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sábado, 3 de agosto de 2019

Recuo político em Itaipu - Míriam Leitão

O Globo -Alvaro Gribel

(*A colunista está de férias)

Dado Galdieri
No setor elétrico, a posição do governo brasileiro em relação a Itaipu — de aceitar sem questionar o rompimento pelos paraguaios do acordo feito em maio foi vista como uma decisão política. É que a ameaça de impeachment do presidente Mario Abdo Benítez, com quem Bolsonaro tem boa relação pessoal, poderia conduzir novamente a esquerda ao poder no país vizinho. “Nos governos do PT, Itaipu foi usada para baixar tarifas aos paraguaios e ampliar a influência da esquerda na região. Agora, vemos um governo de direita recuar de um acordo técnico para evitar a queda de um presidente também de direita. Não faz sentido o Brasil subsidiar a tarifa dos paraguaios”, afirmou um especialista do setor. [vale qualquer esforço legal,. para neutralizar em definitivo a esquerda.]

PERGUNTA NO AR
A pergunta que fica é se o comportamento do governo brasileiro seria o mesmo caso um partido de esquerda governasse o Paraguai. O próprio Itamaraty, em nota, afirmou que a “elevação sem precedentes do relacionamento Brasil-Paraguai se deve, mais do que a qualquer outro fator, à excelente relação pessoal entre os Presidentes Mario Abdo e Jair Bolsonaro e à coincidência de visões estratégicas.” [excelente resposta, tendo em conta que o presidente Bolsonaro foi eleito com quase 60.000.000 de votos para neutralizar toda a esquerda, começando pelo PT - missão praticamente concluída e com êxito total e não teria o menor sentido, nem tem e nem terá, apoia, em detrimento dos interesses brasileiros,  qualquer governo de esquerda.]  Bolsonaro segue Donald Trump, que dá grande peso às relações pessoais em assuntos de diplomacia.

MÁGOA ELÉTRICA

Do lado paraguaio, há uma represa cheia de mágoas em relação ao Brasil. O argumento lá é que a energia mais barata, chamada de adicional e que custa US$ 6, deveria ser dividida meio a meio, mas o Brasil entende ter direito a cerca de 85% dela, mesma proporção que consome da produção mais cara, de US$ 44. “Grande parte da demanda aqui é domiciliar. São dois picos, um ao meio-dia e outro no fim das tardes mais quentes. A turbina não precisa trabalhar o dia inteiro. Por isso o Paraguai puxa mais a energia adicional”, conta Manuel Ferreira, da consultoria MF, de Assunção. No Brasil, a demanda maior é da indústria, que necessita de uma carga constante e previsível. Haverá uma guerra de argumentos até a revisão do tratado.

FATOR TRUMP

O dólar subiu R$ 0,12 em uma semana, cotado a R$ 3,89. O primeiro repique veio após o banco central americano não se comprometer com novos cortes nos juros. O segundo, com a fala de Donald Trump acirrando a disputa com a China. O temor é que a guerra comercial tenha impacto no crescimento do PIB mundial. “Trump pressiona cada vez mais a China e afeta até o comércio entre os países da Ásia. FMI e OCDE já estimam um corte de 0,7 ponto do PIB global de 2020. E o crescimento menor da China afeta os preços das commodities, por exemplo. O minério de ferro teve um tombo de 6% em um dia”, conta Pedro Galdi, analista da Mirae. A perspectiva preocupa. Trump está em campanha e parece que esse modelo agressivo será o padrão.

IMPULSO MAIOR
O efeito dos saques do FGTS sobre a economia pode ser maior do que o estimado pelo governo, segundo estudo da LCA Consultoria. Pelas contas do economista Vitor Vidal, o PIB poderia crescer até 0,55 ponto a mais nos próximos 12 meses, acima da projeção de 0,35 ponto da equipe econômica. Esses números mantêm a estimativa da consultoria de alta de 1% do PIB este ano e de 2,5% no ano que vem. “O FGTS reforça nossas projeções, que estão acima da mediana do mercado. Acho que vamos ver os números subirem no Boletim Focus nas próximas semanas, para se aproximarem dos nossos”, afirmou Vidal.

JUROS MAIS BAIXOS
Vidal entende que a Caixa Econômica, como operadora do FGTS, poderia sair na frente em relação aos outros bancos e diminuir juros das operações de empréstimos que têm o fundo como garantia. Pelas estimativas do economista, o banco poderia oferecer taxas entre 20% e 35% ao ano, bem abaixo de outras modalidade de crédito pessoal. “O impacto disso sobre o PIB é mais incerto e não entrou na nossa conta. Mas teremos uma melhora no perfil do endividamento de muitas famílias, que terão acesso a crédito mais barato. Acho que a Caixa, por administrar o FGTS, terá bastante segurança para ser competitiva nessa nova linha”, diz.

Coluna da Míriam Leitão - (COM MARCELO LOUREIRO)  O Globo

domingo, 2 de junho de 2019

A fábula do investidor estrangeiro



Ciclo virtuoso na economia é promessa do governo para atrair capital de fora

Vladimir Putin já fez na Rússia o serviço que Bolsonaro promete no Brasil 

O governo, o "mercado" e os bumbos da orquestra garantem que, uma vez aprovadas as reformas do "Posto Ipiranga", a economia brasileira entrará num ciclo virtuoso. Tomara. Em tese, há bilhões de dólares esperando o sol nascer para jogar dinheiro no Brasil. Imagine-se um investidor belga que já pôs milhões no Chile, reunido em Bruxelas para decidir um investimento.


Seu consultor informa:
— O novo presidente do Brasil quer abrir a economia, está afrouxando as leis do meio ambiente, fez uma faxina no marxismo cultural e combate os movimentos LGBT.
— E como são suas relações com os políticos?
— Ele diz que não negocia no varejo.
— Ele manda no Congresso?
— Ainda não, mas promete apertar os parafusos.
— Manda no Judiciário?
— Não, tudo depende das turmas do Supremo, mas o presidente do tribunal tem a sua simpatia.
— Manda na imprensa?
— Ele tem apoio nas redes sociais e em algumas redes de televisão.

— Tem apoio popular?
— Ele prometeu acabar com o ativismo, mas há manifestações de rua de estudantes contra o governo.
— Sua política econômica nos favorece?
— Ele tem um passado estatista, mas é um liberal converso. Nos primeiros três meses de governo a economia encolheu 0,2%.

— Como anda a economia do Chile?
— No último trimestre ela cresceu 1,6%. O presidente Sebastián Piñera é um conservador que sabe operar pelas regras do jogo.
— E a da Rússia?
— Cresceu 2,3% no ano passado.
— Então vamos continuar no Chile e botar esse investimento na Rússia. Lá o Vladimir Putin já fez o serviço que esse brasileiro promete.

Paes e o óbvio delirante
O ex-prefeito Eduardo Paes tem uma queda pelo uso da expressão "é óbvio".
Depois do terceiro desabamento da ciclovia Tim Maia ("certamente a mais bonita do mundo", nas suas palavras) ele disse o seguinte: "É óbvio que, se eu pudesse, não faria de novo".

O doutor justificou-se lembrando que "o grande problema ali é o fato de a ciclovia estar em uma área que tem, de um lado, o mar, e do outro, a encosta do morro". Ao que se saiba o mar e o morro estão lá há milhões de anos.

Quando a ciclovia desabou pela primeira vez, em 2016, matando duas pessoas, Paes foi didático: "É óbvio que se essa ciclovia tivesse sido feita de forma perfeita, não teríamos essa tragédia". Paes governou o Rio de 2009 ao final de 2016 e dizia que todos os governantes "têm inveja de mim".
Felizmente o doutor começa a reconhecer o que não "faria de novo". Antes tarde do que nunca. Ficando-se só no caso da ciclovia, talvez ele não entregasse a obra a uma empresa que pertencia à família do seu secretário de Turismo. Mesmo que fizesse isso, não entregaria o gerenciamento da construção à mesma firma. Nem deixaria que a obra tivesse oito aditivos, elevando seu custo de R$ 35 milhões para R$ 45 milhões.

Quando o Rio vivia a síndrome do delírio do governador-gestor Sérgio Cabral e do prefeito olímpico Eduardo Paes, chamar a atenção para o óbvio era falta de educação. A diretora-geral do FMI, Christine Lagarde, andou no teleférico do Alemão e sentiu-se "nos Alpes". O bondinho custou R$ 210 milhões, operou de 2011 a 2016 e desde então está parado.

(...)

Sistema C
O sindicalismo patronal deveria mudar o nome do Sistema S, chamando-o de Sistema C, com a inicial da censura. Os doutores não querem cumprir a determinação do governo que manda colocar as contas das confederações e federações no banco de dados alimentado para atender à Lei de Acesso à Informação.
Querem arrecadar bilhões mordendo as folhas de pagamento, mas não querem mostrar o que fazem com o dinheiro. 
Poderiam expor apenas os custos dos jatinhos usados pelos maganos em suas viagens pelo país.
(...)

Eremildo, o Idiota
Eremildo convida seus admiradores para a posse do ex-deputado André Moura no cargo de secretário extraordinário da representação do Rio de Janeiro em Brasília. O doutor responde a três ações penais no Supremo Tribunal Federal. Na ocasião o idiota compartilhará com seu colega Wilson Witzel o título de doutor pela Universidade Harvard.
Como é hábito nas escolas americanas, os ex-alunos acrescentam aos seus nomes o ano da formatura. Eremildo será o "Idiota, Fake '19". O governador do Rio é "Witzel Fake '15".

Alquimia
O ministro Dias Toffoli começou um pós-doutorado em alquimia. Inventou um evento para firmar um pacto com o Executivo e o Legislativo e conseguiu rachar o Judiciário.

Ganha uma senha para escalar o Everest quem souber qual será o resultado concreto do tal pacto.

(...)

Levy e Salles
Joaquim Levy atravessou incólume as administrações de Sérgio Cabral e de Dilma Rousseff.
Como presidente do BNDES de Bolsonaro engoliu um sapo cururu ao dispensar a chefe do departamento de meio ambiente do banco para atender a um delírio do ministro Ricardo Salles.
Resta saber se achou que sapo tem gosto de mexilhão.




segunda-feira, 15 de abril de 2019

Dívida, desafio incontornável

Não haverá superávit primário enquanto o ralo da Previdência sugar, como ocorre há anos, qualquer sobra acumulada nas contas do Tesouro


Para frear o crescimento da dívida pública, o governo precisará equilibrar suas contas e em seguida obter superávit primário. O resultado primário reflete a diferença entre receitas e despesas contabilizadas no dia a dia da administração pública, sem os custos da dívida. Quando esse resultado é negativo, falta dinheiro até para os juros vencidos. Quando positivo, pode-se pagar pelo menos uma parte dos compromissos. Não haverá superávit primário enquanto o ralo da Previdência sugar ─ como ocorre há anos ─ qualquer sobra acumulada nas contas do Tesouro.

Há expectativa de melhoras. Se o teto de gastos for mantido e a reforma da Previdência passar em 2019, um pequeno superávit primário, equivalente a 0,1% do Produto Interno Bruto (PIB), será obtido em 2022. Nas projeções anteriores, divulgadas em janeiro pelo FMI, o resultado positivo seria alcançado em 2023.
Pelos critérios do Fundo, a dívida do governo geral, no Brasil, bateu em 87,9% do PIB no ano passado e deve atingir 90,4% neste ano. O governo geral corresponde aos três níveis da administração pública. O resultado financeiro reflete principalmente as oscilações do poder central, embora os Estados e municípios também estejam em situação difícil e necessitem de mudanças nos sistemas de aposentadorias.

Pelas contas oficiais do Brasil, a relação dívida/PIB é menor, porque os cálculos excluem os papéis do Tesouro na carteira do Banco Central. Mas a diferença, próxima de dez pontos, é pouco relevante. Por qualquer critério, o passivo é enorme e a tendência é de crescimento nos próximos anos. A referência aos números do FMI facilita as comparações internacionais. No ano passado, a dívida do governo geral, nas economias emergentes e de renda média, equivalia em média a 50,8% do PIB, com diferença de 37,1 pontos em relação à condição brasileira.

Enquanto o governo geral acumula déficits primários, a conta de juros se expande, principalmente por falta de pagamento. A soma do saldo primário e dos juros dá o resultado nominal, o mais amplo. No ano passado, pelas contas do Fundo, o déficit nominal brasileiro correspondeu a 6,8% do PIB. A projeção é de 7,3% neste ano e de um recuo seguido até 5,8% em 2024. Nesse ano, o déficit nominal médio dos emergentes deverá chegar a 4,3%; dos latino-americanos, a 3,4%.  Se essas projeções se confirmarem, a dívida do governo geral ainda será assustadora no segundo ano do próximo mandato presidencial. Mas as condições de governo serão melhores, se o País tiver avançado no programa de ajustes e reformas. A confiança dos mercados no País será maior, a inflação permanecerá contida e os juros poderão ser mais baixos.

Se o governo do presidente Jair Bolsonaro falhar no cumprimento desse programa, as dificuldades já serão muito maiores antes de qualquer candidato se apresentar para as próximas eleições. Ele mesmo poderá, bem antes do fim de seu mandato, arrepender-se de haver ocupado a sala principal do Palácio do Planalto. A conta será paga pela maior parte dos brasileiros, independentemente de ter apoiado ou rejeitado a pauta de reformas.

Revista VEJA


quarta-feira, 23 de janeiro de 2019

Dois passos para o crescimento

Jair Bolsonaro tentou apresentar em Davos um Brasil atraente para o investidor, mas o primeiro atrativo, em condições normais, é a perspectiva de expansão dos negócios

O presidente Jair Bolsonaro tentou apresentar em Davos um Brasil atraente para o investidor estrangeiro, mas o primeiro atrativo, em condições normais, é a perspectiva de expansão dos negócios. Essa perspectiva depende hoje, em primeiro lugar, do programa de ajustes e de reformas. Sem avanço na reforma da Previdência, nem o modesto crescimento econômico previsto para este ano e para próximo está garantido. Esse prosaico detalhe foi lembrado por um experiente analista do Fundo Monetário Internacional (FMI), Gian Maria Milesi-Ferretti, numa entrevista coletiva sobre as novas projeções para a economia global. Segundo as novas estimativas, o Brasil cresceu 1,3% em 2018 e deve crescer 2,5% neste ano e 2,2% no próximo. 

Projeções são condicionadas por pressupostos, e um dos mais importantes, neste caso, é a execução normal dos programas de arrumação das contas públicas e, especialmente, de modernização do sistema de aposentadorias e pensões. Os grandes investidores participantes do Fórum Econômico Mundial sabem disso. As palavras de Milesi-Ferretti, diretor adjunto do Departamento Econômico do FMI, apenas adicionam um sinal de alerta às novas estimativas de expansão do Brasil. Mesmo sem a advertência, os números projetados para o Brasil pelos técnicos do FMI justificam pouco otimismo. Indicam apenas um desempenho melhor que o dos anos anteriores, mas nem de longe uma nova fase de prosperidade. Mostram basicamente uma recuperação cíclica, depois de uma funda recessão. Na melhor hipótese, o País poderá retomar o nível de atividade anterior à crise, eliminando a ociosidade criada nos últimos anos. Atingir um patamar superior será mais complicado. 

O desafio imediato para o novo governo, portanto, é consolidar a recuperação. O controle das finanças públicas, incluída a reforma da Previdência, é condição para qualquer lance mais ambicioso. Para conduzir o País a um novo patamar de atividade será preciso a capacidade produtiva e, como consequência, o potencial de crescimento econômico. O cálculo desse potencial é complicado e incerto, mas as estimativas têm convergido para algo próximo de 2,5% ao ano, nas atuais condições do País. Para se aproximar dos padrões observados em economias emergentes mais dinâmicas, o Brasil dependerá de investimentos produtivos muito maiores que os calculados, por exemplo, nos últimos dez a quinze anos. 

O investimento bruto em capital fixo – máquinas, equipamentos e construções, incluídas obras de infraestrutura – tem sido frequentemente inferior a 20% do Produto Interno Bruto (PIB). Taxas próximas de 24% do PIB têm sido observadas em países latino-americanos com desempenho melhor que o do Brasil. Na Ásia, níveis ainda mais altos de investimento fixo têm permitido crescimento econômico acelerado por longos períodos.
As más condições das finanças públicas são o primeiro e mais visível obstáculo a níveis mais altos de investimento. O governo despoupa, investe pouco e devora recursos privados para cobrir o enorme rombo fiscal. Um dos vários efeitos malignos desse desajuste é a permanência de juros muito altos pelos padrões internacionais. A atração de capital externo pode elevar a poupança disponível e contribuir para maior investimento, mas essa atração provavelmente dependerá de melhores perspectivas para as finanças públicas. 

Maior confiança, alimentada por melhora sensível nas condições financeiras do governo, também poderá impulsionar o investimento privado nacional. O governo terá de participar duplamente dessa mudança, consertando suas contas e promovendo, ao mesmo tempo, maior investimento em infraestrutura, condição indispensável para o aumento geral da produtividade e do poder de competição do País. Também será preciso cuidar mais da qualidade dos projetos e de sua execução. Será indispensável, enfim, dar muito mais atenção à atualização tecnológica e à formação de capital humano desde o ensino fundamental. Por enquanto, sobram razões de preocupação quanto à qualidade da política educacional. Erros nessa área tornarão muito mais difícil a acomodação efetiva do Brasil no século 21 e na economia 4.0.

Editorial - O Estado de S. Paulo
 

quinta-feira, 17 de janeiro de 2019

Meia-volta, volver!

“A Argentina é o terceiro parceiro comercial do Brasil, atrás da China e dos Estados Unidos, mas é  principal parceiro para a nossa indústria”

O encontro do presidente Jair Bolsonaro com o presidente da Argentina, Mauricio Macri, serviu para reposicionar o novo governo em relação ao Mercosul. Foi uma espécie de “meia-volta, volver!”, depois das declarações do ministro da Economia, Paulo Guedes, logo após as eleições, de que as relações comerciais do Brasil com os vizinhos do Cone Sul não eram uma prioridade. Guedes chegou a contextualizar o comentário de maneira a desdizer seu significado, mas foi preciso o encontro de ontem para que as coisas ficassem realmente mais claras, principalmente para os vizinhos. Bolsonaro e Macri acertaram trabalhar conjuntamente para fortalecer o bloco sul-americano. O ministro Paulo Guedes, nas conversas com os argentinos, procurou desfazer a imagem de que estava de costas para o Mercosul. A Argentina é o terceiro parceiro comercial do Brasil, atrás da China e dos Estados Unidos, mas é  principal parceiro para a nossa indústria.

Isso significa que tudo ficará como dantes? Não, diplomatas do Brasil e Argentina discutiram mudanças nas regras do Mercosul que proíbem os países-membros de negociarem separadamente acordos de livre comércio com outros países. No caso brasileiro, Bolsonaro quer enxugar os encargos do Mercosul, reduzir tarifas e burocracia. Abre-se a possibilidade de avanços nas conversas com a União Europeia. Além disso, Paraguai e o Uruguai desejam fazer seus acordos bilaterais. O patinho feio do Mercosul é a Venezuela, que foi outro assunto abordado no encontro. Nesse caso, a afinação entre Bolsonaro e Macri é total: ambos pretendem endurecer o jogo ainda mais com o presidente do país vizinho, Nicolás Maduro, que assumiu novo mandato de seis anos e é considerado um ditador pela maioria dos países do continente.

Macri foi o mais enfático nos ataques a Maduro. Ressaltou que Argentina e Brasil reconhecem apenas a Assembleia Nacional da Venezuela, que é comandada pela oposição e considera Maduro um usurpador. “Reafirmamos nossa condenação à ditadura de Nicolás Maduro. Não aceitamos esse escárnio com a democracia, e, menos ainda, a tentativa de vitimização de quem na verdade é o algoz”, disse Macri. Bolsonaro foi mais comedido em relação a Maduro, mas reiterou que Brasil e Argentina jogarão juntos no caso da Venezuela: “Nossa cooperação na questão da Venezuela é o exemplo mais claro do momento. As conversas de hoje (ontem) com o presidente Macri só fazem reforçar minha convicção de que o relacionamento entre Brasil e Argentina seguirá avançando no rumo certo: o rumo da democracia, da liberdade, da segurança e do desenvolvimento”, disse.

Recessão
O fato de o Brasil e a Argentina terem governos ultraliberais tem um peso específico no continente, mas há uma variável imponderável: ao contrário de Bolsonaro, que acabou de assumir o governo, Macri está terminando seu mandato, em meio a um tremendo fracasso econômico. Os preços na Argentina subiram 2,6% em dezembro, com inflação anual de 2018 em 47,6%, a maior desde 1991. A meta de inflação de 23% em 2019, já considerada muito alta, dificilmente será alcançada, num ano de eleições presidenciais, nas quais Macri ainda pretende disputar a reeleição.

Com os preços descontrolados, o Banco Central argentino fez um ajuste duríssimo, com juros de até 70% e retirada de pesos do mercado. O dólar estabilizou em 37 pesos, mas a economia está em recessão: 2,5% em 2018; previsão de 2%, em 2019. Macri terá dificuldades para manter esse ajuste, quando nada porque os salários sofreram uma perda de poder de compra próxima a 10%, a maior desde 2002. Até o FMI prevê dificuldades para manter o ajuste, cujas projeções apontam que somente em 2024 os argentinos conseguirão recuperar o nível de vida de 2017. Será difícil para Macri resistir às pressões dos sindicatos por aumentos de salários e manter o acordo feito com o FMI.

À deriva
A propósito, a Inglaterra nunca esteve tão à deriva. Conservadores britânicos e unionistas da Irlanda do Norte salvaram a primeira-ministra Theresa May, derrotando por apenas 19 votos a moção de desconfiança apresentada pelos trabalhistas para evitar que o líder da oposição, Jeremy Corbyn, a substituísse, depois de a maioria esmagadora do parlamento do Reino Unido ter rejeitado o acordo de saída da União Europeia. O Brexit continua um salto no escuro, porque a primeira-ministra ainda não tem um plano B.

Nas Entrelinhas - Luiz Carlos Azedo - CB

sábado, 8 de dezembro de 2018

Crise obriga venezuelanos a enterrar parentes no quintal de casa em cova improvisada

Familiares cobrem corpos com lençol ou improvisam caixão de cartolina 

Reflexos da crise humanitária em que está mergulhada a Venezuela são sentidos até na hora de os venezuelanos enterrarem os parentes. “Levei cinco dias para juntar dinheiro para recolher o corpo do meu pai do necrotério, outros sete para achar um espaço no cemitério. Quando não tinha mais como pedir dinheiro a parentes e amigos para mais nada, decidi que faríamos, com meus irmãos, um caixão com cartolina. Mas foi tudo com muito amor e oração, sei que ele agora finalmente está em paz.”
O relato comovido de Willy Olmedo, 25, do município de Sucre, na região metropolitana de Caracas, à Folha, resume alguns desses percalços.“Aqui mesmo já vi alguns sendo enterrados em lençóis, coisa que só tinha escutado que estava acontecendo no interior, agora chegou aos subúrbios de Caracas”, diz. Ele conseguiu enterrar o pai em um cemitério convencional, mas para os mais pobres isso ficou fora do alcance. Em outra parte do município de Sucre, moradores que não conseguem pagar pelo enterro em um local legalizado passaram a sepultar seus parentes em um terreno baldio, sem licença.
Se entre os estratos mais pobres da população falta dinheiro para tirar o corpo de um necrotério público —trâmite antes gratuito, mas hoje sujeito à cobrança de subornos—, conseguir espaço num cemitério e até comprar um caixão simples, entre os de classe média ou mais endinheirados o problema passa também por outros procedimentos, como cremar ou embalsamar. Muito comum também se tornaram as profanações de sepulturas, atrás de objetos de valor, e o roubo das placas de ouro ou bronze.
“Tiraram as placas com o nome de todos os meus familiares. Tivemos de reunir os parentes aqui para fazer um mapa baseado em nossas lembranças para lembrar quem está onde. Foi muito doloroso, como reviver cada funeral”, diz Norma Herrera, 52, ao mostrar à reportagem o lote da família, com buracos nos locais das placas, no tradicional Cementerio del Este. 
Se no começo as cremações passaram a ser comuns, por conta dos custos de um funeral tradicional, agora nem estas podem ser feitas em todos os estados do país. Em Zulia, por exemplo, como reportou a Reuters, Angelica Vera, 27, não pôde cremar o pai, por falta de gás no cemitério local. “Essas coisas fazem que a tragédia da morte continue acentuando a tristeza da ausência de um parente”, conta Herrera, enquanto mostra, caminhando pelo cemitério caraquenho, algumas sepulturas com o cartaz: “Esta aqui já foi violada”.
“Quase coloquei um cartaz assim na nossa. Porque não basta recolocar as placas, reformar sepulturas, se você pode ter de enfrentar isso tudo de novo”, disse Herrera.
Com a inflação projetada pelo FMI em 1.000% para este ano e a crise gerada pela falta de papel-moeda no mercado, há uma busca extra por metais e pedras preciosas. Além da migração para as regiões de mineração do país, outra fonte para obtê-los é por meio do roubo de joias, pedras preciosas, bancos que guardam ouro e, por que não, violação de sepulturas e roubos de placas em lápides.
 
 


sábado, 9 de junho de 2018

O dólar de hoje não é o mesmo que o de 2002



A semelhança com a crise na campanha que elegeu Lula é só no calendário, porque o lado externo da economia está agora muito mais bem guarnecido

Alta forte do dólar em ano de eleições não é inédita no Brasil, mas, nem por isso, todos estes momentos de nervosismo no mercado financeiro, na proximidade das urnas, são iguais. O fato de o dólar ter se aproximado dos R$ 4 só nominalmente igual a 2002, porque, para se equiparar àquele ano, em termos reais, o câmbio teria de bater nos R$ 7 —, enquanto o Banco Central operava com firmeza para reduzir a volatilidade, justificou a iniciativa rara de um presidente da autoridade monetária, no caso Ilan Goldfajn, convocar entrevista coletiva para ser claro: “não há qualquer preconceito de usar qualquer instrumento” para conter um movimento mais forte de alta. Assim foi feito e, ontem, o dólar fechou o pregão cotado a R$ 3,709, numa queda de 5,5%, a maior em aproximadamente dez anos.

Como quem faz a ameaça tem à disposição reservas de US$ 380 bilhões, entende-se que ele pode ir mesmo além de oferecer contratos de swaps, de venda futura de dólar. Pelo fato de o Brasil acumular reservas externas equivalentes a 20% do PIB, de cinco a oito pontos percentuais de PIB além do considerado suficiente pelo próprio FMI, o país tem mesmo munição para enfrentar quem pretenda especular contra o real. [pensar que foi a irresponsabilidade do enganador-geral da República, Rodrigo Enganot, que neutralizou,  como fonte de crescimento economico,  este enorme volume de reservas, e a impunidade daquele enganador causa revolta.] 
Esta é uma diferença fundamental em relação a 2002, quando o crescimento da candidatura de Lula, com todo seu passado de radicalismo, agitou os mercados, a ponto de forçá-lo a editar a Carta ao Povo Brasileiro, na tentativa, não de todo bem-sucedida, de conter a fuga de divisas com a promessa de respeitar os contratos. Lula venceu, assumiu e praticou no primeiro mandato uma gestão responsável. O dólar voltou a seu leito.

Agora, também incertezas eleitorais servem de combustível para enfatizar a tendência, que é mundial, de elevação do dólar. Mas há o enorme volume de reservas e praticamente inexiste déficit externo nas contas correntes (aquém de 1% do PIB, contra os mais de 4% nas crises cambiais do passado), rombo devidamente coberto pela entrada de investimentos diretos.

Neste sentido, é uma experiência nova para quem viveu todas as crises externas nacionais, da década de 70 até agora. Não é preciso bater à porta do FMI, como faz agora a Argentina, atrás de US$ 50 bilhões; nem subir juros às pressas, para atrair dinheiro de fora.  Claro que elevação do dólar encarece importações e, por isso, tem algum repique na inflação. Mas como ela está na faixa dos 3% anuais, abaixo da meta de 4,5%, o BC tem tempo para avaliar o que fazer com os juros básicos de 6,5%, na próxima reunião do Copom, daqui a mais de uma semana.  Os candidatos a presidente precisam entender que o mais forte motivo das oscilações é a conjunção de uma economia em grave e crescente déficit fiscal com alguns pretendentes ao Planalto que não se definem sobre o problema ou acenam com velhas e equivocadas ideias.

 Editorial - O Globo

quinta-feira, 10 de maio de 2018

Filmes de época

Crise na Argentina e atos de Trump cabem em filmes de época. A Argentina vive nos últimos dias cenas de um filme de época: congelamento de preços, ida ao FMI, crise cambial, os maiores juros do mundo. Nos Estados Unidos, os atos encenados por Donald Trump, também parecem filme antigo, com surtos de protecionismo e o conflito com o Irã de volta. No Brasil o dólar tem subido. Mas não é filme velho, é uma nova temporada da série.  O dólar está subindo no mundo inteiro em relação a várias moedas. Essa alta tem sido forte no Brasil. Mas, como disse o presidente do Banco Central Ilan Goldfajn, no “Jornal das 10”, da GloboNews, o país está preparado para enfrentar as turbulências internacionais. O fato de Ilan ter demonstrado calma diante da volatilidade deixou alguns analistas nervosos. Achavam que ele deveria ter demonstrado mais preocupação e dado sinais de que vai continuar oferecendo operações de swaps para conter as altas.


No começo de 2016 o dólar valia R$ 4,00. Na época, o Brasil tinha perdido o grau de investimento e havia uma enorme incerteza sobre o governo Dilma. Depois disso, a cotação começou a cair. Agora voltou a subir. O câmbio a R$ 3,6 como estava cotado ontem é bem mais baixo, portanto, do que estava há pouco mais de dois anos. Períodos de altas e quedas são normais no câmbio flutuante. Sempre haverá temporada de elevação, por razões internas ou externas. A grande pergunta é que fragilidades o país tem quando está diante das oscilações de moedas. Argentina está com muitos pontos fracos e é por isso que começa a viver as velhas cenas de idas ao FMI, ou altas bruscas das taxas de juros para tentar conter a disparada do dólar. O presidente Mauricio Macri errou quando decidiu pelo ajuste gradual. Não conseguiu vencer a crise que herdou, e os avanços da conjuntura — maiores reservas, menor inflação, correção tarifária — vão se perder exatamente nessa crise na qual o país está vivendo situações que lembram o passado. A Argentina, como o Brasil, enfrentou nos anos 1980, 1990 e começo dos 2000 crises inflacionárias e cambiais. Lá, a alta do dólar tem elementos das crises do passado. Aqui, faz parte do contexto de oscilação cambial que sempre ocorre quando a incerteza no mundo aumenta. São movimentos de natureza diferente.

Nos Estados Unidos, desde a posse do presidente Donald Trump a sensação que se tem é de retrocesso. É como se a gente tivesse que assistir a filmes antigos de má qualidade. Ele tem surtos protecionistas de um primarismo que há muito tempo não se vê. A decisão de sair do acordo do Irã foi, na definição da embaixadora Susan Rice, ex-conselheira de Segurança Nacional, a “mais estúpida” possível, porque o país abdicou do poder de melhorar o acordo e não está claro o que os americanos têm a ganhar. Tudo o que se conseguiu foi dar argumentos para a linha dura iraniana. Os Estados Unidos ficaram isolados, porque a União Europeia tomou a decisão conjunta de permanecer e fortalecer o acordo. Empresas americanas perderão negócios já fechados, como a Boeing.

O problema de Trump não é apenas ele mesmo, mas a turbulência que pode causar no mundo. Sua política de liberar mais estímulos para uma economia já em pleno emprego e ao mesmo tempo elevar barreiras ao comércio contrata inflação, o que terá como consequência juros mais altos. E é esse cenário que o mercado de moedas está antecipando. Além disso, Trump cria pontos de estresse na política internacional.

Para nós, o que interessa é que o mundo está mais incerto e a Argentina, mais frágil. Isso sem dúvida nos afeta. A Argentina é o nosso terceiro maior parceiro comercial e destino de US$ 17 bilhões de exportação. As turbulências americanas, econômicas ou geopolíticas, afetam o mundo inteiro e podem provocar uma queda do crescimento mundial. O Brasil hoje está menos vulnerável que há três anos. No começo de 2015, o déficit em transações correntes era de 4,5% do PIB. Hoje, é de 0,38%. Um ponto fraco, porém, permanece: o enorme déficit das contas públicas.  Quando há velhos filmes em cartaz, o melhor a fazer é não repetir enredos antigos. O BC não tem que ficar nervoso porque o dólar sobe. Deve atuar quando for o caso. E a Fazenda tem que evitar, neste ano eleitoral, a piora das contas públicas.

Coluna Miriam Leitão - O Globo

A lição argentina

FMI empresta dólares a juros baixos, mas governo precisará aprofundar o ajuste fiscal e macro. Nada fácil politicamente

O presidente argentino, Mauricio Macri, deu azar. A política econômica que tentou — do ajuste gradual ou do liberal com coração — só daria certo em um ambiente externo muito favorável aos países emergentes, como ocorreu até pouco tempo. Ou seja, a aposta de Macri não era maluca. Fazia sentido. Mas não contava com o aquecimento da economia americana e com tensões internacionais. O mundo estava assim: dólar barato e abundante, disponível para investimentos e empréstimos; juros internacionais muito baixos; forte crescimento global, elevando demanda e preços de comodities. Com isso, Macri conseguiu regularizar a situação externa do país - encerrando uma moratória de décadas e captando empréstimos novos de nada menos que US$ 100 bilhões. Havia confiança no governo e na sua política de desmontar os estragos da era Kirchner, promovendo o equilíbrio das contas internas e externas de maneira gradual.


Foi um erro, muitos dizem hoje. Mas, na hora, quando se elegeu em 2015,  era diferente. Os preços estavam congelados; as tarifas eram baratas à custa de subsídios pagos pelo governo; este se financiava com dívida cada vez mais cara ou, especialmente, imprimindo dinheiro e fazendo uma baita inflação. E, para completar, os Kirchner haviam feito uma intervenção no IBGE deles e entregavam números falsos. A inflação real passava dos 50%. No oficial, aparecia como menos de 15%. Esse populismo funciona por algum tempo, ganha eleições e depois desaba , deixando uma conta pesada para o sucessor. Aconteceu no Brasil também , mas com limites: a inflação Dilma estourou, mas com 11%, e sem roubo nos dados. Em resumo, a Argentina precisava de um choque de realismo e de verdade.


Mas se Macri descongelasse todos os preços, cortasse todos os subsídios e reduzisse fortemente o gasto público - isso produziria um pico de inflação, a tal inflação corretiva, que não poderia mais ser mascarada. Um golpe brutal: todos os preços subindo ao mesmo tempo, com o governo gastando menos inclusive em programas sociais. Donde: recessão. Muitas vezes, esse caminho é inevitável, quando a crise avança a tal ponto que o ajuste se faz na marra. Não é que o governo decide gastar menos. Simplesmente acaba o dinheiro.   Como contava com os dólares baratos, Macri tentou o gradualismo. A inflação, por exemplo, cairia para 40% em 2016, para 17% no ano seguinte e assim por diante, até chegar a civilizados 5% em 2019. Assim, nem todos os preços foram descongelados, muitos foram liberados aos poucos, os subsídios públicos foram reduzidos, mas não eliminados. Resultado: a inflação caiu, mas não no ritmo desejado ou necessário. Estava, por exemplo, em  25% antes da crise atual.


Ainda assim, Macri estava dobrando a aposta. Iniciou um programa para estimular o crescimento, confiando que as peças se encaixariam em 2019, a tempo das eleições.       Começou a dar errado a partir dos Estados Unidos. A economia americana já estava em aceleração, crescendo mais que os outros desenvolvidos, e pegou embalo com duas políticas de Trump, a redução de impostos (que deixou para empresas e pessoas mais dinheiro para investimento e consumo) e o aumento do gasto público. Logo, todo mundo concluiu, a inflação vai reaparecer e o Fed, o banco central deles, vai subir os juros. No mercado, os juros já estavam em alta. O título de dez anos do Tesouro americano, durante muito tempo com rendimento perto de zero,  já está pagando 3% ao ano. O papel alemão equivalente dá 0,5%. Sim, nos emergentes os títulos públicos rendem mais, mas ganhar 3% em dólares, sendo credor do Tesouro americano, é mais atraente do que 6% em reais. Ou 40% em pesos argentinos, na situação de hoje.


 Se os capitais vão para os EUA, o dólar se valoriza contra todas as demais moedas, especialmente dos países com mais fragilidades. Forte desvalorização da moeda é inflação e aumento da dívida pública, pois o governo argentino, no caso, precisa de mais pesos para comprar os dólares com os quais cumpre os compromissos externos. Com desajuste de contas públicas e inflação ainda elevada, a coisa desandou. O recurso ao FMI é correto e, para falar a verdade, o único caminho. O Fundo empresta dólares a juros baixos. Mas o governo vai precisar aprofundar o ajuste fiscal e macro. Nada fácil politicamente.


Mas não tem outro jeito. E tem boa chance de sucesso. O Brasil está longe disso. Praticamente não tem déficit externo, as reservas em dólares são maiores que a dívida, a inflação está no chão e o déficit público, ainda alto e ruim, pelo menos está contido. Nossa equipe econômica foi melhor? Sim, mas o estrago Dilma foi bem menor que o de Cristina.  De todo modo, que fique de alerta: a gente vai adiando as reformas, especialmente da Previdência, e olha o que pode acontecer.