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segunda-feira, 29 de agosto de 2022

As duas condenadas ao fracasso se uniram contra o 'capitão do povo' e continuam fracassadas

As duas senadoras - aliás, como chegaram ao Senado? - assumiram ontem, no debate, que são perdedoras 

Dobradinha entre Tebet e Soraya irrita campanha de Bolsonaro

O Globo

A pesquisa qualitativa encomendada pela campanha de Jair Bolsonaro detectou: o ponto baixo do presidente no debate da Band, terminado há pouco, foi a grosseria atirada contra Vera Magalhães no segundo bloco do programa. Foi alvo de críticas não apenas das mulheres que participaram da pesquisa que era feita em tempo real, como também dos homens.

Um integrante da campanha de Bolsonaro, que acompanhou a "quali"jargão usado para esse tipo de pesquisa — qualificou a estupidez como "o único escorregão" do presidente nas quase três horas de embate. 

Lauro Jardim, coluna em O Globo


domingo, 28 de agosto de 2022

STF deve desculpas por deportação de Olga Benário, diz Cármen Lúcia - O Globo

Militante comunista foi morta há 80 anos na câmara de gás; tribunal concordou que ela fosse entregue à Alemanha nazista pelo governo Vargas

[será que a douta magistrada leu o livro OLGA, Fernando Moraes, Círculo do Livro?  
Narra com riquezas de detalhes que a criminosa foi resgatada durante um dos seus julgamentos na Alemanha - Hitler ainda não havia assumido o poder;  seus muitos crimes daquela época juntados aos cometidos no Brasil,ao lado de Prestes, mostram que sua extradição foi justa.]

STF deve desculpas por deportação de Olga Benário, diz Cármen Lúcia

Ficha policial da militante comunista Olga Benário, expulsa do país em 1936 Reprodução

A ministra Cármen Lúcia propôs que o Supremo Tribunal Federal peça perdão pela deportação de Olga Benário. A militante comunista estava grávida quando o tribunal autorizou o governo de Getúlio Vargas a entregá-la à Alemanha nazista. Sua morte na câmara de gás completou 80 anos em abril.

O processo de Olga reúne algumas das páginas mais sombrias da história do Supremo. Em março de 1936, a revolucionária alemã foi presa no Rio com o marido, Luís Carlos Prestes.  
Os dois eram procurados desde o levante frustrado na Praia Vermelha, no ano anterior. Para atingir Prestes, o governo resolveu expulsar Olga. Nas palavras do então ministro da Justiça, Vicente Rao, ela seria “perigosa à ordem pública e nociva aos interesses do país”. 
 
Na tentativa de salvá-la da Gestapo, o advogado Heitor Lima apostou numa estratégia incomum. Em vez de alegar sua inocência, apenas reivindicou que ela continuasse presa no país. [prova incontestável de que Olga não seria jamais inocentada - no Brasil ou na Alemanha.
Aqui ela não seria executada e logo seria anistiada e voltaria a cometer novos crimes.] Argumentou que a alemã estava grávida de um brasileiro, e que o bebê também seria punido com a deportação. Ele ainda sustentou que a cliente teria desistido da revolução para se dedicar à maternidade. Assim, seria a única pessoa capaz de “regenerar” o lendário Cavaleiro da Esperança.

“Só uma mulher poderá operar esse milagre”, afirmou o advogado, em texto sintonizado com os costumes da época. A companheira de Prestes teria três tarefas: “curá-lo da psicose bolchevista”, “atraí-lo ao âmbito da família” e “estimulá-lo para o serviço da pátria”. O Supremo não se sensibilizou e entregou Olga aos carrascos. Ela estava grávida de sete meses quando foi embarcada no cargueiro para Hamburgo. [a criança apesar de filha de dois criminosos (Prestes também traidor da Pátria) nasceu saudável e sobreviveu.]

Os ministros sabiam que a expulsão da comunista de origem judaica equivaleria a uma sentença de morte. Mesmo assim, o relator do caso, Bento de Faria, limitou-se a anotar que o instituto do habeas corpus estava suspenso por decreto presidencial. Getúlio ainda não tinha dado o golpe do Estado Novo, mas já governava com poderes semiditatoriais. O Supremo poderia enfrentá-lo, mas escolheu lavar as mãos.

Sete ministros não conheceram o pedido de habeas corpus. Três o admitiram, mas negaram manter a ré no país. “É muito chocante para mim, como juíza, o fato de que a decisão foi dada em apenas três parágrafos, sem fundamentação. Não houve nenhum voto favorável à permanência de Olga, e assim ela foi expulsa do Brasil”, resumiu a desembargadora Simone Schreiber no último dia 19, no Centro Cultural da Justiça Federal.

O caso foi debatido no mesmo salão em que os ministros selaram o destino da alemã. “Olga não pôde nem assistir ao julgamento”, lamentou a historiadora Anita Leocádia Prestes, que fez a viagem de navio na barriga da mãe. 
Ela nasceu num campo de concentração e foi entregue à avó paterna com um ano e dois meses de idade. Sobre a deportação, a professora sentenciou: “O principal responsável foi Getúlio Vargas. O Supremo foi conivente”.

No CCJF, Cármen Lúcia definiu o processo como uma “página trágica” na história do tribunal. “Ainda que seja ineficaz do ponto de vista humano ou jurídico, o Supremo precisa pedir perdão”, afirmou. A ministra disse que ditaduras são “pródigas em promover desumanidades”. “É bom que se lembre sempre disso”, frisou.

A ideia do perdão a Olga poderia ser encampada pela ministra Rosa Weber, que assume a presidência da Corte em setembro. “O Supremo nunca fez um mea culpa sobre o caso. Isso seria muito interessante”, avalia o escritor Fernando Morais, biógrafo da militante assassinada em 1942.

Bernardo Mello Franco, colunista - O Globo


STF quer se livrar do presidente usando a força do Estado para violar a lei - O Estado de S. Paulo

J. R. Guzzo

Brasil tem no lugar do STF uma polícia de ditadura que se comporta como se as leis do País não existissem

O Brasil deixou de ter um Supremo Tribunal Federal. Tem, em seu lugar, uma polícia de ditadura, que invade casas e escritórios de cidadãos às 6 horas da manhã, viola os direitos civis das pessoas que persegue e se comporta, de maneira cada vez mais agressiva, como se as leis do País não existissem é ela, na verdade, quem faz a lei, e não presta contas a ninguém. 

Essa aberração é comandada pelo ministro Alexandre de Moraes e tem o apoio doentio de colegas que se comportam como fanáticos religiosos; abandonaram os seus deveres de juízes e se tornaram, hoje, militantes de uma facção política.  
Seu último acesso de onipotência é essa assombrosa operação contra o que chamam de “empresários golpistas”.

 Não há um miligrama de prova, ou qualquer indício racional, de que as vítimas do ministro tenham cometido algum delito contra a ordem política, social ou constitucional do País; tudo o que fizeram foi conversar entre si nos seus celulares privados. Que crime é esse? E, mesmo que tivessem feito alguma coisa errada, cabe exclusivamente ao Ministério Público fazer a denúncia criminal. 

A lei diz que ninguém mais pode fazer isso; um juiz nunca é parte da investigação, ou de nenhuma causa, cabendo-lhe apenas julgar quem está com a razão – a acusação ou a defesa.  
Mais: ainda que estivesse tudo certo com o inquérito, e nada está certo nele, os empresários não poderiam ser julgados no STF, pois não têm o foro especial indispensável para isso. Os advogados não têm acesso aos autos – e isso não existe em nenhuma democracia do mundo. Também não existem ministros de Suprema Corte que tenham uma equipe de policiais a seu serviço e sob o seu comando.

O ministro Alexandre de Moraes e a maioria dos seus colegas de STF querem o presidente Bolsonaro fora do governo é disso, e só disso, que se trata, quando se deixa de lado o imenso fingimento da lavagem cerebral contra os “atos antidemocráticos”.
Tudo bem: muita gente também quer. A questão real, a única questão, é que Bolsonaro está em pleno julgamento, e o veredicto será dado daqui a pouco, nas eleições de outubro. 
Os juízes verdadeiros, aí, serão os 150 milhões de eleitores brasileiros e não os ministros do Supremo.  
É perfeitamente lícito achar que Bolsonaro está fazendo um governo ruim, péssimo ou pior do que péssimo. 
Se for assim mesmo, não há nenhum problema: os brasileiros votarão livremente contra ele, e tudo estará resolvido. 
O STF e os setores que o apoiam, porém, querem se livrar do presidente usando a força do Estado para violar a lei, pisar nos direitos dos cidadãos e suprimir a liberdade. É um desastre à vista de todos.
 
 
J. R. Guzzo, colunista - O Estado de S. Paulo

Os todo-poderosos - Luís Ernesto Lacombe

VOZES - Gazeta do Povo

Liberdade de expressão 

Estendam tapetes vermelhos, preparem os tapetes persas, perfilem os Dragões da Independência. Lá vêm eles! Os todo-poderosos da Justiça e do jornalismo. Não há leis que eles sigam. Eles são as leis. Decidem o que é verdade e o que é mentira, enxergam golpes a caminho, enquanto perpetuam seus próprios golpes. 
Fingem mal e porcamente que defendem a liberdade, a democracia, o bom-mocismo, enquanto avançam na sua perseguição abominável contra o inimigo comum e seus apoiadores.
 


 
São narcisistas, arrogantes, prepotentes, debochados, fingidos, dissimulados... O que eles têm de sobra: empáfia, soberba, insolência... São incapazes de ver as pessoas, já que ninguém está no nível deles. Renata não usa copos de plástico.  
William tem apreço pelo picotador de papel instalado em sua sala. Alexandre torra dinheiro do pagador de impostos numa cerimônia com toda a pompa e circunstância.

Como aceitar um regime autoritário, que bota policiais atrás de pessoas que emitem opiniões publicamente?
Como aceitar um regime totalitário, que viola a privacidade, a intimidade, que persegue gente que emite opiniões em grupos privados?

As câmeras apontadas para eles têm filtros, a iluminação é boa, o enquadramento também. O problema é que não querem saber de perguntas, e falam, falam, falam... Não há entrevista, há ataques rasteiros. Não há chance de defesa, nem na televisão nem em inquéritos fajutos. Eles se dão o direito de acusar, inventando, tirando de contexto, mentindo descaradamente, rasgando as leis e as regras fundamentais do jornalismo e de qualquer sistema de Justiça sério.

É uma inquisição que certamente nos levará a um buraco profundo
A Justiça e o jornalismo já não querem mais saber dos bandidos de verdade, dos traficantes, assassinos, corruptos, lavadores de dinheiro...  
Por falta de espelho, magistrados e jornalistas veem seus inimigos particulares como golpistas. 
Enxergam tramas ilegais, estratagemas, e lá vai a polícia, a polícia particular que todo ditador mantém.
Como aceitar um regime autoritário, que bota policiais atrás de pessoas que emitem opiniões publicamente? 
Como aceitar um regime totalitário, que viola a privacidade, a intimidade, que persegue gente que emite opiniões em grupos privados? 
Contas bancárias são bloqueadas, perfis em redes sociais são derrubados... 
Quem ameaça mesmo a democracia? 
Quem ataca mesmo os poderes da República?
 
O ilegal está escancarado. As intenções são claras. Estamos cercados de ativismo, o do Judiciário, o da velha imprensa, e é obrigação enfrentar essa força nefasta. 
Contra jornalistas, os movimentos são mais fáceis: trocar de canal, procurar novos portais de notícias, jornais e revistas comprometidos com fatos, não com militância. 
Contra os abusos cometidos por Alexandre de Moraes, dentro das quatro linhas, só há uma solução, e ela passa pelo Senado.
 
Conteúdo editado por:Marcio Antonio Campos

Grupo de delegados aposentados da PF critica decisões de Moraes

Mais de 100 profissionais assinaram uma nota em que deploram as recentes ações do presidente do TSE

Um grupo de mais de cem delegados aposentados da Polícia Federal (PF) divulgou, na quinta-feira 25, uma nota contra as recentes decisões do Supremo Tribunal Federal (STF), especialmente do ministro Alexandre de Moraes, presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

No documento, os profissionais se dizem inconformados com o uso da PF como um instrumento de implementação de medidas autoritárias e ilegais”. Eles mencionam também o artigo da Constituição Federal sobre a liberdade de expressão. “Ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica”, diz o texto.

Em outro trecho, os delegados aposentados criticam a decisão de Moraes que determinou a busca e apreensão, a quebra de sigilo bancário e a condução coercitiva de empresários apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL).

Segundo o grupo, “as medidas, solicitadas por policiais cujas convicções não espalham o entendimento da inteira categoria de Delegados de Polícia Federal, foram tomadas ao arrepio da lei e sem a participação da Procuradoria-Geral da República (PGR), em total desrespeito ao princípio da reserva legal”.

Para os delegados aposentados, a troca de mensagens em grupos de WhatsApp “não constitui crime de ameaça às instituições democráticas, muito menos poderiam tais mensagens ser utilizadas como meio de prova, conforme entendimento consolidado do Superior Tribunal de Justiça (STJ)”. Por isso, os profissionais afirmam que as decisões de Moraes “configuram um evidente abuso de poder, praticado com o uso da força policial, o que fere a imagem e a reputação da nossa amada instituição Polícia Federal”.

Leia na íntegra a carta

Nós, Delegados de Polícia Federal aposentados, abaixo assinados, em razão de nossos anos de experiência na aplicação da lei penal, vimos pela presente manifestar nosso inconformismo e indignação perante o uso da instituição Polícia Federal como um instrumento para a implementação de medidas autoritárias e ilegais, por parte de integrantes do Supremo Tribunal Federal.

A Constituição Federal, em seu artigo 5º, incisos IV, X e XIII, respectivamente, estabelece que é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato; que ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou política e que são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas.

As recentes decisões do ministro Alexandre de Moraes, determinando a busca e apreensão, a quebra de sigilo bancário e a condução coercitiva de empresários por meras conversas de WhatsApp, constituem aberrantes afrontas aos direitos individuais dos cidadãos, consagrados no referido artigo 5º da Constituição. Tais medidas, solicitadas por policiais cujas convicções não espelham o entendimento da inteira categoria de Delegados de Polícia Federal, foram tomadas ao arrepio da lei e sem a participação da Procuradoria-Geral da República, em total desrespeito ao princípio da reserva legal. 

Meras conversas em grupo privado de WhatsApp não constituem crimes de ameaça às instituições democráticas, muito menos poderiam tais mensagens ser utilizadas como meio de prova , conforme entendimento consolidado do Superior Tribunal de Justiça. Portanto, as medidas adotadas por ordem do ministro Alexandre de Moraes configuram um evidente abuso de poder, praticado com o uso da força policial, o que fere a imagem e a reputação da nossa amada instituição Polícia Federal

É chegada a hora de romper o espiral de silêncio dos operadores do Direito do país, que submersos em uma teia de interesses e medo, deixaram de se manifestar contra os abusos do STF na condução do famigerado inquérito das fake news, um inquérito inconstitucional, pois foi instaurado e vem sendo conduzido sem a observância dos princípios que regem o devido processo legal. Neste inquérito vêm sendo diuturnamente desrespeitados os princípios do juiz natural, pois que não houve a devida distribuição dos autos; da imparcialidade, uma vez que conduzido por ministro que figura como vítima dos supostos crimes; da competência em razão da pessoa, uma vez que vários dos investigados não detêm privilégio de foro. Não é de estranhar que a apuração tenha sido denominada por respeitados operadores do Direito, entre eles, o ex-ministro do STF Marco Aurélio Mello, como o “Inquérito do Fim do Mundo“, por não ter por objetivo investigar determinado fato criminoso concreto, como normalmente ocorre nas milhares de investigações criminais presididas por Delegados de Polícia Federal em todo o país, mas, sim, apurar aleatória, genérica e globalmente condutas por parte de integrantes de apenas um dos espectros do atual embate político nacional. O mesmo ex-ministro, sobre a operação contra empresários ocorrida em 23/08/22, afirmou estar ‘atônito’ e observou que ‘não há crime de cogitação’. 

Por fim, lamentamos profundamente que nota emitida em um passado recente pela Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal (ADPF), sem a devida consulta e a permissão de seus afiliados, tenha sido citada pelos jornalistas  do Jornal Nacional, da Rede Globo, na entrevista com o candidato Jair Bolsonaro, que foi ao ar na noite de 22/08/2022, questionando-o quanto a supostas interferências na Polícia Federal. Lembramos que alegações do ex-ministro Sergio Moro de interferências do Senhor Presidente da República foram objeto de apuração em inquérito policial que foi encerrado em março deste ano, no qual a própria Polícia Federal concluiu não haver indícios de interferências do Presidente na instituição.

República Federativa do Brasil, 25 de agosto de 2022.

Delegados de Polícia Federal, aposentados, de Grupo Privado de WhatsApp.

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Revista Oeste


Sabatinados e sabotinudos - Revista Oeste

Guilherme Fiuza

"Boa noite, candidato. Em primeiro lugar, uma informação para a nossa audiência: nós vamos ser tão duros com o senhor como fomos com o Bolsonaro" 

Ciro Gomes, William Bonner e Renata Vasconcellos, na entrevista do candidato ao <i>JN</i> | Foto: Reprodução
Ciro Gomes, William Bonner e Renata Vasconcellos, na entrevista do candidato ao JN | Foto: Reprodução

Sabatina televisiva do candidato Ciro Gomes:

— Boa noite, candidato. Em primeiro lugar, uma informação para a nossa audiência: nós vamos ser tão duros com o senhor como fomos com o Bolsonaro.

Positivo, estou preparado.

— Dá pra notar.

— O quê?

— Seu terno é muito bem cortado e o senhor está com uma expressão plácida que passa confiança.

— Obrigado.

— Mas seremos duros com o senhor.

Entendo. Agradeço mais uma vez o alerta.

— O senhor é muito educado.

— Pois é, todos elogiam o meu jeito afável e delicado.

— Quanta diferença. É horrível sabatinar gente grosseira. Ontem mesmo nós… Deixa pra lá. Vamos às perguntas.

— Ok.

— Voltamos a alertar que elas serão incisivas, doa a quem doer.

— Compreendo.

— Mas você responde se quiser, Ciro. A gente jamais afrontaria um cara tão legal como você.

— Obrigado. Vocês também são muito legais.

— Como vai a Patrícia?

— Isso já é a sabatina?

— Candidato, quem faz as perguntas aqui somos nós! Avisamos que seríamos duros.

— Ah, tá.

— Repetindo a pergunta: como vai a Patrícia?

— Vai bem.

— Vocês ficaram amigos depois da separação?

Muito. Nos damos super bem.

— Que legal. Nada como gente civilizada. Detestamos essas pessoas raivosas que brigam com todo mundo.

— Onda de ódio.

— Aí você falou tudo.

— Tudo, não. Tem também desinformação, fake news e atos antidemocráticos.

— Certíssimo, candidato. A conversa está tão boa que até esquecemos de recitar a cartilha completa.

— Não tem problema, acontece.

— O senhor é muito compreensivo.

— Gentileza de vocês.

— E simpático.

— São seus olhos.

— E charmoso.

— Assim vou me encabular.

— Não seja modesto. Ainda assim, com todas essas virtudes, teremos que continuar sendo duros com o senhor.

— Ok. Serei forte.

— Bota forte nisso.

Sou talhado para a guerra.

— Força, guerreiro.

Obrigado.

— Então aguenta firme que vamos prosseguir com o interrogatório rigoroso: qual novela da Patrícia você achou mais legal?

— Ah, não sei… Foram tantas…

— Candidato, não fuja da pergunta! Não permitiremos evasivas! O senhor tem mais uma chance: qual é a sua novela preferida da Patrícia?!

— Bem… Acho que O Rei do Gado.

— Acha?! Não tem certeza? Não aceitaremos respostas vagas, candidato!

— Ok. É O Rei do Gado mesmo.

— A gente também adorou. O Fagundes tava ótimo, né?

Maravilhoso.

— Acho que foi uma das melhores novelas que eu já vi. Você tem muito bom gosto, Ciro.

— Então vocês acham que eu estou indo bem na sabatina?

— Candidato, vamos repetir: quem pergunta aqui somos nós. E não queremos essa intimidade com o sabatinado.

— Desculpem. Estou tão à vontade que esqueci as regras.

— Relaxa, Ciro. Vamos pra um rápido intervalo comercial, aí a gente toma um café. Mas já vamos deixar uma pergunta no ar, pra você responder depois do break: topa jantar depois da sabatina?

— Claro que t…

— Calma, querido. Só depois do intervalo.

— Opa, é mesmo. Desculpem a minha ansiedade.

— Não estamos te achando ansioso. Você está bem calmo até, apesar da pressão que estamos colocando sobre você. Deve ser a experiência.

— É, acho que…

— Não, não, não. Agora, não. Só depois do intervalo.

— Ah, tá. É que vocês anunciaram o break e continuaram falando, aí achei que tinham adiado o comercial.

— Não é isso. É que nós temos que falar mais do que você, senão podem nos acusar de tratamento desigual. Aí vamos esticando um pouquinho as nossas falas. Nossa vontade seria ficar só te ouvindo, horas a fio, com essa sua prosa agradável, essa sua indignação genuína, esse seu sotaque musical, esse seu conhecimento impressionante de todos os assuntos. Se tivéssemos mais tempo até pediríamos pra você nos explicar a Teoria da Relatividade, com essa precisão que só você tem. Mas infelizmente a televisão tem os seus limites, então a nossa ideia é terminar a arguição sobre as novelas a tempo de falarmos um pouquinho sobre bares e restaurantes, um assunto urgente do qual você não poderá escapar.

— …

— E repetimos o alerta: seremos duros nos questionamentos, doa a quem doer.

Leia também “A estranha morte da menina Vanessa”

Guilherme Fiuza, colunista - Revista Oeste 

 

LULA, quando preso tentou ESTUPRAR colega de cela - ALEGANDO QUE NÃO CONSEGUIA FICAR SEM SEXO

 Comprovando várias postagens sobre Lula - que admitiu também gostar de sexo com animais

 

Confira: Lula teria confessado que tentou estuprar um colega de cela; e confessou à Playboy (1979) que curtia “sacanagem” com animais 

Cesar Benjamin: Lula e Dirceu comandavam esquema em Santo André que resultou no assassinato de Celso Daniel
O sociólogo e editor Cesar Benjamin foi militante do PT de 1980 a 1995. Foi ele que revelou...

Olha o camburão! - Cinismo de milionário

Colunista da Folha de S.Paulo diz que Lula tentou estuprar colega de cela enquanto esteve preso


Horário eleitoral é palco para comédia?

A criatividade, que chega a pregar peças inovadoras em termos de comunicação nas redes e canais virtuais, não me seduz tanto quanto a verdade dos fatos

(crédito: Reprodução/Agência Senado) 

 (crédito: Reprodução/Agência Senado)

 
Conheço poucas pessoas que se enlevam tanto com o humor quanto eu. A capacidade de rir em tempos estranhos como o que vivemos é uma forma de resistência. Adoro os memes, não tanto quanto os filmes antigos e as boas entrevistas, mas me divirto
Apesar disso, a comicidade no horário eleitoral e outras apelações, a meu ver, já deveriam ser coisa do passado. Pode até fazer rir, mas o ridículo perdeu a força. Espero graça maior.

 E, com tanto dinheiro em jogo e tantas necessidades reais, o uso do horário eleitoral para o besteirol é desserviço. Hoje, o bem mais precioso é a informação de qualidade.

Precisamos conhecer candidatos pelas suas propostas e, se eles têm pouco tempo no horário eleitoral, usem a criatividade para fazer chegar ao eleitor suas ideias. Risada não enche barriga, apesar de fazer bem. Pandemia, fome, destruição do meio ambiente, saúde em frangalhos, inflação em alta, escalada da violência. É muito problema para passarmos pano para políticos de aluguel, humoristas puxadores de voto para legendas corruptas.

(...)

Correio Braziliense - MATÉRIA COMPLETA 


Artistas: ponham-se em seus lugares! - Hiago Rebello

 

 [NÃO SE ASSUSTEM !!! é a arte da esquerda, dos comunistas, do progressistas, do maldito politicamente correto, da NOM e de tudo que não presta.]

Ao que tudo indica, a arte ganhou uma aura mágica e irracional de proteção social. Fazer crianças assistirem e tocarem em adultos nus? Arte. Sexo ou nudez pública? Arte! Mutilação ou atentado contra a propriedade pública? Arte de novo… 
Subir em um orelhão no meio da avenida e chorar quando um guarda o tira à força do lugar que qualquer imbecil consegue perceber que não foi feito para subidas? Arte!

Com arte, você pode fazer tudo. Você pode exigir tudo. Dou um exemplo: verba para um filme de 16h feito com cenas monótonas dentro de uma ruela? [ou para ofender Jesus Cristo e milhões e milhões de cristãos - tem um anormal que já 'produziu' - melhor dizendo "expeliu" no sentido não teológico de escatológico - várias 'artes' blasfemas.] Se não der para o artista… ele chora e nos chama fascista. 

Pelo visto, através do prisma da arte, você perde o direito de ser ofendido – o que é irônico, vindo de progressistas… –, pois a arte, pelo visto, foi resumida ao papel de chocar. O choque feito pela classe artística atual, claro, serve majoritariamente para impressionar sujeitos do século XIX. Gordas na praia, travestis, homossexuais, mulheres feias, gritos sem nexo… tudo perfeitamente encaixado para escandalizar a rainha Vitória… se não fosse pela parte que ainda nos choca.  
Seja em público ou em um evento aberto a este, uma miríade de performances, na busca desesperada para o único norte que lhes restou, tenta a todo custo ofender a população, seus costumes, crenças e valores. Se você passar por alguma rua e notar um “ato artístico” onde uma mulher fique com os seios à mostra, errado é você se por acaso se sentiu ofendido ou se achou o ato errado. 
 
Isso mesmo: também possuem o elemento mágico de escolherem os culpados. 
Se vocês forem contra suas performances, serão contra a arte em si. Aprendam isso, leitores! 
Perderam o direito de discernir logicamente a parte do todo: um desempenho vexatório se torna (através de uma força inexplicável, como um milagre intercedido pelo próprio Moisés, contudo, sem ter o sentido de ser feito pelo Criador da matéria) a própria Arte quando você questiona se aquilo deveria existir ou se deveria ser exibido ao ar livre; as coisas, evidentemente, também não param por aí. Perdem o direito de se expressarem, leitores. Se incomodar o artista… você é um fascista!
 
Mas “fascismo” é uma palavra interessante. O artista não o xinga de sindicalista, nacionalista, antiliberal, corporativista… nada do que realmente compõe o fascismo, a não ser uma única coisa: autoritário. Como alguém pode ousar ser contra a arte do artista questionador? 
Como podemos cogitar questionar a autoridade do questionador? Seria um disparate! 

Devemos, claro, no máximo não nos importar, pois sempre temos que abaixar nossas cabeças para a autoridade que nos salvaguarda dos autoritarismos, uma tão alta, tão inquestionável, límpida, perfeita, pura, que impera sobre todos nós… porque caso contrário… seremos fascistas.

Ó, o terrível infortúnio contra o artista atual! Quando escuta, do alto de sua torre subjetivista, a opinião de alguém que não entende, acredita ou receia que sua obra, ou a corrente à qual está relacionado, “não é arte”, o artífice do subjetivismo não se aguenta! 
Dos fortes do Relativo, ele estoura bombas axiológicas contra a opinião da plebe que, como é óbvio, “não sabe o que é arte”. Então, com o bastião de sua relativa opinião, explica ao seu adversário que arte não tem definição, que ela não pode ser contida em nada, mas ainda assim, através de seus parâmetros, mostra que o reles campônio cultural está… errado. A arte moderna encaixa a todos para todos não encaixarem ninguém – são os guardiões das definições!
 
A arte atual, claro, sem forma ou coesão, é um grito contra o sistema. Todos os arquitetos medievais, os escultores gregos, os poetas romanos, os pintores renascentistas e os romancistas românticos… se não perceberam isso, é porque, claro, não sabiam o que era arte e para que esta realmente servia. 
Replicavam apenas os discursos de poder e os lugares de fala das elites aristocráticas, burguesas e religiosas de seus tempos! 
Depois de seis mil anos de Civilização, depois de oitenta mil anos de cultura e de duzentos mil anos de humanidade, apenas agora os críticos sociais descobriram o que é arte! 

Do seu domínio e poder nada sai, nada foge de seus relativismos absolutos, nada pode os perturbar e ninguém ouse os questionar… Pois se irritar o artista… você só pode ser um fascista.

Publicado originalmente em 26/11/2019 no site do Instituto Liberal.

Graduado e Mestrando em História pela Universidade Federal Fluminense.


Sinatra, os grandes estoques e a bolha furada - Alon Feuerwerker

Análise Política

A palavra “polarização” incorporou entre nós o atributo da ubiquidade. É a descrição de tudo, a explicação para tudo. Faz algum sentido, pois a disputa eleitoral aparece monopolizada não apenas por um presidente e um ex, mas por dois líderes de massa. Duas circunstâncias originais nas eleições brasileiras desde a retomada do voto direto presidencial em 1989.

Talvez a polarização explique a notável estabilidade dos números, que aguardam agora os possíveis efeitos das entrevistas e debates, mas principalmente dos programas e inserções no rádio e na TV. Uma consequência da estabilidade é jornalistas e analistas encararem a dura tarefa de ocupar espaços e desenvolver análises a partir de oscilações dentro das margens de erro. Não está fácil para ninguém.

Mas foi dada a largada das grandes entrevistas e debates, e do horário eleitoral, e na nova etapa do jogo a atenção volta-se ansiosa para os impactos nas pesquisas, efeito que possivelmente demore um tantinho, à espera da natural decantação dos efeitos da propaganda oficial das campanhas e da maior exposição dos contendores.

Sobre este último ponto, escrevi há poucos dias em Boxe sem programa”.

Uma curiosidade é se a renovada exposição permitirá à dita terceira via ganhar massa crítica para criar um fato novo. [Tem terceira via? com aquela senhora  que facilmente se desestabiliza, uma descompensada? já que o 'coronel' paulista, um mentiroso - mente até sobre o estado no qual nasceu - é uma Marina Silva e um Alckmin = perdedores natos.]  Até agora não aconteceu. Ciro Gomes (PDT) continua estacionado em seu público fiel, na esperança de, pelo menos, não sofrer um ataque especulativo fatal na véspera do primeiro turno. A pressão vinda da esquerda com o argumento de não dar sopa para o azar será (está sendo) grande.

Simone Tebet (MDB) fez uma boa entrevista no Jornal Nacional da TV Globo, mas ainda precisa mostrar musculatura eleitoral para animar os cerca de 10% do eleitorado que não admitem votar nem em Luiz Inácio Lula da Silva nem em Jair Messias Bolsonaro. A terceira via continua repetindo a saga das sempre anunciadas e nunca concretizadas visitas de Frank Sinatra ao Brasil.

Mas um dia Sinatra acabou vindo

Um paradoxo da eleição: ela está dominada pela polarização, mas a chave para a vitória de um ou outro candidato depende de alguns grandes estoques de voto nos quais a disputa não está polarizada. São as mulheres, os pobres e o Nordeste. Nos três contingentes, Lula está muito à frente de Bolsonaro. [será??? vamos aguardar a única pesquisa que não falha = abertura das urnas e  contagem dos votos.]

Para fechar a atual diferença contra Lula, Bolsonaro não precisa virar o jogo nesses estoques, basta reduzir a diferença. Cada redução aí impacta com boa força no quadro geral. E é razoável supor que onde a diferença entre os dois é muito grande há mais facilidade para produzir movimentações eleitorais relevantes.

Desta semana em diante as pesquisas começarão a mostrar o efeito da maior exposição dos candidatos e do início da campanha eleitoral oficial.

Nas eleições recentes, os incumbentes e situacionistas em busca de fazer o sucessor cresceram no período, pela possibilidade de furar a bolha da cobertura negativa (ou crítica, conforme o gosto do freguês) de imprensa. [com raras exceções, a imprensa com suas narrativas mente aumentando as pesquisas que já não possuem credibilidade.] Vale acompanhar para saber se Bolsonaro vai repetir o roteiro.

Se conseguir, a eleição vai apertar.

Alon Feuerwerker, jornalista e analista político


sábado, 27 de agosto de 2022

Acredite na velha imprensa, se puder - Ana Paula Henkel

Revista Oeste

Numa série de sabatinas com presidenciáveis, o Jornal Nacional exibiu um “chá das cinco” entre compadres com o ex-presidiário Lula e os apresentadores William Bonner e Renata Vasconcellos

Foto: Montagem Revista Oeste/Shutterstock/Reprodução
Foto: Montagem Revista Oeste/Shutterstock/Reprodução

Há algum tempo tem sido difícil explicar o Brasil para família e amigos na América. Bem, na verdade, tem sido difícil explicar o Brasil até para brasileiros. Os acontecimentos desta última semana, então, transformaram a tarefa em algo impossível. Um ministro da mais alta corte do país, membro do tribunal que deveria salvaguardar a Constituição e aplicar as leis de forma responsável e justa decidiu — mais uma vez — rasgar mais páginas da nossa Carta Magna e ignorar por completo o ordenamento jurídico da República.

Em mais um impulso narcisista e totalmente inconstitucional, Alexandre de Moraes determinou o cumprimento de mandados de busca e apreensão contra um grupo de empresários que apoia o presidente Jair Bolsonaro e que teria defendido um golpe de Estado em caso de vitória de Lula nas eleições.  
A conversa, que poderia ter acontecido numa mesa de bar, aconteceu em mensagens trocadas privadamente em um grupo de WhatsApp. Bem, o capítulo “Alexandre de Moraes” já não é nem mais um mero “capítulo” no imenso livro “Tente Explicar o Brasil” que seria impossível de ser publicado por qualquer membro da Academia Brasileira de Letras. O arrogante e destemperado ministro se tornou uma série inteira à parte.

A semana do “Tente Explicar o Brasil” também trouxe a sequência do caminho — agora livre — de um político corrupto, condenado em três tribunais com “sobra de provas” e preso. O queridinho do STF agora está, oficialmente, em campanha presidencial. Numa série de sabatinas com presidenciáveis, o Jornal Nacional, da Rede Globo, exibiu na quinta-feira um “chá das cinco” entre compadres com o ex-presidiário Luiz Inácio da Silva e os apresentadores [ou interrogadores.] William Bonner e Renata Vasconcellos. O Brasil, estupefato diante de tantas bobagens e mentiras ditas por um ladrão de dinheiro público, teve de ouvir que o “agronegócio é fascista e direitista” e que um movimento que propaga terrorismo doméstico, o MST, defendido pelo ministro do Supremo Tribunal Federal Edson Fachin, “está fazendo uma coisa extraordinária: está cuidando de produzir”

Dê uma chegadinha ali às ferramentas de busca e digite “MST/invasão/animais” e veja com os seus próprios olhos a barbárie que esses terroristas promovem em fazendas e laboratórios pelo Brasil. (Aviso: CENAS FORTES!)

A cereja do bolo do happy hourde Lulinha, Billy Bonner e Rê talvez tenha passado despercebida, já que a pérola foi dita logo no começo da rodada. A conversa de bar foi aberta por Bonner, que, ao tentar questionar, cheio de dedos, sobre os escândalos de corrupção dos governos petistas e mencionar o histórico do ex-enjaulado com a Justiça brasileira, finalizou o comentário dizendo: “O senhor não deve nada à Justiça”.

“O senhor não deve nada à Justiça.”

Repitam comigo, amigos: O – senhor – não – deve – nada – à – Justiça.

É de embrulhar o estômago.

Distopia orwelliana
Mas, calma, temos de voltar a fita. Nesta semana, iniciando a série de sabatinas do Jornal Nacional, também tivemos, de maneira bem diferente, o encontro dos apresentadores do Jornal Nacional com Jair Bolsonaro. Apesar do nosso papel e dever como jornalistas de assistir ao que muitos brasileiros preferem não ver — ainda mais se tratando de Rede Globo —, a análise do que podemos chamar de inquisição do atual presidente e do bate-papo com o ex-presidiário deve ser feita como um dever cívico por cada um de nós. Faço um convite a todos, que percam alguns minutos do dia (recomendo um antiácido antes) e testemunhem diante de seus próprios olhos o que poderia ter saído, tranquilamente, das páginas de uma distopia orwelliana.
 
Entre caras, bocas, risinhos sarcásticos e verdadeiros editoriais dos apresentadores daquele que já foi considerado o programa de notícias mais relevante do país, Renata Vasconcellos usou as seguintes palavras para questionar o atual presidente sobre algo na pandemia: “(…) Medidas socioeconômicas importantíssimas, elas foram adotadas (…) para sustentar o ‘fica em casa’ no pico da pandemia — ‘fica em casa, se puder’”. Com dedinho levantado e ênfase no “se puder.”

“Fica em casa, se puder.”

Fica – em – casa – se – puder. Amigos, amigos…

No mundo da Oceania de 1984, não há mais um senso de devido processo legal, investigação, respeito ao sistema acusatório e muito menos uma presunção de inocência até que se prove a culpa

Ou eu dormi durante dois anos e só acordei agora, ou nunca ouvi esse “se puder”. Para todos os efeitos de justiça com a Renata e seu (err) jornalismo, fiz uma boa busca na internet e não encontrei nenhum registro da expressão “fica em casa, se puder”. Encontrei dezenas e dezenas de artistas, celebridades, jornalistas inclusive a D. Renata Vasconcellos! — bradando o famigerado “Fique em casa!”, “Fique em casa!”, “Fique em casa”… quase que em um transe coletivo.

Um vídeo que viralizou durante o FIQUE EM CASA, sem o SE PUDER, Dona Renata, foi mostrado no programa Profissão Repórter, da emissora em que a senhora trabalha. 

Enquanto jornalistas podiam trabalhar acompanhando a fiscalização de prefeituras que mandavam seus agentes da Gestapo fecharem comércios e multarem quem estivesse aberto, comerciantes entravam em desespero enquanto jornazistas de várias emissoras apontavam o dedo para aqueles que ousassem, por pura necessidade, trabalhar para sustentar a família. Quando as viaturas chegavam, os repórteres que alimentavam os noticiários apresentados por jornalistas que liam os TelePrompTers com caras, bocas e expressões no melhor estilo “que horror, você saiu de casa para trabalhar!” ainda tinham a desfaçatez de culpar comerciantes, lojistas, barraqueiros, vigias… Pais de família que simplesmente “não podiam” ficar em casa imploravam para não serem multados ou presos. Nos mesmos noticiários, famílias sem ter o que comer e crianças há meses sem ir à escola eram mostradas.

Para não dar o braço a torcer para o que o presidente Jair Bolsonaro no Brasil e Donald Trump, nos EUA, alertavam de que não seria prudente trancar tudo e a economia “a gente vê depois”, Renata Vasconcellos decidiu acrescentar um “se puder” em uma frase que — nem de longe — implicava algum tipo de escolha ou opção para cidadãos do Brasil e do mundo. 
Quem não se lembra de outra colega de Renata e Bonner, a apresentadora Maju Coutinho, que, depois de dizer uma das maiores mentiras da pandemia, a de que os especialistas eram unânimes em forçar o lockdown, proferiu naturalmente, mostrando uma insensibilidade inacreditável diante de tanto sofrimento, o famoso o clichêo choro é livre”
Enquanto os mais necessitados, os mais pobres e vulneráveis iam sendo afetados de maneira cruel a cada dia de trancamento forçado, com direito a truculência policial encampada por governadores tiranos, Dona Maju, Dona Renata e toda uma turba de jacobinos globais continuavam trabalhando de estúdios com ar refrigerado ou em home offices enquanto postavam em suas redes sociais “Fique em casa”. Muitos ainda acrescentaram ao mantra “a economia a gente vê depois”.

As imagens de pânico, lágrimas e desespero por não poder trabalhar e trazer comida para casa estão espalhadas por toda a internet. Postei em meu Instagram, logo após o “se puder” global, um vídeo curto, de quatro minutos apenas, com algumas cenas para refrescar a memória da Dona Renata Vasconcellos. 
Gôndolas de supermercados foram bloqueadas, o Estado policialesco decidiu por todos muitos o que eram “itens necessários” que podiam ser comprados. A prefeitura de São Paulo soldou portas de lojas para impedir sua abertura. Trabalhadores ambulantes com carrocinhas de pipoca ou barraquinhas de frutas tiveram seus carrinhos virados por policiais, espalhando tudo no chão. Enquanto ônibus, metrôs e trens permaneciam lotados nas grandes cidades, uma mulher foi espancada e outra algemada nas praias desertas do Rio de Janeiro. Em Araraquara, interior de São Paulo, outra mulher que corria em um parque também deserto da cidade foi abordada pela polícia, recebeu voz de prisão, foi imobilizada por quatro homens e algemada. 
Um deles repetia com calma enquanto ela gritava que não conseguia respirar porque alguém estava lhe aplicando um “mata-leão”: “Não resista. Fique calma e não resista”. SE PUDER, claro.

Nesta semana, nos Estados Unidos, Anthony Fauci, o nome da pandemia na América, o deus da velha imprensa ianque, anunciou sua aposentadoria da vida pública após sua liderança na pandemia permanecer sob forte escrutínio e cheia de controvérsias. Quando o vírus chinês atingiu os Estados Unidos, Dr. Fauci rapidamente se tornou um nome familiar e seu rosto estava em todos os canais de TV 24 horas por dia, sete dias na semana. 
Suas recomendações foram tratadas como evangelho por muitos. Mas, à medida que os efeitos de longo prazo de políticas como máscaras, vacinação experimental compulsória e os efeitos do lockdown vinham à tona, os críticos e a população em geral se encheram de perguntas, e o santo Fauci não gostou de ser questionado. Coisa de ministro de corte suprema tupiniquim.

Na terça-feira dia 23, Fauci foi entrevistado por Neil Cavuto na Fox News, e o âncora da emissora fez perguntas incômodas àquele que é acusado pelos republicanos de ter colaborado com a disseminação do vírus chinês por financiar pesquisas de ganhos de função no laboratório de Wuhan. Na China. Cavuto perguntou: “Olhando para trás em algumas dessas decisões, incluindo a gravidade da própria epidemia, mas fechando praticamente toda a economia norte-americana, você se arrepende particularmente desse passo?”. Fauci, assim como Renata Vasconcellos e William Bonner, diz, como quem está numa realidade paralela — ou alguém que simplesmente quer reescrever a história — que “é preciso deixar bem claro para os telespectadores, para que eles entendam que eu (Fauci) não fechei nada e que não acredito que os lockdowns causaram danos irreparáveis a qualquer pessoa. Se voltarmos, basta ver que queríamos apenas achatar a curva naqueles 15 dias.”

Cavuto, um experiente e intelectualmente honesto jornalista, interrompe aquele que causou graves danos a futuras gerações e dispara: “Mas o senhor não acha que tudo foi longe demais? Quaisquer que tenham sido suas intenções iniciais, o senhor não acredita que tudo passou dos limites, especialmente para as crianças, que não puderam ir para as escolas, e que isso poderá trazer um dano permanente?”. O que o personagem favorito de veículos como o The New York Time e Washington Post disse? “Não acho que haverá dano permanente. Não acredito que prejudicamos alguém, e acho que, se você voltar e puxar coisas sobre mim, eu também fui uma das pessoas que disseram que tínhamos de fazer tudo o que podíamos para trazer as crianças de volta à escola. Sempre disse que era muito importante protegermos as crianças dos efeitos colaterais de mantê-las fora da escola.”

Lendo tudo isso, seu sangue ferve como o meu? O que essa gente, William, Renata, Fauci, pensa que somos? Idiotas? Burros? Que temos amnésia?

Há mais de um ano, em agosto de 2021, escrevi aqui em Oeste um artigo com o título “Ciência, ciência, silêncio”. Naquele momento, a pandemia havia sido controlada nos Estados Unidos, país que já havia vacinado mais de 165 milhões de pessoas. 
Alguns Estados com administrações republicanas, como a Flórida, por exemplo, nem sequer fecharam completamente suas escolas — mesmo em 2020 —, e os números de contágio e mortes não foram superiores aos de Estados que trancaram tudo por mais de um ano, como a Califórnia. Ali, já deveríamos estar voltando à vida normal, o próprio Fauci prometeu que seria um pouco de lockdown, achatar a curva, máscaras por um tempo e estaríamos de volta. Havia, desde outubro de 2020, um manifesto elaborado por especialistas de Harvard, Oxford e Stanford — a Declaração de Barrington — que já revelava que lockdowns totais seriam nefastos não apenas para a economia, mas para as pessoas, sua saúde física e mental; e que o correto seria segregar os mais velhos, doentes e com comorbidades. 
Mesmo com mais da metade da população vacinada, no Brasil e nos EUA, eles continuaram exigindo mais máscaras, mais trancamentos, mais ensino remoto, mais estabelecimentos, escolas, parques, bares… fechados.

“Fique em casa, seu fascista!”
Um estudo recente do Brookings Institute mostrou que as diferenças nas pontuações dos testes entre os alunos das escolas primárias de baixa e alta pobreza cresceram 20% em matemática e 15% em leitura durante as paralisações da pandemia. Muitas crianças no Brasil foram trancadas em casa com seus abusadores, sem alimentação nem ensino básico. Desde os lockdowns, o CDC documentou um aumento de 51% nas tentativas de suicídio entre adolescentes. De acordo com a UCLA, a taxa de mortes por overdose de adolescentes quase dobrou. Há outras dezenas de pesquisas do mesmo gênero espalhadas pelo mundo. Toda a tirania do “Fique em casa, seu fascista!” está amplamente documentada para que figuras como o trio Bonner, Vasconcellos e Fauci jamais tenha a possibilidade de tentar editar o que fizeram, o que falaram, o que apoiaram e o monstro que alimentaram que devorou os mais vulneráveis. As cidades pareciam cidades fantasmas. Jamais esquecerei a entrevista que o prefeito de Aparecida concedeu ao programa Os Pingos nos Is. Com lágrimas nos olhos, Luiz Carlos Siqueira pedia doações de alimentos, agradecia a ajuda do governo federal e relatava que não conseguia retorno da gestão do governador de São Paulo e que a população estava faminta, sem dinheiro, sem trabalho e sem esperanças com o lockdown imposto pelo governador João Doria.

Distorções e mentiras são estratégias protagonistas no famoso 1984, romance de George Orwell. As palavras de Orwell, publicadas em 1949, aumentaram em popularidade nos últimos anos não apenas porque as sociedades modernas estão se tornando cada vez mais parecidas com o que foi descrito na obra fictícia do autor, seja na vigilância em massa seja na guerra cultural perpétua. O romance de Orwell é presciente de várias maneiras, e o livro costura os sintomas da atual sociedade com um tipo de totalitarismo — pregado de forma sistemática por Alexandre de Moraes. Chega a ser assustador ler sobre o Ministério da Verdade da distopia de Orwell, escrita há mais de 70 anos, como se ela profetizasse os atuais tempos. No mundo da Oceania de 1984, não há mais um senso de devido processo legal, investigação, respeito ao sistema acusatório e muito menos uma presunção de inocência até que se prove a culpa. Em vez disso, a ideologia arregimentada — a supremacia do poder do Estado para controlar todos os aspectos da vida de alguém para impor uma ideia fossilizada de qualidade obrigatória — distorce tudo, desde o uso da linguagem até a vida privada.

É também do mundo irreal criado por Orwell que personagens da vida real tiram as distorções e as falácias de quem errou feio e agora tenta editar a história. No livro, mais atual do que nunca, a passagem seguinte chega a ser assustadoramente similar com a atualidade: “Todos os registros foram destruídos ou falsificados, todos os livros reescritos, todos os quadros foram repintados, todas as estátuas e prédios de rua foram renomeados, todas as datas foram alteradas. E o processo continua dia a dia e minuto a minuto. A história parou. Nada existe a não ser um presente sem fim no qual o Partido tem sempre razão. Quem controla o passado controla o futuro; quem controla o presente controla o passado”.

A diferença entre a Oceania, o Brasil ou os Estados Unidos é que agora temos uma coisinha incômoda que Orwell não imaginou. A internet. Para aqueles que tentam — e tentarão, sempre —, seja em debates seja no noticiário, reescrever a história, será um pouco mais complicado realizar essas edições.

Para William Bonner: Lula não está limpo e não está em dia com a justiça. Ele não passa de um descondenado por manobras ativistas, mas jamais foi inocentado. Para Renata Vasconcellos: nunca houve “SE PUDER”, Renata. Nunca. E vocês não reescreverão a história.

Leia também “Temporada de caça às bruxas”

 

Ana Paula Henkel, colunista - Revista Oeste