Em Crise:Por sobrevivência, clã Sarney se aproxima do bolsonarismo
Desde 2018, o atual presidente, Dias Toffoli, ficou marcado por abrir seu gabinete para políticos com mandato eletivo. Foi possível vê-lo ao lado de senadores debatendo a prisão após condenação em segunda instância ou, até mesmo, recebendo deputados para falar de questões específicas envolvendo servidores públicos de Rondônia, Roraima e Amapá. A interlocutores, Fux tem dito que pretende manter canal apenas com os presidentes de Poderes e algumas lideranças partidárias.
Não se repetirão, ele afirma a quem lhe pergunta, cenas como a ida, em maio, do presidente Jair Bolsonaro ladeado por empresários para pressionar o Supremo a reduzir as medidas que restringiram a circulação de pessoas durante a pandemia.

Fux também é contrário ao pacto entre os três Poderes, iniciativa mobilizada por Toffoli no início do governo Bolsonaro. O movimento acabou sendo deixado de lado após o crescimento do atrito entre Planalto, STF e Congresso, mas não há qualquer intenção do ministro de retomar a agenda. São muitos os casos de interesse do governo que passarão pela Corte, avalia Fux. Na última sexta-feira, por exemplo, o ministro Gilmar Mendes deliberou sobre um assunto que preocupa o Planalto, e decidiu pela prisão domiciliar de Fabrício Queiroz, ex-assessor parlamentar do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) na Alerj.

Outros assuntos que interessam ao meio político são o foro privilegiado e o cumprimento de medidas cautelares em gabinetes de parlamentares por investigações envolvendo fatos anteriores ao mandato, por vezes determinadas por instâncias inferiores da Justiça. Nas últimas semanas, o senador José Serra (PSDB-SP) e o deputado Paulinho da Força (SDD-SP) foram alvos de busca e apreensão e questionaram a legalidade das apurações no Judiciário. Apenas José Serra conseguiu derrubar as ações.

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Redes sociais

O ministro tem dito pretender melhorar a comunicação do tribunal com a sociedade. Fux chegou a cogitar usar o modelo de porta-voz, como Bolsonaro fez no ano passado com o general Otávio do Rêgo Barros. A ideia, contudo, foi descartada. Outra possibilidade no horizonte é a de trabalhar um perfil no Twitter. Hoje, apenas três dos 11 ministros do STF se comunicam por redes sociais — Gilmar Mendes, Alexandre de Moraes e Luis Roberto Barroso. Mesmo assim, o alcance do trio ainda é baixo. Somados, chegam a cerca de 700 mil seguidores no Twitter. Bolsonaro, sozinho, tem 6,6 milhões.

O futuro presidente do STF quer priorizar pautas econômicas, mas também apresentar temas polêmicos ao plenário da Corte. Um deles envolve a ortotanásia (não prolongamento artificial do processo natural da morte). Ao contrário da eutanásia, proibida no Brasil, a prática é autorizada, mas algumas vezes contestada em tribunais. O ministro sabe que o tema pode sofrer resistência de alas bolsonaristas ávidas por uma agenda de costumes, mas está disposto a colocar o assunto em pauta no segundo semestre.

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Em Brasil - O Globo, MATÉRIA COMPLETA