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sexta-feira, 2 de setembro de 2022

O desprezo de Alexandre de Moraes pelo Ministério Público é cada vez mais evidente - Gazeta do Povo

J.R. Guzzo

O inquérito do ministro Alexandre de Moraes para desvendar, impedir e castigar o “golpe do WhatsApp”, mais uma palhaçada policial, totalitária e ilegal do STF em sua guerra para controlar a vida pública no Brasil, começou com uma aberração; é inevitável que produza aberrações novas a cada dia em que continuar aberto. 

Os “atos antidemocráticos” que levantaram a ira do ministro são, como se sabe, conversas privadas pelo celular por um grupo de empresários. Por conta disso, mandou a Polícia Federal invadir às 6 horas da manhã residências e escritórios de cidadãos que não violaram absolutamente nenhuma lei e se serviu mais uma vez da habitual penca de horrores que soca em cima das vítimas de suas investigações. Está agora, também mais uma vez, em confronto direto com o Ministério Público.

É claro que está. Há três anos o ministro Moraes, com o pleno apoio da maioria dos seus colegas, desrespeita abertamente a Constituição com o seu inquérito perpétuo contra supostos “atos antidemocráticos”; pelo que estabelece o texto constitucional, só o MP tem o direito de colocar em andamento uma investigação criminal, mas o ministro não toma conhecimento disso. 
Não só passa por cima da lei ao fazer algo que é exclusividade dos procuradores; ignora sistematicamente suas repetidas objeções à ilegalidade do inquérito. 
Não é possível, assim, evitar novos conflitos a cada vez que se lança em expedições como a dessegolpe pelo WhatsApp”. O que está errado na origem só pode gerar mais e mais erros à medida em que o pecado original continua sendo praticado.

Não só passa por cima da lei ao fazer algo que é exclusividade dos procuradores; ignora sistematicamente suas repetidas objeções à ilegalidade do inquérito

A Procuradoria Geral da República. no caso, define precisamente o que é, em sua essência, a investigação dos empresários: uma “espetacularização midiática”
É o que diz a vice procuradora ao pedir que o STF negue a quebra de sigilo de comunicações exigida agora por um grupo de senadores “de esquerda” que se utiliza o tempo todo das ações de Alexandre Moraes para promover seus interesses políticos pessoais. 

A China odeia Gorbachev e estuda seu governo até hoje. Objetivo: não ter o mesmo fim da URSS

Ela vai exatamente ao centro de toda essa questão: trata-se, como diz em seu pedido, de uma perseguição penal especulativa e indiscriminada, sem objeto certo ou declarado – a não ser aparecer na mídia.  
A quebra de sigilo não tem nenhum cabimento. 
Nada, no inquérito de Moraes, tem algum cabimento. É assim desde 2019, quando ele iniciou sua perseguição geral aos “inimigos da democracia”. Vai continuar assim.
 
J. R. Guzzo, colunista - Gazeta do Povo - VOZES

quinta-feira, 1 de setembro de 2022

Moraes caiu mesmo na armadilha - O Globo

Carlos Andreazza

A notícia é de que Alexandre de Moraes, presidente do TSE, e o ministro da Defesa teriam se acordado para a implementação, ainda em 2022, de um projeto-piloto que introduziria nova etapa de verificação sobre a integridade das urnas eletrônicas.
Considerando que a providência teria ainda de ser submetida ao plenário do tribunal, uma pergunta se apressa: 1 - haverá tempo? Mesmo que para amostragem biométrica pequena: 2 - haverá?  
3 - Ou estaremos contratando (o desejado) risco de bagunça? 
4 - Seria mesmo a hora, em setembro, de contratar mais arestas para a exploração industrial de desconfianças? [Em nossa opinião, o acordado tem que ser cumprido - fica dificil de entender que algo acordado seja descumprido, exceto se por razões imprevisiveis, na ocasião do acordo.
O não cumprimento torna fácil responder à pergunta 4. ]

Atenção para o nosso drama. Como gesto de conciliação, veja-se em que buraco caímos, o Ministério da Defesa teria optado por não divulgar nota a respeito... Devemos agradecer?

Lendo e apurando sobre o tal acordo, sinceramente, não me ficou claro que Moraes teria mesmo se comprometido em implementar a mudança – o teste biométrico de segurança – para este outubro. [o texto do colunista diz 'ainda em 2022', fazer o teste em outubro nos parece viável e a checagem será válida para eventual segundo turno.] Pareceu-me mesmo uma promessa de futuro, o que fica reforçado pela necessidade de submissão ao plenário do TSE.[o presidente do TSE dispõe da alternativa de emitir o ato estabelecendo o acordo 'ad referendum' do plenário da Corte Eleitoral.]

Ficou claríssimo, porém, com ou sem nota, que a expectativa dos militares – saíram satisfeitos da conversa, assim se veiculou – é de que a cousa ocorra já no pleito deste ano. Olha o ruído... E que o advento seria o gesto pacificador de Moraes para baixar a pressão de Jair Bolsonaro – contra o sistema eleitoral – no 7 de Setembro vindouro.

Ai, ai... Eu não acredito. Não confio. Vou autorizado pela história deste governo. Daí por que tenho como erro até mesmo a realização legitimadora dessas reuniões do tribunal eleitoral com o Ministério da Defesa. Bolsonaro vai atacar. Continuará a desacreditar, com ou sem nova camada de testagem, as urnas eletrônicas. Ele precisa desse conflito para subsidiar a base sectária. Disso deriva a sua existência de populista autocrática.

Atacará. Não necessariamente no 7 de Setembro, mas daqui até as eleições – e depois.

O TSE já deveria ter aprendido. Chama insistentemente à mesa aqueles que vêm para deitar na cama, de coturno.

Carlos Andreazza, colunista - O Globo


sábado, 27 de agosto de 2022

O recado que um líder da base bolsonarista vai levar a Alexandre de Moraes - Bela Megale

O Globo

Um líder da base de Bolsonaro que mantém boa interlocução com Alexandre de Moraes contatou o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) para marcar uma conversa a portas fechadas.[nossa excessiva falta de inteligência nos leva a perguntar: qual o motivo da conversa e, se houver, ser a portas fechadas? nos parece que o teo9r da conversa já foi revelado nesta matéria.]

O político disse a aliados que seu objetivo é “alertar” o magistrado sobre reflexos da operação policial contra empresários bolsonaristas baseada em sua decisão. O recado, porém, está mais para uma queixa carregada de críticas. — Vou alertá-lo, dizer por que ele precisa explicar sua decisão. O ministro passou a ser comparado a Sergio Moro. Pela primeira vez, vejo Alexandre correndo o risco de ficar isolado disse o líder.

Nesta quinta-feira, o jornal “Folha de S. Paulo” publicou uma reportagem relatando que Moraes baseou sua decisão somente em reportagem sobre o conteúdo golpista trocado por executivos em um grupo de WhatsApp. Os diálogos foram revelados pelo site “Metrópoles”.

Como informou a coluna, integrantes da campanha de Bolsonaro e de seu governo trabalham para usar politicamente a operação policial contra os empresários e a veem como “a nova facada”. A estratégia é tentar esvaziar o teor das mensagens golpistas e focar no discurso da “liberdade de expressão”.

Para esse grupo, que inclui ministros do governo e filhos do presidente, a ação de Moraes poderia ser usada para justificar, perante a opinião pública, os ataques de Bolsonaro contra o magistrado. 
Bolsonaro já deu início ao plano, com críticas a Moraes em sua live de quinta-feira e no programa “Pânico” desta sexta. 

 
Bela Megale, colunista - O Globo
 

quinta-feira, 25 de agosto de 2022

Alexandre de Moraes desrespeita de forma grosseira a Constituição - O Estado de S. Paulo

Ministro invade área exclusiva do MP e se comporta como um promotor; operação contra empresários foi o caso mais recente

O Brasil vive neste momento num estado oficial, sistemático e hipócrita de ilegalidade – o pior desde a revogação do Ato Institucional nº 5, mais de 40 anos atrás. 
O responsável direto por esse processo de degeneração da democracia é o Supremo Tribunal Federal e, dentro dele, o ministro Alexandre de Moraes
De que outra maneira se pode definir as ações de uma autoridade pública que viola diariamente as leis do País, há mais de três anos, e desrespeita de forma grosseira o que está escrito na Constituição Federal?
 
É muito simples. Moraes, basicamente, conduz desde 2019 um conjunto de investigações que a lei não lhe permite conduzir.  
A partir daí, como na árvore envenenada que só pode produzir frutos com veneno, tudo o que ele faz em seu inquérito é ilegal.
O cumprimento de mandados de busca e apreensão em endereços ligados a oito empresários bolsonaristas desencadeou questionamentos sobre os limites que envolvem a liberdade de expressão e a apologia do crime
O cumprimento de mandados de busca e apreensão em endereços ligados a oito empresários bolsonaristas desencadeou questionamentos sobre os limites que envolvem a liberdade de expressão e a apologia do crime Foto: Sergio Lima / AFP

O último espasmo dessa aberração é a operação policial contra os “empresários golpistas”, como diz o noticiário, comandada por Moraes. Seu crime foi falar entre eles mesmos num grupo de WhatsApp. 
Não organizaram nenhuma manifestação pública, nem publicaram nada do que disseram, nem praticaram qualquer ato político “contra a democracia”; só falaram, em conversas privadas. “Não existe crime de opinião”, observou a respeito o ex-ministro Marco Aurélio Mello
O STF também não pode, segundo diz a lei, investigar, processar ou fazer o quer que seja contra pessoas que não tenham foro privilegiado – e nenhum dos empresários denunciados nesta operação tem foro privilegiado.
 
Enfim, e para ficar só no grosso, é um princípio básico da Constituição que a única autoridade que tem direito de fazer uma acusação criminal é o Ministério Público
Mais uma vez, nesse caso, Moraes invade a área exclusiva do MP e se comporta como um promotor de justiça. 
Alguém já ouviu falar que exista, em alguma democracia séria do mundo, um ministro de Suprema Corte que tenha uma equipe de policiais a seu serviço, trabalhando em seu gabinete?
 
Ou que prenda quem lhe dá na telha – inclusive um deputado federal com as imunidades do seu mandato, que só poderia ser preso em flagrante, e por crime inafiançável? 
Ou que condene esse deputado a quase nove anos de cadeia, por um óbvio crime de opinião? 
Algum magistrado de tribunal supremo manda colocar tornozeleiras, aplica multas diárias exorbitantes ou bloqueia contas bancárias, salários e outros tipos de remuneração? 
Ou se comporta como vítima, delegado de polícia, promotor público e juiz de direito, tudo ao mesmo tempo e no mesmo processo? Moraes faz tudo isso, com o apoio invariável de quase  todos seus colegas de STF; só ele, em todo o planeta.
 
A maioria das forças políticas, e o que passa por “sociedade civil”, finge que não está acontecendo nada de errado; há, inclusive, quem bata palmas para isso tudo. 
Mas nem o silêncio, nem a cumplicidade e nem os aplausos podem conferir legalidade a atos que são expressamente ilegais.

Cada vez mais, para os brasileiros, é incompreensível a conduta de um STF que solta sistematicamente corruptos, traficantes de drogas e delinquentes perigososmas prende cidadãos que não cometeram crime nenhum, a não ser tomar posições políticas proibidas pelo ministro Moraes e seus colegas.

Eles deram a si próprios o papel de comandantes da oposição. Ninguém tem coragem, ou condições práticas, de lhes dizer um “não”. 
Vão continuar governando ilegalmente o Brasil – com os 16% de respeito que a população tem pelo seu mais elevado tribunal de justiça.
 
J. R. Guzzo, colunista - O Estado de S. Paulo 
 

domingo, 21 de agosto de 2022

Discurso do corregedor do TRE-DF causa reação na Justiça Eleitoral

Publicado em Eixo Capital

Coluna Eixo Capital, por Ana Maria Campos

O discurso crítico do corregedor regional eleitoral, Sebastião Coelho, ao Supremo Tribunal Federal (STF) e ao presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Alexandre de Moraes, provocou uma reação no Judiciário. O corregedor-geral eleitoral, Mauro Campbell, conversou por telefone, ontem (20/8), com integrantes do TRE-DF para entender o que motivou o pronunciamento de Sebastião Coelho. O desembargador do DF anunciou, em sessão do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT), que pediria a aposentadoria depois de mais de 30 anos na magistratura. “Há muito tempo não estou feliz com o Supremo Tribunal Federal. Então, quem não está feliz no órgão não pode continuar”, afirmou.

Sebastião Coelho disse que esteve na posse do presidente do TSE, Alexandre de Moraes, e não gostou do discurso na frente do presidente Jair Bolsonaro. “Foi uma declaração de guerra”, afirmou Coelho, que é vice-presidente do TRE-DF. A aposentadoria anunciada só deve ser efetivada em 30 dias, na véspera da eleição. O presidente do TRE-DF, Roberval Belinati, decidiu fazer uma visita nesta semana a Alexandre de Moraes, com a equipe de juízes que o auxiliam para deixar claro que o posicionamento do vice-presidente é isolado.

(...)

“Liberdade de expressão não pode ser usada para destruição de dignidade e honra alheias. Liberdade de expressão não é liberdade de propagação de discursos de ódio e preconceituosos. A liberdade de expressão não permite discursos de ódios e ideias contrárias à ordem constitucional e ao estado de direito, inclusive durante o período de propaganda eleitoral”
Presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Alexandre de Moraes

“Esperava sinceramente que o eminente ministro aproveitasse a presença dos principais candidatos e dos ex-presidentes da República e do presidente da República para fazer uma conclamação de paz para a Nação. Mas, ao contrário o que eu vi, a meu sentir, o eminente ministro Alexandre de Moraes fez uma declaração de guerra ao país. O seu discurso é um discurso que inflama, é um discurso que não agrega, e eu não quero participar disso”
Corregedor regional eleitoral do DF, desembargador Sebastião Coelho

Correio Braziliense 

 

quinta-feira, 18 de agosto de 2022

Alexandre de Moraes toma posse no TSE: talvez seja tudo exagero. Mas não é - VOZES

Paulo Polzonoff Jr.
 
Estava aqui pensando na felicidade algo histérica com que a esquerda e uns liberais ma non troppo acompanharam a posse de Alexandre de Moraes, El Grande Xerife de la Democracia, no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). 
Até escorreu uma lágrima. De raiva, mas ainda assim.
Por conta da Coroação, houve quem se prestasse ao papel de sommelier de aplauso, analisando a duração, o tom, o ritmo, o entusiasmo daqueles que ficaram com as mãos vermelhas de tanto prestar mesuras sonoras ao czar eleitoral. [um dos terrores causados por Saddam Hussein era nas reuniões do gabinetes,  em que mais de duas palavras, pronunciadas por Saddam, produziam calorosos, e demorados aplausos. 
As razões da demora era que qualquer um dos aplaudidores tinha medo de ser o primeiro a parar de aplaudir - demonstrava desrespeito ao tirano e a punição era IMPLACÁVEL - e medo de ser o último (poderia ser interpretado como deboche, com punição IMPLACÁVEL.]
 
A posse de Alexandre de Moraes no TSE foi marcada por elogios rasgados e aplausos entusiasmados. Mas o que ela prenuncia, afinal?| Foto: Antonio Augusto/Secom/TSE

Por coincidência, ao mesmo tempo em que uma jornalista exaltava a genialiade de Alexandre de Moraes e outro alguém se dizia com as esperanças democráticas renovadas (o que quer que signifique isso), apareceu em minha timeline uma frase atribuída a Simone Weil: “o futuro é feito da mesma matéria do presente”. Imediatamente pensei que, por lógica, o presente deve ser feito da mesma matéria que o passado. Isto é, de amor divino, mas também de homens falhos, de sofrimento e de soberba que sempre acompanha os tolos. Daí a começar a sentir o friozinho imaginário daquela Moscou de outubro de 1917 foi um pulo.

E não diga (ainda!) que é exagero. Talvez seja preguiça, mas não exagero. Afinal, poderia ter me esforçado um pouco mais, botado mais combustível na máquina do tempo e ido para a Paris de 1789. 
Mas calhou de ser Moscou e, sinceramente, estou levantando as mãos para o céu. Imagina se os neurônios resolvem se amotinar e me jogam na Pequim de 1949 ou na Havana de 1959! 
Tanto melhor que tenha sido num lugar onde, se eu deixar o cavanhaque crescer, posso ser até confundido com Lênin.

Por falar em Lênin, olha ele ali sobre o caixote, discursando para os camaradas. Ele fala em transformar o mundo, em proteger os pobres, em tornar a Rússia um lugar próspero e pacífico. É tudo mentira, mas quem liga?

(...)

Какое преувеличение!

Aplaudia e bajulava e chamava de “gênio” não só Lênin, mas também Trotsky, Stalin e vários outros líderes do segundo e terceiro escalão, todos com as mãos sujas de sangue. Rebeldes anônimos, burocratas com as facas nos dentes, cujas biografias marcadas pela nada espetaculosa perversidade cotidiana felizmente não chegou até nós. Também no глобус e na Лист de S. Павел da época havia defensores da liberdade e anticzaristas psicóticos que tinham certeza de que estavam “do lado certo da história”. E aqui talvez seja uma boa hora de explicar ao leitor que o lado certo e o lado vencedor da história nem sempre coincidem.

O que aconteceu com essa elite num primeiro momento apaixonada pelo humanismo puríssimo” da Revolução a gente sabe
Os que perceberam o erro a tempo deram um jeito de fugir. 
Os que insistiram no erro “só para ver no que vai dar” hoje jazem ao longo da ferrovia Transiberiana ou em covas coletivas abertas em lugares como Nazino
 
(...)
 
O cinema e a televisão carcomeram e pasteurizaram nosso imaginário, por isso muita gente só consegue conceber vilões absolutos ou revoluções comandadas por loucos de pedra dando aquela gargalhada espalhafatosa para a câmera. A realidade, infelizmente, é bem diferente disso. Não são raros os vilões que falam em democracia e até em amor cristão para justificar seus atos mais vis
E o mais louco à frente da Revolução sempre espera o dia seguinte à vitória para se livrar de quaisquer amarras morais que por ventura lhe restem.
 
O que vi na posse de Alexandre de Moraes no TSE foi um homem com um propósito, cercado por fãs cujos olhos brilham com essa fé macabra. Poucas coisas nesta vida me botam mais medo. 
Mas tomara que você e você e você (sim, você aí no fundo!) tenham razão e que tudo não passe de um (mais um) exagero de um cronista sem vergonha de se assumir como hiperbólico, hiperbolicíssimo.

quarta-feira, 17 de agosto de 2022

A POSSE DE ALEXANDRE MORAES NO TSE - Sérgio Alves de Oliveira

Parece que teve bons frutos a tirania exacerbada praticada pelo Ministro Alexandre de Moraes à frente do STF e do TSE, com os seus "inquéritos do fim do mundo", etc, ao longo desses anos todos. 
Nenhuma posse  de qualquer autoridade dos Três Poderes, em todos  os tempos, foi  tão concorrida, não se sabendo ao certo  até que ponto esse assédio teria sido para agradar ou (não)desagradar Sua Excelência;  
puxar, ou não, o "saco", da autoridade  brasileira mais temida de todos os tempos, mais que os Presidentes Militares de 64 a 85, no cerimonial de posse, que merece nota máxima pela capacidade que teve  em acomodar tantos desafetos políticos num ambiente relativamente pequeno, sem ter rolado quaisquer  sangue, cabeças, palavrões, socos, arranhões,ou mutilações variadas. [COMENTÁRIO: OS VOTOS, o que realmente conta, não estavam dentro do salão - tal condição torna irrelevante o elevado número de presentes; em termos eleitorais = votos pessoais = o número é de  importância mínima; em capacidade de atrair votos, Bolsonaro lidera com folgas = sua reeleição,  ainda no primeiro turno, setembro próximo, mostrará que ele vale quase 100.000.000 de votos.
Os demais são políticos, vão até sem convite - é só relaxar no acesso e adoram uma boca livre = certamente rolou algum 'lanchinho' estilo STF. ]
 
O malabarismo físico/geográfico organizado pelo  cerimonial do TSE em acomodar tanta gente "antagônica" no ambiente da posse, de certo modo fez um milagre no sentido de acomodar pessoas "x" (gregos), ao lado de pessoas "y" (troianos), considerando que a natureza deu só dois lados para cada indivíduo humano, o esquerdo, e o direito. Sem dúvida essa "acomodação" foi  mais difícil que um "quebra cabeças". 
É evidente que teria sido mais fácil se nessa posse  as pessoas tivessem "mais" lados da próprio corpo,três,ou quatro,por exemplo.
Em todo o caso,parabéns ao cerimonial da posse do Ministro Alexandre de Moraes no TSE.  "Milagre" não é para qualquer um !!!
 
Sérgio Alves de Oliveira - Advogado e Sociólogo
 

quarta-feira, 20 de julho de 2022

Universo próprio - James Webb e Alexandre de Moraes: está proibido o discurso de óbvio - Gazeta do Povo

Vozes - Polzonoff

Queria falar da foto do telescópio espacial James Webb.  
Queria elaborar algo que rascunhei num comentário ao belo texto do Marcio Campos: o argumento de que, a despeito de todas as tentativas de ciência de provar o contrário, ainda somos especiais. E continuaremos sendo. Queria, por fim, dizer que vejo nas reações à fotografia uma contradição intrigante: em se tratando de espaço, nos sentimos insignificantes; agora, em se tratando do tempo, toda geração se acha a última bolacha do pacote universal. Queria falar tudo isso. Mas Alexandre de Moraes não deixa.

Alexandre de Moraes: quem tem coragem de pôr um espelho honesto diante dessa poeira-cósmica-com-autoestima-hipertrofiada?

Se bem que, pensando bem, até deixa. Porque, admirando o Universo que a razão não compreende, dá para dizer, até com um punhado de poesia, que Alexandre de Moraes personifica a existência circunstancial que infla para além da racionalidade sua importância nessa semirreta melancólica a que damos o nome de “tempo”. 
Em outras palavras, isto é, sem poesia, Alexandre de Moraes é o nada tão autocentrado que se considera capaz de deixar uma marca mais longeva do que o Sol neste mundão de meu Deus
Em outras palavras ainda mais simples, Alexandre de Moraes se acha o tal. E talvez até o Tao.
VEJA TAMBÉM:

Alexandre de Moraes que não aparece na fotografia de 4,6 bilhões de anos-luz (dizem) do telescópio, mas que tem um ego com gravidade própria, a ponto de deformar conceitos que os ingênuos achavam que eram estáveis e perenes, como os de liberdade e democracia. Alexandre de Moraes que ontem mesmo baixou o AI-13 (Alexandrismo Institucional Número 13), de acordo com o qual pessoas que se identificam como “bolsonaristas”, entre elas o filho do presidente Jair Bolsonaro, estão impedidas de divulgarem a notícia de que a facção PT e a facção PCC mantêm uma relação de, digamos, amizade com benefícios. E de que no angu de Celso Daniel ainda tem muito caroço.

Não pode. Está proibido. Tem até multa. Claro que a proibição é incapaz de apagar o conhecimento que já circula pelo éter há boas duas décadas. A ineficiência da decisão, portanto, é reflexo da bolha intelectualoide-positivista habitada pelos ministros do Supremo, que se consideram poderosos o bastante para, com uma caneta certeira, moldar o que se pensa, apagando o que é conveniente e exaltando o que é útil a seu projeto político. Sim, projeto político.

As notícias, que têm por base – veja só! a delação premiada do mensaleiro Marcos Valério, delação essa homologada pelo – surpresa! – STF, foram consideradas sabidamente inverídicas por não me diga! – Alexandre de Moraes.  
Mas, se perguntarem, ele jamais reconhecerá que está agindo em prol de um candidato (e que fique bem claro: este candidato é Lula).  
E virá com meia dúzia de platitudes sobre a democracia estar ameaçada pelas fake news & outros contos que só encontrarão aplausos entre os que estão cegos pela aversão ao outro candidato (e que fique bem claro: este candidato é Jair Bolsonaro).

(Ah, me cutucam aqui para avisar que não se pode falar em "candidato" ainda porque a campanha eleitoral não começou. O certo é "pré-candidato". Como se, a partir do dia 16 de agosto, quando os pré-candidatos perderem o prefixo do cinismo, alguma mágica fosse acontecer. No inalcançável universo próprio do TSE, há planetas onde chovem privilégios e que são habitados por alienígenas de desenho animado, regidos por uma lógica melancolicamente incompreensível).

Voltemos, porém, à foto que causou fascínio nos que acreditam e confirmou a descrença nos ateus. Mais do que as galáxias dispersas pelo caos, a imagem que me devolve à insignificância, tanto no espaço quanto no tempo, é a dos 11 sujeitos e sujeitas que governam uma porção (ridícula, mas ruidosa) da minha vida. Entre eles, Alexandre de Moraes. Que, se um dia se deparar com o tamanho real da sua pequenez, talvez seja capaz de vislumbrar o mal que causa. 
Mas quem ousa colocar diante dele um espelho honestíssimo?! 
Esse fel que nos irmana num estado permanente de indignação é culpa da dissimulação togada. É culpa do ministro. É de sua responsabilidade, poeira-cósmica-com-autoestima-hipertrofiada.
 
Que, no afã de "salvar a democracia" e "proteger as instituições", transformou o Supremo Tribunal Federal e adjacências nisso que a prudência e a pudícia me impedem de dizer o que é. 
Mas que digo mesmo assim: um partido de oposição a um governo democraticamente eleito, uma agremiação de semideuses que decerto não conhecem a história de Ícaro, um antro que vendeu a alma na esperança ridícula de se ver reconhecido pelo Universo – este mesmo que não está nem aí para gestos grandiloquentemente estúpidos.
 
Paulo Polzonoff Jr., Colunista - Gazeta do Povo - VOZES

Ativismo - Alexandre de Moraes proíbe citar relação entre PT e PCC: STF tem lado? - VOZES

Gazeta do Povo
 
O ministro Alexandre de Moraes, do STF, surpreendeu absolutamente ninguém ao acatar um pedido do Partido dos Trabalhadores (PT) e proibir a divulgação de notícias que falem da proximidade entre PT e PCC
 
Até onde vai o poder monocrático dos ministros? 
Vivemos mesmo no Togaquistão? 
E como podemos esperar eleições limpas sendo que elas serão presididas por... Alexandre de Moraes?
 
 
 
Cristina Graeml, colunista - Gazeta do Povo - VOZES
 
 

sábado, 4 de junho de 2022

AVULSAS

A SANHA AUTORITÁRIA DE XANDÃO

ASSUSTADOR

PESQUISA BANÂNICA

Esta determinação absurda, ditatorial, imoral, tirânica, indecente, ilegal, inconstitucional do militante político Xandão, fantasiado de ministro do SPTF, foi tomada ontem, sexta-feira, à noite.

* * *

quinta-feira, 19 de maio de 2022

Como se resolve o litígio entre Bolsonaro, STF e Alexandre de Moraes

Alexandre Garcia

Crise entre poderes

Guerra declarada
Agora a questão mais séria do país, neste momento, é o desgaste do Judiciário. O Supremo Tribunal Federal está se desgastando há bastante tempo. Primeiro com aquilo que o próprio ministro Luiz Fux já relatou no discurso de posse dele na presidência da Corte: aceitar ações movidas por partidos que não têm voto nos plenários da Câmara e do Senado.

O presidente do STF, Luiz Fux, e o presidente da República, Jair Bolsonaro: desavenças entre Executivo e Judiciário persistem

O presidente do STF, Luiz Fux, e o presidente da República, Jair Bolsonaro: desavenças entre Executivo e Judiciário persistem -  Foto: Marcos Corrêa/PR

O Supremo acaba exercendo aquilo que Fux chamou de protagonismo deletério, com o STF se metendo em questões políticas que deveriam ser resolvidas na arena política, que é o plenário da Câmara e do Senado, e não o plenário do tribunal. O Supremo é uma Corte constitucional e não política. E muito menos uma corte constituinte.

O tribunal não pode mudar a Constituição e tem modificado, e esse é um segundo ponto. Modificou durante a pandemia, entregando ao arbítrio de prefeitos e governadores direitos e garantias individuais que são cláusula pétrea no artigo 5º da Constituição.

Foi contra tudo isso que o presidente Jair Bolsonaro entrou no Supremo com uma queixa-crime contra o ministro Alexandre de Moraes, focada naquele inquérito que o ministro Marco Aurélio Mello, hoje aposentado, chamava de inquérito do fim do mundo, porque foi ex-ofício. Não teve Ministério Público, não teve devido processo legal, onde o que se sente ofendido é o mesmo que investiga, denuncia, julga, pune... E esse inquérito continua à revelia de tudo que os advogados aprenderam nos livros e nas faculdades de Direito.

Mas não adiantou nada o presidente recorrer ao STF porque o próprio criador do inquérito do fim do mundo, o ministro Dias Toffoli, foi sorteado e imediatamente negou, dizendo que não havia razão para isso e que é um absurdo inverter a situação e um juiz virar réu. [Cabia ao ministro Toffoli o DEVER de logo após sorteado, se declarar suspeito, impedido, visto que sendo ele o criador do 'inquérito do fim do mundo' não deve, por razões legais e morais atuar em qualquer ação que combata àquele inquérito.] Só que nós temos um litígio claro entre um dos candidatos da eleição presidencial e o juiz que vai presidir a eleição.[ERRATA: por falha nossa no Post "Bolsonaro oferece saída honrosa ao STF"   citamos o ministro Fux como autor da devolução da ação do presidente Bolsonaro, quando a devolução foi efetuada pelo ministro Dias Toffoli - criador do perpétuo 'inquérito do fim do mundo'. Nossas sinceras desculpas.]

Como é que se resolve isso? À luz do direito, do Código de Processo Penal, da Lei Orgânica da Magistratura... Essa é uma questão que o país precisa decidir. Infelizmente, quem poderia decidir isso, o Senado Federal, como já disse o senador Eduardo Girão, está "surdo e mudo". Quer pacificar, mas pelo silêncio, pela alienação. Assim não vai pacificar nada.

Cassação do "Mamãe Falei"
A Assembleia Legislativa de São Paulo aprovou a cassação do deputado estadual Arthur do Val, o "Mamãe Falei" de forma unânime, assim como foi também no Conselho de Ética. Vejam só o que faz a imaturidade de alguém que teve muitos votos para representar o povo paulista. O exibicionismo de alguém que tem problemas internos e que precisava contar para os outros as suas bazófias. Se vangloriar de onde estava e o que estava fazendo na fronteira com a Ucrânia. Só para a gente pensar a respeito.

Desestatização da Eletrobras

Nós tivemos, finalmente, uma decisão do Tribunal de Contas da União sobre a privatização da Eletrobras. Está aprovada. Agora é tocar para a frente. A empresa está sendo preparada para ser desestatizada.

O novo ministro das Minas e Energia, Adolfo Sachsida, já foi chamado ao Congresso para explicar quais são os planos da desestatização da Eletrobras, que é a venda das ações da União, sem que o governo brasileiro perca o controle estratégico em ações vitais, direito de veto, por exemplo, em algo que diga a respeito a questões mais sérias do país.

Alexandre Garcia, colunista - Gazeta do Povo - VOZES


segunda-feira, 16 de maio de 2022

Alexandre de Moraes tem razão: com ou sem voz na Internet, somos uns imbecis - Gazeta do Povo

Paulo Polzonoff Jr.

Bem-aventurados os mansos, porque eles herdarão a terra. (Mateus 5:5)


Alexandre de Moraes, ministro do STF, grão-vizir da Suprema Hermenêutica, czar da Liberdade de Expressão e senhor dos Misteriosos Conluios, subiu em seu trono de ouro no alto da torre de marfim, vestiu a toga de tecido especialíssimo e com poderes inimagináveis, deu um beijo em Têmis, aquela safadinha, e, emulando Umberto Eco (de quem nunca ouviu falar), proclamou majestosa e arrogantemente, como lhe convém: “a Internet deu voz aos imbecis”.

“Espelho, espelho meu. Existe alguém menos imbecil do que eu?”

“Espelho, espelho meu. Existe alguém menos imbecil do que eu?” - Foto: STF

Tem razão, o mais magnânimo entre os magnânimos. Somos mesmo uns imbecis. Uns parvos, um pascácios, uns lerdos, uns palermas, uns tontos, uns bobos, uns néscios, uns idiotas. Uns mansos que, apalermados, assistimos aos arbítrios de autoridades calvas de bom-senso. E no máximo damos uns chiliquezinhos nas redes sociais e voltamos a jantar, ocupados apenas em nascer e morrer.

Lula em “modo demolição”
Autonomia universitária é usada como “desculpa” para militância de esquerda                                                                             


E foi mesmo a Internet, essa monstruosidade que uns escrevem com inicial maiúscula e outros com minúscula, essa ágora ruidosa, caótica, confusa e anárquica que nos seduz com sua promessa de informação, amizade e humor, esse sonho que tem seus momentos de pesadelo e esse pesadelo que tem seus momentos de sonho, que deu voz tanto ao suprassumo da Humanidade, personificado em Alexandre de Moraes, quanto à ralé. Isto é, a nós, os imbecis.

Nós, os imbecis
Nós, os imbecis que trabalhamos duro, quando há trabalho, e vemos todos os meses um terço de nosso salário desviado para saciar a fome de lagostas dos privilegiados. Nós, os imbecis que não sabemos, podemos ou queremos usar mesóclise para prender arbitrariamente aqueles que nos contrariam. Nós, os imbecis que não pretendemos ser sumidades em nada e que olhamos para os ícaros togados com o coração na mão, porque sabemos que é uma questão de tempo para eles se darem conta de que chegaram perto demais do Sol.

Polo é carro para homossexuais. E não há nada de mau nisso
Alô, é da livraria? Quero dois livros de negro, um de amarelo e um de branco


Nós, os imbecis que ainda acreditamos em abstrações políticas cada vez mais desprovidas de sentido, porque assim nos foi ensinado e, sinceramente, não há muita alternativa. Nós, os imbecis que insistimos em fazer mesuras a uma democracia em frangalhos. Nós, os imbecis tão imbecis que um dia ouvimos da professora que a República tem três poderes independentes e harmoniosos, decoramos a lição e tiramos 10 na prova. Nós, os imbecis que damos razão ao que dizem os livros, não a realidade.

Nós, os imbecis que em outubro próximo sairemos de casa para votar, débil e imbecilmente crendo que nossa vontade, reduzida a uma dezena digitada numa torradeira de luxo, será de fato respeitada. Nós, os imbecis que ouvimos o pirililili das urnas como quem faz uma oferenda ao Estado. Nós, os imbecis que confiamos porque não temos outra opção. Nós, os imbecis que nos perguntamos agora: "ou será que temos?".

Nós, os imbecis que fingimos viver sob os auspícios do que o sociedade ocidental tem de melhor e que há dois séculos e meio saímos por aí gritando slogans que falam de liberdade, igualdade e fraternidade. Nós, os imbecis que seguimos com a nossa vida, aqui e ali nos desviando de deliciosos pecados. Nós, os imbecis que babamos na camisa para nos dizer livres enquanto somos dia após dia açoitados pelo douto maquiavelismo mau-caráter de um imbecil que não se sabe e assim não se vê, mas que também é. Ah, se é!

Nós, os imbecis que nos sabemos assim, cheios de defeitos, de ignoranças, de lógicas tortas, suscetíveis a falácias e cantos das mais belas sereias - e até de sereias nem tão belas assim. Nós, os imbecis que não queremos deixar de ser, até porque sabemos que é impossível. Nós, os imbecis que nos enganamos e agimos e falamos como se não houvesse morte e fim e Juízo. Nós.

Nós, os imbecis que ainda mantemos uma nesguinha de esperança de ver a torre de marfim em breve ruir, lançando no vazio da história esses homens e mulheres minúsculos que, embriagados de uma sensação falsa e fugaz de grandeza e onipotência, se deixaram seduzir pela lábia demoníaca e sonham controlar essa porção do mundo habitada por nós, os imbecis.
Desculpe, mas deixei de confiar no sistema eleitoral brasileiro

Paulo Polzonoff Jr., colunista - Gazeta do Povo - VOZES

 

terça-feira, 10 de maio de 2022

Atos de Alexandre de Moraes criam impasse para STF pacificar relação com outros poderes - Gazeta do Povo

Renan Ramalho

Supremo isolado

A linha dura adotada pelo ministro Alexandre de Moraes nos inquéritos contra o presidente Jair Bolsonaro (PL), seus aliados e apoiadores, passou a incomodar alguns ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) que esperam uma pacificação na relação com o Executivo e o Congresso.

O presidente do STF, Luiz Fux, e o ministro Alexandre de Moraes, no plenário

O presidente do STF, Luiz Fux, e o ministro Alexandre de Moraes, no plenário -  Foto: Nelson Jr./SCO/STF

A avaliação entre vários ministros é que o recente esforço do presidente da Corte, Luiz Fux, para estreitar a relação com os demais poderes e com militares – embora tardio e ineficiente, na visão dos mesmos ministros tem sido em vão, diante da insistência de Moraes em pesar a mão contra o deputado Daniel Silveira (PTB-RJ) e o próprio presidente da República.
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Ministros com mais traquejo político que Fux já expressaram a membros do governo e do Congresso que há excessos sendo cometidos. Por outro lado, não existe articulação interna suficiente dentro do STF para traçar uma estratégia de defesa da instituição, sobretudo por Moraes costumar agir sozinho, sem consultar os colegas sobre o que vai fazer.

Há ministros que consideram que ele tem cometido excessos. Exemplo recente foi a ideia de encomendar novo relatório da Polícia Federal no inquérito que apura a divulgação, por Bolsonaro, da investigação sobre o ataque hacker ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em 2018, mesmo após a Procuradoria-Geral da República (PGR) ter pedido o arquivamento do caso.

Outro exemplo é a opção de aplicar multa de R$ 405 mil, bloquear contas e reter parte do salário do deputado Daniel Silveira (PTB-RJ), mesmo após o indulto concedido a ele por Bolsonaro. Muitos esperavam que Moraes decidisse logo sobre a extinção da pena, em vez de prolongar o caso, aumentando a tensão com o Congresso e o Executivo – o parlamentar já disse que não vai colocar a tornozeleira, como exigiu o ministro, porque já está perdoado.

Em casos comuns, a recusa em cumprir essa medida obrigaria o juiz a decretar uma prisão preventiva. Mas, neste caso, há obstáculos jurídicos: o STF já decidiu que esse tipo de prisão (usada para impedir fugas, prejuízos a investigações ou cometimento de novos delitos) não pode ser decretada contra parlamentares, que só podem ser presos em flagrante.

Assim, a não ser que considerasse que o deputado está cometendo outro crime em estado de flagrância – algo que, comumente, é verificado pela polícia ou Ministério Público –, não haveria, em tese, mais nada a fazer contra Silveira além da pesada multa já aplicada.[multa que certamente não será cobrada - a extinção do principal, a pena de prisão, extingue as penas acessórias, entre elas a de multa,  é o entendimento de vários juristas, entre eles o ministro Marco Aurélio.]

Ministros temem desmoralização por descumprimento de decisões

O temor é que a recusa de Silveira em cumprir as novas restrições que incluem proibição de contato com apoiadores de Bolsonaro investigados, de conceder entrevistas e participar de atos públicos, atividades tipicamente parlamentares, sobretudo num ano eleitoral acabe desmoralizando o próprio STF, que ficaria sem meios de fazer valer suas decisões. [a pior tragédia que pode ocorrer com uma ordem é quando quem está obrigado ao cumprimento da ordem, decide não cumprir e o autor da ordem não tem como obrigar.  Abaixo tem um parágrafo que comprova o nosso entendimento.]

É algo que já vem ocorrendo e pode se tornar frequente.

Em 2016, por exemplo, o então presidente do Senado, Renan Calheiros (MDB-AL), recusou uma intimação do STF para que fosse afastado do cargo, pelo fato de, na época, ter se tornado réu na Lava Jato. A ordem partiu do ministro Marco Aurélio Mello, hoje aposentado. “Já me obriguei a cumprir liminares piores”, provocou o senador à época. Dois dias depois, o plenário do STF derrubou o afastamento, definindo que bastaria Calheiros ser excluído da linha sucessória da Presidência da República. Os ministros criticaram o senador, mas nada mais foi feito contra ele. “Implica a desmoralização ímpar do Supremo”, protestou Marco Aurélio.

Caso mais recente, em janeiro, envolveu Bolsonaro, que não apareceu para depor na PF, como havia determinado Moraes, no mesmo inquérito sobre a divulgação de detalhes do ataque hacker ao TSE. A jurisprudência do STF já dizia que o presidente, como qualquer investigado, não é obrigado a depor, já que tem direito ao silêncio. A Advocacia-Geral da União (AGU), que defende Bolsonaro no caso, avisou que ele não iria falar perante um delegado – mesmo assim, Moraes manteve o interrogatório. O presidente não apareceu e não sofreu consequências por isso.

Medidas contra Silveira são consideradas excessivas
De forma reservada, alguns ministros reconhecem que são casos, como o de agora, envolvendo Silveira, em que o STF extrapolou. Vários, por exemplo, se arrependeram de seguir Moraes ao impor ao deputado uma pena de 8 anos e 9 meses de prisão, considerada excessiva. Avaliação semelhante é feita agora, com a multa pesada fixada contra ele.

O problema é que a maioria votou com Moraes nos dois julgamentos em que isso foi discutido, sem confrontar a fundo sua posição – as exceções foram Kassio Nunes Marques e André Mendonça, que depois foram criticados por divergir. O primeiro votou contra a condenação e a multa. O segundo, contra a multa e a favor da condenação, mas a uma pena bem menor, de dois anos de prisão.

Por causa da adesão da maioria, haveria agora pouco o que fazer para frear Moraes e tentar apaziguar as relações com o Executivo e o Congresso – na Câmara, a condenação foi mal recebida na parte que obrigava a Casa a decretar a perda do mandato de Silveira, e já existe um recurso do presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), contra isso.

Dentro do STF, Moraes não costuma avisar ou se aconselhar com outros ministros sobre suas ações, o que dificulta qualquer abordagem sobre ele para amenizar suas decisões. Um exemplo claro dessa dificuldade ficou evidente no último dia 29, quando Moraes rechaçou, de forma peremptória, a ideia defendida nos bastidores por alguns ministros, de encerrar o inquérito das “fake news”, conduzido com mão de ferro pelo ministro e origem da discórdia. Internamente, a sugestão partiu de André Mendonça, como uma forma de sinalização de paz.

“Não vai arquivar inquérito de fake news nenhum. Nós estamos chegando aos financiadores”, reagiu Moraes, durante uma palestra para estudantes em São Paulo. A justificativa é que a investigação estaria chegando aos financiadores de “desinformação”, que, segundo ele, “é criminosa” e serve para uma “tomada de poder não democrática, autoritária, sem controle”.
 

Como o atrito envolve o TSE
A recusa de Moraes em arquivar o inquérito das fake news é um sinal de que o ministro pretende juntar as provas do inquérito e, eventualmente, usá-las como munição dentro do TSE, onde tramita um inquérito administrativo aberto contra Bolsonaro no ano passado, por apontar fraude nas urnas eletrônicas.

No ano passado, Moraes compartilhou com a Corregedoria Eleitoral, que toca essa investigação, parte do inquérito das fake news, para alimentar ações do PT que pretendiam cassar o mandato de Bolsonaro por suposto disparo em massa de mensagens contra o partido em 2018 via WhatsApp – essas ações acabaram arquivadas por falta de provas contra o presidente.

Nada impediria que ele adotasse o mesmo expediente neste ano, sobretudo porque, em setembro, mês anterior ao pleito, ele assume o comando do TSE. No julgamento das ações contra Bolsonaro, no ano passado, o ministro avisou que quem disparar fake news em 2022 será cassado e preso.

Dentro do STF e do TSE, os ministros consideram que as críticas de Bolsonaro a Moraes, Fachin e Barroso, principalmente, fazem parte de uma estratégia eleitoral, que envolve transformá-los em vilões que trabalhariam para a eleição do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na disputa presidencial.

O discurso irrita vários ministros,
o que os estimula a vigiar de perto a campanha de Bolsonaro pela reeleição, sobretudo se forem reiteradas as acusações de fraude nas urnas, [se percebe que as acusações de fraude nas urnas, embora não sustentada por provas, fortalece aos poucos a posição de uma maior vigilância sobre as urnas = Bolsonaro está conseguindo passo a passo o seu intento, por outros caminhos, mas com o mesmo resultado - ainda desconhecido.]  que seria, na avaliação deles, uma falácia para captar mais votos. No limite, uma conduta abusiva na campanha poderia suscitar ações de opositores que possam cassar um novo mandato, em caso de vitória em outubro.

Contribui para o desconforto dos ministros o mau momento vivido pelo TSE, às voltas com a desconfiança, que cresceu na população, em relação às urnas eletrônicas, alimentada por cobranças por maior transparência e segurança por parte das Forças Armadas.

A declaração do ex-presidente da Corte, Luís Roberto Barroso, de que elas estariam sendo orientadas a “atacar” o sistema, para muitos ministros, só piorou a situação, diante da resposta da Defesa, que considerou a frase “ofensa grave” e “irresponsável”.

Cobranças sobre Luiz Fux
O recrudescimento da tensão entre Executivo e Judiciário fez crescer a pressão sobre Fux. Há ministros que o criticam por não manter uma relação mais próxima com lideranças do Congresso, de modo a ter um aliado para se opor às críticas de Bolsonaro.

O isolamento do STF ficou ainda mais evidente no ato promovido no Palácio do Planalto por Bolsonaro e com a presença de vários congressistas, no dia 27 de abril, em favor da liberdade de expressão e para celebrar o indulto dado a Silveira. “Se criou um decreto, ‘atos antidemocráticos’, e ali uma pessoa faz o que bem entende com o futuro de cada um [...] É grave prender qualquer brasileiro, mais grave ainda é prender um parlamentar, que tem liberdade para defender o que ele bem que entender, e usar da palavra como bem lhe aprouver”, protestou Bolsonaro na ocasião, sob aplausos.

Na última terça (3), Fux se reuniu com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e com o ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira. Em nota, o STF afirmou após os encontros que ambos se comprometeram com a democracia e a normalidade das eleições. Para alguns ministros, no entanto, Fux deveria ouvir mais as autoridades dos outros poderes. O presidente do STF, por sua vez, tenta adotar uma postura de neutralidade, para não agravar o conflito. Já disse a Bolsonaro, por exemplo, que não tem controle sobre os outros ministros.

Alguns deles, no entanto, para sinalizar que não aceitarão provocações de parlamentares, resolveram mostrar suas armas: na última terça, Gilmar Mendes, Ricardo Lewandowski e Edson Fachin decidiram tornar réu por difamação e injúria o senador Jorge Kajuru (Podemos-GO), por ofensas proferidas nas redes contra adversários. O entendimento é que insultos pessoais não têm relação com o mandato e, portanto, não estão protegidos pela imunidade parlamentar. O recado é que xingamentos e acusações sem provas, se proferidos contra ministros, não serão tolerados. 

Renan Ramalho, colunista - Gazeta do Povo - República