80% dos beneficiários do Bolsa-Família passaram a ganhar 1.200 por mês, se isso fosse comunicação ele teria vencido
[aceitem ou não, o presidente Bolsonaro está recuperando, com lucro, sua popularidade.
É conveniente que os mais inconformados procurem ajuda especializada, para suportarem um segundo mandato do capitão.]
A resposta é não. O aumento da popularidade de Bolsonaro fez com que muita gente passasse a afirmar que ele venceu a batalha da comunicação, que a narrativa vitoriosa sobre a pandemia e suas mortes Esta afirmação tem um pressuposto: as pessoas são pólos passivos da comunicação, elas são ingênuas e manipuláveis e aquele que se comunicar melhor com elas irá lhes persuadir. Neste caso, Bolsonaro as persuadiu em avaliar melhor o seu governo e a oposição foi incapaz de fazer o oposto.Melhor do que partir de pressupostos é avaliar as evidências empíricas que têm impacto na mudança de opinião. É comum que fatos políticos tenham impacto na opinião das pessoas, alguns exemplos são os grandes escândalos de corrupção como foi o caso do Mensalão no Governo Lula, várias modalidades de crise econômica como o aumento da inflação ou do desemprego que ocorreu no Governo Dilma, e também o racionamento de energia que aconteceu no Governo Fernando Henrique. A pandemia foi um fato político que teve sim impacto na avaliação de Bolsonaro, a recém publicada pesquisa do Datafolha revela que a avaliação de seu governo piorou muito dentre as pessoas com renda e escolaridade mais elevada.
A pandemia, contudo, tem diversas facetas. Se por um lado o descaso do presidente com a saúde da população escandalizou os mais escolarizados, por outro o auxílio emergencial agradou os mais pobres, a mesma pesquisa revela isso. Segundo Marcelo Neri, 80% dos que recebem o Bolsa-Família passaram a ganhar 1.200 reais por mês. Supondo-se que 13 milhões de famílias recebam o benefício, temos que 10,5 milhões saíram de uma renda média de 190 para 1.200, um salto financeiro sem precedentes na vida recente.
Imaginando-se que haja quatro pessoas em cada família nuclear, além dos agregados que saberão desta melhoria de renda, tem-se que mais de 40 milhões de pessoas estão sendo beneficiadas por esse aumento de renda. Se isso fosse comunicação, então Bolsonaro teria vencido a batalha, mas não é.
O auxílio emergencial custa 50 bilhões por mês, o Bolsa-Família 30 bilhões por ano. O Brasil começou o ano, antes da pandemia, portanto, com uma previsão de déficit da ordem de 2% do PIB e agora estamos entre 10 e 12%. Dinheiro não nasce em árvore.
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Alberto Carlos Almeida - Em VEJA - MATÉRIA COMPLETA
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