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quarta-feira, 31 de agosto de 2022

Os comícios do passado acontecem, hoje, nos celulares

Alexandre Garcia

A campanha eleitoral está nas ruas, nas redes sociais e nos meios de informação. Se a medida do interesse forem as entrevistas e os debates na tevê, até agora o engajamento do eleitor está baixo

Falta um mês para a eleição e é bom lembrar como lição o que está acontecendo no Chile. Sábado, os 15 milhões de eleitores chilenos irão obrigatoriamente às urnas para aprovar ou rejeitar uma nova Constituição. Todas as pesquisas estão prevendo uma rejeição em torno de 60%. A Constituição, de 388 artigos, extingue o Senado, cria justiça indígena, diminui o poder da polícia, aumenta a possibilidade de aborto e atende a muitas inspirações de cunho marxista tudo o que contraria um país de maioria conservadora. [tem que ser rejeitada para o bem de milhões chilenos e salvação do Chile - a Constituição proposta é fruto de tudo de ruim que a esquerda, os comunistas e seus sequazes, defendem.
Em nome da defesa de uma pseudo democracia, querem destruir uma nação andina. Tudo que não presta é valorizado no texto que será em breve rejeitado e jogado no esgoto.]

Como aconteceu? É que sendo o voto facultativo, a maioria se absteve, ficou com preguiça de votar, e apenas cerca de um terço dos eleitores escolheram os 154 constituintes, dos quais uns 120 são de esquerda. Agora, no plebiscito, com voto obrigatório, tudo indica que os que se abstiveram vão rejeitar o trabalho ['trabalho' que produziu lixo.] de mais de ano dos constituintes.

Nós, eleitores com mais de 70, que não somos obrigados a votar, somos quase 10% do eleitorado — perto de 15 milhões de pessoas. Somos os que testemunhamos por mais tempo a política brasileira; os que por mais tempo conhecemos a política e os políticos que agora se submetem ao voto; e, teoricamente, somos os que mais identificamos enganadores e mentirosos — não por nossa erudição, mas por nosso tempo de vida.

Assim, companheiro com mais idade, não fique em casa no 2 de outubro e vá votar, como eu. E mais de 2 milhões jovens eleitores de 16 e 17 anos que não são obrigados a votar, alistaram-se na oportunidade de não ficar alheios a uma decisão que afeta seu futuro, sua renda, sua felicidade.

A campanha eleitoral está nas ruas, nas redes sociais e nos meios de informação. Se a medida do interesse forem as entrevistas e os debates na tevê, até agora o engajamento do eleitor está baixo. 
Longas e entediantes perguntas nas entrevistas e excesso de luzes e de apresentadores no debate, não conseguiram atrair mais gente para o show.

Mas se forem consideradas as manifestações nas redes sociais, os marqueteiros dos partidos vão acabar percebendo que os comícios do passado acontecem, hoje, nos celulares, com uma grande vantagem: a participação ativa dos eleitores. Os que não aprenderam isso, em 2018, vão ficar em desvantagem.

Aqui o voto é obrigatório, mas como as sanções são minúsculas, fica o aviso: na Colômbia, 18 milhões se abstiveram e 11 milhões elegeram o presidente.

Nossa tendência é nos concentrarmos na escolha do chefe do Executivo, mas o presidente e o governador só conseguem realizar suas promessas se tiverem Senado e Câmara — e assembleias legislativas favoráveis. Faltando um mês para o 2 de outubro, é hora de pensarmos em escolher — seja qual for o critério — além do presidente e do governador, também o senador e os nossos deputados.

O bom uso do poder do voto influencia o futuro bem além dos quatro anos de mandato. Administrações desastrosas deixam marcas nos nossos bolsos, no nosso bem-estar e no moral da nação.

Alexandre Garcia, colunista - Correio Braziliense 

 

sexta-feira, 20 de maio de 2022

O golpe que nunca existiu - Revista Oeste

Silvio Navarro

Agora em parceria com senadores e ministros do STF, o consórcio de imprensa continua tentando emplacar a fantasia de que Bolsonaro ameaça a democracia brasileira 

Em agosto do ano passado, a Edição 75 de Oeste publicou um artigo de J.R. Guzzo intitulado “Manual Prático do Golpe”. O texto explicava por que dar um golpe de Estado, ao contrário do que acham os editoriais, os cientistas políticos de esquerda e alguns políticos, não é um negócio simples. A 90 dias do início oficial da campanha eleitoral, o consórcio de imprensa continua tentando emplacar a fantasia de que uma virada de mesa está em curso no país.
 
Ministros do STF entrando no plenário | Foto: Montagem Revista Oeste/STF/SCO/Shutterstock
Ministros do STF entrando no plenário -  Foto: Montagem Revista Oeste/STF/SCO/Shutterstock

Nas últimas semanas, manchetes de festim sobre a ameaça que Bolsonaro representa à democracia aumentaram em escala só comparada ao noticiário da covid. Foram dezenas de títulos sobre golpismo, planos secretos, temor internacional e desrespeito à Constituição. Alguns articulistas decretaram que o presidente não deixará o poder, seja qual for o resultado das urnas. Outros defendem abertamente a ideia de que é preciso tirá-lo de lá custe o que custar.

Uma premissa básica do texto jornalístico é responder a algumas perguntas logo nos primeiros parágrafos: o que, quem, quando, onde, como e por que. No caso do golpe iminente, nenhuma delas parece fazer sentido. A única base da histeria permanente é o #EleNão — ou seja, a ideia de que Bolsonaro não pode continuar. Trata-se de um golpe que só existe nas páginas dos jornais.

Na segunda-feira 16, por exemplo, a Folha de S.Paulo publicou uma reportagem com a teoria. Apenas alguns políticos de oposição, como Gleisi Hoffmann (PT), Carlos Lupi (PDT) e Carlos Siqueira (PSB) concordaram, o que era previsível. O tucano Bruno Araújo recusou o termo “golpe” e topou “ameaça ao Estado de Direito”. O jornal achou o silêncio da maioria um absurdo. Como não encontrou figuras representativas da sociedade dispostas a levar a tese a sério, o problema foi resolvido logo no título: Partidos veem risco de golpe de Bolsonaro, e autoridades se calam.

“A Folha procurou nos últimos dias os chefes dos três Poderes, de Tribunais Superiores, do Ministério Público Federal e dos principais partidos políticos, além dos presidenciáveis e de entidades representativas do empresariado e da sociedade civil”, dizia o texto, reproduzido com destaque pelo portal UOL. “Nenhuma das autoridades da República quis se manifestar sobre o assunto”

 

Das 13 entidades procuradas pelo jornal, só responderam a Associação Brasileira de Imprensa (ABI), cuja militância de esquerda é conhecida, e o pastor Samuel Câmara, da Convenção da Assembleia de Deus no Brasil (CADB). As outras nem sequer quiseram participar da enquete. A pesquisa era composta de duas perguntas, elaboradas pelos editores do jornal. Foram apresentadas três alternativas de respostas.

Pergunta 1: Recentes declarações de Bolsonaro em tom de ameaça sobre as eleições e de ataques a ministros do STF e do TSE se encaixam melhor em qual cenário?

  1. a) Os ataques e as ameaças são um comportamento golpista que precisa ser levado a sério
  2. b) As declarações de Bolsonaro são apenas um blefe ou um discurso vazio sem consequências
  3. c) Bolsonaro faz críticas dentro de sua liberdade de expressão e assim o tema deve ser tratado

Pergunta 2: O país deve se preocupar com a possibilidade de Bolsonaro tentar melar as eleições antes e depois da votação?

  1. a) Eleições estão em risco e país deve se preocupar com possibilidade de Bolsonaro tentar melá-las
  2. b) Eleições não estão em risco, mas país deve se preocupar com possibilidade de Bolsonaro tentar melá-las
  3. c) Eleições não estão em risco e país não deve se preocupar com possibilidade de Bolsonaro tentar melá-las

Apesar de parecer a mais obcecada em comprovar que existe uma trama golpista em andamento, a Folha não está sozinha. O Estado de S. Paulo tem dedicado sucessivos editoriais ao tema. O último deles, na quinta-feira 19, dizia: “O clima no País está péssimo, mas poderia estar muito pior caso Bolsonaro tivesse logrado cooptar todas essas forças republicanas em prol de seu desiderato golpista. Mais cedo do que tarde, o presidente verá que derrubar a democracia consagrada pela Carta de 1988 estava muito além de suas forças”.

Festa estranha com gente esquisita
Desde que Brasília existe, é comum encontrar políticos, jornalistas e autoridades misturados em jantares no meio da semana. Foi o que ocorreu na quarta-feira 11 de maio, na casa da senadora Kátia Abreu (TO). Na mesa, os colegas Rodrigo Pacheco (PSD-MG), Jaques Wagner (PT-BA), Randolfe Rodrigues (Rede-AP), Renan Calheiros (MDB-AL), Marcelo Castro (MDB-PI), Tasso Jereissati (PSDB-CE), Weverton Rocha (PDT-MA) e o ex-governador de Alagoas Renan Filho (MDB).

O inusitado, porém, foram as presenças de três ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), responsáveis, entre outras atribuições, por julgar processos contra os próprios parlamentares: Gilmar Mendes, Ricardo Lewandowski e Alexandre de Moraes. O último será o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) a partir de agosto, além de conduzir o inquérito perpétuo dos atos antidemocráticos.

Em resumo, o que esse consórcio autoproclamado esquadrão da democracia quer é que ninguém possa mais criticá-los

Segundo relatos, o propósito da reunião foi criar uma “frente em defesa do STF”, que deve ser ampliada com a participação de deputados. Renan chegou a propor que o grupo tivesse um nome para facilitar a divulgação na mídia. Pacheco resolveu se apresentar para ser o coordenador.

Um dos assuntos tratados durante a noite foi o incômodo do grupo, especialmente do próprio Pacheco, com as críticas feitas pelo programa Os Pingos nos Is, da Jovem Pan.

No dia seguinte, o presidente do Senado discursou durante um evento para juízes em Salvador (BA), que teve palestras de ministros do STF. “É inimaginável pensar que a essa altura nós estejamos a defender instituições e o Poder Judiciário de ataques absolutamente sem fundamento algum, sem lastro probatório nem razoabilidade”, disse. “Esse ambiente que estamos hoje, de certa instabilidade, ataques antidemocráticos e arroubos parecem populares para um determinado grupo, mas na verdade são atentados muito nocivos à sociedade brasileira.”

Em resumo, o que esse consórcio autoproclamado esquadrão da democracia quer, com o apoio da velha imprensa, é que nem Bolsonaro nem ninguém possam mais criticá-los
Deve-se admitir que o sistema de votação brasileiro está acima de qualquer suspeita e ponto. 
Toda e qualquer manifestação contrária configura fake news e golpismo — e pode terminar em cadeia.

A fala de Pacheco é simbólica. O Senado é a única Casa com prerrogativa constitucional para impor algum freio ao ativismo político dos ministros do Supremo. Contudo, seguindo a cartilha dos seus antecessores, ele se recusa a pautar pedidos de impeachment contra os magistrados e vetou a convocação deles para responder questionamentos no Congresso.

Houve também uma mudança de tom em relação ao Palácio do Planalto. Antes avesso a entrevistas, agora ele tem se apresentado em diversos lugares para criticar Bolsonaro. Foi ao programa Roda Viva, da TV Cultura, na segunda-feira 16. Sua assessoria passou a produzir material diário nos perfis das redes sociais e criou um podcast.

Nesta semana, Pacheco fez questão, por exemplo, de comentar o pedido de investigação feito por Bolsonaro ao Supremo e à Procuradoria-Geral da República contra o ministro Alexandre de Moraes — negado imediatamente pelo colega Dias Toffoli. “É mais um episódio de anormalidade institucional”, afirmou, durante uma entrevista coletiva.

A ampla maioria da imprensa tem adorado o novo papel do pacato presidente do Congresso como líder da “frente contra o golpe”. Desde que assumiu a cadeira, ele é bajulado pela mídia em Brasília. No ano passado, quando se filiou ao PSD, um colunista chegou a escrever que surgia um novo Tancredo Neves na política brasileira. Pacheco acreditou. O dono do partido, Gilberto Kassab, apressou-se em plantar a notícia de que ele seria candidato à Presidência, o que obviamente não se confirmou.

Ainda assim, o senador subiu à tribuna para fazer um pronunciamento à nação em março. “Meus compromissos como presidente do Senado e com o país são urgentes, inadiáveis e não permitem qualquer espaço para vaidades”, disse. “Por isso, afirmo ser impossível conciliar essa difícil missão, de presidir o Senado Federal e o Congresso Nacional, com uma campanha eleitoral presidencial.”

Figuras como Pacheco normalmente encontram a aposentadoria nas galerias de fotos dos ex-presidentes do Congresso em pouco tempo. Não têm vocação sequer para se tornar um Renan Calheiros. Se algum dia for lembrado, será como um dos heróis que combateram um golpe que nunca aconteceu.

Leia também “A corrupção esquecida”

Silvio Navarro, jornalista - Revista Oeste

 

segunda-feira, 16 de maio de 2022

O troco de Bolsonaro no TSE por lista “hostil” de ministros - O Globo

Rafael Moraes Moura

Crise entre os poderes

Segurança: TSE teme ataque de "lobos solitários" contra ministros

Pela Constituição, a escolha do ministro cabe ao presidente da República, mas a seleção dos candidatos é feita pelo Supremo Tribunal Federal (STF). O presidente já deixou claro para auxiliares a sua insatisfação com as opções que lhe foram apresentadas, consideradas uma “provocação”. E vai revidar.

Segundo interlocutores de Bolsonaro no meio jurídico, o presidente chegou até a avaliar a possibilidade de devolver a lista  – o que poderia tensionar ainda mais a conturbada relação com o Judiciário. Porém, foi aconselhado por auxiliares a não tomar essa medida, porque ela não teria amparo legal. Como não há prazo para que o presidente faça a nomeação, Bolsonaro decidiu travar o processo.

A ex-presidente Dilma Rousseff já deixou arrastar por meses a indicação de integrantes do TSE durante o seu governo, mas por outros motivos: a petista costumava demorar para decidir quem seriam os novos ministros de tribunais superiores por não considerar o assunto prioridade. Ao travar o processo, Bolsonaro avalia que dá sinais claros de sua insatisfação com o TSE, além de evitar o risco de nomear alguém que poderia lhe dar decisões desfavoráveis durante as batalhas jurídicas do pleito.

Os candidatos aprovados pelo STF já saíram em defesa dos ex-presidentes Lula e Dilma Rousseff (PT), contam com “padrinhos indesejados” e até fizeram manifestações duras contra aliados de Bolsonaro.Em eleições anteriores, os substitutos cuidaram de questões relacionadas à propaganda na campanha eleitoral. 

Na prática, a demora na nomeação fará com que o TSE funcione com um ministro substituto a menos por algum tempo. O tribunal é composto atualmente por sete ministros titulares e outros seis substitutos.  Até o fim da presidência do ministro Edson Fachin no TSE, em meados de agosto, a ministra Cármen Lúcia vai assumir a relatoria de casos de propaganda. Não se sabe ainda se haverá mudanças quando Fachin passar o bastão para Alexandre de Moraes.

Ao analisar os nomes para o TSE, Bolsonaro ficou particularmente incomodado com uma postagem feita pela advogada Vera Lúcia Santana, primeira mulher negra a integrar a lista tríplice do tribunal. “O bolsonarismo estupra crianças indígenas. Lula fortalece a luta dos povos indígenas. Tá aí a diferença”, escreveu Vera em 12 de abril, conforme revelou o blog. [essa cidadã fez uma postagem sobre um fato que não ocorreu - o estupro de criança indígena - uma fake news que enganou até a ministra Cármen Lúcia que desperdiçou tempo dos ministros em uma sessão criticando o estupro que não ocorreu.]

Continue lendo em Malu Gaspar, colunista - O Globo 

 

sábado, 14 de maio de 2022

A retórica inadequada do ministro Fachin - Percival Puggina

É normal que os eleitores do presidente da República se sintam desconfortáveis com o TSE
Há razões para isso nas reiteradas ações e manifestações dos ministros indicados pelo PT. 
Elas vêm em desabono e antagonismo ao Chefe de Estado e agora, na retórica do ministro Edson Fachin, também contra as Forças Armadas. 
 
Uma das tarefas mais relevantes durante a campanha eleitoral envolve pendengas relativas à propaganda. Deliberar sobre essas questões é tarefa habitualmente confiada aos ministros substitutos oriundos da advocacia após uma peneira da categoria, do STF e da escolha final pelo presidente da República
Em 27 de abril, toda a imprensa divulgou que a cúpula do TSE pretende excluir dessa função quem ele venha a indicar...

Se os ministros indicados pelos governos petistas não atribuem crédito aos que venham a ser indicados pelo presidente da República, por que deveriam os eleitores deste dar crédito aos indicados pelo seu adversário no futuro pleito? Para uma parcela expressiva da sociedade, tudo parece ser o oposto daquilo que os senhores ministros dizem.

Também isso aumenta um mal estar que tem antecedente importante. A “pressão” que o ministro Fachin, em recente pronunciamento, disse não aceitar, venha de onde vier, não encontrou simetria quando o próprio tribunal, ainda presidido pelo ministro Roberto Barroso, foi ao Congresso para intervir, horas antes da sessão em que seria votada e aprovada pela CCJ a adoção da impressora de votos nas eleições de outubro vindouro. Como consequência, líderes de vários partidos substituíram membros da Comissão, ou para ela indicaram deputados contrários à medida, revertendo na caneta o resultado da votação.  

Por fim, intransigência não é expressão de convicção, nem de razoabilidade; a surdez à opinião pública não é uma característica da democracia; arcaicas e carunchosas impressões ideológicas sobre as Forças Armadas não deveriam ter lugar em descomedidas manifestações públicas de membros do Poder Judiciário em temas da atualidade; uma sucessão de erros não tem preço no mercado de acertos; invisibilidade não é sinônimo de transparência.

Percival Puggina (77), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+.


domingo, 8 de maio de 2022

Cabeça a cabeça? (*) - Alon Feuerwerker

 Análise Política

No início de maio do ano eleitoral de 2014, a então candidata à reeleição Dilma Rousseff tinha cerca de um terço de ótimo + bom, e a avaliação dela vinha piorando levemente. Bateu no piso em meados de julho. Depois começou a melhorar, também por uma razão: incumbentes têm na campanha eleitoral uma oportunidade especial de rebater as notícias negativas. O que se mostra ainda mais valioso quando o ambiente de imprensa é desfavorável.

Jair Bolsonaro vai chegando à largada da corrida com cerca de um terço de aprovação (não confundir com o bom + ótimo). Bem, a análise deve sempre fugir da tentação de tirar conclusões definitivas, ou quase, a partir de números de diferentes levantamentos e que oscilam dentro das margens de erro. Uma diferença importante entre os dois incumbentes, fora das margens de erro: naquele julho, Dilma tinha metade do ruim + péssimo que Bolsonaro tem hoje, por todos os levantamentos. No caso de Dilma, diferente de Bolsonaro, uma maioria simples do eleitorado acomodava-se no regular.

Como a história registra, Dilma reelegeu-se, mesmo com índices de popularidade na zona de risco. Contribuiu decisivamente uma campanha duríssima para elevar a rejeição dos adversários. O resultado final veio de uma chegada cabeça a cabeça. Três milhões e meio de votos sobre Aécio Neves, num eleitorado de mais de 140 milhões de potenciais votantes. E os reflexos daquela disputa de rejeições para a política brasileira estão bem registrados, sentem-se até hoje.

Já mostrei antes aqui os números de um levantamento da Ipsos, a partir de 300 eleições em que incumbentes tentaram se reeleger mundo afora nos últimos trinta anos. Com 35% de aprovação (não confundir com ótimo + bom) a seis meses da eleição, a chance de vitória é 36%. Se a aprovação sobe cinco pontos, a probabilidade de ganhar vai a 58%. 
Se a aprovação vai a 45%, são 78% de chance de continuar na cadeira.

Ora, se o incumbente pode reeleger-se mesmo com uma aprovação abaixo de 50%, a conclusão é inescapável, ao menos nos sistemas em que se exige a maioria absoluta dos votos: o caminho para a vitória está em fazer os concorrentes terem uma rejeição maior ainda que a própria. Pois, se um pedaço dos que o rejeitam tampouco desejar o desafiante, ele pode perfeitamente levar a taça ainda que enfrente a oposição da maioria.

O eleitor que está no ruim + péssimo não costuma migrar direto para o bom + ótimo, em geral faz uma escala no regular. E pode muito bem ficar por ali até o dia da urna, quando será tentado a escolher não quem deseja mais, mas quem rejeita menos. Qual é o desafio de Jair Bolsonaro, que mantém em grandes números seu apoio do primeiro turno de 2018? Fazer quem votou nele no segundo turno e hoje está no ruim + péssimo migrar para o regular e ter mais aversão à vitória de Lula que à reeleição dele.

E qual o caminho de Lula, ou de alguma eventual surpresa, hoje improvável? Impedir isso. Pode parecer acaciano, mas é por aí.

Se Bolsonaro tiver sucesso em fazer migrar uma quantidade razoável de eleitores do ruim + péssimo para o regular, teremos uma eleição cabeça a cabeça em outubro. Como foi em 2014. É prudente preparar-se para esse cenário.

(*) Esta análise complementa a da semana passada (Sem barreiras intransponíveis

Alon Feuerwerker, jornalista e analista político 

 

domingo, 3 de abril de 2022

Bolsonaro levou a melhor em troca de partidos

Com sua filiação ao PL, a legenda saltou de 43 para 75 deputados; o PP, de 42 para 59; e o Republicanos, saltou de 31 para 46 deputados [É o EFEITO BOLSONARO = que leva ao desespero os inimigos do presidente = inimigos do Brasil e que vão da corja esquerdista a algumas das mais altas autoridades do Brasil. Alguns até cogitam do suicídio quando pensam que além de aguentar o capitão no primeiro mandato, terão que aguentá-lo, com as bênçãos de DEUS, por,  no mínimo, até 1º janeiro 2027, com um Governo mais forte politicamente, sem pandemia, sem boicotes.]

 O jurista Norberto Bobbio dizia que os governos, mesmo os "maus governos", são a forma mais concentrada de poder, porque arrecadam, normatizam e coagem. Por isso, não se deve subestimar sua capacidade de agregação de forças políticas e sociais, atender interesses e cooptar apoios.

O troca-troca de partidos durante a janela partidária mostra que Bolsonaro recuperou expectativa de poder e plena viabilidade eleitoral -  (crédito:  Ed Alves/CB)

 O troca-troca de partidos durante a janela partidária mostra que Bolsonaro recuperou expectativa de poder e plena viabilidade eleitoral - (crédito: Ed Alves/CB)

Nas democracias, o "autogoverno do povo" é um mito, mesmo nas revoluções clássicas (inglesa, francesa, americana e russa). No Brasil, todas as "revoluções" vitoriosas foram golpes de Estado bem-sucedidos — incluindo a Revolução de 1930, que inaugurou a nossa "modernização conservadora".

Entretanto, com a urna eletrônica e as eleições diretas para os cargos do Executivo — presidente da República, governadores e prefeitos —, o protagonismo popular é absoluto no momento do voto. Mesmo durante o regime militar, sem eleições diretas para presidente, governadores e prefeitos das capitais, o voto popular foi decisivo para a derrota daquela ditadura. Vem daí o imponderável nas eleições brasileiras, que alterna o imprevisível (vitórias de Collor de Mello, em 1982; Fernando Henrique Cardoso, em 1994; Luiz Inácio Lula da Silva, em 2002; e Jair Bolsonaro, em 2018) e o previsível (a reeleição de FHC, em 1998, e de Lula, em 2006). A eleição de Dilma Rousseff, em 2010, e sua reeleição, em 2014, estavam no terreno da previsibilidade.

Voltando à teoria dos governos de Bobbio, quem governa é sempre uma minoria ou alguns grupos minoritários em concorrência entre si, que tomam decisões que atingem a todos. As classes políticas "se impõem" ou "se propõem". Minorias organizadas e resolutas acabam controlando o poder e suas decisões. Hoje, vivemos uma contradição entre o chamado "espírito das leis" ou seja, a ideia de que somos uma democracia ampliada e regulada pela Constituição de 1988 — e a forma como Bolsonaro governa.

Quando desmobilizou sua tropa de assalto, a extrema-direita que embalou sua campanha eleitoral, ancorou sua capacidade de governança na forte presença de militares na administração e, para garantir a governabilidade, entregou o Orçamento da União e uma parte do governo aos políticos do Centrão. Aos trancos e barrancos, até agora isso deu certo. O único momento em que fracassou foi durante a pandemia de covid-19.

Política - Correio Braziliense


segunda-feira, 30 de agosto de 2021

CPI das fake news volta em setembro e deve manter Bolsonaro sob pressão até 2022 - Mariana Carneiro

O Globo 

Investigação

CPI da Covid está na reta final, mas os problemas para o governo no Senado devem continuar. Assim que a comissão da Covid acabar, a CPI das fake news vai voltar a funcionar – e desta vez, com foco em um tema nevrálgico para a campanha à reeleição de Jair Bolsonaro.


O senador Ângelo Coronel (PSD-BA), presidente da CPMI (o M vem de mista, por reunir deputados e senadores) [cumprimentamos à Mariana pela brilhante ideia de explicar o significado do M na sigla, poderia gerar outras interpretações.] já combinou com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, que fará uma reunião com os membros da CPI depois do feriado de 7 de setembro para definir a data de reinício dos trabalhos. A CPI estava hibernando desde março de 2020, quando os trabalhos presenciais do Congresso foram suspensos em razão da pandemia. 

[manter Bolsonaro sob pressão?   
pressão faz bem ao capitão; o estimula a manter a luta a favor do povo brasileiro; 
o presidente Bolsonaro antes do primeiro turno eleições 2018 já estava sob pressão; 
a pressão de verdade, a mais forte, começou em 14 março 2019, desde então foi fogo cerrado, "fogo de barragem" - veja calendário completo 14/03/2019 a 16/08/2021
Aqui, confira a pressão por grupo/área.]

A expectativa é que já seja possível reativar a CPMI das Fake News até o final de setembro, quando se espera que a CPI da Covid finalize e vote o relatório final. Como a prorrogação da comissão já estava autorizada um pouco antes da parada, ela deve ter mais seis meses de funcionamento. Considerando que a CPI ainda vai parar para o recesso de final do ano, a investigação deverá se esticar até abril de 2022, quando começa oficialmente a campanha eleitoral.

O presidente da CPI e a relatora, Lídice da Mata (PSB-BA), já se reuniram na semana passada para fazer um primeiro inventário do que a CPMI tem e que caminhos deverá seguir. Uma das prioridades será dar andamento ao pedido já aprovado e encaminhado ao Supremo Tribunal Federal de compartilhamento de informações do inquérito das fake news, que tem entre os alvos o próprio Jair Bolsonaro, por propagar desinformação sobre as urnas eletrônicas, e seu filho Carlos.

Quando a CPMI aprovou esse requerimento, em setembro de 2019, o ministro Alexandre de Moraes informou que a investigação ainda era preliminar. Agora, dois anos depois, os membros da comissão esperam obter informações que permitam descobrir não só quem fez e quem pagou pelos disparos em massa ilegais realizados na eleição de 2018.  Como o inquérito ainda está em curso, a CPI alimenta a expectativa de identificar quem segue cometendo crimes na internet.

Outra providência em análise é solicitar informações ainda sigilosas obtidas em outro inquérito, o dos atos antidemocráticos, que também mirava aliados do presidente, como as deputadas Bia Kicis (PSL-DF) e Carla Zambelli (PSL-SP). No início de agosto, a equipe técnica que trabalhava para a comissão das fake news chegou a ser cedida para a CPI da Covid, mas como os trabalhos do relator Renan Calheiros já estão próximos do final, eles já voltaram a dar expediente na CPMI das fake news. 

O potencial da CPMI para causar dano à campanha de Bolsonaro em 2022 vai depender do andamento de todas essas iniciativas. Se ela inibir a criação de perfis e grupos usados para disseminar mentiras nas redes sociais e ajudar a tornar o ambiente da campanha eleitoral um pouco mais sadio, já se poderá dizer que foi bem sucedida.

Mariana Carneiro - Blog Malu Gaspar - O Globo 


quarta-feira, 11 de agosto de 2021

"O tamanho da Constituição apequenou o cidadão e suas liberdades"

Alexandre Garcia:

O único parágrafo do primeiro artigo da Constituição diz que "todo poder emana do povo". Mas o conjunto, na prática, não é uma carta para o povo, mas para o Estado.

Acompanhado por um cortejo de meia-dúzia de ministros, o presidente da República foi a pé entregar ao presidente da Câmara a medida provisória do Auxílio Brasil e uma proposta de emenda à Constituição, para alterar o pagamento de precatórios superiores a 66 milhões de reais. A Constituição de 1988 já foi remendada 106 vezes. Ela é tão detalhada que para saldar a dívida do Estado ou para decidir sobre comprovante de voto digital é preciso emendar a Magna Carta.

O único parágrafo do primeiro artigo da Constituição diz que “todo poder emana do povo”. Mas o conjunto, na prática, não é uma carta para o povo, mas para o Estado. Serve para dar segurança a direitos, foros e privilégios do Estado e seus agentes. 
O Estado como fonte do poder não é democracia. 
A consequência é que as instituições, que deveriam ser ferramentas da democracia, viraram elas próprias fontes do poder. Além disso, o segundo artigo da Constituição estabelece independência entre os poderes, mas na prática há uma tutela do Supremo sobre o Executivo e o Legislativo.
 
Talvez por isso o chefe do Executivo busque incessantemente a fonte primária do poder, como há pouco em Joinville, Florianópolis e Distrito Federal – além de falar todos os dias em emissoras de rádio, que são a capilaridade da informação
Repete a mensagem de liberdade, democracia, eleição limpa. 
E usa, como fez com êxito na campanha eleitoral, as redes sociais. Com esses contatos, mais as viagens em que compartilha sinuca, boteco e padaria, evita ficar na bolha palaciana. Bolhas, aliás, são alienação perigosíssima para todos que em suas atividades se isolam do mundo além de seu círculo.

O tamanho da Constituição apequenou o cidadão e suas liberdades. As liberdades de culto, de ir e vir, de trabalhar, de se reunir, embora em cláusula pétrea, ficaram à mercê de prefeitos e governadores, com a bênção do Supremo. Agora um dos juízes da Suprema Corte, numa proposta que caberia ao partido político, sugere sistema de governo semipresidencial. Ora, isso já é.

A Constituição atribui a responsabilidade de governo ao Presidente da República, mas os poderes para governar ficaram com o Congresso, como resquício da tentativa de parlamentarismo na Assembléia Constituinte, que deixou com o chefe do Executivo a consolação da medida provisória – que ele agora usou para criar o Auxílio Brasil. 

Será que a fonte de todo poder entende essa distribuição do seu poder?

Alexandre Garcia, colunista - Correio Braziliense


sexta-feira, 7 de maio de 2021

Primeira semana - Alon Feuerwerker

Análise Política 
A primeira semana de trabalhos da Comissão Parlamentar de Inquérito da Covid-19 terminou como começou.  
[digamos que o nível do humor apresentado  caiu um pouco em relação ao esperado = os humoristas contratados são de qualidade inferior ao prometido; 
Sugerimos que nas próximas apresentações lembrem ao deputado Calheiros, o fanático por uma relatoria,  que não fica bem - inclusive, para o conceito de sua notória inteligência - confundir  testemunha com parecerista, com perito e por aí vai. 
 
Se não é a resistência do ministro em entrar testemunha e sair testemunha, o relator iria lhe perguntar  o que tem ouvido falar sobre a roubalheira,  realizada pela maior parte das 'autoridades locais', no hipotético combate a pandemia.
Ontem ficou cômico o seu esforço, para variar, inútil em obrigar uma testemunha a 'testemunhar' sobre o que pensa do comportamento de uma autoridade.

aliás, não é novidade no Brasil o Serviço Público comprar um produto melhor e mais caro e receber um pior - temos o caso de Belém, o governador encomendou respiradores junto à adega que lhe fornece vinhos e recebeu aparelhos mais caros e sem funcionar. Recebeu apenas parte do que foi contratado.
Quanto a tentativa estúpida de tentar incriminar o presidente da República Federativa do Brasil, JAIR MESSIAS BOLSONARO, pela suposta prática de atos que não tipificados como crimes, representará o fracasso da burrice dos que estão perdendo espaço na política.]
 
Os oposicionistas e ditos independentes alinhados, juntando elementos para incriminar Jair Bolsonaro por duas ações: 
1) o estímulo ao uso e, principalmente, a fabricação de cloroquina e 
2) a colocação de obstáculos desnecessários à aquisição de vacinas na quantidade e ritmo necessários para reduzir e no limite interromper a transmissão viral.
Já o governismo buscou construir ao longo da semana uma barreira de contenção, argumentando não haver irregularidade no uso dos medicamentos preconizados no chamado tratamento precoce, ou inicial. [sendo recorrente: qualquer cidadão, seja alguém em situação de rua ou um ministro do STF, tem o direito de ter opinião sobre o uso de determinado medicamento para o trato eficaz de uma doença e expressar essa opinião, defender tal entendimento não é crime.
Quanto ao ritmo da vacinação no Brasil, vai bem, especialmente se considerarmos que a União Europeia, mais organizada e endinheirada que o Brasil sofre limitações na aquisição de vacinas. Dados que mostram o afirmado: 
- afinal, combatemos entre outras maldições, as cobras, o que torna necessário esmagá-las e mostrar o pau: "
Jamais será reconhecido no foro da comissão e pela mídia militante que (dados de 5 de maio) o Brasil é o 9º país em número de mortes por milhão, o 9º em novas mortes por milhão. 
E é o 11º no quesito percentagem da população que recebeu apenas uma dose.  
Tem 2,7% da população mundial e aplicou 4,2% das vacinas disponibilizadas. 
É o quinto que mais vacinas aplicou. Jamais destacarão o fato de que este último dado o situa atrás, apenas, dos quatro países que as produzem em seus grandes laboratórios – EUA, China, Índia e Reino Unido."                            E trazendo dados para tentar provar que o ritmo da vacinação aqui no Brasil sofre das mesmas limitações que em outros países não produtores soberanos de vacinas. E que nesse universo até que estamos bastante bem, proporcionalmente à população e em número de doses aplicadas.
Uma variante, para usar a palavra em voga, foi o movimento com o objetivo de evidenciar as contradições entre as atitudes e orientações do atual ministro da Saúde e as do presidente da República. O primeiro buscou ontem reafirmar as próprias convicções sem entretanto chocar-se com as conhecidas opiniões e manifestações do chefe. Ou ao menos sem desautorizar. Aparentemente teve algum sucesso, pois colheu certas simpatias da bancada antibolsonarista e não forneceu nenhum lide explosivo. [apesar de enrolado nas promessas sobre prazos de vacinas, o atual ministro demonstrou que não cultiva o micróbio da traição - especialidade de um dos seus antecessores no cargo.
Os traidores são covardes, repugnantes,  vis e nojentos.]  
Mas estamos apenas na fase de aquecimento. Os ex-ministros Luiz Henrique Mandetta e Nelson Teich já deram seus depoimentos, sem que tenha aparecido a chamada "bala de prata".  
Na CPI, os caçadores preparam-se agora para explorar algumas veredas: 1) quem foi responsável pela crise de Manaus, 
2) quem criou dificuldades para a aquisição de vacinas e 
3) no que o comportamento presidencial deve arcar com a trágica contabilidade de casos e, principalmente, mortes. [lembrando o óbvio; tudo que porventura for apresentado pelos caçados como resultado de sua busca, precisa ser provado = se ocorreu, se houve dolo, negligência ou opção errada diante do desconhecido.]
 
Se formos comparar com o boxe, dá para dizer que nestes primeiros rounds a oposição está ganhando por pontos. Mas isso não basta a ela. 
O objetivo do governo é não ser nocauteado
Pois se terminar esta CPI em pé sempre terá a possibilidade de dizer na campanha eleitoral que sobreviveu a uma CPI, além de ter atravessado uma pandemia a a grave crise econômica trazida por ela. Mas ainda estamos no começo. E vêm aí os próximos capítulos. Com personagens potencialmente bem mais complicados. [depois que criaram a CPI, os inimigos do Brasil descobriram que vão sair menores do que entraram e estão propiciando ao presidente Bolsonaro um jogo em que só Bolsonaro e o Brasil ganham.
A intenção era demonstrar interesse em uma CPI e alegar que o presidente do Senado não deixava, só que não contavam com o 'aliado' ministro Barroso.]

 Recomendamos: Reabertura europeia.

Alon Feuerwerker, jornalista e analista político


sábado, 28 de novembro de 2020

Campanha eleitoral nas ruas ajudou a aumentar casos da covid-19 no Brasil, afirma médico

O Estado de S. Paulo

Gonzalo Vecina Neto diz que movimentação de políticos para pedir votos aliada à flexibilização da quarentena contribuíram na piora da pandemia

A campanha eleitoral no Brasil pode ser apontada como vilã na alta de contaminações por coronavírus, diz o médico sanitarista Gonzalo Vecina Neto. Segundo ele, o movimento de políticos nas ruas pedindo votos, aliado aos planos de relaxamento da quarentena definidos pelos governos, contribuíram para que os hospitais em todo o Brasil voltassem a registrar aumento de internações.

Vecina Neto, porém, faz questão de destacar que a eleição não pode ser demonizada. "O comportamento das pessoas, o exercício da eleição não teve grande problema. Os cuidados que foram tomados foram bastante adequados. Mas a forma como foram conduzidas as campanhas eleitorais e toda permissividade, isso sim eu acho complicado", destacou ele, ex-presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), professor da Universidade de São Paulo (USP) e colunista do Estadão.  

A campanha eleitoral pode ser apontada como vilã na alta de contaminações?
Acho que sim, porque houve aglomeração, o  é mortal. Quando se junta muita gente, facilita o trabalho do vírus e dificulta a dispersão de aerossóis. As gotículas que saem das nossas bocas se disseminam, são emitidas para outras pessoas. Como uma parte da campanha é feita no corpo a corpo, com certeza influenciou no aumento. Mas não é só isso. Houve também um relaxamento, com abertura de estabelecimentos que não deveriam abrir. 
 
Seria melhor termos cancelado as eleições deste ano?
O comportamento das pessoas no exercício da eleição (dia da votação) não teve grande problema. Os cuidados tomados foram bastante adequados. Mas a forma como foram conduzidas as campanhas eleitorais e toda a permissividade, acho complicadas.

Em São Paulo, a revisão do Plano São Paulo (programa estadual de reabertura econômica) foi remarcada para o dia seguinte da eleição, em 30 de novembro.
 
Para você foi uma definição política?
É uma pergunta que já está respondida. Foi para não perder votos. Infelizmente foi o que movimentou os políticos. 
[FATO: o número de mortos pela covid-19, também o de contágios, vem sofrendo redução desde outubro; "acréscimo" de agora é consequência da retenção de dados devido pane no sistema de apuração do MS e das aglomerações do primeiro turno das eleições.
A tendência é da queda voltar a ser mostrada e de forma consolidada - queda crescente.
De tudo se constata que: se está ocorrendo queda e não é consequência da quarentena meia-boca, dos palpites (chutes) dos chamados especialistas, não há vacina, estamos diante da desejada imunidade de rebanho. Quanto ao uso da cloroquina conhecemos várias pessoas, incluindo parentes, que contraíram a covid-19 e se curaram com o uso da azitromicina + cloroquina + ivermectina.]

O Estado de S. Paulo - Saúde - LER MATÉRIA COMPLETA
 

sábado, 21 de setembro de 2019

Lugar óbvio para cortar - Folha de S. Paulo

Hélio Schwartsman 

Campanha eleitoral é o lugar em que podemos cortar custos sem dor de consciência.

Em termos de princípios, não há muito o que discutir. Uma vez que o STF proibiu as doações empresariais para campanhas políticas, e nós, brasileiros, ainda não desenvolvemos uma cultura de dar como pessoas físicas dinheiro a candidatos, não parece haver muita alternativa que não assegurar algum tipo de financiamento público para o processo eleitoral, que, de resto, sempre ocorreu. A democracia tem custos, e a eleição é só um deles. [os gastos com eleições não são mais importantes que os gastos com a Saúde e a Educação; 
ao contrário, são gastos que podem, e devem ser reduzidos ao mínimo do mínimo.] Nenhum princípio, porém, exige que os nacos do Orçamento que serão destinados às campanhas sejam grandes. Muito pelo contrário, essa é uma rubrica que, numa análise racional, pede para ser cortada até o mínimo que não comprometa a realização do pleito.

Nem todos os cortes são iguais. Se você tira dinheiro da saúde, pessoas cujas vidas dependem de uma medicação ou de uma cirurgia podem morrer. Se tira das bolsas de pós-graduação, cria descontinuidades em projetos científicos que poderiam ser importantes para o país. Se deixa de dar aumento para alguma categoria de servidores, afeta negativamente sua qualidade de vida, ainda que não os mate.

Cortes no financiamento eleitoral são diferentes porque, até onde a vista alcança, não geram nenhum tipo de impacto negativo. Com efeito, quer destinemos às campanhas do próximo ano R$ 4 bilhões, quer R$ 500 milhões, o mesmíssimo número de prefeitos e vereadores será eleito. Não há relação conhecida entre o volume de recursos investido e a qualidade dos políticos eleitos. O que talvez exista é uma correlação entre o volume de propaganda e as taxas de renovação nas câmaras e prefeituras, mas nada capaz de alterar mais do que milimetricamente a enorme vantagem de que gozam aqueles que já estão no poder. Trocando em miúdos, precisamos pôr dinheiro público nas campanhas para garantir a realização de pleitos competitivos, mas esse também é o lugar em que podemos cortar sem dor de consciência.
 

Hélio Schwartsman, jornalista - Folha de S.Paulo - UOL

 

 

sábado, 24 de agosto de 2019

Pedido de Moro para Toffoli revogar decisão sobre Coaf irritou Bolsonaro - O Globo




Presidente decidiu inviabilizar a presença do ministro no governo

[o ministro Moro realmente 'pisou nos tomates'. Sua atitude foi inadequada politicamente e representou evidente quebra da hierarquia. 

Moro, ministro da Justiça, é subordinado ao Presidente da República, chefe do Poder Executivo,  que é JAIR BOLSONARO e o ministro Dias Tofolli é presidente do STF, portanto, chefe do Poder Judiciário.

É inconcebível que um ministro de Estado, subordinado ao presidente da República, 'atropele' o presidente e trate diretamente com o chefe de ou Poder da República. No caso, a quebra de hierarquia se configurou, independente do presidente Bolsonaro ser militar, portanto mais cioso da hierarquia.

E, politicamente, foi um desastre, visto que a decisão de Toffoli,  apesar de exarada em um processo de 2003, tem sido interpretada como adotada para favorecer o presidente Bolsonaro.

Resta a Moro pedir o boné ou ter uma conversa franca com Bolsonaro - que é quem pode demiti-lo - e assumir que errou feio, praticou um um ato de 'indisciplina' e. politicamente também foi um desastre. O presidente pode até entender a dificuldade de um ex-juiz agir politicamente e de forma disciplinada - visto que em termos de decisões judiciais um juiz ainda que contrariando um desembargado não está sendo indisciplinado - é algo que demora um pouco a ser alcançado.]

O abalo da relação entre Jair Bolsonaro e Sergio Moro — que atingiu seu ápice nesta semana com as declarações do presidente de que é ele, e não o ministro, quem manda na Polícia Federal — começou a crescer há quase um mês. Mais precisamente na tarde de 28 de julho, quando Moro foi ao presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli, pedir que ele fizesse uma revisão da decisão em que restringiu o compartilhamento de relatórios do antigo Coaf , hoje Unidade de Inteligência Financeira (UIF), com os ministérios públicos e a Polícia Federal. O movimento do ministro irritou o presidente Jair Bolsonaro. 

Desde que soube do pedido de Moro a Toffoli e a outros ministros do STF, Bolsonaro decidiu inviabilizar a presença do ministro no governo. Os dois já vinham tendo alguns desentendimentos desde o início do ano. O pedido foi a gota d’água. A petição para suspender investigações iniciadas com base em relatórios detalhados do ex-Coaf fora feita pelo advogado Frederik Wassef em nome do senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), filho do presidente. 




Tão logo foi informado do interesse de Moro em reduzir o impacto da decisão de Toffoli, Bolsonaro chamou o ministro para uma reunião no Palácio do Alvorada. No encontro, foi direto ao assunto, com uma breve introdução. Primeiro, o presidente disse que nunca pediu qualquer favor ao ministro. Disse também que Moro nunca ofereceu qualquer ajuda a ele. Mas, naquele momento, precisava deixar as coisas claras. — Se o senhor não pode ajudar, por favor, não atrapalhe! — disse Bolsonaro, segundo relatou ao GLOBO uma fonte com bom trânsito entre familiares e amigos do presidente. 

A partir dali, a conversa teria subido de tom e, ao final, o ministro deixou o Alvorada com o semblante carregado. Dias depois, Bolsonaro foi informado de que Moro, mesmo após o tenso diálogo, continuava fazendo gestões em favor da revisão da decisão de Toffoli. No mesmo instante, o presidente resolveu que ampliaria a beligerância contra o ministro da Justiça.

Saída forçada
Na sexta-feira, O GLOBO informou que o movimento de Bolsonaro teria como objetivo “desidratar” Moro, tendo em vista alto custo político da demissão do ministro mais popular do governo. Um interlocutor próximo ao presidente disse, numa recente conversa entre amigos, que a fase do enfraquecimento do ministro já passou. A estratégia agora seria fechar todos os espaços de Moro no governo. 

Não por caso, desde a quinta-feira da semana passada, Bolsonaro deu nada menos que quatro entrevistas para falar da substituição do superintendente da Polícia Federal (PF) no Rio, Ricardo Saadi. As declarações causaram surpresa e alimentaram rumores sobre a crise no relacionamento entre o presidente e o ministro. Na última quinta-feira, o presidente elevou o tom, ao dizer que poderia demitir mesmo o diretor-geral da PF, Maurício Valeixo, uma escolha de Moro. Perguntado se não seria uma interferência, dispensou meias palavras, afirmando que é ele quem manda na PF. 

A declaração foi interpretada por aliados e críticos do ministro como mais um recado para forçar Moro a pedir demissão. Se não pode mandar na PF, o ministro da Justiça não teria muito o que fazer no governo. O raciocínio era repetido por políticos e policiais, que esperavam uma reação de Moro. O GLOBO tentou, sem sucesso, falar com o ministro sobre os desentendimentos com Bolsonaro.

Em Salvador, delegados da PF divulgaram ontem carta na qual afirmam que a instituição não deve ficar sujeita a “declarações polêmicas” do presidente. Assinada pela Associação Nacional dos Delegados da Polícia Federal (ADPF), o documento marcou o encerramento de evento sobre combate à corrupção organizado em Salvador pela entidade.
“A Polícia Federal não deve ficar sujeita a declarações polêmicas em meio a demonstrações de força que possam suscitar instabilidades em um órgão de imensa relevância, cujos integrantes são técnicos, sérios e responsáveis. Em outros governos, por diversas ocasiões, a instituição sofreu pressões e tentativas de intervenção. Diante do que parece ser mais uma delas, é necessário e urgente que a Polícia Federal conquiste garantias constitucionais e legais para se tornar, de fato e de direito, uma polícia de Estado e não de governo”, diz a nota. 

Deltan critica
Em entrevista ao jornal “Gazeta do Povo”, o coordenador da Lava-Jato, procurador Deltan Dallagnol, fez pela primeira vez críticas diretas ao presidente Jair Bolsonaro por declarações e atos recentes que sugerem interferência em órgãos de investigação. Ele disse que Bolsonaro se afasta da luta contra a corrupção. “O presidente Jair Bolsonaro, ao longo da campanha eleitoral, se apropriou de uma pauta anticorrupção. Agora, o que vemos é que ele vem se distanciando desta pauta de corrupção quando coloca em segundo plano o projeto anticrime do juiz federal Sergio Moro. Ele coloca em segundo plano essa pauta quando faz mudanças no Coaf e desprestigia o auditor da Receita que trabalhou na Lava-Jato”, disse Dallagnol.  

O Globo - Aguirre Talento