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terça-feira, 2 de agosto de 2022

Sérgio Moro: pânico a bordo e carga ao mar. - Percival Puggina

Sérgio Moro é um caso para estudo em Ciência Política e Comunicação Social.

Como juiz, trabalhou muito, chegou ao estrelato e se tornou celebridade mundial credora de reverências. 
Precisou bem menos para ele próprio jogar isso fora numa operação tipo “carga ao mar” usada por navios em situações de pânico a bordo. Seus erros são um mostruário do que não se deve fazer em política. 
 
Errou como magistrado ao desistir da carreira em que se consagrou para ser ministro do governo Bolsonaro sem ter afinidade com ele.
Errou ao crer que disporia, no ministério, da mesma autonomia que tinha em seu gabinete de magistrado. 
A vida, neste governo, não é assim. Antes, os ministérios funcionavam em modo porteira fechada”, operando ali um patronato compartilhado entre o ministro e seu partido. Todos sabemos aonde tal prática levou.

Errou muitas vezes na relação com o presidente, modificando seus projetos e desconhecendo suas promessas de campanha e seu perfil conservador. No governo, se revelou um social-democrata e quis impor essa orientação ao Ministério da Justiça. Foi assim que perdeu a ambicionada cadeira no STF.

Errou ao “sair atirando” quando deixou o ministério, evidenciando mágoa, sentimento nocivo, mormente quando tornado público. “Never complain!” (Nunca queixar-se!) é parte de conhecido aforismo de Benjamim Disraeli, que foi por duas vezes primeiro ministro do Reino Unido na segunda metade do século XIX.

Errou ao aceitar convite para trabalhar numa empresa norte-americana que tem a Odebrecht em seu portfólio de clientes ativos.
Errou ao não defender seu trabalho na Lava Jato com o vigor que a situação exigia quando este se tornou objeto de intriga e maledicência no STF.

Errou ao avaliar suas condições para disputar a presidência na condição de 3ª via quando era o menos indicado para esse papel. Sabidamente, Moro tinha frontal antagonismo com os dois ponteiros da disputa, sendo-lhe impossível tirar, destes, os votos necessários para ultrapassá-los. Um pouco de sensibilidade política e de aritmética elementar teriam sido suficientes para evidenciar isso.

Errou ao se filiar ao Podemos, um partido socialdemocrata, dissidente do PSDB, sem avaliar sua receptividade pelos deputados federais da sigla, já comprometidos com candidaturas em suas alianças regionais. Filiou-se em novembro de 2021 e se desfiliou em abril de 2022.

Errou ao filiar-se ao União Brasil (PSL + DEM), onde encontrou o mesmo problema na ala PSL do novo partido, e se vê às voltas com o projeto pessoal de Luciano Bivar.

Errou ao postular uma candidatura ao Senado por São Paulo, quando não tinha como comprovar sua condição de eleitor residente no Estado, fato que o levou de volta ao Paraná onde busca ser candidato ao Senado. Ali, o que seria fácil, ficou difícil contra Álvaro Dias (Podemos) e Paulo Martins (PSD), candidato oficial do governador Ratinho Jr., politicamente muito forte no estado.

Na base de quase todos os erros cometidos a bordo, está o mau uso dos dois anos de que dispôs até chegar ao instante decisivo das convenções partidárias. Perdeu a oportunidade de se preparar para afastar de si a imagem de inexperiente, forasteiro na política, e orientar melhor suas decisões num cenário sem dúvida complexo. [COMENTÁRIO: todos os erros de ex-juiz podem ser reunidos em uma única palavra = TRAIÇÃO - ser um traidor. Traiu o presidente da República, seu superior imediato e tentou usar o cargo - servindo a interesses escusos do establishment e também pessoais, esquecendo que HONRA  e LEALDADE se entrelaçam.]

Percival Puggina (77), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site Liberais e Conservadores (www.puggina.org), colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+.

 

terça-feira, 31 de maio de 2022

A farsa da linguagem “neutra” - Gazeta do Povo

J.R. Guzzo

linguagem neutra

Veteranos do curso de Letras da UFMG recepcionam calouros com uso da linguagem neutra. -  Foto: Reprodução

A linguagem “neutra”, que tanto encanta burocratas de RH, gerentes de marketing inclusivos e demais devotos de “pautas” definidas por eles mesmos como “progressistas”, é um tipo de estupidez francamente incomum. Em geral, esse tipo de anomalia germina nos lixões mentais onde se cultivam e se colhem as ideias vadias.  
No caso, porém, a mania de eliminar o feminino e o masculino da gramática portuguesa vem de onde se espera que venha justamente o contrário – as escolas secundárias e as universidades, cujo dever perante a sociedade é promover o avanço do conhecimento, da cultura e da lógica. É para isso que são pagas. Se for para propagar o erro e a ignorância, elas perdem o sentido. É o que está acontecendo.
 
A linguagem do “todes” e do “iles”, que tanto prospera hoje em dia nas cerimônias de formatura de universidades e no credo ideológico de escolas de gente rica, é antes de tudo um erro de português – seria mais o menos como ensinar, na aritmética, que 2 + 2 são 22, ou que o ângulo reto ferve a 90 graus. 
 Não há, realmente, como sair disso: usar o feminino e o masculino é um requisito fundamental do português, idioma oficial do Brasil e, mais do que tudo, a língua que o povo brasileiro fala no seu dia a dia, de maneira livre, natural e sem nenhuma imposição vinda de cima ou de fora.

O cidadão fala o português da maneira como aprende em casa, como lhe vem à cabeça e como está acostumado a falar em sua vida: não pode, simplesmente, ser obrigado a falar de um modo diferente. Querer impor o contrário é uma violência. Acima de tudo, é contra a lógica. Nossos catedráticos e outros altos pedagogos querem que os bebês sejam chamados de ”menines”. Tudo bem: mas é menino ou menina? Xeque-mate.

Fica, desde logo, um problema insolúvel: por acaso as escolas e as universidades vão passar a reprovar, nos exames, os alunos que escreverem ou falarem o português correto? 
Os devotos da “abolição de gêneros” não admitem que se chame uma mulher de “ela” e um homem de “ele”, mas nos manuais de gramática portuguesa está escrito que é isso, exatamente isso, o que as pessoas devem fazer, se quiserem se expressar no idioma nacional.

Como é que fica, então? Os militantes da “linguagem neutra” vão chamar o Ministério Público para processar criminalmente os infratores por atos contra a democracia, o igualitarismo e as “causas identitárias”? Ou, pior ainda, por “homofobia” – crime “equivalente ao racismo”? Será que vão apresentar um projeto de lei no Congresso para impor a sua nova língua à população?

Tudo isso é um completo absurdo, mas é assim que os responsáveis pelas universidades e escolas secundárias querem que seja. Não vão conseguir, é claro. O que chama a atenção, nessa história toda, não é o efeito concreto da fantasia que querem impor; ninguém vai começar a falar “ile”, “bem vinde” e outras cretinices do mesmo tipo, porque ninguém consegue obrigar um povo a falar uma língua que não é a sua.

Língua não é produto de alguma cerebração intelectual processada em agências de publicidade
, e sim da vontade, da prática e da inclinação da população em falar de uma determinada maneira. A “linguagem neutra”, nesse sentido, tem as mesmas possibilidades de sucesso que o esperanto, e demais tentativas de se criar línguas artificiais. O que impressiona, mesmo, é o tamanho da farsa.

J. R. Guzzo, colunista - Gazeta do Povo - VOZES

 

 

domingo, 29 de maio de 2022

O enigma brasileiro - Alon Feuerwerker

Análise Política

A dissolução e o desmembramento da União Soviética abriram um período de hegemonia da globalização. Não apenas no terreno econômico, mas também na geopolítica e na ideologia. Mesmo a esquerda, que nos anos 1990 e na virada do século ainda se batia contra a tendência, transitou em anos recentes, em sua maioria, para a defesa de uma “globalização benigna”, fundada nas causas ambientais, identitárias e numa justiça social sem rupturas.

Esse período vai, pouco a pouco, mostrando seu esgotamento. Num planeta interconectado em que os países busquem cada um livremente desenvolver-se, será irreversível que o eixo da hegemonia econômica se desloque rumo à Ásia. A razão deve ser buscada na aritmética. Sem contar os demais países asiáticos, China e Índia, juntas, têm população que corresponde a quase quatro vezes a soma dos habitantes dos Estados Unidos e da União Europeia.

O otimismo ocidental com a globalização impulsionada a partir dos anos 90 do século passado supunha que a absorção das grandes economias asiáticas pelo mercado global comercial e financeiro, China e Índia à frente, acabaria por consolidar a hegemonia do Ocidente político. Aconteceu o contrário, e hoje este sabe que o desenvolvimento pacífico do planeta projeta um mundo em que norte-americanos e europeus não mais darão as cartas sozinhos.

Essa conclusão óbvia está na base das tensões e conflitos planetários mais relevantes e acaba de ser abertamente manifestada num pronunciamento oficial do Departamento de Estado dos EUA, a que a política exterior da UE aparentemente decidiu acoplar-se acriticamente, talvez com alguma resistência, como é tradicional, da França. A nova política do Ocidente é desglobalizante, buscando enfraquecer polos potencialmente ameaçadores à hegemonia.

Toda essa introdução é para informar que o Brasil está diante de um enigma, um problema, na acepção matemática.   
Somos um país do Ocidente geográfico e político (agora que o conceito de Terceiro Mundo parece algo enfraquecido), mas na esfera da economia a inércia nos empurra a estreitar relações com o Oriente geográfico e político, este definido pelos países que EUA e UE consideram ameaçadores a sua liderança.

Não é à toa que, por enquanto, as manifestações sobre a guerra na Ucrânia vindas dos aspirantes à Presidência com expectativa real de poder a partir de 2023, Luiz Inácio Lula da Silva e Jair Messias Bolsonaro, tragam alguma superposição. Restou aos demais a “photo-op”, alinhar-se à narrativa dominante para aproveitar a janela de oportunidade. Mas o problema colocado pela vida real é mais complexo. Como equilibrar-se no arame sem cair ou ser derrubado?

O crescimento econômico do Brasil está ligado às exportações de commodities e aos investimentos em infraestrutura. No momento, nossos mercados mais ativos não estão nos EUA e na UE, mas no Oriente, especialmente na China
E não há sinal de que isso vá mudar no curto prazo. 
Mas está nítido que o Ocidente político pretende tratar como adversários todos aqueles que não se alinharem a sua Guerra Fria 2.0. [comentando: só que o Ocidente político começa a encontrar dificuldades já que a guerra que estimulou -  para os ucranianos guerrearem, que por sua vez esperavam que seus aliados de palanque fizessem o trabalho pesado para eles - não está resultados tão favoráveis, quanto o Ocidente político esperava.]
 
Alon Feuerwerker, jornalista e analista político

domingo, 20 de março de 2022

Duas táticas - Alon Feuerwerker

Análise Política

As pesquisas são uma referência para monitorar como anda a campanha eleitoral. Mas existem outras variáveis. Uma delas, importante, é o evoluir da coesão e atratividade dos campos políticos. Naturalmente, quanto mais coeso e gravitacionalmente poderoso seu campo, mais você projeta expectativa de poder. E o inverso é tão verdadeiro quanto.

Um bom exemplo aconteceu em 2018. Toda a tática petista para o segundo turno baseava-se na suposição de que, contra Jair Bolsonaro, reunir-se-iam maciçamente as forças políticas que vertebraram a Nova República. Não funcionou. O desejo de impedir a volta do PT ao poder foi mais forte que a rejeição a um candidato identificado com o regime de 1964.

Ou seja, a coesão do assim chamado “campo democrático” esteve abaixo do necessário para derrotar o bem coeso, na época, “campo antipetista”. E qual a situação hoje? Não é novidade que, aparentemente, estejamos vivendo um “segundo turno no primeiro”.

É definitivo? Ainda não. É cedo. Eventualmente, um terceiro nome pode reunir o apoio dos demais “terceiristas” ou agrupar por gravidade o eleitorado “nem Lula, nem Bolsonaro”. Que hoje, numa hipótese otimista, gira entre 15% e 20%. Se um terceiro chegar nesse patamar, o jogo fica mais aberto. Mas por enquanto está fechado.

Em situações de “segundo turno no primeiro”, é senso comum que a guerra se dá em torno de uma disputa de rejeições. Mas não é só isso. Na teoria, cada polo precisa ter a habilidade de não deixar erodir o apoio firme, enquanto suaviza o discurso e o programa e acena a potenciais aliados oscilantes com a expectativa de poder.

É interessante notar que no momento as metodologias de Luiz Inácio Lula da Silva e Jair Bolsonaro têm características muito próprias.

Lula trabalha exatamente com base no livro-texto. Atraiu Geraldo Alckmin para a vice e, nessa operação, trouxe o apoio do PSB. E está trabalhando para trazer o PSD. Está ampliando. Bolsonaro parece apostar na consolidação de um núcleo duro com PL, Progressistas e Republicanos. E a partir de uma sólida base partidária e ideológica tentar desconstruir Lula.

O que vai prevalecer? A linha mais militantemente “pura” do atual presidente, combinada com o poder do cargo, ou o neofrentismo petista? [neofrentismo com velhos ladrões] Na aritmética, a segunda opção parece mais atraente. Mas a política nem sempre é principalmente aritmética. De vez em quando, forças numericamente inferiores concentram o fogo no ponto vulnerável do adversário e vencem.

O forte de Lula é o apelo a esquecer as diferenças em nome do desejo de tirar Bolsonaro. Até que ponto isso vai reunir o antibolsonarismo sem que o ex-presidente tenha de explicitar concessões programáticas? Pois Bolsonaro, além do antipetismo, aparentemente vai liderar um bloco mais coeso no plano programático.

Quem vai ter mais força gravitacional na hora decisiva? Vai depender essencialmente de como andará a rejeição a Bolsonaro? A linha petista parece basear-se principalmente nisso. Faz sentido, como em outros momentos (por exemplo Tancredo Neves em 1985), mas não deixa de ser arriscado. Depender excessivamente dos erros do adversário nunca é bom.

Ainda que sempre seja possível dar uma mão, na propaganda, para piorar a imagem do oponente.

Alon Feuerwerker,  jornalista e analista político

 

terça-feira, 5 de outubro de 2021

Ato esvaziado - Se nem [ele, o maior ladrão] embarca nas manifestações da esquerda, que dirá o povo - J. R. Guzzo

Gazeta do Povo 

Ex-presidente Lula não foi ao ato programado pela esquerda na Avenida paulista  

[o medo de ser vaiado, até apedrejado, o levou a procurar a segurança de se esconder debaixo da cama.
Alegou, covardemente, temor de ser contaminado pela covid-19]

A esquerda brasileira em geral, e o PT em particular, têm uma dificuldade congênita para aprender com a realidade, mesmo a realidade recente. Em sua própria visão, eles estão sempre certos; nunca cometem um erro, de nenhum tipo ou tamanho, e tudo o que fazem é um sucesso. Olham e leem a mídia, e acreditam em tudo o que está dito lá — o que sai impresso, ou vai ao ar, é sempre a favor deles e da sua lista de desejos. Têm certeza, então, de que a vida é linda.

Até hoje continuam achando que Lula fez muito bem em inventar Dilma como presidente, e que ela fez um grande governo; só caiu porque era tão boa, e tão genial, que “a direita” teve de dar “um golpe” para enxotá-la do Palácio do Planalto
Foi, ao exato contrário, um processo legalíssimo de impeachment, causado do começo ao fim por um governo monstruosamente ruim. Mas o PT nunca permite que os fatos interfiram com as suas doutrinas, e até hoje estão convencidos de que nunca houve nada de errado com Dilma. Aí fica difícil.
 
O miserável fracasso das últimas manifestações de rua do partido e dos seus servidores da esquerda é mais uma prova de quanto, exatamente, é difícil. Em vez de anotarem que a manifestação deu errado, tentarem saber por que, e trabalharem para melhorar o desempenho na próxima, ficam dizendo a si mesmos, junto com os jornalistas-amigos, que tudo deu muito certo. Deu errado, pela simples observação física das ruas e pela aritmética, mas e daí? 
Os donos do PT e os seus militantes querem ver outra coisa. E é essa coisa que fica valendo, no seu mundo mental e nos relatos feitos para o público.

A manifestação na Avenida Paulista, que funciona hoje como o termômetro para medir sucesso e fracasso em matéria de povo na rua no Brasil, reuniu, segundo os cálculos da PM do governador João Doria, 8 mil pessoas — uma calamidade terminal, quando se compara com as mais de 200 mil que, no mesmo lugar, foram manifestar seu apoio ao presidente Jair Bolsonaro no último dia 7 de setembro.

Os militantes se concentraram na frente do carro de som de luxo, alugado por mais de R$ 100 mil para servir de palanque e pousada para as celebridades — e foi isso.  
Nos quarteirões vizinhos, apenas algumas ilhas isoladas de gente; 
nas ruas paralelas, não foi preciso nem fechar o trânsito.
 
É óbvio que a maioria da população não está ouvindo o chamado do PT para ir às ruas; 
quem consegue fazer isso, hoje, é Bolsonaro. Chato, não é? 
Não só chato, porque nega todas as grandes teorias hoje à venda sobre “popularidade política” no Brasil. Além disso, é uma demonstração concreta de que o discurso usado pela esquerda para o público está errado.
 
Talvez nada tenha comprovado essa realidade de maneira tão clara quanto o cartaz vermelho exibido por um grupo de manifestantes; dizia-se ali que o sindicato dos professores de São Paulo apoiava Lula, etc, etc
É duro acreditar, mas o fato é que o PT e a esquerda estão achando que manter as escolas públicas fechadas por mais de um ano é uma causa popular, digna de ser louvada entre as grandes “pautas” da manifestação; acham que isso rende voto e deixa o povo encantado.

A esquerda brasileira está se mostrando incapaz de entender que as suas grandes causas “populares” não são populares, não junto à realidade atual da população brasileira; estão falando em latim para ela, com a ajuda do “centro liberal–limpinho–equilibrado” — e colhendo nas ruas, diretamente, o resultado dos seus erros.

O primeiro a perceber isso parece ter sido o próprio Lula — ele não foi, simplesmente não foi, à manifestação da Paulista. Deveria ser o personagem principal, o ídolo a ser adorado pela multidão: nem se deu ao trabalho de aparecer. Se isso não é uma prova objetiva do fracasso dessa manifestação — que deveria lotar a praça e competir pau a pau com o ato pró-Bolsonaro — o que, então, poderia ser?

É verdade que Lula não tem coragem de botar o pé na rua há anos; sabe muito bem (ou desconfia) que é odiado por milhões de brasileiros. Se não fosse assim, por que se esconderia desse jeito?  
Não consegue ir a um jogo de futebol do Corinthians, e não quer se arriscar a nada; 
obviamente, dá sinais de que não acredita numa única sílaba das pesquisas do Ibope e do Datafolha onde se garante que sua popularidade nunca foi mais alta.
 
Mas com toda a repugnância que tem para se misturar ao povo, Lula poderia, sem nenhum risco para sua saúde, ir à manifestação; 
chegaria de helicóptero e ficaria o tempo todo protegido por um exército de seguranças, tudo pago pelos milhões de reais que o PT coloca à sua disposição. Não quis ir nem assim. É o melhor atestado de óbito para a “estratégia de massas populares” do PT. Se nem Lula aparece, imagine-se as massas.
 
J. R. Guzzo, colunista - Gazeta do Povo - VOZES
 

domingo, 13 de junho de 2021

Retrato de um Brasil que não existe - Revista Oeste

A revista inglesa The Economist colocou na capa sua denúncia sobre um país mórbido, amaldiçoado e respirando por aparelhos, justo no momento em que surgem as suas melhores notícias há pelo menos cinco anos 

O Brasil realmente não dá sorte com a imprensa internacional. O mundo gira, o tempo passa e nada de melhorar a ideia que os jornalistas de outros países fazem da nossa terra, nossas coisas e nossa gente; dos nossos governos, então, é melhor nem falar nada. 
Antigamente diziam que o sujeito podia ser morto à flecha ou comido por uma onça em plena Avenida Copacabana.  
Hoje dizem que o Brasil está praticamente morto, destruído pelas dez pragas do faraó e, para complicar, é governado por uma espécie de sub-Calígula tropical de direita que com certeza vai arruinar a humanidade se não for detido já, neste instante.

 Mais recente capa da The Economist publicada sobre o Brasil (junho de 2021)
Talvez fosse melhor, pensando bem, ficar com a imagem externa que o Brasil tinha no tempo da onça em Copacabana. Pelo menos, naquela época, o que se dizia era a bobagem fundamental — ou seja, o despropósito em estado puro e simples, sem compromisso nenhum com qualquer fato, que podia incomodar os indignados de sempre e ferir o orgulho de um país caipira e inclinado a julgar-se mais europeu do que era, mas não passava muito disso. 
Hoje, além da coleção de disparates de ontem, é preciso ouvir prodigiosas lições de moral, discursos de correção política e teorias cansativas sobre administração pública. 
Ou seja: estão escrevendo que tem onça, querem explicar por que tem, e ensinam o que nós todos temos de fazer para sair dessa vida. 
Pior: a elite nativa acredita em tudo, fica agitadíssima e diz a si própria que desta vez, positivamente, está tudo acabado para o Brasil.
 
A tragédia do momento é um artigo da revista inglesa The Economist, que, como o New York Times e mais uma ou outra publicação norte-americana, tem o dom de mexer com os complexos de inferioridade mais primitivos do brasileiro que se julga culto, inteligente e civilizado. (Outros veículos estrangeiros podem reduzir o Brasil a farinha de rosca, mas aí quase ninguém liga; país subdesenvolvido é assim mesmo, só leva a sério o que é dito em inglês.) Não é um levantamento de fatos; é um texto de opinião, apresentado como o editorial mais importante da edição. 
Dizem ali, mais uma vez, que o Brasil está jogado numa fossa infernal, sem emitir sinais de vida ou de esperança, e o pior de tudo é que Bolsonaro não é o único culpado por isso; além dele, há também a desgraça do “sistema político”.

“Deu na Economist”, portanto — e isso, como acontece quando “dá” no New York Times, é uma certidão de que, para o mundinho da política, dos jornalistas e dos empresários que têm viés “social”, qualquer coisa que estiver entre a primeira e a última palavra do texto é a verdade em seu estado mais indiscutível.  
E se disserem que o Brasil é um subúrbio de Buenos Aires, onde as pessoas usam sombrero mexicano e fazem a siesta da tarde? 
Continua sendo verdade, dentro da bolha. “Deu na Economist”, e, se “deu” lá, não há mais que discutir. Game over. Não concordou com o que “deram”? Perdeu, playboy.

Vale a pena, depois de tanto tempo, continuar dando confiança para esse tipo de coisa? É uma questão em aberto. The Economist, com a passagem dos anos, vai ficando cada vez mais parecida com um economista — ou seja, lembra cada vez mais um desses madraçais muçulmanos, as escolas onde todo mundo fica repetindo a mesma frase sem parar e, sobretudo, sem pensar. Nas orações dessa espécie ameaçada de extinção, que atualmente tem o seu habitat reduzido às entrevistas da imprensa e às mesas-redondas levadas ao ar depois do horário nobre, o Brasil sempre morre no fim. Na próxima vez ele morre de novo, e assim segue a vida. Mas ele não estava morto? Não interessa. Como escreveu no Twitter o médico Jorge Hallak, um leitor brasileiro, a revista parece estar exibindo sintomas de mal de Alzheimer editorial: esquece mais do que lembra, pelo menos no caso do Brasil, ou vê uma realidade que só é percebida por ela mesma.

Pode ser. The Economist já foi mercadoria que não se imita; hoje, como tantas outras publicações por este mundo afora, é bananeira que não dá mais cacho. Mas a questão, no caso do Brasil jogado na fossa, não é a qualidade relativa da revista ou dos textos que ela publica. É a constatação de que imprensa internacional, hoje em dia, é isso, e o Brasil mostrado lá fora é esse — um Brasil que não existe. Não se trata da imagem que o Brasil tem para o torcedor que está no pub de Londres assistindo a um jogo do Arsenal. Esse aí vai passar toda a sua vida, provavelmente, sem jamais ter lido uma sílaba publicada na Economist — e de qualquer maneira, como a maioria dos demais 8 bilhões de habitantes do planeta, está pouco ligando para o Brasil e para os problemas brasileiros. O relevante, no retrato monstruoso que a mídia internacional apresenta do país, é que pessoas encarregadas de decidir questões práticas acreditam que o Brasil é mesmo assim. Aí fica ruim.

O Brasil que vai votar em 2022 para presidente da República não lê The Economista maioria não lê quase nada nem em português, imagine-se em inglês. 
O novo atestado de óbito que a revista acaba de passar para o Brasil também não muda o preço internacional da soja, nem diminui o volume de água no Aquífero Guarani. 
Não influi na bolsa, nem na cotação do dólar, nem nas vendas do varejo. Mas o que se diz em suas páginas, e nas páginas da imprensa mundial de elite, forma um Brasil imaginário na cabeça do rebanho de burocratas que vive dentro dos governos dos países ricos. 
Esse Brasil é um pesadelo de nível africano, ou coisa pior, e esse rebanho tem indivíduos que resolvem coisas práticas. Por exemplo: passagem de gente pelas fronteiras. O resultado é que o brasileiro, pelo único fato de ser brasileiro, não consegue mais viajar para o exterior como um cidadão normal. 

Esqueça os chiliques das classes jornalísticas nacionais, dos intelectuais e dos banqueiros de investimento de esquerda diante do artigo da Economist; isso desaparece em cinco minutos. O que fica é o prejulgamento, que começa nos reis e vai até o guarda da esquina, contra todos nós. É do Brasil? Então é ruim. É brasileiro? Então não presta. Não se trata apenas de viagens. Trata-se de todo o universo de dificuldades que funcionários de governo, ou quem mais se veja em condição de atrapalhar alguma coisa, pode fazer contra o Brasil nos demais países. Isso não é um “problema de imagem”, que pode ser resolvido, segundo o folclore, contratando uma agência de relações públicas. É uma guerra contra um adversário invisível.

O artigo, em si, não é melhor nem pior do que o mesmo texto básico que a revista embala para os leitores há anos, desde que “a direita” foi para o governo. (“Para o governo”, apenas; nunca se diz que ”a direita” chegou lá porque ganhou uma eleição.) É, essencialmente, uma repetição da novena rezada todos os dias no Jornal Nacional, nos blogs apresentados como “de esquerda” e no circuito OAB-CNBB-etc. 
 
Bolsonaro: "Se tomar vacina e virar jacaré não tenho nada a ver com isso"
 
Houve, neste caso, alguns momentos editorialmente exóticos — como acontece, por exemplo, na passagem em que o texto fica aparentemente indignado com a piada que Jair Bolsonaro fez sobre a vacina e o crocodilo. Não lhe ocorreu informar ao público, a respeito do assunto, que o Brasil já vacinou mais de 70 milhões de pessoas em quatro meses; 
só a China, a Índia e os Estados Unidos fizeram melhor que isso. 
 
Há, também, trechos francamente cômicos, como a extraordinária revelação de que o ministro da Defesa foi demitido porque não quis que o Exército fosse usado para forçar os comerciantes a abrirem as lojas. Heinnnnnnnn? Como assim? De onde foram tirar isso? Nem uma agência caçadora de fake news, dessas mais bravas, teve a coragem sequer de pensar num negócio desses. Mas, no fundo, não há muita novidade além disso; a coisa toda acaba sendo um clássico em matéria de mais do mesmo.
 
 Trata-se de um Brasil de fantasia — e, mesmo que esse Brasil existisse, quando é que isso aqui foi muito melhor?

Os editores não poderiam ter escolhido um momento pior para publicar seu artigo sobre esse Brasil de perdição castigo que em geral pune jornalistas que escrevem sobre isso ou aquilo sem ter o trabalho de olhar em volta de si, e ver um pouco o que está acontecendo fora da redação. (Com o trabalho em home office, então, aí é que o cidadão não sai mesmo dessa bolha dentro da bolha — uma espécie de buraco negro das bolhas.) O fato é que a revista põe na capa sua denúncia sobre um Brasil mórbido, amaldiçoado e respirando por aparelhos, justo no momento em que o país tem as suas melhores notícias há pelo menos cinco anos. 
Junto com a publicação do artigo foram apresentados os últimos cálculos sobre o crescimento da economia brasileira este ano, com a covid ainda rolando solta: 5% de janeiro a janeiro, número que, desde as recessões-monstro de Dilma Rousseff, o cidadão pensava não existir mais na aritmética econômica do Brasil.  Pode ser mais que isso — e não há sinais de que o avanço não se repita em 2022, com o término da vacinação e com a recuperação consistente da economia mundial.
 
(............)
 
O saldo na balança comercial, em maio, foi de 9 bilhões de dólares — pode ficar em 75 bilhões de dólares em 2021, 50% a mais que no ano passado. As vendas do varejo, no mesmo mês, foram as maiores dos últimos 21 anos. A safra de soja vai bater mais um recorde em 2021, com quase 133 milhões de toneladas.  
A entrada de investimentos internacionais no mercado brasileiro voltou a toda — fruto de juros mais altos e com perspectiva de crescer ainda mais para enfrentar os índices de inflação, de novo em alta.
Mais que tudo, é impossível perceber, quando o sujeito sai à rua, onde está esse inferno na Terra descrito pela mídia. Trata-se de um Brasil de fantasia — e, mesmo que esse Brasil existisse, e fosse tão ruim como querem que ele seja, quando é que isso aqui foi muito melhor?  
Tirando a covid e as suas desgraças, alguém está com saudade de alguma outra época? 
Qual?
Nenhum país que já teve na sua Presidência Fernando Collor e Dilma Rousseff pode estar pior do que já foi. 
Quem sabe alguém seja lembrado disso, na próxima denúncia da imprensa mundial contra o Brasil? 
Não vai rolar, é claro. Mas as realidades são o que elas são, e o Brasil, para o bem e para o mal, continuará sendo exatamente o que é — e não o retrato que se faz dele por aí.

Leia também “Perdidos no Brasil”

J. R.Guzzo, colunista - Revista Oeste


quarta-feira, 19 de maio de 2021

O chanceler - Alon Feuerwerker

Análise Política

O depoimento do ex-chanceler Ernesto Araújo à Comissão Parlamentar de Inquérito no Senado da Covid-19 foi, como se esperava, um exercício permanente dos senadores oposicionistas para aproximar-se do alvo definido desde o início: o presidente da República. Até o momento, nenhum dos assessores do chefe do governo cedeu. [nem cederão, não há motivos para ceder; e o general Pazuello que depôs hoje e muitos esperavam sair preso da CPI, deu uma enquadrada no presidente e no já manjado (pelas mancadas) relator Calheiros = o general solicitou, com um tom de exigência, de comando, que não fossem apresentadas perguntas simplórias.]

A administração governamental do tema vacinas aqui no Brasil está se mostrando uma peneira. Alguém terá de responder por isso ao final. [primeiro será necessário que mostrem, como provas já que interpretações não valem - a existência de vacinas disponíveis, em prazos compatíveis, aprovadas pelos órgãos competentes  e que o Governo recusou tais ofertas.] Essa é a disputa.
É óbvio que as ações do governo brasileiro na pandemia obedeceram a um comando central, mas para CPIs não basta dizer "eu acho". Tem de achar a digital. Claro que a aritmética pode tudo. Se houver seis dos onze senadores dispostos a chancelar uma tese ela estará no relatório final. Mas sem a "bala de prata" ficará mais fácil ao governo atrair pelo menos dois dos seis na hora h.

Para inverter a hoje maioria. Aliás, é preciso tomar um certo cuidado com diagnósticos a partir da combatividade demonstrada pelos senadores. É possível que em alguns casos essa combatividade com os peixes pequenos venha a servir de atenuante para a hora em que se tiver de tomar posição sobre os grandes.

Amanhã é esperado o depoimento do ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello. Ele deverá ser inquirido sobre os dois pontos nodais da CPI até agora: vacinas e cloroquina. Como tem a prerrogativa de não responder questões cuja resposta possa incriminá-lo, será pressionado mas terá como neutralizar. A expectativa maior é sobre o que Pazuello dirá a respeito de Jair Bolsonaro. Se essa couraça não for furada no depoimento do general, restará à CPI o caminho sempre mais trabalhoso de vasculhar documentos. E nesse meio tempo o governismo prosseguirá lutando para arrastar os governadores ao cadafalso.[governadores e prefeitos que formam o grande leque das 'autoridades locais' serão levados ao cadafalso e lá vão falar - a maior parte deles encheu os bolsos com dinheiro público e quando apertados vão falar - os pequenos costumam falar no primeiro aperto.
Até hoje nenhuma pergunta foi feita sobre respiradores comprados em adegas, superfaturados, entregues parcialmente e parte dos dos entregues com defeitos sérios.
Tem muita coisa a ser explicada - criminosa mesmo; até agora o que tentaram colar no governo Bolsonaro, e fracassaram, foram erros, que se justificam com o jargão = só erra,  quem trabalha.]

Alon Feuerwerker, jornalista e analista politico

 

terça-feira, 13 de abril de 2021

A POLÊMICA EM TORNO DO VOTO IMPRESSO - Percival Puggina

Acompanho há bom tempo as polêmicas em torno dos processos de votação e apuração em nosso país. 
Fui fiscal de votação e de apuração em algumas eleições entre os anos 80 e 90. 
Devo dizer que nosso sistema evoluiu e que o voto eletrônico, em tese, é um avanço significativo. Mas nem só de agilidade vive a democracia. Aliás, a agilidade não consta das listas de virtudes inerentes à vida democrática.
 
Entre meus aprendizados sobre esse assunto avulta a convicção de que a confiabilidade do processo de apuração dos votos, a certeza de que o resultado apregoado corresponde à vontade efetivamente manifesta pelos eleitores na aritmética elementar das urnas, são ingredientes indispensáveis à legitimação dos mandatos.  
A atitude do TSE em relação a esse assunto só não causa espanto porque o espanto rotineiro não suscita interjeições. 
O voto impresso já estava incluído na minirreforma eleitoral de 2015, para viger em 2018. Por 8 votos a 2, porém, foi derrubada pelo Supremo (sempre ele), sob a alegação de que problemas da impressora tornariam os votos de um ou mais eleitores acessíveis ao conhecimento dos mesários. 
 
Argumento frágil, como veremos a seguir. No entanto, o presidente do TSE, ministro Luis Roberto Barroso acrescenta uma observação sacada de seu repertório:  “O sistema eleitoral brasileiro é auditável do primeiro ao último passo”. Um desses passos nominalmente mencionado por ele é a lista dos votos impressa pela urna eletrônica em cada seção eleitoral no encerramento da votação. A essa lista o ministro denomina eufemisticamente de “voto impresso”. Claro que a “lista impressa de todos os votos” não é o voto impresso. E o ministro sabe. A lista de que ele fala é a lista dos votos dados a cada candidato numa seção de votação. Exceto mediante sofisma, essa lista não se confunde com a impressão do voto ou votos de cada eleitor. 
 
No voto impresso, proposto na PEC da deputada Bia Kicis, o eleitor vota, a urna imprime esse voto e o torna visível ao eleitor (sem dar acesso à manipulação). O eleitor confirma e o voto cai numa urna. É a máquina que faz a contagem, mas, mas em caso de dúvida, têm-se os votos materializados, em papel, para serem recontados manualmente ou para verificação por amostragem. Nada disso interfere com as muitas inspeções técnicas no conjunto dos sistemas de transmissão de dados e contagem eletrônica, mecanismos que seria burrice abolir para retroceder ao transporte manual. Por fim, o fato de “um sistema ser auditável” não é o mesmo que serem auditáveis os votos que ele colhe, soma e imprime numa lista que ele, sistema, elabora.
 
Na eleição do ano passado, foram utilizadas 400 mil urnas e 3,3 mil apresentaram problemas. A falha técnica é inerente a todo equipamento eletrônico e nada impede que ocorrendo falha de uma impressora seja disponibilizado aos eleitores um voto em papel, depositado em outra urna, sistema que funcionou durante décadas no Brasil. A exceção não pode fazer a regra.
Os ministros do STF, bem como os membros deste colegiado no TSE não são merecedores de tanta credibilidade como para que possam representar garantia de algo. 
 
Percival Puggina (76), membro da Academia Rio-Grandense de Letras e Cidadão de Porto Alegre, é arquiteto, empresário, escritor e titular do site Conservadores e Liberais (Puggina.org); colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil pelos maus brasileiros. Membro da ADCE. Integrante do grupo Pensar+.

quinta-feira, 17 de dezembro de 2020

Cuidado, esquerda “nem-nem” à espreita !!! - Sérgio Alves de Oliveira

Definitivamente, a esquerda não está morta. Sua derrota nas eleições municipais de 2020, apesar de não ter conquistado nenhuma prefeitura de capital, tratou-se meramente de um revés em “batalha” eleitoral, não de uma derrota na “guerra” política como um todo.

Além disso, ela conta com a “instabilidade” de um eleitorado e as terríveis limitações de consciência política de muitos, responsáveis pelas frequentes alternâncias no poder, onde frequentemente o voto vencedor opta não pelo melhor, porém pelo “pior”. Contudo, se por um lado pode ser verdade que muitas vezes as “aparências enganam”, menos verdade não é, por outro lado, que os resultados egressos das urnas, ou dos computadores “suspeitos” da Justiça Eleitoral, não escapam dessa realidade.

Nesse sentido, tanto as vitórias, quanto as derrotas, nas eleições majoritárias, ou proporcionais, respectivamente para os cargos “executivos” e “legislativos”, são estabelecidas a partir de uma fronteira “aritmética”. Vence quem tem mais votos,não importa se “milhões” de votos, meia dúzia, ou um só voto, a diferença. Mas se pelo aspecto “aritmético” atribuído aos resultados eleitorais não faz qualquer diferença o número de votos que separam a vitória da derrota, o mesmo não pode ser afirmado pelo aspecto “moral”, ou mesmo “político”,especialmente quanto às perspectivas eleitorais das futuras eleições.

Por isso uma eventual diferença “mínima” no resultado das eleições, por exemplo (mesmo que exagerando, mas só para que se compreenda o raciocínio), de “um voto”, pode ser considerada uma vitória meramente “aritmética”,“circunstancial”, por “detalhe”,”acidental”,  não uma vitória “retumbante”,de “mão-cheia”, para que não se tenha “qualquer dúvida”. Nesse sentido uma vitória pelo placar de “dez a um” (10X1) será sempre mais consistente que uma vitória por “dez a nove” (10X9), por exemplo.

Mas há que se considerar que em todas as variantes do esquerdismo ideológico e político, como o comunismo, o socialismo, o progressismo, e tantos outros “ismos”, o “carro-chefe” da sua impugnação ideológica invariavelmente “atropela” a “mais-valia, a partir da visão de Karl Marx, que consistiria no “plus” dos esforços do trabalhador no resultado da produção, não remunerado pelo titular do meio de produção, portanto “indevidamente” expropriado pelo “capitalista”.

Portanto, o “sonho” da ideologia deturpada da esquerda seria não só abolir, definitivamente, a “mais-valia”, como queria Marx, como também substituí-la pela sua contrária,a “menos-valia”,que resumidamente pode ser definida como a venda da força de trabalho para o “capitalista” por valor superior ao resultado desse trabalho, ao que produz e ao que vale”.

Interessante é observar que a camada da população brasileira definida como a geração “nem-nem”, que não trabalha, não estuda, nem gosta de trabalhar, nem estudar, distribuída com certo equilíbrio em todas as classes sociais, estimada em cerca de 10 milhões de pessoas, que têm entre 15 e 29 anos de idade,na sua imensa maioria têm viés ideológico de esquerda. Foi exatamente essa gente, por exemplo, quem mais levantou a bandeira esquerdista e fez campanha para os candidatos a prefeito de São Paulo e Porto Alegre, respectivamente Guilherme Boulos , e Manuela D’Ávila, [convenhamos: dois fracassados e que assim continuarão; a esquerda caminha o desaparecimento e isto em âmbito mundial.] esquerdistas fanáticos para “ninguém botar defeito”, o primeiro candidato pelo PSOL, e a segunda pelo PCdoB.

E muitos garantem que a aversão que esses dois candidatos a prefeito,em São Paulo e Porto Alegre, teriam ao “trabalho” próprio, corresponderia exatamente aos valores da geração “nem-nem”, que não trabalha,não estuda,nem quer trabalhar ou estudar.  E nem é preciso ir muito longe para que se confirme essa “tese”. Basta olhar para todos os lados. Quem teve algum sucesso material na vida, seja como empresário, empreendedor, ou mesmo trabalhador, e que tem plena consciência que vale o que efetivamente produz, com certeza jamais será adepto do esquerdismo. [opa.... mas o 'bolha' é empreendedor = empreende invasões a imóveis urbanos e, posteriormente, cobra aluguel dos babacas que cumprindo suas ordens invadiras as moradias das quais são agora inquilinos. Já que estamos falando em bolhas, babacas e similares, por anda o 'general da banda' Stédile? sumiu igual o Rainha?]

Mas,ao contrário, os que têm plena consciência que não valem o que produzem, ou exigem ganhar mais do que valem ou produzem, uma espécie de “nem-nem” acampada no ciclo produtivo, evidentemente irão sentar no colo do esquerdismo ideológico com o único objetivo de serem sustentados pelos outros e ganharem mais do que valem ou produzem.

Mas nesse meio, infelizmente, tem impostores de todo o tipo tirando proveito, dentre eles alguns dos mais ricos do mundo. A única explicação para que um George Soros “da vida” defenda os interesses da esquerda, através da “sua” Nova Ordem Mundial, é que esse “velhaco” estaria usando o socialismo como uma ferramenta política para enganar os “trouxas” e ao mesmo tempo dominar o mundo, afastando e destruindo qualquer “concorrência”.

Sérgio Alves de Oliveira - Advogado e Sociólogo