Cristina Serra - Folha de S. Paulo
Os donos do dinheiro grosso seguem firmes com Paulo Guedes, e a oposição continua fazendo política com o fígado
Reportagem
de Monica Gugliano,
na revista Piauí, reconstitui em detalhes uma reunião no
dia 22 de maio, no Palácio do Planalto, entre o capitão-presidente, seus
generais de pijama e alguns ministros civis. A reunião era, na verdade, uma
conspiração contra a democracia. “Vou intervir!”, esbravejou Bolsonaro.
O presidente
queria destituir os 11 ministros do STF e substituí-los por dóceis lambe-botas
para pôr a casa “em ordem”. Tudo isso porque o ministro Celso de
Mello tomara medida de praxe em investigação relacionada ao presidente. Os
conspiradores chegaram a discutir como dar uma fachada de legalidade ao
autogolpe.
O
desatino não encontrou ressonância entre militares da ativa, que tem o comando
das tropas. Evitou-se o insano propósito com uma “nota à nação brasileira”,
assinada pelo general do GSI, Augusto Heleno, que, no entanto, ameaçou o
Supremo com “consequências imprevisíveis” se houvesse “afronta” à autoridade
presidencial.
Que reunião de tal
teor tenha ocorrido e que não se veja reação ou providências das instituições
para punir os sabotadores da República mostra a profundidade do abismo em que
estamos metidos. À época do conluio sinistro, o Brasil chorava mais de 20 mil
mortos pela pandemia, e Bolsonaro reagia com indiferença. “E daí?”
Daí
que o presidente da Câmara, Rodrigo Maia,
afirmou, há uma semana, não ter “elementos” para abrir um processo de
impeachment. Os donos do dinheiro grosso seguem firmes com Paulo Guedes e a
oposição continua fazendo política com o fígado. E assim todos vão se acomodando
à “nova ordem”. [o principal freio no deputado Maia é que o presidente Bolsonaro NÃO COMETEU crime de nenhuma natureza e os adeptos do 'quanto pior, melhor' NÃO possuem os 342 votos na Câmara - número mínimo dos votos contra o presidente - para o pedido de impeachment começar a tramitar.
Com 341 deputados presentes sequer se começa a sessão.]
Bolsonaro
sempre mostrou quem é. Em 2017, afirmou: “Sou
capitão do Exército, a minha especialidade é matar, não é curar ninguém”.
A ditadura deixou 434 mortos e desaparecidos e milhares de torturados. Na
democracia, os generais a serviço do colecionador de mortalhas tornaram-se
sócios no massacre das 100 mil vidas imoladas, até aqui.
[até as pedras sabem que qualquer Exército do mundo, recebe treinamento para matar.]
Cristina Serra - Folha/UOL
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Um presidente fora da lei
Bolsonaro, outra vez sem máscara
Não basta ao presidente Jair Bolsonaro desrespeitar leis. De tanto
fazê-lo, as pessoas parecem que deixaram de ligar para isso. E muitas até o
imitam. Afinal, se ele procede assim impunemente, por que elas não? E daí? Vida
que segue.
Agora, é o próprio Bolsonaro que posta vídeos em suas contas nas redes
sociais onde se exibe violando leis mais uma vez. A última dele foi mostrar-se,
ontem à noite, em uma via pública de Brasília comendo churrasquinho comprado a
um vendedor ambulante.
Sem máscara, novamente. E cercado por apoiadores que se aglomeraram para
tirar fotos. Tal comportamento contraria decreto em vigor no Distrito Federal
que obriga o uso de máscaras em todos os espaços públicos, sob pena de multa de
R$ 2 mil.
Em junho último, Bolsonaro já fora advertido a respeito pelo juiz
federal Renato Borelli, da 9ª Vara Cível do Distrito Federal: “O presidente
possui obrigação constitucional de observar as leis, bem como de promover o bem
geral da população”.
[atualizando: em 30 de junho decisão da desembargadora Daniele Maranhão Costa, do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1), derrubou a liminar que determinava ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido) o uso de máscaras em locais públicos do Distrito Federal. ]
Bolsonaro ignorou a advertência. E, além do vídeo, escreveu que no
Brasil são 38 milhões de trabalhadores informais. “Volta ao trabalho, o melhor
remédio”, aconselhou no dia em que o país registrou mais 721 mortes e 20.730
novos casos do Covid-19.
Blog do Noblat - Ricardo Noblat, jornalista - Revista VEJA
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