Blog Prontidão Total NO TWITTER

Blog Prontidão Total NO  TWITTER
SIGA-NOS NO TWITTER
Mostrando postagens com marcador Nova República. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Nova República. Mostrar todas as postagens

segunda-feira, 30 de setembro de 2019

Uma conjuntura muito favorável ao poder, mas com aquele probleminha - Análise Política

Alon Feuerwerker

O modus operandi congressual do bolsonarismo vai ficando cada vez mais nítido. Não há obsessão por tratorar o Legislativo. No plano parlamentar, aceita-se o jogo. O que os parlamentares perderam em espaço político na Esplanada, ganharam em oportunidades de protagonismo. O governo manda os projetos, o Parlamento faz quase o que bem entende, depois o presidente veta, e o Legislativo também derruba os vetos que deseja.

Não sei se chega a ser uma nova política, mas tem boa dose de novidade, ao menos neste último meio século. Nos governos militares, o Congresso, quando estava aberto, era uma máquina carimbadora do Executivo, graças também ao bipartidarismo, aos atos institucionais e às cassações periódicas de mandatos. [as vezes surge uma curiosidade: para que serve o Congresso se só tumultua e onera os cofres públicos?] Quando nada disso era suficiente vinha o fechamento. Como por exemplo no Pacote de Abril de 1977.

Depois nasceu a Nova República, uma oportunidade do país aos políticos. 
[Nova República = a institucionalização da corrupção,  do maldito politicamente correto, do excesso de direitos e da judicialização de tudo.]  Mas Tancredo Neves morreu, José Sarney virou um presidente não tão forte, e sofreu a dualidade de poder imposta pela Constituinte e Ulysses Guimarães. E teve de escancarar a máquina aos políticos para sobreviver. Sucedeu-o Fernando Collor, que quis fazer uma nova política e acabou derrubado. Por questiúnculas, como Dilma Rousseff um quarto de século depois.

E surgiu Fernando Henrique Cardoso para derrotar o PT de Luiz Inácio Lula da Silva, que estava forte depois da queda do seu antípoda, Collor. FHC governou à moda tradicional, e teve tranquilidade, também porque a nova política tinha dado errado. E graças à velha e boa política o tucano sobreviveu à debacle do Real na transição do primeiro para o segundo mandato. O país parecia vacinado contra impeachments. Parecia.

Lula governou conforme a cartilha da Nova República. Aprendendo com Sarney, Collor e Fernando Henrique, procurou montar uma base sólida no Congresso para evitar surpresas. Também por isso, escapou na crise do chamado mensalão, reelegeu-se e elegeu a sucessora. Que se sentiu num momento suficientemente forte para deixar os aliados na rua da amargura da Lava Jato. Deu no que deu. Agora Jair Bolsonaro propõe uma nova oportunidade para um modelo que falhou duas vezes.

Verdade que o atual presidente faz isso numa conjuntura excepcionalmente favorável. Para começar, dois terços do Congresso estão potencialmente alinhados com a agenda do Executivo. O governo acha, e tem uma dose de razão, que mesmo se nada fizer o Legislativo terá de andar na linha do Executivo, pois os deputados e senadores não  terão como explicar aos seus eleitores se fizerem diferente.

E o financiamento empresarial de campanhas está vetado, o que diminui a atratividade da ocupação de certos espaços ministeriais e nas estatais. Claro que sempre o olho pode crescer. Mas o mar não está pra peixe. E os partidos estão razoavelmente abastecidos pelos recursos públicos para sobreviver e fazer suas campanhas. Então, se o Planalto executa com competência o orçamento das emendas, tem combustível para navegar.

Para ajudar, o reinado absolutista da Lava Jato parece ter entrado no seu até agora pior inverno. E Bolsonaro tem assim facilitada a tarefa de recolocar o gênio dentro da garrafa, ou pelo menos tentar. Era previsível, e foi previsto, que o Bonaparte saído das urnas precisaria restabelecer o Poder Moderador do Executivo, tradicional desde que D. Pedro I fechou a Constituinte e outorgou a primeira Carta do Brasil independente.

Nisso, no essencial, Planalto, Congresso e Supremo vêm jogando juntos, pois interessa a todos acabar, ou pelo menos reduzir, a disfuncionalidade institucional em que o país foi atirado desde que Executivo e Legislativo ficaram acuados pela Lava Jato. E, enquanto esta permanece uma ameaça letal, seria pouco inteligente os três lugares geométricos da Praça dos Três Poderes ficarem de mimimi uns com os outros.

Sem contar que o PT não está propriamente infeliz com o esforço bolsonarista para controlar a fera. Sempre há a possibilidade, claro, de a Lava Jato voltar a se concentrar só no PT,
mas até isso teria um lado útil para o petismo: reforçaria a narrativa de vitimização, já bem nutrida pelas interessantes revelações do The Intercept e parceiros. Depois da VazaJato, a Lava Jato nunca mais será a mesma, apesar das juras de amor do novo PGR.

Então está tudo bem? Não, tem aquele probleminha: quase 13 milhões de desempregados, fora os subempregados e desalentados em geral. Eis a fenda na represa, fenda que se não for fechada embaralha bem esse jogo. Ninguém vai querer ser sócio do fracasso. Mas enquanto não chega o dia do juízo político o bolsonarismo aproveita o mar de almirante para radicalizar na guerra de posição, inclusive no campo cultural. Já que Gramsci está na moda. 


Análise Política - Alon Feuerwerker, jornalista



segunda-feira, 23 de setembro de 2019

Alinhamento político-ideológico reduz o custo político e acrescenta resiliência à governabilidade - Alon Feuerwerker

Análise Política

O custo orçamentário, para o governo, de aprovar as mudanças na previdência social está sendo significativo. O Palácio do Planalto vem executando o orçamento relativo às emendas parlamentares na medida necessária para para fazer passar “a mãe de todas as reformas”. Mas o custo político é baixo, baixíssimo. O que em outras circunstâncias seria objeto de escândalo (“compra de votos!”) desta vez é deglutido sem maior dificuldade.

A constatação não chega a ser nova. A governabilidade de Jair Bolsonaro é sólida pois o núcleo da agenda governamental, o programa econômico liberal, tem o apoio de pelo menos dois terços do Congresso, é quase unânime no empresariado e continua bem sustentado na esmagadora maioria da imprensa. Daí por que as “crises” vêm, parecem por um instante terminais, e logo viram poeira. Ou fumaça. Como foi a mais recente, dos incêndios florestais. Olha o trocadilho.

Há, é claro, mercado para os projetos em torno de um liberalismo bem-educado e cosmopolita, autointitulado progressista, e daí as versões repaginadas do Velho do Restelo, a advertir que tudo vai dar errado. Para esse “bolsonarismo sem Bolsonaro", o país estaria à beira do caos, se já não mergulhado nele. Mas a cada episódio o que leva jeito de tsunami, quando chega à praia de Brasília fica mais com cara de marolinha.

Inclusive por esse cosmopolitismo arejado chocar-se com a linha nacionalista, ainda que fortemente ocidentalista, hegemônica nas Forças Armadas. A polêmica amazônica comprova. Outro aspecto reforça a resiliência governamental. O partido mais forte capaz de lhe fazer oposição, com ramificações sólidas e profundas nas diversas instâncias de poder, está isolado. O aqui livremente chamado de Partido da Lava Jato (PLJ) mantém musculatura e apoio popular, pode inclusive continuar produzindo fatos político-policiais em série, mas sua capacidade de alterar a correlação de forças operacional está contida por causa do isolamento.

Mais um mérito (ou demérito) da agenda econômica. O caráter consensual da agenda, mais o amplo espectro dos alvos do PLJ, mais a objeção a que o PLJ provoque uma disrupção (e viva os anglicismos e neologismos) num quadro tão produtivo, tudo induz a um alinhamento raro entre os poderes, pelo menos desde a instalação da hoje carcomida Nova República. O estilo do presidente da República é uma linha de produção de manchetes, mas na vida prática os vetores executivo, legislativo e judiciário produzem boa resultante.

Onde estão os riscos? Principalmente  

1) na nova modalidade de enquadramento do Legislativo pelo Executivo e 
2) na sede de protagonismo do braço judiciário do PLJ. 
Se a velocidade da recuperação da economia e dos empregos seguir baixa, quanto tempo o Congresso levará para voltar a exigir o dito loteamento da Esplanada e das estatais? 
E até onde irão os torquemadas dos tribunais, especialmente nos superiores, para revitalizar o próprio protagonismo, hoje corroído?

No instável presidencialismo brasileiro, onde a pulverização do Congresso é um foco permanente a ameaçar a saúde política do ocupante do Planalto, é sempre bom ficar esperto. Mas por enquanto as coisas para o governo caminham bastante bem nesse terreno. 



Alon Feuerwerker, jornalista e analista político - Análise Política


 

*

O Tribunal Superior Eleitoral decidiu que candidatura laranja leva à cassação de toda a chapa. Mas como provar que a candidatura é laranja? Fácil, candidatas-laranja não são de verdade, são de mentirinha, nem fazem campanha. Mas, e se alguém decide ser candidata e depois desiste de fazer campanha a partir de um certo ponto, como é que fica? E se a candidata faz uma campanha pra inglês ver, gasta uma graninha, então está tudo bem?

Outra consequência da decisão do TSE: o sujeito entra numa chapa, faz sua campanha direitinho, elege-se. Aí alguém diz que tinha uma (ou um?) laranja na chapa. O sujeito perde o mandato sem ter cometido nenhuma irregularidade, nenhum crime? Talvez o STF tenha, um dia, de verificar se a decisão do TSE não viola algum direito constitucional. Ainda que esteja fora de moda argumentar com Constituição contra o que parece ser “certo” e “justo”.

sábado, 7 de setembro de 2019

PARABÉNS BRASIL ! 7 de setembro de 2019! 197º ano da INDEPENDÊNCIA DO BRASIL

PARABÉNS BRASIL, pelo magnifico DESFILE de SETE DE SETEMBRO, que representou  resgate das FORÇAS ARMADAS e AUXILIARES, da FAMÍLIA, dos VALORES FÍSICOS, do PATRIOTISMO, e da própria PÁTRIA AMADA, 

que,  desde 2003,  estavam sob o jugo do maldito petismo

(Temer apenas tocou o barco, afinal o Janot se empenhou em atrapalhar o que podemos chamar de governo de transição entre as forças do mal = esquerda - e as forças do bem = governo BOLSONARO)

- em um processo de desvalorização  das FF AA e Auxiliares, iniciado com a Nova República, que deu partida a um processo gigantesco de corrupção e de aniquilamento de todos os valores tradicionais e cuja continuidade foi mantida pelo maldito lulopetismo.

Foi MARAVILHOSO ver as FF AA, sempre prontas, desfilando e mais importante a receptividade, os elogios prestados pela POVO - seja nas Redes Sociais e mesmo na audiência, pela TV e Internet, de todo o desfile.

Maravilhoso constatar que, apesar das tentativas,  nossas FF AA e Auxiliares não foram desmontadas, permaneceram e permanecem prontas,   e estão em um processo de recuperação.

Excelente também o desfile das demais instituições de segurança, entre elas a PF, PRF, FNSP - destaque para a presença no desfile da PF, de uma viatura 'fusca' e  da saudosa Veraneio, viatura não caracterizada de grande utilidade nas ações de combate ao terrorismo e que mostrou a evolução da PF com um carro operacional do COT. 

 Desfile de 7 de setembro de 2019 - 197º aniversário da Independência do Brasil

Os PARABÉNS que iniciam este post, são EXTENSIVOS ao presidente JAIR BOLSONARO

Rogamos a DEUS, para que nos próximos anos tenhamos mais motivos para continuar celebrando a recuperação das FF AA, auxiliares e demais instituições de segurança, Saúde Pública, incluindo SAMU e SUS e a redução, até a eliminação completa do desemprego.

Editores do Blog Prontidão Total



segunda-feira, 19 de agosto de 2019

O que esperar da reforma tributária - Luiz Carlos Mendonça de Barros

Valor Econômico

Mesmo que se consiga simplificar os impostos, ainda teremos carga fiscal muito superior à dos países emergentes

Para a minha geração, que viveu com intensidade os trabalhos da Constituinte depois da redemocratização do Brasil em 1984, a reforma da Previdência é a primeira grande alteração no quadro de proteção social por ela criada e que vigorou quase imutável até hoje. Para os mais jovens entenderem a importância desta mudança, falta o conhecimento do clima de euforia que cercou os trabalhos dos constituintes antes de sua promulgação.O país vivia então uma espécie de "porre" democrático com o sucesso incrível que foi a volta da democracia, depois de mais de 20 anos, a partir de um movimento popular pacífico e dentro das regras constitucionais estabelecidas pela força das armas pela própria ditadura militar. [que, infelizmente, resultou na chamada Nova República, o passo inicial para a escalada de corrupção que dominou o Brasil, em todos os governos, sendo o ápice atingido nos governos lulopetistas - felizmente, tudo indica que estamos iniciando a descida.

Imaginava-se ser possível criar com a força representativa dos constituintes eleitos pelo povo uma sociedade igualitária ou pelo menos mais justa, ao fim dos trabalhos. Esta verdadeira Utopia que seria construída sob o comando de um Estado que estendesse aos mais pobres e necessitados um amplo e generoso cobertor de proteção social, dominava os discursos inflamados da grande maioria dos constituintes em Brasília. Eu vivia um dia a dia mais realista, como diretor do Banco Central em Brasília, na tentativa de controlar a inflação que já superava, à época, os 7% ao mês. Mas, mesmo assim, a euforia também podia ser sentida naquele prédio esquisito que havia sido construído pelos burocratas da ditadura. Prédio estranho visualmente, e que não podia ser ocupado totalmente porque descobriu-se depois de sua construção não ter em sua estrutura a resistência necessária para tal.

Mas tive a sorte de receber como hóspede na residência oficial a que tinha direito - outra herança da época militar - o constituinte José Serra, meu amigo de longa data. Em nossas conversas noturnas - Serra só dormia depois das 4 horas da manhã - ouvi dele as primeiras restrições ao projeto constitucional ainda em construção. Como economista, com visão fiscal bastante conservadora, estava assustado com a abrangência dos chamados direitos sociais pétreos do cidadão e que estariam garantidos pela nova Constituição. "Luiz Carlos", ele me dizia, "ninguém está fazendo as contas sobre como e onde vamos encontrar os recursos necessários para pagar tudo isto".

Lembro aqui ao leitor do Valor que a carga fiscal à época era de pouco mais do que 24% do PIB, o que permitia que tivéssemos uma estrutura de impostos simples, praticamente igual à da maioria das economias emergentes como a nossa. Mas Serra era uma voz minoritária - junto com poucos outros constituintes - e a vitória da euforia foi acachapante. Sobrou a este pequeno grupo de realistas fiscais uma cláusula, arrancada a muito custo, de revisão da Constituição, quatro anos depois - e com um quórum simples - para aprovar alterações que o tempo mostrasse necessárias. Mas a revisão chegou em um momento de crise política com o impeachment do presidente Collor e as cláusulas sociais remanesceram intocadas.

As previsões mais pessimistas feitas pelo constituinte José Serra só começaram a se tornar realidade após o sucesso do Plano Real, com a redução da arrecadação do chamado imposto inflacionário e a estabilidade da moeda que se seguiu. Outra razão para que nós brasileiros só acordássemos mais tarde para os problemas fiscais criados pela euforia democrática da Constituinte de 1988 foi a demora natural na aprovação de leis infraconstitucionais e pela defasagem no tempo das decisões judiciais sobre a implementação das novas responsabilidades sociais do estado brasileiro. Entre 1991 e 2017, a carga fiscal brasileira progressivamente passou dos antigos 24 % para 32% do PIB, mostrando de forma clara o verdadeiro impacto da Constituição de 1988 sobre os gastos sociais do governo.

Mais recentemente, a deterioração das contas da previdência social veio apenas somar-se a esta realidade e colocar uma nova pressão sobre a carga de impostos necessários para estabilizar a dívida pública federal. E, portanto, continuaremos a depender de uma arrecadação de impostos e tributos da ordem de 34% para estabilizar a situação fiscal de hoje. E não será através de uma reforma dos impostos que chegaremos - como é a expectativa da maioria da população hoje - a uma carga fiscal menor. Além disto, a reforma fiscal que começa a ser analisada pelo Congresso tem uma dificuldade adicional para sua aprovação representada pelos conflitos de interesse muito mais difusos - e de difícil conciliação na sociedade - do que foi o caso da reforma da Previdência.

Mesmo que se consiga um sucesso relativo na simplificação e racionalização de nossos impostos, ainda teremos uma carga fiscal muito superior à dos países emergentes e próxima dos países desenvolvidos e social-democratas da Europa. Ou seja, seremos ainda um ponto fora da curva e, por esta razão, vamos continuar a ter um limite estrutural ao nosso crescimento potencial no futuro. Podemos nos preparar para fortes decepções com o texto final.

Luiz Carlos Mendonça de Barros, engenheiro e economista - Valor Econômico
 

segunda-feira, 27 de maio de 2019

Comentário Geopolítico

Desde a Nova República o Executivo só consegue aprovar os projetos do Legislativo se “pagar”. Essas formas de pagamento evoluíram, desde o governo Sarney de simples loteamento do governo com os partidos até, sob o governo Lula, o Mensalão, em que os deputados eram comprados com malas de dinheiro vivo no plenário do parlamento mesmo. [bom ter presente que a Nova República representou, executou e enquanto não for extinta em definitivo continuará executando, a institucionalização da corrupção.]

Pois bem, o fato é que hoje há uma bancada de cerca de 230 deputados do “Centrão”, que se aliada à esquerda chega a 350 parlamentares, sendo maior do que a turma que saiu das urnas de 2018. Sem perceber que os tempos mudaram, essa turma quer inicialmente impor a volta ao “presidencialismo de coalizão”,  ou seja o toma-lá dá-cá; em outras palavras a distribuição de cargos aos Centrão  ou até a compra de votos dos parlamentares no estilo Lula. Achou ruim? Por enquanto é apenas chantagem, mas o pior vem aí.

A oposição esquerdista se apoia no fisiologista Centrão para atingir seus reais objetivos: asfixiar o governo e fazer retroceder os avanços da Lava Jato, tendo como aliados incondicionais vários ministros do STF e inspirados no impeachment da Dilma manobram para, em um golpe parlamentar, derrubar o Governo se não puderem domá-lo. Força parlamentar para isto eles têm, mas só até as próximas eleições parlamentares quando os corruptos remanescentes serão varridos. Esta é a razão da pressa deles, mas como não fazem ideia do tamanho da indignação do povo comum esbarram no apoio  popular ao Presidente e na provável reação das Forças Armadas, as quais certamente interviriam para evitar o caos.

Observa-se o esforço desesperado do grupo Olavo de Carvalho em introduzir uma cunha entre o Exército e o Governo. Também é inútil, esse indivíduo há décadas combate o nacionalismo a pretexto de combater o comunismo. Aos militares nacionalistas, mesmo aos mais ferrenhos anticomunistas, ele taxava de “melancias” para minar a liderança deles. O Olavo é anticomunista sim, mas não por causa do nosso País e sim para ajudar os EUA e muitos anticomunistas já perceberam.

Obviamente nós, os nacionalistas não estamos contentes com as desnacionalizações mas sabemos que o momento é de união, que o saldo de boas medidas governamentais supera de longe as medidas que silenciosamente repudiamos. Estamos e estaremos ao lado do nosso Capitão e reparem que somos o segmento mais capaz de lutar. O Congresso e o STF que se comportem ,pois se conseguirem levar o nosso Brasil ao caos, seremos nós que exigiremos uma limpeza geral. Que sirva de alerta aos congressistas e magistrados ao se refestelarem entre lagostas, camarões e champanhes nos regabofes da corte.

O que o povo brasileiro queria ficou demonstrado nas urnas. [e sendo o Brasil uma democracia representativa, o que as urnas expressaram em 2018 é o que vale e continuará valendo, exceto se ocorrerem  mudanças radicais e ainda fora de questão, por absoluta falta de necessidade.]  ocorrerem  Agora, no domingo, dia 26, daremos um prazo e demonstraremos a nossa união em torno dos projetos em que votamos. Se a oposição esquerdista e o fisiologista Centrão quiserem a guerra, terão a guerra. Sabemos que a união faz a força e a força faz o triunfo. Mostraremos união e  que Deus  nos abençoe.
 
Gelio Fregapani é Escritor e Coronelda Reserva do EB, atuou na área do serviço de inteligência na região Amazônica, elaborou relatórios como o do GTAM, Grupo de Trabalho da Amazônia.
 
Artigo no Alerta Total www.alertatotal.net
 
Por GelioFregapani
 
 
 

sexta-feira, 3 de maio de 2019

Força de Mourão vem dos erros de Bolsonaro


A oposição que me perdoe, mas, no curto prazo, o maior inimigo do governo federal é o próprio governo. A ausência de um projeto oposicionista de reforma do Estado e a crise atual do petismo constituem parte da explicação desse fenômeno. Só que existe outro lado mais importante neste processo: o eleitorado e os apoiadores de Jair Bolsonaro são muito mais amplos e heterogêneos do que o discurso mais sectário adotado regularmente pelo presidente. É disso que decorre o surgimento do vice-presidente, Antônio Hamilton Mourão, como sombra, contraponto e, numa hipótese mais extrema, alternativa real de poder.

Evidentemente que essas circunstâncias não são novidade no país. O presidencialismo brasileiro, pelo menos desde a Constituição de 1945, é marcado pelo possível conflito entre o titular e seu vice. Naquela época, a possibilidade de eleger uma dupla com políticos vindos de chapas diferentes, como foi o caso de Jânio Quadros e João Goulart, potencializava a crise. Mas mesmo durante o período autoritário houve embates fortes, como no caso de João Figueiredo e Aureliano Chaves. A falta de um papel institucional mais claro para a vice-presidência explica parte desse problema, contudo, no mais das vezes, são os erros do presidente que dão asas ao seu par.

O tipo de presidencialismo derivado da Constituição de 1988 tornou mais importante e complexa a montagem da coalizão de governo, por meio da combinação de multipartidarismo, federalismo e divisão de Poderes. O sistema não é ingovernável, como mostraram Fernando Henrique e Lula, no entanto, nenhum presidente ou partido consegue governar sozinho o país, de modo que é necessário angariar apoios políticos e sociais amplos e heterogêneos. Quando Fernando Collor de Mello e Dilma Rousseff perderam a capacidade de atrair os atores para além de seu grupo político mais restrito, abriram as portas não só para o próprio impeachment, mas também para a ascensão de seus vices.

É essa realidade mais geral que o presidente Bolsonaro precisa compreender. Embora a eleição dele tenha sido marcada pela crise do sistema político montado na Nova República e consolidado a partir do Plano Real, dois fatores continuam contribuindo para a necessidade de se governar por coalizão e levar em conta um espectro mais amplo de apoios. O primeiro é que sua vitória eleitoral não adveio do bolsonarismo raiz. O tamanho deste talvez esteja próximo dos dados da última pesquisa do Datafolha feita antes da trágica facada, enquete realizada nos dias 20 e 21 de agosto e que marcava 22% de preferências pelo então candidato Bolsonaro.

O episódio da facada e a incapacidade de outros candidatos de centro subirem nas pesquisas favoreceram a migração de um grande contingente de eleitores antipetistas ainda no primeiro turno para Bolsonaro, processo que se completou no segundo turno com a aquisição de votos de outro grupo considerável de cidadãos que não queriam o PT no poder. No computo final, o presidente eleito teve 55% dos votos válidos, mas deve-se ressaltar que, além dos que votaram em Fernando Haddad e daqueles que se abstiveram ou votaram branco e nulo, muitos dos que elegeram o novo governante, quiça a metade destes, não se identificavam com o bolsonarismo raiz.

Diante disso, o discurso do presidente precisa ser mais amplo e plural do que o conteúdo de seus tweets. Ao falar basicamente ao seu eleitorado mais cativo, Bolsonaro abre o flanco para o descontentamento de grande parte dos que votaram nele, para não falar dos oposicionistas e dos que não votaram em nenhum dos candidatos. Sei que seus estrategistas, principalmente seus filhos, têm uma opinião diferente. Eles preferem seguir a máxima de Trump, de apostar na manutenção do apoio dos mais fiéis. Só que há uma enorme diferença entre os Estados Unidos bipartidário e o Brasil multipartidário: aqui, sempre é possível ter mais opções políticas do que a luta entre um governo e uma oposição bem definidos.

Hoje, Mourão é a voz da moderação em comparação a Bolsonaro, atraindo a simpatia dos que votaram no presidente, mas não são bolsonaristas, e até dos que votaram no candidato da oposição. Esse poder de atração, entretanto, é um fator mais forte na esfera política e junto aos grupos de interesse mais influentes, como as instituições financeiras, a mídia, parte do empresariado, universidades e outros setores da sociedade civil organizada. É neste âmbito que há mais gente comparando o desempenho do presidente com o do vice.

A estratégia política de Bolsonaro, de discursar basicamente para os seus eleitores mais fiéis, principalmente usando as redes sociais, é a maior alavanca para o crescimento do poder de Mourão. Quando ele usa o argumento da "nova política versus a velha política" e emperra o processo político no Congresso Nacional, aqueles que querem a aceleração das reformas de Estado ficam mais descrentes do bolsonarismo e, como viúvas de seu próprio voto, procuram alguém para se consolar dentro do condomínio do governismo - se não for o vice, pode ser o presidente da Câmara, Rodrigo Maia.

Ao atacar como inimigos da pátria grupos como a mídia, os ambientalistas, os ativistas sociais, as universidades, os professores, as minorias éticas ou de gênero e todos aqueles que não cabem no perfil bolsonarista raiz, Bolsonaro não atinge apenas a oposição. Seus atos e palavras desagradam mais gente e muitos dos seus eventuais eleitores de 2018, que não queriam o PT, mas que estão longe de um sectarismo conservador. O uso constante e radical dessa linguagem política contrasta com a comunicação feita agora por Mourão, que se orienta pela parcimônia no discurso e pela conversa com todos os atores sociais. O contraste entre presidente e vice também é percebida no plano das relações internacionais. Se Bolsonaro radicaliza o discurso sobre a Venezuela, Mourão adota uma postura mais cuidadosa e realista. Se o bolsonarismo propõe que a embaixada em Israel vá para Jerusalém, o vice conversa com os representantes dos países árabes. [não tem o menor sentido mudar na sede da Embaixada - a embaixada do Brasil deve permanecer em Telaviv e se Israel quiser mudar sua capital, aproveite e devolva o território que tomou dos árabes.

Para se massacrar palestinos, civis e inocentes, na Faixa de Gaza.]  E toda vez que o discurso da Presidência da República for contra o multilateralismo (ou globalismo, como diriam os olavistas) e agendas internacionais mais consolidadas, como a questão ambiental, parte dos atores internacionais vai procurar o morador do Palácio do Jaburu.

Mas o maior tiro no pé da estratégia política bolsonarista é tensionar a relação com os militares.
O discurso olavista, vindo do próprio ou dos filhos do presidente, começou batendo em Mourão e, pouco a pouco, migrou suas insatisfações para as Forças Armadas. Imagine se Olavo de Carvalho fosse apoiador de Lula ou Fernando Henrique e tivesse dito o que falou dos militares e de alguns de seus líderes específicos. Nem é possível imaginar.  Talvez a razão que levou setores do bolsonarismo a criticar o comportamento dos militares esteja no fato de que as lideranças das Forças Armadas, no mais das vezes, entenderam o sentido político do governo atual: para ter uma governabilidade efetiva, é preciso ampliar o diálogo e mesmo a negociação para além dos circuitos mais fechados do PSL e dos apoiadores de primeira hora do presidente Bolsonaro. E, neste sentido, comportam-se do mesmo modo que Mourão - e de maneira inversa à lógica dos tweets do presidente e seus filhos. [é preciso que Bolsonaro ceda um pouco, dispensando o assessoramento inútil dos filhos e detonando dispensando o próprio Olavo, mas, é inaceitável que os círculos mais conservadores pró Bolsonaro, que incluem os apoiadores de primeira hora e bolsões mais fechados do PSL, sejam deixados de lado.]

Claro que muitos atores políticos e analistas podem, com razão, pedir maior discrição no comportamento de Mourão. Porém, não se trata somente de uma situação individual. Do mesmo modo que o presidencialismo de coalizão responde a questões estruturais do sistema político e da sociedade brasileira, é possível dizer que quando o presidente não consegue manter um amplo apoio dos partidos e de diversos setores sociais quase que naturalmente surge um "vice-presidencialismo de conspiração". Isso já aconteceu antes, como nos casos de Collor e Dilma no período mais recente.

Pode-se acusar os vices de conspiradores, todavia, a maior causa desse processo está na inabilidade dos presidentes. Sempre se fala bem de Marco Maciel e José Alencar, pela sua lealdade em relação ao companheiro de chapa presidencial. Isso é verdade. Só que o comportamento deles esteve muito vinculado à qualidade da liderança e dos governos de Fernando Henrique e Lula, que conseguiram manter, por um longo tempo, um apoio político e social que era maior do que os seus partidos. Do outro lado do fenômeno, Itamar e Temer foram vistos como alternativa de poder quando a possibilidade de impeachment surgiu, mas vale lembrar que não eram vistos com bons olhos antes. A instabilidade e a mudança política derivaram mais dos erros dos respectivos presidentes do que pela grande capacidade conspiratória dos vices.

O presidente Bolsonaro e parte dos seus apoiadores precisam aprender com a história recente do país. Mais ainda agora, num momento em que o Brasil, mesmo se fizer reformas certas, vai demorar pelo menos dois anos para sair da crise econômica e social. Em vez de brigar com Mourão, deveriam tê-lo como ponte junto aos atores que não são bolsonaristas de raiz. Sem esse elo, a travessia será mais difícil e pode nos levar não ao Éden, mas a uma nova instabilidade política do presidencialismo de coalizão, antessala do "vice-presidencialismo de conspiração".

 
Fernando Abrucio - Valor Economico 


quinta-feira, 21 de março de 2019

Bolsonaro, Pujol, o Exército e a lembrança de 1964

A polarização da sociedade durante a eleição deve conhecer uma nova batalha em torno de como governo lembrará os fatos acontecidos em 31 de março: golpe de Estado ou uma contrarrevolução?

[é essencial que o 55º aniversário do Contragolpe de março 64, seja comemorado em grande estilo - se hoje somos uma democracia, agradecemos a DEUS que propiciou ao Brasil a  Redentora e com isso não nos transformaram em uma Cuba ou Venezuela.

Os que não concordarem que o MOVIMENTO REVOLUCIONÁRIO de 31 de março foi um CONTRAGOLPE, estejam à vontade para não comemorar, permaneçam em casa.

BRASIL, acima de todos! DEUS, acima de TUDO!] 

Caro leitor,
A polarização da sociedade durante a eleição de Jair Bolsonaro retratada pelo jornal deve conhecer uma nova batalha nos próximos dias. Ela se dará em torno de como o governo lembrará os fatos acontecidos em 31 de março e em 1.º de abril de 1964 (leia aqui o especial que o Estado fez nos 50 anos da data). O comandante do Exército, o general Edson Pujol, afirmou aos seus subordinados que qualquer orientação sobre como tratar o fato deve partir do escalão superior, neste caso, o Ministério da Defesa. Se ela faltar, a ordem é manter o padrão dos anos anteriores.

Não haverá manifestação do Alto-Comando ou de quem quer que seja na Força. Para o Exército, não há nada de novo que justifique uma mudança daquilo que a instituição faz há muito tempo. A data – um evento histórico, alegam os generais - nunca foi esquecida nas unidades militares. Exemplo disso é o nome da biblioteca da Escola de Comando e Estado-Maior do Exército, a Eceme, responsável por formar os futuros oficiais generais: Biblioteca 31 de Março. 

O que há de diferente neste ano é a pessoa que ocupa a Presidência da República. Ou seja, Jair Bolsonaro. “O Exército como instituição não vai tapar os olhos para o fato histórico. Dentro do ambiente militar, a percepção sobre 1964 é muito diferente daquela existente, por exemplo, no PSOL”, afirmou um general ao Estado. No Comando do Exército se espera uma manifestação comedida e equilibrada. Não se pretende substituir a visão que “prevaleceu até dois anos atrás”, que tratava como heróis os “falsos defensores da democracia”, por uma visão laudatória.A minha perspectiva é de que o pêndulo se mova em direção a um ponto de equilíbrio, o que não significa excluir críticas ao 31 de Março”, disse o general. O Exército aguarda a diretriz do ministro e este, por sua vez, a do presidente. 

O historiador francês Marc Bloch dizia que o passado era, por definição, “um dado que coisa alguma podia modificar”. Era nele que se devia capturar o homem, ou melhor, os homens, o verdadeiro objeto da história. O homem em seu tempo e espaço. Mas, se os fatos não mudam, sua interpretação depende do conhecimento acumulado que, a partir de condições históricas transformadoras, permite o desenvolvimento de perspectivas diferentes a cada geração. Colega de ofício de Bloch, Jacques Le Goff acreditava que a obra de um historiador não sobreviveria por mais de 50 anos.. Em Memória e História, Le Goff analisa o que há por trás das visões em torno do passado. “Tornar-se senhor da memória ou do esquecimento é uma das grandes preocupações das classes, grupos e indivíduos que dominam e dominaram as sociedades históricas.” 

Essa é a disputa que Bolsonaro quer reabrir sobre 1964. A começar pela definição do que houve há 55 anos: um golpe de Estado, uma contrarrevolução, um atentado à democracia ou a afirmação desta diante da ameaça comunista? Nos últimos 30 anos, os governos não tiveram dúvidas sobre o que se passara. A maioria deles na Nova República não hesitou em usar a clássica definição de coup d’état para classificar a ação de civis e militares que derrubou o governo de João Goulart. Trata-se de “um ato realizado por órgãos do próprio Estado” - segundo diz o Dicionário de Política, organizado por Norberto Bobbio -, levado a cabo por grupos militares ou pelas Forças Armadas como um todo, que pode ou não vir acompanhado de mobilização social. Sua consequência mais comum é a simples mudança da liderança política e, habitualmente, ele é seguido pelo reforço da máquina burocrática e policial e pela dissolução de partidos políticos. O caso brasileiro parece, portanto, encaixar-se na definição da ciência política para golpe de Estado.

Durante esses anos todos, Jair Bolsonaro demonstrou ter uma leitura diferente. Negava até a existência de uma ditadura no período, coisa que a cúpula do regime nunca refutou, pelo menos desde a promulgação do AI-5 – basta ouvir a gravação da reunião presidencial que decidiu pela adoção do ato institucional. “Às favas com a consciência”, disse o então ministro Jarbas Passarinho, um dos participantes da reunião. Depois, soltava rojões no 31 de Março, enquanto os governos da Nova República determinavam aos quartéis reserva e comedimento na lembrança do fato histórico.

Em 1996, um outro oficial da reserva se manifestou sobre a data. Dizia querer “reequilibrar uma versão da história que só contemplava a visão dos vencidos em 1964”. Era o general Antonio Carlos de Andrada Serpa. Para ele, os militares erraram ao não publicar “um livro verde e amarelo, explicando como esses mesmos esquerdistas que hoje nos governam levaram uma pequena fração da mocidade brasileira ao terrorismo, ao roubo, assaltos, sequestros e justiçamentos”.
 
O presidente Geisel puniu os abusos ao demitir o comandante do 2.º Exército, general Ednardo D'Ávila Mello, traído por maus auxiliares”. Para Serpa, Geisel teria sido obediente ao “princípio militar de que o chefe é responsável por tudo o que fizer ou deixar de fazer (C 101-5, Estado-Maior e Ordens)".

O general concluiu então o documento lembrando o exemplo de Caxias. “Quando solicitado a comemorar a vitória sobre os farrapos, em 1845, (Caxias) respondeu: ‘Não, antes rezemos um Te Deum pelas almas dos imperiais e farroupilhas, pois eram brasileiros’. Reconhecer o idealismo equivocado dos terroristas e os excessos da repressão será um convite à verdadeira Anistia e Justiça”, concluiu o general.

Para seus colegas de hoje, é “o espírito de Caxias que deve prevalecer, pois essa é a tradição do Exército”. Resta saber se Bolsonaro vai mandar ao Ministério da Defesa que cumpra essa tradição ou que inaugure outra, a do conflito, em vez do equilíbrio desejado pelos militares. Vale lembrar que o 31 de Março deste ano cai em um domingo, dia em que Bolsonaro costuma ficar sozinho com o celular e o Twitter à sua disposição.

Política - Marcelo Godoy - O Estado de S. Paulo
 

 


sábado, 23 de fevereiro de 2019

Política não rima com radicalização

Vivemos um momento de transição. A Nova República foi sepultada pelas urnas no último mês de outubro. O velho regime não resistiu frente às grandes manifestações de rua de 2015 e 2016.  O processo de impeachment de Dilma Rousseff foi o seu estertor. Como todo processo de transição, há a combinação de antigas formas de fazer política com as novas. E essas últimas são múltiplas e muitas vezes antagônicas entre si. A novidade também padece de racionalidade.

Os primeiros dias da presidência Bolsonaro e do novo Congresso Nacional foram marcados por muita agitação política. As eleições para as mesas diretoras foram animadas — especialmente para o Senado. O velho ramerrão congressual parece coisa do passado. O desafio é construir uma nova prática parlamentar, dinâmica, antenada com as ruas mas que se paute pela conduta democrática e edificar maiorias pelo debate político, pelo convencimento, e não pela força, pela agressão barata.

Os primeiros sinais de extremismo já são notados. E deverão se acentuar quando forem debatidos temas polêmicos, como a reforma da Previdência e o pacote de leis encaminhado pelo ministro Sergio Moro. O palco dos embates mais acesos deverá ser ocupado pelos extremistas. Eles necessitam dar uma resposta aos seus eleitores que se alimentam do ódio, não da saudável convivência dos contrários. E, tudo indica, poderemos ter cenas de pugilato na Câmara dos Deputados.

Parte da renovação política — que foi muito saudável, registre-se — acabou produzindo parlamentares que são mais atores do que políticos. Representam seus papéis para as galerias. Não conhecem o trâmite parlamentar, possuem uma formação política rudimentar, têm enorme dificuldade de dialogar com aqueles que não rezam pelo seu credo. Vão criar problemas, inevitavelmente. Já é possível notar o desejo de a todo custo ocupar a mídia com ações espetaculosas, sem nenhum conteúdo político. Para esses, o importante é — a qualquer preço — chamar a atenção do público. A política é espetáculo para ser imediatamente reproduzido nas redes sociais.

Todo esse cenário faz parte de um período de transição. Estranho seria se após o final do velho regime (a Nova República) surgisse imediatamente uma nova elite política. Isso só vai ocorrer após um processo de depuração. O problema é que o Brasil necessita de soluções imediatas para enfrentar os graves problemas nacionais.

Estranho seria se após o final do velho regime (a Nova República) surgisse imediatamente uma nova elite política

 Marco Antonio Villa

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2019

Legislação de Exceção

“Contribuir para a defesa da Democracia e da Liberdade, traduzindo um País com projeção de Poder e Soberano. Deve ser o nosso Norte!”                                              

O Presidente Bolsonaro declarou que governará tendo como guia a Constituição Cidadã. Se tal acontecer, integralmente, demorar-se-à o PAÍS a livrar-se da  herança maldita do PT. Defrontar-se-à com oposição radical no Congresso (provavelmente maioria) e da qual participam PSB, PDT, PC do B, PSOL, Rede, Pros e PV totalizando 148 parlamentares. A esta oposição se juntará outra, a do PSDB em seu total (29 dep), ou parcialmente, e a  do PT (a maior bancada da Câmara, 56 dep). Esta última, capaz de realizar ações violentas, por meio de organizações sociais, como o MST, MTST e sindicatos, entre outras.

O áudio que afundou Lula e revelou a (P O D R I D Ã O) da cúpula Petista

Aliás, ações já prometidas por lideranças criminosas como  José Dirceu. Há que enfatizar que a oposição está infiltrada nos poderes da República, principalmente no Judiciário, e, não menos, nas redações dos Meios de Comunicação, nas universidades, escolas e no Meio Religioso. Tal situação ficou comprovada durante os governos petistas, em  alguns dos julgamentos  oriundos da “Lava Jato”, no decorrer da última campanha eleitoral e, ainda, agora. A declaração de Bolsonaro de que irá rever demarcações de terras indígenas, como a da “Reserva Raposa Serra do Sol”, verdadeiro crime de “lesa pátria”, já encontra cerrada oposição de políticos, de juristas e de diversas entidades indigenistas, incluso estrangeiras.

Será que decisões que ferem a Soberania e os interesses  nacionais não podem ser revistas e anuladas porque o Legislativo ou o STF, aparelhados ideologicamente, assim o decidiram anteriormente? Em passado recente, a passividade de autoridades irresponsáveis, permitiu a criação do Ministério da Defesa por pressão do governo dos USA, a interrupção do Programa Nuclear e a adesão aos tratados que proíbem o desenvolvimento e posse de armamento nuclear e a construção de mísseis de alcance superior a 300 Km. Assim, impediram o fortalecimento de nossa Defesa Externa, a exploração do espaço e a geração de importantes tecnologias de ponta, essenciais para agregar valor aos nossos produtos de exportação. 

Tornamo-nos País de segunda categoria em matéria de Poder Militar, com Política Externa “softpower”, enfraquecendo qualquer tentativa de projeção de Poder além- mar, graças à covardia de presidentes como FHC, Fernando Collor, Lula, Dilma e outros mais. Apoiar-se-á, Bolsonaro, numa Constituição que se mostrou, durante todos esses anos de Nova República, privilegiando mais direitos do que deveres e incapaz de propiciar soluções para conflitos políticos em se tratando de um presidencialismo de coalizão? A enfatizar que é uma Carta Magna construída ao final dos governos militares, em clima emocional explorado pela demagogia de raposas políticas de então como Ulisses Guimarães, Tancredo Neves e outros de igual comportamento.

Hoje, mais importante do que a reforma da Previdência, prioritário e urgente, sendo o maior problema inerente à Segurança Nacional, é o combate ao “crime organizado”, ao contrabando de armas, ao descaminho, ao tráfico de drogas e à lavagem de dinheiro, cada vez mais alarmantes e crescentes. Temos uma legião de jovens destruída pelas drogas, 70.000 assassinatos por ano. A complicar, o advento de ações terroristas, real Guerra de Guerrilhas, como agora, no Ceará, e possível de alastrar-se por todo o Brasil. Quase 1milhão de presidiários e intenso sentimento de insegurança que permeia a Sociedade Nacional. 

Vivemos o absurdo da existência de mini estados ilegais dentro do próprio Estado Nacional. Sociedade fraturada, a imagem do País maculada internacionalmente, afastando turistas e investimentos estrangeiros. A agravar, a diminuta capacidade de combate de nossas forças policiais, causada pela falta de efetivos, de equipamentos, de modernos armamentos, de mobilidade e de novas tecnologias para os enfrentamentos necessários. A ressaltar, a Legislação inadequada e  organizações civis e imprensa com bandeiras surreais de respeito aos DH de bandidos. 

A leniência das autoridades responsáveis, nestes últimos 34 anos de desgoverno e de alta corrupção, nos levaram a um impasse atual: ou combatemos, com urgente prioridade, tais organizações criminosas, “inimigas” da Nação, propiciando às Forças Armadas e forças policiais o que for necessário em matéria de recursos e, também, uma “TEMPORÁRIA Legislação de Exceção”, incluso com a adoção da pena de morte para humanos criminosos ou estaremos condenando, a cada dia, os Humanos Direitos, sem direitos humanos, à insegurança e a uma inaceitável PENA DE MORTE!

TOLERÂNCIA, NUNCA! IMPUNIDADE,JAMAIS!

Marco Antonio Felício da Silva é General de Divisão, na reserva.

Blog Alerta Total - Jorge Serrão

sábado, 1 de dezembro de 2018

O Rio é a síntese do Brasil

O Rio não é exceção; antes, é regra.  A prisão do governador do Rio, Luiz Fernando Pezão, em pleno exercício do cargo, reveste-se de profundo sentido simbólico.  Resume a política brasileira contemporânea, em que o Estado e suas instituições foram capturados pelo crime organizado. Ele está nos três Poderes. A Lava Jato, uma operação policial, tornou-se, por isso mesmo, estuário das esperanças nacionais. Fato inédito.

Além dos quatro últimos governadores – Garotinho, Rosinha, Sérgio Cabral e Pezão -, estão presos os três últimos presidentes da Assembleia Legislativa fluminense e todo o Tribunal de Contas do Estado (à exceção de uma ministra, nomeada ao tempo em que os outros embarcavam no camburão), além de procuradores e juízes. O Rio não é exceção; antes, é regra. Nem é a cidade mais violenta do Brasil: no ranking nacional, é a 22ª.

Mas, como cidade-síntese da nacionalidade – foi capital em suas três fases históricas (colônia, império e república) -, é um retrato do país, que tem hoje um ex-presidente (Lula) preso e os dois que o sucederam (Dilma e Temer) já na condição de réus. O presidente que, dentro de um mês, sai se empenha em conceder um indulto a amigos, políticos que incidiram no crime de corrupção – o mesmo de que é acusado -, com plena recepção do STF (que já contabilizou os seis votos necessários para aprová-lo).  A eleição de Jair Bolsonaro, um deputado que por quase três décadas integrou o chamado baixo clero da Câmara, decorre desse quadro moralmente devastado. Bolsonaro concentrou sua atuação parlamentar, sempre vista como irrelevante, quando não caricatural, na denúncia do crime e da corrupção generalizada.

Fez dessas questões, negligenciadas por todos os governos da chamada Nova República, a bandeira de sua candidatura presidencial vitoriosa. Expressou numa linguagem que alguns consideram tosca o que todos identificam na realidade mais imediata da vida. As chamadas grandes questões – na economia, na organização do Estado, no campo ideológico – perdem relevância diante do cotidiano infernal que o cidadão enfrenta. E é simples entender: para discuti-las, é preciso estar vivo. E as cidades brasileiras tornaram-se sucursais da Faixa de Gaza. Quem quer investir num lugar assim?  A partir do óbvio, consolidou-se a candidatura Bolsonaro, que, partindo de aliados simplórios, agregou apoios mais graduados e hoje transcende o seu ambiente de origem. O desafio que se impõe é o de transformar o ecossistema político brasileiro. Nada menos. E isso o torna persona non grata de todo o establishment.

Essa, na verdade, foi a promessa que o PT, na sua origem, fazia ao eleitorado. Prometia um mundo novo, livre da corrupção.
No poder, repetiu (e levou ao paroxismo) os erros que sempre denunciou, transformando-se de partido político em organização criminosa que se apoderou do Estado brasileiro”, nas palavras do ministro Celso de Melo, do STF, quando do julgamento do Mensalão. A montagem do Ministério, feita às claras – e por isso mesmo tendo suas divergências e contradições expostas ao público -, desafia o chamado presidencialismo de coalizão (ou de cooptação), ao minimizar a consulta aos partidos.
O risco é que derive para o tecnocratismo, que, ao prescindir da política, se distancia também da realidade.

Ruy Fabiano - Blog do Noblat - Revista VEJA

 

quinta-feira, 1 de novembro de 2018

Bolsonaro, o ‘mito’, derrotou a ‘ideia’ Lula

O presidente eleito fez da megalomania do ex-presidente presidiário sua força



José Nêumanne (publicado no Estadão)

Desde 2013 que o demos (povo, em grego) bate à porta da kratia (governo), tentando fazer valer o preceito constitucional segundo o qual “todo poder emana do povo” (artigo 1.º, parágrafo único), mas só dá com madeira na cara. Então, em manifestações gigantescas na rua, a classe média exigiu ser ouvida e o poste de Lula, de plantão no palácio, fez de conta que a atendia com falsos “pactos” com que ganhou tempo. No ano seguinte, na eleição, ao custo de R$ 800 milhões (apud Palocci), parte dessa dinheirama em propinas, ela recorreu a um marketing rasteiro para manter a força.

Na dicotomia da época, o PSDB, que tivera dois mandatos, viu o PT chegar ao quarto, mas numa eleição que foi apertada, em que o derrotado obtivera 50 milhões de votos. Seu líder, então incontestado, Aécio Neves, não repetiu o vexame dos correligionários derrotados antesSerra, Alckmin e novamente Serra ─ e voltou ao Senado como alternativa confiável aos desgovernos petistas. Mas jogou-a literalmente no lixo, dedicando-se à vadiagem no cumprimento do que lhe restava do mandato. O neto do fundador da Nova República, Tancredo Neves, deixou de ser a esperança de opção viável aos desmandos do PT de Lula e passou a figurar na galeria do opróbrio ao ser pilhado numa delação premiada de corruptores, acusado de se vender para fazer o papel de oposição de fancaria. O impeachment interrompeu a desatinada gestão de Dilma, substituída pelo vice escolhido pelo demiurgo de Garanhuns, Temer, do MDB, que assumiu e impediu o salto no abismo, ficando, porém, atolado na própria lama.


Foi aí que o demos resolveu exercer a kratia e, donas do poder, as organizações partidárias apelaram para a força que tinham. Garantidas pelo veto à candidatura avulsa, substituídas as propinas privadas pelo suado dinheiro público contado em bilhões do fundo eleitoral, no controle do horário político obrigatório e impunes por mercê do Judiciário de compadritos, elas obstruíram o acesso do povo ao palácio.  Em janeiro, de volta pra casa outra vez, o cidadão sem mandato sonhou com o “não reeleja ninguém” para entrar nos aposentos de rei pelas urnas. Chefões partidários embolsaram bilhões, apostaram no velho voto de cabresto do neocoronelismo e pactuaram pela impunidade geral para se blindarem. Mas, ocupados em só enxergar seus umbigos, deixaram que o PSL, partido de um deputado só, registrasse a candidatura do capitão Jair Bolsonaro para conduzir a massa contra a autossuficiência de Lula, ladrão conforme processo julgado em segunda instância com pena de 12 anos e 1 mês a cumprir. O oficial, esfaqueado e expulso da campanha, teve 10 milhões de votos a mais do que o preboste do preso.

Na cela “de estado-maior” da Polícia Federal em Curitiba, limitado à visão da própria cara hirsuta, este exerceu o culto à personalidade com requintes sadomasoquistas e desprezo pela sorte e dignidade de seus devotos fiéis. Desafiou a Lei da Ficha Limpa, iniciativa popular que ele sancionara, transformou um ex-prefeito da maior cidade do País em capacho, porta-voz, pau-mandado, preposto, poste e, por fim, portador da própria identidade, codinome, como Estela foi de Dilma na guerra suja contra a ditadura. Essa empáfia escravizou a esquerda Rouanet ao absurdo de insultar 57 milhões, 796 mil e 986 brasileiros que haviam decidido livrar-se dele de nazistas, súditos do Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães, que não se perca pelo nome, da Alemanha de Weimar: a ignorância apregoada pela arrogância.

Com R$ 1,2 milhão, 800 vezes menos do que Palocci disse que Dilma gastara há quatro anos, oito segundos da exposição obrigatória contra 6 minutos e 3 segundos de Alckmin na TV, carregando as fezes na bolsa de colostomia e se ausentando dos debates, Bolsonaro fez da megalomania de Lula sua força, em redes sociais em que falou o que o povo exigia ouvir.  A apoteose triunfal do “mito” que derrotou a “ideia” produziu efeitos colaterais. Inspirou a renovação de 52% da Câmara; elegeu governadores nos três maiores colégios eleitorais; anulou a rasura na Constituição com que Lewandowski, Calheiros e Kátia permitiram a Dilma disputar e perder a eleição; e forçou o intervalo na carreira longeva de coveiros da república podre.

O nostálgico da ditadura, que votou na Vila Militar, tem missões espinhosas a cumprir: debelar a violência, coibir o furto em repartições públicas e estatais, estancar a sangria do erário em privilégios da casta de políticos e marajás e seguir os exemplos impressos nos livros postos à mesa para figurar no primeiro pronunciamento público após a vitória, por live. Ali, repousavam a Constituição e um livro de Churchill, o maior estadista do século 20.

Não lhe será fácil cumprir as promessas de reformas, liberdade e democracia, citadas na manchete do Estado anteontem. Vai enfrentar a oposição irresponsável, impatriótica e egocêntrica do presidiário mais famoso do Brasil, que perdurará até cem anos depois de sua morte. E não poderá fazê-lo com truculência nem terá boa inspiração nos ditadores que ornam a parede do gabinete que ocupou. Sobre Jânio e Collor, dois antecessores que prometeram à cidadania varrer a corrupção e acabar com os marajás, tem a vantagem de aprender com os erros que levaram o primeiro à renúncia e o outro ao impeachment.

Talvez o ajude recorrer a boas cabeças da economia que trabalharam para candidatos rivais, como os autores do Plano Real e a equipe do governo Temer, para travarem o bom combate ocupando o “posto Ipiranga” sob a batuta de Paulo Guedes. Poderá ainda atender à cidadania se nomear bons ministros para o Supremo Tribunal Federal e levar o Congresso a promover uma reforma política que ponha fim a Fundo Partidário, horário obrigatório e outros entulhos da ditadura dos partidos, de que o povo também quer se livrar em favor da sonhada igualdade.


Blog do Augusto Nunes - Veja

quinta-feira, 14 de junho de 2018

País sequestrado por um condenado preso

Quem cai na história de que político nenhum presta, acaba escolhendo um entre tantos condenados que no passado mais recente lhes “encheram o bucho”

José Nêumanne

Os resultados da última pesquisa Datafolha, publicada domingo pela Folha de S.Paulo, não podem ser considerados definitivos para prenunciar a apuração da eleição de daqui a quatro meses porque representam um retrato atual, como sempre, nunca uma profecia exata. E também porque revelam agora uma decisão que muitos cidadãos ainda estão por tomar. Configuram, contudo, e ao que parece de forma cristalizada, tendências que dificilmente mudarão, pois refletem uma situação antiga, crônica, lógica e irrefutável.

Os 30% de preferência pelo soit-disant presidenciável do Partido dos Trabalhadores (PT), Luiz Inácio Lula da Silva, impressionam por dois motivos. Antes de tudo, porque ele foi condenado em segunda instância pelo Tribunal Regional Federal da 4.ª Região, em Porto Alegre, a 12 anos e 1 mês por corrupção e lavagem de dinheiro. E é inelegível. Em segundo lugar, por cumprir pena em Curitiba e, portanto, não ser disponível para participar de comícios, carreatas e até, conforme presume quem tem bom senso, gravar pronunciamentos para a propaganda nada gratuita no rádio e na televisão.

O comportamento inusitado da Justiça, permitindo-lhe um dia a dia não vivido por outro preso comum e ele é apenas mais um , pode pôr em questão a segunda afirmativa. Mas, por enquanto, prever a continuação dessa anomalia, vencidos os prazos legais para o registro de candidaturas, não é realista.  A fidelidade de quase um terço do eleitorado brasileiro ao carisma do mais popular líder político e mais famoso presidiário do País, a esta altura do campeonato, confirma uma evidência e nega uma lenda urbana. O primeiro lugar no ranking atesta que a emoção é decisiva no ato de digitar o número do pretendente na máquina de votar. E o petista é, disparado, o único dos que se apresentaram à liça a despertar a paixão do cidadão, seja por afeto, seja por repulsa. Mas também, por paradoxal que pareça, o voto em quaisquer nível social e escolaridade é decidido pelo estômago e pelo bolso.

“Ora (direis) ouvir estrelas! Certo, perdeste o senso”, resmungará o leitor aflito, citando o repetido verso de Olavo Bilac. Afinal, além de condenado, Lula responde na Justiça a mais seis processos criminais, que, juntos, o desmascaram na chefia de uma organização criminosa que levou a Petrobras à falência, quebrou as contas públicas, esfolou a economia a ponto de gerar 24 milhões de desempregados e desiludidos, conforme o confiável IBGE, e indicou os dois presidentes mais desastrados e, por isso mesmo, mais impopulares da História: a companheira petista Dilma Rousseff e o cúmplice Michel Temer, do PMDB. Sem Temer, Dilma não teria sido eleita. Sem os votos do PT, Temer não seria presidente. [registro indispensável: apesar do fato de Michel Temer estar fazendo um governo desastrosa, cabe registrar de forma indelével que ele teve contra si duas denúncias, antipatrióticas por prejudicar mais ao Brasil do que ao denunciado e por nenhuma delas ser fundada em provas lícitas e incontestáveis;
contra Temer existe a indecisão, a leniência que desautoriza, mas, a seu favor não pode ser olvidado que alguma melhora - apesar de todos os percalços - ele conseguiu realizar na economia;
já Dilma era um fracasso atrás do outro, uma asneira seguindo outra, um verdadeiro desastre em todos os aspectos. 
por tudo isso, há ingratidão em colocar Dilma e Temer no mesmo cesto = mais adequado  para Temer um cesto para Dilma um saco de lixo.]

É aí que entra neste raciocínio a negação de que o brasileiro não tem memória, uma lenda antiga e frágil. Os apressadinhos, que, conforme ensinava vovó, comem cru ou sapecado, arguirão que, ao desprezarem os dados da realidade que fazem de Lula um réprobo, e não os quindins de iaiá, os brasileiros que vegetam abaixo da linha da pobreza não têm memória mesmo e ponto final. Alto lá! História é uma coisa, memória é outra. A História é objetiva, relata fatos indesmentíveis, questiona mitos aparentemente indestrutíveis. A memória é subjetiva. Cada um tem a sua. A lembrança dos fatos ao redor é sempre imprecisa e traiçoeira. A recordação dos benefícios pessoais é permanente. Os que asseguram que votarão em Lula têm a memória gostosa dos tempos de ouro do crédito fácil e do acesso à proteína barata sobre a mesa da família.

A História revela que a inflação acabou, o poder de compra da moeda permitiu o acesso das famílias pobres ao consumo inatingível, por obra e graça do Plano Real, do câmbio flutuante e da Lei de Responsabilidade Fiscal, sob a égide do tucano Fernando Henrique. Mas a memória ressuscita o crédito farto e fácil e é isso que segura Lula no topo das pesquisas.  Detratores de institutos de opinião poderão até constatar que os índices recentes não se confirmarão. Mas dificilmente as tendências serão desmentidas. A principal delas é a novidade que ameaça surgir do panorama visto da pinguela sobre a fossa: a disseminação generalizada de que político nenhum presta mesmo e, então, o melhor é escolher um entre tantos condenados que no passado mais recente lhes “encheram o bucho”, como se diz em meu Nordeste de origem, região tida como baluarte lulista. Sabe o “rouba, mas faz”? Pois…

Em 2013, a população foi à rua protestar contra tudo e no ano seguinte reelegeu Dilma e Temer, dois precipícios para a tragédia. Em 2016 o eleitor surrou o PT porque a Lava Jato levou o partido aos tribunais e às prisões. Presos em Curitiba estão todos os chefões petistas: o próprio Lula, Zé Dirceu e Palocci. E, pior de tudo, três ex-tesoureiros ─ Delúbio, Vaccari e Paulo Ferreira ─ tiveram o mesmo destino. Há quem lembre diante desse fato que a organização criminosa, vulgo quadrilha, se afigura na forma da lei com a reunião de mais de quatro membros. Ou seja…

Em 2014 o PSDB fez de Aécio Neves a esperança anti-PT para pelo menos metade da sociedade, que não cai na lábia do profeta de Vila Euclides. O neto de Tancredo Neves, ilusão da Nova República abatida pela septicemia, contudo, protagonizou a maior frustração política da nossa História. Denunciado por um suspeito de ter enriquecido pelo compadrio de Lula e asseclas, gravado anunciando a morte do primo, caso este o delatasse, o mineiro poderia ter passado em branco pela inutilidade que protagonizou em seu mandato de senador pelo Estado mais habilidoso do Brasil. Mas fez muito pior, ao mostrar que seu adversário-mor comprou até a oposição fajuta em que ele mandava.
Lula nem precisará candidatar-se para encarnar o paradoxo deste país surreal, que mantém sob sequestro em sua cela de preso comum: beneficia-se por ter escolhido sucessores que quebraram o Brasil e pagou à oposição para anulá-la.

Publicado no Blog do Nêumanne