não está sendo tão boa assim. Talvez eles não tenham pensado nisso na emoção do momento. A emoção estraga tudo mesmo.

O general Pazuello e Ernesto Araújo foram modelos de racionalização e cabeça fria. Ambos responderam com todos os dados que tinham. Ao passo que alguns senadores não tiveram essa inteligência emocional. O que vimos me deixou preocupado com as condições de raciocínio e lógica deles.

Criminalização da prescrição médica?
O senador, presidente da CPI, me deixou muito preocupado - inclusive pessoalmente. Ele disse que pretende elaborar um projeto de lei para criminalizar o ato médico de prescrever medicamentos para doenças às quais não haja comprovação científica. Eu particularmente não sei o que é isso.

Eu fiquei assustado porque meu cardiologista pode ser preso e eu também, mas como cúmplice. Afinal ele me prescreve há tempos uma vitamina para manter a flexibilização e o funcionamento da minha válvula cardíaca. Embora seja experimental e não tenha comprovação científica de que funciona, esse medicamento está resolvendo meu problema e tem bons resultados.

Isso acontece com centenas de tratamentos. Médicos prescrevem remédios experimentais a pacientes antes dele ser publicado em revistas e ser comercializado em massa. É assim que funciona a ciência, é preciso experimentar e descobrir o que dá certo. É testando que a ciência descobre remédios e amplia a aplicação de certos medicamentos.

Alexandre Garcia, colunista - Gazeta do Povo - VOZES

 

sexta-feira, 16 de outubro de 2020

Bolsonaro sobre recomendações da OMS: "7 a 0 para mim, não perdi nenhuma"

Alguns acham que eu chutei, mas é muito chute para dar tudo certo. É questão de estudar, ir atrás, conversar com médicos, embaixadores", orientou o presidente. 

[Que falta faz um porta-voz!
Mas vamos deixar de lado o fato de ser Bolsonaro ou não e analisar com isenção.
O nosso presidente admite que não chutou e sim estudou, foi atrás, conversou com médicos, etc.
O FATO inconteste é que quando a pandemia começou a dar sinais NINGUÉM sabia de nada = nem a OMS, nem cientistas, menos ainda especialistas.
Quando não sabemos nada sobre um evento e damos palpites estamos chutando = não importa que seja a OMS, seja um especialista (a pandemia mostrou que 99% dos especialistas que davam palpites sobre  covid-19, da qual nada sabiam, ganharam - merecidamente e com louvor -  a classificação de especialistas em nada.).
O presidente da OMS, um ex-guerrilheiro etíope, sabe mais sobre o manuseio de um     AK - 47 do que sobre o vírus - pelo mesma senda seguem seus assessores na  WHO.
Se tornou recorrente mudanças de posição da OMS = mostrando que deu muitos chutes.]

O presidente Jair Bolsonaro afirmou, na noite desta quinta-feira (15/10), durante transmissão de live nas redes sociais, que tem acertado os palpites em relação à covid-19 e às críticas ao isolamento social e medidas restritivas. Segundo o chefe do Executivo, ele "ainda não perdeu nenhuma" para a Organização Mundial de Saúde (OMS).

Bolsonaro falava sobre um suposta decisão da OMS, que teria pedido à Europa que não adotasse o confinamento. "Temos aqui uma matéria de 1º de abril, parece Dia da Mentira, mas não é, não: Questionada sobre Bolsonaro, OMS diz que contenção de coronavírus inclui lockdown. E, agora, seis meses depois, outra matéria: OMS pede Europa para não utilizar confinamentos. Não fazer lockdown. Acho que vou acabar indo para a OMS ou o Tedros Adhanom [diretor-geral da OMS] continua lá?", ironizou o mandatário, rindo ao lado do ministro da Justiça, André Mendonça.

“Tá 7 a 0 para mim, não é 7 a 1, não: não perdi nenhuma ainda. Alguns acham que eu chutei, mas é muito chute para dar tudo certo. É questão de estudar, ir atrás, conversar com médicos, embaixadores", orientou o presidente. 

Bolsonaro também voltou a defender o uso da hidroxicloroquina no tratamento da covid-19. No entanto, ressaltou, que o remédio precisa de prescrição médica. A hidroxicloroquina não possui eficácia científica comprovada.

Correio Braziliense


sábado, 29 de agosto de 2020

Na pandemia, Jair age como um tecelão de oximoros - Hélio Schwartsman

Folha de S. Paulo

Não surpreende que Bolsonaro aja como Bolsonaro

[Perde espaço o combate ao uso da  hidroxicloroquina no combate ao coronavírus]

"Para meditar - Brasileiros, acreditem no Brasil: 'os arautos do pessimismo anunciam, os analistas de plantão maximizam a pior das possibilidades, produzindo a verdade transfigurada, a notícia infundada, a narrativa manipulada, nos deixam a impressão de um futuro sombrio, só nos resta evocar a imagem de Caxias que também foi vítima da calúnia e lembrar que o Brasil é maior que todos que querem o fracasso.' "
No dia em que o Brasil contabilizava 115 mil mortes por Covid-19 —o que representa uma taxa de óbitos por 100 mil habitantes 47 vezes maior que a do vizinho Uruguai—, [uma única vida merecer ser preservada e não deveria receber a frieza dos números, mas já que estamos comparando, é nosso DEVER lembrar que a população do Brasil é 60 vezes a do Uruguai.]  Jair Bolsonaro promoveu um evento em que arrebanhou ministros e alguns médicos para juntos enaltecerem a cloroquina. O nome escolhido para a cerimônia foi "Brasil vencendo a Covid-19". [O evento contou com a presença de dezenas de médicos, todos acessíveis aos que lá comparecessem, todos com nome, com endereços e telefones de onde exercem a medicina. 
O evento recebeu divulgação mínima da grande imprensa,que optou por seguir a máxima do Rubens Ricupero: 'o que é bom a gente divulga, o que é ruim esconde'.
Confira aqui ou aqui e  tenha acesso a links de outras mídias confirmando.
Não pode ser olvidado que por quase seis meses,  milhões de brasileiros são 'bombardeados'  com recomendações do tipo ficar em casa, manter distância, procurar os hospitais "o maior erro de Mandetta foi ter recomendado que, ao sentir sintomas da covid, a pessoa ficasse em casa por 14 dias e só procurasse auxílio quando sentisse falta de ar".  - para não sobrecarregá-los - não usar medicação sem comprovação científica (esquecendo que a  prescrição médica é uma comprovação científica?) 
Continua a mesma lenga-lenga e vez ou outra é comentado que o índice de contágio está inferior a 1 = 0,98% = , indicando que a contaminação está caindo... 100... contamina 98, 98 contamina 96... . Não é dito que a redução do percentual é contínua =  é consequência inevitável da desaceleração do contágio = nome simplificado para este processo é  = imunidade de rebanho. ] 
É genial. Com essa, Bolsonaro conquistou um lugar no panteão dos oximoristas, as pessoas que criam nomes ou expressões que aglutinam conceitos contraditórios ou absurdos. Meu exemplo favorito é o Sacro Império Romano Germânico (a designação dada ao mosaico de Estados alemães que conviveram entre 963 e 1806), que, como observou Voltaire, não era sacro, nem era um império e também não era romano. Ao menos era germânico. Uma lista mais tradicional de oxímoros inclui: silêncio eloquente, instante eterno, crescimento negativo e inteligência militar.
Contradições à parte, não surpreende que Bolsonaro aja como Bolsonaro. O que me preocupa mais é que existam médicos que aceitam participar de uma pantomima eleitoreira que nega o método científico pelo qual a medicina deveria se pautar. De fevereiro até abril, fazia sentido depositar esperanças na cloroquina. Havia uma hipótese teórica a justificar sua ação contra a Covid-19 e alguns trabalhos indicando efetividade. Mas a ciência fez o que tinha de fazer e procedeu a testes mais rigorosos. Nunca uma droga foi alvo de tanta pesquisa.

E a conclusão a que se chegou é a de que nem a cloroquina nem a hidroxicloroquina são fármacos muito úteis contra a doença (ainda não dá para descartar que produzam efeitos muito modestos) e ainda trazem o risco de danos colaterais, que se tornam uma certeza se distribuídos a grandes populações. O médico que não aceita os resultados de ensaios clínicos controlados não entendeu como a medicina se relaciona com o método científico.

 Hélio Schwartsman, colunista - Folha de S. Paulo