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segunda-feira, 1 de novembro de 2021

Sócios do Minas Tênis Clube querem a volta de Maurício Souza

Alexandre Garcia

Rebelião contra patrocinadores

As duas primeiras notícias de hoje são de Minas Gerais. A primeira é lá de Varginha, sobre os 25 bandidos que fariam uma operação de assalto a bancos na cidade na noite de domingo e foram mortos pela polícia. 
Eles estavam muito bem armados, com muitos fuzis, pistolas, muitas munições, granadas. 
Estavam também com material combustível, se preparando para tacar fogo. [Polícia mineira - sempre eficiente, precisa e implacável no combate a bandidos e seus policiais, sempre fazem  o necessário para honrar o compromisso de voltar para casa, são e salvo - no que são apoiados por seus superiores. 
Chega a ser ridículo é que um individuo desses envolvidos com 'não sei o que de Segurança Pública', em entrevista a uma emissora de TV tenha demonstrado preocupação de que tenha havido excesso da Polícia de Minas Gerais = para tal individuo,  o normal, o esperado e desejado pelos defensores de bandidos, seria que policiais tivessem morrido e os bandidos escapados.]

Maurício Souza em treino da seleção masculina de vôlei antes do início dos Jogos Olímpicos de Tóquio. -  Foto: Miriam Jeske/COB


Mas encontraram um carro da polícia e resistiram. A polícia revidou. A Polícia Militar de Minas, o Bope e a Polícia Rodoviária Federal mataram 18 no primeiro encontro. Depois, a inteligência da polícia já tinha identificado uma chácara que eles haviam alugado e agentes foram para o local. Lá, os outros sete resistiram e a polícia os eliminou também. Vinte e cinco bandidos a menos no Brasil. Aumenta um pouco a nossa segurança. 

Parabéns aos policiais que participaram dessa ação.

Sócios do Minas querem a volta de Maurício Souza
A segunda notícia de Minas é sobre os associados do Minas Tênis Clube que estão em rebelião contra os patrocinadores Fiat e Gerdau, os quais pressionaram a diretoria para demitir o atleta de vôlei Maurício Souza. Os associados estão ponderando que eles são os donos do clube, e não os patrocinadores, Fiat e Gerdau. Passou o tempo em que eu admirava esses dois. A partir de agora não os admiro mais.
Então, os associados estão pretendendo fazer uma assembleia geral extraordinária para decidir sobre esse tema e chamar Maurício Souza de volta, pedindo desculpas.
 
"Rachadão" de Davi Alcolumbre na Veja
Agora um assunto do Amapá e de Brasília. Davi Alcolumbre apareceu na Veja por causa de um "rachadão". Seis funcionarias da periferia de Brasília estariam recebendo R$ 12 mil, R$ 14 mil no contracheque, mas na verdade, só embolsando R$ 800, R$ 900 pelo prêmio de servirem de laranjas. E elas estão denunciando isso na justiça.
 
O senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE) também está denunciando isso no Supremo Tribunal Federal (STF) e há um movimento no Senado para destituir Alcolumbre da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) e talvez até cassar o mandato dele.
 
Ele emitiu uma nota dizendo que é vítima de uma conspiração, que isso é mentira, que é um absurdo. Mas a reportagem tem nome e sobrenome das pessoas que foram atingidas e a comprovação. De 2016 até março deste ano isso teria acontecido.
 
Reação à "inquisição"
Uma outra questão de processo: a doutora Mayra Pinheiro, que é secretária de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde do Ministério da Saúde, que ajudou a salvar milhares de vidas, está processando o presidente da CPI da Covid, Omar Aziz (PSD-AM). 
Ele não tem a imunidade parlamentar, porque na presidência da CPI ele age como magistrado
Ele agiu como um mau juiz, atribuindo em entrevistas a calúnia de que a doutora Mayra seria uma assassina e teria matado muita gente. 
Ela o processa por calúnia, injúria, difamação, abusos contra a mulher e com agravante de que ela é funcionária público de alto nível.
A doutora Nise Yamaguchi também está processando Omar Aziz e o senador da Bahia Otto Alencar (PSD). 
Ela está pedindo por danos morais R$ 180 mil de cada um. 
 Eu acho muito pouco. Deveria pedir R$ 10 milhões para cada um pelo que fizeram com ela na CPI.[não podem esquecer do Calheiros, do Rodrigues, do 'drácula'.]  Mas, enfim, são notícias que a gente vê que as pessoas estão reagindo à inquisição absurda a que foram 
submetidas nessa CPI.
 
Alexandre Garcia, colunista - VOZES - Gazeta do Povo
 

quinta-feira, 7 de outubro de 2021

"Pobre ciência! Foi transformada pela mídia, pela CPI, em dogma"

 Alexandre Garcia

"O que não admite experiência, contraponto, dúvida, perguntas, não é ciência, é questão de fé, como se demonstra na repetição de jaculatórias na mídia e de autos de fé nas inquisições da CPI"

O neurologista que me tratou quando bati a cabeça no chão, há alguns anos, dr. Régis Tavares, me contou que ensinava seu filho de quase cinco anos o que é combustível: a gasolina que faz o carro andar, o sol que dá vida às plantas, o gás que produz calor no fogão, o alimento que faz a pessoa se mover. O menino o interrompeu e perguntou qual é o combustível do cérebro. Antes que o pai neurologista falasse em livros, foi surpreendido com a genial resposta do próprio filho: “O combustível do cérebro são as perguntas.”

A resposta fez o dr. Régis recordar quantas perguntas modificaram o mundo e constatar que, nesses dois anos de pandemia, o que se viu foi o contrário: não questione a ciência, obedeça a ciência, não pergunte. Pobre ciência! Foi transformada pela mídia, pela CPI, em dogma, só com certezas, sem dúvidas, sem perguntas
O que não admite experiência, contraponto, dúvida, perguntas, não é ciência, é questão de fé, como se demonstra na repetição de jaculatórias na mídia e de autos de fé nas inquisições da CPI.
“Dizer que um conhecimento é inquestionável é ser menos científico do que duvidar dele”, ensina o neurologista, estudioso dos neurônios, das sinapses e do comportamento humano que é gerado no cérebro. O humano limitado, diante do universo infinito, tem a arrogância de querer limitar a verdade. 
Ainda há infinitas perguntas a desafiarem o nosso cérebro, para que ele pense e busque. Quem tem a verdade definitiva parou de perguntar, parou de descobrir, parou de evoluir. Parou. Sem combustível. Pane seca.
 
E isso tem a ver com a política, porque sofremos uma campanha para aceitar o pensamento pronto, verdade pronta — infelizmente desde a universidade, onde deveriam estar as luzes que nos levariam a buscar mais luzes no horizonte infinito. O lobo totalitário pode estar camuflado de cordeiro de ciência. 
A conspiração do não-pensar, não-perguntar é o complô do domínio, do totalitarismo, porque o pensar, o perguntar, faz cada um de nós um mundo — e querem que cada um de nós seja apenas um escravo, de um mundo único, do consenso, com resposta única, sem perguntas. 
Pergunte-se você, se o que pensa é mesmo seu ou o estão algemando em respostas sem que se possa duvidar e perguntar. 
Não deixe faltar o combustível de seu cérebro.

 Alexandre Garcia, jornalista - Correio Braziliense


sábado, 23 de janeiro de 2021

Quando o impeachment do presidente da República é apenas conversa

J.R. Guzzo 

Conversa permanente

Um dos assuntos preferidos do noticiário, das mesas redondas de televisão e das conversas entre políticos e jornalistas é o impeachment permanente do presidente da República. [pode ser conduzida por jornalistas de segundo nível, não exige conhecimento dos participantes, fatos são secundários - o importante é a empolgação que o entrevistado dá as versões e/ou palpites que apresenta  e, como tudo que envolve o presidente, tem audiência e repercussão = a soma das duas sempre favorece o presidente.] Começou com Fernando Collor, o primeiro a ser eleito pelo voto popular direto; não parou mais até hoje, num arco que vai do “fora FHC” ao “fora Bolsonaro”.

Deu certo com Dilma Rousseff e com o próprio Colloro que é um índice de aproveitamento excelente: em cinco presidentes, dois demitidos e três sobreviventes, incluindo um vice na conta. Não funcionou com Fernando Henrique e com Lula, nem com o “fora Temer”. Agora é a vez de Jair Bolsonaro. A diferença entre presidentes que sofreram o impeachment e os que escaparam não está bem no que fizeram ou deixaram de fazer. O que conta, na verdade, é unicamente a quantidade de votos que podem ser obtidos contra e a favor no Congresso Nacional.

Quem quer derrubar o presidente tem três quintos dos votos dos 513 deputados e dos 81 senadores? Ou tem ou não tem. Se tem, o impeachment é um problema real para quem está sentado no Palácio do Planalto, como aconteceu nos casos de Collor e de Dilma. Se não tem, o impeachment não é nada.

Bolsonaro já sofreu mais de 60 pedidos de impeachment nos dois anos em que está na presidência – uma média de um pedido a casa doze dias de governo. Até agora não aconteceu nada. Na verdade, nenhum dos pedidos sequer foi aceito pelo presidente da Câmara dos Deputados para entrar em discussão nas comissões e plenário. Não é que o impeachment tenha sido recusado; nem chegou a entrar no Congresso
Levando-se em conta que o presidente da Câmara, até o fim deste mês, é o deputado Rodrigo Maia, um dos mais agitados inimigos do presidente, dá para sentir o grau de dificuldade da coisa toda. Será que seus sucessores vão fazer o que Maia não fez?
Mais que isso, não há ninguém na rua e nem houve nestes dois anos pedindo o impeachment do presidente. Sem esse combustível, não há como acender a fogueira. Dá para levantar fumaça, mas fogo, que é bom, nada. [um lembrete para evitar que os 'inimigos do Brasil' quebrem a cara mais uma vez: 
- inútil  usar o argumento que a vacina demorou e alegar que a culpa foi do presidente Bolsonaro - sabemos que não foi.  
Vale saber que o Japão, um país modelo de eficiência para quase tudo,  só no próximo mês é que inicia a vacinação = e, desde agora, todos estão confiantes que vai haver Olimpíada em 2021, em Tóquio e com total segurança. 
E os japoneses costumam honrar a palavra e ter eficiência no trato da coisa pública.]
No impeachment de Dilma Rousseff, só para lembrar, chegou a haver multidão de 500.000 pessoas em praça pública
Aí o Congresso treme
Mas enquanto o assunto ficar entre os comunicadores, as classes intelectuais e os advogados da OAB, [a Ordem dos Advogados antes tão prestigiada, agora é um mero palanque para os arroubos vingativos do seu atual presidente] deputados e senadores não se ligam no tema – como não se ligam quando são odiados por aprovarem o “Fundo Partidário”, por exemplo, ou alguma outra trapaça qualquer em seu próprio benefício.

Não adianta dizer que Bolsonaro é o pior presidente do mundo, ou que ele matou 200.000 brasileiros com a Covid, [aliás, duas inverdades bem mentirosas = nem a finada 'comissão nacional da INverdade', conseguiria ser tão mentirosa tanto] se a população, os deputados e os senadores estão em outra faixa de onda.

Impeachment, nessas condições, é apenas conversa.

J.R. Guzzo, jornalista - Gazeta do Povo - VOZES

 

sábado, 29 de fevereiro de 2020

A crise política do Orçamento - Míriam Leitão

O Globo 

A crise política do Orçamento nasceu de um mal-entendido 

Por trás da crise institucional que estourou no carnaval está um mal-entendido. É o que se ouve no Congresso e nas áreas do governo que não estão dedicadas ao incêndio político. “É preciso se acalmar e conversar”, sugere um integrante graduado do Executivo. O relator do Orçamento, deputado Domingos Neto (PSD-CE), também diz que é um grande mal-entendido e justifica. “É assunto técnico, às vezes converso com ministros e vejo que há muita desinformação.” Na semana que vem o parlamento deve derrubar os vetos do presidente Bolsonaro, e o melhor é fazer isso de forma negociada, diz o relator.

Há quem no governo queira a crise. O grande problema é que nesse lado está o próprio presidente Bolsonaro e o ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional. O nome do cargo já diz que o general Heleno  deveria ser o primeiro a querer a segurança das instituições. O seu áudio foi divulgado depois de já ter sido feito o acordo que resolvia a questão orçamentária. Em vez de as palavras do general serem esvaziadas, viraram combustível para mais incêndio.

O Orçamento agora é impositivo. Isso é incontornável. Já está aprovado. Significa que o governo manda o projeto, o Congresso aprova, e aí o governo tem que cumprir. E isso retira atribuições do executivo? — Isso não tem nada de parlamentarismo. É assim em todas as democracias sólidas. O presidencialismo americano é forte, mas o orçamento é impositivo. O presidente Trump tem muito poder, mas o Congresso também. Ele quer fazer o muro dele, mas não consegue, porque ainda não convenceu os parlamentares de que é melhor gastar com o muro do que em outras áreas. Aqui no Brasil o orçamento era autorizativo, e com uma portaria o executivo podia mudar o que o Congresso havia decidido — diz o deputado.

O Orçamento tinha reservado R$ 30 bilhões de despesas para gastos que seriam decididos pelos deputados e senadores. Pelo acordo já negociado, mas agora suspenso, metade disso voltaria para o governo, para que cada ministro decida como gastar. A outra metade seria composta de repasses para estados e municípios, e nesses haveria indicação dos parlamentares.  — São ações de saúde, saneamento, educação, obras do Minha Casa, Minha Vida, manutenção de rodovias, tudo do interesse da sociedade. Sempre houve indicação de parlamentares para o destino de parte do dinheiro. Mas era informalmente, agora será feito de maneira formal. Inclusive isso diminui o toma lá, dá cá — diz Domingos Neto.

A Comissão de Orçamento estudou as despesas e verificou que por vários anos alguns setores tinham baixa execução. Eram itens orçamentários como subvenções e reservas. Começavam o ano com previsões de despesas bilionárias e depois o governo retirava recursos dessas áreas para as que queria reforçar. O Congresso decidiu fazer ele mesmo o remanejamento. Houve outras mudanças nas estimativas de receitas e despesas. Uma delas, por exemplo, foi a de considerar o ganho que haverá se for aprovada a PEC emergencial:  — O acordo era assim: as receitas que nós conseguimos seriam destinadas às despesas nos municípios e nos estados, mas com indicação de parlamentares. Uma outra parte seria devolvida para a decisão dos ministérios.

Ele conta que o estímulo para ampliar a área de influência do Congresso nos gastos do Orçamento veio do próprio ministro Paulo Guedes que, quando esteve na audiência pública sobre o assunto, disse que era preciso que houvesse mais participação dos parlamentares na definição dos gastos. “Quem tem o poder decisório de alocar esses recursos? É o ministro ou é o Congresso? É o Congresso. Então o Congresso tem que decidir quanto desse dinheiro desce para o setor a, b, c”, disse Paulo Guedes quando esteve na Comissão.

Esse tem sido o discurso. A prática, contudo, já gerou confusão. Negociou-se uma saída, mas antes que ela fosse implementada chegaram os incendiários. O deputado vai amanhã para Brasília esperar a orientação dos presidentes das duas Casas.  Não sou eu que negocio acordo. São os presidentes e os líderes. Sou apenas instrumental. Mas acho que é preciso encontrar uma solução que  preserve o mais importante: a democracia.

Blog da Míriam Leitão, colunista - O Globo - Com Alvaro Gribel


segunda-feira, 6 de janeiro de 2020

Bolsonaro diz que tendência no preço do combustível é se estabilizar - IstoÉ

O presidente Jair Bolsonaro disse, hoje (6), que, apesar de o preço dos combustíveis estar alto nas bombas, a tendência é de estabilidade. Ele, no entanto, voltou a negar qualquer possibilidade de tabelamento.  “Reconheço que o preço está alto na bomba. Pelo que parece, a questão lá dos Estados Unidos e do Iraque, o impacto não foi grande. Foi de 5%, mas passou para 3,5%. Não sei a quanto está hoje em relação ao dia do ataque, mas a tendência é a de estabilizar”, disse o presidente ao deixar o Palácio da Alvorada.

Segundo Bolsonaro, o assunto pautará uma reunião da qual participará no Ministério de Minas e Energia ainda hoje, às 16h. O presidente voltou a descartar qualquer política de tabelamento, estratégia que, segundo ele, já foi adotada no país e não deu certo.

Ainda de acordo com o presidente, o combustível, na bomba, custa três vezes o preço cobrado pelas refinarias. “É um absurdo. É muita gente ganhando dinheiro sem risco nenhum. São monopólios que vêm de décadas. Não podemos quebrar contratos, mas vamos quebrando devagar esses monopólios, usando a lei. O que pudermos abrir vamos abrir. Tem de haver concorrência ao máximo para quebrar monopólio”, disse.

Reforma
Sobre a reforma administrativa, Bolsonaro disse que a previsão é a de apresentá-la em fevereiro. E voltou a garantir que não afetará os atuais servidores concursados. “Fala-se muito em não ter mais estabilidade para quem incorporar no serviço público a partir de agora. A gente não pode apertar o projeto nesse sentido, porque muita gente vai dizer que estamos quebrando a estabilidade de 12 milhões de servidores. A gente não quer esse impacto negativo na sociedade. Para quem está [no serviço público] não mexeremos em nada”.

IstoÉ - Agência Brasil

sábado, 30 de março de 2019

1964, o cadáver insepulto


terça-feira, 12 de junho de 2018

Vitória do cartel

A ANP poderia ter aproveitado a oportunidade para acabar com o conluio das distribuidoras de combustível. Preferiu manter a farra das empresas que ditam as regras do mercado

Vencida a greve dos caminhoneiros, tudo voltou ao normal. O abastecimento de combustíveis foi restabelecido, mas há algo, porém, que não deverá retornar ao estágio anterior ao movimento: o preço nas bombas dos postos. Isso porque tudo retornou ao estado de antes: a lentidão da Agência Nacional do Petróleo (ANP) em combater o cartel das distribuidoras que dominam o mercado. Tão logo a greve se encerrou, a agência recuou e revogou a medida excepcional que suspendia a vinculação de marca para vendas de distribuidoras do produto líquido.

O mercado dos combustíveis distribuídos nos 40 mil postos brasileiros é dominado por três grandes empresas: Raizen/Shell, Ipiranga e BR Distribuidora, que detêm 70% do comércio de derivados de petróleo = [sob a forma de associação (disfarce para cartel) denominada Plural - e mais uma vez o MP silencia sobre o assunto; aliás, envolveu caminhoneiro, locaute de transportadoras e associação de revendedoras o MP opta pelo silêncio.]

Ou seja, tudo ficou como antes. O posto que tiver as cores da Raízen/Shell, Ipiranga ou BR Distribuidora fica impedido de comprar combustível em uma bandeira branca. Mesmo que o preço do litro seja mais baixo que o fixado pelas três gigantes do setor. Agindo assim, a ANP perde a oportunidade de livrar os empresários de postos das amarras impostas por essas empresas, que já duram uma década. Em 2008, a ANP sucumbiu ao lobby pesado do Sindicato Nacional das Empresas de Combustíveis e Lubrificantes (Sindicom). Na ocasião, o presidente da agência era Haroldo Borges Rodrigues Lima, nomeado pelo então presidente Lula.

Consumidor paga mais
Naquele ano, a ANP modificou uma resolução do Ministério de Minas e Energia que garantia aos postos escolher de qual distribuidora comprar combustível. Bastava apenas informar a origem na bomba. O resultado era imediato: ao comprar mais barato, a economia era repassada ao consumidor. Com a edição da nova regra, ficou vedada essa prática. Ou seja, o posto tinha de comprar combustível somente com a marca da distribuidora que estampava na fachada. Detentoras de 70% dos postos no País, a Raízen/Shell, Ipiranga ou BR Distribuidora passaram a ditar as regras – e os preços do litro dos combustíveis. O resultado foi imediato. Em dez anos, o faturamento dessas empresas saltou de R$ 78 bilhões (2007) para R$ 219 bilhões (2017).

Com a deflagração da greve, a ANP suspendeu a modificação na resolução do Ministério de Minas e Energia. Numa iniciativa de bom senso, a agência suspendeu essa vinculação entre postos e distribuidoras. A medida temporária suavizou as conseqüências do movimento grevista. Mas, como diz o ditado popular, o que é bom dura pouco: na terça-feira 5, a ANP cassou seu próprio ato, perdendo, assim, a oportunidade de fazer história.

Tudo como antes A agência controladora da política de preços dos combustíveis retrocedeu à norma anterior:
O mercado dos combustíveis distribuídos nos 40 mil postos brasileiros é dominado por três grandes empresas: Raizen/Shell, Ipiranga e BR Distribuidora, que detêm 70% do comércio de derivados de petróleo

Em 2008, diante de lobby das três companhias, a ANP, então dirigida por Haroldo Borges, determinou que os postos estavam impedidos de comprar combustíveis de uma distribuidora de bandeira branca, mesmo que os preços fossem mais baixos.
Em meio à greve dos caminhoneiros, que provocou grande crise de desabastecimento, a ANP suspendeu temporariamente, e em caráter excepcional, que os postos pudessem comprar das distribuidoras que melhor lhes atendessem, inclusive de bandeira branca, o que provocaria redução de preços

Mas foi apenas o abastecimento se regularizar, que a ANP voltou atrás e tornou a manter os efeitos nocivos do cartel
Ary Filgueira - IstoÉ

 

sábado, 9 de junho de 2018

O dólar de hoje não é o mesmo que o de 2002



A semelhança com a crise na campanha que elegeu Lula é só no calendário, porque o lado externo da economia está agora muito mais bem guarnecido

Alta forte do dólar em ano de eleições não é inédita no Brasil, mas, nem por isso, todos estes momentos de nervosismo no mercado financeiro, na proximidade das urnas, são iguais. O fato de o dólar ter se aproximado dos R$ 4 só nominalmente igual a 2002, porque, para se equiparar àquele ano, em termos reais, o câmbio teria de bater nos R$ 7 —, enquanto o Banco Central operava com firmeza para reduzir a volatilidade, justificou a iniciativa rara de um presidente da autoridade monetária, no caso Ilan Goldfajn, convocar entrevista coletiva para ser claro: “não há qualquer preconceito de usar qualquer instrumento” para conter um movimento mais forte de alta. Assim foi feito e, ontem, o dólar fechou o pregão cotado a R$ 3,709, numa queda de 5,5%, a maior em aproximadamente dez anos.

Como quem faz a ameaça tem à disposição reservas de US$ 380 bilhões, entende-se que ele pode ir mesmo além de oferecer contratos de swaps, de venda futura de dólar. Pelo fato de o Brasil acumular reservas externas equivalentes a 20% do PIB, de cinco a oito pontos percentuais de PIB além do considerado suficiente pelo próprio FMI, o país tem mesmo munição para enfrentar quem pretenda especular contra o real. [pensar que foi a irresponsabilidade do enganador-geral da República, Rodrigo Enganot, que neutralizou,  como fonte de crescimento economico,  este enorme volume de reservas, e a impunidade daquele enganador causa revolta.] 
Esta é uma diferença fundamental em relação a 2002, quando o crescimento da candidatura de Lula, com todo seu passado de radicalismo, agitou os mercados, a ponto de forçá-lo a editar a Carta ao Povo Brasileiro, na tentativa, não de todo bem-sucedida, de conter a fuga de divisas com a promessa de respeitar os contratos. Lula venceu, assumiu e praticou no primeiro mandato uma gestão responsável. O dólar voltou a seu leito.

Agora, também incertezas eleitorais servem de combustível para enfatizar a tendência, que é mundial, de elevação do dólar. Mas há o enorme volume de reservas e praticamente inexiste déficit externo nas contas correntes (aquém de 1% do PIB, contra os mais de 4% nas crises cambiais do passado), rombo devidamente coberto pela entrada de investimentos diretos.

Neste sentido, é uma experiência nova para quem viveu todas as crises externas nacionais, da década de 70 até agora. Não é preciso bater à porta do FMI, como faz agora a Argentina, atrás de US$ 50 bilhões; nem subir juros às pressas, para atrair dinheiro de fora.  Claro que elevação do dólar encarece importações e, por isso, tem algum repique na inflação. Mas como ela está na faixa dos 3% anuais, abaixo da meta de 4,5%, o BC tem tempo para avaliar o que fazer com os juros básicos de 6,5%, na próxima reunião do Copom, daqui a mais de uma semana.  Os candidatos a presidente precisam entender que o mais forte motivo das oscilações é a conjunção de uma economia em grave e crescente déficit fiscal com alguns pretendentes ao Planalto que não se definem sobre o problema ou acenam com velhas e equivocadas ideias.

 Editorial - O Globo

sábado, 2 de junho de 2018

Sob o signo do caos - Mobilização descamba para a baderna com infiltração de oportunistas

Virou baderna

Sindicalistas oportunistas, defensores da volta do regime militar e líderes trabalhistas que pedem a libertação do ex-presidente Lula se apropriaram da greve dos caminhoneiros e afundaram o País no caos. Os prejuízos econômicos ultrapassam os R$ 75 bilhões e atrasam o crescimento

 FORÇA A polícia e o exército tiveram que agir para garantir o direito de ir e vir e de abastecimento dos postos / OPORTUNISMO Defensores do regime militar e motoboys pegaram carona na paralisação /CAOS O uso político e a violência marcaram o movimento (Crédito: Divulgação

Foram dias em que o País viveu sob o signo do caos, com cenas assustadoras como só se vê no cinema-catástrofe: pessoas brigando por comida nos mercados, ladrões roubando gasolina até de ambulâncias e muita gente preferindo ficar em casa a enfrentar o clima de salve-se quem puder que tomou conta das cidades. Ao menos quatro pessoas morreram em decorrência da baderna. A primeira vítima foi um homem que faleceu depois de ser atropelado durante um protesto na rodovia MG-010, em Minas Gerais, na quinta-feira 24. 

Na quarta-feira 30, o caminhoneiro José Batistella foi morto em Vilhena, Rondônia, após ser atingido por uma pedra quando tentou furar um bloqueio. O suspeito pelo ataque foi preso. Outros dois motoristas morreram ao longo da paralisação, vítimas de infarto. A greve dos caminhoneiros, que teve início na segunda-feira 21, deixou o Brasil sem combustível, sem alimentos, sem transporte público, sem insumos hospitalares, sem aulas. Portos não funcionaram, inclusive o de Santos, maior da América Latina , vários aeroportos cancelaram voos e terminais rodoviários refizeram as escalas de viagens porque não havia como tirar os ônibus do lugar. O que a paralisação provocou, porém, não foi apenas o desabastecimento e a insegurança. Ela ensejou o oportunismo de setores radicais que se infiltraram no movimento para espalhar o terror.

Quando finalmente os combustíveis começaram a chegar aos postos, a partir da quarta-feira e ainda de maneira muito lenta, filas imensas se formaram com motoristas angustiados e ansiosos para retomar a vida. O alívio de poder encher o tanque parecia trazer a normalidade de volta. No entanto, sobraram várias perguntas. A qual vida e a qual País retornaremos? Os impactos nas esferas social, política e econômica foram imensos, a maioria ainda impossível de ser estimada e que só chegará à luz de forma precisa depois de passar pela análise da história. Mas o que já é possível ser mensurado perturba. Do ponto de vista econômico, o País todo perdeu. Uma estimativa da soma dos prejuízos aponta para a cifra astronômica de R$ 75 bilhões. A principal reivindicação dos caminhoneiros que iniciaram a paralisação era a baixa no preço do diesel. 

Ainda na primeira semana de greve, lideranças dos caminhoneiros conseguiram arrancar do governo federal não só o compromisso de que o preço do diesel seria reduzido como o de que a Petrobrás só reajustaria os preços mensalmente. Estabeleceu-se uma trégua de quinze dias. Ela não durou sequer um. Nenhum caminhão deixou os bloqueios e o desabastecimento se agravou. Três dias depois, uma nova reunião de emergência realizada em Brasília selou um acordo que parecia ter encerrado de vez a paralisação. O preço do diesel foi reduzido em 0,46 centavos, os motoristas ficaram isentos do pagamento de pedágio dos eixos suspensos quando trafegam vazios e todas as outras reivindicações foram aceitas por um governo acuado. Também não bastou. Os bloqueios persistiram por mais quatro dias, perdendo adesão lentamente, até praticamente se esgotarem na quinta-feira 31. 

(...)

Infiltrados
Tão assustador quanto ver sumir itens essenciais à sobrevivência foi a percepção de que o governo havia perdido qualquer possibilidade de controle de um movimento que fugia ao comando inclusive daqueles que se intitulavam seus comandantes. O alerta soou depois que nada mudou após a primeira reunião entre representantes de algumas das entidades associadas aos caminhoneiros e os ministros Eduardo Guardia, Carlos Marun, Valter Casemiro e Eliseu Padilha. Depois do segundo encontro, no domingo, a celebração de um acordo divulgado em rede nacional pelo presidente Michel Temer e, mesmo assim, a permanência da paralisação por dias a fio, ficou evidente que o monstro andava sozinho.  A estruturação da greve fugiu aos padrões que normalmente norteiam movimentos do tipo. Primeiro porque houve também participação das empresas transportadoras, o que configura locaute. A Polícia Federal abriu 54 inquéritos para apurar a questão. Depois, porque ela ganhou força graças à comunicação por redes sociais nas quais nem sempre o criador do grupo estava de fato ligado às entidades que se apresentaram como representantes dos grevistas. Isso fez com que a grande maioria dos caminhoneiros parados nas estradas obedecesse a lideranças de origens obscuras, que agiam por meio de uma rede de comunicação própria e afastada de qualquer comando central. Até a quarta-feira 30, a polícia havia prendido sete infiltrados — nenhum era caminhoneiro.


ANSEIO Houve contínuas manifestações pedindo a entrada dos militares (Crédito:Fábio Motta)

Ao longo dos três primeiros dias da semana passada, chegou-se a um ponto grotesco. José da Fonseca Lopes, presidente da Associação Brasileira dos Caminhoneiros e um dos interlocutores que visitaram o Palácio do Planalto, admitiu que havia gente infiltrada no movimento. Não se tratava mais da greve de uma categoria. Passou a se tratar de um movimento político insuflado por indivíduos que nada tinham a ver com os motoristas. Eles se apropriaram da mobilização e fizeram dela moeda de troca por bandeiras contrárias às regras da democracia. Um dos pleitos passou a ser a saída do presidente Michel Temer. Um dos expoentes do movimento foi André Janones, ex-candidato a prefeito de Ituiutaba, em Minas Gerais, pelo PSC, e filiado ao PT entre 2003 e 2012. Assim que pegou carona na mobilização dos caminhoneiros, Janones ganhou milhares de seguidores no Facebook e seus vídeos pedindo a continuidade da greve enquanto o presidente Michel Temer não saísse do cargo se espalharam. Nas redes, Janones se define como “mineiro, cristão, advogado e jornalista.” Incita seus 700 mil seguidores a “quebrar o sistema.”
Houve mais dois grupos atuantes, usando de força para impedir que a maioria dos motoristas retomasse o trabalho: os que pediam intervenção militar e os que defendiam a libertação do ex-presidente Luis Inácio Lula da Silva. Segundo líderes das entidades tradicionalmente representantes dos caminhoneiros, os três movimentos alheios à categoria representavam de 10% a 15% do comando da paralisação. Fora os que haviam se infiltrado, virando líderes do dia para a noite, houve apoio em manifestações públicas realizadas em pontos das estradas que estavam obstruídos e em outros locais das cidades. 

Em São Paulo e no Rio de Janeiro, viu-se com frequência grupos segurando cartazes pedindo a volta dos militares ao poder. Ao primeiro olhar, é difícil entender como três grupos com aspirações tão distintas podem ter se vinculado a um mesmo movimento. Cada um a seu modo, eles tentaram se apropriar de uma mobilização que, no princípio, contou com o apoio da população. Segundo pesquisa do DataFolha, 87% da população defendeu a paralisação. De alguma maneira, ela catalisou a insatisfação popular e o cansaço diante de uma recuperação econômica lenta depois de uma recessão que produziu os 13,4 milhões de desempregados existentes hoje no Brasil. Foi somente depois do agravamento do desabastecimento, da dificuldade para conseguir um ônibus ou atendimento médico, por exemplo, que manifestações mais críticas foram ouvidas.

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Oportunismo político
Na terça-feira 29, o ministro da Secretaria de Governo, Carlos Marun, telefonou para o líder do PT na Câmara, Paulo Pimenta (RS). Pediu que, em nome do País, o PT intercedesse para que os caminhoneiros retornassem e se evitasse a paralisação dos petroleiros. A resposta foi não. “Ligou para a pessoa errada”, disse, depois, o líder do PT. Explicitava-se ali uma inusitada e irresponsável aliança entre a esquerda que grita “Fora Temer” e “Lula livre” e a direita que pede “intervenção militar”. O conservador militar Jair Bolsonaro (PSL), em uma de suas postagens no twitter, escreveu: “O governo, de forma covarde, trabalha para colocar na conta dos caminhoneiros a responsabilidade pelos futuros prejuízos causados pela paralisação”.

Bolsonaro assina o projeto de lei que prevê punição de até quatro anos de cadeia para quem obstruir vias públicas, como fizeram os caminhoneiros para dificultar a passagem dos colegas que não queriam aderir. Como se vende como o candidato da “ordem”, nada melhor do que incitar a desordem para que, em outubro, ele surja na figura de salvador, um messias que colocará tudo no lugar, em meio ao caos.Os petistas, assim como Bolsonaro, apostam no “quanto pior, melhor” por duas razões: consolidar a narrativa de que Lula e Dilma foram vítimas de um golpe político-jurídico e alimentar a tese de que Lula seria o único capaz de reunificar o País. Para quem hoje não tem nada em que se agarrar, qualquer coisa é lucro.

Na mesma esteira de oportunismo político, não poderiam faltar declarações da presidente nacional do PT, senadora [e ré em ação penal]  Gleisi Hoffmann (PR). Ela conseguiu a proeza de dizer que, nos governos petistas, não houve prejuízos à Petrobras, mesmo com a política de intervenção na formação dos preços dos combustíveis, feita “a bem do cidadão”, segundo reforçou. Em 13 anos do PT no poder, foram 16 reajustes, lembrou ela. Enquanto isso, desde 2016, no início da gestão Michel Temer, houve 229 correções. O que Gleisi não contou é que o saqueamento dos cofres da Petrobras [majoritariamente realizado  pelo PT, sendo ela uma das beneficiárias] quase quebrou a empresa.

Ary Filgueira - IstoÉ