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sábado, 5 de novembro de 2022

Começou a vingança - Revista Oeste

  Cristyan Costa
 

Pressões do TSE e do PT apressaram demissões que modificaram o rosto da Jovem Pan 

Foto: Montagem Revista Oeste 

 Foto: montagem Revista Oeste

Em 11 de maio deste ano, durante um jantar na casa da senadora Kátia Abreu, que reuniu senadores e ministros do Supremo Tribunal Federal, uma frase acendeu o sinal amarelo: “É preciso calar Os Pingos nos Is“, resumiu um parlamentar, referindo-se ao programa de maior audiência da Jovem Pan. Neste 31 de outubro, horas depois de oficializada a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva na eleição presidencial, foi aceso pela própria empresa o sinal vermelho: Augusto Nunes e Guilherme Fiuza, 

O encontro no apartamento em Brasília incluiu Renan Calheiros (sete processos no STF),  Randolfe Rodrigues, Marcelo Castro (acusado pelo Ministério Público de ter recebido R$ 1 milhão para votar no então presidente da Câmara Eduardo Cunha), Jaques Wagner (ministro de Lula na época do Mensalão e de Dilma quando foi descoberto o Petrolão), Tasso Jereissati e Rodrigo Pacheco, presidente do Senado. A esta babel, juntaram-se os ministros Gilmar Mendes, Alexandre de Moraes e Ricardo Lewandowski.

“Um grupo de senadores teve conversas com vários ministros do STF e com o presidente do Senado, algumas vezes, sobre a necessidade de institucionalmente defendermos a democracia, a Constituição e a separação dos Poderes”, confessou Renan, ao admitir a realização do sarau numa entrevista à Folha de S.Paulo. “Continua o terror institucional e não podemos deixar o STF sozinho”, delirou. O emedebista alagoano acrescentou também que o grupo tivera encontros individuais com Edson Fachin, Luís Roberto Barroso e Dias Toffoli, também ministros do Supremo. “O alvo da conversa desse jantar foi o presidente Jair Bolsonaro e o inquérito das milícias digitais que se uniu ao ataque às urnas eletrônicas”, afirmou José Maria Trindade, correspondente da Jovem Pan em Brasília e integrante dos Pingos nos Is. “Dessa conversa saiu o nome da Jovem Pan e a independência dos Pingos nos Is ao falar sobre eleições e urnas eletrônicas. Essa união, que é uma novidade, entre o Supremo Tribunal Federal e a elite do Congresso Nacional é perigosa.” Rodrigo Pacheco considerou Augusto Nunes especialmente perigoso para a solidez das instituições.

A primeira ofensiva
O início dos ataques contra a Jovem Pan ocorrera nove meses antes. Um requerimento de Renan Calheiros, relator da CPI da Covid, pediu a quebra do sigilo bancário da empresa. O documento acusava a rádio de disseminar fake news e integrar um “gabinete do ódio” que nunca existiu. A emissora retrucou com um duro comunicado escrito por Augusto Nunes e lido por Joseval Peixoto. No dia seguinte, os articuladores do requerimento recuaram. “O próprio senador Renan ficou muito chateado, porque não tinha conhecimento, pediu para retirar e vai falar sobre isso hoje”, desculpou-se Omar Aziz, presidente da comissão. “Não cabe a nós quebrar sigilo de emissora de rádio e televisão ou coisa parecida. Não tem nada a ver com a CPI. Nosso comportamento, indiferente de posicionamento editorial, tem de dar liberdade à imprensa para se posicionar.”

A primeira rendição
Na noite do jantar oferecido por Kátia Abreu, Antônio Augusto Amaral de Carvalho Filho, o Tutinha, dono da emissora, estava fora do Brasil, assim como Augusto Nunes. Foi Marcelo Carvalho, irmão de Tutinha e diretor da empresa, quem decidiu que a Jovem Pan não mencionaria o episódio. Até então, Os Pingos nos Is não havia sofrido qualquer restrição.

Idealizado por Tutinha, Os Pingos estreou em 28 de abril de 2014, ancorado pelo jornalista Reinaldo Azevedo, com a participação de Mona Dorf e Patrick Santos. O programa foi um sucesso desde o nascimento, logo alcançando a média de 100 mil ouvintes por minuto na época, não era transmitido pela TV ou internet. Hoje partidário de Lula, Reinaldo era um dos mais ferozes críticos do PT, que atacou fortemente nos livros O País dos Petralhas e O País dos Petralhas II — O Inimigo Agora É o Mesmo.

Em 3 de julho de 2017, o comando dos Pingos foi assumido por Joice Hasselmann. A bancada era formada por Felipe Moura Brasil e Claudio Tognolli, substituído em 10 de outubro por Augusto Nunes, que recebeu de Tutinha a missão de elevar a audiência do programa, então em queda. Joice foi afastada, Felipe tornou-se âncora e José Maria Trindade completou a bancada ao lado de Nunes. 
Um marco na história dos Pingos aconteceu em 24 de setembro de 2018, quando Jair Bolsonaro, hospitalizado no Albert Einstein, concedeu a Nunes a primeira entrevista depois do atentado em Juiz de Fora. A partir daí, a audiência passou a subir expressivamente.

Às vésperas da eleição, a pedido da coligação lulista, o TSE determinou que a Jovem Pan afirmasse que o ex-presidente era inocente

O programa chegou ao auge em 2020, quando se consolidou o time formado por Nunes, Guilherme Fiuza, Ana Paula Henkel, José Maria Trindade e Vitor Brown. Só no YouTube, eram mais de 200 mil visualizações ao vivo, número que ultrapassava 1 milhão de espectadores em poucas horas. Na mesma época, Tutinha pediu a Nunes que montasse um programa de entrevistas campeão de audiência nas noites de segunda-feira.

O pedido foi atendido logo na estreia do Direto ao Ponto, em outubro daquele ano. A entrevista com o vice-presidente, general Hamilton Mourão, teve mais de 1 milhão de visualizações. A marca seria batida diversas vezes nas semanas seguintes, somando mais de 100 milhões de visualizações nas 99 entrevistas realizadas.

A segunda ofensiva
O sucesso crescente também aumentou a ciumeira de outros veículos,
indignados também com o viés direitista da empresa que lançara a TV Jovem Pan News. Em agosto e setembro, a revista Piauí publicou uma série de reportagens acusando-a de ser “o braço mais estridente do bolsonarismo” (como se um braço pudesse ser estridente) e Os Pingos nos Is de “dar eco a ideias extremistas” (como se as paredes de um estúdio tivessem a mesma ressonância das que delimitam as melhores salas de teatro). O surto da Piauí tem origens evidentes. Enquanto a Jovem Pan só tem crescido, a revista que sobrevive graças ao dinheiro do banqueiro João Moreira Salles viu sua tiragem despencar de quase 40 mil exemplares, em 2018, para pouco mais de 20 mil, em 2021.

O alarido foi ampliado por um “braço estridente” — a Folha, que acusou a Jovem Pan de ser beneficiada por verbas do governo federal e receber tratamento privilegiado do YouTube. Segundo o jornal, a big tech estaria sugerindo os vídeos da emissora com frequência para os usuários da plataforma. “O grupo Jovem Pan repele, enfaticamente, as falsidades divulgadas em suspeita parceria pela revista Piauí e pela Folha”, informou a emissora, num editorial escrito e lido por Augusto Nunes. “Ao contrário do que afirmam a publicação semiclandestina que se arrasta em menos de 30 mil exemplares e o jornal decadente, as relações entre a Pan e o YouTube são normais.” A tiragem da Folha caiu de mais de 100 mil exemplares, em 2018, para cerca de 55 mil, em junho deste ano. O YouTube desmentiu o conteúdo das reportagens.


A segunda rendição
A campanha eleitoral mal começara quando a Jovem Pan decidiu anexar a seus programas a figura do “contraponto”. No caso dos Pingos nos Is, Diogo Schelp foi o escalado. Os demais integrantes sempre afirmaram que o contraponto ao programa era feito por todas as emissoras e todos os jornais, que vocalizavam sem exceções o discurso esquerdista. A Rede Globo, por exemplo, não dá espaço a um único jornalista de direita e jamais foi cobrada por isso.

A terceira ofensiva
Com o início da campanha eleitoral, cresceu a ofensiva
agora estimulada pelo Tribunal Superior Eleitoral, em geral e, particularmente, por seu presidente, Alexandre de Moraes. A duas semanas da eleição, o TSE proibiu alusões à situação judicial de Lula. Um dos advogados da empresa interpretou a ordem com extraordinário rigor. Para livrar-se de punições das quais fazia parte uma multa pesadíssima, a Jovem Pan proibiu os comentaristas de associarem ao ex-presidente um punhado de expressões. Exemplos: ladrão, ex-presidiário, descondenado e amigo de ditadores.

Dias depois de oficializar a censura prévia, o TSE sustentou num vídeo que apenas exigira o cumprimento do direito de resposta. Foi apoiado por militantes de esquerda, que atribuíam a censura à própria Jovem Pan. Durante o programa, Nunes não perdeu a oportunidade de driblar o cerco: “Autorizado pelo site oficial do TSE, digo que o Lula é ladrão, amigo de ditadores, ex-presidiário e descondenado”.

A terceira rendição
Às vésperas da eleição, a pedido da coligação lulista, o TSE determinou que a Jovem Pan afirmasse que o ex-presidente era inocente. “Em resposta às declarações dos jornalistas Ana Paula Rodrigues Henkel, Guilherme Fiuza e Roberto Bezerra Motta no programa Os Pingos nos Is, da Jovem Pan News, é necessário restabelecer a verdade”,
dizia o comunicado do PT. “O Supremo Tribunal Federal confirmou a inocência do ex-presidente Lula, derrubando condenações ilegítimas impostas por um juízo incompetente. “A ONU reconheceu que os processos contra Lula desrespeitaram o processo legal e violaram seus direitos políticos. Lula venceu também 26 processos contra ele. Não há dúvida: Lula é inocente.” Guilherme Fiuza e Ana Paula Henkel também ficaram fora dos Pingos naquela semana. Oficialmente, o trio voltaria em 31 de outubro, um dia depois da apuração, e o programa retomaria a antiga fórmula, sem contraponto.

“No momento em que órgãos de imprensa são proibidos de se manifestar no período pré-eleitoral, em que se pode dizer ‘não publique essa notícia’, ainda mais por antecipação, e retirar, inclusive, o aspecto financeiro de alguns veículos, isto é censura”, afirmou o jurista Ives Gandra Martins, em entrevista a Oeste. “O artigo 220 da Constituição Federal fala da liberdade absoluta de comunicação. Sete cidadãos do TSE dizem o que é e o que não é democracia, pessoas que não foram eleitas pelo povo. Tenho a impressão de que vivemos um momento terrível para a democracia brasileira.”

A capitulação
Na manhã de segunda-feira, começaram as demissões, que resultaram no desligamento de Augusto Nunes, Guilherme Fiuza, Caio Coppolla, Cristina Graemel, Fabiana Barroso, Carla Cecato e Guga Noblat.  
O petista Noblat foi afastado por não ter defendido a empresa afetada pela censura imposta pelo TSE. 
Os demais foram punidos por terem defendido a empresa afetada pela censura imposta pelo TSE. 
Talvez por isso, Noblat afirma que não entendeu direito por que perdeu o emprego. Tutinha jura que a orientação ideológica do grupo não vai mudar. Procurado por Oeste, não respondeu às mensagens. Nunes está impedido por contrato de se manifestar sobre o caso.

No cabo de guerra com a Jovem Pan, Alexandre de Moraes venceu.

Leia também “O PT coloca em prática o plano de amordaçar a imprensa” 

 

Cristyan Costa, colunista - Revista Oeste

 

domingo, 3 de abril de 2022

GESTAPO, KGB, PIDE, STASI…e o STF

ADONIS OLIVEIRA - LÍNGUA FERINA

CASO 01 – Polícia Federal.

Há alguns anos atrás, fui vítima do ataque de um hacker em um processo de importação que estava sob a minha responsabilidade. O bandido conseguiu acessar minha caixa de mensagens e, não só as ler como alterá-las. 
Desta forma, ao recebermos a Fatura Proforma do exportador chinês, esta havia sido adulterada pelo hacker sem que soubéssemos ou nos déssemos conta. No local onde deveria estar indicada a conta bancária para a qual deveria ser feita a transferência do sinal (quantia bem significativa e de alguns milhares de dólares), passou a constar uma outra conta. Em lugar da conta do fornecedor, em Xangai, passou a constar uma conta num banco em Singapura. Soubemos depois que esta era uma conta do tipo Off-Shore e que havia sido aberta a partir de Londres.

Quando cheguei na China, na fábrica do exportador, para fazer a inspeção final de embarque, qual não foi a minha surpresa ao ser informado de que estes não haviam recebido o pagamento do sinal. Comparamos as nossas correspondências e vimos imediatamente a fraude que havia sido feita conosco. A consequência? Como dizem os advogados: “Quem paga errado paga duas vezes! ”

Ao retornar ao Brasil, fui à Polícia Federal dar queixa, a fim de justificar o envio de uma grande quantia em dólares para o exterior sem que tivesse uma contrapartida na importação de algum bem. Na mesma ocasião, solicitei ao Delegado que nos disponibilizasse o acesso ao departamento daquele órgão com competência para rastrear as mensagens e saber de onde haviam partido, de modo a poder ir atrás do “Hacker” e dar-lhe alguns “conselhos” e admoestações. Que dizer: uma surra muito bem dada.

Qual não foi minha surpresa ao ser advertido pelo brioso delegado de que (sic) “A função da Polícia Federal é proteger o Estado, e não um cidadão qualquer”. Fiquei perplexo, atônito, estupefato, boquiaberto, embasbacado, abilolado, e o mais que não consigo encontrar palavras para expressar. Perguntei aos meus botões:

Ué! E essa porra não é para proteger os cidadãos não, é?

Tornei a perguntar:

É para isso que sustentamos essa cambada imensa a pão de ló e com toda as mordomias possíveis e imagináveis?

E o exemplar funcionário “público” respondeu candidamente: – SIM!

Foi só aí que me dei conta de que a única função do público pagante, nesta festa pobre, é entrar fantasiado de bunda numa festa de bilôla, gerenciada pelos donos do aparato estatal.

CASO 02 – Procuradoria do meio ambiente do Piauí.

Nas andanças pelo mundo, mantive contato com empresas da China e da Índia que desenvolveram uma tecnologia fantástica para a reciclagem de lixo urbano. A principal característica é a produção de energia, com uma parte do lixo, e óleo diesel com a outra parte. Tudo isso de forma altamente limpa, sem odores desagradáveis no entorno das instalações de tratamento e, altamente viável em termos econômicos. Nosso país sofre cronicamente com os famigerados “lixões”. Fazem uns 30 anos que tentam erradica-los. São lugares, nas periferias das cidades, onde o lixo é amontoado. A esperança é que o tempo lhe dê um tratamento adequado. São locais dantescos: Urubus voando, uma catinga desgraçada, lençol freático contaminado com o chorume (aquela gosma que escorre), alta produção de metano (efeito estufa), dezenas de miseráveis, inclusive crianças, catando algo que os ajude a sobreviver, e por aí segue.

Descobri nos jornais que havia um imenso aparato estatal voltado para estas questões: o Ministério Público Estadual para o Meio Ambiente do Piauí
Prédio imenso, novíssimo e todo em mármore, uns 5 ou 6 andares, recepção, grande aparato de segurança, e por aí vai. 
Parecia a sede de uma grande empresa multinacional e gerando bilhões de dólares em faturamento. Liguei e solicitei uma reunião com o comando. O jovem que me “atendeu” no horário marcado era extremamente bem vestido, com a aparência de ser um advogado muito bem-sucedido e remunerado. Estava numa azáfama pois, segundo ele, tinha outros compromissos urgentes e só dispunha de alguns minutos para mim. Assim, enquanto se dedicava a outras atividades, expliquei meu caso enquanto ele me dava as costas e tratava de outras coisas. 
Minha proposta era que, em lugar dos caminhões que recolhiam o lixo seguirem para a lixão, apodado agora de “Aterro Sanitário”, seguirem para minha fábrica, que ficaria bem mais perto e o trajeto seria menor. Sua resposta foi irada:

– O senhor está querendo que eu faça advocacia administrativa para sua empresa?!?!?!

Só acertei dizer:

– Doutor, o senhor não entendeu a minha proposta.

Foi quando ele disse:

– Pois passe outro dia e explique em mais detalhes. Veja com a minha secretária.

Contatada, esta afirmou que só teria espaço na agenda para daí a alguns dias. Fui embora e não voltei até hoje!

MINHA CONCLUSÃO:

Poderia continuar relatando casos e mais casos em que o imenso e custoso aparato estatal mostrou que só serve para proteger seus apaniguados. Seria redundante!

As conclusões a que chego são:

1- Todas as vezes em que algum crápula asqueroso vem com a conversa sebosa de que “Está defendendo a democracia; ou defendendo o Estado” e coisas que tais, o que está defendendo na realidade é a integridade do próprio orifício corrugado póstero lombar. Está defendo suas mordomias, privilégios, seu poder de cometer arbítrios, prender, perseguir, arrebentar, desmonetizar, extorquir financeiramente, e por aí segue.

O ESTADO É ABSOLUTO!

2- No caso do Brasil atual, a coisa está muito mais sutil e disfarçada. Os crápulas mentes tão completamente que chegam a acreditar nas próprias mentiras. Afirmam sempre estar “protegendo a democracia e o estado”. Isso só enquanto não se assenhoram completamente do aparato estatal. Enquanto ainda resta alguns resquícios esfarrapados de democracia para impedi-los de darem total vazão a seus instintos baixos. 
Não precisamos ir muito longe para ver que, ao tomarem o poder, seja de que maneira for, retirarão as máscaras e declararão que toda a prioridade será a maldita SEGURANÇA DO ESTADO.


KGB – Komitet Gosudarstvennoy Bezopasnosti
,
ou Comitê para a Segurança do Estado. Polícia secreta da antiga União Soviética.

STASI – Ministerium für Staatssicherheit ou Ministério para a Segurança do Estado. Principal organização de polícia secreta e inteligência da Alemanha Oriental (RDA).

GESTAPO – Geheim Staatspolizei ou Polícia Secreta do Estado – Nazista

PIDE – Polícia Internacional e de Defesa do Estado – Polícia política portuguesa.

SECURITATE – Departamentul Securităţii Statului ou Departamento de Segurança do Estado. Foi a agência de Polícia Secreta da República Socialista da Romênia.

3- O povo brasileiro vive com medo do aparato estatal. Vivemos numa tirania absoluta.

Michael Foucault (Comunista de carteirinha), em sua obra VIGIAR E PUNIR, descreveu brilhantemente o estado de selvageria a que a humanidade regrediu nas mãos de ditaduras socialistas:

“De acordo com a ordenação de 1670, …, era impossível ao acusado ter acesso às peças do processo, impossível conhecer a identidade dos denunciadores, impossível saber o sentido dos depoimentos antes de recusar as testemunhas, impossível fazer valer, até os últimos momentos do processo, os fatos justificativos, impossível ter um advogado, seja para verificar a regularidade do processo, seja para participar da defesa. Por seu lado, o magistrado tinha o direito de receber denúncias anônimas, de esconder ao acusado a natureza da causa, de interrogá-lo de maneira capciosa, de usar insinuações. Ele constituía, sozinho e com pleno poder, uma verdade com a qual investia o acusado; e essa verdade, os juízes a recebiam pronta, sob a forma de peças e relatórios escritos; para eles, esses documentos sozinhos comprovavam; só encontravam o acusado uma vez para interrogá-lo antes de dar a sentença. A forma secreta e escrita do processo confere com o princípio de que em matéria criminal o estabelecimento da verdade era, para o soberano e seus juízes, um direito. ”

Tudo isto era coerente para Luiz XIV, quando o princípio básico era: “L’état c’est moi!”

Hoje, no Brasil, em que vivemos uma situação de proto-comunismo instalado, e onde o estado é tudo, temos um STF amaldiçoado e execrado pela maioria acachapante da população, e que se arvorou no papel do rei absolutista. Dizendo ser o “Defensor da Democracia” e do “Estado”, transformou-se numa KGB ou numa GESTAPO. [em situações especiais -  classificação que cabe ao STF -   o STF acumula funções de Vítima (por autodeclaração)  Polícia (investigando) MP (denunciando) Juiz de 1º Grau (julgando). Por óbvio,  se o condenado decidir recorrer,  o STF analisa o recurso como Instância máxima do Poder Judiciário.] As  policias políticas das ditaduras comunistas, ou os tribunais absolutistas de Luiz XIV, não fariam melhor.

Quer entender melhor?

Jornal da Besta Fubana - Adonis Oliveira - Língua Ferina


quarta-feira, 23 de fevereiro de 2022

INcompetência do Ibaneis + IGES-DF = FRACASSO TOTAL NA SAÚDE PÚBLICA do DF

Os 3 (três) Is fatais para a Saúde Pública do DF

O I de Ibaneis + I de IGES + I INcompetência = CAOS e FRACASSO na Saúde Pública do DF. 

Um exemplo: no mundo inteiro as medidas preventivas contra a covid-19 estão sendo reduzidas = a grande e persistente queda nos números de casos e mortes causados pela peste, a queda nos níveis de ocupação das UTIs recomendam a desativação. 
Já no DF o percentual de ocupação das UTIs continua no limite máximo - fila de doentes de covid-19 aguardando vagas e  o número de mortes em 24 horas alcançou 18 =  o maior desde outubro 2021.
 
Também, o ainda governador Ibaneis mais preocupado com o Piauí = aliás  o IGES-DF deveria ser chamado de Embaixada no Piauí no DF. Acreditem que naquele instituto tem uma lista de 90 funcionários que entraram sem concurso e conhecidos como os INTOCÁVEIS - NÃO PODEM SER DEMITIDOS; 
a propósito:  recentemente,  um  ex-diretor diretor do IGES-DF tentou demitir um dos INTOCÁVEIS, não conseguiu, pediu demissão.
 
Pela combinação de incompetência e a condição de intocáveis atribuída a uma  parte dos funcionários só nos resta concluir: o IGES-DF é apenas uma forma de contratar funcionários, sem concurso público para trabalhar em órgãos públicos na área da Saúde do DF, sem os inconvenientes - limitações  da terceirização
 
Claro que o 'status' de  instituto isenta aquele órgão do cumprimento de outras normas que sujeitam os demais órgãos públicos. Ser cabide de empregos é apenas um dos caminhos que o IGES-DF apresente para beneficiar  apaniguados com recursos públicos.
 
Por onde o MP que não investiga ao instituto e pede o certo = a EXTINÇÃO do IGES-DF.? 
 
Blog Prontidão Total
 

terça-feira, 18 de maio de 2021

Bolsonaro perderá (de novo) a chance de indicar magistrado de verdade ao STF - VOZES - Gazeta do Povo

J.R. Guzzo

Supremo

Bolsonaro planeja indicar ministro terrivelmente evangélico ao STF, mas que critério é esse?

O Brasil e os 220 milhões de brasileiros só têm uma oportunidade na vida uma só de se livrar de um ministro do Supremo Tribunal Federal: quando o calendário, na sua marcha para frente que nem o STF pode parar, mostra que um dos onze bateu nos 75 anos de idade. Aí o cidadão tem de ir para casa, por mais que não queira; do ponto de vista do interesse público, é quase sempre o único momento realmente positivo de sua carreira.

Está para acontecer de novo, pela segunda vez no governo do presidente Jair Bolsonaro, e pela segunda vez o que se prevê é um desastre com perda total. Em vez de aproveitar essa oportunidade preciosa de se livrar de uma das onze calamidades que dão expediente na nossa “corte suprema”, e colocar em seu lugar um magistrado de verdade, o presidente, pelo que se anuncia, tomou o rumo de colisão frontal contra a coisa certa.

É trágico, porque não é todo dia que um ministro faz 75 anos de idade e tem de pedir as contas. Ou se tira proveito desses momentos raríssimos para melhorar alguma coisa, ou o Brasil continua tendo um dos piores tribunais superiores que existem no mundoo que está aí, pela espantosa coleção de decisões perversas que tem tomado, é o pior que este país jamais conheceu. Na primeira oportunidade que teve de nomear um ministro, Bolsonaro a jogou no lixo. Nomeou, e o Senado aprovou com entusiasmo, uma nulidade absoluta tirada do Piauí – e cuja única credencial, além de tomar tubaína com o presidente, é servir ao “centrão” político que manda no Brasil velho.

O presidente, pelo que indica no momento o cheiro da brilhantina, vai repetir a dose na segunda indicação que o destino lhe reservou; parece decidido a colocar lá dentro, no lugar a ser aberto com o desembarque do ministro Marco Aurélio, mais um nome absurdo. É o que se chama “100% de aproveitamento”. Teve duas chances de dar ao Brasil um STF um pouquinho melhor. Vai conseguir, nas duas vezes, tornar a coisa ainda pior do que já é.

Pode ser difícil de acreditar, mas o critério de Bolsonaro para nomear o novo ministro não tem absolutamente nada a ver com a qualificação do sujeito como juiz, ou sua competência profissional. Pior: o presidente diz na cara de todo mundo, sem nenhuma tentativa de qualquer disfarce, que vai indicar o próximo ministro pela única e exclusiva razão de que ele é evangélico”.

Que raio tem a ver a religião de um indivíduo com a sua capacidade de ocupar uma vaga que vai durar até os 75 anos de idade, ou pelo resto da vida em termos práticos no tribunal que hoje manda e desmanda no Brasil?  
Não é que está sendo indicado um subprocurador do Instituto de Pesos e Medidas. 
É um ministro do STF, e um ministro do STF pode fazer tudo desde proibir helicópteros da polícia de sobrevoarem as favelas do Rio de Janeiro, até anular de uma vez só todos os processos penais contra o ex-presidente Lula, inclusive sua condenação em terceira e última instância pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro, com o único propósito de colocar o homem de novo na presidência da República.

Na bolsa de apostas e de palpites sobre o novo ministro, cita-se como “pontos a favor”, por exemplo, o fato de um cidadão rezar todo dia às 6 horas da manhã junto com Bolsonaro, ou de ter a simpatia de sua mulher Michelle, ou de ser o preferido do “bispo Rodovalho” e de sua igreja “Salva Nossa Terra”. Outro nome estaria forte por ter nascido em Alagoas — e, como tal, ser próximo não apenas do deputado Arthur Lira como também do senador Renan Calheiros. Que tal?

O presidente Bolsonaro não é responsável pelas aberrações que o STF comete a cada vez que um ministro assina um pedaço de papel. 

Mas tem 100% da culpa pelo ministro que já indicou, e outros 100% pelo que vai indicar.
Se você fosse Bolsonaro, quem indicaria para novo ministro do Supremo Tribunal Federal na vaga de Marco Aurélio Mello?
Augusto Aras, procurador-geral da República
André Mendonça, advogado-geral da União
William Douglas, desembargador do TRF-2
Humberto Martins, ministro e presidente do STJ
Ives Gandra Martins Filho, ministro do TST
João Otávio de Noronha, ministro e ex-presidente do STJ

J.R. Guzzo, colunista - VOZES - Gazeta do Povo 

 

quinta-feira, 13 de maio de 2021

Governador do DF recebeu cota do orçamento secreto e enviou dinheiro para o Piauí

Aliado de Bolsonaro, Ibaneis Rocha direciona R$ 15 milhões de ministério para obras e compras de veículos e máquinas

[Já passa da hora de mandar o Ibaneis, codinome ENganês, para casa ou, HAVENDO CRIME,  para a cadeia - TUDO TEM QUE SER INVESTIGADO.
Também a culpa é  dos 'dedos podres' = eleitores do DF - só escolhem o que não serve - seja para a CLDF seja para o Buriti.]
 
O esquema do orçamento secreto criado pelo presidente Jair Bolsonaro para aumentar sua base de apoio no Congresso não se limita a atender a demandas de deputados e senadores. Um documento do Ministério do Desenvolvimento Regional revela que o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), pôde direcionar R$ 15 milhões da pasta para obras e compras de veículos e máquinas. Uma parte desse dinheiro foi repassada por ele ao Piauí, Estado de sua família, distante 700 quilômetros em linha reta de Brasília.

Aliado do presidente, Ibaneis indicou a verba para pavimentação, escoamento e aquisição de carros e, ainda, para despesas “administrativas” e de “fiscalização” da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf), na capital federal. Procurado pelo Estadão, o governador admitiu o envio de dinheiro da sua cota do orçamento secreto a outra unidade da federação. “Todos os recursos destinados ao Distrito Federal foram devidamente aplicados. Nos demais casos, como não havia projetos, o governador destinou as verbas a algumas prefeituras do Piauí”, disse, por meio de nota enviada por sua assessoria. Ele não esclareceu, porém, por que fez repasses ao Estado nordestino.

A explicação de Ibaneis Rocha à reportagem expõe também a falta de critério do governo federal para liberar os recursos à Codevasf. A inexistência de projetos para aplicação dos recursos, destacada na nota do governador, põe em xeque a necessidade de liberação feita pelo governo federal. Também descumpre o termo de transferência do dinheiro do ministério para o órgão, que previa a aplicação no Distrito Federal.

Na segunda-feira passada, o Estadão mostrou que aestatal do Centrão”, como é conhecida a Codevasf, virou um duto para escoamento do dinheiro do esquema operado pelo governo. Na gestão Bolsonaro, a empresa passou a atuar em bases eleitorais de aliados do governo distantes 1.500 quilômetros das margens do Velho Chico. A sede da estatal fica em Brasília.

Os recursos são provenientes de uma nova modalidade da emenda de relator-geral, a chamada RP9. Bolsonaro vetou uma tentativa do Congresso de impor a aplicação desse dinheiro por “contrariar o interesse público” e “fomentar cunho personalístico nas indicações”. Uma série de 101 ofícios a que o Estadão teve acesso, contudo, revelou que o presidente passou a ignorar seu ato quando se aproximou do Centrão e implementou um “toma lá, dá cá”.

Toda essa negociação que definiu quem seria atendido e o que seria feito com o dinheiro ocorreu a portas fechadas dentro de gabinetes no Palácio do Planalto e distante do controle de transparência. Somente no Ministério do Desenvolvimento Regional foram R$ 3 bilhões liberados para um seleto grupo político, em dezembro de 2020. Como mostrou o Estadão, parte do dinheiro foi direcionada para comprar trator a preços até 259% acima da tabela de referência do governo, o que levou o escândalo a ser apelidado de “tratoraço” nas redes sociais.

O dinheiro que atendeu Ibaneis também vem de emendas tipo RP9, mas é de uma cota anterior, de julho do ano passado. O Ministério do Desenvolvimento Regional tem afirmado que “é do Parlamento a prerrogativa de indicar recursos da chamada emenda de relator-geral (RP9) do Orçamento”. O atendimento ao governador do Distrito Federal contraria essa versão. Procurado ontem, o ministério não se manifestou.

A emenda de relator foi criada em 2019, já no governo Bolsonaro. Ao contrário das emendas individuais e de bancada, ela deveria ser definida conforme critérios técnicos do governo. Documentos aos quais o Estadão teve acesso, porém, indicam que o dinheiro tem sido despejado nos redutos eleitorais dos políticos. O esquema colocou nas mãos de políticos como o senador Davi Alcolumbre (DEM-AP), por exemplo, o controle de R$ 270 milhões do ministério. Ele precisaria de 34 anos como senador para poder manejar esse volume de recursos considerando suas emendas individuais de livre direcionamento (R$ 8 milhões por ano).

‘Risco’
Desde domingo, o Estadão revela, em uma série de reportagens, como o presidente Jair Bolsonaro montou o esquema. Ontem, o jornal mostrou que os documentos sobre a operação são mantidos em sigilo por parlamentares. Um grupo de senadores alegou “segurança de Estado” e “risco a sua honra e de sua família” para esconder ofícios em que detalham onde queriam aplicar o dinheiro.

Em resposta por escrito a pedidos feitos pela Lei de Acesso à Informação, o líder do governo no Senado, Fernando Bezerra (MDB-PE), chegou a justificar que esses documentos devem ser carimbados como “ultrassecretos”. Na segunda-feira, em entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura, declarou que “não tem nada de secreto” na operação montada pelo governo.

O presidente Jair Bolsonaro voltou a criticar na quarta-feira, 12, a revelação do esquema do orçamento secreto. Na terça-feira, ele negou ter montado a operação para aumentar sua base de apoio. O Congresso discute abrir a CPI do Tratoraço.

Política - O Estado de S. Paulo

 

 

domingo, 9 de agosto de 2020

A dura vida do marisco - Alon Feuerwerker

Análise Política 

A volta ou não às aulas é a bola da vez no braço de ferro entre os adeptos da retomada e os militantes do #ficaemcasa. Brasília é um exemplo (leia). Já São Paulo jogou a coisa para outubro (leia). A verdade: ninguém parece saber direito o que fazer, como decidir com base em critérios racionais. 

Prevalece o medo. O cidadão tem medo de ficar doente, e de ver o filho adoecer. E o político tem medo de ser responsabilizado por uma eventual escalada, bem na antessala das eleições municipais adiadas para novembro. [e os sindicatos dos professores e trabalhadores na Educação, no desejo incontido  - necessidade de sobrevivência com o fim do imposto sindical = fim da mamata de dinheiro mole = criando a necessidade de mostrar para que serve um sindicato - de forma irresponsável e com a conivência do MPTr  criaram o abre e fecha na escolas particulares, esquecendo que sem aulas o colégio não tem faturamento e professores e demais funcionários se tornam desnecessários = desemprego.
Já o Sinpro-DF que parece só cuida dos professores da rede pública está encontrando mais moleza,e a política do fecha que continue.
Só que nas escolas particulares alunos e professores são prejudicados, já na pública só os alunos.
Nada impede que as escolar particulares voltem = já deviam ter voltado;
as públicas também deveriam estar voltando, com metade dos alunos em cada sala, aulas à distância.] 

E assim segue a vida num país, o Brasil, onde a descoordenação entre as autoridades [por falta de um órgão decisório central = Poder Executivo = e sem caber interferência do Judiciário] e a interferência aleatória do Judiciário são a marca registrada nesta pandemia. A falta de coordenação e o terreno fértil para arbitrariedades têm consequências óbvias, especialmente nas atividades econômicas. 

Uma delas são as escolas particulares, que ficam como o marisco, sofrendo por causa dos choques entre o mar e o rochedo. Como isso se resolverá? Talvez, a exemplo das coisas que já abriram, certo dia, esgotadas, as autoridades nos diversos níveis deixem a vida seguir seu passo. 
Ou decidam finalmente manter todos os alunos em casa à espera da hora em que será aplicada em massa uma vacina que ainda não existe. [e que todos sabemos apesar dos acordos fantásticos com Sinovac, a turma de Oxford, será fornecida primeiro aos países ricos e que já deram substancial entrada.
Grande parte dos coordenadores das ações de combate à covid-19. logo farão como o governador do DF; começou cantando de galo, na base do 'eu faço', eu decreto', e agora que a coisa começou a pegar, optou por suprir de EPIs, que faltam no DF, a cidade de Corrente no Piauí, onde passou a infância.]

 Alon Feuerwerker, jornalista e analista político.

domingo, 2 de agosto de 2020

As pedras no caminho - Nas entrelinhas

"Bolsonaro terá de suar muito a camisa, abraçar criancinha, andar de jegue, fazer acordos que até ontem dizia que não faria, posar para fotos com políticos enrolados na Lava-Jato”

Correio Braziliense - Nas Entrelinhas
[Nota do Prontidão Total: foto tirada no Nordeste, Piauí, um antigo 'curral' eleitoral do perda total = pt.]
O presidente Jair Bolsonaro entrou em modo reeleição. Há uma bipolaridade nessa atitude: o lado negativo é perder o foco na gestão para priorizar a disputa política, dois anos e meio antes do pleito de 2022; o positivo, a aposta na eleição, ou seja, na política, o que significa uma mudança de rumo, se considerarmos a escalada de confrontos com o Supremo Tribunal Federal (STF) e o Congresso em que vinha, uma ameaça real à democracia. Não há novidade nenhuma nessa antecipação, o mesmo foi feito pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, quando se sentiu ameaçado pelo mensalão; e pela presidente Dilma Rousseff, depois dos protestos de maio de 2013. É óbvio que a campanha antecipada merece críticas, mas daí negar a aposta nas eleições como uma mudança em relação à postura golpista em que vinha é um grave equívoco.

Desde a aprovação do instituto da reeleição, no primeiro mandato do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), todo governante é favorito nas disputas eleitorais. Mesmo em situações dificílimas, como aconteceu com Lula, no pleito de 2006, e Dilma Rousseff, em 2014. A força de inércia do Estado brasileiro é formidável, seja por causa da centralização crescente da arrecadação tributária nas mãos da União, e que o ministro da Economia, Paulo Guedes, quer centralizar ainda mais, seja pelo fato de termos um Estado ampliado, que mexe com a vida dos cidadãos em todo o território nacional. A rigor, somente o estado de São Paulo, que também tem muitos tentáculos, se basta em relação ao governo federal do ponto de vista dos serviços que oferece aos seus cidadãos. Não à toa é o único em condições de sustentar frontal e permanentemente oposição ao governo federal, sem colocar em risco a própria governabilidade.

Para ir direto ao assunto, quem quiser que se iluda, o presidente Jair Bolsonaro é o favorito nas eleições de 2022. Quando nada porque o governo federal é a forma mais concentrada de poder, e isso pesa na balança quando o governante concorre à reeleição. Significa que Bolsonaro seja imbatível? Não. Mas é preciso levar em conta que, historicamente, desde a adoção da reeleição, nenhum presidente deixou de renovar seu mandato. O sujeito precisa fazer muita trapalhada para perder a reeleição, ou ser apeado do cargo, como aconteceu com Fernando Collor de Mello, quando não havia ainda reeleição, e Dilma Rousseff, que estava no segundo mandato. Isso explica, de certa maneira, a deriva dos partidos do Centrão em direção ao governo, numa articulação dos militares do Palácio do Planalto com os caciques Ciro Nogueira (Progressistas), Roberto Jefferson (PTB), Valdemar Costa Neto (Republicano) e Gilberto Kassab (PSD).

A reeleição de Jair Bolsonaro será favas contadas? É claro que não, ninguém ganha eleição de véspera. Bolsonaro terá de suar muito a camisa, abraçar criancinha, andar de jegue, fazer acordos que até ontem dizia que não faria, posar para fotos com políticos enrolados na Lava-Jato etc. Aliás, sua estreia nesse quesito foi durante a semana que passou, no Piauí, onde posou ao lado do senador Ciro Nogueira no santuário arqueológico da Serra da Capivara, bem ao lado do emblemático desenho rupestre conhecido como “Cena do beijo”. Mais do que isso, porém, precisará acertar o rumo de seu governo, que se encontra à beira da insolvência em razão da dívida pública astronômica e do deficit fiscal crescente. [se impõe ter presente que o mundo atravessa uma pandemia - não tem sentido considerar o Brasil uma ilha - e que o Governo Federal foi obrigado, pelos demais Poderes, a fornecer dinheiro a rodo para estados e municípios.
Gastar dinheiro para combater uma pandemia é natural e recomendável, mas fornecer dinheiro para prefeitos e governadores gastarem, - mal e muito - só no Brasil em que virou regra fazer tudo que for possível para impedir que um presidente eleito com quase 60.000.000 de votos, governe.
Dinheiro e liberdade para prefeitos e governadores gastarem - mal, muito e como quiserem - é o principal, não o único, criador do fator inflacionário, bem lembrado no último parágrafo desta matéria.]

Obstáculos
Há variáveis no meio do caminho da reeleição que Bolsonaro não controla, precisa adaptar-se a elas. A primeira é a recessão mundial, que parece mais profunda e duradoura do que se imaginava, se considerarmos os resultados econômicos do primeiro semestre deste ano, principalmente nos Estados Unidos e na Alemanha, que tinham uma expectativa de recuperação em V. A outra variável nesse terreno é a China, nosso maior parceiro comercial, com a qual o governo tem uma relação esquizofrênica, com alguns ministros trabalhando para aumentar as vendas do agronegócio e atrair investidores em infraestrutura, e outros só atrapalhando. A terceira é a eleição dos Estados Unidos, na qual o presidente Donald Trump corre o risco de não se reeleger, pois o democrata Joe Biden continua na liderança. De tão desesperado, Trump já pensa em adiar as eleições. Se o democrata vencer, o Brasil terá de ajustar sua política externa.


Entre as variáveis controláveis por Bolsonaro, a mais importante é a política econômica. Todos os economistas fazem um diagnóstico sombrio sobre a capacidade de recuperação da economia brasileira nos próximos dois anos. A narrativa de que teremos uma recuperação econômica espetacular, do ministro da Economia, Paulo Guedes, não se sustenta nos fatos. O xis da questão é a dívida pública, que pode chegar a 100% do PIB, o que a torna um fator inflacionário inequívoco. A alta do dólar está aí para mostrar que o dragão está acordado e ruge, somente não dando as caras porque a atividade econômica é muito baixa. As saídas são uma reforma tributária competente e a reforma administrativa, mas isso não costuma dar votos para os governantes a curto prazo. Pelo contrário, tiram.

Nas Entrelinhas - Luiz Carlos Azedo, jornalista - Correio Braziliense


quarta-feira, 22 de julho de 2020

Política do novo normal - Nas entrelinhas

”Guedes propôs a unificação de PIS e Cofins, na Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS), com alíquota de 12%, para aumentar a base de arrecadação do governo em mais de 40%

Quem acompanha os Três Poderes tem a impressão de que a política está voltando ao normal em plena pandemia. A Operação Lava-Jato aperta o cerco contra o senador José Serra (PSDB-SP), acusado de caixa 2 eleitoral, desmentindo as próprias previsões de que o envio de investigações para a primeira instância e a Justiça eleitoral sepultaria os inquéritos abertos pelas delações premiadas. A Câmara volta a negociar com o governo a aprovação de projetos, ambos foram obrigados a ceder no caso do Fundo de Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb). Depois de muitas idas e vindas, finalmente, o ministro da Economia, Paulo Guedes, apresentou a primeira de suas quatro propostas de reforma tributária. O presidente Jair Bolsonaro aposta no “milagre da cloroquina” e pretende viajar, ainda nesta semana, para o Piauí, de olho nos eleitores do Nordeste.

No seu melhor estilo, a Lava-Jato fez, ontem, mais uma operação de busca e apreensão contra o tucano José Serra. O ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal (STF), concedeu liminar para suspender as buscas e apreensões determinadas pela primeira instância no gabinete do senador, em Brasília. A operação Paralelo 23, da Polícia Federal, investiga suposto caixa 2 na campanha de José Serra ao Senado em 2014. É uma nova fase da Lava-Jato, que apura crimes eleitorais. Nas residências do parlamentar, a operação foi feita. “Defiro a liminar para suspender a ordem judicial de busca e apreensão proferida em 21 de julho de 2020 pelo Juiz Marcelo Antonio Martin Vargas, da 1ª Zona Eleitoral de São Paulo, nas dependências do Senado Federal, mais especificamente no gabinete do Senador José Serra”, decidiu o presidente do STF. Como o ex-governador Geraldo Alckmin é outro envolvido na Lava-Jato, o desgaste do PSDB em São Paulo é enorme, embora ambos aleguem inocência. Dor de cabeça para o prefeito de São Paulo, o tucano Bruno Covas, que luta contra um câncer e pela reeleição.

Fundeb e impostos
Na Câmara, finalmente, saiu um acordo majoritário para aprovar renovação do Fundo de Desenvolvimento da Educação Básica. O governo tentou tirar uma fatia dos recursos do fundo e adiar sua implantação para 2022, mas não conseguiu o apoio do Centrão, que agora é o eixo de sua base parlamentar. Teve que negociar. A deputada Dorinha Seabra (DEM-TO), relatora da emenda constitucional, apresentou um novo parecer no qual a participação da União passará de 10% para 23%, em 2026, destinando 5% à educação infantil. O aumento da participação será escalonado: 12% em 2021; 15% em 2022; 17% em 2023; 19% em 2024; 21% em 2025; e 23% em 2026. Propõe, ainda, piso de 70% para o pagamento de salário de profissionais da educação. O governo defendia que esse percentual fosse o limite máximo para pagar a folha de pessoal, mas desistiu. O novo relatório é um “meio-termo”: limite de 85%, garantindo 15% para investimento.


Na reforma tributária, não há consenso. O ministro Guedes propôs a unificação de PIS e Cofins, os dois tributos federais sobre o consumo, para criar uma Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS), com alíquota de 12%, o que corresponde a aproximadamente 29% da base de consumo. Os críticos dizem que isso aumentará a base de arrecadação em mais de 40%. Ou seja, a reforma quer matar a fome do leão e, não, adotar um sistema tributário mais equilibrado e justo. A CBS incidirá sobre a receita de venda de bens e serviço; igrejas, partidos políticos, sindicatos, fundações, entidades representativas de classe, serviços sociais autônomos, instituições de assistência social ficarão isentas. Em 2016, no Brasil, 48% da arrecadação incidiu sobre o consumo, contra 33% na média da OCDE, grupo que reúne as nações mais desenvolvidas do planeta, e 18% nos Estados Unidos. Em 2018, o PIS-Pasep e a Contribuição para Financiamento da Seguridade Social (Cofins) arrecadaram R$ 310 bilhões, de um total de R$ 1,54 trilhão de provenientes de tributos federais.

Nas Entrelinhas - Luiz Carlos Azedo ,jornalista - Correio Braziliense



domingo, 24 de fevereiro de 2019

Os ‘çábios’ uniram os marajás aos miseráveis

Se o conserto da Previdência precisa tungar um benefício pago aos miseráveis, então é melhor devolver o Brasil a Portugal 


Não deu outra. Os “çábios” que conceberam o projeto de reforma da Previdência descobriram um jeito de entregar aos marajás a bandeira da defesa dos miseráveis. Fizeram isso ao propor a tunga do Benefício de Prestação Continuada, que dá um salário mínimo (R$ 998) aos miseráveis que têm mais de 65 anos. O projeto é engenhoso. Dá R$ 400 ao miserável a partir dos 60 anos, o que é um alívio para quem recebe, no máximo, R$ 371 pelo Bolsa Família. Com a outra mão querem tomar pelo menos R$ 598 mensais dos miseráveis que têm mais de 65 anos. Eles só terão direito aos R$ 998 se, e quando, chegarem aos 70 anos.
Se o conserto do rombo da Previdência precisa tungar um benefício pago aos miseráveis que têm entre 65 e 70 anos, então é melhor devolver o Brasil a Portugal. O ministro Paulo Guedes produziu um projeto racional e conseguiu apresentá-lo de forma competente. Na essência, podou privilégios. Essas virtudes levam à estupefação diante da tunga de sexagenários miseráveis. Ela só serve para soldar uma aliança maligna e hipócrita. O marajá que acumula privilégios ganha o direito de combater as reformas apresentando-se como defensor dos pobres e dos oprimidos.
Está entendido que o capitão reconheceu que errou ao combater a reforma proposta por Michel Temer, mas se as pessoas podem mudar de opinião, não podem mudar os fatos. Quando ele estava do outro lado da trincheira, lembrava que a expectativa de vida no Piauí “estava na casa dos 69 anos, quando você bota 65, você convida a oposição a fazer sua proposta e melar esse projeto”. Bingo. Os “çábios” fizeram isso, pois tomando-se a expectativa de vida do Piauí, seus miseráveis, que hoje recebem R$ 998, perderão o benefício aos 65 e irão para o outro mundo antes de terem direito a receber o que recebem hoje.

Se o problema das contas estiver no benefício aos pobres, devolvam o Brasil a Portugal

(...)


COISA PARA MAGO
Diversos dirigentes do PSL não foram convidados para a posse do capitão. Alguns se fizeram de desentendidos e apareceram nas solenidades.
A saída de Gustavo Bebianno deu uma enorme desarrumada no tabuleiro, e o presidente precisará de um mago para consertá-la. Se houver bom senso, Bolsonaro deverá começar seu serviço construindo uma convivência saudável com Rodrigo Maia.
MARIA THEREZA FALA
No mês que vem chegará às livrarias “Uma mulher vestida de silêncio”, de Wagner William. Contará a história de Maria Thereza, a linda mulher do presidente João Goulart, um marido protetor e promíscuo. Eles se casaram quando ela tinha 15 anos e ele, 37. Aos 21, Maria Thereza se tornou a bonita e elegante mulher do presidente da República e, aos 23, deixou a Granja do Torto com dois filhos pequenos para um exílio que durou 22 anos. O desterro terminou quando ela atravessou a fronteira levando o marido dentro de um caixão.
Em “Uma mulher vestida de silêncio” Maria Thereza conta sua história triste. Enquanto foi a mulher do poderoso Jango, era perseguida por um acervo de maledicências. A maior, por pública, vinda do governador Carlos Lacerda. Passou-se mais de meio século e nunca apareceu um só fiapo de veracidade, mas assim era o mundo.
Maria Thereza Goulart foi detida por duas vezes em condições humilhantes, viu as fronteiras das traições e da ingratidão, comeu o pão que Asmodeu amassou e nunca mostrou ressentimento, nem durante a cerimônia em que os restos mortais de seu marido voltaram a Brasília. Aos 78 anos, vestida de silêncio, Maria Thereza Goulart divide seu tempo entre Porto Alegre e o Rio.

(...)

 
MATÉRIA COMPLETA, Elio Gaspari, jornalista - O Globo

sexta-feira, 11 de agosto de 2017

Homem é preso por estupro virtual no Piauí, o primeiro caso no país

O agressor criou uma conta falsa no Facebook com fotos íntimas e de familiares da vítima. Em troca, exigiu que a mulher, uma ex-namorada, se masturbasse, gravasse e mandasse para ele as imagens 

Um técnico em informática, de 34 anos, foi preso no início do mês em Teresina (PI) pela prática de estupro virtual. É o primeiro caso do tipo no país. “O agressor ameaçou a vítima para obter fotos de conteúdo íntimo. Ele exigiu que ela se masturbasse, gravasse e mandasse para ele as imagens. Ele constrangeu alguém sob ameaça para manter ato libidinoso. Foi isso que configurou o crime de estupro”, explicou o delegado de repressão aos crimes de informática, Daniel Pires.

A vítima é uma estudante universitária de 32 anos, que foi namorada do agressor por menos de seis meses. O agressor, que não teve o nome revelado, é casado, tem um filho, e a mulher dele está grávida. Segundo o delegado, a conduta do técnico está tipificada como crime, porque ele constrangeu a ex-namorada para praticar ato libidinoso sob ameaça de divulgar as fotos íntimas dela até para os familiares da vítima, por meio de um perfil falso no Facebook, que ele tinha feito em nome da ex-namorada.

O perfil criado por ele continha, além das imagens íntimas, fotos da família e até do filho dela. Ela não sabia de onde partiam as ameaças e procurou a polícia. O agressor foi identificado após descobrirem o IP (endereço virtual) do computador e chegaram até a casa do técnico, que foi preso. O acusado, que mora no mesmo bairro da vítima, confessou os atos, e disse que só estava "brincando" com a ex. No computador dele também foi encontrado um arquivo com milhares de fotos de mulheres nuas. A polícia investiga se há mais casos de crimes do tipo cometidos por ele.
 
Entenda
Embora o estupro virtual não esteja previsto no Código Penal, o crime pode ser enquadrado com base no artigo 213, sobre estupro e prevê a pena para quem obriga alguém a praticar qualquer tipo de ação de cunho sexual contra sua vontade, sob ameaça ou com o uso de violência, mesmo sem a presença física do agressor.

Fonte: Correio Braziliense
 

 

quinta-feira, 9 de junho de 2016

A tal da letra ‘a’

Alguém viu nas manifestações contra a 'cultura do estupro' cartazes pedindo segurança além dos que diziam 'fora Temer'?

Valentina de Botas

Lidiane Alves Brasil (jovem presa numa cela masculina no Pará); Patricia Acioli (juíza emboscada e assassinada com 21 tiros, no Rio); Sinara Polycarpo Figueiredo (analista demitida do Santander a pedido de Lula pelo prognóstico realista do desastre que sobreviria com a reeleição de Dilma); Danielly Rodrigues (vítima fatal do estupro coletivo de quatro moças no Piauí). Essas mulheres não integraram os governos funestos de Dilma Rousseff, nem nominal, claro, nem simbolicamente.

Só pelo caminho da demagogia na atuação entre preguiçosa e delinquente de auxiliares implausíveis em qualquer governo que, digno, não se orientaria pelo sexismo – que precisa ser entendido não só como desfavorecer, mas também favorecer alguém pelo critério do sexo. Sinara se distingue do grupo por ter sido punida por Lula, como ele puniu Francenildo Pereira, demonstrando que o jeca só diferencia homens e mulheres no escritório da presidência da república nos tempos concupiscentes de Rosemary Noronha. Diferenças suspensas quando assediou o menino do MEP, que resistiu ao charme que o caudilho não tem. [o jeca quando esteve preso tentou estuprar o menino do MEP - quando a história da tentativa de estupro começou a circular o jeca estava no apogeu do prestígio, mas, mesmo assim não teve coragem de processar nenhum dos blogs que publicou matéria sobre - inclusive este.
Lula além de chefe da maior organização criminosa das Américas, quiçá do mundo, tem o péssimo hábito de "faltou mulher vai homem mesmo", desde que ele seja o 'ativo' - por isso a tal de 'ideologia de gênero' tem o apoio integral da corja lulopetista.]

As demais mulheres não se constituíram em preocupação que merecesse algum tipo de política pública; não motivaram uma nota do governo inventor do populismo de gênero; não arrancaram uma palavra da presidente que se pronunciou até a respeito da mandioca e valoriza tanto a letra “a” do detestável “presidenta”. Aquelas mulheres também não despertaram o interesse dos fanáticos defensores de Dilma Rousseff que submetem todas as complexidades do mundo à escuridão ideológica, numa compreensão desidratada ao restringi-las à sentença única e multiutilitária: é tudo cultural.

Calados por 13 anos, berram na militância oportunista contra certa cultura do estupro que iguala a um ato brutal a saborosa e eterna cantada, numa atitude opressora e castradora em nome de uma causa que, de resto, é sempre a gema de todas as opressões. Eis um modo de não resolver coisa nenhuma, além do frêmito publicamente secreto de mostrar os seios na multidão como um ato pretensamente libertário num mundo em que algum recato ou alguma pudicícia tornam-se a verdadeira revolução.

Ocupam-se da jovem estuprada no Rio porque o crime aconteceu sob o governo de Temer, então suspendem a indivisibilidade do indivíduo para fragmentá-lo na ideologia que satisfaz a si mesma no cio insaciável de enfraquecer o inimigo que não é o estuprador, o assassino, o ladrão, o sequestrador reais, pois essa militância não sabe lidar com as realidades que revelam a mixuruquice dela.

O inimigo é o dissidente dessa irracionalidade configurado também em qualquer homem porque percebido como um potencial estuprador. Só consigo compreender o gozo perverso dessa fantasia se ela for pensada como potência realizada no imaginário em contraste com a impotência frente ao agressor real. Contudo, é evidente que assim nem se combate o machismo renitente na nossa sociedade, nem o cotidiano de violência.

De todo modo, contra o inimigo potencial, vale mostrar os peitos na multidão, mas não vale pedir cadeia para os criminosos. Ou alguém viu nas manifestações contra a tal cultura do estupro cartazes pedindo segurança além dos que diziam “fora Temer”? Enquanto se deleitam nessa miragem, a população – sobretudo a parcela mais pobre – padece sob a violência e a criminalidade reais. A reportagem de VEJA a respeito da jovem carioca que sofreu o estupro coletivo mostra a paisagem catastrófica da segurança pública que é indissociável da administração inepta e indiferente do PT quanto às políticas públicas de segurança que deveriam contemplar um plano de ação juntamente com os estados e o patrulhamento decente das fronteiras para coibir a entrada de armas e drogas.

Na construção do pesadelo, o Rio de Janeiro se destaca desde a gestão desastrosa de Leonel Brizola também quanto à criminalidade, inspirada num esquerdismo sempre leniente com a bandidagem, vista como expressão de incerta brasilidade, de uma malandragem libertária e outras miragens bacanas-tipo-descoladas, numa antropologia tropicaloide fronteiriça com a idiotia. A garota carioca tinha 3 anos quando o PT chegou ao poder e, por 13 anos, ele se empenhou, pela omissão fanática, em aumentar as probabilidades do horror descrito na revista sob a vigência da lei dos criminosos, a ausência do Estado, a impotência das famílias, os jovens fazendo escolhas erradas num contexto socioeconômico que lhes esfrega na cara um punhado delas.

Em meio à desolação, Dilma e a confraria que ela inspira só enxergam a dita cultura do estupro e só depois do afastamento da presidente para, de modo repulsivamente hipócrita e manipulador, atrelar aquela brutalidade a um recém-inaugurado governo só de homens. É a tal da letra “a”. Essa contribuição dos romanos ao mundo, alfa na versão grega, aleph como abertura do alfabeto hebraico com que Borges nomeou seu magnífico conto em que o particular e o universal se condensam para abrigar todo o conhecimento, a letra “a” nos deu presidenta – a condensação acanalhada da nossa tragédia.

Fonte: Coluna do Augusto Nunes