Blog Prontidão Total NO TWITTER

Blog Prontidão Total NO  TWITTER
SIGA-NOS NO TWITTER
Mostrando postagens com marcador Boston. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Boston. Mostrar todas as postagens

sábado, 16 de abril de 2022

O partido da toga - Supremo Partido

Revista Oeste

Ministros do STF estendem o ativismo político à Justiça Eleitoral e escavam trincheiras contra a reeleição de Jair Bolsonaro 

Em entrevistas recentes, o ex-ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Marco Aurélio Mello disse temer “tempestades” quando o seu ex-colega de toga Alexandre de Moraes assumir o comando da Justiça Eleitoral. A posse na presidência do TSE está marcada para agosto. Mas os sinais da tormenta já começaram.

As camadas do STF: Alexandre de Moraes, Luís Roberto Barroso , Edson Fachin e Ricardo Lewandowski | Montagem Revista Oeste/SCO/STF
As camadas do STF: Alexandre de Moraes, Luís Roberto Barroso , Edson Fachin e Ricardo Lewandowski -  Montagem Revista Oeste/SCO/STF

O Tribunal Superior Eleitoral é formado por sete integrantes, sendo três do STF. É esse trio quem manda na Corte. Os outros membros são figurantes, indicados pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ), e dois juristas. O atual presidente é Edson Fachin, que entregará o bastão para Moraes antes do primeiro turno. Ricardo Lewandowski compõe a mesa.

“Tenho receio”, disse Marco Aurélio, em entrevista a Oeste. “A presidência do TSE é mais forte do que a presidência do Supremo. Moraes [a quem ele chamava de xerife no STF] precisa perceber que terá uma responsabilidade muito grande, principalmente porque o atual presidente da República tentará a reeleição, o que é natural.”

“O STF não pode ser instrumento de partidos de oposição”

A declaração mais clara de que o presidente Jair Bolsonaro e seus aliados terão dificuldades na campanha foi dada nesta semana pelo também ministro do STF Luís Roberto Barroso, que dirigiu as últimas eleições municipais. 
Ele foi uma das estrelas de um evento chamado Brazil Conference, em Boston (EUA). Estava ao lado da deputada Tábata Amaral (PSB-SP), a menina prodígio patrocinada pelo bilionário Jorge Paulo Lemann. O debate era sobre o combate às fake news nas eleições e a agilidade do Judiciário.

“É preciso ter uma compreensão crítica de que há coisas ruins acontecendo, mas é preciso não supervalorizar o inimigo”, disse. “Nós somos muito poderosos, nós somos a democracia. Nós é que somos os poderes do bem e ajudamos a empurrar a história na direção certa. O mal existe, é preciso enfrentá-lo, mas o mal não pode mais do que o bem.”

A manifestação de Barroso, de longe um dos mais falantes e vaidosos iluministros, é ao mesmo tempo autoexplicativa e perigosa. Sem rodeios, ele deixou claro que os ministros não escondem mais estar numa cruzada contra o atual presidente. No limite, podem tentar impedir sua reeleição numa canetada — como a cassação da chapa no segundo semestre.

Barroso foi além: colocou o Judiciário na mesma trincheira do consórcio da imprensa e de jovens de esquerda, que formariam a frente do bem contra o mal — afinal, “eles são a democracia”, afirmou. A esse grupo, ainda se juntou Jorge Paulo Lemann, o segundo homem mais rico do Brasil, de acordo com a revista Forbes. “Temos uma eleição em curso no Brasil e teremos um novo presidente”, disse o investidor, durante o evento.

O festival “dos poderes do bem”, como definiu Barroso, ainda teve a participação de Lewandowski, que usou o microfone para responsabilizar o governo “negacionista” pelas mortes da covid. Foi aplaudido pela plateia por lembrar da palavra mágica — negacionista — da pandemia.

Jair Bolsonaro foi o único pré-candidato que não foi convidado. A organização afirmou que ele “representa um risco à democracia”. [em certos eventos o melhor é não ser convidado; muitas vezes o ser convidado é uma forma de apequenar o convidado. 
Quanto as críticas do ministro Lewandowski à condução da pandemia, estão afinadas com as que foram apresentadas ao Tribunal Penal Internacional de Haia, pelo trio que presidiu à covidão,  e foram descartadas antes mesmo de serem recebidas. ] 
Todos os candidatos à medalha de bronze nas eleições compareceram. Lula enviou o senador baiano Jaques Wagner (BA) para representá-lo.

Em sessão virtual do Senado, o gaúcho Lasier Martins (Podemos) intimou o presidente da Casa, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), sobre as falas dos ministros no exterior. “É um movimento nitidamente político, com a presença de dois ministros do STF, para falar contra o Brasil”, disse. “Já não bastam esse inquérito perpétuo, a anulação da sentença do Lula? Não param de cometer atos irregulares, que não têm nada a ver com a missão do Judiciário. O Senado deve fazer algo, pelo menos que abra o processo [de impeachment], e o ministro Alexandre de Moraes venha responder. Ele é um campeão de arbitrariedades.”

Como tirar Bolsonaro do jogo?
No ano passado, Alexandre de Moraes tentou preparar uma armadilha para Bolsonaro no inquérito inconstitucional que conduz no STF. 
O ministro chegou a determinar que o presidente prestasse depoimento à Polícia Federal sobre o vazamento de informações secretas de um ataque hacker às urnas eletrônicas. Bolsonaro não foi. Até agora, nada aconteceu.
 
É no TSE que os adversários do presidente vão tentar impedi-lo de disputar as eleições até o fim. A engenharia precisa seguir alguns passos: 1) apresentar denúncias de uso de fake news ou abuso do poder econômico (uso da máquina pública em campanha); 
2) aval do Ministério Público Eleitoral para investigá-las
3) um ministro disposto a tumultuar o processo eleitoral. O restante do trabalho a velha imprensa já faz.

Outro caminho para tornar Bolsonaro inelegível seria acusar sua campanha de publicar notícias falsas

Sobre o primeiro item, centenas de denúncias são apresentadas em anos eleitorais — e começam muito antes da campanha. Ou alguém imagina que o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), escolhido como coordenador da campanha de Lula, vai declinar de sua tarefa preferida em 2022?

O próprio PT pressionou na semana passada para levar as investigações de corrupção no Ministério da Educação (MEC) para o TSE. Alegou que dois pastores teriam recebido dinheiro público e isso poderia se converter em apoio futuro de evangélicos à reeleição do presidente. Foi a primeira tentativa de configurar abuso de poder político e econômico.

A defesa redigida pela Advocacia-Geral da União (AGU), contudo, fez um questionamento óbvio: por que se justifica uma ação judicial nessa Corte se a eleição nem sequer começou?  
Se não houve registro de candidatura? O TSE ainda não se pronunciou.

Outro caminho para tornar Bolsonaro inelegível seria acusar sua campanha e seus perfis em redes sociais de publicarem notícias falsas. Nesse caso, seria um “prato cheio” para Alexandre de Moraes. Ele, inclusive, deu declarações sobre isso quase um ano antes de a campanha começar. “Se houver repetição do que foi feito em 2018, o registro será cassado, e as pessoas que assim fizerem irão para a cadeia, por atentar contra as instituições e a democracia no Brasil”, disse, em outubro, durante o arquivamento da denúncia de disparos em massa pelo WhatsApp.  “Nós já sabemos os mecanismos, quais as provas rápidas que devem ser obtidas, em quanto tempo e como”, afirmou Moraes. “Não vamos admitir que essas milícias digitais tentem novamente desestabilizar as eleições.”

Defesa
Para defender Bolsonaro, o Partido Liberal (PL) contratou uma equipe de advogados, chefiada por Tarcisio Vieira de Carvalho Neto. Ele foi ministro do TSE durante sete anos. A primeira medida de contenção de danos foi preparar uma cartilha, entregue ao presidente, sobre o que pode ou não ser feito neste ano — especialmente na internet.

A blindagem não deverá impedir a enxurrada de ações de adversários no tribunal. Um antigo episódio descrito pelo ex-ministro Marco Aurélio Mello, aliás, mais uma vez pode funcionar como profecia. Qualquer semelhança com a patota de Randolfe é mera semelhança. “Lembro de um diálogo entre o deputado federal Jamil Haddad (PSB), já falecido, e o ministro Sepúlveda Pertence. Pertence disse: ‘O senhor está aqui todo dia’. E Haddad respondeu: ‘Olha, eu presto contas aos meus eleitores’. O Supremo não pode se prestar a ser instrumento de partidos de oposição ao atual governo.”

Leia também “Aberração jurídica”

Silvio Navarro, colunista - Revista Oeste


quarta-feira, 13 de abril de 2022

Políticos não viram os riscos abaixo da linha d'água - Alexandre Garcia

No rumo do Titanic

Num 13 de abril como hoje, há 110 anos, o Titanic seguia sua rota, rumo a Nova York, orgulhoso e confiante, certo de sua supremacia sobre o mar. Estava a dois dias do choque com um iceberg. Seu poder submerso rasgou o casco de aço do presunçoso navio e o mandou para o fundo do mar. Boston está a uns 700km a oeste do local daquele naufrágio, e a 8 mil km de São Paulo, o maior contingente eleitoral do Brasil. 
Num encontro em Boston, políticos brasileiros participaram de um seminário. Com a supremacia da verdade, embaçados por suas certezas, assumiam o risco de não perceber os riscos abaixo da linha d'água.
 
Sergio Moro, em Washington, insistia em permanecer candidato à Presidência da República, negando expressamente que vá aceitar uma vaga para concorrer a deputado federal. A senadora Simone Tebet, em Boston, deixou claro que o seu partido, MDB, mais o PSDB e o União Brasil vão indicar um candidato único, dia 18 de maio, a ser escolhido entre ela, João Doria e Luciano Bivar excluindo expressamente Moro. Será que o ex-juiz vai ficar com a chance de disputar uma vaga na Assembléia de São Paulo [por óbvio, deputado estadual] ?  
Porque no seu Paraná, ao abandonar o Podemos de Álvaro Dias e Oriovisto Guimarães, as escotilhas se fecharam. [Moro encerrou sua carreira política quando tentou trair quem o tirou do ostracismo = o presidente Bolsonaro; trair o chefe é uma atitude indigna; se discorda, chega e diz, se perceber que não será atendido, peça para sair, renuncie. Renunciar é preferível a trair. Ser LEAL é marca dos homens honrados.
MINHA HONRA é LEALDADE.]
Ciro Gomes estava nos Estados Unidos também, vendo afundar seu concorrente de terceiro posto, e não quer ficar a ver navios.

A senadora pode ir vestindo o colete salva-vidas. Em Brasília, José Sarney e metade da bancada de senadores do MDB jantaram ontem na casa do ex-ministro de Lula, Eunício Oliveira. Convidado especial: o próprio Lula, que levou a presidente do PT, Gleisi Hoffmann. Como num ato falho, Eunício negou a jornalistas que estivessem traindo Simone Tebet. Àquela hora, ela estava em São Paulo, com o ex-presidente Michel Temer e o presidente do MDB, Baleia Rossi, e deve ter sentido o choque com um iceberg que, em Brasília, rasgava o casco de sua candidatura, que começava a fazer água.

Eduardo Leite também estava no tombadilho em Boston. E suscitou mexericos na primeira classe: que, por enquanto, ficaria como imediato no caso de o comandante abandonar o navio, e isso seria o sinal para se unirem todos ante o perigo do gigantesco iceberg.

O comandante, por sua vez, está fazendo manobras estranhas. Indispôs-se com a classe média, queixando-se que gasta demais; com os religiosos, pregando aborto para quem não quiser ter filho; com os militares, ameaçando tirar todos de seus postos no governo; com os deputados federais, ensinando a assediar suas famílias; com 600 mil proprietários legais de armas, prometendo desarmá-los, enquanto daria poder ao MST e ao MTST; quer desfazer privatizações, teto de gastos e modernização das leis trabalhistas
A própria tripulação não entendeu as manobras e está preocupada que seja leme perigoso, com intenção de afundar.
 
Juízes supremos, que vão arbitrar eleições e julgar questões envolvendo o governo, estavam lá, como estão por toda parte, como se estivessem em campanha política, abandonando a imparcialidade e a isenção. A banda vai emitindo as notas do acompanhamento. 
A orquestra de bordo sente que pode afundar, mas tocar é preciso, navegar não é preciso. 
A banda eleva o volume para impedir que os passageiros percebam os perigos da rota. 
Os sons saem desesperados, mas têm que tocar até o fim. E a nave segue seu rumo.
 
Alexandre Garcia, colunista - Correio Braziliense 
 
 
AVULSAS

LADRÃO FALANTE E GAZELA SALTITANTE: UM PAR PERFEITO

terça-feira, 12 de abril de 2022

STF - Ministros do Supremo não deveriam falar sobre política - Gazeta do Povo

Alexandre Garcia - VOZES

Um senador da oposição disse na semana passada que "juiz só fala nos autos". Só que no Supremo Tribunal Federal isso não vale
Tem ministro do STF que fica dando palestra por aí, a três por dois. 
Nesta segunda-feira (11), falei com uma estudante de Direito da USP que disse que foi ouvir o ministro Ricardo Lewandowski. 
Ela contou que o ministro só falou em Lula, o tempo todo. Ele foi nomeado por Lula,  então deve estar muito agradecido. Mas Lewandowski é juiz do TSE e deveria ficar isento, porque ele é um dos responsáveis por arbitrar essa eleição.

Em Boston (EUA), em participação no Brazil Conference, o mesmo ministro ainda criticou o candidato à reeleição Jair Bolsonaro, dizendo que o negacionismo do governo aumentou o número de mortes no Brasil. Só que não foi o negacionismo do governo, mas o da mídia em geral, dos próprios juízes e de muita gente, inclusive de médicos, que negaram o tratamento que existe para as pessoas. Negacionismo é isso.

Outro ministro do STF, Luis Roberto Barroso criticou no mesmo evento o populismo, os presidentes populistas 
Só que a gente não fica sabendo a quem ele quis se referir. 
E ninguém fez pergunta a eles sobre eleições, a forma de apuração, sobre desrespeito à Constituição, e às liberdades de opinião e expressão, a prisão de jornalistas e deputado, desrespeito ao domicílio inviolável, ao direito de reunião, de ir e vir, de culto...  
Ninguém perguntou nada, fica estranho isso.

A propósito, o jornalista JR Guzzo, na Revista Oeste, está dizendo que o ministro do STF Alexandre de Moraes desrespeitou o Código de Processo Civil, artigo 833, inciso IV, que impede que se confisque o salário de pessoas a não ser para pagar pensão alimentícia. Mas Moraes quis fazer isso com o deputado Daniel Silveira, segundo lembra Guzzo.

Eleição na França
O candidato da esquerda na eleição francesa ficou fora do segundo turno; terminou em terceiro lugar. Vão para o segundo turno Emmanuel Macron e Marine Le Pen, os dois muito perto um do outro na contagem de votos. A decisão final fica para 24 de abril.

Lá não tem Justiça Eleitoral. [nem urna eletrônica] Quem faz a contagem final é o Ministério do Interior, que recebe os votos contados em cada seção eleitoral. O voto é em papel, colocado em uma urna em acrílico, transparente, se vê o voto entrando. Quando termina a votação, é tirado o lacre e conta-se ali imediatamente os votos, com uns fiscalizando os outros.

Todo francês com mais de 18 anos é eleitor, o voto não é obrigatório, pode votar em quem quiser, e está lá a cédula em papel na seção eleitoral à disposição de quem quiser votar ou então pode trazer de casa. E a França é uma grande democracia.

Não estou aqui pregando a volta do voto em papel, mas a velocidade de apuração na França é a mesma do Brasil, e aqui não é transparente. A gente não vê como é que os bytes, megabytes e terabytes estão contando as coisas, se mexendo lá dentro.

A eleição na França nos faz pensar, mais uma vez, sobre a transparência, já que a gente tem uma decisão exemplar da Justiça alemã dizendo que a eleição, que é do eleitor, tem que ser transparente em todos os seus processos, principalmente na apuração.

Alexandre Garcia, colunista - Gazeta do Povo - VOZES

 

domingo, 2 de janeiro de 2022

Larry Bird, Magic Johnson e 2022 - Revista Oeste

Ana Paula Henkel

Best of Enemies não só mergulha na rivalidade que tornou os jogos entre os dois times espetaculares, mas mostra como a atual sociedade emburreceu

Mais um ano chega ao fim. Como de costume, durante a última semana do ano, meus filhos e marido perguntavam sem parar o que eu gostaria de ganhar de presente de Natal. Pensei, pensei e, finalmente, na sexta-feira dia 24 encontrei o presente perfeito. Depois de ligar para a minha família no Brasil na noite de Natal e desejar uma noite abençoada, desliguei o telefone. Não, não apenas me despedi e desliguei a chamada, desliguei o telefone. Deslizei o dedo pelo botão que aparecia para mim na tela: “TURN OFF”. Puf. Tela escura e desligada. E assim ela permaneceu — em OFF — até o domingo dia 26 à noite. Dois dias inteiros sem WhatsApp, sem redes sociais, sem notícias… Foi o melhor presente que eu poderia ter me dado nos últimos anos.

       Dividida entre Larry Bird e Magic Johnson - Foto: Reprodução/NBA 

Apostas sobre em quanto tempo eu ligaria o telefone foram feitas em casa e, diante da minha tranquilidade em não querer por um segundo ligar o telefone, no sábado à tarde, marido, enteada e filho resolveram fazer o mesmo. E a mágica aconteceu! Durante dois dias inteiros, o tempo pareceu passar mais devagar. Tortas de maçã, biscoitos e bolos foram feitos. Velas e mais velas cheirosas foram acesas, vinhos e bebidas foram degustados — e não apenas ingeridos —, jogos de tabuleiros foram jogados e muitas risadas foram dadas. 
E filmes, muitos filmes foram vistos, desde os clássicos It’s a Wonderful Life e Cantando na Chuva, até clássicos recentes como Gran Torino e Interestelar. E esse foi o melhor presente que os meus filhos e meu marido poderiam ter me dado nos últimos anos.

Dentre as muitas boas horas de filmes e séries a que assistimos juntos, um programa chamou a atenção de todos nós, e acabou alimentando um debate pertinente, saudável e importante em casa. A importância de dar importância ao que é realmente importante. Pode parecer uma frase redundante, mas um documentário sobre a clássica rivalidade entre Boston Celtics e Los Angeles Lakers, times da NBA, acabou trazendo uma boa reflexão a todos. Antes de mais nada, para os amantes do esporte, como eu, “Celtics/Lakers: Best of Enemies” mergulha na rivalidade que tornou os jogos entre os dois times nos anos 1960 e 1980 não apenas espetaculares, mas históricos.

Os rivais Larry Bird e Magic Johnson | Foto: Divulgação/NBA

A saga do “Fla x Flu” do basquete profissional norte-americano mostra como Magic Johnson, Larry Bird, Kareem Abdul-Jabbar, Cedric Maxwell, James Worthy, Kevin McHale e muitas outras lendas mudaram o jogo para sempre. No entanto, as quase cinco horas de pura imersão no universo do esporte profissional não contam apenas a história de uma rivalidade esportiva como outras pelo mundo. Para quem gosta de análises estratégicas detalhadas de jogos clássicos, Best of Enemies  preenche esse requisito com muitas imagens estonteantes e muitas entrevistas internas cheias de detalhes. Mas a série vai além disso.

Em muitos momentos, o documentário também desnuda várias nuances da psicologia humana e de como a atual sociedade, tão polarizada política e intelectualmente, emburreceu e retrocedeu no campo da civilidade e do amadurecimento emocional. Não sei se os mais jovens sentirão certa nostalgia doída de quem viveu nos anos 1980 e 1990, quando o esporte dividia as tribos pelas cores dos uniformes de seus times, e não pela cor da pele ou pelas posições políticas, mas há muito o que ser explorado ouvindo homens de fibra.

Obviamente, a questão racial não é excluída da série. Especificamente, Best of Enemies aborda o assunto, tanto no preconceito intelectualizado de alguns repórteres esportivos — que elogiavam as virtudes do “basquete fundamental” (dos brancos) versus o “estilo playground” (dos negros) —, quanto nas tensas relações raciais dentro de Los Angeles e Boston. O diretor, Jim Podhoretz, também não esconde os problemas do mundo real que obscureciam o jogo, como drogas, mas foca em sua maior atração: o Boston Celtics liderado por Larry Bird e o Los Angeles Lakers liderado por Magic Johnson. Entre 1980 e 1989, o Lakers chegou às finais do Oeste oito vezes e conquistou cinco campeonatos, enquanto o Celtics representou o Leste cinco vezes, vencendo três finais. As duas equipes se enfrentaram apenas três vezes — em 1984, 1985 e 1987 —, mas cada série cativou a nação de maneira marcante até hoje, gerando personalidades e histórias que ajudaram a estabelecer a NBA como um verdadeiro passatempo nacional, pouco antes da chegada de Michael Jordan ao Chicago Bulls, época em que o jogo e a liga foram catapultados para outro nível.

O documentário, além de apresentar um elenco fabuloso de personagens que mudariam a NBA e abririam a mente coletiva da América, revive a década de 1980 com Larry Bird, Magic Johnson e todo o drama dessa época de ouro da NBA. O Celtics de Bird e o Lakers de Magic se enfrentaram por quatro anos até o encontro épico da final em 1984. Sem maiores spoilers, a última parte da série mostra as páginas logo depois das emocionantes finais da NBA de 1984 e, em seguida, explora a saga de 1985 a 1987 e como a rivalidade acabou solidificando, gradualmente, o respeito entre seus personagens. Ao final da última batalha, em 1987, enquanto ainda havia muita animosidade, eles também desenvolveram uma reverência mútua e profunda.

Há momentos preciosos na série, de lições valiosíssimas de humildade, decepção, tristeza, superação. Há frases que, normalmente ditas por palestrantes ou os chamadoscoaches, caem numa certa pieguice das platitudes de autoajuda. Mas quando são ditas — e acompanhadas de imagens espetaculares — por Magic Johnson, por exemplo, a reflexão é inevitável: “Autoavaliação é difícil, mas você tem de ser honesto consigo mesmo. Tive de entender que não era tão bom quanto pensava que fosse”.

O esporte, assim como o mundo, mudou muito com a tecnologia, com o acesso em tempo real a informações que podem mudar o rumo de uma partida ou o destino de um atleta. Programas de computação aplicados a treinamentos e jogos podem fazer toda a diferença. O talento individual e a incansável dedicação não são mais as únicas vias para o sucesso no âmbito do esporte profissional. Muito pode ser ensinado e desenvolvido em tempo recorde nos dias de hoje. No entanto, há talentos incrivelmente pertinentes a esse mesmo âmbito que não podem ser ensinados. Eles normalmente são pontos genéticos ou traços que foram desenvolvidos por meio de experiências importantes ao longo da vida. Estou falando do que esses líderes e rivais tinham em comum: acessibilidade, carisma, determinação com os pés no chão. Mesmo que pudesse haver o debate racial entre negros e brancos, a NBA dos anos 1980 mostrou que isso era secundário, que a espinha dorsal de união e paixão pelo esporte seguia seu caminho com propósito, como lembra Cedric Maxwell, ex-jogador do Celtics no documentário: “Depois de seu terceiro campeonato e terceiro MVP, o respeito por Larry Bird não podia ser negado. Quando vi a foto de Larry em uma barbearia de negros, disse — ele realmente cruzou a linha! Você via Jesus, Malcom-X, mas não uma foto de Larry Bird em uma barbearia de negros!”.

Nos anos 1950, ainda sob as leis raciais em muitos Estados, foi o esporte que abriu portas para a extinção das vis políticas segregacionistas

Em 2021, vimos, mais uma vez, as plataformas sociais — mesmo com todo o apreço que podemos ter pela democratização de opiniões através delas — terem um papel vital na segregação vil e ignorante da atual sociedade. Vimos esses espaços supostamente democráticos usando o esporte, um campo em que diferenças são abandonadas, em especial durante os Jogos Olímpicos, sofrer incansáveis tentativas de sequestros e desvirtuações. Qualquer desavença política ou diferença religiosa sempre foram tratadas como coadjuvantes no campo esportivo. Não importa se na NBA ou nas Olimpíadas, o roteiro fiel ao esporte sempre foi de histórias de superação e respeito, recheadas de enredos dramáticos com derrotas e vitórias espetaculares. A celebração na excelência atlética.

Larry Bird, Michael Jordan e Magic Johnson | Foto: Divulgação/NBA

Mas o que mudou? Infelizmente, já há alguns anos, algo vem atingindo o espírito esportivo. E isso vem sendo demonstrado da maneira mais estúpida possível, por uma sociedade repleta de analfabetos olímpicos e personalidades hedonistas. Depois de alguns anos e uma pandemia global que trouxeram não apenas a banalização da história e suas palavras, até quando vamos seguir com a politização de tudo? O esporte já dava sinais de que não ia escapar à “idiotização” política, com frases do Black Lives Matter sendo repetidas por atletas importantes, ou a visão distorcida e triste de jogadores em campeonatos como a NBA se ajoelhando — literalmente.

Nos anos 1950, ainda sob as leis raciais em muitos Estados norte-americanos, foi o esporte — mais uma vez — que abriu portas para a extinção das vis políticas segregacionistas. E a NBA foi parte fundamental nisso. Em uma sociedade em que movimentos como o Black Lives Matter usam o terrorismo e a violência contra negros e brancos para propagar suas ideias e demandas, em que políticos plantam a segregação racial ou em que ligas esportivas e atletas são sequestrados por grupos ideológicos, é gratificante assistir a um documentário como Celtics/Lakers: Best of Enemies. Ver a magnitude de uma obra que aborda a divisão racial de maneira madura, mas que também traz o melhor de todos nós, independentemente da cor da nossa pele ou de como votamos, não deixa de ser um sopro de esperança para 2022. Divisões sempre existirão, mas a vontade de fazer o correto pode sempre ser exaltada.

Em um ano em que o politicamente correto avançou de maneira violenta, linchando médicos, jornalistas e atletas que ousaram pensar fora das linhas da turba;  
em que o politicamente correto sufocou atletas femininas para proteger a injustiça de apoiar homens biológicos competindo com mulheres
em que o politicamente correto tentou nos obrigar a aplaudir a fraqueza de atletas egoístas que abandonaram suas equipes na última hora porque não conseguiram se manter sob os holofotes e não souberam olhar de frente para as adversidades, despeço-me de 2021 neste último artigo do ano com uma das frases finais de Magic Johnson no documentário: “Eu odiava o Celtics. Mas amei jogar, porque pude jogar contra Larry Bird e o Celtics. Nunca teria sido o jogador mais valioso (MVP), nunca teria sido o jogador que fui se não fosse por Larry Bird e o Celtics. Eles me fizeram alcançar a grandeza, a excelência. Nos anos finais dessa rivalidade entre Celtics e Lakers havia tantos afro-americanos que ovacionavam Larry Bird. Eles sabiam quão grande ele era. Não era sobre cor, sobre raça, era puro respeito por um cara corajoso”.

Que a boa e saudável divisão em 2022 volte, aquela em que a única raiva que tínhamos um do outro era por perder para rivais históricos no esporte. Enquanto isso não chega, que tal, como presente de ano novo, dois dias sem telefone? Recarregar sem estar plugado pode ser uma maneira antiga — porém eficiente — de dar valor ao que realmente importa. Obrigada pela companhia em 2021 e desejo um próspero 2022, com menos redes sociais e mais clássicos na TV. Happy New Year!

Leia também “A guilhotina do bem”

Ana Paula Henkel, colunista - Revista Oeste

 

 

quarta-feira, 1 de setembro de 2021

"7 de setembro, o dia da Independência"

Alexandre Garcia

"A liberdade de expressão tem sido atingida, embora garantida pela Constituição. A pandemia foi pretexto para muita restrição às liberdades"

Já assisti a quatro 14 Juillet — a Data Nacional da França — em Paris. Estive num 4th July em Boston, onde começou a independência dos Estados Unidos. São festas cívicas, comemorando a pátria. Aqui no Brasil, a data nacional, em geral, se resume a paradas militares. Como em 2020, neste ano não haverá parada, por causa da pandemia. Mas, pelas expectativas e pelo fato de estar toda a mídia falando, tudo indica que na próxima terça-feira vai acontecer um 7 de Setembro com um público como nunca se viu mesmo sem parada.

São Paulo é o lugar que mais chama a atenção. Apoiadores do presidente e contrários ao presidente mostrarão suas gentes na Avenida Paulista, uns, e no Anhangabaú, outros. As capitais, que têm mais exposição, vão atrair manifestantes do interior. Há gente de um novo “fique em casa”, que teme confrontos, o que equivale a temer manifestações e a temer o contraditório tão saudáveis à democracia. Manifestações democráticas são aquelas que aceitam a diversidade de pensamento. Óbvio que fogo, destruição, paus e pedras, agressões nada têm a ver com democracia, mas com violência, fanatismo e brutalidade.

Que não se resuma o 7 de Setembro em um fora Supremo x fora Bolsonaro. As liberdades estão sendo feridas pouco a pouco, como sempre aconteceu em avanços do totalitarismo. [Fiquem certos, qualquer um pode comprovar, os ferimentos não estão sendo causados pelo Presidente da República Federativa do Brasil, JAIR MESSIAS BOLSONARO.] E liberdade, todos são a favor, menos os totalitários. A liberdade de expressão tem sido atingida, embora garantida pela Constituição. A pandemia foi pretexto para muita restrição às liberdades, e é significativo que se vá pedir respeito às liberdades na comemoração do dia em que o príncipe Pedro gritou independência!, provocando a libertação de Portugal. Imitando a voz do príncipe, talvez seja a hora de romper o silêncio sobre as exceções frequentes no cumprimento da Constituição. [as exceções que levam ao descumprimento frequente da Constituição, também não causadas pelo Presidente da República.]

O encontro nas ruas tem recebido cada vez mais atenção da mídia. Os estrategistas políticos já devem estar considerando este 7 de Setembro um marcador. 
Será um divisor de águas, transformando um antes num depois? 
Como todo poder emana do povo, as ruas poderão ter um poder dissuasório mais que todos os canhões, tanques e soldados que desfilariam nas paradas canceladas.
 
Alexandre Garcia, jornalista - Correio Braziliense

quarta-feira, 30 de junho de 2021

Toda política é local - Alon Feuerwerker

 Análise Política

O político norte-americano Thomas Phillip "Tip" O'Neill Jr (leia) ficou célebre não apenas pela longevidade parlamentar. Representou seu distrito de Boston, Massachusetts, por mais de três décadas na Câmara dos Representantes (deputados), que presidiu por dez anos. E nos Estados Unidos a sobrevivência dos deputados é colocada em jogo a cada dois anos, a duração do mandato. Metade daqui.

Tip celebrizou a expressão "toda política é local" (leia), lição que tirou da sua única derrota nas urnas, na primeira eleição, para vereador. Trata-se de uma verdade verificável nas mais diversas situações. Por que toda política é local? Porque com exceção das raras situações em que alguém busca um mandato nacional (presidente e vice, por exemplo), o político pensa antes de tudo em como manter o estoque local de apoio.Inclusive porque, regra geral, é esse estoque que o alavanca para posições na esfera nacional. É sua fonte de reprodução de poder.

O "provincianismo" dos políticos costuma ser um prato apetitoso para a imprensa, especialmente quando eles lutam, por exemplo, para ser incluídos em comitivas presidenciais ou ministeriais aos seus estados, quando disputam a indicação de cargos federais na sua base, quando exigem do Executivo a liberação de recursos para obras na jurisdição das autoridades locais que os apoiaram, ou vão apoiar.

A  Comissão Parlamentar de Inquérito no Senado da Covid-19 deu mais uma demonstração de que toda política é local. Em pauta, a responsabilidade dos governantes do Amazonas na trágica segunda onda, provocada pela cepa originária, aparentemente, da capital, Manaus. Um breve interregno dos trabalhos mais focalizados na esfera federal.
 
Alon Feuerwerker, jornalista e analista político
 
 

sábado, 12 de junho de 2021

Fatos são coisas teimosas - Ana Paula Henkel (@AnaPaulaVolei)

Revista Oeste

Em seu primeiro discurso como vice-presidente, Kamala Harris disse ao povo da Guatemala o que estava inserido nas políticas tão criticadas de Trump: 'Não venham para os EUA'

Em novembro do ano passado, logo após as eleições presidenciais norte-americanas, publiquei um artigo aqui na Oeste mostrando quem era, de fato, a vice de Joe Biden. Kamala Harris, uma velha conhecida dos californianos, foi procuradora-geral da Califórnia e, mais tarde, senadora pelo Estado.

No caminho da histórica eleição de 2020, um pleito confuso e ainda com muitas perguntas sem resposta, ficou nítido que o único objetivo dos democratas era o poder da Casa Branca. Sem políticas nem propostas, o jeito foi esconder o candidato no porão e maquiar, de forma hollywoodiana, a vazia candidata a vice, que pelo menos atendia ao politicamente correto: mulher, negra, asiática, filha de imigrantes…, mas que carregava também um defeito difícil de ser escondido por muito tempo, a incompetência.

Diante de um crescimento significativo de votos de latinos no Partido Republicano desde a eleição de Donald Trump, em 2016, a mensagem da campanha presidencial dos democratas aos imigrantes ilegais, seguida logo após por uma ordem executiva do presidente eleito Joe Biden, sempre foi clara: as políticas de fronteira do ex-presidente Donald Trump seriam suspensas, a construção do muro entre o México e os Estados Unidos interrompida e a concessão de green cards a imigrantes ilegais expandida. Esse movimento gerou uma enxurrada desenfreada de imigrantes ilegais da América Central na fronteira e o país enfrenta hoje uma das maiores crises humanitárias e sanitárias de sua história.

Depois de passar a campanha presidencial escondido e ainda sem dar uma única entrevista coletiva aberta, Joe Biden decidiu colocar sua vice, Kamala Harris, à frente da crise migratória na fronteira sul. E o que era óbvio para milhões de californianos tornou-se evidente até para eleitores democratas. A cor de sua pele, sua etnia ou sua condição como mulher não lhe dão automaticamente a capacidade de liderar ou governar.

Há dois anos, ainda durante as primárias presidenciais democratas, Kamala Harris fez uma aparição no canal CNN para explicar sua posição na disputa. Naquele momento, ela havia acabado de ser humilhada em um debate por Tulsi Gabbard, outra candidata nas primárias, que expôs toda a incompetência da concorrente em sua vida pública na Califórnia. Harris tentava explicar o que havia acontecido, dizendo que era normal o embate porque ela era uma candidata de “primeira linha”.

Para quem acompanhou todo o processo eleitoral desde as primárias democratas, não foi difícil perceber que Kamala Harris nunca foi isso. Nem mesmo no dia em que realmente anunciou sua candidatura. No papel, ela parecia uma concorrente séria, era senadora pelo maior Estado do país, ex-procuradora com apoio quase universal entre os repórteres militantes de uma mídia que se tornou uma espécie de assessoria de imprensa do Partido Democrata. Por algum tempo, a receita enganou muita gente e parecia que o plano daria certo. O problema nunca foi a mídia de pompom, mas os eleitores reais que sempre a consideraram detestável e inepta. Quanto mais Kamala eles viam, mais enojados ficavam.

A incapacidade política e diplomática de Harris gerou críticas até dentro do próprio partido

Para se ter ideia da repulsa que Harris despertava, em dezembro de 2019 ela estava perdendo em seu próprio Estado nas primárias democratas para o quase desconhecido Andrew Yang. Numa pesquisa do partido, a maioria dos democratas da Califórnia disse que queria que ela desistisse da corrida. Harris estava sendo esmagada até mesmo no pequeno Estado de Iowa, onde ela gastou praticamente todo o dinheiro arrecadado para a campanha. É surpreendente que, mesmo para a política, um meio famoso por recompensar a falsidade, Kamala Harris seja falsa demais para vencer.

Sua sorte é que, no atual raso e árido cenário político, pouco se discute sobre propostas, ideias ou soluções. No culto à cor da pele, ao gênero, à etnia, à sexualidade, e a toda a parafernália do politicamente correto, o que menos conta é a capacidade de governar. E Kamala, por preencher o checklist dos sinalizadores de virtude, foi a escolhida para ser o poste do poste da China. Sua primeira tarefa? A histórica crise migratória na fronteira sul. O que poderia dar errado? Tudo.

Harris fez sua primeira visita estrangeira à Guatemala e ao México nesta semana para abordar as “causas profundas” da migração da América Central para os Estados Unidos. Em seu primeiro discurso como vice-presidente, ela disse ao povo da Guatemala, sem rodeios, o que estava inserido nas políticas tão criticadas de Donald Trump: “Não venham para os EUA”, afirmou, antes da reiteração. “Não venham para os Estados Unidos. Os Estados Unidos continuarão a fazer cumprir nossas leis e a proteger nossa fronteira. Se vier para a nossa fronteira, você será mandado de volta.” Harris nazista, fascista, taxista, sambista, eletricista.

Biden, aparentemente, enviou Harris para “liderar esforços com o México e o Triângulo Norte com os países que vão precisar de ajuda para conter o movimento de tantas pessoas, impedindo a migração para nossa fronteira sul”. Ele também disse que ela era “a pessoa mais qualificada para isso”. Porém, depois dessa viagem, o óbvio ficou mais claro que a luz do dia. A incapacidade política e diplomática de Harris gerou críticas até dentro do próprio partido. Harris chamou a linguagem usada em seu discurso de imigração de “nova era” — o que vai contra a lei de asilo defendida pelo presidente Joe Biden em campanha, e a promessa de restaurar o sistema de processamento de asilo na fronteira, trazendo uma reforma de imigração há muito esperada.

Mas o desastre da vice não parou por aí. Em uma entrevista ao NBC Nightly News, Harris exibiu alguns de seus muitos talentos, que incluem uma inacreditável superficialidade e obstinada incapacidade de processar os relatórios que o Departamento de Estado envia a ela. Um dos momentos mais significativos deixaria nossa “presidenta” Dilma orgulhosa. Quando Lester Holt, da NBC, fez a Harris a pergunta mais óbvia que ela receberia sobre a crise da fronteira, a vice-presidente tentou desviar e rir da pergunta“Por que não visitar a fronteira? Por que não ver o que os norte-americanos estão vendo nesta crise?”, Holt perguntou.

Harris, demonstrando absoluto descontrole, responde agitando os braços: “Em algum momento, você sabe, nós vamos para a fronteira. Estivemos na fronteira. Então, toda essa coisa… essa coisa… sobre a fronteira… Estivemos na fronteira. Estivemos na fronteira”.  O repórter é incisivo: “VOCÊ não foi à fronteira”. Harris então responde com uma gargalhada nervosa: “E eu não fui para a Europa! Quer dizer… eu não estou entendendo o seu ponto”.

Kamala Harris está no comando de um dos problemas atuais mais graves nos Estados Unidos. E ri de uma pergunta sobre o motivo pelo qual ela não foi até a fronteira para entender melhor o que está acontecendo. O nervosismo, o aceno da mão, a risada inapropriada, as repetições semelhantes às de um robô danificado são humilhantes. O fato é que Harris não foi à fronteira. Nem Biden.

O ex-presidente Donald Trump e sua administração se opuseram veementemente à imigração ilegal e às caravanas de requerentes de asilo. Trump se concentrou na construção do muro na fronteira e impôs uma política de “Permanecer no México”, que obrigava a maioria dos requerentes de asilo da América Central a esperar no país vizinho enquanto os tribunais dos EUA revisavam suas reivindicações de perseguição. Em contraste, o governo Joe Biden encerrou a construção do muro e desmantelou a política de Trump. Em abril, entretanto, as detenções na fronteira sul atingiram mais de 178.000 migrantes ilegais — o maior número mensal em 21 anos, com milhares de menores desacompanhados.

Tommy Pigott, um dos diretores do Comitê Nacional Republicano, atesta que muitos norte-americanos que vivem em comunidades fronteiriças estão com medo de deixar sua casa e que contrabandistas vêm abandonando crianças de até 5 anos de idade na fronteira. Em comunicado à imprensa, Pigott disse que as apreensões de Fentanyl, um analgésico que se tornou uma das drogas que mais matam por overdose nos EUA, estão aumentando em todo o país. “Mesmo assim, Biden e Harris continuam decepcionando o povo norte-americano”, afirmou.

Há uma razão pela qual Kamala Harris nem mesmo chegou a Iowa no processo das primárias democratas, apesar de um lançamento espalhafatoso e do ímpeto baseado em identidade de gênero, etnia e cor da pele. Ela simplesmente não é boa em política. É inautêntica, tem instintos ruins, falta-lhe seriedade e irrita muita gente.

Mas não é apenas sua incapacidade que chama atenção. Diante da implacável realidade dos fatos, fora das supermaquiagens hollywoodianas para travestir farsantes em políticos, não há outra maneira de finalizar esse artigo a não ser com as palavras de um dos mais importantes personagens da história norte-americana. Em março de 1770, John Adams, um dos Pais Fundadores dos EUA, disse durante o julgamento dos soldados britânicos envolvidos no chamado Massacre de Boston: Fatos são coisas teimosas. E, quaisquer que sejam nossos desejos, nossas inclinações ou os ditames de nossas paixões, eles não podem alterar o estado dos fatos e as evidências”.

Leia também “A fraqueza explícita diante dos adversários”

Ana Paula Henkel, colunista - Revista Oeste


sábado, 24 de abril de 2021

Veredicto acima de qualquer dúvida? - Revista Oeste

Ana Paula Henkel

Será mesmo que os jurados do caso George Floyd se ativeram exclusivamente às evidências ou foram impactados pelas pressões da militância progressista?
A América esta semana ficou apreensiva com a possibilidade de mais eventos violentos como os protestos do ano passado em algumas regiões do país após a morte de George Floyd. Os protestos, que colocaram em chamas — literalmente — cidades, bairros e uma infinidade de estabelecimentos comerciais que foram completamente destruídos ou saqueados por grupos compostos de terroristas domésticos, como Antifa e Black Lives Matter, pediam apenas “paz” contra o “racismo sistêmico” por parte das forças policiais. 
É justo debatermos qualquer vertente do racismo? Sim, justo e necessário. No entanto, o suposto racismo sistêmico que muitos pregam pela agenda identitária para fins políticos não é encontrado em nenhuma estatística dos órgãos oficiais norte-americanos.

Não entrarei no mérito desses números oficiais sobre as mortes de brancos, negros e latinos com o envolvimento de policiais, dado que foi tema de um artigo anterior. - O ataque injusto à polícia norte-americana - Demonizar as corporações policiais, compostas em sua maioria de gente qualificada e de bem, é ser cúmplice de atos terroristas e covardes

Apenas repito que os fatos não corroboram a narrativa empurrada pela imprensa militante. A apreensão sentida nos Estados Unidos deveu-se ao julgamento do ex-policial de Minneapolis Derek Chauvin. Visto no famoso e absurdo vídeo que registrou George Floyd no chão antes da morte, Chauvin foi considerado culpado de todas as acusações. O júri, de 12 membros, deliberou por apenas dez horas após um julgamento de três semanas. Chauvin pode pegar até 40 anos de prisão por homicídio não intencional em segundo grau, até 25 anos por homicídio em terceiro grau e até 10 anos por homicídio culposo em segundo grau. A sentença deve ocorrer em oito semanas, de acordo com o juiz Peter Cahill.

Em uma sociedade como a atual, que urge correr para as redes sociais para “debater” absolutamente qualquer assunto sem as devidas análises e ponderações, é necessário que tentemos olhar por uma lente de visão macro. O que podemos concluir desse caso, além das platitudes e falácias repetidas para orientação da manada e ganho político, depois de um julgamento com evidências controversas e pressão de políticos, inclusive o presidente Joe Biden?

Os membros do júri afirmam ter concluído que acreditam, unanimemente, e além de qualquer dúvida razoável, que Chauvin causou a morte de Floyd. Dadas as circunstâncias do julgamento, no entanto, é extremamente difícil acreditar que o júri estava preocupado apenas com a verdade ou a justiça. É extremamente difícil, se não impossível, para qualquer pessoa pensante e que não se orienta por paixões não ter uma dúvida razoável sobre o resultado.

O juiz do caso se recusou a isolar os jurados da cobertura da mídia e de influências externas durante o julgamento, e a pressão transmitida a eles foi mais que intensa. Ficou perfeitamente claro para os jurados que a nação seria novamente tomada pelas chamas se eles expressassem que, de fato, tinham uma dúvida razoável sobre a real causa da morte de Floyd.

A deputada democrata da Califórnia Maxine Waters inflamou as tensões no fim de semana antes de o júri deliberar, exigindo que os manifestantes nas ruas intensificassem seu confronto militante caso a sentença fosse favorável ao réu. Em frente a dezenas de câmeras, Waters disse: “Estamos aguardando um veredicto de culpado. Não foi homicídio culposo. Não, não e não. Ele é culpado por assassinato. Precisamos nos certificar de que eles saibam que falamos sério”. A deputada ainda exigiu que os manifestantes se preparassem para assumir uma postura “mais confrontadora”. Na tarde da terça-feira, o presidente Joe Biden ignorou o apelo do juiz para que os políticos se abstivessem de dar opiniões sobre o caso e avaliou o julgamento antes que o júri tivesse encerrado a deliberação. Biden chamou as evidências contra o ex-policial de “esmagadoras”.

Os jurados sabiam que a mídia que cobria o julgamento exibiu o rosto deles todos os dias durante três semanas. Todos vimos quem eram eles. O jornal Minneapolis Star Tribune publicou a descrição dos membros do júri: idade, raça, bairro, profissão e até mesmo informações sobre lazer. O propósito foi expor os jurados à pressão das turbas na hipótese de decisão em favor do réu.

Você acha que os jurados estariam dispostos a permitir que eles próprios e sua família fossem para o sistema de proteção de testemunhas para arriscar “uma dúvida razoável” sobre o papel real de Chauvin na morte de Floyd? Acha que eles estariam dispostos a trocar a vida e a violência que tomaria conta do país pela vida de um estranho? A natureza humana é cheia de armadilhas e imperfeições.

Suspeita: teria sido overdose a real causa da morte de George Floyd?

Para quem não acompanhou o julgamento de perto, foram divulgados documentos do Poder Judiciário de Minnesota que mostram que George Floyd tinha um “nível potencialmente fatal” de Fentanil no organismo no momento da morte
Fentanil é hoje o opioide que se tornou a droga que mais mata por overdose nos EUA.
De acordo com o dr. Andrew Baker, o examinador médico do Condado de Hennepin que conduziu a autópsia e não assistiu a vídeos até depois de sua investigação, Floyd tinha um nível tão alto da substância na corrente sanguínea que, se fosse encontrado morto em casa, seria “aceitável tipificar a morte como overdose. Embora o dr. Baker tenha esclarecido não estar afirmando inquestionavelmente que o Fentanil matou Floyd, ele reconheceu que o opioide pode ter desempenhado um papel maior na morte do que inicialmente suspeitado. O legista também observou que Floyd tinha uma condição cardíaca grave, e que a hipertensão poderia causar a morte “mais rápida porque ele precisaria de mais oxigênio”. Disse que “certas drogas poderiam exacerbar” o problema cardíaco preexistente de Floyd. Outras substâncias tóxicas foram encontradas em seu organismo.

O gabinete do procurador do Condado de Hennepin também observou “o nível fatal de Fentanil” e concluiu que a autópsia feita pelo dr. Baker “não revelou nenhuma evidência física sugerindo que o sr. Floyd morreu de asfixia”. O vídeo completo do encontro dos policiais com Floyd no fatídico dia mostra que ele disse repetidas vezes, dentro e fora do carro, antes de ser colocado no chão, a frase que marcou os protestos em 2020: “Não consigo respirar”. Em certo momento da filmagem, visivelmente perturbado, Floyd avisa aos policiais que tinha ingerido “drogas demais”.

Não estamos aqui para fazer o papel do júri. Os jurados são, antes de tudo, humanos. Sempre há espaço para erros de cálculo e medo. 
Nesse caso, entretanto, é extremamente claro que essas fraquezas humanas foram deliberadamente ampliadas a proporções catastróficas com potencial de corromper um sistema correto de um processo complexo. É difícil não imaginar que todo o movimento político e violento não tenha afetado a psique dos jurados e a decisão final. Eles não seriam humanos se isso não os afetasse. Ainda assim, aqueles que endossam a cultura da turba violenta e a “justiça” militante para fins políticos têm também como objetivo tornar impossível a expressão de dúvidas razoáveis, seja em um artigo, programa de TV ou… num júri. Um julgamento justo poderia ter chegado exatamente à mesma conclusão para o policial. Mas nunca saberemos e nunca seremos capazes de confiar em resultado impactado pelas ações da turba da esquerda marxista e violenta.

John Adams, um dos Pais Fundadores dos EUA, patriota anti-Inglaterra, disse durante o julgamento dos soldados britânicos envolvidos no chamado Massacre de Boston: “Fatos são coisas teimosas; e, quaisquer que sejam nossos desejos, nossas inclinações ou os ditames de nossas paixões, eles não podem alterar o estado dos fatos e as evidências”. Para surpresa de muitos, Adams, acreditando numa terra de leis e não de paixões, defendeu os soldados.

[precisamos ter sempre presente que pelo mais elementar principio de Justiça, do Bom Direito, devido processo legal, não podemos olvidar que a quase totalidade dos bandidos (incluímos desde aqueles que acabaram de  roubar alguns centavos de dólar aos sequestradores e outros vermes do tipo), quando saem para o 'trabalho' saem pronto para matar.

A eles não interessa se a vítíma é um idoso, um deficiente ou mesmo uma criança - ou pegam o que querem ou matam o opositor.

Eles também quando são abordados pela autoridade policial, muitas vezes por um mandado de prisão em aberto, tentam a fuga e 'removem' sem vacilar e sempre que possível o que pode impedir sua fuga. Para eles o que importa, em praticamente a totalidade dos casos,  é permanecer em liberdade exercendo suas atividades criminosas. 
Se necessário fugindo, matando, atropelando, e cientes de que sempre haverá aquele defensor dos criminosos pronto a considerá-lo um 'cidadão de bem, tentando se livrar e uma ação policial' = mesmo que tal ação tenha sido ativada para cumprir um mandado de prisão, antigo e que só o nele identificado sabe dizer o que impediu seu cumprimento até aquele momento. 
Aos que defendem bandidos, foragidos, assaltantes, sequestradores, estupradores o criminoso é sempre o cidadão do bem e o policial representa o mal. 
É preciso mudar esse conceito - em todo o mundo = o individuo ao ser abordado pela autoridade policial, tem o DEVER de facilitar o trabalho da autoridade policial.
Pode se falar o diabo do Reino Unido, mas lá sua polícia age com o rigor necessário. 
Não vamos entrar no mérito da questão, mas há alguns anos um cidadão brasileiro, residente naquele país, foi confundido em uma ação policial e tentou usar os métodos que aqui no Brasil criam bandidos e sepultam policiais.  
Houve uma enérgica reação da Scotland Yard, que abriu mão da tradição de não portar armas e usou da força e meios necessário, contendo o brasileiro.
Brasileiro talvez inocente, mas que por alguns instantes achou que estava em Pindorama, a terra da impunidade.]

Quando se trata do caso de George Floyd, os fatos não são tão claros como alguns partidários gostam de presumir. Todos temos nossas opiniões sobre casos controversos. Mas o que diz a lei? A lei exige um veredicto “acima de qualquer dúvida”. A todos é assegurado o devido processo legal, e o veredicto deve ser orientado exclusivamente pelos “fatos teimosos”. Essa postura devemos não apenas a homens como George Floyd e Derek Chauvin. Devemos, certamente, a nós mesmos, à nossa sociedade e, especialmente, às minorias. Estas às quais foi negada justiça por suposições, narrativas e preconceitos. Convém garantir que a presunção de inocência permaneça intacta e inviolada. Mesmo se ela for de encontro aos “ditames de nossas paixões”.

Leia também o artigo “Portland: o parquinho dos radicais mimados”

Ana Paula Henkel, colunista - Revista Oeste


quarta-feira, 25 de novembro de 2020

Biden = O mal de roupa nova - Revista Oeste