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sábado, 12 de dezembro de 2020

Governador ou presidente: quem é responsável pela vacinação dos brasileiros contra a covid-19?

Nas últimas semanas, a compra de vacinas contra o coronavírus se tornou o principal ponto de tensão entre governadores de Estados e o Palácio do Planalto. 

No começo da semana, o governo de São Paulo anunciou que iniciaria a vacinação da população contra o novo coronavírus em 25 de janeiro — o anúncio foi feito antes mesmo de o governo federal lançar a versão final do seu plano de imunizações.

Em resposta, a Secretaria de Comunicação da Presidência da República (Secom) publicou nota afirmando ser "populismo barato e irresponsável" anunciar a vacinação antes do imunizante ser liberado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) — a vacina CoronaVac, desenvolvida pelo Instituto Butantan, ligado ao governo paulista, ainda não obteve o registro da agência. https://twitter.com/secomvc/status/1336392313216577536

Na manhã desta terça-feira (08), o governador tucano de São Paulo, João Doria, e o ministro da Saúde, o general Eduardo Pazuello, trocaram altercações durante uma reunião entre governadores e o ministro para tratar do processo de compra de vacinas contra a Covid-19. "O que difere privilegiar duas vacinas em detrimento de outra?", perguntou Doria. "É uma questão ideológica, política ou falta de interesse em disponibilizar mais vacinas?", criticou ele, acusando o governo federal de não ter investido na vacina do Instituto Butantan por causa de um preconceito do presidente Jair Bolsonaro.

Em outubro, Bolsonaro disse que não compraria a vacina do Butantan por ser ela desenvolvida em parceria com o laboratório chinês Sinovac. "A da China nós não compraremos, é decisão minha. Eu não acredito que ela transmita segurança suficiente para a população", disse o presidente — semanas mais tarde, Bolsonaro recuou e disse que o governo federal poderia sim comprar a vacina CoronaVac, caso ela se mostre segura.

Após a reunião com Pazuello, outros governadores também emitiram opiniões sobre o assunto.O governador de Goiás, Ronaldo Caiado (DEM), disse que "não terá nenhuma campanha de imunização praticada por qualquer governador", e que a imunização será feita nacionalmente, pelo Ministério da Saúde.
O governador do Pará, Helder Barbalho (MDB), foi pelo mesmo caminho e disse que os chefes dos Estados pediram ao Ministério da Saúde que lidere o processo de compra das vacinas. "No momento em que tiver uma vacina liberada pela Anvisa, que ela possa chegar de maneira igual para todos os brasileiros, de acordo com a estratégia de grupos prioritários, mas que nenhum brasileiro fique sem a igualdade na oportunidade de estar se vacinando", disse ele a jornalistas após a reunião.

Afinal, quem é responsável pela vacinação dos brasileiros?  
Os Estados podem distribuir uma vacina que ainda não foi liberada pela Anvisa?

A reportagem da BBC News Brasil conversou com especialistas para responder às principais perguntas sobre o assunto.

Quem é responsável pela vacinação dos brasileiros?  
Estados ou o governo federal?
Na gestão do Sistema Único de Saúde (SUS), as responsabilidades são compartilhadas entre a União, os Estados e os municípios. O hospital de uma universidade federal, por exemplo, é mantido com dinheiro federal, enquanto o posto de saúde do bairro é bancado com recursos municipais.

No caso das vacinas, porém, a responsabilidade é da União.
O Brasil conta com um Programa Nacional de Imunizações, criado ainda antes do SUS, em 1975, e cuja responsabilidade é do governo federal. A compra e a distribuição de vacinas são de responsabilidade do governo federal, diz Florentino Leônidas, sanitarista pela Universidade de Brasília (UnB) e especialista em políticas públicas pelo Insper (SP).

Na prática, porém, órgãos estaduais acabam participando do processo: o Instituto Butantan, [o Instituto Butantan está instalado no estado de São Paulo, mas não é propriedade daquele Estado.] que pertence ao governo do Estado de São Paulo, por exemplo, é responsável pela produção de uma parte significativa das vacinas que são distribuídas pelo Programa Nacional de Imunizações. "Metade das vacinas que o governo federal compra são produzidas pelo Butantan. Isso já existe. As vacinas que o governo federal distribui para outros Estados são produzidas por alguns poucos centros: Manguinhos (ligado à Fiocruz), Butantan, e poucos outros", diz Daniel Dourado, que é médico pela UnB e advogado pela Universidade de São Paulo (USP). "Se acontecer (a inclusão da CoronaVac no Programa Nacional de Imunizações), o Estado de São Paulo, que é o controlador do Butantan, vai dizer 'olha, eu preciso de recursos federais para produzir mais doses'", diz Dourado — ele se especializou em direito sanitário e políticas públicas de saúde.

Sozinho, o governo de São Paulo não terá condições de vacinar toda a população, diz Florentino Leônidas. Historicamente, o Brasil tem tido sucesso nas campanhas de vacinação ao coordenar esforços entre União, Estados e municípios, diz ele. "O Brasil tem um dos mais importantes programas de imunização do planeta. Temos mostrado, ano após ano, que o caminho é uma atuação com coordenação nacional e pautada em um compromisso dos gestores de todos os entes federados", diz ele. "Campanhas estaduais de vacinação serão insuficientes, acentuarão desigualdades e potencializarão a descoordenação existente em relação à Pandemia da Covid-19. Precisamos de financiamento federal para ter vacina para todos, logística adequada e os insumos necessários", diz Florentino Leônidas.

Um Estado pode restringir a vacinação aos seus próprios moradores?
A resposta curta é: não. "Se o cidadão quiser se deslocar até São Paulo para tomar vacina, nada o impede", diz Daniel Dourado. O que já existiu em outras campanhas de vacinação no passado, diz Daniel Dourado, é a exigência de que a pessoa procure o posto de saúde mais próximo de sua casa, para fins de organização logística.
"O programa de vacinação pode incluir uma referência residencial. Que é assim: você só pode se vacinar no posto de saúde que for referência para a sua área. Mesmo sem ser cadastrado no programa de Saúde da Família, você tem que ir na UBS que fica na área da sua residência. Numa das campanhas de gripe, teve algo parecido. Então o que pode acontecer, eventualmente, é isso", diz Dourado

"Mas legalmente você não pode impedir alguém de ir lá tomar a vacina", diz Dourado.
Independentemente da compra pelo governo federal, o governo de São Paulo já disse que disponibilizará 4 milhões das 46 milhões de doses da CoronaVac para outros Estados — a ideia é que as doses sejam distribuídas para profissionais de saúde. De acordo com o governador paulista João Doria, 11 Estados já mostraram interesse em adquirir as doses: Acre, Ceará, Espírito Santo, Maranhão, Mato Grosso do Sul, Pará, Piauí, Paraíba, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul e Roraima.

A vacina pode ser distribuída sem autorização da Anvisa?
Normalmente, não. Mas, com a pandemia da covid-19, foram criadas exceções: uma vacina poderá ser liberada para uso no Brasil em até 72 horas, desde que seja aprovada por agências de vigilância sanitária no exterior. [Até o momento, a vacina da Pfizer é a única que foi aprovada pelo FDA o que a credencia para uso emergencial no Brasil = valendo aquele pequeno detalhe, que o 'bolsodoria' e asseclas,insistem em ignorar: - a vacina tem que estar disponível no Brasil.]

"A vacina, ou um medicamento qualquer, para ser liberado, em regra, precisa do registro da Anvisa. Só que 'registro', neste contexto, não é um nome genérico. É um procedimento administrativo específico, e que demora meses, geralmente", diz Daniel Dourado.

Agora, o que se discute é a liberação das vacinas para uso antes da obtenção do registro. "O Congresso aprovou a lei da Covid, que incluiu uma autorização excepcional (para a vacinação antes do registro da Anvisa). (...) Essa autorização, quando sair, vai ser para o país inteiro. Então, quando vier a vacina autorizada pela Anvisa, ela vai ser para o país todo", diz Daniel.

Apesar da aprovação da lei, ainda há controvérsia sobre o tema — tanto que dois deputados de oposição, Arlindo Chinaglia (PT-SP) e Nilto Tatto (PT-SP), [são deputados do 'perda total = pt' e o único objetivo é tumultuar o processo. São adeptos do 'quanto pior, melhor'.]apresentaram um projeto de lei para garantir o uso de vacinas antes da aprovação da Anvisa, desde que o imunizante tenha sido liberado por agências internacionais.

"A 'lei da Covid' obriga a Anvisa a realizar a autorização emergencial de qualquer vacina aprovada pelas agências de regulação japonesa, europeia, americana ou chinesa. E, em caso de não manifestação da Anvisa, em 72 horas estas vacinas seriam automaticamente aprovadas",
diz Florentino.

Além disso, a própria Anvisa já publicou duas resoluções com as regras para permitir o uso emergencial de vacinas. A última destas resoluções foi publicada nesta quinta-feira (10).

A vacinação corre o risco de ser judicializada?
Sim. Na verdade, já existem processos tramitando no Supremo Tribunal Federal (STF) sobre o assunto — o que não impede que haja uma nova onda de casos judiciais, no futuro.

.............

"Acredito que no STF pode parar algumas questões: a omissão do governo federal na oferta de vacinas; a ausência de vacinas em quantidade suficiente; o financiamento do SUS em 2021; potenciais critérios de priorização; conflitos entre entes da federação e a obrigatoriedade da vacina",
diz.

BBC - News Brasil MATÉRIA COMPLETA

domingo, 29 de novembro de 2020

Anvisa recebe primeiros documentos para analisar vacina da Johnson

São quatro as iniciativas com andamento para conseguir aval da agência reguladora para distribuição e comercialização do imunizante no Brasil

 A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) recebeu mais uma remessa de documentos visando registro da vacina contra a covid-19. Desta vez, o laboratório Janssen-Cilag, divisão farmacêutica da Johnson & Johnson, iniciou o procedimento de submissão contínua, que permite o envio de informações de forma parcelada. Com isso, são quatro as iniciativas com andamento para conseguir aval da agência reguladora para distribuição e comercialização no Brasil.

O Janssen enviou, nesta sexta-feira (27/11), o primeiro pacote referente aos dados de qualidade do produto. Ainda é necessária a inclusão dos dados de eficácia e segurança. Agora, a Anvisa tem até 20 dias para analisar os documentos, contados a partir da data do protocolo."É importante esclarecer que a submissão contínua ainda não é o pedido de registro da vacina. É um envio antecipado de dados já prontos e consolidados que serão necessários para o futuro pedido de registro", esclarece a agência.

Além do Janssen, outros três laboratórios já iniciaram o procedimento de submissão contínua para vacina contra a covid-19. Dias antes, a farmacêutica Pfizer enviou os primeiros documentos dos testes clínicos referentes à BNT162b2. Anteriormente, já haviam iniciado o procedimento de envio parcelado a farmacêutica AstraZeneca, responsável pela produção da vacina de Oxford, e a Sinovac, que lidera o desenvolvimento da chinesa CoronaVac, junto ao Instituto Butantan.

Até o momento, o governo federal tem acordo assinado para compra da vacina produzida pela laboratório AstraZeneca e pela Universidade de Oxford, no Reino Unido e também integra o Covax Facility, iniciativa da Organização Mundial da Saúde (OMS) para a distribuição de imunizantes licenciados.

Rússia anuncia que começou a vacinar seus militares contra covid-19

Correio Braziliense


 
 

quarta-feira, 25 de novembro de 2020

STF quer plano para vacinação - Pressão pela vacina - Merval Pereira

 O Globo

O governo, que pensava ter escapado de apresentar um plano de vacinação contra a COVID-19 exigido pelo Tribunal de Contas da União (TCU), alegando questões burocráticas, agora não tem mais desculpas. O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Ricardo Lewandowski deu um mês, a partir da decisão final do plenário virtual, para que apresente um plano de vacinação que “deve seguir critérios técnicos e científicos pertinentes, assegurada a maior cobertura vacinal possível, no limite de suas capacidades operacionais e orçamentárias".

[perguntas do piso - o povo - ao supremo ministro Lewandowski:  atendendo mais uma vez petições de partidecos sem votos, sem programa, sem noção e sem futuro - o ministro Lewandowski que não precisou de votos para se tornar ministro do STF -  determinou que em um mês o governo federal apresente um plano de vacinação contra a covid-19.

Qualquer plano, ainda que meia boca, precisa no mínimo das seguintes informações:

- qual vacina será usada? - a marca é essencial, já que ela permite conhecer preços, prazos de entrega, condições de armazenamento, etc;

- quando a vacina estará disponível e a quantidade mínima inicial que poderá ser adquirida? elaborar um plano de vacinação exige que se saiba prazos e quantidades;

- Quais serão as condições referentes a transporte, armazenagem?  a vacina genérica chinesa - que produziu a segunda batalha de Itararé - pode ser armazenada até em geladeiras domésticas e a da Pfizer exige em torno de 70º negativos.

As questões acima não encerram a necessidade, e pertinência, de respostas para outras que surgirão - de igual ou maior importância durante a elaboração do plano.

Ministro Lewandowski: elaborar um plano sobre o que não existe é tarefa impossível, ainda que haja o máximo empenho na tentativa de sua execução. Esses partidecos é que precisam ser punidos com o rigor máximo para encerrarem as tentativas de sobrecarregar o Poder Judiciários com questões bobas, inúteis, que chegam a ser cômicas e com um único objetivo: atrapalhar o Poder Executivo.] 

Ao que tudo indica, o governo não tem nem mesmo um projeto de plano, pois, ao ser exigido pelo TCU, a Advocacia-Geral da União (AGU) valeu-se de uma alegação tecnocrática para se esquivar de apresentá-lo. Alegou que a decisão do TCU está equivocada, pois o tribunal não deveria ter listado a Casa Civil ao lado do Ministério da Saúde como um dos órgãos responsáveis pelo planejamento da vacinação.

Essa atribuição, de acordo com a AGU, é exclusiva do ministério, e por isso o governo pediu que o Tribunal alterasse a decisão. A AGU alega que seria “uma ingerência da Casa Civil nas competências institucionais próprias do ministério da Saúde”. Essa alegação esdrúxula não foi levada em conta pelo TCU, que deverá se reunir brevemente para rejeitá-la. [até o TCU busca protagonismo e aproveitamos tal busca para lembrar uma forma eficiente para atrair holofotes: - investigar  as contas de todos os órgãos dos 3 Poderes da República, para identificar e punir  mau uso do dinheiro público, mordomias e corrupção = identificar e expor os responsáveis pelos desmandos nos gastos públicos é a forma mais eficiente de atrair holofotes sobre qualquer instituição da República.]

Mesmo com o uso do “data venia”, não é aceitável que o governo se escude em uma suposta falha burocrática para deixar de cumprir seu dever, que era o de apresentar um plano detalhado do planejamento para compra, produção e distribuição das doses da vacina. O TCU pedia também informações sobre a logística da vacinação, supostamente uma especialidade do ministro Eduardo Pazzuelo. [sendo recorrente: a logística está atrelada as características da vacina adquirida = a marca.]

As mesmas exigências foram feitas ontem pelo ministro Ricardo Lewandowski, analisando ações de partidos políticos sobre a atuação do governo em relação à vacina Coronavac, do laboratório chinês Sinovac que estará sendo produzida no Brasil pelo Instituto Butantã em São Paulo. [sendo óbvio: estará = futuro que se vincula a existência da vacina, cuja produção depende da aprovação da Anvisa, que depende da conclusão da fase 3 de testes.] Os partidos pedem ainda que o governo seja obrigado a anunciar o plano de vacinação nacional, para obrigá-lo a não vetar a vacina chinesa, que está sendo testada também no Brasil.

Lewandowski deu 30 dias, a partir da decisão do plenário virtual que julgará o caso entre 4 a 11 de dezembro. Se o voto do relator for aprovado pelo plenário, o governo terá, a partir daí, o prazo fixado ontem para apresentar ao STF "um plano compreensivo e detalhado acerca das estratégias que está colocando em prática ou que pretende desenvolver para o enfrentamento da pandemia, discriminando ações, programas, projetos e parcerias".

O ministro do STF Ricardo Lewandowski ponderou que, diante da possibilidade concreta de que as diversas vacinas, em breve, completarão com sucesso os respectivos ciclos de testes, mostrando-se eficientes e seguras (...) “constitui dever incontornável da União considerar o emprego de todas elas no enfrentamento do surto da Covid-19, não podendo ela descartá-las, no todo ou em parte, salvo se o fizer - e sempre de forma motivada - com base em evidências científicas sobre a sua eficácia, acurácia, efetividade e segurança, bem assim com fundamento em avaliação econômica comparativa dos custos e benefícios".

Os dois movimentos, do TCU e do STF, destinam-se a obrigar o governo a não se submeter à vontade pessoal do presidente Bolsonaro, que se declarou contrário à compra da vacina desenvolvida na China, mesmo que ela fosse aprovada pela Anvisa, a agência brasileira que controla os medicamentos. As reações foram tão contundentes que Bolsonaro deixou de insistir no assunto, mas a Anvisa teve uma atuação discutível na suspensão dos testes da vacina devido à morte de um dos vários voluntários brasileiros. O caso, porém, foi de suicídio, e nada tinha a ver com a eficiência da vacina, tanto que em 24 horas os testes foram retomados. [foi cumprido um protocolo válido em todos os testes de vacinas realizados no planeta Terra]. Mesmo assim, Bolsonaro chegou a insinuar que a vacina poderia ter produzido efeitos colaterais que levara o voluntario à morte. Diante de um ministério da Saúde e de uma Anvisa totalmente dominados pelo presidente, os órgãos de controle, como TCU e Supremo, estão exigindo o planejamento para a vacinação em massa, sempre o apoio científico para as decisões. 

Merval Pereira, jornalista - O Globo

 

quarta-feira, 11 de novembro de 2020

Anvisa, Butantan e Bolsonaro erraram na suspensão dos testes da CoronaVac, diz epidemiologista

BBC News 

A terça-feira (10/11) foi tomada por entrevistas, manifestações e notícias bombásticas envolvendo a CoronaVac, a candidata à vacina contra a covid-19 que está sendo testada pelo laboratório chinês Sinovac e pelo Instituto Butantan, em São Paulo. 
[vamos organizar essa bagunça = nos parece que Anvisa e Butantan estão em posições opostas; ambos erraram? 
Rede, use sua experiência e  ajuíze uma ação para o Supremo decidir com quem está a razão.]
 

'Pode até estar claro que óbito não foi por conta do imunizante. Porém, essa decisão não é dos cientistas que trabalham no ensaio clínico', diz especialista do Instituto Sabin de Vacinas nos EUA sobre paralisação de testes de vacina.


Histórias
Esse imbróglio começou na noite de segunda-feira (09/11), quando saíram as primeiras informações de que os testes clínicos de fase 3 (os últimos antes da aprovação pelas agências regulatórias) seriam paralisados após a notificação de um "evento adverso grave não esperado". Pelas informações divulgadas até o momento, o "evento" seria a morte de um voluntário que participava do estudo, no dia 29 de outubro. A causa parece ter sido suicídio ou overdose.

"... Mas será que é preciso ter esse cuidado todo, mesmo se os especialistas sabiam que o motivo da morte foi suicídio ou overdose? A resposta é sim."Pode até estar muito claro que aquele óbito não foi por conta do imunizante. Porém, essa decisão não é dos cientistas que trabalham no ensaio clínico, mas, sim, do comitê que faz o monitoramento dos dados e da segurança", ... "

Ao longo do dia, todos os atores envolvidos no assunto se manifestaram por meio de comunicados ou coletivas de imprensa. Cada um explicou sua versão e aproveitou o espaço para tecer críticas sobre a atuação das outras entidades.De acordo com a médica epidemiologista Denise Garrett, que trabalhou mais de 23 anos no CDC foram cometidos muitas falhas em todo esse processo.

 "Na interrupção dos testes da CoronaVac, Anvisa, Butantan e Bolsonaro erraram", avalia. A especialista é vice-presidente dos Programas de Epideomologia Aplicada do Instituto Sabin de Vacinas — entidade sem fins lucrativos baseada nos Estados Unidos que trabalha para expandir a imunização a todos os cantos do mundo — e trabalhou mais de 23 anos nos CDC, os Centros de Controle e Prevenção de Doenças, ligados ao Departamento de Saúde do país.

A especialista é vice-presidente dos Programas de Epistemologia Aplicada do Instituto Sabin de Vacinas — entidade sem fins lucrativos baseada nos Estados Unidos que trabalha para expandir a imunização a todos os cantos do mundo — e trabalhou mais de 23 anos nos CDC, os Centros de Controle e Prevenção de Doenças, ligados ao Departamento de Saúde do país.

As regras do jogo
A notificação de eventos adversos é algo relativamente comum durante o processo de desenvolvimento de vacinas. Afinal, os testes são feitos justamente para ver se o produto é eficaz e não produz efeitos colaterais indesejáveis antes de ser oferecido em larga escala. Depois de um tempo, quando as autoridades se certificam de que não havia problemas graves, esses estudos puderam ser retomados e seguem em curso atualmente.

Mas como acontece essa avaliação? Geralmente, os responsáveis pelo acompanhamento dos testes clínicos fazem relatórios e informam os efeitos colaterais que aparecem pelo caminho. Se algo mais sério acontece com algum voluntário, como sequelas, incapacidade ou morte, os cientistas precisam notificar as agências regulatórias, que acompanham e aprovam todo o processo. No Brasil, essa entidade é a Agência Nacional de Vigilância Sanitária, a Anvisa.

Após essa comunicação, que deve acontecer em até sete ou 15 dias corridos, o estudo tem que ser paralisado até que se saiba de verdade o que aconteceu. 
 O voluntário que teve efeitos colaterais pertencia ao grupo que tomou a vacina mesmo? 
Ou ele recebeu placebo (substância sem nenhum efeito)? 
Essa complicação tem algo a ver com o imunizante? 
Ou há alguma outra explicação para o seu aparecimento?[esta pergunta e a anterior só podem ser respondidas após  autópsia realizada pelo IML - notícia da mídia ou palpite de médico que não acompanhava o estado de saúde da vítima (morte súbita em pessoa saudável) não substituem o laudo do IML.]

Essas perguntas são esclarecidas e, depois, avaliadas por um comitê de especialistas independente, que não está envolvido diretamente com a vacina em questão. Esse grupo passa as orientações e os pareceres de volta à agência regulatória, que toma a sua decisão. Se, durante essa investigação, ficar comprovado que a vacina não teve nada a ver com o problema, a pesquisa pode ser liberada. Caso a culpa seja mesmo do imunizante, daí a situação fica bem mais complicada.

Sucessão de mancadas
No imbróglio da CoronaVac, o primeiro erro parece ter sido do Instituto Butantan. Isso porque, de acordo com as regras, a morte de um voluntário deve parar os testes imediatamente (ou com relativa rapidez). E essa decisão não deve ser tomada pelos responsáveis pelo estudo, mas pela agência regulatória e pelo comitê independente de avaliação.

Segundo uma resolução de 2015 da Anvisa, os investigadores do estudo precisam comunicar as entidades responsáveis pelas vacinas em até 24 horas. Essas instituições, por sua vez, devem notificar a agência regulatória em oito ou 15 dias, a depender do tipo do evento que foi observado. Pelas últimas notícias, o Instituto Butantan fez a notificação à Anvisa dentro do prazo, no dia 6 de outubro. Porém, a agência disse que seu sistema online estava sofrendo ataques de hackers e que, por problemas técnicos, só recebeu a comunicação no início da noite do dia 9 de novembro, segunda-feira passada.

Horas depois, a Anvisa tomou a decisão de suspender os ensaios clínicos. Mas será que é preciso ter esse cuidado todo, mesmo se os especialistas sabiam que o motivo da morte foi suicídio ou overdose? A resposta é sim.

"Pode até estar muito claro que aquele óbito não foi por conta do imunizante. Porém, essa decisão não é dos cientistas que trabalham no ensaio clínico, mas, sim, do comitê que faz o monitoramento dos dados e da segurança", explica Garrett.

Fatos e versões
Em entrevista coletiva realizada na terça-feira, o diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas, deu seu ponto de vista. Ele disse que uma paralisação como essa causa sofrimento, dor e insegurança nos voluntários. "Do ponto de vista clínico do caso, é impossível que haja relação desse evento [a morte] com a vacina, é impossível".[o diretordo Butantan é um cabo eleitoral do Doria e em seus devaneios de ser presidente do Brasil, deve ter prometido ao Covas uma assessoria em alguma subsecretaria do Ministério da Saúde.]

Um pouco mais tarde, foi a vez da Anvisa apresentar seus argumentos. Gustavo Mendes, gerente-geral de medicamentos e produtos biológicos da autarquia, afirmou que a suspensão será mantida até que sejam apresentados dados de que está tudo bem com a pesquisa da CoronaVac.  "Vamos usar do princípio da cautela, para que a vacina seja disponibilizada à população quando tivermos certeza de sua segurança", discursou.

Os próximos passos
Diante de toda a disputa, é esperado que os dados sejam organizados para que o comitê independente de avaliadores dê um parecer para a continuidade (ou não) dos estudos com a CoronaVac.

Os estudos clínicos de fase 3 dessa candidata à vacina começaram no dia 21 de julho e pretendem incluir mais de 13 mil voluntários no Brasil. Ela também é testada atualmente na Turquia e na Indonésia.O imunizante é feito a partir do vírus inativado e precisa da aplicação de duas doses com um intervalo de 14 dias entre elas.

BBC News - Brasil

 

domingo, 25 de outubro de 2020

Urgente e para todos – Folha de S. Paulo

Opinião  

Ante pressão de Bolsonaro, Anvisa precisa dar sinais de não procrastinar vacina

[Antes de se considerar o alerta acima, devemos aguardar que em algum local do planeta Terra esteja sendo utilizada uma vacina contra o coronavírus - isto ocorrendo, podemos cogitar de da Anvisa ser levada ao  tronco.
Enquanto não houver uma vacina segura e eficaz, qualquer alerta é mero alarmismo.] 

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) já tem de se ocupar de decisões relativas à compra de meios para a fabricação de um imunizante aqui. Estima-se que, em breve, deva examinar a segurança e a eficácia do produto. De início, tais procedimentos dizem respeito à Coronavac, fabricada pela empresa chinesa Sinovac e encomendada pelo governo paulista. Como é bem e lamentavelmente sabido, tal processo tornou-se objeto de disputas entre Bolsonaro e o governador João Doria (PSDB-SP), prováveis adversários nas eleições de 2022.

O presidente faz campanha irracional contra a adoção da vacina e a obrigatoriedade da imunização—e o instituto estadual Butantã, responsável pela fabricação no país, diz que a Anvisa retarda a aprovação da importação de insumos.

Desde que sua indicação ao cargo de diretor-presidente da agência foi confirmada pelo Senado, nesta semana, Antonio Barra Torres tem dado declarações enfáticas sobre a independência do órgão e o caráter técnico de suas decisões. Em entrevista à Folha, chegou a dizer que o ato de impedir ou de procrastinar a autorização para um produto que salve vidas é objeto, “em algum lugar”, do Código Penal —talvez se referisse ao artigo 319, que tipifica a prevaricação.

A despeito das afirmações corretas, é inevitável recordar que o histórico de Barra Torres não deixa de causar alguma preocupação. Ele assumiu em julho de 2019 o cargo de diretor da Anvisa. Em março deste ano, na condição de diretor-presidente substituto e já durante a epidemia, acompanhou Bolsonaro em uma aglomeração de manifestantes. Foi conselheiro do presidente, que se opôs a medidas óbvias de contenção da epidemia.

Diretores de agências reguladoras não podem ser demitidos pelo presidente da República. Se assim o quiser, Barra Torres terá cinco anos à frente da Anvisa. Está limitado apenas pela lei e pela consciência do seu dever com o público. A agência que preside tem amplos poderes e responsabilidades. Não lhe cabe postergar nem mesmo apressar decisões, salvo em casos previstos na lei sobre a excepcionalidade da pandemia.

As instituições, felizmente, dão sinais de que não se acomodarão ante mais um comportamento irresponsável do chefe de Estado. A pronta adoção pelo SUS de uma vacina após verificação de eficácia e risco— e sua aplicação, se necessário, em caráter obrigatório são passos essenciais para a superação da calamidade sanitária e social.

Opinião - Folha de S. Paulo


quinta-feira, 22 de outubro de 2020

A teoria do dano e a vacina - Nas entrelinhas

Bolsonaro não leva em conta que uma pessoa infectada, por se recusar a tomar a vacina, pode contaminar as outras, com consequências trágicas e irreparáveis

A ideia de que um presidente eleito por maioria pode tudo é profundamente autoritária e colide com os fundamentos do liberalismo moderno, apesar de agora ter virado moda em algumas democracias do Ocidente, inclusive a nossa. O filósofo e economista John Stuart Mill, um liberal utilitarista britânico que se inspirou nas ideias dos iluministas franceses, em meados do século XIX já classificava essa visão como uma “tirania da maioria”, expressão que causa certo espanto, porque muitos acham que maioria e democracia são exatamente a mesma coisa. Não são.

                               Correio Braziliense - Nas Entrelinhas
[a ilustração expressa com brilhantismo e sem deixar dúvidas, o que o mundo sabe, tem de concreto, sobra a vacina contra o coronavírus = INTERROGAÇÕES]

Sobre a Liberdade (Saraiva), um clássico da ciência política, é um libelo de Mill em defesa da liberdade de expressão e da autonomia dos cidadãos. Nascido em Londres, em 1806, destacou-se também pela defesa do civismo público e dos direitos das mulheres. Era um liberal progressista. Acabou preso por defender o direito ao aborto, a reforma agrária e a democratização da propriedade por meio de cooperativas, ideias social-liberais. Tentou definir um modelo para regular as ações entre os cidadãos, a sociedade e o Estado, que deveria ser capaz de preservar a autonomia individual e, ao mesmo tempo, evitar a “tirania da maioria”, a partir de um conceito simples: tudo é permitido ao indivíduo, desde que as suas ações não causem danos a terceiros.

Mill defendia a legitimidade da mobilização da opinião pública para convencer as pessoas a não tomarem certas atitudes, mas condenava a repressão direta a ações individuais que afetam apenas a própria vida. É possível desenhar a sua “teoria do dano”: todas as pessoas podem desenvolver de maneira autônoma o seu projeto de vida; a sociedade deve proteger a liberdade de indivíduos se desenvolverem de modo autônomo e, em troca, os seus membros não devem interferir nos direitos legais alheios; os danos eventualmente causados por um indivíduo a outras pessoas têm como consequência uma punição proporcional. Mill morreu em 1873, mas suas ideias sobre a liberdade individual continuam atuais.

Rebanho
No Brasil, a “teoria do dano” foi introduzida na nossa jurisprudência no Código Civil de 1916, que estabeleceu um nexo causal entre o dano e o fato que o produziu, e foi consagrada no artigo 403 do Código Civil de 2002. Segundo a teoria do dano direto e imediato, o Estado pode ser processado pelos prejuízos causados aos cidadãos. Por ironia, em tempos de pandemia e de “imunização de rebanho”, ou seja, da necessidade de vacinação em massa para combater o novo coronavírus, um caso analisado pelo jurista Robert Joseph Pothier, um dos autores do Código Civil francês de 1808, é estudado ainda hoje nas escolas de direito: a aquisição de uma vaca pestilenta, que contamina os bois do comprador, impedindo-o de cultivar suas terras. Ciente do vício oculto, o vendedor responde pelo perecimento da vaca como também pela morte do restante do rebanho do comprador.

No caso da vacina contra o coronavírus, que na sua opinião não deve ser obrigatória, o presidente Jair Bolsonaro não leva em conta o dano que pode ser causado voluntariamente por uma pessoa infectada, ao contaminar as outras, por se recusar a tomar a vacina. [ defendemos que todos devem se vacinar contra o coronavírus e contra qualquer doença, obviamente, havendo vacina = o que ainda não ocorre no caso do coronavírus.
A obrigatoriedade deve se limitar aos pais de menores de 18 anos - fácil de controlar a exemplo das outras vacinas já disponíveis.
Quanto a responsabilidade do não vacinado que contaminar outro nos parece discutível, já que o outro, contaminado, é também responsável, já que existindo vacina e alguém sendo infectado se deve a que não se vacinou.
A discussão do  presidente Bolsonaro com o governador paulista, o bolsodoria, se deve a que o presidente não conseguiu suportar a conduta não ética daquele  mandatário ao buscar vantagem política em cima de uma vacina que AINDA NÃO EXISTE.
O estilo do nosso presidente - bateu, levou - complica muito. É exatamente controlar o surgimento de oportunidade para que seja usado o bateu, levou,- acabando definitivamente com entrevistas de corredor,  no cercadinho do Alvorada e coisas do tipo - é que defendemos a presença efetiva de um porta-voz.]

O governo também pode ser responsabilizado por não utilizar uma vacina disponível.[?]  Apesar disso, cancelou o acordo feito entre o Ministério da Saúde e o Instituto Butantã, do governo de São Paulo, para a compra de 46 milhões de doses da vacina da Sinovac, que serão produzidas por aquela consagrada instituição científica, em parceria com o laboratório chinês, com previsão para estar pronta para imunização já em dezembro.

Anulou o protocolo assinado pelo ministro da Saúde, general Eduardo Pazuello, com todos os governadores, para aquisição e aplicação da vacina, com o argumento absurdo de que o “povo brasileiro não será cobaia” da “vacina chinesa do João Doria”, o governador tucano de São Paulo. Alguém precisa avisar ao presidente que isso pode gerar uma enxurrada de pedidos de indenização por “dano direto e imediato” e caracterizar um “crime de responsabilidade”. [lembrando sempre que a causa das ações será o NÃO USO de um PRODUTO INEXISTENTE .]

Nas Entrelinhas - Luiz Carlos Azedo, jornalista - Correio Braziliense


A cor da vacina - William Waack

O Estado de S. Paulo

Bolsonaro ignora que o eleitor é mais pragmático do que ele pensa

Por ter muita raiva da China ou de João Doria, o rompante de Jair Bolsonaro prometendo que não vai comprar a vacina chinesa – desautorizando o general da Saúde – ajuda a entender a razão de capitães comandarem uma companhia, enquanto generais comandam divisões, exércitos, grupos de exércitos. É a falta de visão de conjunto.

Bolsonaro submeteu tudo ao projeto de reeleição, confundindo seu destino político com o do País. É postura comum a políticos de várias colorações, mas, no caso de Bolsonaro, a obsessão com o ganho eleitoral de curtíssimo prazo paradoxalmente ameaça seu próprio projeto de reeleição. A popularidade desse presidente, como a de outros, está diretamente ligada ao desempenho da economia, e esse desempenho (até o fim de 2022, digamos) é função de uma série de decisões políticas difíceis que ele está protelando – em nome do conforto da popularidade no curto prazo. [sempre deve ser lembrado que as pessoas sensatas, que se preocupam com o Brasil e não com interesses outros - entre elas os apoiadores do presidente Bolsonaro - não esquecem que deve ser feito o possível para se levar o Brasil adiante, mas que eventual lentidão na recuperação econômica, tem como causa principal a pandemia -que costumam ocorrer a intervalos superiores a dois, três séculos (a de agora iniciou 102 anos após a do século passado.

O longo intervalo entre pandemias - que rogamos a DEUS deixe ser ser de séculos e passe a milênios - tornam suas consequências de dificil e lenta administração/resolução.

Um detalhe que quase sempre não é citado ou quando citado não recebe destaque que o Brasil precisa da China que caminhando para DOIS BILHÕES de bocas a alimentar, precisa do Brasil e muito.] 

Da mesma maneira, mais atrapalha do que ajuda a economia brasileira, que depende em grande parte do agronegócio, que depende em grande parte da China, alinhar-se à agenda pessoal do atual presidente americano, Donald Trump. Nem é o caso de se perguntar se esse personagem estará ainda na Casa Branca daqui a menos de duas semanas. Mesmo que Trump produza um excepcional milagre eleitoral e se reeleja, ao abraçá-lo da forma subserviente e bajuladora, Bolsonaro comete um erro básico de política externa: ignorar o fato de que países não têm amigos, só têm interesses.

Ao que tudo indica, está perdida a aposta bastante simplória de que o “laço pessoal” com o homem mais poderoso do mundo presidindo o país mais rico do mundo traria ao Brasil imediatas vantagens em acesso a tecnologia, mercados, instituições multilaterais e projeção no cenário internacional. No caso específico da China (que hoje é quem tem o homem mais poderoso do mundo e a maior economia),[sic] a pressão de Trump sobre o Brasil evidentemente leva em conta apenas os interesses dos Estados Unidos, enquanto Bolsonaro sacrifica um vantajoso ponto de partida, que é a possibilidade de jogar entre os dois no grande confronto do século. [será que o presidente está sacrificando este ponto de partida? muitos apostavam que o capitão não conseguiria administrar sua relação com o Legislativo!!! ]

Aqui entra também a questão da “diplomacia da vacina”, na qual os chineses já demonstram notável vantagem sobre os americanos. Ao contrário dos Estados Unidos, a China está anunciando “acesso preferencial” à vacina produzida pela Sinovac a países em desenvolvimento. Washington tem à disposição produtos semelhantes desenvolvidos por empresas privadas de sólida reputação mundial, mas demonstrou pouco interesse em distribuir vacinas fora dos EUA. [É pacífico que os EUA nunca sacrificaram, nem sacrificarão, os seus interesses em prol de outros países - o nosso presidente sabe, e sempre soube, de tal regra inegociável.

O grande complicador é que apesar do bolsodoria buscar vantagens políticas com a vacina chinesa AINDA NÃO EXISTE nenhuma vacina = seja chinesa, russa, americana, brasileira, etc.

Ainda que as quatro mais 'promissoras'  saiam este ano e o Brasil compre o máximo que possam, e se disponham a, vender, dificilmente chega aos 150.000.000 de doses.]

O Brasil é parte dessa abrangente ofensiva chinesa, com a qual Xi Jinping pretende ampliar ainda mais peso e influência do país, mas o que parece motivar Bolsonaro a falar mal da vacina comandada pelo governo comunista chinês não é o espectro (sim, esse absurdo transita em franjas do bolsonarismo) de uma “inoculação” de ideias esquerdistas via vacina. Ele teme uma candidatura para competir com ele “pela direita” e, seja qual for a razão, enxerga em Doria esse personagem.

Essa visão de túnel considerando apenas a reeleição é o que faz Bolsonaro ignorar um provérbio... chinês. Usado, aliás, de maneira célebre por um importante dirigente comunista, Deng Xiaoping, iniciador das reformas que fizeram da China o que ela é hoje, e que virou lição de pragmatismo. “Não me importa a cor do gato, contanto que pegue o rato”, respondeu, quando indagado sobre o melhor sistema econômico. Para uma parcela importante do eleitorado também no Brasil, assustada com pandemia, pouco importa a origem da vacina, contanto que ajude a resolver uma questão literalmente de vida ou morte. Bolsonaro parece ignorar que o eleitor é mais pragmático do que ele pensa.

William Waack,  jornalista - O Estado de S. Paulo 


*Jornalista e apresentador do jornal da CNN

quarta-feira, 21 de outubro de 2020

A querela da vacina - Folha de S. Paulo

Opinião 

Polarização sobre obrigatoriedade é prematura e ameaça política de imunização     

Antes de poder contar com uma vacina para deter a Covid-19, o Brasil precisa imunizar-se contra a politização da saúde pública. Na marcha atual de insensatez liderada pelo presidente Jair Bolsonaro, quando uma das centenas de vacinas em desenvolvimento se provar segura e eficaz poderá encontrar resistências descabidas pela frente.

Bolsonaro precipitou-se ao lançar de público uma discussão sobre tornar ou não obrigatória uma vacina que nem mesmo existe. Não é a primeira vez, e decerto não será a última, que atrapalha autoridades de saúde na condução técnica da reação à pandemia, como em suas investidas contra o distanciamento social e a favor da cloroquina. [impõe registrar que o distanciamento social foi inútil, ridículo, valendo o mesmo para o isolamento.

A única medida que realmente deve ser estimulada é o uso da máscara.

Quanto à cloroquina sofreu um boicote sistemático - mas elevado número de infectados pela coronavírus se curaram com o uso do trio + ivermectina + azitromicina e ivermectina.

A ivermectina, foi usada por muitas pessoas como preventivo e não contraíram a doença - coincidência? ou não?].

O debate fora de hora polarizou-se porque o Planalto ensaiou minar a confiança no imunizante patrocinado pelo Executivo paulista. O próprio governador João Doria (PSDB) dá mostras de que pretende faturar politicamente a vacina a ser fabricada pelo Instituto Butantã, em parceria com a Sinovac, e se aventurou anunciando que deseja torná-la obrigatória.

Não é coisa que se defina a esta altura dos ensaios clínicos. Alguns dos preparados em teste já se mostraram seguros para uso humano, mas nenhum demonstrou ainda eficácia nem o grau de imunização que poderá conferir, informação decisiva para traçar o tipo de campanha necessária para obter o melhor benefício coletivo. A questão da obrigatoriedade se torna secundária, ademais, diante das evidências de que o público brasileiro se inclina fortemente por aceitar a imunização. Pesquisa nacional Datafolha feita em agosto constatou que 89% dos entrevistados pretendiam vacinar-se contra o coronavírus.

Estudo científico publicado nesta terça-feira (20) na revista Nature Medicine ouviu 13.426 pessoas em 19 países, em junho, sobre confiança na futura imunização. Na média, 71,5% se disseram muito ou um tanto inclinados a tomar a vacina, e o Brasil aparece muito bem no painel, com 85,4% de adesão, atrás somente da China (88,6%). Apesar das sementes de dúvida plantadas pelo presidente, o Ministério da Saúde, após omissão inicial, anunciou por fim que vai incorporar a vacina Sinovac/Butantã no Programa Nacional de Imunizações e fechou acordo para a compra de 46 milhões de doses. Fez o que se deve fazer.

O país apresentou até aqui níveis elevados de cobertura imunizante porque o Sistema Único de Saúde realiza trabalho logístico e de comunicação reconhecido internacionalmente como excelente. Se o governo federal desonrar essa tradição, caberá a estados e municípios levar adiante as campanhas de conscientização, melhor recurso para inspirar confiança.

Opinião - Folha de S. Paulo


domingo, 9 de agosto de 2020

A dura vida do marisco - Alon Feuerwerker

Análise Política 

A volta ou não às aulas é a bola da vez no braço de ferro entre os adeptos da retomada e os militantes do #ficaemcasa. Brasília é um exemplo (leia). Já São Paulo jogou a coisa para outubro (leia). A verdade: ninguém parece saber direito o que fazer, como decidir com base em critérios racionais. 

Prevalece o medo. O cidadão tem medo de ficar doente, e de ver o filho adoecer. E o político tem medo de ser responsabilizado por uma eventual escalada, bem na antessala das eleições municipais adiadas para novembro. [e os sindicatos dos professores e trabalhadores na Educação, no desejo incontido  - necessidade de sobrevivência com o fim do imposto sindical = fim da mamata de dinheiro mole = criando a necessidade de mostrar para que serve um sindicato - de forma irresponsável e com a conivência do MPTr  criaram o abre e fecha na escolas particulares, esquecendo que sem aulas o colégio não tem faturamento e professores e demais funcionários se tornam desnecessários = desemprego.
Já o Sinpro-DF que parece só cuida dos professores da rede pública está encontrando mais moleza,e a política do fecha que continue.
Só que nas escolas particulares alunos e professores são prejudicados, já na pública só os alunos.
Nada impede que as escolar particulares voltem = já deviam ter voltado;
as públicas também deveriam estar voltando, com metade dos alunos em cada sala, aulas à distância.] 

E assim segue a vida num país, o Brasil, onde a descoordenação entre as autoridades [por falta de um órgão decisório central = Poder Executivo = e sem caber interferência do Judiciário] e a interferência aleatória do Judiciário são a marca registrada nesta pandemia. A falta de coordenação e o terreno fértil para arbitrariedades têm consequências óbvias, especialmente nas atividades econômicas. 

Uma delas são as escolas particulares, que ficam como o marisco, sofrendo por causa dos choques entre o mar e o rochedo. Como isso se resolverá? Talvez, a exemplo das coisas que já abriram, certo dia, esgotadas, as autoridades nos diversos níveis deixem a vida seguir seu passo. 
Ou decidam finalmente manter todos os alunos em casa à espera da hora em que será aplicada em massa uma vacina que ainda não existe. [e que todos sabemos apesar dos acordos fantásticos com Sinovac, a turma de Oxford, será fornecida primeiro aos países ricos e que já deram substancial entrada.
Grande parte dos coordenadores das ações de combate à covid-19. logo farão como o governador do DF; começou cantando de galo, na base do 'eu faço', eu decreto', e agora que a coisa começou a pegar, optou por suprir de EPIs, que faltam no DF, a cidade de Corrente no Piauí, onde passou a infância.]

 Alon Feuerwerker, jornalista e analista político.

quarta-feira, 22 de julho de 2020

É preciso fazer uma aposta firme nas vacinas - Editorial - O Globo

Além da parceria com as empresas que testam no Brasil, o país deve apoiar a iniciativa global da OMS

A situação dramática da pandemia de Covid-19 entre os brasileiros tem um efeito indireto que, paradoxalmente, poderá ser vantajoso: em virtude do avanço veloz do novo coronavírus, o Brasil se tornou atraente para o teste de novas vacinas. Duas candidatas já usam o país como campo de provas na última fase de testes antes da aprovação pelas autoridades. A primeira, desenvolvida pela Universidade de Oxford em consórcio com a anglo-sueca AstraZeneca. A segunda, pela chinesa Sinovac, que anunciou ontem testes em profissionais da saúde.

A equipe de Oxford publicou nesta semana resultados promissores das duas primeiras fases de testes clínicos. Outras também têm avançado nas pesquisas de segurança e eficácia. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), 24 das mais de 160 candidatas a vacinas no mundo já são testadas em seres humanos. Tal multiplicidade torna provável que alguma forma de imunização contra a doença esteja aprovada e disponível já em 2021. Se isso ocorrer, o prazo de desenvolvimento de vacinas terá caído de algo como dez anos para pouco mais de um. Seria um feito científico comparável ao pouso da Apollo 11 na Lua ou ao sequenciamento do genoma humano. Tal conquista virá, contudo, acompanhada de questões espinhosas. 
Quem terá acesso primeiro à vacina? 
Dada a capacidade limitada de produção, como as doses serão distribuídas pelo planeta? 
A que custo? 
Quem pagará?

[IMPORTANTE: 
Estamos na torcida para que ainda este ano sejam descobertas vacinas contra a covid-19 - de preferência várias vacinas.
Mas, se impõe considerar que apesar do otimismo a que os brasileiros estão sendo conduzidos com a pesquisa da Universidade Oxford,  ainda que ela seja descoberta este ano, não será utilizada no Brasil.
Os EUA firmaram compromisso com a AstraZeneca para que sendo a pesquisa exitosa e comece a fabricação ainda este ano, as primeiras 100.000.000 de doses devem ir para os norte americanos - quantidade máxima de doses possíveis de ser fabricada ainda este ano.
Trump adquiriu 300.000.000 de doses e só efetuará o pagamento contra entrega - concordou em adiantar US$ 1.2 bilhão, sendo o restante pago contra entrega.
O compromisso da AstraZeneca e da Universidade de Oxford com o Brasil contempla apenas a transferência de tecnologia para a Fiocruz,cuja capacidade de produção é que definirá quando, e quantas doses, estarão disponíveis para o Brasil.
O mesmo regime vale para a Sinovac e outras empresas.
A adesão à Covax não facilita para o Brasil, já que muitas das empresas conveniadas àquela iniciativa, estão comprometidas com os Estados Unidos - entrega antecipada das 300.000.000 de doses.
As vacinas são um negócio da ordem de dezenas e dezenas de bilhões de dólares - por isso, tanta oposição a qualquer iniciativa que busque meio de cura para peste a preços menores. ]

Fez bem o Brasil em firmar acordos com as iniciativas que têm usado o país como campo de testes. A AstraZeneca se comprometeu, em caso de sucesso, a transferir sua tecnologia para que a Fundação Oswaldo Cruz também possa produzir doses. A Sinovac firmou acordo semelhante com o Instituto Butantan, em São Paulo.


Mesmo assim, é impossível ter certeza de que, por mais promissoras que sejam, as vacinas dessas duas empresas terão êxito. É apenas na terceira fase de testes que questões críticas são esclarecidas, entre elas a proteção conferida a populações mais vulneráveis (como idosos, hipertensos e diabéticos), a quantidade de doses necessárias e a extensão e gravidade dos efeitos colaterais. No caso da vacina de Oxford, os pesquisadores relatam ter usado um analgésico para tentar preveni-los, pois 60% dos pacientes manifestaram febre, dores de cabeça, musculares ou reações alérgicas à injeção.

É por isso que o país precisa, além de apostar nas vacinas testadas aqui, se resguardar para a possibilidade de elas falharem. Foi preciso vencer as resistências ideológicas do governo Bolsonaro para que o Brasil aderisse à Covax, iniciativa promovida pela OMS cujo objetivo é garantir aos integrantes acesso expresso às primeiras vacinas que derem certo, num total estimado em 2 bilhões de doses até o final de 2021. O programa reúne as principais iniciativas promovidas sob a égide dos dois grandes consórcios financiadores da pesquisa, produção e distribuição de vacinas no planeta (conhecidos pelas siglas Cepi e Gavi).

No início de junho, o Brasil enfim aderiu à Covax, embora os termos ainda não estejam claros. As condições envolvem aplicação prioritária em populações sob maior risco, uma taxa de adesão de US$ 197 milhões e o investimento necessário para financiar doses para imunizar 20% da população (patamar considerado o suficiente para proteger os mais vulneráveis e deter o contágio no primeiro momento).

Fazendo as contas, o custo total para o país iria de US$ 750 milhões a US$ 2 bilhões, dependendo das doses necessárias para imunização. No mundo todo, a Covax estima que serão necessários US$ 18,1 bilhões para pesquisa, produção e distribuição. Pretende arrecadar US$ 11,3 bilhões entre os países-sócios. Sob qualquer ângulo que se olhe, o custo é pífio diante do benefício tangível trazido pela vacina. Para um país pobre em tecnologia como o Brasil, tal investimento poderá render muito mais que toda a chiadeira contra o “globalismo” da OMS.

Editorial -  Jornal  - O Globo