Este espaço é primeiramente dedicado à DEUS, à PÁTRIA, à FAMÍLIA e à LIBERDADE. Vamos contar VERDADES e impedir que a esquerda, pela repetição exaustiva de uma mentira, transforme mentiras em VERDADES. Escrevemos para dois leitores: “Ninguém” e “Todo Mundo” * BRASIL Acima de todos! DEUS Acima de tudo!
A uma semana da eleição, presidente saiu para passeio de moto em Brasília e almoçou sozinho em barraca à beira da estrada
O presidente Jair Bolsonaro chamou de "estapafúrdia" a decisão do
ministro Benedito Gonçalves, do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que o
proibiu de fazer lives eleitorais no Palácio da Alvorada, residência
oficial da Presidência. O presidente ainda comparou a determinação a uma
"invasão da propriedade privada".— Dispensa comentários. Eu estou em minha casa — afirmou, durante passeio de moto por cidades no entorno de Brasília.
Em seguida, ele complementou: — É uma decisão estapafúrdia. Invasão da
minha propriedade privada, enquanto sou presidente é minha casa.
Bolsonaro comenta decisão do TSE que o proibiu de fazer lives eleitorais no Alvorada
Bolsonaro afirmou que neste domingo irá fazer uma nova transmissão ao
vivo, mas não respondeu se a exibição seria feita dentro do Alvorada, em
descumprimento à ordem do TSE.— Hoje vai ter live — disse.
Questionado, ele não respondeu se pretende continuar fazendo transmissões no Alvorada durante o período eleitoral. Ao atender um pedido do PDT, o ministro do TSE [Benedito Gonçalves] considerou que Bolsonaro
fez uso eleitoral de "bens e serviços públicos a que somente tem acesso
em função de seu cargo de Presidente da República", como as
dependências oficiais dos palácios da Alvorada e do Planalto e o serviço
de tradução de libras, para promover as candidaturas dele e de aliados.
Caso volte a fazer propaganda eleitoral nas lives destinadas à
divulgação de atos de governo, Bolsonaro poderá ter de pagar multa de R$
20 mil por ato irregular. O TSE também determinou que os vídeos
gravados nas dependências oficiais sejam retirados em 24 horas da
propaganda eleitoral de Bolsonaro e de seu candidato a vice, general
Braga Netto, sob pena de multa de R$ 10 mil por postagem que se mantiver
no ar.
Passeio de moto A uma semana da eleição, Bolsonaro fez um passeio de moto neste domingo em Brasília e almoçou sozinho em uma barraca à beira da estrada no Distrito Federal, sem a companhia da comitiva de políticos que costuma lhe seguir nas aparições públicas. Conversou e tirou fotos com eleitores durante o almoço. [Bolsonaro não procura, nem precisa, de companhia para almoçar - o que ele procura e precisa é que os eleitores votem nela no próximo Domingo para presidente da República. Votos para vencer no primeiro turno ele já tem, mas queremos mais = que o presidente obtenha 2/3 dos votos - a lavada que sepulta politicamente o descondenado petista.]
Bolsonaro saiu de moto do Palácio do Alvorada por volta das 11h e foi
até a Quadra dos Generais,local das residências de militares de alta
patente próximo ao Quartel General do Exército. Depois, foi ao Guará,
onde almoçou, retornou a Brasília e parou para falar com apoiadores em
frente ao Itamaraty e na Praça dos Três Poderes. Ele voltou para a
residência oficial pouco antes das 14h.
Barroso é um iluminista racional, um defensor da
tolerância, das minorias, do progresso, da democracia, das liberdades —
desde que todos esses conceitos sejam definidos por ele
O
ministro Barroso, do STF, disse nesta semana que enfrentar conteúdos
ilegítimos e inautênticos na internet demandam algum tipo de regulação
das plataformas digitais.
Afirmou também que redes sociais muitas vezes
amplificam o ódio e a mentira porque trazem mais engajamento. “Há uma
contradição entre o bem e o mal, porque é o mal que traz mais lucro e,
portanto, é preciso dar incentivos para que as plataformas não tenham
essa intenção de amplificar o que seja ruim.”
Luís Roberto Barroso, ministro do STF | Foto: Montagem Revista Oeste/STF/SCO
A declaração foi feita durante palestra “Fake news e liberdade de expressão”, promovida pela Corte. “A grande preocupação que precisamos ter é o fato de que as pesquisas documentam que a mentira, o ódio e sensacionalismos rendem muito mais engajamento do que o discurso equilibrado, razoável, verdadeiro”, disse o ministro. Barroso afirmou que a questão da regulamentação “passou ao largo” das discussões sobre o PL das Fake News. “Quando se fala nisso há uma grande preocupação das plataformas, mas evidentemente que esse tema tem que vir a debate, e um debate transparente e claro, de maneira bem aberta, ouvindo todos os lados da questão.”
Nossos ministros supremos demonstram muito tempo disponível para debates políticos,mas não conseguem comparecer ao Senado quando convidados pelos representantes do povo para discutir ativismo judicial.
Sobra tempo até para “lives” com youtubers bobocas, e impressiona como esses ministros tentam influenciar no papel legislador, sendo que não tiveram um único voto. Em especial Barroso, que já confessou desejar “empurrar a história” no sentido que considera progresso.
Barroso gosta de acusar os outros, de apontar dedos, mas olha pouco para o próprio espelho com um olhar crítico
Não foi a primeira vez que Barroso se colocou como o Bem incorporado contra o Mal.Quando participou de evento nos Estados Unidos, bancado pelo bilionário Jorge Paulo Lemann, Barroso falou em nome da democracia e do Bem. Respondendo a uma pergunta da deputada Tabata Amaral, que recentemente declarou apoio a Lula, sobre o risco de Jair Bolsonaro ganhar as eleições, na visão dela, em decorrência do uso de fake news, Barroso afirmou que “é preciso não supervalorizar o inimigo”. Ele acrescentou: “Nós somos muito poderosos, nós somos a democracia, nós somos os poderes do bem”.
Gravíssimas as falas do Barroso durante a ‘Brasil Conference’ em Boston, EUA: “É preciso não supervalorizar o inimigo! Nós somos muito poderosos! Nós somos a democracia! Nós é que somos os poderes do bem! Nós é que ajudamos a empurrar a história na direção certa!” Inacreditável! pic.twitter.com/qgo5kJWOEf
Barroso tem fala mansa, mas nem sempre conteúdo moderado. No debate protagonizado entre os ministros Barroso e Gilmar Mendes, sobre doação e campanha eleitoral, um intenso bate-boca ocorreu após Gilmar Mendes criticar julgamento da 1ª Turma em que se decidiu sobre o aborto, com voto vencedor do ministro Barroso.
Acuado pela acusação de ativismo do colega, Barroso rebateu: “Me deixa de fora desse seu mau sentimento. Você é uma pessoa horrível. Uma mistura do mal com atraso e pitadas de psicopatia”.
Podemos notar um padrão aqui: Barroso fala sempre em nome do Bem, enquanto os outros, se discordam dele, só podem fazê-lo por maldade, por estarem repletos de más intenções. Barroso é um iluminista racional, um ungido, um defensor da tolerância, da diversidade, das minorias, do progresso, da democracia, das liberdades — desde que todos esses conceitos sejam definidos por ele.
Há um grupo político, revolucionário na verdade, conhecido por tal postura fanática: os jacobinos, que lideraram a Revolução Francesa, e que instauraram o Terror da guilhotina e deixaram como legado a ditadura napoleônica.
Chesterton dizia não se preocupar com a falta de crença em Deus numa pessoa, mas, sim, com o que ela colocaria nesse lugar.
Somos seres religiosos por essência, e mesmo o mais cético dos agnósticos costuma canalizar esse sentimento religioso para algum destino.
A imensa quantidade de seitas modernas, como o veganismo e o ambientalismo, atesta isso.
E a maior “religião secular”, sem dúvida, é a ideologia, ou o socialismo, agora redefinido como progressismo, para ser mais específico.
O maior experimento dessa “religião política” foi, certamente, a Revolução Francesa. Os jacobinos não queriam apenas melhorar as coisas, emplacar reformas necessárias; eles desejavam criar um mundo totalmente novo, do zero, com base apenas na“razão”, seguindo o Zeitgeist do Iluminismo, que via avanços concretos nas ciências naturais com a aplicação do conhecimento objetivo.
Na América, os revolucionários também se encantaram com as ideias abstratas, mas havia o contraponto das tradições conservadoras. Se Thomas Paine se inspirava nos caminhos franceses, havia um John Adams para oferecer resistência e impedir o radicalismo. Paine flertou com a mesma “religião” dos jacobinos, e chegou a escrever: “Está em nosso poder começar o mundo outra vez. Uma situação similar à presente não acontece desde os dias de Noé até agora”. Esse idealismo messiânico, que ansiava por um milênio social e uma nova humanidade, não saiu pela tangente na América, ao contrário do caso francês.
Esse clima francês de refundar a humanidade acabou saindo do controle, e a “vontade geral” se mostrou um aríete capaz de destruir tudo que encontrasse pela frente. A Revolução Francesa inaugurou a era dos totalitarismos, com uma “religião cívica” servindo de pretexto para a submissão plena ao Estado. As turbas não reagiram conforme o esperado pelos iludidos democratas seculares. A religião dos jacobinos era dogmática, tinha suas escrituras sagradas, seus profetas, rituais, e, como o cristianismo, era uma religião da salvação humana.
O rio de sangue derramado pelos revolucionários seria purificador, pensavam os crentes, que olhavam para locais elevados demais a ponto de reparar nesse sangue todo. Era a “pureza fatal” da ideologia jacobina, que guilhotinou inclusive seus principais idealizadores e executores, que se mostraram imperfeitos demais.
Voltemos a Barroso:ele já considerou Cesare Battisti um inocente, sendo que o comunista confessou seus crimes depois. Ele já considerou João de Deus alguém com poderes transcendentais, sendo que o médium foi acusado de abuso sexual em lote.
Ele já espalhou que os bolsonaristas desejam a volta do voto em papel,sendo que o próprio site do TSE explica didaticamente que o voto impresso não tem nada a ver com a volta da cédula de papel. E por aí vai…
Barroso gosta de acusar os outros, de apontar dedos, mas olha pouco para o próprio espelho com um olhar crítico. Falta-lhe humildade, para dizer o mínimo.
Se Barroso é apenas um oportunista hipócrita, não sei dizer.
Mas há uma alternativa mais assustadora, sombria:ele acreditar ser mesmo uma alma incrível com a missão de purificar o mundo e salvar a democracia.
Um ministro jacobino é simplesmente algo temerário!
Vozes - Guilherme Fiuza Uma juíza no Rio Grande do Sul decidiu que exibir a bandeira do Brasil é
“propaganda eleitoral”, porque hoje ela(a bandeira) está associada “a
um dos lados da política”.Em sua decisão, essa juíza informou que vai
mandar retirar a bandeira nacional dos locais onde não seja permitida
propaganda eleitoral. Os jurisconsultos talvez possam informar se essa é
a decisão mais bizarra da história da Justiça brasileira (já que a
concorrência está forte).
TRE bandeira - Foto: Gerson Klaina/Tribuna
De qualquer forma, decidimos estudar o intrigante princípio usado pela magistrada e rascunhar dez princípios análogos, caso o judiciário brasileiro consagre a transformação da bandeira do Brasil em panfleto:
1) A seleção brasileira não poderá mais entrar em campo de verde e amarelo, pois isto pode configurar manifestação ideológica. O time terá de vestir uniforme de coloração neutra, podendo ser todo cinza ou cor de burro quando foge;
2) Fica proibido o dia 7 de setembro, originalmente a data comemorativa da Independência do Brasil. Como esse dia tem sido usado flagrantemente por“um dos lados da política” para manifestações de rua, o calendário nacional passa a pular de 6 de setembro diretamente para 8 de setembro, eliminando o problema;
3) Fica revogado o Dia das Mães, para evitar a politização da data pelos defensores da família;
4) Fica proibido passear na orla aos domingos. Como esse espaço e esse dia são eventualmente usados para manifestações de “um lado da política”,você pode passear na orla no sábado, que é mais do que suficiente. No domingo, fique em casa;Veja Também: Os entraves que o Brasil precisa contornar para importar diesel da Rússia
Violência política: esquerda quer que você ignore o ódio revolucionário que a impulsiona 5) Fica proibido caminhar ou permanecer em vias públicas com crianças e idosos. Como esses grupos etários têm sido usados por “um lado da política”para protestos antidemocráticos, passa a ser obrigatório em qualquer ajuntamento de passantes a presença de pelo menos um boçal com uma pedra na mão a cada dois metros quadrados;
6) Fica proibido o uso da cor preta para o luto. Como a população já saiu às ruas de preto para pedir a saída de um presidente – e ele saiu – o enlutado pode ser um subversivo disfarçado;
7) Passa a ser obrigatória a retirada de todos os dicionários da palavra “mentira” – atualmente só utilizada por “um dos lados da política”. Ela deve ser substituída pelos termos corretos: “fake news” e “desinformação”. A partir de agora, quem escrever ou pronunciar a palavra “mentira” será processado por fake news; 8) Fica revogada a Constituição Federal, que só interessa a “um dos lados da política”. Os princípios da Carta Magna passam a ser o que der na telha dos ministros do Supremo – seja em atos monocráticos, lives ou palestras, no Brasil ou no exterior;
9) A palavra “Brasil” só poderá ser usada dentro da denominação “Pau Brasil”, designando a famosa espécie da flora nacional. Como se sabe, a palavra“Brasil” em estado puro passou a ser utilizada com viés político-partidário e a partir de agora será considerada propaganda eleitoral; 10) Os brasileiros terão até cinco dias para acabar com as florestas e com o ouro que restam no território nacional. Como é sabido, esses dois elementos suspeitos originaram as cores verde e amarelo da bandeira nacional, hoje símbolo da polarização e do ódio. Vamos cortar o mal pela raiz. Guilherme Fiuza, colunista - Gazeta do Povo - VOZES
[ou uma tentativa, mais uma e fadada ao fracasso, de tornar os militares cidadãos de segunda classe?]
Iniciativa precisa ser olhada com mais
atenção pelo Parlamento
Avança, a uma velocidade bem abaixo da
ideal, a proposta de emenda constitucional (PEC) que veda a nomeação de
militares da ativa para cargos civis da administração pública. A ideia é positiva. Afinal, no Brasil de
hoje o chefe do Poder Executivo [não olvidem: eleito com quase 60.000.000 de votos.] insiste em mesclar sua imagem pessoal e a de
seu governo com a reputação das Forças Armadas, instituições de Estado bem
avaliadas por parte considerável da população.
Nesta equação, saem perdendo Exército,
Marinha e Aeronáutica. Em praticamente todas as semanas o presidente Jair
Bolsonaro aproveita-se da estrutura militar para realizar uma solenidade,
inaugurar uma obra ou participar de alguma cerimônia. Barracas de campanha já
viraram até cenário para as tradicionais “lives” de quinta-feira ancoradas pelo
presidente.
Foi numa dessas viagens, por exemplo, que
uma organização do Exército passou a figurar, no inquérito que tramita no
Supremo Tribunal Federal (STF) para investigar a realização de atos
antidemocráticos, [o famoso 'inquérito do fim do mundo' e que até o presente momento nada trouxe de concreto que sustente a ocorrência de algum crime.] como um dos locais de onde foram acessados perfis suspeitos.
Bolsonaro acena para parte de sua base eleitoral sem se preocupar com os danos
institucionais que pode causar.
Entre oficiais, não há registro de críticas
em relação à PEC. Ela tornou-se, portanto, uma iniciativa que precisa ser
olhada com mais atenção pelo Parlamento. De autoria da deputada Perpétua Almeida
(PCdoB-AC), [o partido da autora da PEC, sua democracia centenária, dispensa maiores comentários.] a proposta de emenda à Constituição é debatida há meses entre os
parlamentares. Ela tomou força com a nomeação do general da ativa Eduardo
Pazuello para o Ministério da Saúde e ganhou ainda mais evidência depois que o
militar participou de um ato político ao lado do presidente Jair Bolsonaro no
Rio de Janeiro.
A história é conhecida. Pazuello desrespeitou
não apenas o bom senso como também atropelou as regras de conduta que se espera
dos integrantes das Forças Armadas. Subiu em um carro de som e, ao lado do seu
comandante em chefe, falou à plateia como se num evento de campanha eleitoral
estivesse. Isso tudo depois de comparecer à CPI da Covid do Senado para
defender sua gestão no Ministério da Saúde, uma passagem que ficará marcada na
história pela ineficiência e pelos tristes números de mortes que até hoje não
param de crescer. Ainda assim, até agora a PEC só recebeu o
apoio de 150 dos 513 deputados. Para entrar oficialmente no sistema da Câmara e
começar a ser discutida - inicialmente pela Comissão de Constituição e Justiça
(CCJ), que analisa a admissibilidade - são necessárias as assinaturas de pelo menos
171 deputados.
O texto é ponderado. A PEC determina que
militares - das Forças Armadas ou da polícia - que quiserem ocupar cargos de
indicação políticas, como ministérios, terão que se licenciar, caso tenham
menos de dez anos de serviço, ou passar para a reserva, se tiverem mais de dez
anos. Segundo a deputada Perpétua Almeida, ainda seria possível discutir também
a ampliação para outras carreiras que tampouco deveriam exercer atividades de
caráter político-partidário.
“Busca-se resguardar as Forças Armadas
(FFAA) dos conflitos normais e inerentes à política, e fortalecer o caráter da
Marinha, do Exército e da Aeronáutica como instituições permanentes do Estado e
não de governos”, destaca a parlamentar na justificativa que fundamenta a
apresentação da PEC. “As Forças Armadas, e suas altas e dignificantes funções
de defesa permanente da Pátria, não devem ser submetidas a interesses
partidários, mas também não podem se desviar de sua função constitucional para
participar da gestão de políticas de governos, estes, por definição
democrática, transitórios. A história do Brasil e a própria Constituição nos
trazem a certeza de que a presença de militares da ativa, servindo a governos e
participando da luta política partidária, pode contaminar a tropa com a politização
e a partidarização do seu corpo, fenômeno nefasto para a democracia”.
Se lamentavelmente a PEC não avançar, a
estratégia da oposição será tentar introduzir esse debate nas discussões a
respeito da reforma administrativa. Conforme revelou o Valor na semana passada,
aliás, esse tema já chegou à mesa do relator da reforma, o deputado Arthur Maia
(DEM-BA). No entanto, misturar os dois assuntos pode criar uma grande
oportunidade para aqueles contrários a ambas as iniciativas. O Brasil sairia
perdendo duplamente.
Ganha força o espectro de um centro político que pode se mover a meia distância da esquerda e do bolsonarismo
O
ministro Luiz Eduardo Ramos disse que os aliados do governo venceram as
eleições. Mencionou ocrescimento
de prefeituras do DEM, PP e PSD, bem como o encolhimento do PT e
concluiu: a turma que segue as “pautas e ideias” de Bolsonaro ganhou o jogo. Há
vários problemas aí. O primeiro é saber exatamente quais são as pautas e ideias
do governo. Por vezes o suporte do governo, e em particular do presidente, à
sua própria agenda de reformas se parece com o apoio
de Bolsonaro ao prefeito Crivella: “Se não quiser não vota, tranquilo”.
É
verdade que os partidos tradicionais foram vencedores. AFolha identificou
umatendência
significativa de deslocamento à direita dos novos prefeitos. Há muitos
significados nisso. Um deles diz simplesmente que esta foi uma eleição de baixa
propensão a risco. É a tese levantada pelo professor Carlos Pereira: diante da
pandemia e do espectro da morte, o eleitor tende a recuar da lógica do
confronto e se afastar das “saídas polares”.
Há
uma explicação mais pragmática: DEM, PP e PSD trabalharam forte e foram os
partidos que mais cresceram com o troca-troca partidário entre as eleições. Só
o DEM passou de 272 para 456 prefeitos, já antes das eleições, basicamente
puxados por governadores eleitos pelo partido, em 2018. O resultado obtido
agora é em boa medida uma consequência disso. O
ponto é que a interpretação dada pelo ministro Ramos põe um detalhe para baixo
do tapete: o bolsonarismo virtualmente não apareceu nessas eleições. É evidente
que há candidatos identificados com Bolsonaro, alguns com relativo sucesso. Nas
18 capitais com segundo turno há no mínimo cinco com candidaturas claramente
identificadas com o presidente e seu estilo. Mas, cá entre nós, frente ao que
vimos há dois anos, é muito pouco. [não esqueçamos que a campanha não foi para escolher Bolsonaro - situação vivida em 2018 e esperada em 2022.]
O
próprio bolsonarismo reconhece isso. Filipe Martins, assessor internacional de
Bolsonaro e geralmente visto como ideólogo do grupo, pediu “autocrítica” aos
conservadores e conclamou a turma a “recuperar os ideais e bandeiras de 2018”. Vai
aí o problema. O que a eleição revela é que os tais princípios de 2018 talvez
não tenham lá grande profundidade. O conservadorismo de Bolsonaro nunca
produziu muita coisa, no governo, e o que se anunciava como sua agenda no
Congresso (escola sem partido, redução da maioridade penal, liberação do porte
de armas) nunca andou. [o nosso presidente sofreu um boicote intenso, e prejudicial ao Brasil, sempre que procurou concretizar sua agenda (um Poder Legislativopautado por Alcolumbre e Maia, um Poder Judiciário ávido por protagonismo e receptivo à excessiva judicialização impediram o seguimento das propostas do presidente Bolsonaro) mas em 2021, com a pandemia sob controle e o Brasil recuperando seu crescimento econômico, o Congresso sob nova direção, e o Poder Judiciário cuidando de julgar e não de legislar, a pauta voltará, passo a passo.]
No
Brasil recente, se confundiu conservadorismo com palavras de ordem do
tradicionalismo de costumes (não raro misturado com religião). Vem daí o
completo desinteresse de Bolsonaro em criar a Aliança pelo Brasil e sua
acomodação junto aos partidos do centrão.
O
mesmo vale para a agenda econômica. Paulo Guedes pode ser um histórico do
liberalismo brasileiro e de algum modo ainda funciona como fiador da pauta de
reformas junto ao mercado, mas vamos convir: terminamos o ano com menos
consenso sobre reforma tributária do que parecíamos ter antes da pandemia; a
reforma administrativa, além de tímida, se arrasta, e as privatizações, dois
anos depois, quando muito prosseguem como um “ideal” do governo.
Em
meio a este quadro, Bolsonaro resolveu improvisar. Bem a seu estilo, mencionou
alguns candidatos, em suas lives, fez escolhas erradas, desconsiderou aliados
políticos no Congresso e colheu um resultado melancólico. O
que estas eleições fizeram foi acender uma luz amarela no Planalto. A avaliação
positiva de Bolsonaro caiu entre 15% e 20% desde o início da campanha, a agenda
de reformas está parada e não há sinal sobre o que o governo fará com o auxílio
emergencial a partir de janeiro.
Talvez
o governo se dê conta disso e comece a trabalhar com algum senso de urgência no
Congresso. O recado das urnas parece claro: ganha força o espectro de um centro
político que, sabendo capturar a agenda reformista, pode começar a se mover por
conta própria e produzir uma alternativa para 2022, distante simultaneamente da
esquerda e do bolsonarismo.
Para
Bolsonaro, que depende da lógica da polarização para sobreviver, este é o
principal recado que surge das urnas.
Desde o início da quarentena escrevo um diário. Nele, apesar
da pressa, incorreções e algumas bobagens, analiso os fatos desses meses
de coronavírus. Não sinto tanta necessidade de escrever sobre isto, mais do que faço
diariamente. Mas, no momento em que alcançamos a marca de 100 mil
mortos, é importante dizer algo fora dos limites. O número redondo
lembra-me dos anos 60, quando marchávamos orgulhosamente contra o
governo militar. Os 100 mil de hoje representam também um protesto, só que desta vez
contra o descaso e retumbante fracasso de nossa política nacional contra
a Covid-19. O ideal seria sairmos às ruas, os sobreviventes, para protestar por
eles. A natureza da pandemia nos obrigou a uma quarentena. Escrevi no
diário algumas vezes como isso não apenas entorpeceu nossos músculos,
mas mudou a maneira como nos vemos. O país se transformou num imenso centro espírita, e nós baixamos nos
computadores para sessões de conversa que chamamos de lives, mas
poderiam também ser chamadas de deads. Parece que muitos de nós vivem numa parte mal iluminada da
eternidade, aparecemos para a conversa, desligamos o aparelho e
evaporamos. Não se acaba mais em pizza como antigamente, quer dizer, num
descontraído jantar após a reunião, o debate ou conferência. Leio no livro de Churchill que os piores momentos de nossa vida são
aqueles que não aconteceram, aqueles que nos mantiveram preocupados,
levaram nosso sono e nunca se apresentaram de fato em nossas vidas. Isso corresponde ao que diz um personagem de Borges diante da morte: é
menos duro enfrentar um perigo do que imaginá-lo e aguardá-lo durante
muito tempo. A Covid-19, nesse sentido, é a pior doença que nunca tive. Certamente
há outras mais graves e devastadoras, mas nunca perdi um minuto
preocupado com elas. Os índios no Amapá a consideram uma espécie de doença espiritual, por
causa da invisibilidade do vírus. Mas nem por isso deixam de temê-la. Desde o princípio, luta-se contra a negação do governo. Era apenas
uma gripezinha e afirmávamos que, ao contrário, era uma perigosa
pandemia. Surgiram os mortos, e o governo achou que seu número estava
superdimensionado, diante de todas as evidências de que havia
subnotificacão. Um dos luminares do governo calculou que morreram apenas 800 pessoas e
continuou duvidando dos fatos, mesmo quando os mortos já eram 80 mil. Duvidaram dos caixões, que para eles estavam vazios ou cheios de
pedras. Duvidaram do número de covas, vetaram uma dezena de artigos na
lei de proteção aos povos indígenas. Seguimos fazendo lives como ectoplasmas que reaparecem no território
virtual para puxar a perna dos vivos que, sem máscara, montados a
cavalo, celebravam seu escandaloso idílio com a morte. E daí? Os tribunais de dentro e de fora do Brasil terão material por muito
tempo. A suposição de que essas coisas acontecem e são esquecidas é
falsa. Uma política de negação que produziu milhares de mortos, índios,
grávidas, é algo que ficará na história e acabará desabando sobre seus
autores, por mais velhos e combalidos que estejam no momento em que
forem alcançados. [talvez surja no Brasil um 'Nuremberg', para julgar os que de alguma forma - por ações que realmente produziram efeitos e não por meros comentários - dificultaram o combate à pandemia. Terá que ser no Brasil e nos princípios que sustentaram a instalação do Tribunal Militar Internacional, em 1945/6, na cidade de Nuremberg, Bavaria, Alemanha. Dificilmente a acusação será recepcionada pelo Tribunal Penal Internacional, Haia, Holanda, por falta de sustentação = não se pode acusar alguém da prática de homicídio, por não evitar mortes, não combatendo uma epidemia, quando a época da suposta omissão NÃO HAVIA (como ainda não há) medicação efetiva para evitar - foi feito o possível para reduzir as mortes = com êxito, tanto que a taxa de letalidade da covid-19 no Brasil é uma das menores. Instalado no Brasil, seria um tribunal de exceção não podendo proferir sentenças de morte. Aliás, "Os julgamentos de Nuremberg são processualmente polêmicos para os
especialistas em direito. Isso porque como tribunal de exceção, estes
não poderiam acabar com condenação à morte, no máximo à prisão, segundo o
consenso internacional." ........ "Esta anormalidade jurídica proporcionada pelos Aliadostambém possibilitou um julgamento que abre mão da responsabilização dos
exércitos dos EUA, França, Inglaterra e URSS pelos inúmeros bombardeios
criminosos em cidades alemãs, crimes de guerra em batalha campal e,
principalmente, o genocídio instantâneo proporcionado pelas ogivas
nucleares lançadas sobre o Japão." (saiba mais, clicando aqui)] Vivemos num país de curandeiros. Bolsonaro passa seus dias mostrando a
cloroquina para todos os seres humanos e animais que encontra pela
frente. O ministro da Ciência e Tecnologia gasta 8 milhões para
pesquisar um vermífugo chamado Annita, e até audiências foram anunciadas
para discutir o poder do alho cru. [esquecendo o ozônio e tratando do alho, circula há muito tempo em Minas, Nordeste e outros rincões,narrativas sobre os poderes miraculosos do alho - de vermífugo a poderoso antibiótico, especialmente para doenças respiratórias. Desde o uso para cura total da tuberculose, durante a Segunda Guerra Mundial, nas condições mais inóspitas possíveis - rendeu inclusive um livro no final do século passado - ao caso de um mineiro (o estado da ocorrência muda com frequência) que doente de raiva - doença que após instalada não tem cura - foi preso, para morrer e não ter condições de atacar alguém, em um galpão. Considerando o destinado inevitável para o doente não se preocuparam com sua alimentação, só que quando esta veio ele descobriu uma quantidade razoável de alho, que passou a ingerir. Alguns dias depois, estava curado. {observação: o caso do alho pode ser até fake news - o livro realmente existe - e a cura da raiva é contada em vários estados}.] E se você perde a paciência, elegância, e pergunta: e naquele lugar, não vai nada? Eles responderão com tranquilidade: — Algumas doses de ozônio e um cateter bem fino. Aos poucos vamos saindo da toca, meio ressabiados, contentes em ver
quem sobreviveu. Mas a maneira como tratamos a pandemia, as condições de
desigualdade em que a vivemos, uns com água e esgoto, outros não, uns
com casa confortável, outros espremidos nos barracos, tudo isso coloca
em questão o próprio sentido da sobrevivência. Apesar da solidariedade, do desprendimento dos trabalhadores em
saúde, a resposta brasileira à pandemia nos convida a repensar o país. E responder em conjunto a essa fúnebre marcha dos 100 mil. Fernando Gabeira, jornalista Artigo publicado no jornal O Globo em 10/08/2020
Eleito pela primeira vez,
escudeiro e companheiro de viagens do presidente tem uma média de um
projeto a cada quatro dias
Por Leonardo Lellis e Edoardo Ghirotto
FIGURANTE-CELEBRIDADE - O deputado do PSL: algumas ideias chegam direto do gabinete da Presidência (Pedro Ladeira/Folhapress)
Seis meses após o início do governo,ainda provoca curiosidade um sujeito de quase 2 metros de altura que aparece ao lado deJair Bolsonaro
em quase todo compromisso que o presidente tem no Brasil ou no
exterior. Seja em lives no Facebook, seja gargalhando ao lado de Donald
Trump, o deputado federal Helio Lopes (PSL-RJ) é um escudeiro que raramente expressa suas opiniões ao público.
A notícia mais surpreendente é que Helio Negão, como ele é mais conhecido, tornou-se um dos campeões de produtividade naCâmara,
pelo menos no primeiro semestre, com 48 projetos de lei apresentados
até aqui — o que dá uma média de um a cada quatro dias. Lopes responde
por 10% dos projetos de lei formulados pelo PSL, o
partido com o maior número de propostas apresentadas em 2019. Algo muito
impressionante para quem passa um tempo considerável andando ao lado do
presidente (daí o apelido de papagaio de pirata) e já esteve com ele em
metade das oito viagens internacionais realizadas até aqui. “Quem
trabalha dezoito horas por dia tem tempo para fazer quase tudo”,
defende-se o deputado (confira a entrevista).
A maior parte das sugestões refere-se a questões ligadas à
segurança e ao meio ambiente. Quando se coloca uma lupa sobre a
qualidade desse trabalho parlamentar, no entanto, a conclusão é que há
muita espuma para pouca coisa de utilidade prática. Cerca de 80% das
ideias repetem temas que se encontram em discussão no Congresso ou
tentam regulamentar algo que já está normatizado. Exemplo disso é a
proposta para fechar o espaço aéreo em um raio de 5 quilômetros nas
áreas onde são realizadas operações policiais, o que, na verdade, já
ocorre. Problema semelhante acontece com a proposta de criar um ranking
esportivo que contaria pontos na avaliação de universidades — algo
inexistente no exterior e que seria mais uma jabuticaba brasileira. “São
várias ideias redundantes. Qual é a importância de um projeto para
alguma coisa que já foi proposta antes?”, critica Claudio Couto,
cientista político da FGV.
Outra parte das ideias de Lopes é simplesmente irrelevante. Ele quer
garantir que oficiais e praças temporários mantenham carteiras de
identificação militar mesmo que estejam inativos. A justificativa: “É
importante para as Forças Armadas a manutenção desse vínculo sentimental
dos seus oficiais e praças temporários com seus quartéis de outrora”.
Há ainda uma iniciativa do deputado para enquadrar o passatempo de
soltar pipas nos céus. Nesse caso, a proposta é banir o uso de linhas
cortantes, o popular cerol, mas Lopes classifica a brincadeira de crime.
“No geral, são respostas equivocadas para problemas mal identificados”,
afirma José Vicente da Silva Filho, consultor especializado na área de
segurança. Aos 50 anos, Lopes elegeu-se com 345 234 votos, tornando-se
o número 1 entre os deputados federais do Rio de Janeiro .[para que tenham uma ideia, o Rodrigo Maia (que gosta de posar de 'primeiro-ministro',ele e o Alcolumbre tem o desejo de transformar o presidente Bolsonaro em 'rainha da Inglaterra - e o presidente da Câmara sonha ser presidente do Brasil - não conseguirão nem uma coisa nem outra)obteve na mesma eleição, pouco mais de 73.000 votos = 1/5 do total obtido por Hélio Negão]Em 2016,
havia obtido meros 480 votos em uma candidatura a vereador em Nova
Iguaçu. Seu surgimento na campanha, com o apelido de Helio Bolsonaro, se
deu no mesmo momento em que o STF analisava uma denúncia contra o
presidenciável por declarações de teor racista — a acusação foi
rejeitada pela Primeira Turma. Sobre a frenética produção parlamentar, o
deputado garante ler a versão final dos projetos, mas assume não ser o
autor de todos eles. O político leva à sua equipe sugestões até de
Bolsonaro. É o caso de uma iniciativa — ainda não protocolada —que
pretende regulamentar a ativação de chips de celular apenas em lojas
habilitadas. O presidente está preocupado com a possibilidade de presos
ativarem aparelhos nos presídios. “Somos o braço legislativo do
governo”, diz o chefe de gabinete, Jackson Camara.
Embora mire a segurança, Lopes acerta o alvo no meio ambiente, com
sugestões que variam do reflorestamento nas margens de rodovias a
incentivos para carros elétricos e o uso de energia solar. “Parecem
propostas vindas da Rede, da ex-ministra Marina Silva”, afirma o
advogado Rafael Feldmann, especialista em direito ambiental. O juiz
federal Gabriel Wedy, professor de direito ambiental na Unisinos, avalia
que as propostas também estão alinhadas com o Acordo de Paris — que o
presidente já ameaçou deixar, mas recuou. “Trata-se de uma pauta
positiva para o Estado brasileiro e, em especial, para o atual governo,
que poderia adotá-la”, entende.
Nesse campo de projetos ambientais outro político que vem se destacando é o deputado de primeiro mandato Célio Studart
(PV-CE). O parlamentar assinou sozinho 157 propostas de lei. Com isso,
tornou-se o campeão do Congresso nesse quesito — uma enxurrada que ele
diz ter formulado até com o apoio de seguidores em redes sociais.“Quem
não propõe leis está deixando de exercer sua profissão”, justifica
Studart, que se daria por satisfeito caso um terço das medidas fosse
aprovado pelas comissões até 2022. A melhor experiência legislativa não
recomenda que Helio Lopes se aproxime dos números de seu colega do PV.
De acordo com Claudio Couto, deputados experientes não perdem tempo
propondo projetos. “Eles apresentam emendas, destaques e se ocupam de
atividades mais importantes”, afirma. “Historicamente, o Executivo é
quem aprova o grosso dos projetos de lei. Os deputados que estão na
empolgação querem mostrar serviço.” A intenção pode até ser boa, mas a
ação provoca o efeito colateral de congestionar a pauta do Legislativo.
Em outras palavras, é pura perda de tempo no momento em que o Congresso
precisa se debruçar sobre problemas mais sérios.
Publicado na edição nº 2644 - em VEJA de 24 de julho de 2019,