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terça-feira, 26 de abril de 2016

AGU entra com petição na Câmara e pede anulação da votação de impeachment



Palhaçada é o que define a apresentação dessa petição - E a cusparada do ex-BBB, conta pontos a favor ou contra o ‘impeachment’
Segundo a Câmara, o pedido foi entregue junto à mesa, para avaliação do presidente da Casa, Eduardo Cunha
A Advocacia-Geral da União (AGU) entrou com uma petição na Câmara dos Deputados, nessa segunda-feira (26/4), para que seja decretada a nulidade da votação do processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff (PT). A votação ocorreu no plenário da Casa no dia 17 deste mês.

Segundo a Câmara, o pedido foi entregue junto à mesa. O texto segue para avaliação do presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), mas não há prazo definido para uma resposta. No documento, a AGU cita pontos que justificariam a nulidade da votação, como a fala do relator, o deputado Jovair Arantes (PTB-GO), o voto dos deputados – que citaram termos como “Deus” e “família” para justificar a aprovação do processo e as orientações dadas por líderes de bancadas para influenciar os votos.

O processo de impeachment foi aprovado na Casa por 367 votos favoráveis e 137 contrários, e seguiu para o Senado. Houve sete abstenções e somente dois ausentes dentre os 513 deputados. A sessão durou 9 horas e 47 minutos; a votação, seis horas e dois minutos.

Fonte: Correio Braziliense



Temer tenta no Supremo desarmar bomba fiscal de mais de R$ 300 bilhões

Vice escala aliados para tentar convencer STF a não mudar cálculo da dívida dos estados

Interlocutores do vice-presidente Michel Temer conversaram nos últimos dias com ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre o impacto nas contas do governo federal de mudança no cálculo das dívidas dos estados junto à União, que pode ultrapassar R$ 300 bilhões. O STF julga na quarta-feira se muda para juros simples (juro sobre o valor inicial) a fórmula de cálculo das dívidas estaduais, hoje feito por juros compostos (juro sobre juros).

O Supremo concedeu liminar ao estado de Santa Catarina permitindo o uso de juros simples em vez de compostos. A decisão levou vários estados a recorrerem também. O governo Dilma Rousseff já tinha alertado para as graves consequências dessa mudança de cálculo, e Temer está preocupado com a possibilidade de vir a assumir o comando do país com um quadro fiscal pior que o atual.

Segundo interlocutores do vice-presidente, pelo menos dois ministros do STF foram procurados e receberam argumentos sobre os efeitos da mudança. Pelas contas do Ministério da Fazenda, o impacto para os cofres do governo federal seria de R$ 300 bilhões (a dívida dos estados com a União cairia de R$ 463 bilhões para R$ 163 bilhões). — Isso vai provocar um rombo para o governo, e vai afetar todas as dívidas das pessoas. Esse julgamento é muito importante. O rombo seria de R$ 330 bilhões — disse um interlocutor de Temer.

Outro problema imediato é a necessidade de o Congresso aprovar até 22 de maio uma mudança na meta fiscal para evitar que o governo paralise pagamentos. O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), está sem condições de marcar a sessão do Congresso para votar a mudança da meta, já que o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), disse que as votações estão interrompidas até a votação do impeachment no Senado, que deve ocorrer até 12 de maio.

"NÃO HÁ GOLPE NESSE PAÍS”, DIZ VICE À CNN
Temer busca fechar nos próximos dias a nova equipe econômica, que é considerada o pilar de seu governo. O ex-presidente do Banco Central Henrique Meirelles é o nome mais forte para comandar o Ministério da Fazenda, mas há ainda expectativas em relação à conversa do vice com Gustavo Franco e à negociação com o PSDB do senador José Serra (SP). Para o Planejamento, o senador Romero Jucá (PMDB-RR) vem se consolidando como favorito.

Em entrevista à emissora de TV americana CNN, o vice-presidente disse que o processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff não é golpe. A entrevista foi concedida após a visita de Dilma à ONU, na qual ela alertou para o risco de retrocesso no país. Em entrevista coletiva, já fora da ONU, a presidente disse à imprensa internacional que havia um “golpe de Estado" em curso no Brasil. — Respeito muito as opiniões da senhora presidente, mas acredito que o ponto de vista dela está equivocado. Primeiro, porque o rito do impeachment está previsto na Constituição. No exterior, causa a impressão de que o Brasil é uma republiqueta, que é capaz de um golpe. Não há um golpe nesse país, não há nenhuma tentativa de violação do texto constitucional — afirmou Temer.

O vice-presidente ressaltou que 62% da população brasileira aprovam o impeachment, e que a maioria dos deputados foi a favor do recebimento das denúncias contra Dilma. — Qual conspiração eu estou conduzindo? Teria eu poder suficiente para sensibilizar 367deputados? Mais da metade da população brasileira? — questionou.


Fonte: O Globo



Dilma promete que o atoleira dura pelo menos até 2018

Dilma promete que atoleiro dura pelo menos até 2018


Só a morte é certa, dizem os otimistas. Estão errados. A presidente Dilma Rousseff promete mais dois anos e meio de trevas e tombos na economia se sobreviver ao processo de impeachment. Pode-se acreditar sem medo de erro.


Para começar, a promessa de um 2017 sem esperança de melhora está no projeto da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO). A proposta inclui a perspectiva de um déficit primário sem contar os juros, portanto – de até R$ 65 bilhões. Um dos pressupostos é uma receita de R$ 33,24 bilhões de um tributo hoje inexistente, a famigerada Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF). Se o Congresso negar aprovação, faltará esse dinheiro. Se aprovar, o País será prejudicado, mais uma vez, por uma aberração tributária. Além disso, o governo prevê crescimento econômico de 1% no próximo ano, de 2,9% em 2018 e de 3,2% em 2019. Se tudo isso se confirmar, já será muito ruim, mas cenários mais sombrios são prováveis.

O currículo da presidente é um fator de segurança, uma garantia contra qualquer hipótese de estabilização econômica e melhor desempenho. Quanto a este ano, o risco de erro também é nulo ou insignificante. Uma contração parecida com a do ano passado, 3,8%, parece uma boa aposta. Para quem prefere um mundo sem muita surpresa, a permanência de dona Dilma é a solução mais confortável. É mínimo o risco de algo sair do padrão e levar a uma economia com melhores fundamentos e maior potencial de expansão do produto interno bruto (PIB).

Nos primeiros quatro anos do governo Dilma Rousseff o crescimento acumulado chegou a míseros 9,16% e a taxa média anual ficou em 2,21%. Se o PIB diminuir mais 3,8% neste ano e crescer até 2018 segundo as projeções indicadas na LDO, a expansão econômica em oito anos de mandato será de 4,99%, com média anual de 0,61%. Só uma crise de proporções quase inacreditáveis pode produzir um crescimento médio inferior a 1% durante oito anos. Na Europa, os países mais afetados pelo desastre financeiro de 2008 têm exibido um desempenho bem melhor que esse. O caso do Japão é absolutamente fora dos padrões da maior parte do mundo. De toda forma, seria estapafúrdio atribuir a qualquer de seus ministros ou chefes de governo alguma incompetência remotamente parecida com a observada em Brasília, no Executivo, há mais de dez anos.

Mesmo com a confirmação dessas projeções, o Brasil continuará, nos próximos dois ou três anos, sem ter atingido o modelo venezuelano, tão prezado pelo governo petista. Mas ninguém poderá acusar dona Dilma de negligência. Ela tem feito e, se continuar no posto, continuará as medidas mais propícias a desarranjar a economia brasileira – se ainda for possível – e reduzir seu potencial de crescimento. Esta previsão é facilmente justificável. Para mudar de rumo e seguir uma política mais propícia a uma economia saudável a presidente deveria entender e reconhecer os erros cometidos a partir de 2011, no começo de seu primeiro mandato. Deveria, além disso, perceber os erros e desmandos iniciados por seu antecessor e mantidos em seu período.

Esses erros incluem, ao lado de outros, o desprezo às normas da estabilidade fiscal, a tentativa de interferir na política monetária, a tolerância à inflação, a intervenção voluntarista nos preços, a relação promíscua entre o Tesouro e os bancos estatais, a concessão imprudente e sem planejamento de benefícios fiscais, o financiamento preferencial a grupos eleitos arbitrariamente, o protecionismo comercial e a sujeição das políticas a objetivos partidários e eleitorais.

Desde o começo o governo petista desmoralizou a administração federal, desprezando os critérios de competência e de produtividade e distribuindo postos de acordo com critérios de companheirismo, de conveniências pessoais e de aliança partidária. Esses critérios foram aplicados tanto à administração direta quanto à indireta, afetando a gestão dos ministérios e minando a eficiência e os padrões de moralidade funcional nas entidades vinculadas, como as estatais. A Operação Lava Jato contou uma parte importante dessa história, mostrando detalhes do saque da maior empresa brasileira, a Petrobrás. Quantos fatos igualmente interessantes serão revelados, nos próximos anos, se investigações semelhantes forem realizadas em outras empresas e entidades da administração indireta?

A Operação Lava Jato tem sido importante para um balanço completo dos erros e desmandos cometidos na Petrobras. Mesmo sem esse relato, no entanto, restaria o balanço de um desastre gerado pela incompetência e pela mistura irresponsável de critérios e de objetivos. A política de preços de combustíveis, a orientação politizada dos investimentos, o endividamento irresponsável e a conversão da Petrobrás em instrumento da política industrial – um erro bestial de administração – bastariam para causar perdas enormes.

A criação da Sete Brasil foi um dos muitos erros causados pela confusão das políticas petrolífera e industrial. A Sete Brasil, segundo se informou há poucos dias, deve pedir recuperação judicial. Com ou sem confirmação dessa notícia, o desastre é inegável. Perdas bilionárias para fundos de pensão levados a participar dessa aventura são um detalhe revelador de um estilo de ocupação do aparelho de poder.

A presidente continua atribuindo os males da economia do Brasil às condições do mercado internacional. Voltou a insistir nessa fantasia durante entrevista a jornais estrangeiros. Não explicou, é claro, por que outros produtores de matérias-primas, como Chile, Colômbia, Paraguai e Peru, afetados pela baixa dos preços de exportação, continuam mais dinâmicos que o Brasil. Para explicar teria de reconhecer seu enorme currículo de erros. Sem esse reconhecimento, como abandonar o roteiro de equívocos e desmandos?

Fonte: Rolf Kuntz - Estadão

 

Ex-miss Bumbum, Primeira-dama do Turismo, é o retrato dos últimos dias do governo Dilma e do PT

Há coisas que viram, não tem jeito, retrato de uma época. Em si, não têm nenhuma implicação prática, mas acabam servindo como expressão de um tempo por seu simbolismo

 Milena em 2013, quando venceu o “Miss Bumbum”. Ao fundo, o Congresso Nacional
Adiante línk para vídeo
Há coisas que viram, não tem jeito, retrato de uma época. Em si, não têm nenhuma implicação prática, mas acabam servindo como expressão de um tempo por seu simbolismo. Suetônio (70 d.C.-141 d.C.) não retratou a vida dos Doze Césares dando relevo a sua medidas administrativas. Os hábitos, manias, obsessões e temperamento é que compõem a riqueza da obra. O que se faz lá é narrar uma mentalidade.
Milena Silva, Primeira Dama do Turismo, em mais um flagrante no gabinete do marido: “a mais bonita” da Esplanada, ela tem certeza
Abaixo LINK para um filmete em que Milena é a atração principal e inadequado para menores de 18 anos 
VÍDEO INADEQUADO PARA MENORES DE 18 ANOS
 

O país foi, vamos dizer assim, sacudido nesta segunda-feira por uma série de fotografias que Milena Teixeira, mulher do novo ministro do Turismo, Alessandro Teixeira, postou em sua página no Facebook, onde ela ainda assina Milena Santos — não sei se nome artístico ou de registro —, com uma foto, já na abertura, em trajes sumários. As outras todas se destinam a expor o que uma antiga música chamaria sua “saúde civil”, com tecidos que aderem à pele com uma impressionante eloquência.

Antes de se casar com Alessandro Teixeira, petista que foi um dos coordenadores das duas campanhas de Dilma à Presidência e braço-direito de Fernando Pimentel no Ministério da Indústria, Desenvolvimento e Comércio Exterior, Milena foi vencedora do concurso “Miss Bumbum Estados Unidos”, edição de 2013. As fotos que circulam, algumas tendo Brasília ao fundo, são de uma contundência que cala a boca de qualquer juiz.


Circula ainda nas redes um filmete sem inibições que ela fez para o siteXVideos”, intitulado “Milena Silva Making Of Sexy Premium 2007”.


Não pensem que estou aqui numa pegada, vamos dizer, moralista com a moça. Nada disso. Deve haver padres, coroinhas, pastores e, certamente, políticos que fizeram grande mal a terceiros e ao país. Até onde sei, a dita-cuja, se algum contratempo causou, foi só a si mesma. O meu ponto é outro. E vou chegar lá.

Nesta segunda, Milena publicou as fotos no gabinete no marido, com uma legenda, conforme está escrito lá: “Compartilhando com meus amigos meu primeiro dia de Primeira Dama do Ministério do Turismo do Brasil. Te amo meu amor, juntos somos mais fortes! Não é a toa (sic) que ao lado de um grande homem, existe sempre uma linda e poderosa mulher”.

Milena não tem receio de provocar inveja: “Sem dúvida, sou a primeira-dama mais bonita. Alguém duvida?”. Ninguém ousaria, acho eu.


No Facebook, ela mostra que é mais do que um corpo eloquente. Também emite opiniões políticas a que não falta nem mesmo o sabor do enigma e uma pegada filosófica. Escreveu por exemplo: “Isso tudo está acontecendo porque quem não mama, chora. O povo entende bem o que quero dizer”. Acho que entende.


A primeira-dama do Turismo também gosta de pôr a pouca roupa a serviço de causas políticas. Mas ela censura os de má-fé e má vontade. Explicou (segue conforme o original): “Não estou tirando a roupa para aparecer, estou usando isso para chamar a atenção sobre o que tenho para dizer. O povo brasileiro dá mais atenção a uma bunda de fora do que para o que precisamos realmente dar atenção. A mudança para que possamos eleger bem nossos representantes, começa em tentar melhorar a cultura do país”.

Quem pode negar que Milena tem razão, não é mesmo?

E se mostrar o traseiro não é importante para fazer triunfar uma ideia, a gente fica mais aliviado. Imaginem se a moda pegasse em Brasília. Seria uma hecatombe estética — a ética já aconteceu faz tempo.

Milena até pode ser uma boa senhora, esposa apaixonada e extremosa. Mas aí me ocorre: como é mesmo que ficamos sabendo de sua existência? Ah… Quem a trouxe ao mundo da política e de Brasília foi o seu marido, o, o, o… Como é mesmo? Ah, o Alessandro Teixeira, cujo maior talento para ocupar uma vaga no ministério de Dilma é ser petista, ter sido um dos coordenadores da campanha da presidente em 2010 e 2014 e ser aliado de… Fernando Pimentel o governador petista de Minas que acabará impichado, anotem aí.

A devastação política nos quadros do petismo é tal; a desordem é de tal envergadura; o desarranjo é tão evidente que todas as fronteiras vão desaparecendo.  Mais o marido de Milena do que ela própria, com seu ar embevecido no gabinete, num ato de exibicionismo explícito, explica, por intermédio do símbolo, um governo que chegou ao fim; que se arrasta na penúria política, ética, moral, conceitual, jurídica e, bem, por que não destacar?, também estética.


Milena, coitada!, tudo indica, continua a perseguir a fama. E ser a “primeira-dama do Turismo” e a “primeira-dama mais bonita” lhe parece um galardão digno de ser exibido. O governo Dilma, nos seus estertores, lhe proporcionou e ao marido mais esses instantes de notoriedade. Antes que tudo acabe e só reste na rua o barulho dos que cospem no estado de direito.


Milena está de parabéns. Ilustrou esse tempo com raro talento. É o governo Dilma e do PT vivendo seus últimos dias.

Fonte: Blog do Reinaldo Azevedo 

 

Ex-miss bumbum, mulher do ministro do Turismo celebra cargo do marido

Milena Santos foi a uma rede social dizer que era "a Primeira Dama do Ministério do Turismo do Brasil"

A posse do novo ministro do Turismo do governo Dilma Rousseff, Alessandro Teixeira, na última sexta-feira (22/4), ganhou fotos e elogios animados da mulher do político, Milena Santos, eleita ex-Miss Bumbum, nos Estados Unidos, em 2013. Ativa em redes sociais, até pelo trabalho como modelo, Milena postou imagens do marido no gabinete e se proclamou "a Primeira Dama do Ministério do Turismo do Brasil".

"Não é a toa que ao lado de um grande Homem, existe sempre uma linda e poderosa mulher", escreveu Milena. Além de Miss Bumbum, Milena foi vereadora na Bahia e mantém suas postagens nas redes sociais alimentadas com temas políticos na mesma proporção em que exibe imagens malhando na academia.

Por meio da assessoria, o Ministério do Turismo explicou o episódio. "O ministro repudia a exposição dele e da esposa, como também o resgate de fotos antigas. As postagens são na rede social privada dela e que mostram a intimidade de um casal apenas."

Ex-miss bumbum comemora a posse do marido, o ministro do Turismo Alessandro Teixeira

 

PSDB não pode repetir o PT de 1992

São legítimas as aspirações políticas, contanto que a necessidade imperiosa de estabilização do país não seja colocada em segundo plano

Um dos mais poderosos combustíveis que movem o político a expectativa de poder — deixa claro rastro na crise que paralisa o país. Ele está muito visível na perda de sustentação parlamentar do governo Dilma, cuja expressão máxima, até agora, foram os 367 votos recebidos pela proposta de impeachment na Câmara contra modestos 137 pela permanência da presidente no Planalto. Ao mesmo tempo, engrossam as romarias ao Palácio do Jaburu, residência oficial do vice Michel Temer.

Há outros sinais de como a possibilidade de a faixa presidencial mudar de dono condiciona o posicionamento de políticos e partidos. Um desses casos ocorre com o PSDB, na oposição há 23 anos e que, diante da debacle do governo do PT, considera ter chances reais de voltar ao Planalto nas próximas eleições.  Numa perspectiva meramente eleitoral, para tucanos e aliados o melhor seria Dilma e PT serem governo até completar o mandato, em 2018, e assim pagarem o preço na moeda da impopularidade pelos erros que cometeram na economia e pelo estelionato da campanha de reeleição da presidente. [os interesses do Brasil devem prevalecer e agora a meta é: acionar o botão de descarga e jogar Dilma, Lula e PT no esgoto.]

A tramitação do pedido de impeachment da presidente, por crimes de responsabilidade cometidos no Orçamento no ano passado, virou ameaça real de encurtamento do segundo mandato de Dilma, e isso obriga os tucanos a definirem que posição assumirão diante de um provável governo Temer. Uma dessas trapaças do destino coloca o PSDB em situação comparável àquela em que esteve o PT por ocasião do impeachment de Fernando Collor, em 1992. Hoje como naquele tempo, a economia está em péssimas condições, e, impedido o presidente, o governo do vice precisará ter respaldo no Congresso para tomar as medidas corretivas necessárias.


Nada mais natural do que as forças políticas que conduziram o impeachment darem sustentação ao governo do vice que assume. Mas a lógica da política é outra. O PT, que atuou ao lado do PSDB para impedir Collor, foi para a oposição ao governo Itamar Franco, também devido a cálculos político-eleitorais. Chegou a expulsar a deputada Luiza Erundina (SP), por ela ter aceitado ser ministra de Itamar.

O PSDB se defronta com dilemas muito semelhantes. O importante é que o partido não desconsidere a situação em que se encontra o país e, por isso, não deixe de dar apoio a um futuro governo Temer. Medidas duras serão necessárias, e sem suporte forte no Congresso elas serão inviabilizadas.  As ambições presidenciais de tucanos de alto escalão, como o governador Geraldo Alckmin e o senador Aécio Neves, presidente do partido, e mesmo o senador José Serra, são peças neste jogo. Mas não podem ser decisivas, diante da necessidade crucial de se recolocar o país em funcionamento.

Fonte:  Editorial - O Globo

segunda-feira, 25 de abril de 2016

Renan nega pedido de suspensão de julgamento de Dilma no Senado

Questão de ordem pretendia que processo de impeachment contra a presidente e contra Temer fossem apreciados conjuntamente


O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), decidiu nesta segunda-feira, 25, rejeitar a questão de ordem apresentada pelo senador João Capiberibe (PSB-AP) que pretendia suspender o julgamento da presidente Dilma Rousseff pela Casa até que a Câmara aprecie o pedido de autorização para processar o vice-presidente Michel Temer (PMDB-SP). A intenção de Capiberibe, avalizada por um grupo de outros seis senadores, era garantir que o processo de impeachment contra Dilma e Temer fossem apreciados conjuntamente.

Segundo o presidente do Senado, o pedido não merece “prosperar”. Ele disse que os atos praticados para as duas autoridades são “específicos e autônomos”, não podendo se falar em conexão das acusações.

A decisão de Renan foi proferida após a rápida eleição simbólica dos integrantes da Comissão Especial. Foram eleitos os 42 membros do colegiado, que iniciará os trabalhos a partir da terça-feira, 26 a partir das 10 horas.

Renan disse não ser relevante o fato que o pedido contra Dilma ter sido autorizado pelo presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), desafeto declarado do governo. Ele citou que o pedido passou tanto na Comissão Especial da Câmara como no plenário daquela Casa Legislativa.
 
Fonte: Estadão Conteúdo

A hora e a vez de Lula


Na tarde quente do domingo 5 de junho de 2005, um homem de meia idade e uma vidente famosa em São Paulo foram admitidos no apartamento do então presidente Lula, em São Bernardo do Campo.  Lula e a vidente conversaram a sós por vinte minutos. Depois que ela foi embora, Lula contou ao homem sobre o terremoto que ameaçava desestabilizar o seu governo e sobre o que faria para tentar sobreviver.

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Há três semanas, o noticiário da imprensa girava em torno de um único assunto: a compra pelo governo de votos de deputados para aprovar projetos do seu interesse. Feita pelo deputado Roberto Jefferson (RJ), presidente do PTB, a denúncia ganhara status de escândalo e estava preste a ser alçada à condição de o maior escândalo de corrupção desde a chegada do PT ao poder.

Para isso, só faltava Jefferson conceder uma entrevista explicando em detalhes tudo o que dissera até ali, e acrescentando novas revelações. Pouco antes da chegada do homem e da vidente ao seu apartamento, Lula ficara sabendo que já não faltava mais nada. Jefferson falara à jornalista Renata Lo Prete, da Folha de S. Paulo. E a entrevista seria publicada no dia seguinte.

Entre outras coisas, Jefferson diria que deputados de partidos aliados do governo recebiam o que chamou de um "mensalão" de R$ 30 mil pago pelo tesoureiro do PT Delúbio Soares. Segundo Jefferson, ele alertara a respeito vários ministros do governo – entre eles, José Dirceu, da Casa Civil, e Antonio Palocci, da Fazenda. E em janeiro último, alertara também o próprio Lula, que chorou.  “A entrevista do Roberto vai virar o país de cabeça para baixo”, comentou Lula com o amigo que o ouvia em silêncio. “Todo mundo vai achar que o governo não se sustentará mais de pé e que talvez nem consiga chegar ao fim. Mas acredite: a montanha vai parir um rato. Pensam que vão me destruir. Pois vou me reeleger e fazer meu sucessor”. 
 
Lula não contou como imaginava sobreviver. Mas como se falasse sozinho, aduziu em voz baixa: Vou aproveitar para me livrar de Zé Dirceu e até de Palocci”. De Dirceu, Lula se livraria dali a um mês ao forçá-lo a pedir demissão. Dirceu assumiu seu mandato de deputado federal, mas foi cassado. Acabou condenado a sete anos e 11 meses de prisão. Ficou 11 meses preso. Foi preso novamente pela Lava-Jato no ano passado e virou réu. 


Quanto a Palocci, Lula livrou-se dele em março de 2006 quando o caseiro Francenildo Costa teve seu sigilo bancário quebrado ilegalmente pelo governo. Francenildo havia flagrado Palocci uma dezena de vezes em uma mansão de Brasília frequentada por prostitutas e lobistas. O mensalão não foi um escândalo, e o petrolão outro. Rodrigo Janot, Procurador-Geral da República, admitiu na semana passada que os dois não passam de uma coisa só – um bilionário esquema de corrupção para sustentar no poder o PT e seus aliados. Lula reelegeu-se, elegeu Dilma e a reelegeu. Mas Dilma está a poucos dias de cair. E ele, Lula...

A Lava-Jato dispõe de indícios e provas suficientes para prender Lula por obstrução da Justiça, ocultação de bens em nomes de terceiros e recebimento de dinheiro por palestras que não fez. Lula só não foi preso ainda porque o Supremo Tribunal Federal avocou a responsabilidade de decidir o futuro dele, uma vez que Dilma o havia nomeado ministro. Em breve, pode mandar prendê-lo. Ou deixar que o juiz Sérgio Moro o faça.

Fonte: Blog do Noblat 
 

Falcão, o chefão petista, tem de deixar claro se está prometendo luta armada - arma principal: cusparada

Segundo presidente do PT, não haverá trégua nem respeito com o governo Temer

O PT promove o tal encontro da Aliança Progressista, em São Paulo, no hotel Macksoud Plaza. Lula discursou, como vimos, prometendo “resistência democrática” a um eventual governo Temer, seja lá o que isso quer dizer.

Ouvindo Rui Falcão, no entanto, as dúvidas se dissipam. Ele faz a defesa aberta da subversão da ordem democrática. Em seu discurso, voltou a atacar o vice-presidente Michel Temer, chamando-o de “traidor” e de “comandante do golpe”.

Segundo o presidente do PT, o peemedebista conspirou abertamente contra Dilma e, caso se torne mesmo presidente, apresentará ao Brasil “um programa antipopular, de supressão de direitos civis e sociais, e de privatizações”. Santo Deus! É o mesmo discurso vigarista e mentiroso de 2014.

No discurso, Falcão também criticou a imprensa e outros setores da sociedade. Para ele, “a escalada golpista só foi pssível graças à participação ativa do grande capital, de setores do aparato policial e judicial do estado, mancomunados com a mídia monopolizada e a oposição de direita”. É verdade. O PT havia se unido às empreiteiras para assaltar o estado brasileiro em nome dos interesses populares, certo?

O petista aproveitou ainda para fazer ameaças: “Se a oposição de direita insistir na deposição da presidente, reafirmamos que não haverá trégua nem respeito a um governo usurpador, sem o referendo do voto popular e, portanto, ilegítimo e ilegal”.  Seria engraçado não fosse realmente trágico, lastimável, que o grande capa-preta do PT fale agora em nome da lei e da ordem, não é mesmo? Mas seu discurso poderia ao menos remeter a questões pertinentes, que fizesse sentido segundo a legislação vigente. Mas nem isso!

Não é Rui Falcão quem decide o que é legal e legítimo na República, mas a Constituição e as leis que temos, lidas pelos tribunais.

E Falcão avançou: “Comanda o golpe o vice-presidente da República, que registra 1% de intenção de voto caso passasse pelo teste das urnas. E que acumula nas pesquisas uma rejeição próxima de 80%. Traidor de sua colega de chapa, contra a qual conspira abertamente, Temer já anunciou um programa antipopular, de supressão de direitos civis e sociais, de privatizações e de entrega do patrimônio nacional a grupos estrangeiros. A escalada golpista só foi possível graças à participação ativa do grande capital, de setores do aparato policial e judicial do estado, mancomunados com a mídia monopolizada e a oposição de direita”.

Falcão está mentindo. Não existe programa nenhum. Essa é uma fantasia que as esquerdas criaram para justificar, depois, a sabotagem contra o governo e contra o país. Afinal, se o novo governo é golpista, tudo o que se fizer contra será considerado legítimo.  Estou curioso para saber o que Falcão quer dizer por “não haverá respeito com um governo usurpador”.

É luta armada, Falcão? A gente deve se preparar para isso? [Falcão, vocês perderam em 35, em 64, estão perdendo agora e se optarem pelo confronto armado, não serão cometidos os erros do passado e que permitiram que vocês ainda possam rastejar.
Serão abatidos, sem dó nem piedade.]

Fonte: Blog do Reinaldo Azevedo

 

Tropa petista de atiradores de cuspe

A sorte  dos alvos dos petistas cuspidores é que estudos mostram que a saliva não transmite o vírus de doençasque preferem os portadores do homossexualismo e práticas doentias assemelhadas

Abreu e deputado ex-BBB reforçam o exército do Stédile com o pelotão dos lançadores de cuspe

A cusparada como arma de ataque foi exumada pelo deputado federal do PSOL, ex-BBB, na sessão da Câmara que aprovou o impeachment. Depois de acusar de “canalhas” os parlamentares favoráveis ao despejo de Dilma Rousseff, o eterno BBB alega ter recorrido ao disparo de saliva para revidar um comentário ofensivo do desafeto Jair Bolsonaro. Na sexta-feira, a cuspida em Brasília foi reprisada em São Paulo pelo ator José de Abreu.

Devoto do PT e coadjuvante de novelas da Globo, o canastrão que mais gargalhadas provoca quanto mais capricha em cenas dramáticas vive buscando no noticiário político-policial o espaço que jamais terá nas páginas reservadas a artistas talentosos. Ele resumiu no Twitter o que fizera: “Acabei de ser ofendido num restaurante paulista. Cuspi na cara do coxinha e da mulher dele! Não reagiu! Covarde”.

O vídeo que registra o incidente desmonta a bazófia. Depois da cusparada, Zé de Abreu usou um escudo de garçons e restaurantes para escapar do homem que enfurecera. Mas o setentão beligerante continuou a gabar-se da atitude, que considerou uma homenagem ao ex-BBB pioneiro na baixaria. “Bravo, Zé!”, saudou a deputada federal Jandira Feghali. O entusiasmo da turma avisa que pode estar em gestação o pelotão dos lançadores de cuspe, tropa de elite do exército do Stédile. (Jandira tem tudo para adestrar os recrutas na arte do puxão de cabelo. Combina com cusparadas).

A inovação, apresentada por Abreu também no Domingão do Faustão, pode evoluir para a primeira experiência prática se prosperar a proposta feita no vídeo abaixo. O também ator Alexandre Frota, depois de declarar-se ansioso com um encontro com o colega, convida o artilheiro da saliva a alvejá-lo no rosto. Embora duvide que Abreu tenha coragem para tanto, Frota reza para que o cuspidor tope o desafio.

O Brasil decente também. Seria muito animador para a plateia nacional farta de bravatas aprender com quantas palmadas se seca a boca de um poltrão fantasiado de valente

 Fonte: Coluna do Augusto Nunes

 

 

domingo, 24 de abril de 2016

Estamos falando da mesma coisa?

 Acordei na segunda-feira com um travo na garganta. A Câmara dos Deputados votou o impeachment. Era o desejo da maioria. Mas a maneira como o fez, com aquela sequência de votos dedicados à família, a filhos, netos e papagaio, com Bolsonaro saudando um torturador… fui dormir como se estivéssemos entrando na idade das trevas.


Entretanto, quando me lembro das grandes demonstrações, sobretudo nas áreas metropolitanas do Brasil, constato que os deputados inventaram um enredo próprio para o impeachment. Não há sintonia com a realidade das ruas. Isso é demonstrado pela própria reação nas redes sociais. O Brasil parece ter descoberto um Congresso que só conhecia fragmentariamente. Isso dói, mas em médio e longo prazos será bom.

Na segunda passada, na minha intervenção radiofônica, previ essa cantilena. Foi assim no impeachment de Collor. De lá para cá, o Congresso, relativamente, decaiu em oratória e cresceu em efeitos especiais. Houve até uma bomba de papel picado no plenário.
Durante anos as coisas se degradaram por escândalos no aumentativo: mensalão, petrolão. No impeachment, os 511 deputados passaram por um raio X do cérebro, diante de cerca de 100 milhões de expectadores.

Visto de fora, abstraindo a causa das ruas, foi um espetáculo grotesco.  Isso implica consequências. Agora todos têm ideia ampla da Câmara real. Durante os debates, viram vários dedos apontados para Eduardo Cunha. Numa escala de golpista, corrupto e gângster. E Cunha ouviu tudo, gélido, apenas esfregando as mãos.  Tem de ser o próximo a cair. Sua queda une os dois lados do impeachment, sem muros. Nem que se tenha de pedir socorro ao Supremo, tentar comunicar aos ministros a sensação de urgência da queda de Cunha. O descompasso entre a sociedade, que pede uma elevação no nível político, e a Câmara pode levar a um novo comportamento eleitoral. [Cunha, se culpado, deve cair, ser julgado e se condenado preso. O que não é certo e que seja derrubado antes de ser julgado.]

O impeachment é uma tentativa de iniciar o longo caminho para tirar o Brasil da crise. Algumas pessoas choraram pelo resultado, outras, como eu, choraram apenas pelo texto.
Compartilho parcialmente a sua dor. Mas os generais da esquerda as levaram para uma batalha com a derrota anunciada. Mascararam de perseguição política um processo policial fundamentado, com provas robustas e até gente do PT na cadeia. Ao classificarem como golpe o impeachment, tentaram articular o discurso salvador que pudesse dar-lhes algum abrigo dos ventos frios que sopram de Curitiba.

Sobraram motivos para ressaca do day after. O essencial, se tomarmos a crise como referência, é que o processo siga seu curso da forma que prevê o rito, que é razoavelmente rápida. Muito brevemente o centro do processo será Michel Temer. As coisas que vazam de seu refúgio não são animadoras. Por exemplo, consultar um ex-ministro da Comunicação de Dilma que propunha uma articulação do governo com a guerrilha na internet. O próprio ex-ministro deveria ser mais leal a Dilma.

Aliás, o rosário de traições na Câmara foi deprimente. Um deputado do Ceará disse: desculpe, presidente, mas voto pelo impeachment. É um espetáculo da natureza humana que me fez lembrar as traições a Fernando Collor. Gente que jantou com ele na noite anterior ao impeachment. Costumo deixar essas considerações gerais para domingo. O foco é o processo de impeachment como esperança de dar um passo para enfrentar a crise. Deixo apenas esta lembrança para exame posterior: com 90 deputados investigados, a Casa Legislativa que existe legalmente cassou Dilma. Mas agora que todos os conhecem, não seria o momento de questionar o foro privilegiado?

Ao longo de 16 anos de Congresso, sempre defendi privilégio para o direito de voz e voto, como na Inglaterra. Fora daí, Justiça comum.  É um fragmento de uma reforma política que pode vir de baixo, como a Lei da Ficha Limpa. E a mensagem é clara nestes tempos de Lava Jato: a lei vale para todos. Se os processos de impeachment, no Brasil, acontecem de 20 em 20 anos, creio que este foi o último a que assisti. Privilégios da idade.

É preciso pensar agora na transição. A de Itamar era mais leve. Ele não tinha partido forte, não era candidato. Temer tem uma energia pesada em torno dele. A começar por Cunha. Em tese, precisa tocar o barco e contribuir para que alguns corpos caiam no mar. Se não contribuir, vão cair de qualquer maneira, só que de forma mais embaraçosa. O que está em jogo é o destino de muita gente, um projeto para sair da crise.

Já que decidiu ficar calado por um tempo, Temer deveria pensar. O cavalo que chega encilhado à sua frente é um cavalo bravio. Para montá-lo é preciso coragem.  A vitória do impeachment na Câmara dos Deputados foi resultado do movimento de milhões de pessoas indignadas com a corrupção, castigadas pela crise econômica.

Se considerar apenas o resultado da Câmara, não tocará nos dois temas ao mesmo tempo. Mas se considerar o esforço social que levou a esse resultado, não pode ignorar o problema da corrupção, como se ela estivesse indo embora com os derrotados de agora.
Com mais faro para o desastre, o PMDB pode organizar melhor que o PT a sua retirada. Compreender, por exemplo, que não está chegando ao poder, mas se preparando para sair dele com estragos menores nos seus cascos bombardeados pelos canhões da Lava Jato.

É uma transição na tempestade até 2018. Nenhuma força política sabe se chegará lá ou como chegará. Diante da vigilância social, o jogo ficou mais complicado. Mas esse é o nível do nosso universo político. Do salão verde para o azul, espera-se uma ligeira melhora no Senado. Ainda assim, é longo e espinhoso o caminho de uma renovação política no Brasil.

Fonte: Fernando Gabeira - Estadão

 

Valentina de Botas: Os que absolvem a máfia lulopetista se escandalizam com erros de concordância e homenagens à família

O que sinaliza em cada um de nós a trilha dos nossos desterros – de sonhos, histórias, ganhos, perdas, caos e paz? Nas repugnantes homenagens dos deputados Glauber Braga (PSOL-RJ) ao terrorista Marighella e Jair Bolsonaro ao torturador coronel Ustra – covardes glorificando covardes –, domingo passado, vimos criaturas desterradas da noção de democracia e de liberdade.


Figuras de torpe extremismo que não suportam a democracia porque ela enseja adversários, coisa percebida como alvo de cusparadas, tortura e paredão. Deveriam ter o mandato cassado, mas, para tanto, o Brasil precisaria redescobrir o valor da democracia nos limites que ela implica. Enquanto isso, vigora o fetiche da liberdade total, uma impossibilidade tirânica.

Desse desprezo aos limites e de cinismo patológico padece a presidente que ataca as instituições e a nação com a lenga-lenga do golpe fictício. Na trilha do próprio desterro como combatente pela democracia – segundo a entendem Bolsonaro e Braga –, Dilma Rousseff obteve de quem a torturou mais do que uma experiência pavorosa: obteve uma biografia, à qual sempre volta e que é tudo o que tem para exibir. [Dilma é uma mentirosa: não existem provas que foi torturada, assim como não existem provas de que o coronel CARLOS ALBERTO BRILHANTE USTRA tenha sido torturador:
FATO: O coronel USTRA foi denunciado inúmeras vezes pela acusação de torturador, só que NÃO FOI CONDENADO e TODOS OS PROCESSOS FORAM ARQUIVADOS.]

Tratando-se de pessoa de caráter degradado, mesmo esse currículo mínimo é fraudulento porque raramente menciona a participação dela na terrorista VAR-Palmares. Não, ela não foi torturada “porque mereceu”, mas porque o Estado criminoso agia fora da lei. Falar em merecimento legitima os crimes daquele regime e obriga a legitimar os do castrismo ou os de Vargas porque tortura e terrorismo não têm lado, exceto aquele oposto ao da civilização.

Muita gente afirma ter sido feliz na ditadura, convicta de que os crimes do regime são inventados, só atingiram “quem merecia” ou são pequenos perante o bem que produziu. Ora, não foram a tortura e o assassinato que evitaram o Brasil se tornar uma ditadura comunista, pois o regime era forte o bastante sem apelar à selvageria; e degenerados como Ustra também eram dispensáveis para o tal milagre econômico do regime estatizante, burocrata e anticapitalista. Nasci com a ditadura já instalada e também fui feliz naquele tempo – apesar dele; é que mesmo sob ditaduras há festas de aniversário, incontáveis primeiros beijos, bailes de adolescentes, almoços de família, noites doces e dias luminosos porque a plasticidade do espírito humano encontra brechas de felicidade na amargura.

Contudo, descobrir que a ditadura brasileira fazia o mesmo que qualquer outra da Cortina de Ferro, por exemplo, me encheu de nojo e indignação; assim também vivo sob o mafioso Estado lulopetista. Repudio ambos. Mas, no país onde o óbvio tem versões, não surpreende que as redes sociais desqualifiquem a votação numa crítica velada ao resultado que, insistindo na mística vigarista de que os crimes do lulopetismo são invencionices ou pequenos perante as bondades dele, escandalizaram-se com erros de concordância nominal e verbal, as homenagens à família e a evocação a Deus.

Que pena não termos 513 doutores na Câmara, não é mesmo? Talvez porque o país também não tem 150 milhões de eleitores doutores. No Brasil, em tudo empobrecido e que tenta redescobrir a vergonha na cara, seriam esses deputados piores do que um ex-chefe do Executivo que, antes de falhar na transposição do rio São Francisco, transpôs o Atlântico separando o Brasil e os Estados Unidos? Ou do que a presidente que deseja estocar vento?

Entre as homenagens odiosas, celebrar a família foi apenas bizarrice inofensiva. Nas redes e em certo jornalismo desfigurado, sensíveis espíritos republicanos toleram que o jeca compre aquela gente semiletrada e cristã, mas não admitiram que ela ameaçasse a laicidade do Estado quando apelou a Deus ao votar. A laicidade se manteve, graças a Deus, e a presidente criminosa se danou. Condição insuficiente, mas indispensável para que no país desterrado do próprio futuro o óbvio se imponha: não há lado que redima um Estado criminoso nem fim que o valide.

Fonte: Valentina de Botas - Coluna Augusto Nanes - VEJA 

 

A descida do Olimpo

O fato de Eduardo Paes ter apresentado a ciclovia como parte do chamado ‘legado olímpico’ é parte do problema

Coube ao leitor Rogério Ribeiro de Oliveira apontar a atroz incongruência que salta aos olhos em todas as fotos da tragédia ocorrida na quinta feira na Ciclovia Tim Maia. Em primeiro plano, o fatal rasgo de 50 metros na obra de apenas três meses, erguida com recursos tecnológicos de ponta e saber da engenharia do século 21. Ruiu

Nas fotos logo atrás dela, no mesmo trecho rochoso da encosta, sólido e indiferente ao mar em ressaca, o clássico viaduto construído quase 100 anos antes para a visita do rei Alberto I da Bélgica ao Rio de Janeiro em 1920. Das duas uma: ou o Brasil regrediu ou está apressado demais em chegar no futuro sem passar pelo presente. Ou ainda as duas coisas, em dosagens variadas.

Inicia-se agora o processo de apuração das responsabilidades pelo desmoronamento. Espera-se que, uma vez definidas, elas venham a ser punidas com o empenho que faltou à Justiça no caso do incêndio na boate Kiss, de Santa Maria. O fato de o prefeito Eduardo Paes ter apresentado a ciclovia de R$ 44,7 milhões como parte do chamado “legado olímpico” é parte do problema. Invenção multiuso do Comitê Olímpico Internacional (COI), o termo é deliberadamente impreciso, convenientemente abstrato e frequentemente enganoso. Ainda assim ele é um achado com impacto comunicativo forte. Está presente nas brochuras de todas as candidaturas a cidades-sede dos Jogos, na literatura dos mais de 200 comitês nacionais espalhados pelo mundo e na entidade central com sede em Lausanne. 

O COI faria um enorme favor aos munícipes de toda cidade olímpica se impusesse uma espécie de moratória ao termo. Sugestão: para poder ser chamado de legado olímpico, uma obra, parque ou o que fosse precisaria ter sido usado e aprovado pelos moradores durante um ou dois anos depois de encerrados os Jogos na cidade. Elefantes brancos ou arroubos que nada têm a ver com prioridades locais seriam desestimulados.
No fundo seria apenas uma extensão alvissareira do zelo canino que o COI e comitês nacionais já exercem sobre o uso privativo dos termos olímpico, olimpíada, jogos olímpicos e variações. Ainda no mês passado, um inofensivo conjunto de instrumentistas clássicos da França — o Concerto da Loggia Olímpica — cujo nome data de uma formação do fim do século 18, teve de mudar de identidade artística por ordem judicial. 

Ou seja, quando quer, o olimpismo cuida de sua imagem. Uma cautela maior antes de dar a chancela de legado olímpico a programas ambiciosos como a urbanização das mais de 700 favelas cariocas em dez anos, por exemplo, também feita pelo prefeito do Rio, teria sido prudente. Ultimamente uma questão maior tem envolvido a organização de toda Olimpíada, por ela ser esse evento pantagruélico para o qual é impossível haver um plano B, porém, é outra. Apenas dois tipos de candidaturas têm se revelado confiáveis para entregar no prazo e nos moldes combinados os Jogos memoráveis que prometeram seis anos antes ao serem escolhidas: ou cidades de países autoritários, onde o poder central não precisa prestar contas à população, ou cidades de países desenvolvidos que já contam com boa parte da infraestrutura e instalações necessárias.

E a cada nova edição essa tendência torna-se mais evidente. Tome-se o exemplo das candidaturas para os Jogos de 2024: consultados, os moradores de Boston, Oslo, Cracóvia e Estocolmo disseram “não”, apesar das promessas de que reinaria frugalidade nos gastos. [no Brasil apenas a palavra de um Apedeuta incompetente, estúpido, megalomaníaco, chefe de organização criminosa -  o estrupício do Lula -  foi suficiente para decidir que o Rio e o Brasil teria que ser submetido ao vexame de sediar as Olimpíadas de 2016.] Em contrapartida, Pequim derrotou Almaty, do Cazaquistão, para os Jogos de inverno em 2022, tornando-se assim a primeira cidade do mundo a abrigar uma Olimpíada de Verão (em 2008) e uma de Inverno. Para isso, entre outros malabarismos que envolvem grandes recursos, terá de sugar um lago do entorno da capital e transformá-lo numa montanha de neve. A meta final do regime é sediar uma Copa do Mundo. 

Trinta anos atrás, William E. Simon, ex-secretário do Tesouro e presidente do Comitê Olímpico dos Estados Unidos à época dos Jogos de 1984 em Los Angeles, formulou uma ideia que à época pareceu insana. Hoje, à luz das dificuldades de um mundo em solavancos, ela soa como uma receita de bom senso. Reduziria boa parte das oportunidades para malfeitos, eliminaria os custosos processos de candidatura, garantiria ciclos regulares de bonança regional. 

A fórmula? Definir cinco sedes permanentes e rotativas para os Jogos uma em cada continente, o que preservaria a geopolítica representada pelos cinco anéis olímpicos. No entender de Walker os lucros comerciais, turísticos e esportivos de cada sede acabariam se esparramando para cidades e países vizinhos, devido à previsibilidade do evento. Faltaria combinar com os mais de 200 países membros do COI, é claro. Ou seja, não é coisa para este milênio.

Portanto, para este ano nos resta torcer. E dar a chance ao esporte, aos atletas, ao Rio, aos cariocas e ao Brasil de ser feliz por 17 dias.


Fonte: O Globo - Dorrit Harazim,  é jornalista

Existe uma ideologia petista?

Um conjunto reconhecível de ideias o Partido dos Trabalhadores (PT) certamente tem; quanto a isso, não há dúvida. Mas é um conjunto que mereça ou deva ser chamado de ideologia?

Em diversas ocasiões, há cerca de 20 ou 25 anos, muita gente que não votaria no PT afirmava enfaticamente, em tom de crítica aos demais partidos: “O PT pelo menos tem uma ideologia”. Tal elogio (sim, era um elogio) era comum até no meio empresarial. Algumas vezes, cheguei a retrucar que era melhor não ter ideologia nenhuma a ter uma sem pés nem cabeça.  Agora que o PT atingiu a invejável marca dos 36 anos – a madureza, se coubesse aqui uma metáfora biológica –, parece-me oportuno indagar em que, exatamente, consiste o referido conjunto de ideias. Qual é o seu conteúdo? Como evoluiu em suas três décadas e meia de existência?

Nunca é demais lembrar que nos primórdios o PT se apresentava como um partido socialista, mas se apressava a explicar que seu socialismo era sui generis. Era um socialismo em aberto, “em construção”. Devo confessar que essa definição me deixava embatucado. Na versão soviética, o conceito de socialismo sempre me pareceu de uma clareza meridiana.

1) A divisão da sociedade em classes sociais explica-se pela apropriação privada dos meios de produção: indústrias, fazendas, bancos etc;

2) atribuindo-se a missão de representar o proletariado, o Partido Comunista (PC) toma o poder e estatiza os meios de produção, extinguindo, por conseguinte, o fundamento da divisão em classes;

3)
para consolidar a tão almejada sociedade sem classes o PC mantém férreo controle sobre o poder de Estado, exercendo-o como uma “ditadura do proletariado”.

O problema, retomando o fio do argumento, era que o PT queria rejeitava tal modelo, mas não sabia o que colocar no lugar dele. Sem a clareza do conceito soviético, substituído pelo “socialismo em construção”, os petistas pareciam estar pedindo um cheque em branco. Mas, por incrível que pareça, essa absoluta vacuidade não funcionou contra, e, sim, a favor da implantação do partido. Ajudou-o a angariar apoios, principalmente entre os jovens universitários, geralmente movidos pelo desejo romântico de acreditar que sua política não é deste mundo. Que agem por ideais – por motivos “elevados” –, sem sujar as mãos no crasso mundo dos meros “interesses”.
Com o tempo e o acúmulo de experiências práticas, muitas outras interpretações e imagens surgiram, trazendo mais calor que luz à discussão que ora nos ocupa. Numa pesquisa empírica sobre os eleitores do partido, André Singer julgou discernir entre eles um forte veio “conservador”. Com este conceito em si discutível, ele apenas acrescentou outra incógnita à equação: o que temos, então, é um partido que se diz radical, inclinado ao socialismo, que se apresenta como representante putativo de uma base social conservadora.

Marilena Chaui, num episódio célebre, declarou odiar a classe média por sua “ignorância” e sua tendência ao “fascismo”. Quando externou tal ponto de vista, “seu” governo – quero dizer, o governo Dilma Rousseff – proclamava aos quatro ventos um dos maiores sucessos de sua política econômica, graças à qual mais de 50% da população brasileira ascendera à classe média. Devo concluir que a celebrada professora titular da Universidade de São Paulo – ipso facto integrante da mais alta elite brasileira – empresta seu prestígio a um governo que tem entre suas principais metas criar uma camada social ignorante e intrinsecamente fascista?

E que dizer de Luiz Inácio Lula da Silva, o símbolo e chefe inquestionável do PT? Não há como falar de Lula sem antes falar do mito Lula: o imigrante iluminado que veio para São Paulo, venceu no sindicalismo e se transformou no líder carismático fadado a conduzir as massas à tão esperada redenção. O mito, como bem sabemos, foi em grande parte criado por uma parcela da elite cultural, quero dizer, por professores universitários, artistas, escritores, clérigos e jornalistas, coadjuvados, é claro, pelo outrora rebelde sindicalismo do ABC. Esse segmento da elite cultural “construiu” (para usar o verbo da moda) e ainda hoje cultiva o mito Lula como um líder “de esquerda”. Ora, mesmo quem não se define como esquerda, mas algo leu de História e aprecia o bom debate de ideias, haverá de se sentir desconfortável ao ver o conceito de esquerda, cuja densidade histórica ninguém de bom senso haverá de negar, associado ao populismo – essa aberração endêmica que Lula personifica num grau poucas vezes igualado na América Latina.

O que de fato importa é a fala dualista do PT: a divisão maniqueísta do mundo, o povo contra a “zelite”, o “nós contra eles”, etc. Isso é um pensamento de esquerda que intelectuais lidos e viajados possam honestamente endossar? A íntima associação que o governo Lula e, depois, Lula como pessoa física estabeleceram com o chamado “grande capital financeiro” e com as maiores empreiteiras do País são mais do que suficientes para demonstrar que o “nóis contra a zelite” nunca passou de uma fulgurante mistificação.
Trata-se, na verdade, de um maniqueísmo desprovido de conteúdo
, uma persistente propensão a acirrar e dividir a sociedade em termos de “nós contra eles”. Na história das ideias, quem melhor expressou essa percepção do universo político foi o jurista alemão Carl Schmitt, um precursor do nazi-fascismo, para quem a essência de toda política é a contraposição amigo x inimigo. Fariam um bom uso de seu tempo os adeptos do mito Lula e do lulopetismo se relessem seu ensaio O Conceito do Político.
 

Por: BOLÍVAR LAMOUNIER - O Estado de S. Paulo 

 

 

O Orçamento à espera do desfecho do impeachment

Se Dilma vier a ser afastada por até 180 dias, pelo Senado, Temer terá de enfrentar, com rapidez, a questão da revisão das metas fiscais deste ano

O ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, tem razões para se preocupar com o desencontro entre a agenda política e o andamento da crise econômica. O tempo passa, a tramitação do processo de impeachment da presidente paralisa o Congresso, e Barbosa teme pelo destino de um projeto de lei que altera as metas fiscais deste ano se demorar a ser aprovado, poderá faltar dinheiro para manter a máquina burocrática funcionando. Haveria o que os americanos chamam de shutdown, um apagão nos serviços públicos federais.

Mas tudo com relação à nova proposta para o Orçamento deste ano dependerá do afastamento ou não da presidente, por até 180 dias, a ser decidido pelos senadores, talvez em meados de maio. Se eles aceitarem abrir processo contra a presidente, o vice Michel Temer assume e logo precisa tratar da questão orçamentária, ponto nevrálgico da grave crise fiscal em que o país foi jogado devido aos erros de política econômica cometidos desde o segundo mandato de Lula. 

Temer, por tudo o que tem sido dito e até com base no documento “Uma ponte para o futuro”, elaborado na Fundação Ulysses Guimarães sob o patrocínio do vice-presidente, não deverá aceitar a proposta de Dilma que, na prática, mantém o crescimento dos gastos.
O governo Dilma deseja autorização para abater da meta R$ 96,6 bilhões a título de frustração de receita. Isso significa admitir um déficit primário (sem contar a conta de juros da dívida) de 1,55% do PIB, algo muito ruim para a já depauperada imagem do país nos mercados. Será o terceiro ano seguido com saldo no vermelho.

E ao rejeitar mais esta demonstração de descaso com o equilíbrio fiscal de Dilma, o novo governo terá de enfrentar, logo, alguns fatores que impedem a rearrumação das contas públicas: a indexação de parcela ponderável do Orçamento pelo salário mínimo e inflação, bem como a vinculação de quase a totalidade das despesasapenas 10% delas o governo pode gerenciar; o resto é “carimbado”.

A seguir a regra de que os passos mais difíceis devem ser dados enquanto o governante tem capital político — no caso de Temer, menos nas ruas e mais dentro do Congresso —, o Planalto, de novo inquilino, deve apressar também a reforma da Previdência.  A desindexação e desvinculação do Orçamento produzirão resultados imediatos, enquanto a reforma previdenciária sinalizará para um futuro sem outra crise fiscal, com reflexos positivos no presente. Os juros tenderão a cair.

Porque os gastos ditos sociais são indexados ao salário mínimo ou inflação, o país não sai do buraco dos déficits, pois mesmo com a arrecadação em queda, devido à recessão, as despesas sobem. É receita infalível da quebra. Tanto que o país quebrou mesmo.

Fonte: Editorial - O Globo