Blog Prontidão Total NO TWITTER

Blog Prontidão Total NO  TWITTER
SIGA-NOS NO TWITTER

quarta-feira, 29 de março de 2017

Estádios de futebol não são locais para 'bicha'

Homofobia, o ponto "negativo" no show da seleção 

[as aspas no termo negativo, são de responsabilidade do Blog Prontidão Total e expressam o veemente repúdio do Blog à presença de homossexuais jogando em clubes e seleções de futebol.]

Nem “olê olê olê olê, Tite Tite” nem “o campeão voltou”. O grito que mais se ouviu na Arena Corinthians na vitória do Brasil contra o Paraguai por 3 a 0 foi o de “bicha”. A cada vez que o goleiro Anthony Silva batia na bola em um tiro de meta, a ofensa vinha de todo o estádio, em um dos raros momentos em que a torcida se manifestava em uníssono na noite desta terça-feira. A absurda situação ainda aparecia nos momentos em que o sistema de som do Itaquerão pedia para pararem as manifestações e os 44.378 pagantes respondiam com fortes vaias.

A tradição não nasceu no Brasil – foi copiada dos mexicanos, que há muitos anos gritam ‘puto‘ (o equivalente, em espanhol) aos goleiros adversários -, mas tem sido constante em jogos de clubes e da seleção, e já prejudicou a equipe de Tite. Na partida contra a Colômbia, em setembro de 2016, os gritos homofóbicos da torcida foram uma constante. A Fifa reagiu e multou a CBF em 20.000 francos suíços (cerca de 72.000 reais). O episódio se repetiu um mês depois na goleada por 5 a 0 sobre a Bolívia, em Natal, e houve nova punição, agora de 25.000 francos suíços (83.000 reais).

Muitos argumentam que este tipo de manifestação homofóbica “faz parte da cultura do futebol” e não deve ser interpretada como discriminação. Seria apenas mera e inocente “provocação”, como outros gritos e xingamentos corriqueiros nas arquibancadas. Há quem diga que o futebol está ficando chato – como se isso fosse o que dá emoção ao esporte.

Fatma Samoura, mulher, negra e muçulmana, atual secretária-geral da Fifa, também ex-funcionária da ONU, luta pela igualdade de condições das pessoas e nunca escondeu que já sofreu todo o tipo de preconceito  e de discriminação. Ela sempre diz que a Fifa terá tolerância zero para qualquer tipo de preconceito nos estádios e as multas para o Brasil e outras seleções provam isso. As punições financeiras já se mostraram ineficazes e talvez fosse o momento de a entidade pensar em alternativas. [sugestão: criem times de futebol cujo elenco seja exclusivamente de homossexuais; errado é pretender tornar obrigatório aos torcedores do futebol tradicional, do verdadeiro futebol, assistirem gays e assemelhados jogando o valoroso esporte bretão.] Já passou da hora de estádios de futebol se tornarem lugares tolerantes, amigáveis e de celebração ao esporte. [aos que querem transformar os estádios de futebol em 'casas de tolerância' que passem a frequentar espetáculos de balé.] Gritos homofóbicos não contribuem em nada para isso.

Fonte: Conteúdo de Placar
 

 

 

 

Rio 90 graus, está derretendo

Prisões no RJ abrem passagem para abertura das caixas-pretas dos tribunais de contas dos estados.

O Rio de Janeiro está derretendo. Sob os escombros, a administração do Estado, ex-governador na cadeia, governador mendigando dinheiro em Brasília para cobrir as consequências da corrupção, da ineficácia, da irresponsabilidade e agora mais esta: prisão de cinco dos sete conselheiros do Tribunal de Contas e condução forçada do presidente da Assembleia Legislativa, Jorge Picciani. Nada que cause muita surpresa dado o histórico e as ligações político-comerciais do grupo.


Raios são vistos próximos à estátua do Cristo Redentor, no Rio de Janeiro (Yasuyoshi Chiba/AFP/VEJA)

A novidade é o desmantelo de um esquema vigente há anos (inclusive em administrações anteriores à de Sérgio Cabral/Luiz Fernando Pezãopermissivo o suficiente para abrir as portas da política à bandidagem,digamos, tradicional e a inclusão do TCE na rede. Temos aí a abertura de uma nova avenida de revelações sobre as relações promíscuas entre tribunais de contas, governos estaduais e assembleias legislativas país a fora. Um escândalo contratado pela prática de indicações de conselheiros com o objetivo de garantir cumplicidade.

Fonte: Revista VEJA


 

Assaltante bom, assaltante morto

Justiça de SP absolve PMs acusados de jogar assaltante de telhado e matá-lo

A Justiça de São Paulo absolveu três policiais militares acusados de jogar um assaltante de um telhado e executá-lo em seguida, quando ele estava no chão. Os jurados consideraram os argumentos dos advogados de que a ação foi em legítima defesa. O assistente de acusação, advogado Richard Bernardes Martins, contratado pela família da vítima para auxiliar o Ministério Público, surpreendeu até o promotor Rogério Zagallo ao pedir a absolvição do PM Samuel Paes. O policial aparece em imagens gravadas jogando a vitima do telhado. 

O pedido aconteceu durante os debates entre acusação e defesa. Zagallo não foi avisado pelo assistente da acusação sobre o pedido e comentou que se sentiu “traído”. “O assistente deve defender os interesses da família da vitima, não do réu”, afirmou. O promotor disse que vai recorrer da decisão e que não trabalha mais com “esse assistente”.
Martins justificou que “não tinha convicção na participação do PM Paes no crime”, por isso, pediu a absolvição. Ele manteve o pedido de condenar os outros PMs pela morte da vítima.
Para o advogado Nilton Vivan Nunes, que defendeu os policiais, os jurados foram unânimes na decisão de inocentar os seus clientes. “A Justiça foi feita. Ficou comprovado que a ação foi legítima”. 

O caso ocorreu em setembro de 2015. Fernando Henrique da Silva, de 23 anos, e o amigo Paulo Henrique Porto de Oliveira, de 18, estavam em uma moto roubada quando foram localizados por policiais militares, no Butantã, na zona oeste. Houve perseguição e os dois se separaram após abandonar a moto. Silva foi cercado em cima de um telhado. 

Segundo denúncia do MP, o PM Paes jogou o rapaz. No chão, ele foi executado pelos PMs Flávio Lapiana de Lima e Fabio Gambale da Silva. Os três estavam presos no Presídio Militar Romão Gomes, na zona norte de São Paulo, desde o início das investigações. Já Oliveira foi cercado em uma lixeira. Câmeras de segurança da rua flagraram o momento que ele é algemado no chão. Depois, os PMs soltam as algemas e ele é levado para atrás de um muro e executado. Um dos policiais ainda coloca uma arma na cena do crime para simular um confronto. 

Há 15 dias, três policiais foram julgados pelo caso. Tyson Oliveira Bastiane foi condenado a 12 anos pelo assassinato. Silvano Clayton dos Reis recebeu pena de quatro anos por falsidade ideológica e porte ilegal de arma. Silvio André Conceição foi absolvido.

Fonte: Isto É
 


Fica, Temer: Temer é o que há de melhor para levar o país até as eleições de 2018

Depois dele, o que há na vitrine das carnes? A escolha será do Congresso, e o que ele tem a oferecer? 

Depois do fracasso das manifestações de domingo e do bate-boca do procurador-geral Rodrigo Janot com o ministro Gilmar Mendes, Michel Temer é o que há de melhor para levar o país até as eleições de 2018. Ele foi eleito na chapa de Dilma Rousseff, conhecendo a mecânica de suas obras e suas pompas.

Desde que assumiu a Presidência da República, Temer empenha-se num projeto de reformas que traem o mandato das urnas de 2016 e, nessa reencarnação, patrocina uma agenda que jamais explicitou em sua vida pública.  Pode-se não gostar da reforma da Previdência ou da nova ordem trabalhista, mas é indiscutível que, sem o Congresso, nenhum dos dois projetos iria adiante.  O mandato de Temer está pendurado numa decisão do Tribunal Superior Eleitoral. Admitindo-se que ele venha a ser deposto, será substituído por uma pessoa eleita indiretamente pelo Congresso encalacrado na Lava-Jato.

Se essa eleição viesse a ocorrer sob a influência da pressão das ruas, seria possível que Temer fosse substituído por alguém parecido com dom Eugenio Sales, que se juntou ao Padre Eterno em 2012. Essa carta saiu do baralho porque, depois de ter assombrado a oligarquia nacional durante três anos, as manifestações de rua desmilinguiram-se.  Hoje, quem elegerá o novo presidente será o Congresso, influenciado pelos constrangimentos e culpas expostos pela Operação Lava-Jato.


Temer ofereceu-se para o lugar de Dilma Rousseff como um governo de salvação e união nacional. Em menos de um ano, o presidente formou uma poderosa bancada parlamentar mais interessada em salvar a si própria.  Ainda assim, quem ia para rua gritandoFora Temer” deve reconhecer que as coisas pararam de piorar. A inflação de dois dígitos sumiu da agenda, e a recessão econômica pode ter chegado ao fundo do poço.
Se a sua política merece apoio, ou mesmo tolerância, essa é uma questão que pode ser decidida em 2018 na eleição presidencial.

A alternativa a esse cenário seria o culto ao “Fora Temer”. Para o seu lugar, iria uma pessoa eleita pelo Congresso. Atire a primeira pedra quem puder dizer que os parlamentares elegerão alguém que mereça mais confiança, mesmo que seja pouca a que se deposita no doutor.  Indo-se um passo adiante: atire a segunda pedra quem for capaz de garantir que esse novo presidente respeitará o calendário eleitoral que prevê uma eleição presidencial para 2018.

Nas duas últimas vezes em que se mexeu com legitimidade de um vice-presidente, o Brasil acabou metido em memoráveis encrencas. Assim se deu em 1969, quando os “três patetas” (na expressão de Ulysses Guimarães e do general Ernesto Geisel) dispensaram o vice Pedro Aleixo, e em 1961, quando tentou-se impedir a posse de João Goulart. (Nessa ocasião Ulysses não chamou os ministros militares de patetas, mas Geisel lembrava-se de que o adjetivo já circulara.)

Quando o vice foi deixado em paz, Itamar Franco deixou o país no porto seguro de Fernando Henrique Cardoso.  Sem a rua, o “Fora Temer” é uma delegação de poderes para a oligarquia parlamentar que luta pela vida sonhando com o fim da Lava-Jato, com o voto de lista e com a eleição indireta de um napoleãozinho civil. Solução oligárquica, ela terá inevitavelmente uma agenda secreta: o fim da eleição presidencial de 2018.

Fonte: Elio Gaspari, jornalista

Após delação que levou à prisão de conselheiros, ex-presidente de Tribunal deixa o país



Jonas Lopes, que comandou o Tribunal de Contas do Rio de Janeiro, já prestava depoimentos fora do Estado 

O ex-presidente do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro Jonas Lopes deixou o Brasil na segunda-feira (27) com autorização do Ministério Público Federal. A família de Lopes viajou antes. Logo após os relatos de ameaças, o Ministério Público Federal passou a colher seus depoimentos fora do Rio de Janeiro. As ameaças a sua família começaram quando vazaram nomes sobre quem Lopes delatara em seu acordo de colaboração. As informações de Lopes foram essenciais para a deflagração da Operação Quinta do Ouro nesta quarta-feira (29), autorizada pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ).

Lopes e outros conselheiros são acusados de receber dinheiro para aprovar editais de licitação, entre eles do estádio do Maracanã.


Fonte: Época


 

 

Quem aos porcos se mistura, farelo come; Temer que o diga


MPE pede cassação de Temer e inelegibilidade de Dilma

O julgamento da ação que apura o possível abuso de poder político e econômico da chapa Dilma-Temer foi marcado para começar na manhã da próxima terça-feira

O Ministério Público Eleitoral (MPE) pediu ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) a cassação do presidente Michel Temer (PMDB) e a inelegibilidade da presidente cassada Dilma Rousseff (PT), segundo fontes que acompanham as investigações. A manifestação da Procuradoria-Geral Eleitoral (PGE), mantida sob sigilo, foi encaminhada na noite desta terça-feira ao TSE.

O julgamento da ação que apura se a chapa Dilma-Temer cometeu abuso de poder político e econômico para se reeleger em 2014 foi marcado para começar na manhã da próxima terça-feira. O TSE dedicará quatro sessões da semana que vem – duas extraordinárias e duas ordinárias – para se debruçar sobre o caso, que poderá levar à cassação de Temer e à convocação de eleições indiretas.

Se os ministros do TSE seguirem o entendimento da PGE ou seja, cassarem Temer, mas o deixarem elegível –, ele poderia concorrer numa eleição indireta. A defesa de Temer informou que só se manifestará sobre o parecer no julgamento. A defesa de Dilma não se manifestou. O parecer foi assinado pelo vice-procurador-geral eleitoral, Nicolao Dino, que atua na Corte Eleitoral por delegação do procurador-geral da República, Rodrigo Janot. Dino é um dos pré-candidatos à sucessão de Janot, que tem mandato previsto para acabar em setembro.

Para assumir o posto, no entanto, ele precisará ser escolhido pela categoria em lista tríplice e depois indicado por Temer para a vaga. Dino já sofre resistências no Congresso por ser irmão do governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), opositor do núcleo do PMDB no Estado. No ano passado, um parecer do MPE recomendou que fosse rejeitado o pedido da defesa de Temer para separar sua responsabilidade em relação à da ex-presidente Dilma Rousseff no processo. Na época, Dino afirmou que “o abuso de poder aproveita a chapa em sua totalidade, beneficiando a um só tempo o titular e o vice”.

Em outro parecer, o MPE indicou a existência de “fortes traços de fraude e desvio de recursos” ao analisar as informações colhidas com a quebra do sigilo bancário das gráficas Red Seg Gráfica, Focal e Gráfica VTPB, contratadas pela chapa Dilma-Temer.  A ação que investiga última disputa presidencial foi proposta em 2014 pelo PSDB, partido derrotado nas urnas pela chapa encabeçada pelo PT. Nas alegações finais entregues ao TSE nos últimos dias, o PSDB isentou o presidente Michel Temer de responsabilidade.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo
 

Fim do imposto sindical é medida saneadora

Defendido por Lula nos primórdios do PT, o fim da contribuição compulsória aos sindicatos está em proposta de reforma e, se aprovado, modernizará relações trabalhistas

Essa discussão é outra das antigas. Assim que a ditadura militar, no final do governo Geisel, na década de 70, permitiu alguma reivindicação e algum debate, metalúrgicos do ABC, com Luiz Inácio Lula da Silva na liderança, alçaram a bandeira do combate à “herança varguista”. 

Nela, estavam e continuam não apenas a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), mas também o imposto sindical e o monopólio territorial, a chamada “unicidade sindical.” Os dois somados constituem lucrativa reserva cartorial de mercado.  O tempo correu, Lula e CUT chegaram ao poder, e as bandeiras do passado foram recolhidas. Há na CUT quem ainda balbucie algum argumento contra o imposto. Mas nada em voz alta. O então presidente Lula esqueceu as lutas do final da década de 70/início de 80, e até oficializou as centrais, por medida provisória, colocando-as dentro do aparato legal varguista, tão alvejado por ele e metalúrgicos 30 anos antes. 

O objetivo de despejar nas centrais dinheiro público, do imposto, foi atingido —, e sem precisar de prestação de contas. Uma festa.  No atual ciclo de reformas, em que conceitos da CLT estão sendo revistos, surge uma oportunidade concreta de se realizar o sonho do jovem Lula: não haver imposto sindical, mas contribuição espontânea. Para sindicatos de empregados e patrões.  A proposta consta do relatório da reforma trabalhista, na Câmara, de autoria de Rogério Marinho (PSDB-RN). Tudo o que Lula e sindicalistas do ABC defendiam no final da década de 70 é verdade: o imposto sindical, retirado pelo Estado, de forma compulsória, do salário de todos — o equivalente a um dia de trabalho —, é um dinheiro fácil, que acomoda os dirigentes e os coloca distantes da massa de trabalhadores. Perdem representatividade.

Estima-se em R$ 3 bilhões anuais a arrecadação, distribuídos entre 10.123 sindicatos, dado de 2015. Eis por que há sempre grupos de supostos representantes de categorias em busca de alvarás, no Ministério do Trabalho, para criar o próprio sindicato. É um rentável negócio, como demonstram incontáveis reportagens sobre esquemas que se especializaram em privatizar este dinheiro público.


Outra medida complementar seria acabar com a tal “unicidade sindical”. A competição entre sindicatos em busca de mais afiliados resultará, por certo, em serviços mais eficientes prestados às categorias.  O fim deste imposto, com medidas correlatas, é saneador em todos os aspectos: na eliminação de desvios desse dinheiro para desvãos sindicais e o próprio aumento da importância do sindicato. Será, caso ocorra, emblemático, por retirar em alguma proporção o Estado do circuito das relações patrões e empregados, sempre motivo de medidas populistas e deslavada demagogia.


terça-feira, 28 de março de 2017

Golpes em marcha

Lista na eleição evita que cidadão puna políticos e autoanistia os deixa livres para cometer crimes

José Nêumanne - Publicado no Estadão
 
Ninguém ouviu, mas ao longo de todo o domingo passado um grande suspiro de alívio percorreu o Brasil do Oiapoque ao Chuí, com uma parada significativa em Brasília, capital federal. Todos os políticos com algum mandato no Legislativo ou no Executivo, federal, estadual ou municipal, comemoraram secretamente, sem ousar sequer aparentar felicidade nem na intimidade da alcova, à hora de se recolher ao tálamo, a outonal ausência da cidadania nas ruas mais importantes das maiores cidades brasileiras. 

Para evitar os mais descarados golpes da História desde a Independência a manutenção da prerrogativa de foro, a autoanistia no uso de caixa 2 e, acima de tudo e de todos, a lista fechada dos candidatos nas eleições o povo não se mobilizou, como o fizera antes para protestar contra o Brasil oficial em 2013 e pelo impeachment de Dilma em 2015 e 2016.

Em 2013, assim que o povo voltou pra casa e os black blocs pararam de depredar o patrimônio alheio, público ou privado, Dilma Rousseff anunciou as decisões com que fingiu atender ao clamor das ruas roucas: Assembleia Constituinte exclusiva para a reforma política e financiamento público de campanhas eleitorais. Nunca a estupidez pessoal de um ser humano (o que ela pelo menos aparenta ser) desserviu a tantos semelhantes de uma vez só. Em 2016 o Congresso Nacional a depôs por outros crimes, fingindo atender ao mesmo clamor. Mentira! Os congressistas depuseram a “presidenta” porque não suportavam o desprezo e a indiferença com que ela os maltratava, usando o poder para humilhá-los, mesmo ao custo de perdê-lo. Isso ficou claro quando foi revelada a senha do movimento tido como golpista pelos depostos com ela: “Tem que mudar o governo pra poder estancar essa sangria”. A sentença consagrou o autor como o frasista preferencial de todos os governos, Romero Jucá, pernambucano, senador por Roraima, militante do PMDB e serviçal de todos os presidentes – de Fernando Henrique, do PSDB, a Lula e Dilma, do PT.

O ilustre prócer, atualmente na presidência do maior partido do País, o PMDB, posseiro dos maiores postos do Legislativo e do Executivo da República, o nominado Caju da lista de propinas da Odebrecht, também não teve pejo de reclamar quando tentaram limitar o foro privilegiado. Definiu o privilégio como “suruba seletiva” e exigiu que dela todos participassem. Todos os políticos, os mandatários, os poderosos do regime, naturalmente. Como a anistia reclamada pela oposição para avalizar a abertura democrática da ditadura de Geisel e Figueiredo: “ampla, geral e irrestrita”. A metáfora indecorosa da República indecente, contudo, nunca será mais pornográfica do que a prática republicana da venda por facilidades financeiras para ultrapassar as dificuldades do decoro político.

As extraordinárias circunstâncias que permitiram, primeiro, a Ação Penal 470, vulgo mensalão, e, depois, a Operação Lava Jato, dita petrolão, terminaram por quebrar um ancestral paradigma do Brasil dos coronéis e dos titãs populistas, aquele segundo o qual só iam para a cadeia pretos, pobres e prostitutas. Frequentam os cárceres da “república de Curitiba” vários dos mais ricos empreiteiros pátrios, inclusive o maioral de todos, Marcelo Odebrecht, e alguns heróis do povo brasileiro”, que assaltaram bancos para financiar a guerrilha e, depois, saquearam o Estado inteiro, sem exceção de cofre, por poder, fortuna e conforto. No entanto, ainda não foi quebrada a barreira estabelecida por Artur Bernardes na Primeira República: “aos amigos, tudo; aos inimigos, o rigor da lei”. Com uma adaptação: “aos mandatários, tudo; aos sem-mandato, a lei mais rigorosa”. Preso, Marcelo Odebrecht contou que comprou Lula e Dilma e deles obteve tudo o que precisava para prosperar mais do que os outros, aceitando, é claro, a companhia do cartel. Mas, pelo menos até agora, nenhum detentor de mandato de poder republicano paga por seus delitos. A exceção à regra é, claro, Eduardo Cunha, que ousou cuspir na cruz.

No impeachment de Dilma Rousseff, o verdadeiro golpe foi dado, cinicamente, por Renan Calheiros e Ricardo Lewandowski: o fatiamento do artigo constitucional que a privaria de direitos políticos para que pudesse ser merendeira de escola. O que, aliás, representaria grave risco para a saúde da infância e da juventude do Brasil. Depois do “só se for a pau, Juvenal”, miríades de golpes se sucederam contra a Carta que, de tão vilipendiada, pode ser chamada de minima minimorum, em vez de Máxima. Foi o caso da permissão para Renan Calheiros delinquir presidindo o Senado desde que saísse da “linha sucessória”, que, aliás, nem existe, pois não há sucessor definido do vice que assumiu a Presidência. Quem quer que o substitua terá de convocar eleição indireta para ocupar o lugar. E também foi permitido ao vassalo Rodrigo Maia reeleger-se presidente da Câmara no meio da legislatura. Mais um escárnio na conta!

Tudo, porém, é café pequeno para o que se anuncia nesta algaravia de todo dia. Gilmar Mendes, presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), já deu a deixa para a cassação da chapa Dilma-Temer sem criar atropelos à gestão federal. Cassa-se a chapa, decreta-se a inelegibilidade da titular e permite-se ao reserva que fique em campo. Ou seja, autorizar-se-lo-á (mesóclise dupla em homenagem a sua volúpia pelo fracionamento de verbos) a disputar (e vencer) a indireta para suceder-se a si mesmo no Congresso Nacional, que tantas alegrias lhe tem propiciado.

Isso ainda é lana caprina comparado ao que os parlamentares se reservam em matéria de prêmio de consolação por terem sido delatados. Conseguiram beneplácito dos “datas vênias” da STF (Suprema Tolerância Federal) para desprezar a igualdade de todos perante a lei e decretar que caixa 2 é crime para empresários, mas não para políticos.
Ressuscitaram o projeto de Dilma do financiamento público de campanhas eleitorais para mantê-las com seus custos proibitivos, o que, definitivamente, não é uma tradição da República, por mais insana que ela já tenha sido antes. E, para completar, escolheram dois capitães do mato do Conselheiro de Caetés para levantar muros da vergonha no “parlamanto”. w.d [apenas as iniciais são citadas e em letras minúsculas, tendo em vista a política do Blog Prontidão Total de grafar nomes de determinados políticos com letras em tamanho proporcional a importância dos mesmos] (PT-RJ), jurisconsulto particular do ex-deus, batalha para excluir os presos da possibilidade de serem premiados ao delatar, desfigurando norma legal adotada pelo Brasil oficial no rastro do resto do mundo. 

E Vicente Cândido (PT-SP), relator da tal “reforma política”, apareceu com a teoria de que lista fechada de candidatos a cargos no Legislativo em eleições proporcionais (não distritais) é usada em “80%” (o cálculo é dele) dos países democráticos do mundo.
Lembro-me bem – se me lembro!  de ter acompanhado eleições com listas em que os maiorais da elite política compunham o congresso do país a seu bel prazer e proveito. O social-democrata AD de Rômulo Gallegos dividia o butim com a democracia cristã da Copei de Rafael Caldera. O pobre povo amontoado nas favelas de Caracas a caminho do aeroporto de Maiquetia pisou na balança e dessa divisão subiram Hugo Chávez e seu sucessor Nicolás Maduro. A lista fechada foi a ditadura da elite política a caminho da tirania metida a socialista dos bolivarianos da Venezuela.

Ainda assim, o Brasil real, escorchado, talvez desiludido com os resultados pífios e o cinismo crescente do País oficial, ainda caçando cofres para limpar, desistiu de ir às ruas para reclamar. E deixou aparecerem no asfalto vazio os nostálgicos da ditadura militar, de direita. Daí, foi ensurdecedor o silêncio monstruoso das cidades sem povo do Brasil afundado no pântano da miséria, da corrupção e da maior crise econômica da História. 

Talvez nos reste dançar o tango argentino, como no poema Pneumotórax, de Manuel Bandeira, ou rezar um ato de contrição, como a mãe deste escriba o aconselhava quando, na infância, não conciliava o sono. Contra todos esses golpes em marcha, nem se o bispo de Barra, na Bahia, benzesse toda a água do São Francisco se operaria o milagre da nossa redenção.

O jurista Modesto Carvalhosa, especialista em legislação contra a corrupção, recomenda uma Constituinte independente para mudar tudo na política, performance bonds (adotados nos EUA desde 1894) para tirar o poder de empreiteiros corromperem políticos e burocratas, e uma lista negra de políticos safados para não sufragar na próxima eleição. Minha lista pessoal contém todos os mandatários dos Poderes Executivo e Legislativo, acrescentada de uma devassa impiedosa para reformar todas as instâncias do Judiciário.

O resto são panos quentes para confortar moribundo.

Ciro prova que resolve na bala e dá um tiro no próprio pé

O pré candidato a presidente Ciro Gomes deu entrada hoje no hospital das Clínicas de Fortaleza com um tiro no pé direito. De acordo com médicos, os pés de Ciro já estão muito feridos de tantas balas que levaram ao longo de sua carreira.  "Atirei no meu pé direito e não no esquerdo por motivos óbvios. Essa questão da agressividade se subdivide um três tópicos cada um deles com nove subtópicos com 45 implicações".


Segundo amigos, Ciro estava discutindo com ele mesmo quando se irritou com Ciro e deu um tapa em Ciro. Ciro ficou revoltado, pegou uma arma e fez ameaças. Foi quando Ciro tomou a arma de Ciro e deu um Ciro em Tiro.

Fonte: O Sensacionalista 

Ciro Gomes mira em Moro e acerta a própria testa

Se fosse um dos alvos da Lava Jato, o colecionador de bravatas receberia a visita da PF empunhando não um tresoitão, mas a bandeja com o cafezinho 

Ciro Gomes nem precisa de adversários em campanhas eleitorais: ele sabe como ninguém perder sozinho. Na primeira disputa presidencial em que se meteu, a candidatura começou a derreter quando chamou de “burro” um eleitor com quem falava por telefone durante um programa radiofônico. O segundo naufrágio do gabola que primeiro fala e só depois pensa (se é que pensa) tornou-se inevitável com a definição do papel que a atriz Patrícia Pillar, com quem estava casado na época, desempenharia na campanha do marido: dormir com o candidato, resumiu.

Ciro Gomes, como de hábito, falando m ...

O vídeo acima confirma que, quando se trata de gente, graves defeitos de fabricação não têm conserto. “Hoje esse… esse Moro resolveu prendê um… um bloguero?”, desandou no meio da entrevista o pistoleiro que faz mira só depois do disparo. “Ele que mande me prendê, que eu recebo a turma dele na bala”. Endereçado ao juiz que simboliza a Operação Lava Jato, o tiro ricocheteou na língua portuguesa antes de atingir, de novo, a testa do eterno candidato sem chances à Presidência da República.

Se fosse mais gentil com o idioma, Ciro receberia à bala, nunca “na bala”, os agentes da Polícia Federal que formam o que chama de turma do Moro. Se respeitasse a inteligência alheia, não diria que Sérgio Moro “resolveu prendê um bloguero”; apenas determinou que um blogueiro objeto de investigações prestasse depoimento. Se passasse menos tempo na cidade onde foi criado, governada pela família que se confunde com um bando de coronéis, teria descoberto que o país mudou. O Brasil não é uma imensa Sobral. E jamais será.

Já não existem figurões condenados à perpétua impunidade. A lei passou a valer para todos, aí incluídas todas as ramificações da tribo dos cirosgomes. O ex-governador do Ceará não acordou com batidas na porta às seis da manhã por uma razão singela: não existem (ainda) motivos para isso. Caso esteja enredado em alguma das patifarias atravessadas no caminho da operação, a usina ambulante de bravatas não tardará a receber a visita dos policiais.

Se restar algum juízo ao clã, Ciro será aconselhado pela família a receber os visitantes empunhando não um tresoitão, mas uma bandeja com o bule e xícaras de café.

Fonte: Blog do Augusto Nunes 

 

Convém não ver Ciro Gomes só como louco; pode ser, mas tem método

Em entrevista, o homem sugere que sua política econômica estaria à esquerda do PT... E o que pretende quando diz que Trump não é de direita?

Escrevi um pequeno post endossando uma consideração de um amigo médico, Felipe Nogueira, segundo quem é Ciro Gomes, não Jair Bolsonaro, o candidato a ser o Donald Trump brasileiro. A observação é arguta e absolutamente compatível com a reveladora entrevista publicada ontem pela Folha. Aliás, convém que aqueles que consideram que o homem é apenas louco comecem a desconfiar de que ele também tem método.

Começo por essa questão momentosa porque vejo, no Brasil, alguns tontinhos de direita à procura do “nosso Trump”. Pois é… Mas o que fez o já decadente Trump presidente dos EUA? Eu resumiria assim: fastio de amplas camadas com a prevalência da agenda politicamente correta que Obama abraçou, sobretudo no segundo mandato, e, atenção!, a mobilização daqueles que não se julgam beneficiados pelo mundo moderno. Supor que Bolsonaro é o Trump só porque é o mais reacionário que a política brasileira pode oferecer é evidência de análise rasa.

Até porque, resta provado, e Ciro acerta ao fazer esta consideração à Folha, Trump é um populista, sim, mas será mesmo “de direita”, da “direita liberal”? Acho que não. Tanto é assim que esquerdistas brasileiros viram com bons olhos quando o Malucão anunciou que pretendem proteger as empresas americanas da concorrência para preservar empregos.  

Ciro tem aquele jeito de doidão, reitero, mas tem método. Afirmou sobre o presidente americano: “Por que o Trump é de direita? Populista, sim, ok. Mas a vitória dele foi importante. Ele representa a negação da perversão neoliberal. E, no Brasil, o problema não é de direita e esquerda. A política econômica do Lula é igual à do FHC”.

E, claro, ele elogiou também o que considera a franqueza do americano, similar, então, à sua: “Em tempos bicudos, as pessoas procuram franqueza”. Antes ainda: “[Uma especialista] sempre me estimulou a manter minha linguagem, meu sotaque, meu jeito de ser. Só tenho como ferramenta minha língua”. Quando o pré-candidato diz que receberia os homens de Moro a bala caso tentassem prendê-lo de modo injusto, não está falando sem querer. Ele sabe que os fanáticos do morismo não votarão num candidato de esquerda.

E é esse o espaço que está buscando consolidar, junto com Lula, com quem ele anuncia uma aliança. É claro que não pode se descolar também do eleitorado de centro e de centro-direita. Notem: ele receberia os homens de Moro a bala, mas, sozinho, o sujeito se comporta como polícia, Ministério Público e juiz. Atira contra tudo e todos. Fica-se com a impressão de que resta um honesto na República. Adivinhem quem.

Ele está se posicionando para a guerra. Tanto é que a maior saraivada para o prefeito João Doria, de São Paulo (PSDB), em quem vê um potencial candidato. Então pespega: é farsante; deixou um rastro de irregularidades na Embratur; fez propaganda que estimulou o turismo sexual e ficou milionário com a ajuda de governos tucanos. Levou um troco: tem de cuidar de sua saúde mental; não tem moral para falar em defesa das mulheres porque disse, em 2002, que a função da sua ex-mulher era dormir com ele; exibe “habitual destempero” e “tradicional desequilíbrio”.
Que fique claro: Ciro conta também comos contra-ataques, como contava Trump.

Aliança tácita
A aliança tácita com Lula está dada.
Quando ele diz que não se lança candidato se o outro o fizer, deixa claro que estão juntos. Com acerto, supõe que o petista tenderia a polarizar o debate, e ele, Ciro, seria condenado à irrelevância como alternativa de esquerda. Faz sentido? Faz. Lula vai ser candidato? Depende da Justiça. A suposição de que estarão juntos em 2018, em qualquer cenário, é muito razoável. Ainda que o PT viesse a lançar um qualquer (se não for Lula), coisa de que duvido um pouco, a aliança tácita seria mantida.

Para encerrar: na entrevista à Folha, Ciro deixa claro que considera neoliberais tanto a as opções econômicas do PSDB como as do PT. É, colegas, em economia, o homem pretende ser a verdadeira esquerda. Viva a Terra Arrasada de Rodrigo Janot, em que ninguém presta; em que todos são culpados. Ele nos expõe a perigos como esse.
Um Ciro com tal discurso é, arremate-se, mais uma obra da direita xucra.

Fonte: Blog do Reinaldo Azevedo  

 

INsegurança Pública - troca de comando na Secretaria de Segurança; deem uma chance a Bruna Pinheiro, da Agefis

Novo secretário de Segurança: "Buscaremos sinergia entre PCDF e PM"

Novo secretário, Edval de Oliveira Novaes Júnior não tem filiação política e foi uma escolha pessoal do governador Rodrigo Rollemberg 

Em meio a uma longa crise com a Polícia Civil e ao constante embate da corporação com policiais militares, o governador Rodrigo Rollemberg decidiu mudar o comando da Secretaria de Segurança Pública. O delegado da Polícia Federal Edval de Oliveira Novaes Júnior vai assumir a pasta, com a atribuição de reduzir os índices de criminalidade e buscar uma pacificação entre as duas forças de segurança. Ele substituirá Márcia de Alencar, que foi nomeada secretária-adjunta de Mulheres, Igualdade Racial e Direitos Humanos. De acordo com Rollemberg, ela fará um trabalho de articulação com os movimentos sociais na área de segurança pública. 
O governador também anunciou outras duas mudanças no primeiro escalão: Antônio Valdir Oliveira Filho será o novo secretário de Desenvolvimento Econômico. Ele assume o posto do advogado Arthur Bernardes, indicado pelo PSD, que vai migrar para a pasta de Justiça e Cidadania. Rollemberg não descarta outras mudanças no secretariado.

A reforma do primeiro escalão do GDF era aguardada desde o fim do ano passado. No meio político, o governador negociava com aliados e resolveu esperar o desfecho das eleições para a Mesa Diretora da Câmara Legislativa e para a presidência das comissões permanentes da Casa. A escolha do delegado Edval Novaes surpreendeu. Depois de dois secretários com perfil mais acadêmico e de atuação na área de direitos humanos, Rollemberg recorreu à fórmula adotada por governos passados e optou por um representante da Polícia Federal. Diante da crise entre a PM e a Polícia Civil, seria politicamente inviável escolher um nome dessas corporações para comandar a pasta. Os policiais civis brigam pela paridade de reajuste com a Polícia Federal desde 2015, mas o GDF suspendeu as negociações com a categoria. Assim, agentes e delegados fazem operação padrão com frequência, o que compromete o combate à criminalidade. A PM também pleiteia o mesmo reajuste e são recorrentes os episódios de atritos entre representantes das duas corporações.

Durante a apresentação dos novos integrantes do primeiro escalão, Rodrigo Rollemberg disse que a meta do secretário de Segurança é intensificar o combate à criminalidade, com foco em sua experiência com o “binômio tecnologia e inteligência”. Novaes foi braço direito do ex-secretário de Segurança Pública do Rio de Janeiro José Mariano Beltrame durante uma década. Entre 2007 e 2016, foi subsecretário de Comando e Controle e de Inteligência da pasta. “Foi o delegado Novaes quem montou o Centro de Comando e Controle do Rio de Janeiro e coordenou essa estrutura ao longo de grandes eventos, como a Copa do Mundo, as Olimpíadas e a Jornada Mundial da Juventude. Ele tem grande experiência administrativa e vem para fortalecer o programa Pacto pela Vida, além de promover uma interação cada vez maior entre as forças de segurança e aumentar a sensação de segurança, reduzindo indicadores como número de homicídios”, explicou Rollemberg. [o fracasso das UPPs no Rio - na verdade 'unidades de perigo aos policiais' - é uma excelente recomendação ao ex-assessor do Beltrame.] No ano passado, o governador convidou Beltrame para assumir a pasta, mas o ex-secretário de Segurança do Rio de Janeiro recusou o convite. Desse contato, surgiu o nome de Edval Novaes, atualmente chefe da área no município fluminense de Duque de Caxias.

Novaes chegou ontem à cidade e falou à imprensa antes mesmo de ser apresentado ao comando da Polícia Militar e ao da Polícia Civil. Por isso, não quis dar detalhes de como será sua atuação na pasta. Mas o delegado da PF afirmou que “os índices de criminalidade em Brasília são extremamente bons perto do contexto nacional”. “Nossa ideia é dar continuidade ao trabalho desenvolvido e identificar onde podemos potencializar os resultados positivos. A interação e a sinergia entre a Polícia Civil e a PM serão buscadas incessantemente, para que a gente possa ter resultados cada vez melhores”. O novo secretário não tem filiação política e foi uma escolha pessoal do governador Rodrigo Rollemberg.

Edval Novaes disse que já enfrentou, no Rio de Janeiro, situações de conflito entre diferentes forças de segurança. Segundo ele, a solução para o problema é “trabalhar dentro da legalidade, fazendo com que cada instituição cumpra seu papel, sempre com bastante diálogo”.

Economia
A escolha de Valdir Oliveira para a Secretaria de Desenvolvimento Econômico também não faz parte de um rol de indicações políticas e foi uma opção de Rollemberg. Irmão do distrital Chico Leite (Rede), Valdirzinho, como é conhecido, tem relação antiga e muito próxima com o chefe do Executivo. O atual superintendente do Sebrae-DF também tem perfil técnico e atuou em áreas de geração de emprego e renda do Banco do Brasil. “A economia no Brasil está dando sinais de mudança e a retomada do crescimento começa no Distrito Federal”, comentou Valdir Oliveira. Rollemberg não escondia a insatisfação com os resultados da área de desenvolvimento econômico e já estudava uma troca desde 2016. No ano passado, ele tirou da pasta a atribuição de gerir o programa de parcerias público-privadas. “O Valdir tem uma interlocução grande com o setor produtivo e foi um nome construído com entidades representativas do segmento”, destacou o governador.

Apesar de deixar a área de desenvolvimento econômico, Arthur Bernardes permanece no primeiro escalão. Ele assume a Secretaria de Justiça e Cidadania no lugar de Marcelo Lourenço, que havia sido indicado pela deputada distrital Sandra Faraj (SD). A parlamentar contrariou as orientações de Rollemberg ao votar em Joe Valle (PDT) na eleição para a presidência da Câmara Legislativa. Mas o governador negou que a substituição tenha conotação política ou represente uma retaliação à aliada, que hoje é investigada pelo Ministério Público do Distrito Federal pela acusação de desvio de verba indenizatória. “Não tem nenhuma relação com a questão política”, afirmou o chefe do Buriti. Segundo ele, o objetivo é levar para a área de justiça e cidadania “o sucesso obtido ao agilizar procedimentos para a abertura de empresas”. Arthur Bernardes é o único representante do PSD, partido do vice-governador do DF, Renato Santana, no primeiro escalão. O número dois do governo e Rollemberg tiveram graves problemas de relacionamento nos últimos meses, mas o espaço da sigla foi mantido. “Os laços com o PSD e com o Arthur são bons”, assegurou Rollemberg.

Perfil
Além de Márcia de Alencar, a Secretaria de Segurança Pública já foi comandada pelo sociólogo Arthur Trindade, entre janeiro e novembro de 2015. na gestão de Rollemberg. Ele deixou o governo após desentendimento a respeito de uma operação da Polícia Militar. Ao sair do GDF, disse que o cargo de secretário hoje é uma “rainha da Inglaterra”.
Fonte: Correio Braziliense

 

Ação contra tráfico internacional de drogas cumpre 18 mandados

Os mandados estão sendo cumpridos nos Estados do Mato Grosso do Sul, Paraná, São Paulo, Goiás, Mato Grosso e Minas Gerais

A Polícia Federal (PF) deflagrou nesta terça-feira a Operação All In com o objetivo de desarticular uma quadrilha responsável por tráfico internacional de drogas e lavagem de capitais nos Estados do Mato Grosso do Sul, Paraná, São Paulo, Goiás, Mato Grosso e Minas Gerais.

Cerca de 150 policiais federais estão cumprindo 50 mandados judiciais: 18 mandados de prisão cautelar, 25 mandados de busca e apreensão e 7 mandados de condução coercitiva em 14 cidades nos seis Estados. A PF também cumpre o sequestro de 6 aeronaves, 5 imóveis, incluindo um aeródromo, bloqueio em 68 contas correntes e a apreensão de mais de 35 veículos.

Até o momento, segundo os investigadores, o patrimônio da quadrilha ultrapassa 7,5 milhões de reais. A droga chegava ao Brasil por meio das aeronaves e posteriormente era distribuída na Região Sudeste do país por via terrestre. No decorrer das investigações, foram realizadas duas prisões em flagrante nas quais três integrantes do grupo foram presos transportando mais de 800 quilos de cocaína originária da Bolívia.

O nome da operação se refere a uma jogada típica do Poker em que o jogador aposta todas as suas fichas em uma carta. Alusão à forma como a quadrilha mantinha suas atividades – arriscando-se no transporte de grandes carregamentos de entorpecentes.

Fonte: VEJA - Redação
 

 

Para um combate exitoso às drogas o confronto é necessário e o usuário e o traficante devem ser tratados como iguais, COM RIGOR, lembrando sempre que SEM USUÁRIO o TRÁFICO NÃO EXISTE


“A droga no Brasil já é livre na mão do traficante”, afirma FHC


O ex-presidente participou de um debate sobre a descriminalização das drogas promovido por ÉPOCA com Ilona Szabó e Drauzio Varella 

“A droga no Brasil já é livre na mão do traficante”, afirmou o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Ele participou do debate sobre a liberação das drogas promovido por ÉPOCA, editora Zahar, Instituto Igarapé e a Fundação Armando Álvares Penteado (Faap). O evento marca o lançamento do livro Drogas: as histórias que não te contaram, de Ilona Szabó. A autora do livro debateu com FHC e o médico Drauzio Varella, sob mediação de João Gabriel de Lima, diretor de Redação de ÉPOCA.

Para contar por que abraçou a causa da descriminalização das drogas, FHC lembrou de sua Presidência. Disse que assumiu o Palácio do Planalto com a intenção tradicional de acabar com as drogas, pela via do confronto. “Fizemos ações em várias partes do país, no Polígono da Maconha”, afirma. Mas, segundo ele, o esforço, por maior que fosse, não trazia os resultados esperados. O problema continuava. FHC contou que, participando mais de perto de discussões internacionais sobre o assunto, foi percebendo que haviam outras abordagens sendo propostas. FHC citou os Estados Unidos, país que travou uma guerra às drogas durante várias décadas. E que nos últimos anos passou a incorporar outras iniciativas. Vários estados americanos liberaram a maconha para uso medicinal e alguns até para fins recreativos. “O proibicionismo não vai funcionar”, diz. FHC destacou que não se trata de uma liberação descontrolada. “Não é legalizar”, afirmou. “É regulamentar. O que pode, o que não pode e em quais posições. É não colocar como criminoso o usuário de drogas.” Sobre o caminho político para esse tipo de proposta caminhar no Brasil, FHC sugere que acredita mais na via da Justiça do que do Legislativo. “O Congresso é reticente. Diz que o povo é conservador. O Supremo [Tribunal Federal], como não tem de responder a questões eleitorais, pode ter posições mais controversas”, afirma FHC.

Drauzio Varella descreveu o que acontece quando os países tratam da mesma forma o traficante e o consumidor. Segundo ele, no Brasil, boa parte dos presos é usuária de drogas, eles são julgados como traficantes. Drauzio trabalhou no presídio Carandiru. Contou como aprendeu na Suécia os limites de qualquer política controlar as drogas na cadeia. Ele lembrou que conheceu uma cadeia especial em Estocolmo, para onde iam os presos com melhor comportamento. Era uma prisão  para cerca de 50 detentos, com aulas práticas como marcenaria, onde eles tinham condições melhores para ressocialização. 

Nessa cadeia, lembra Drauzio, as autoridades suecas realizavam testes diários para checar o consumo de drogas pelos encarcerados. Mesmo naquele lugar, com frequência, as substâncias proibidas acabavam sendo apreendidas. Se mesmo naquela cadeia tão pequena e para os detentos com melhor comportamento era impossível erradicar as drogas, qual é a chance de fazer isso nos presídios superlotados do Brasil, perguntou Drauzio. “É impossível você ter uma cadeia sem drogas. Imagine as prisões brasileiras, que são superlotadas e sem condições de fiscalização”, afirmou.

Para Drauzio, é importante começar diferenciando as substâncias em questão. “Não gosto de chamar de ‘drogas’. Uma coisa é maconha. Outra, é cocaína ou heroína. Cada uma tem uma capacidade diferente da outra. Causam compulsões diferentes. Não dá para tratar todas do mesmo jeito”, diz. Segundo o médico, a discussão deve começar com a maconha, pela popularidade e pelas características de uso. “Acho que uma postura é começar com a maconha, que é a droga mais utilizada”, afirma. Nesse caso, ele sugere limites legais mais razoáveis. “Não adianta dizer que a partir de 5 gramas de maconha a pessoa já é um traficante.”

Continue lendo em Época


 

O fim da União Europeia

Crise financeira, alto fluxo migratório, líderes de direita e ameaça terrorista levam o bloco a um processo de desintegração. Sessenta anos depois de seu nascimento, a organização enfrenta o maior desafio com a iminente saída do Reino Unido

Era para ser um momento festivo a comemoração das seis décadas de existência da União Europeia. Em 1957, quando se reuniram em Roma para assinar o tratado que deu origem ao bloco, os representantes de Alemanha, Bélgica, França, Itália, Luxemburgo e Holanda entendiam que a derrubada de fronteiras comerciais entre os países europeus pudesse ser o primeiro passo para impedir que o continente fosse devastado novamente por guerras e conseguisse retomar sua importância no cenário mundial. Hoje, no entanto, o que se vê é uma Europa que caminha para a fragmentação, um processo em boa medida alimentado por sentimentos nacionalistas que envenenam as relações entre nações que durante séculos guerrearam entre si. Por isso, sessenta anos depois, o mundo se vê diante de duas questões: a União Europeia continuará a existir? Se sim, em que bases?


A procura pelas respostas será o objetivo principal dos líderes europeus que estarão reunidos no sábado 25, em Roma. Quatro dias depois, eles testemunharão a oficialização do primeiro grande golpe contra o bloco. Na quarta-feira 29, a primeira-ministra britânica, Theresa May, iniciará o processo oficial de retirada do Reino Unido da União Europeia – o Brexit -, após um plebiscito realizado em junho de 2016 ter decidido por esse caminho.

Para entender as razões que hoje ameaçam a existência do bloco europeu é preciso, antes, compreender o pensamento que norteou sua fundação. A ideia de união é convergente com o pensamento liberal que ganhou força no pós-guerra de que a cooperação comercial entre países diminuiria a propensão a conflitos. “A União Europeia simboliza até hoje a possibilidade de superar divergências por meio da cooperação”, afirma Paulo José Whitaker Wolf, professor de Relações Internacionais da Escola de Extensão da Universidade Estadual de Campinas. “Isso contradiz a visão da guerra.”

Deu certo enquanto o continente prosperou impulsionado pela ausência de cobranças aduaneiras nas trocas comerciais. Em 1973, o êxito atraiu a adesão de Dinamarca, Irlanda e Reino Unido. Foi também nesse período que ocorreu a primeira eleição direta ao Parlamento. Pouco tempo depois, já nos anos 1980, Grécia, Espanha e Portugal entraram no bloco e, com a Queda do Muro de Berlim, em 1989, o mercado único pôde, finalmente, ser colocado em prática. Em 2002, o euro unificou as moedas no continente.

A história mostrou, no entanto, que o preceito que esteve na base da formação do bloco só foi vitorioso enquanto a economia ia bem. Confrontados pelas oscilações nesse terreno, os países adotaram, pouco a pouco, uma postura de auto-proteção que começou a colocar em risco interesse comuns. Não é à toa que o processo de esfacelamento de uma Europa unida tem sua raiz na crise econômica de 2008, quando os integrantes do bloco voltaram-se mais à solução de seus próprios problemas. E aqueles que sofreram mais, como Espanha, Grécia e Portugal, foram nos anos seguintes alguns dos principais críticos ao bloco. Em especial, queixavam-se das exigências de austeridade colocadas por nações mais ricas e menos atingidas, como a Alemanha.

A ocorrência de outros fenômenos históricos ao longo dos últimos sessenta anos contribuiu para desenhar o contexto no qual hoje se discute o futuro da União Europeia. Um dos mais importantes foi a escalada do terrorismo em nível global, cujo início foi anunciado no ataque às Torres Gêmeas, em 2001, nos Estados Unidos. Daquele dia em diante, ficou claro ao mundo ocidental que todos os países estavam sob ameaça. A situação se agravou a partir de 2013, com a criação do Estado Islâmico e seus ataques ao coração da Europa. Ainda está viva na memória o terror do atentado ao Bataclan, em Paris, em 2015, e o choque com o último ataque, na semana passada, em Londres.


A sensação de vulnerabilidade trazida pelo terror fez germinar novamente a intolerância aos estrangeiros, um sentimento que só se agravou com o crescimento do fluxo migratório dos refugiados a partir de 2015. A reação de boa parte da população europeia foi a de repelir a presença de imigrantes, especialmente os de origem muçulmana. Praticamente seis décadas depois estava pronto o caldeirão certo para o surgimento de líderes populistas que têm suas principais posições baseadas na xenofobia e na defesa da volta de sistemas distintos de administração. “A polarização é um dos perigos mais amplos do populismo, que já ganhou força nos Estados Unidos de Donald Trump”, afirma Alexandre Afonso, professor de Políticas Públicas da Universidade de Leiden, na Holanda. “Devemos nos preocupar com os rumos que a Europa está tomando ao vermos a extrema-direita se tornar cada dia mais presente em países como a França, Alemanha e Suíça.

Contexto adverso
É essa combinação de fatores que coloca em risco um organização que surgiu com o objetivo de superar diferenças em nome de objetivos comuns. “Enquanto questões como a crise financeira, o alto fluxo imigratório e a ameaça terrorista estiverem no topo da agenda, o bloco terá sérias dificuldades para chegar a acordos e manter a integração”, afirma Antonios Kouroutakis, professor da Escola de Direito da Business School de Madrid, na Espanha.


Não se sabe o desfecho desses processo. O que se pode dizer certamente é que o esfacelamento da organização coloca em xeque a existência de blocos que nasceram sob sua inspiração, modificando novamente as bases das relações comerciais e institucionais entre os países. “A União Europeia sempre foi um modelo de integração por ser o bloco econômico regional mais desenvolvido, com parâmetros seguidos no mundo todo”, diz Cairo Gabriel Borges Junqueira, professor de Relações Internacionais da Universidade Estadual Paulista. “O receio é o de que se a UE, no auge de sua maturidade, está apresentando sinais de enfraquecimento, consequentemente qualquer bloco pode passar por isso também.”

A União Europeia foi resultado de uma aspiração à reconciliação. Quando a Segunda Guerra Mundial deixou os países europeus em ruínas, o objetivo comum da integração fez um continente dividido se unir pela sobrevivência. Em 25 de março comemora-se o 60º aniversário da assinatura do Tratado de Roma (foto), que instituía a Comunidade Econômica Europeia e a Comunidade Europeia da Energia Atômica. As duas organizações eram fruto da união iniciada em 1950 com a Comunidade Europeia do Carvão e do Aço. Bélgica, França, Alemanha, Itália, Luxemburgo e Países Baixos foram os primeiros signatários do documento, que curiosamente estava em branco. Apenas a primeira e a última folha encontravam-se prontas. O conteúdo foi preenchido depois da cerimônia oficial.

Fonte: Isto É
 

 

Não se pode perder o foco na reforma da Previdência

Não faz diferença se serão as Casas legislativas de estados e municípios ou o Congresso que tratarão dos servidores, importa é que as mudanças corretas sejam feitas

Ninguém, em sã consciência, poderia imaginar que a reforma da Previdência transcorreria sem percalços. Um sistema gigantesco que absorve parcelas crescentes dos orçamentos públicos e cujos aposentados, do funcionalismo e empregados da iniciativa privada, já representam, somados, pouco mais de 16% da população, é algo não só complexo em si, mas capaz de mobilizar os mais diversos grupos de pressão na sociedade. Em que se destacam influentes corporações, quase sempre beneficiadas por privilégios de que, por óbvio, não querem abrir mão.

Não bastassem os interesses que orbitam em torno da reforma, o país se notabiliza por um emaranhado de leis e uma Constituição muito detalhistas. Veio daí a possibilidade do segundo recuo do presidente Michel Temer na questão da retirada dos servidores estaduais e municipais da reforma, há pouco excluídos das mudanças a serem feitas pelo Congresso pelo próprio presidente. Mas como foi alertado de que seria inconstitucional a transferência da revisão das regras de aposentadoria do funcionalismo do restante da Federação para as assembleia legislativas e câmaras de vereadores, o Planalto começou a estudar ontem à tarde outras alternativas.

Não importam quais sejam. O essencial é manter-se a consciência da situação insustentável do sistema previdenciário como um todo. A dos servidores federais recebeu, no primeiro governo Dilma, o aperfeiçoamento do fundo de pensão complementar, para os novos funcionários admitidos a partir de 2013 que desejem receber uma aposentadoria superior ao limite de cinco salários mínimos do regime geral (INSS). Mas não apenas esse fundo, aprovado no primeiro governo Lula e regulamentado só por Dilma, produzirá efeitos fiscais a longo prazo, como as previdências de estados e municípios, por se manterem assentadas em bases também frágeis, sufocam as finanças já desequilibradas de governadores e prefeitos. 


Ou seja, cabe ao Congresso ou aos legislativos locais fazer o incontornável: ajustar as regras previdenciárias à nova realidade demográfica do Brasil, em que as pessoas felizmente vivem mais e, por isso, têm de contribuir mais tempo para o respectivo sistema de seguridade.  Estudo da Secretaria de Política Econômica do Ministério da Fazenda, citado pelo jornal “Valor”, fornece mais informações sobre o irrealismo de aposentadorias, pensões e gastos ditos sociais no Brasil: dos nove pontos percentuais de PIB do aumento das despesas primárias do governo central, nos últimos 25 anos, 5,6 pontos vieram da Previdência e assistência social; no Brasil, o valor da aposentadoria equivale a 76% do salário na ativa, quando, na Europa, é de 56%; o valor dos benefícios sociais brasileiros em relação ao PIB per capita só é inferior ao da Bélgica.

Por qualquer ângulo que se analise a contabilidade da Previdência e assistência social, constata-se que os gastos brasileiros estão além das possibilidades do país. Os 13% do PIB gastos com aposentados e pensionistas dos setores privado e público são incompatíveis com um país com população ainda relativamente jovem. Portanto, a reforma da idade mínima de 65 anos requerida para a aposentadoria, e outras mudanças, já vêm tarde. Não se pode perder isso de vista. [um lembrete aos mais desinformados: ainda que a transferência da revisão das regras de aposentadoria do funcionalismo estadual e municipal para as assembleias e câmaras de vereadores não fosse inconstitucional, haveria um problema incontornável. 
- os estados e municípios não emitem moeda, assim o déficit seria materializado com o atraso nos pagamentos a servidores e fornecedores;
- a União emite moeda, portanto, não seria forçada a atrasar pagamentos aos seus credores - mais especificamente servidores e fornecedores - resolveria emitindo moeda.
Só que a emissão descontrolada de moeda traz à hiperinflação e os credores receberiam em dia, mas, com elevada desvalorização.
Ou faz uma reforma ainda que não tão abrangente mas que resolva ou o Brasil está... 
ferrar o Brasil é o resultado tanto de atrasar pagamentos quanto pagar em dia mas com moeda corroída por inflação crescentes.]

Fonte: Editorial - O Globo


Compram-se leis e governos

Em 2010, Marcelo Odebrecht pagou R$ 50 milhões pela MP do ‘Refis da Crise’, de Lula. Quatro anos depois, repassou a propina à campanha de reeleição da chapa Dilma-Temer


Na manhã de segunda-feira 31 de março de 2014, o empresário Marcelo Odebrecht recebeu uma planilha financeira organizada por Hilberto da Silva, chefe do Departamento de Operações Estruturadas da empreiteira. Calvo, dono de um sorriso que lhe repuxa o olho direito, Hilberto era o terceiro a comandar um dos mais antigos núcleos operacionais da construtora, o de pagamento de propinas. Noberto, fundador e avô de Marcelo, tivera a assessoria de Benedito da Luz. Emílio, o pai, nomeara Antonio Ferreira. Marcelo, o herdeiro, assumiu em 2006, escolheu Hilberto e pôs a unidade no organograma do grupo, disfarçada como “Operações Estruturadas”.

Conferiu a planilha: restavam R$ 50 milhões na conta, desde 2010. Só ele sabia a origem e o destino daquele dinheiro. Depois de quatro anos adormecido no caixa paralelo, chegara a hora de repassá-lo à campanha de reeleição da chapa Dilma Rousseff-Michel Temer.  “O que eu acho que contamina a campanha de 2014 é esse dinheiro do Refis”, ele disse em depoimento no Tribunal Superior Eleitoral, no último 1º de março. “Esse, sim, foi uma contrapartida específica”, acrescentou.

Por trás da propina de R$ 50 milhões à campanha Dilma-Temer, segundo Marcelo, está a história da compra de uma medida provisória (nº 470, ou “Refis da Crise”) no fim do governo Lula.  Era 2009. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, negociava com empresas devedoras da Receita e da Previdência Social. “Eu sei que, no meio dessa discussão de 2009, aí, sim, nesse caso específico, o Guido me fez uma solicitação, de que tinha uma expectativa de 50 milhões para a campanha de 2010 dela, tá?” — relatou Marcelo, em juízo. “Foi o único pedido, digamos assim, de contrapartida específica que o Guido me fez, no contexto de uma negociação, tá?”

A MP chegou ao Congresso com 61 artigos. De lá saiu com 140. O juiz quis saber se a expectativa fora atendida já na medida provisória ou, depois, no Congresso. Marcelo explicou: “As coisas nunca são atendidas prontamente. Na verdade, uma parte se consegue via governo. Depois você tenta incluir algumas emendas, aí, a Fazenda acaba vetando algumas, então, é o que se consegue. A gente conseguiu algo que era pelo menos razoável para a gente”.

Lula sancionou o “Refis da Crise” em janeiro de 2010. Reduziu em até 75% nas dívidas acumuladas com a Receita e o INSS, deu 15 anos para pagamento do saldo e anistiou as multas. Premiou os devedores, tradicionais financiadores de campanhas. Puniu quem pagava em dia seus tributos.  A “contrapartida específica” de R$ 50 milhões não foi usada na eleição de 2010. Ficou na “conta-corrente do governo” — definições do próprio Marcelo —, no setor de propinas. Em março de 2014, quando acabava o mensalão, e começava a Lava-Jato, ele resolveu aumentar a aposta: aos R$ 50 milhões pelo “Refis da Crise”, acrescentou R$ 100 milhões. Megalômano, passou a se achar “o inventor” da reeleição de Dilma-Temer, como disse em juízo.

Habituara-se a comprar leis e governantes, transferindo os custos aos contratos da Odebrecht com o setor público — os brasileiros pagaram várias vezes a mesma conta. Até hoje, ninguém se preocupou em construir mecanismos institucionais para impedir a captura do Executivo e do Legislativo pela iniciativa privada, como Marcelo e outros fizeram.

Fonte: José Casado, jornalista - O Globo