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terça-feira, 27 de setembro de 2022

Putin pode anexar territórios da Ucrânia na sexta-feira, diz relatório

Os referendos da Rússia na Ucrânia, que podem levar Moscou a anexar 15% do território do país, devem terminar nesta terça-feira

Um relatório da inteligência britânica alertou que, após a conclusão das votações em referendos na Ucrânia para a adesão à Rússia nesta terça-feira, 27, o presidente russo, Vladimir Putin, pode anunciar a anexação de regiões ucranianas ainda na sexta-feira, 30. O líder do Kremlin vai fazer um discurso nas duas casas do parlamento na sexta, quando deve anunciar a medida.

“Há uma possibilidade realista de que Putin use seu discurso para anunciar formalmente a adesão das regiões ocupadas da Ucrânia à Federação Russa. Os referendos atualmente em andamento nesses territórios estão programados para terminar em 27 de setembro”, disse uma avaliação do Ministério da Defesa do Reino Unido.

“Os líderes da Rússia quase certamente esperam que qualquer anúncio de adesão seja visto como uma justificativa da ‘operação militar especial’ e consolide o apoio patriótico ao conflito”, acrescentou.

Os referendos da Rússia na Ucrânia, que podem levar Moscou a anexar 15% do território do país, devem terminar nesta terça-feira. A votação nas províncias orientais de Luhansk, Donetsk, Kherson e Zaporizhzhia começou na sexta-feira 23 e foi considerada uma farsa pelas nações ocidentais, que se comprometeram a não reconhecer os resultados.

A mídia russa anunciou na segunda-feira 26 que as votações nesses quatro territórios ocupados da Ucrânia são “válidas”, alegando que a participação já passou de 50%. Analistas consideraram essas alegações de participação como “flagrantemente falsificadas”.

A agência de notícias russa Tass relatou que duas das assembleias de voto usadas nos referendos na parte ocupada de Luhansk, que compõe a região de Donbas com Donetsk, foram transferidas para locais de reserva após “ameaças”.

Mundo - Revista VEJA

 

quinta-feira, 18 de agosto de 2022

Alexandre de Moraes toma posse no TSE: talvez seja tudo exagero. Mas não é - VOZES

Paulo Polzonoff Jr.
 
Estava aqui pensando na felicidade algo histérica com que a esquerda e uns liberais ma non troppo acompanharam a posse de Alexandre de Moraes, El Grande Xerife de la Democracia, no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). 
Até escorreu uma lágrima. De raiva, mas ainda assim.
Por conta da Coroação, houve quem se prestasse ao papel de sommelier de aplauso, analisando a duração, o tom, o ritmo, o entusiasmo daqueles que ficaram com as mãos vermelhas de tanto prestar mesuras sonoras ao czar eleitoral. [um dos terrores causados por Saddam Hussein era nas reuniões do gabinetes,  em que mais de duas palavras, pronunciadas por Saddam, produziam calorosos, e demorados aplausos. 
As razões da demora era que qualquer um dos aplaudidores tinha medo de ser o primeiro a parar de aplaudir - demonstrava desrespeito ao tirano e a punição era IMPLACÁVEL - e medo de ser o último (poderia ser interpretado como deboche, com punição IMPLACÁVEL.]
 
A posse de Alexandre de Moraes no TSE foi marcada por elogios rasgados e aplausos entusiasmados. Mas o que ela prenuncia, afinal?| Foto: Antonio Augusto/Secom/TSE

Por coincidência, ao mesmo tempo em que uma jornalista exaltava a genialiade de Alexandre de Moraes e outro alguém se dizia com as esperanças democráticas renovadas (o que quer que signifique isso), apareceu em minha timeline uma frase atribuída a Simone Weil: “o futuro é feito da mesma matéria do presente”. Imediatamente pensei que, por lógica, o presente deve ser feito da mesma matéria que o passado. Isto é, de amor divino, mas também de homens falhos, de sofrimento e de soberba que sempre acompanha os tolos. Daí a começar a sentir o friozinho imaginário daquela Moscou de outubro de 1917 foi um pulo.

E não diga (ainda!) que é exagero. Talvez seja preguiça, mas não exagero. Afinal, poderia ter me esforçado um pouco mais, botado mais combustível na máquina do tempo e ido para a Paris de 1789. 
Mas calhou de ser Moscou e, sinceramente, estou levantando as mãos para o céu. Imagina se os neurônios resolvem se amotinar e me jogam na Pequim de 1949 ou na Havana de 1959! 
Tanto melhor que tenha sido num lugar onde, se eu deixar o cavanhaque crescer, posso ser até confundido com Lênin.

Por falar em Lênin, olha ele ali sobre o caixote, discursando para os camaradas. Ele fala em transformar o mundo, em proteger os pobres, em tornar a Rússia um lugar próspero e pacífico. É tudo mentira, mas quem liga?

(...)

Какое преувеличение!

Aplaudia e bajulava e chamava de “gênio” não só Lênin, mas também Trotsky, Stalin e vários outros líderes do segundo e terceiro escalão, todos com as mãos sujas de sangue. Rebeldes anônimos, burocratas com as facas nos dentes, cujas biografias marcadas pela nada espetaculosa perversidade cotidiana felizmente não chegou até nós. Também no глобус e na Лист de S. Павел da época havia defensores da liberdade e anticzaristas psicóticos que tinham certeza de que estavam “do lado certo da história”. E aqui talvez seja uma boa hora de explicar ao leitor que o lado certo e o lado vencedor da história nem sempre coincidem.

O que aconteceu com essa elite num primeiro momento apaixonada pelo humanismo puríssimo” da Revolução a gente sabe
Os que perceberam o erro a tempo deram um jeito de fugir. 
Os que insistiram no erro “só para ver no que vai dar” hoje jazem ao longo da ferrovia Transiberiana ou em covas coletivas abertas em lugares como Nazino
 
(...)
 
O cinema e a televisão carcomeram e pasteurizaram nosso imaginário, por isso muita gente só consegue conceber vilões absolutos ou revoluções comandadas por loucos de pedra dando aquela gargalhada espalhafatosa para a câmera. A realidade, infelizmente, é bem diferente disso. Não são raros os vilões que falam em democracia e até em amor cristão para justificar seus atos mais vis
E o mais louco à frente da Revolução sempre espera o dia seguinte à vitória para se livrar de quaisquer amarras morais que por ventura lhe restem.
 
O que vi na posse de Alexandre de Moraes no TSE foi um homem com um propósito, cercado por fãs cujos olhos brilham com essa fé macabra. Poucas coisas nesta vida me botam mais medo. 
Mas tomara que você e você e você (sim, você aí no fundo!) tenham razão e que tudo não passe de um (mais um) exagero de um cronista sem vergonha de se assumir como hiperbólico, hiperbolicíssimo.

domingo, 7 de agosto de 2022

Crise com a China - Como a visita de Nancy Pelosi a Taiwan prejudicou interesses dos EUA e da Ucrânia - Gazeta do Povo

Vozes - Jogos de Guerra

A visita a Taiwan da presidente da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos, Nancy Pelosi, enviou uma mensagem anti-imperialista à China. Porém, prejudicou interesses de Washington e de Kiev na guerra na Ucrânia. Isso porque o desafio à China tem potencial para aproximar diplomaticamente ainda mais Pequim e Moscou.

“Por ora, a China está avaliando e tem, sim, neutralidade. Eu serei honesto: essa neutralidade é melhor do que a China se juntar à Rússia.” A afirmação é do presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky. Ela chamou a atenção na quarta-feira (3) por destoar do usual tom combativo do líder da Ucrânia. Parece refletir a preocupação com as possíveis consequências do apoio de Pelosi a Taiwan.

A congressista americana Pelosi esteve na ilha de Taiwan nesta semana, entre terça (2) e quarta-feira. Ela se encontrou com a presidente Tsai Ing-wen em Taipei. A visita enfureceu o governo chinês, que entendeu a ação como uma ingerência americana em assuntos internos do país. O governo de Xi Jinping tem entre seus principais objetivos políticos retomar o controle sobre a ilha - que tem um governo democrático autônomo, mas não é reconhecida como independente pela maior parte da comunidade internacional.

Principalmente para dar uma resposta ao público interno, Pequim realizou exercícios militares próximo a Taiwan em uma escala sem precedentes. Ao menos um míssil teria cruzado a ilha e caído no mar. 
Os disparos afetaram ainda a área marítima da zona econômica exclusiva do Japão. 
Participaram das manobras militares ao menos cem aviões e dez navios de guerra.

Na Rússia, a visita de Pelosi a Taiwan foi classificada como uma “provocação” americana contra a China, segundo a porta-voz da chancelaria, Maria Zakharova. Ela afirmou que Moscou apoia o princípio de “uma China” e se opõe a qualquer forma de independência de Taiwan. O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, disse que os russos expressam “solidariedade absoluta” com a China em relação à ação de Pelosi.

Em 4 de fevereiro, pouco antes do início da invasão russa à Ucrânia, o presidente russo Vladimir Putin e o líder chinês, Xi Jinping, haviam anunciado durante a Olimpíada de Inverno de Pequim uma “parceria sem limites” - na qual declaravam apoio mútuo em relação às questões da Ucrânia e de Taiwan. Em uma declaração conjunta, os países discorreram, entre outros temas, sobre multipolaridade e redistribuição de poder no mundo.

A declaração foi interpretada por analistas ocidentais como uma espécie de pacto de não agressão, que teria potencial para levar a um realinhamento da ordem mundial - o que poderia gerar um novo tipo de Guerra Fria.  Após a invasão russa na Ucrânia, a China se disse neutra e evitou participar de movimentos diplomáticos arquitetados pelo Ocidente para condenar o ataque de Moscou nas Nações Unidas.

Mas, enquanto os Estados Unidos e seus aliados tentavam isolar a economia da Rússia por meio de sanções, os chineses aumentavam suas compras de energia russa. Um dos principais objetivos do Ocidente é diminuir a renda de Moscou com a exportação de petróleo para assim enfraquecer o país e diminuir sua capacidade de guerrear.

Em maio, as importações chinesas de petróleo russo subiram 55% em relação ao mesmo período do ano anterior, segundo a rede britânica BBC. Por causa disso, a Rússia desbancou a Arábia Saudita como maior fornecedora de petróleo para a China. No mesmo mês, as exportações de produtos chineses para a Rússia cresceram 14% - fruto de substituições de importações ocidentais feitas pelo Kremlin.

Além disso, está sendo construído um novo gasoduto para ligar os dois países e assim aumentar em 10 bilhões de metros cúbicos por ano as exportações russas para os chineses. Ele deve ficar pronto em dois ou três anos. Um dos maiores temores dos ucranianos era que a China passasse a fornecer equipamentos militares para a Rússia. Porém, isso não tem ocorrido devido à pressão americana.

Da mesma forma, os Estados Unidos vêm intimidando empresas de tecnologia para evitar exportações para a Rússia. Segundo o departamento de comércio americano, as exportações globais de semicondutores para a Rússia caíram 90% desde o início da guerra. Eles são essenciais para a indústria armamentista russa, que depende de chips para fazer armas.

Por outro lado, não parece possível que Washington e seus aliados tenham capacidade de tentar punir Pequim com isolamento econômico. Alguns analistas dizem que a economia chinesa pode suplantar a americana na próxima década. Assim, a parceria entre Rússia e China parece ser, por ora, um “casamento de conveniência”, movido principalmente pelo antagonismo comum em relação aos Estados Unidos.

O que o Ocidente e Zelensky parecem tentar evitar é o aprofundamento dessa parceria. Por isso, o presidente ucraniano baixou o tom e tenta costurar um encontro com Xi Jinping. “A visita de Nancy Pelosi a Taiwan foi ruim para os interesses americanos na Ucrânia. Os Estados Unidos querem isolar a Rússia, mas acabaram dando motivo para os chineses se aproximarem mais dos russos”, disse o coronel da reserva Paulo Roberto da Silva Gomes Filho, mestre em estudos de defesa e estratégia pela Universidade Nacional de Defesa da República Popular da China.

Não se sabe ao certo se a ação de Pelosi, parlamentar conhecida por seu ativismo em relação a Taiwan, foi fruto de sua iniciativa individual ou se foi uma ação orquestrada com o governo democrata de Joe Biden. A visita acabou sendo criticada por membros do Partido Democrata e elogiada por integrantes do Partido Republicano.

Além das manobras militares na região de Taiwan, a visita já está causando deterioração nas relações diplomáticas entre Pequim e Washington. Na sexta-feira (5), a China anunciou paralisações na cooperação entre os dois países nas áreas militar, de combate à mudança climática, imigração e esforços para controlar o tráfico de drogas global.

A possibilidade da China invadir Taiwan ou eventualmente entrar em guerra com os Estados Unidos é considerada remota por analistas. Para invadir a ilha, Pequim teria que fazer uma operação de desembarque anfíbio, considerada extremamente complexa e dispendiosa. Além disso, um ataque direto a cidadãos que partilham com a China as mesmas raízes poderia ser considerado fratricídio - e assim ter um forte impacto negativo na popularidade de Xi Jinping.

Mas não se sabe ainda até que ponto a deterioração das relações diplomáticas entre americanos e chineses gerará maior impacto na guerra da Ucrânia - ou se desencadeará maior suporte econômico chinês aos russos.

Últimas notícias do campo de batalha
Na última semana, a coluna Jogos de Guerra analisou as possíveis consequências políticas de uma contraofensiva ucraniana no sul do país. Ao longo dos últimos dias, combatentes ucranianos no campo de batalha disseram a este colunista ter recebido informações de que a Rússia está enviando entre 20 e 30 mil soldados para tentar conter o contra-ataque na região ocupada de Kherson. A Rússia confirmou o envio de reforços, mas não fornece números.

A troca de fogo de artilharia entre russos e ucranianos no território entre Mykolaiv e Kherson tem sido intensa. Esse é hoje o principal campo de batalha da guerra. Mas não surgiram notícias de avanços significativos da Ucrânia em direção a Kherson.

Em Zaporizhzhia, ucranianos vêm acusando a Rússia de usar a usina nuclear de Enerhodar como um escudo. Moscou teria posicionado diversas peças de artilharia entre os seis reatores nucleares e disparado contra regiões vizinhas defendidas pelo exército ucraniano. O exército de Kyiv não pode revidar para não causar uma catástrofe nuclear.

Na frente informacional, Rússia e Ucrânia debatem quem é o responsável por uma explosão no campo de prisioneiros de guerra de Yelenovka, em Donetsk. No dia 29 de julho, uma detonação matou 53 combatentes ucranianos que eram mantidos detidos no local e deixou dezenas de feridos. Eles eram integrantes do Batalhão Azov que haviam se rendido no cerco à cidade de Mariupol.

A Rússia acusou a Ucrânia de ter causado a explosão ao disparar um foguete Himars contra a prisão de forma acidental.

A Ucrânia diz que está investigando o caso, mas não há por ora processo investigatório independente.

Luis Kawaguti, colunista - Gazeta do Povo - Jogos de Guerra - Vozes


quinta-feira, 21 de julho de 2022

Rússia quer ir além do domínio da região de Donbass

Moscou já mira conquistar outros territórios na Ucrânia

A Rússia informou, nesta quarta-feira, 20, que os objetivos militares na Ucrânia vão além do domínio da região leste de Donbass. Segundo o ministro das Relações Exteriores, Sergei Lavrov, as realidades geográficas no país invadido mudaram. Isso ocorreu desde que os russos e os ucranianos realizaram a última rodada de negociações de paz, no fim de março.

Naquela época, Lavrov disse que o foco estava nas Repúblicas Populares de Donetsk e Luhansk, autodenominadas entidades separatistas no leste da Ucrânia, das quais a Rússia pretende expulsar as forças do governo ucraniano. “Agora a geografia é diferente, está longe de ser apenas Donetsk e Luhansk, também são as regiões de Kherson e Zaporizhzhia e vários outros territórios”, disse ele, em entrevista à agência de notícias estatal RIA Novosti, referindo-se a territórios muito além de Donbas que as forças russas conquistaram total ou parcialmente.

“Esse processo continua lógica e persistentemente”, observou o ministro, acrescentando que a Rússia pode precisar se aprofundar ainda mais. “Se o Ocidente, por raiva impotente”, continua fornecendo à Ucrânia armas de longo alcance, “isso significa que as tarefas geográficas se estenderão ainda mais longe da linha atual”, disse Lavrov.

“A Rússia não pode permitir que o presidente ucraniano ou quem o substitua” ameacem seu território ou as regiões de Donetsk e Luhansk com os sistemas de longo alcance”, alertou o ministro, referindo-se casualmente, e sem qualquer evidência, à possibilidade de que o líder ucraniano, Volodymyr Zelensky, pode não permanecer no poder.


sábado, 25 de junho de 2022

Ucrânia denuncia bombardeio 'maciço' de Belarus com mísseis russos

O ataque ocorre antes da reunião deste sábado entre o presidente russo Vladimir Putin e seu homólogo bielorrusso, Alexander Lukashenko, em São Petersburgo

A Ucrânia afirmou neste sábado (25/6) que um "bombardeio maciço" com mísseis russos atingiu o seu território e que foi lançado a partir de Belarus, aliada do Kremlin que, apesar de prestar apoio logístico a Moscou, não está oficialmente envolvida no conflito, que entrou no seu quinto mês.

"Um bombardeio maciço de mísseis atingiu a região de Chernihiv", disse o Comando Norte das tropas ucranianas. "Vinte foguetes atingiram a cidade de Desna, lançados do território bielorrusso [e também] do ar", afirmou, acrescentando que os ataques atingiram a infraestrutura, mas não deixaram vítimas. [alguém precisa alertar ao bravo povo ucraniano que quando o ex-comediante cogitou de arranjar uma guerra contra a Rússia contava que seus aliados ocidentais - aliados de palanque - irão combater pelos ucranianos enquanto  os 'aliados' estavam dispostos aos discursos e as sanções econômicas contra a Rússia - aqueles totalmente inúteis e as sanções demoram para apresentar resultados que são de pouca valia.

A guerra é de verdade e em guerras as pistolas raramente são usadas, as armas usuais são foguetes, mísseis, artilharia pesada. Infelizmente essa guerra vai demorar demais, os fabricantes de armas vendendo mais para os países ocidentais, esses repassando as armas para os ucranianos (as forças ocidentais não entrarão na guerra, o risco nuclear é elevado)  que, lamentavelmente, continuarão morrendo nas ações de batalha e os russos com o poder de decisão sobre o ritmo da guerra - só a saída de Zelenski pode dar oportunidade para uma negociação de paz séria do que a Ucrânia entrega o que a Rússia quer e voltará a viver em PAZ.]

Apesar de não estar envolvida no conflito com a Ucrânia, Belarus forneceu apoio logístico às tropas de Moscou, especialmente nas primeiras semanas da ofensiva russa, que começou em 24 de fevereiro. "O bombardeio de hoje está diretamente relacionado aos esforços do Kremlin para atrair Belarus para a guerra na Ucrânia como co-beligerante", disse a direção-geral dos serviços de inteligência ucranianos, sob o Ministério da Defesa, no Telegram.

O ataque ocorre antes da reunião deste sábado entre o presidente russo Vladimir Putin e seu homólogo bielorrusso, Alexander Lukashenko, em São Petersburgo.  Os aliados ocidentais da Ucrânia, por outro lado, se reunirão a partir de domingo em uma cúpula do G7 - as maiores economias do mundo - na Alemanha. Diante de um conflito que corre o risco de se prolongar no tempo, os membros da Otan, da qual a Ucrânia não faz parte, se reunirão em Madri na próxima semana.

Severodonetsk e Lysychansk
Durante essas reuniões, os países ocidentais farão um balanço da eficácia das sanções impostas à Rússia e a Belarus e estudarão uma possível nova ajuda à Ucrânia. Neste sábado, o governo espanhol anunciou um novo plano de ajudas diretas à Ucrânia de 9 bilhões de euros. O presidente do Governo, Pedro Sánchez, afirmou em coletiva de imprensa que, somadas a um primeiro pacote de medidas de 6 bilhões de euros aprovado em março, essas ajudas diretas representariam, até o final do ano, cerca de 15 bilhões de euros, "mais de um ponto do Produto Interno Bruto (PIB)".

Kiev insiste que precisa de mais armas para neutralizar o avanço das tropas russas e "estabilizar" a situação no Donbass, no leste, onde estão ocorrendo intensos combates. Isso "nos permitirá estabilizar a situação na região mais ameaçada de Luhansk", disse o comandante-chefe das Forças Armadas da Ucrânia, Valeriy Zaluzhnyi, na sexta-feira.

A situação é especialmente difícil na cidade industrial de Severodonetsk, bombardeada por Moscou durante semanas e onde as tropas ucranianas receberam ordens para se retirar na sexta-feira. "(...) 90% da cidade está danificada, 80% das casas terão que ser demolidas", disse o governador da região de Luhansk, onde está localizada a cidade.

As forças de Moscou também estão concentrando sua ofensiva na vizinha Lysychansk, que está quase cercada. A situação é sombria para os habitantes que decidiram ficar. Liliya Nesterenko explica que sua casa não tem gás, água e eletricidade, então ela cozinha com sua mãe em uma fogueira. No entanto, esta jovem de 39 anos está otimista. "Acredito em nosso exército ucraniano, eles devem [ser capazes de] enfrentar [os russos]", afirma.

Tanto Severodonetsk quanto Lysychansk são fundamentais para controlar o leste da Ucrânia, controlado parcialmente por separatistas pró-russos desde 2014. Especialistas enfatizam que a retirada dos soldados ucranianos de Severodonetsk não significa necessariamente uma mudança fundamental no terreno.

"Guerra lenta"
"A visão geral - uma guerra lenta de posições entrincheiradas - quase não mudou", disse à AFP Ivan Klyszcz, pesquisador da Universidade Estoniana de Tartu. "A retirada provavelmente foi planejada com antecedência e pode ser considerada tática", disse ele, enfatizando que a resistência ucraniana permitiu que Kiev consolidasse sua retaguarda.

As forças ucranianas estão consolidando "suas forças em posições onde podem se defender melhor", afirmou uma autoridade do Pentágono dos Estados Unidos sob condição de anonimato.

Mikolaivka, por exemplo, a cerca de 20 km a sudoeste de Lysychansk, já está nas mãos do exército russo, segundo o governador Gaidai. E agora eles estão tentando "conquistar Hirske", uma cidade vizinha, acrescentou. Mais ao sul, em Donetsk, a outra região que junto com Luhansk compõe o Donbass, "nenhuma cidade" na área é "segura", disse seu governador Pavlo Kyrylenko, na quinta-feira.

A Rússia alegou ter matado "até 80" combatentes poloneses em um bombardeio nesta área, especificamente em Konstantinovka, disse o Ministério da Defesa russo neste sábado. No norte da Ucrânia, a Rússia também intensificou seus ataques a Kharkiv nos últimos dias, onde explosões foram ouvidas no início deste sábado.Nas últimas semanas, as forças ucranianas tentaram recuperar cidades perdidas no sul.

"Fraqueza" da Rússia
A invasão russa da Ucrânia chega ao seu quinto mês sem sinais de terminar tão cedo. Na quinta-feira, os líderes dos 27 Estados-membros da União Europeia concordaram em dar à Ucrânia o status de candidato à adesão ao bloco, um momento simbólico comemorado por seu presidente Volodimir Zelensky.

Mas para o governo russo, a decisão é uma manobra ocidental para conter Moscou geopoliticamente. A decisão "confirma que a tomada do espaço da CEI [Comunidade de Estados Independentes, que agrupa várias ex-repúblicas soviéticas] continua ativamente, a fim de conter a Rússia", disse a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakharova.

Mundo - Correio Braziliense

 

domingo, 12 de junho de 2022

Lojas do McDonald’s reabrem na Rússia com novo nome

Quinze unidades retomaram operação sob a nova marca, Vkusno & Tochka

Antigas lojas do McDonald’s reabriram na Rússia neste domingo, 12, com novo nome e sob administração de um grupo local após a rede americana ter deixado o país por causa da guerra na Ucrânia. A nova cadeia de restaurantes, batizada de Vkusno & Tochka (Delicioso e ponto final), também tem novo logo, que mostra um hambúrguer e fritas em um fundo verde. [alguém acreditou que o boicote era para valer? Dinheiro não tem pátria e a necessidade não tem preferência política. 
É viável que o  petróleo e gás russos consumido por países europeus, tais como Alemanha, Polônia, Bélgica  e outros  se tornem dispensáveis em questão de meses ou possam ser substituídos por petróleo e gás trazido de outras fontes a milhares de quilômetros de distância por navios? 
É possível construir milhares de quilômetros de oleodutos para substituir os navios em meses?  
Os únicos prejudicados nessa guerra são o povo ucraniano e os países que dependem dos grãos produzidos pela Ucrânia. 
O ex-comediante montou uma gigantesca comédia em que os ucranianos morrem, os aliados de palanque mandam armas, mas não mandam soldados para usá-las e as mortes de militares ucranianos fazem com que grande parte do armamento seja usado.
É uma verdade dolorosa mas que tem que ser dita.]

O McDonald’s fechou suas lojas na Rússia em março e, em maio, anunciou que deixaria o país definitivamente. As unidades, então, foram vendidas para o grupo do empresário Alexander Govor, que já operava mais de vinte restaurantes da rede na região da Sibéria.

A chegada do McDonald’s ao país, com a abertura de sua primeira loja na Praça Pushkin, em Moscou, em janeiro de 1990, se tornou símbolo da abertura da União Soviética para o Ocidente.

Neste domingo, quinze unidades foram reabertas em Moscou e no entorno da cidade. O plano, segundo anunciado pelo CEO da rede, Oleg Paroev, em coletiva de imprensa, é que 200 restaurantes retomem o atendimento até o fim de junho e todos os 850 estejam operando até o fim do verão (no Hemisfério Norte, inverno no Brasil).

De acordo com Paroev, o maquinário do McDonald’s continua em uso pelas lojas e a composição dos sanduíches não mudou.

Economia - Revista VEJA


quarta-feira, 25 de maio de 2022

O Pacto Sinistro - Tudo tem um preço, e nem sempre a relação custo-benefício é favorável - VOZES

Daniel Lopez

No último dia 19, durante um evento chamado "Perspectivas Econômicas do Brasil", o ministro Paulo Guedes fez um interessante resumo sobre a mudança da posição do Brasil no cenário geopolítico internacional. Mudança esta que abre caminho para uma oportunidade ímpar, mas que também traz preocupações relevantes.
 

Quando o antigo inimigo propõe uma parceria, precisamos manter os olhos bem abertos
Quando o antigo inimigo propõe uma parceria, precisamos manter os olhos bem abertos
Quando o antigo inimigo propõe uma parceria, precisamos manter os olhos bem abertos

Quando o antigo inimigo propõe uma parceria, precisamos manter os olhos bem abertos -  Foto: The New York Times/ Pete Marovich/ Reprodução

O ministrou lembrou que, no momento mais crítico da crise sanitária, houve uma interrupção das cadeias produtivas internacionais, o que comprometeu severamente as linhas de fornecimento. Porém, quando a economia mundial começou a se reerguer, e um fio de esperança crescia, teve início a Guerra na Ucrânia. Sendo Kiev importante produtor de grãos e fertilizantes, e Moscou o fornecedor de energia para toda a Europa, a consequência imediata foi o drástico aumento de preços, com destaque para alimentos e energia, não apenas na Europa, mas no mundo inteiro. A crise tornou-se mais aguda e a ruptura das cadeias globais se aprofundou. Tudo mudou, uma vez que agora não se tratava mais de uma questão sanitária, mas geopolítica.

Diante do caótico cenário, os americanos finalmente entenderam os riscos de manter sua produção industrial na Ásia. Isso porque, diante de eventuais crises, a China sempre poderia fechar o Pacífico Sul e deixar o mundo sem os produtos mais indispensáveis para a indústria, como é o caso dos semicondutores, tão importantes para a área de telecomunicações e para o setor automobilístico.

A guinada de um problema sanitário para outro de natureza geopolítica aprofundou definitivamente a ruptura das cadeias globais. Mas a grande mudança é que, provavelmente, elas não serão reconstruídas nos mesmos eixos. As potências ocidentais perceberam que não podem mais depender da produção eurasiana de alimentos, energia e componentes industriais.

É neste momento que o Brasil muda de posição no cenário internacional. Antes éramos, aos olhos dos estrangeiros, um mero concorrente, que deveria ser retirado do jogo por meio da acusação de não cuidar de nossas florestas. Agora, entretanto, eles começam a redescobrir o Brasil, que passou a ser visto como a solução para os desafios esperados para os próximos anos.

Entretanto, tudo tem um preço. Para o Brasil ser aceito na elite do comércio internacional, será necessário adequar-se a algumas pesadas exigências. Entre elas, seguir o padrão ESG, a tão debatida “governança ambiental, social e corporativa”. Com esse objetivo em mente, o Brasil montou, por exemplo, o seu Green Growth Program, com investimentos na casa de 1 bilhão de dólares, para redesenhar as estratégias ambientas e criar um grande eixo verde. Enviamos também representantes a Glasgow, na COP26, para anunciar ao mundo nossos avanços e projetos.

Mês passado, Paulo Guedes esteve na OCDE. E eles pediram o apoio do Brasil para contornar a as crises alimentícia e energética globais. O ministro respondeu: “Nos ajudem a ajudá-los. Nós temos alimentos. Mas vocês estão protegendo a OCDE, e a França continua usando o argumento que nós estamos destruindo florestas com o intuito de atrapalhar nossa inserção no mercado internacional”.  
Vale lembrar que o argumento é sempre muito incoerente, quando você percebe que, na verdade, o fluxo de emissão de poluição global parte 30% da China, 15% dos Estados Unidos e 14% da Europa. Enquanto isso, o Brasil, responsável por apenas 1,7% das emissões globais de poluentes, é colocado como o grande vilão climático global.

É obviamente importante acabar com o desmatamento ilegal e com o desflorestamento. Mas o Brasil já tem mostrado serviço, e se comprometido com metas neste sentido. Somos uma potência verde, com a matriz energética mais limpa do mundo. E as potencias globais estão começando a enxergar isso.

Neste sentido, o Brasil está desenhando com a OCDE três pilares de um compromisso verde: tributar a poluição, premiar inovações, mas também recompensar a preservação de recursos naturais. Para entrar no mercado internacional, estamos dançando conforme a música da causa verde. Espero que o esforço seja válido. Que não seja mais uma cilada de nossos concorrentes, um caminho para aumentar a ingerência internacional sobre nossos recursos, e principalmente, sobre a Amazônia.

Da mesma forma que os europeus mudaram o tratamento em relação ao Brasil, os americanos também estão seguindo nessa linha. Eles precisam agir rapidamente para garantir sua segurança alimentar e energética.  
É por isso que temos, agora, a impressão de haver uma boa vontade em relação ao Brasil da parte dos líderes de algumas das instituições mais poderosas do mundo, como a presidente da OMC, o presidente da OCDE e a secretária do tesouro americano. 
Parece haver um desejo real de que possamos integrar a OCDE. Pelo menos, estamos bem à frente da maioria dos países disputando uma vaga no grupo.
 
Se entramos, muitas portas poderão ser abertas. Há a possibilidade de estabelecer acordos com a União Europeia e acessar o gigante mercado europeu. Eles sabem que Brasil e a Argentina possuem, juntos, uma produção suficiente para auxiliar a Europa na busca pela tão sonhada segurança alimentar. 
O problema é que, durante décadas, eles preteriram o Brasil no cenário internacional. 
Desde a rodada de Doha, que aconteceu entre 2001 e 2008, os europeus se fecharam para nossos produtos.

Agora, contudo, o cenário mudou por completo, quando entenderam que o Brasil pode ser uma das poucas nações capazes de suprir o mundo. O Brasil está aberto, num momento em que todos estão se fechando. Por isso, nos tornamos uma das maiores promessas de investimentos para os próximos anos. Durante a crise sanitária, as reformas dos marcos regulatórios abriram uma série de frentes para o capital estrangeiro, seja nas telecomunicações, eletricidade, gás natural, saneamento, lei de falência e navegação de cabotagem.

Todos esses fatos, quando vistos em conjunto, transformam o Brasil na maior promessa para os próximos anos. Isso exatamente quando as potências globais estão procurando onde investir para garantir sua segurança alimentar e energética.

Fico na torcida para que não sejamos mais uma vez iludidos por essas instituições que sempre prejudicaram o Brasil no cenário internacional. Seria a cartilha do Novo Acordo Verde apenas uma estratégia para manter as nações mais promissoras sob tutela estrangeira? Como fica a Amazônia nisso tudo? Difícil saber agora. Só o tempo dirá se o pacto será uma grande oportunidade ou mais uma cilada dos abutres de primeira hora.

Daniel Lopez, - Jornalista e teólogo, autor de ‘Manual de Sobrevivência do Conservador' - Gazeta do Povo - VOZES


domingo, 22 de maio de 2022

Ninguém pode perder. Como faz então? - Alon Feuerwerker

Qual o principal nó político no conflito russo-ucraniano? É a consequência mais imediata de ter deixado de ser uma disputa entre Moscou e Kiev e evoluído para uma confrontação militar entre a Rússia e a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), liderada pelos Estados Unidos, que por sua vez estão numa guerra não declarada com os russos por meio da Ucrânia. O nó? Nem Washington nem Moscou podem ser derrotados. [em nossa opinião o perdedor será, já é, o povo ucraniano; primeiro, caíram na conversa do ex-comediante que poderiam ganhar a guerra contra os russos - Hitler e Napoleão também pensaram e perderam. Já o Zelensky acreditou que poderia armar uma guerra contra a Rússia para os aliados de palanque - a Otan - combater. Cmprovou que estava enganado, assim como a turma da Otan descobriu que não pode enfrentar a Rússia de forma direta - o risco nuclear é alto -  e, por procuração, constatou que o procurador não deu conta de cumprir o mandado e que sanções demoram a fazer efeito e podem ser retribuídas.
O povo ucraniano é que, infelizmente, está entrando com os mortos e destruição de toda sua infraestrutura.]

Certo desfecho que atenda de alguma maneira às demandas russas de antes de 24 de fevereiro corre o risco de ser recebido pelos eleitores americanos como um fracasso de Joe Biden, [que não será o primeiro do presidente que cochila em reuniões - haja vista a 'mancada', burrice mesmo na retirada do Afeganistão, quando em vez de seguir a praxe de ser os militares os últimos a sair deixou para os civis e com isso favoreceu o caos e provocou a morte de crianças.] que no final deste ano enfrenta eleições de meio de mandato para renovar a Câmara dos Representantes (deputados) e boa parte do Senado. As midterm do primeiro quadriênio costumam ser complicadas para o ocupante da Casa Branca, e os índices de Biden estão ruins.

No outro lado, algo que cheire a derrota empurrará Vladimir Putin para a zona de alto risco político, também pelos custos humanos, materiais e econômicos da operação militar. E a maior ameaça não viria de eventuais movimentos pró-Ocidente, mas de lideranças patrióticas que buscariam responder às frustrações desencadeadas, entre outros fatores, pela incapacidade de defender as populações russas nas áreas desgarradas após o fim da União Soviética.

Uma rápida passada de olhos pela história russa e soviética dos últimos dois séculos faz qualquer um entender a sensibilidade ali diante de potenciais ameaças ao território e à população.

E no Brasil, qual é o nó? A exemplo da pendenga europeia, o fato de nem o Supremo Tribunal Federal (STF) nem o presidente da República darem até agora sinal de aceitar ser derrotados na refrega em torno do sistema de votação. O STF (do qual o Tribunal Superior Eleitoral é, na prática, uma subseção) é o certificador do processo; e o presidente, na polarização, carrega com ele hoje quatro de cada dez votos num eventual segundo turno.

É briga grande.

Curiosamente, a situação não chega a ser 100% original. Quatro anos atrás, quando Luiz Inácio Lula da Silva ficou inelegível pela condenação em segunda instância agora anulada, o Partido dos Trabalhadores lançou o “Eleição sem Lula é Fraude”. E esticou a corda até a véspera do segundo turno. Ali o impasse resolveu-se pacificamente, também por dois motivos: 1) o PT não estava no poder e 2) o PT acreditava que tinha chances, mesmo sem Lula na urna. Tanto tinha que Fernando Haddad disputou um segundo turno bem competitivo.

Os personagens da trama de agora já deixaram passar algumas ocasiões propícias à desejável redução da temperatura. Elio Gaspari, que viu alguns filmes parecidos, abordou o assunto por um ângulo histórico cerca de um mês atrás. A corda está esticada, mas não se deve desistir de o país chegar à eleição com todo mundo deixando claro que aceitará o resultado. Por razões que dariam outro artigo, talvez estejam faltando atores dispostos a assumir os papéis capazes de levar a trama a esse feliz desfecho.

A exemplo do que se passa agora no leste europeu. Sim, o indivíduo tem um papel na História.

 Alon Feuerwerker, jornalista e analista político

 

terça-feira, 19 de abril de 2022

Rússia captura primeira cidade em ‘nova etapa’ da guerra

A cidade de Kreminna, no leste da Ucrânia, foi fortemente atacada nos últimos três dias, antes da retirada de soldados ucranianos

O governador regional de Luhansk, na Ucrânia, Serhy Gaidai, confirmou em um briefing nesta terça-feira, 19, que o exército russo obteve controle da cidade de Kreminna e os soldados ucranianos bateram em retirada após três dias de combates intensos.Kreminna está sob o controle dos ‘orcs’ [russos]. Eles entraram na cidade. Nossos defensores tiveram que se retirar. Eles se entrincheiraram em novas posições e continuam a lutar contra o exército russo”, escreveu Gaidai.

Ele acrescentou que era “impossível” calcular o número de mortos entre a população civil. Segundo ele, as estatísticas oficiais registram cerca de 200 mortos, “mas na realidade há muitos mais”. Kreminna tornou-se a primeira cidade capturada em uma nova onda de ataques da Rússia no leste da Ucrânia.

Gaidai alegou ainda que soldados russos atiraram nas pessoas que tentavam deixar a cidade e que houve mortes por causa disso na segunda-feira 18. Junto às cidades vizinhas Rubizhne, Severodonetsk e Lysychansk, Kreminna resistiu a bombardeios pesados ​​de ambos os lados da guerra por vários dias na linha de frente. Com uma população de 20.000 habitantes (pré-guerra) fica a cerca de 50 quilômetros de Kramatosk e é vista como alvo estratégico para a Rússia.

 Na segunda-feira, o presidente ucraniano, Volodymr Zelensky, disse que a Rússia havia começado uma ofensiva para tomar definitivamente o leste da Ucrânia. “Agora já podemos afirmar que as forças russas começaram a batalha por Donbas, para a qual estão se preparando há muito tempo”, afirmou. “Uma parte significativa de todo o exército russo está agora concentrado nesta ofensiva”.

O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, confirmou nesta terça-feira, 19, que Moscou está iniciando uma nova etapa da chamada “operação militar especial” na Ucrânia. Ele previu que seria um desenvolvimento significativo. “Mais uma etapa desta operação está começando e tenho certeza que este será um momento muito importante de toda esta operação especial”, disse Lavrov, em entrevista ao canal de TV India Today.

 Mundo - Revista VEJA


 

quinta-feira, 24 de março de 2022

Temor de guerra com a Rússia faz Otan limitar ajuda militar à Ucrânia - Folha de S. Paulo

Aliança repete receita de sanções e aumento de entrega de armas mais leves, além de advertir a China

 Após dias falando grosso, a Otan moderou o tom e manteve um receituário convencional na sua reunião realizada para discutir o primeiro mês da guerra de Vladimir Putin na Ucrânia. "Temos responsabilidade de assegurar que o conflito não escale", disse o secretário-geral da aliança militar, Jens Stoltenberg, sem usar o termo Terceira Guerra Mundial.

Assim, foram repetidos anúncios feitos ao longo das duas últimas semanas. Haverá um incremento no envio de armas mais leves, como mísseis antitanque, à Ucrânia, e mais ajuda financeira a Kiev para tocar seu esforço de guerra.

O esperado protocolo de ação em caso de Putin usar armas de destruição em massa (nucleares, químicas ou biológicas) contra os ucranianos não foi divulgado. O norueguês Stoltenberg apenas repetiu que tal uso causaria risco de contaminação a países da Otan vizinhos à Ucrânia, e que isso "teria grandes consequências".

Foi mais próximo de uma ameaça a Moscou em sua fala, apesar de declarações anteriores mais duras. No mais, a Otan irá enviar a Kiev equipamentos de detecção e descontaminação contra o eventual uso dessas armas, seguindo a ativação de regimentos especializados que os usam em todo o Leste Europeu.

O motivo da cautela é o temor dos membros mais ocidentais da Otan de que a crise possa escalar para um conflito mundial. A Ucrânia é aliada, mas não membro da aliança, mas um ataque a um país do clube ou o envolvimento direto dele nos combates poderia levar, como disse o presidente americano, Joe Biden, à Terceira Guerra Mundial.[o que nenhum país do mundo deseja; uma escalada na guerra atual, localizada e podemos considerar 'administrada', levaria a última guerra mundial = os países ocidentais, para felicidade dos habitantes do planeta Terra, são bem conscientes para não esticar demais a corda. O ex-comediante precisa aceitar que se for necessário o Ocidente o forçará a aceitar uma paz nas condições impostas pela Rússia. 
Entre Zelensky e Putin, este é o mais odiado, mas o que tem condições de impor sua presença ao Ocidente.]

"Seria mais devastador do que agora", disse Stoltenberg, uma obviedade mesmo sem incluir o fato de Rússia e EUA detêm 90% das armas nucleares do mundo - na Otan, França e Reino Unido também têm as suas.

Ainda assim, ele citou algo que irá ser ouvido Moscou: a promessa de colaborar com planejamento de defesa de países como Geórgia, onde Putin lutou uma guerra com sucesso para evitar a entrada da nação na aliança em 2008, e na Bósnia, que se vê ameaçada pelos aliados do russo na Sérvia.

Duas reuniões subsequentes do G7 (grupo de países ricos) e da União Europeia discutirão mais sanções à Rússia, o outro instrumento usado pelo Ocidente e aliados até aqui para pressionar Putin. Biden, por sua vez, desembarcou com uma promessa de receber 100 mil refugiados nos EUA e de doar US$ 1 bilhão em ajuda humanitária a Kiev, que já viu 3,5 milhões de cidadãos fugirem do país.

Antes do começo da reunião, a aliança ouviu por vídeo o presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, em seu enésimo pronunciamento para pedir mais ajuda ocidental e alertar para os riscos que a Otan corre.Ele havia trazido como cartão de visitas um ataque inédito a navios russos em um porto ocupado no sul de seu país, enquanto um aliado de Putin, o norte-coreano Kim Jong-un, causou surpresa ao fazer seu maior teste de míssil nuclear capaz de atingir dos EUA até aqui. "Eu tenho certeza de que vocês sabem que a Rússia não pretende parar na Ucrânia. Membros orientais da Otan [serão os próximos]. Estados Bálticos e Polônia, com certeza", disse, atiçando nações do clube militar que mais temem Moscou.

Com efeito, ele não citou o pedido pela implantação de uma zona de exclusão aérea sobre seu país, que equivaleria a uma declaração de guerra à Rússia --e o temor, explicitado por Biden mas não muito compartilhado por exemplo pelos poloneses, de um conflito mundial.

Zelenski lembrou, contudo, a rejeição dos EUA à oferta de Varsóvia de entregar jatos de combate MiG-29 para Kiev. "Vocês podem nos dar 1% dos seus aviões, Um por cento de seus tanques. Um por cento!", falou, lembrando a necessidade de sistemas antiaéreos mais potentes.

A aliança tem 3.890 caças e aviões de ataque e 9.460 tanques de guerra principais. Antes da guerra, a Ucrânia tinha 116 jatos de combate e 858 tanques, e a Rússia, 1.021 e 3.300, respectivamente, segundo o Instituto Internacional de Estudos Estratégicos. Por óbvio, os números dos dois beligerantes já mudaram.

O ucraniano não falou sobre a questão da entrada de seu país na Otan, possibilidade que é motivo central declarado por Putin para sua guerra. Ele já admitiu que isso não deve ocorrer, ainda que Stoltenberg tenha citado que a política de "portas abertas" da aliança segue valendo. Até aqui, a Otan manteve um fluxo de armas para a guerrilha empreendida por Kiev: mísseis antitanque e antiaéreos portáteis, de fácil manuseio e boa eficácia.

Stoltenberg seguiu o que Biden fizera na semana passada e advertiu a China a não apoiar, nem militarmente, nem economicamente, a aliada Rússia na guerra. Não elaborou, contudo, sobre quais sanções Pequim enfrentaria neste caso.[a duvida é: será que a China está considerando as ameaças do representante da Otan?]

Ele reafirmou que a Otan deverá dobrar a capacidade militar no seu flanco leste, que hoje tem cerca de 40 mil soldados sob comando da aliança. Falou em aumentar o número de unidades multinacionais com novas bases na Bulgária, Eslováquia e Romênia. Citou a presença de dois grupos de porta-aviões, um britânico e outro norte-americano, nas águas em torno do continente, e prometeu mobilizar mais caças e sistemas antiaéreos.

Ele, que deixaria o cargo que ocupa desde 2014 neste ano e teve o mandato prorrogado até setembro do ano que vem, não deu números ou prazos exatos para esses movimentos, que alimentarão o discurso de Putin de que o Ocidente está tentando cercar a Rússia desde que expandiu-se sobre o antigo espaço da União Soviética após o fim da Guerra Fria, há 30 anos.

O Kremlin ainda não fez comentários. Na quarta (23), uma reunião do seu Conselho de Segurança foi coalhada de falas duras, com o ex-presidente Dmitri Medvedev ameaçando o Ocidente com uma escalada, talvez nuclear. O tema está na praça por cortesia de Putin. Cinco dias antes da guerra, ele comandou um grande exercício de forças estratégicas, e seu pronunciamento anunciando a invasão sugeriu que quem se intrometesse no conflito poderia sofrer um ataque atômico. Três dias depois do início das hostilidades, colocou suas forças nucleares em prontidão.O porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, repetiu a doutrina nuclear russa à rede CNN na terça: se houver um risco existencial, e um confronto com a Otan, o botão atômico pode ser acionado. 

Mundo - Folha de S. Paulo/UOL


sexta-feira, 18 de março de 2022

'Vamos cumprir nossos planos', diz Putin em ato pró-guerra organizado pelo governo em estádio de Moscou - O Globo e agências internacionais

 Embora nem todos os olhos sejam azuis, todo sangue é vermelho.

Diante de dezenas de milhares de pessoas, presidente russo exalta 'operação especial' na Ucrânia

O presidente russo, Vladimir Putin, exalta 'operação especial' na Ucrânia diante de estádio lotado em Moscou Foto: HOST PHOTO AGENCY / via REUTERS
O presidente russo, Vladimir Putin, exalta 'operação especial' na Ucrânia diante de estádio lotado em Moscou Foto: HOST PHOTO AGENCY / via REUTERS

No front: Rússia ataca alvos em Lviv, perto da fronteira com a Polônia, e gera temor de que conflito se espalhe para Oeste da Ucrânia

Na noite de quarta, o presidente russo havia feito um discurso em que chamou de "escória" e "traidores" os russos que se opõem à guerra e afirmou que eles "cuspidos como moscas" que entram acidentalmente na boca de uma pessoa.

O palco onde Putin falou estava decorado com slogans "Por um mundo sem nazismo"  — o presidente russo vem batendo na tecla de que o atual governo ucraniano tem a participação de elementos neonazistas, e que parte do que considera ser sua missão na Ucrânia é a "desnazificação" de Kiev. Na plateia, pessoas exibiam a letra Z, que passou a ser estampada em equipamentos das Forças Armadas russas e virou símbolo dos apoiadores da guerra. Do lado de fora do estádio, ambulantes distribuíam cachorro-quente de graça.

No discurso, em tom triunfalista, Putin disse ter salvado a Crimeia da "degradação e do abandono" e que a população da península, que havia sido cedida à Ucrânia no período soviético, "impôs um obstáculo ao nacionalismo e ao nazismo que continuam existindo em Donbass", região de maioria étnica russa no Leste da Ucrânia onde separatistas pró-Moscou combatem o Exército ucraniano..

Veja também: Gerações diferentes de uma mesma família narram sua experiência com os conflitos que atingiram a Ucrânia no último século

Ele justificou a guerra falando do conflito separatista: — Foram vítimas de ataques aéreos [em Donbass], e nós chamamos isso de genocídio. Evitar isso é o objetivo da nossa operação militar — acrescentou o presidente, em referência à invasão. — Estamos salvando a Ucrânia de todo o sofrimento.

Durante o discurso, a transmissão na TV pública russa Rossiya-24 foi interrompida e o presidente desapareceu repentinamente enquanto elogiava o heroísmo dos soldados russos. O canal começou a mostrar outros momentos do mesmo evento, discursos oficiais e canções populares. Quinze minutos depois, a emissora retomou a transmissão da intervenção do presidente russo com "delay".

Ataque com seis mísseis de cruzeiro provavelmente veio do Mar Negro
Ataque com seis mísseis de cruzeiro provavelmente veio do Mar Negro

Citado pela agência de notícias RIA, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, disse que uma falha no servidor causou a interrupção. Mais tarde, foi ao ar o discurso completo, que terminou alguns segundos após o corte com Putin deixando o palco, bastante aplaudido.

Kremlin, bancos e empresas aéreas: Sites do governo russo são alvos de ciberataques 'sem precedentes'

Antes do discurso, o hino nacional da Rússia ecoou nas arquibancadas do estádio, usado na Copa do Mundo de 2018, juntamente com sucessos pop mais modernos. A cantora russa Polina Gagarina, que concorreu ao festival Eurovision, cantou Cuckoo, da banda de rock soviética Kino. Apos a invasão da Ucrânia, a Rússia foi banida da competição.

Outra estrela pop russa, Oleg Gazmanov, cantou uma música sobre oficiais do Exército russo. Também foi lida a poesia pan-eslava de Fyodor Tyutchev, cujos versos alertam os russos de que "sempre seriam considerados escravos do Iluminismo pelos europeus".

Max Seddon, jornalista do Financial Times em Moscou, disse no Twitter ter ouvido muitos relatos de funcionários do governo sendo levados de ônibus ao ato. — Eles nos colocaram em um ônibus e nos trouxeram até aqui — contou uma mulher ao canal independente Sota.

quarta-feira, 16 de março de 2022

Rússia diz que acordo sobre neutralidade está próximo: Ucrânia desistiria da Otan, mas manteria Forças Armadas - O Globo

Moscou divulga sua versão detalhada sobre o andar das negociações e indica aceitar que vizinho mantenha suas armas. Kiev pede garantias de segurança do Ocidente

Detalhes importantes das condições de um possível acordo de paz que encerre a guerra entre Rússia e Ucrânia vieram a público nesta quarta-feira, quando autoridades russas indicaram estar dispostas a aceitar que a Ucrânia mantenha as próprias Forças Armadas para a autodefesa, contanto que o país se comprometa a desistir da aspiração de se juntar à Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan).

A Rússia está disposta a aceitar que a Ucrânia adote um modelo comparável ao da Áustria e da Suécia, disse o ministro das Relações Exteriores russo, Sergei Lavrov. O país disporia de Forças Armadas para se defender de agressões, mas se declararia neutro em futuros conflitos, comprometendo-se a não se unir a nenhuma aliança militar e não sediar bases militares estrangeiras. — O status neutro agora está sendo seriamente discutido junto, é claro, de garantias de segurança — disse Lavrov à BBC russa nesta quarta. — Agora isso está sob discussão nas negociações… Há formulações absolutamente específicas e, na minha opinião, um acordo sobre elas está próximo.

Lavrov disse que "o clima de diálogo que começou a surgir nos dá esperança de que possamos concordar especificamente sobre esse tópico". — Embora esteja claro que o problema é muito mais amplo, se pudermos proclamar neutralidade e declarar garantias, será um avanço significativo.

As informações mais específicas foram oferecidas por Vladimir Medinsky, o principal negociador da Rússia, que disse à TV estatal russa: — A Ucrânia está oferecendo uma versão austríaca ou sueca de um Estado desmilitarizado neutro, mas ao mesmo tempo um estado com seu próprio Exército e Marinha.

Desde o início da invasão, a Rússia aponta a neutralidade e a desmilitarização da Ucrânia como condições para o fim da guerra. O termo neutralidade é muito abrangente e inclui desde países que não têm Forças Armadas, como a Costa Rica, a outros que têm Exército, como a Áustria e a Suécia. Agora, a Rússia indica estar disposta a aceitar que a Ucrânia mantenha seu Exército, entendendo a neutralidade armada como uma forma de desmilitarização.

Modelo potencial
A Áustria, que a Rússia agora cita como um modelo potencial, tem um compromisso com a neutralidade desde 1955, obrigação que está consagrada em sua Constituição. Segundo ela, a Áustria não pode se unir a uma aliança militar, permitir o estabelecimento de bases estrangeiras ou participar em guerras.

Por outro lado, a Áustria tem Forças Armadas, com 22 mil soldados na ativa e 945 mil na reserva. As principais missões constitucionais delas são proteger as instituições constitucionalmente estabelecidas e as liberdades democráticas da população (o que inclui se defender de ameaças externas), manter a ordem e a segurança dentro do país e prestar assistência em caso de catástrofes naturais e desastres de magnitude excepcional.

Nas décadas desde a assinatura do tratado, a Áustria seguiu uma política de “neutralidade ativa”, principalmente sediando reuniões entre o Leste e o Oeste, como visto recentemente nas discussões que ocorrem em Viena para retomar um acordo nuclear com o Irã. As Forças Armadas austríacas também participaram de operações de manutenção da paz da ONU após uma reforma constitucional em 1997.

Já a Suécia abandonou um período de quase 200 anos de neutralidade militar oficial em 2009, quando assinou tratados de autodefesa mútua com a União Europeia e com países nórdicos. Mesmo assim, o país continuou a se comportar como um país neutro e não alinhado. Após a invasão da Ucrânia, autoridades suecas sinalizaram considerar aderir à Otan, possibilidade descartada por sua premier.

Na terça-feira, os países realizaram mais uma rodada oficial de negociações. Após Lavrov, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, disse que “esta é uma variante que está sendo discutida e que pode realmente ser vista como um compromisso”. Peskov disse que ainda é cedo para prever um acordo entre as partes. — O trabalho é difícil e, na situação atual, o próprio fato de (as negociações) continuarem é provavelmente positivo.

A Ucrânia várias vezes indicou estar disposta a desistir da entrada da Otan, contanto que receba garantias de segurança. O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky — que, na terça-feira, deu um dos mais explícitos sinais de que pode desistir da intenção de se unir à aliança —, também disse que as negociações avançam, mas um acordo ainda não é iminente: — As reuniões continuam e, estou informado, as posições durante as negociações já parecem mais realistas. Mas ainda é necessário tempo para que as decisões sejam do interesse da Ucrânia — disse Zelensky.

[comentando: nos parece que  o caminho para uma PAZ DURADOURA começa  com a desistência total da Ucrânia de se associar à Otan.
Com adição de mais algumas condições inegociáveis: renúncia imediata de Volodymyr Zelensky - responsável direto pelas mortes de milhares de ucranianos e russos, ao criar uma guerra para outros países guerrearem; 
 - adoção de uma neutralidade nos moldes da adotada pela Suécia; e
- não adoção dos tais "estados garantidores" = a conduta adotada pelo  ex-comediante Zelensky - arranjar guerras, para outros países combaterem - não recomenda que haja espaço para repetição. O próprio entendimento do Podolyak, negociador-chefe,  deixa claro que para os ucranianos qualquer encrenca em que a Ucrânia se envolva, deve ter apoio compulsório de outros países.] 
 

Estados garantidores
O negociador-chefe ucraniano, Mykhailo Podolyak, disse que um modelo de garantias de segurança juridicamente vinculantes que ofereceriam proteção à Ucrânia por um grupo de aliados no caso de um ataque futuro estava "na mesa de negociações". “O que isso significa? Um acordo rígido com vários Estados garantidores assumindo obrigações legais claras para prevenir ativamente os ataques", disse no Twitter. 

Podolyak evitou comparações com o modelo de outros países. "A Ucrânia está em uma guerra direta com a Rússia. Portanto, o modelo só pode ser 'ucraniano' e apenas com base em garantias sólidas em termos de segurança", afirmou. Ele disse ainda também os signatários deveriam se comprometer com uma intervenção em caso de agressão contra a Ucrânia, em uma crítica à ajuda recebida."Isto significa que os signatários das garantias não podem ficar à margem em caso de ataque contra a Ucrânia como acontece hoje e que participarão ativamente no conflito do lado ucraniano e fornecerão imediatamente as armas necessárias",  disse Podolyak.

Mundo - O Globo
 


sábado, 12 de março de 2022

É Rússia, não URSS - Carlos Alberto Sardenberg

Muita gente, lá fora e aqui, está cometendo um grande equívoco: pensar a Rússia como se fosse a União Soviética. Não é.

No tempo da URSS, Moscou tinha uma mensagem não apenas para a Europa, mas para o mundo todo. O marxismo soviético era uma construção completa: definia desde a organização da sociedade política, da produção e distribuição de riqueza até a vida cultural.

Mais importante: essa ideologia era partilhada pelo mundo afora. Nos países já no âmbito da URSS, havia partidos, militância e apoios locais ao marxismo soviético.

Não se tratava de uma “simples” dominação externa, mas de identidade ideológica, pelo menos de parte das populações. Mais ainda: nos países que estavam na órbita do Ocidente, em muitos havia partidos comunistas de sólida representação popular. Itália e França, por exemplo.

Em outros países, havia PCs ilegais, mas muito atuantes, especialmente no setor cultural.  Em Moscou, existia uma universidade onde só estudavam alunos de outros países. Uma escola séria, competente no ensino de história, política e cultura, do ponto de vista do marxismo soviético.

A guerra fria, portanto, era uma disputa entre duas articuladas visões de mundo.

Uma dessas visões simplesmente veio abaixo. O socialismo soviético morreu – e por ação de suas populações locais. Reparem: o muro ruiu sem que o Ocidente precisasse dar um tiro.

Não houve invasão do Leste, nenhuma conquista. Apenas as populações locais, quando puderam ver o que acontecia no outro lado do mundo, decidiram mudar de vida e de regime. Para o marxismo soviético, foi uma vergonha como os alemães orientais correram para comprar Coca-Cola em Berlim.

Como os ex-socialistas se arrumaram? Pessoal da Europa Leste entendeu rapidamente que o melhor negócio era entrar para a União Europeia um mar de prosperidade. Bastava olhar como Espanha e Portugal saíram da pobreza com a entrada na UE.

A China, sempre mais competente, já percebera a mudança – e introduzia o capitalismo e a propriedade privada, base de sua ascensão, ainda que com forte controle estatal.

As opções ficaram assim, simplificando: qual capitalismo se vai seguir, com mais ou menos Estado?

Na política, também simplificou: ou a democracia ou a ditadura.

A Rússia de Putin é o quê? Um capitalismo de compadres,”crony capitalism”, e uma ditadura assassina. E um maluco que se acha na “Grande Rússia”.

Para o ex-soviéticos, bastava entrar na União Europeia em busca de prosperidade. Não se interessavam pela OTAN, muito menos hostilizar a Rússia.

Por que, a um determinado momento, resolveram entrar para a OTAN? Por causa das ameaças de Putin, quando ele conseguiu dar uma arrumada na Rússia.

Em resumo – a URSS tinha uma proposta para o mundoum baita equívoco, como se viu depois. Mas brilhou durante muito tempo.

A Rússia de Putin tem o que? Ameaças imperialistas.

Portanto, chega dessa história de avanço da OTAN para o Leste. Foram as populações do Leste que, democraticamente, fizeram sua opção.

Azar da Ucrânia, que se atrasou com aquele ditador pró-russo. Aliás, reparem: só ficam com a Rússia os ditadores, incluindo os nossos aqui da América Latina. A Rússia não foi ameaçada. Ela é a ameaça. E Putin vai cair do mesmo modo que caíram os outros: pela reação de seu próprio povo.

Portanto, chega de comparar a invasão da Ucrânia com os casos de Iraque, Líbia, Síria, Afeganistão – estados incentivadores de terrorismo. EUA e Europa têm seus pecados, mas não se pode compará-los com essa Rússia de Putin.

A Europa abriu-se a negócios com as empresas russas.
Companhias e investidores ocidentais foram para a Rússia. Empresas russas se instalaram na Europa.

Por que Putin simplesmente não deixou essa integração prosseguir? A melhor hipótese: ele temia que a “excessiva” ligação com o Ocidente mostrasse aos russos onde a vida é melhor.
[lembrando: - um dos pilares do Ocidente, os EUA, tem um presidente que iniciou seu mandato, assinando ordens executivas favorecendo o aborto, limitando a autoridade das polícias e por aí vai;
-  o Zelinsky todo dia reúne jornalistas apoiadores e repete aquele monótono lenga-lenga de que o pessoal da Ucrânia é valente, não vai se render, que mais sanções precisam ser aplicadas contra a Rússia,o espaço aéreo da Ucrânia deve ser declarado 'zona de exclusão' = uma forma malandra de tentar envolver outros países na 'sua' guerra, etc, etc.
Encerra o palavrório e no dia seguinte repete tudo, com um detalhe inaceitável: mais ucranianos mortos.
Tal situação impõe a retirada imediata do Zelinsky, um plebiscito supervisionado pela ONU para que o POVO UCRANIANO decida soberanamente qual destino quer
O que não pode continuar é que para satisfazer a vaidade do presidente ucraniano, mais ucranianos continuem morrendo.]

E Putin simplesmente não podia se juntar à União Europeia: seu regime não passa nos critérios de democracia e legislação de direitos humanos. Sobrou o que? Uma tentativa de formar um império de ditadores.

Carlos Alberto Sardenberg,  jornalista 

 Coluna publicada em O Globo - Economia 12 de março de 2022