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domingo, 16 de agosto de 2020

Nome aos bois – Editorial - Folha de S. Paulo

Para 49%, Brasil não fez o preciso na pandemia; 47%, não veem culpa de Bolsonaro

Para 43% dos eleitores, o presidente Jair Bolsonaro teve desempenho ruim ou péssimo na gestão da pandemia de Covid-19, segundo a mais recente pesquisa Datafolha. Entretanto nem tal juízo nem as atitudes e palavras do presidente durante a calamidade levam a maioria dos brasileiros a atribuir a ele a responsabilidade pela tragédia. Conforme a sondagem, 47% consideram que o mandatário não tem culpa nenhuma pelo espalhamento da doença, que já havia resultado em quase 104 mil mortes no período das entrevistas. Outros 41% avaliam que ele é um dos culpados, mas não o principal; apenas 11% o apontam como o maior culpado. [Faltou perguntar se o Poder Judiciário teve alguma responsabilidade?
Faltou perguntar se o Poder Legislativo praticou algum ato, ou se omitiu, que possa implicar em responsabilidade?
- faltou questionar se o MP, por ação ou omissão, teve alguma responsabilidade? 

 Pedimos permissão para sugerir que na próxima pesquisa,  pergunta cuidando de possível responsabilidade expressa do presidente Bolsonaro, seja apresentada também pergunta(s)  questionando se o Poder Legislativo e/ou o Poder Judiciário tiveram alguma responsabilidade no mesmo 'insucesso'?
A pesquisa nos parece impecável, mas padecendo do equívoco de questionar apenas se o Poder Executivo teve responsabilidade - uma outra pergunta questiona se os governadores tiveram responsabilidade.
Para apresentar absoluta e necessária imparcialidade a mesma pergunta deveria ter sido efetuada no tocante ao Poder Judiciário e repetida ao Poder Legislativo - sabemos que por ação ou omissão, os dois Poderes podem ter sido responsáveis, até em maior grau  que o Poder Executivo.]

A opinião dos brasileiros quanto à conduta do presidente na crise melhorou desde junho, quando a reprovação atingia 49%. Parece plausível que a reabertura de atividades e a relativa melhora da economia —que chegou ao fundo do poço em abril— tenham influenciado o humor nacional. Ainda assim, cabe ponderar os números. A benevolência com as autoridades se estende aos governadores, que para 55% não são responsáveis pelo avanço do novo coronavírus.

Apesar disso, a maior parcela (49%) entende que o país não fez o necessário para evitar a escalada de mortes, enquanto só 22% adotam uma posição mais fatalista segundo a qual nada poderia ser feito para conter a Covid-19. Dar nome aos bois que não fizeram o necessário, porém, parece mais difícil. Note-se também que a avaliação positiva de Bolsonaro é muito mais comum entre aqueles que menos adotam o distanciamento social, menos medo têm da doença e menos propensos estão a se vacinar.

Ainda mais relevantes, a confiança na sua palavra e a boa opinião sobre seu governo estão muito associadas à inclinação de não responsabilizá-lo. Entre os que sempre confiam no que diz o presidente, 86% consideram que ele não tem culpa nenhuma pelas mortes. O juízo, portanto, aparenta ser enviesado por inclinações políticas. Não será difícil apontar objetivamente erros e omissões do governo federal no combate à pandemia, além de demonstrações pessoais da incúria de Bolsonaro.[vale lembrar que em eventual Nuremberg tupiniquim, as acusações terão que ter respaldo em provas.] 

Sem estratégia nacional definida, o mandatário lavou as mãos e se disse tolhido por uma decisão do Supremo Tribunal Federal. Trata-se de uma inverdade: a corte tão somente reconheceu a autonomia de estados e municípios na adoção de medidas sanitárias. Não satisfeito, Bolsonaro demitiu dois ministros da Saúde e mantém um interino, sabotou os esforços de governadores e prefeitos, disseminou mentiras e desinformação sobre a doença e seu tratamento. Ele próprio infectado, recuperou-se —felizmente— da doença e sobrevive ao impacto político da mortandade, cujos números ainda não mostram desaceleração. [a posição fatalista de que nada poderia ser feito, tem respaldo, ainda que parcial, no fato de que qualquer análise da mortandade realizada com e isenção, deixa claro a ocorrência importante da imunidade de rebanho.]

Editorial -  Folha de S. Paulo


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