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quarta-feira, 6 de fevereiro de 2019

Nunca antes



As redes sociais podem ir para cima de qualquer sultão do STF e cobrar o seu impeachment de um Congresso com pouca estamina para enfrentar o ronco da rua


Quando o que era impossível começa a acontecer cada vez com mais frequência, é bom prestar atenção — pode acontecer de novo. A última demonstração concreta desse mundo em mutação radical foi a moagem, desmembramento e morte política de Renan Calheiros, tido como invencível (até cair morto) por 101% das pessoas que “entendem de política” neste país. E agora: alguém tem algum fato para sustentar que as surpresas, enfim, pararam aí — que este foi o último episódio de intocável que de repente vira farinha de rosca?

Renan foi liquidado pelas redes sociais, simplesmente — tenta-se desesperadamente demonstrar que não é “bem assim”, ou “nada assim”, mas não adianta nada, porque é isso mesmo. Ainda há pouco, em outro episódio de primeiríssima grandeza, Jair Bolsonaro foi eleito pelas redes sociais, com zero de ajuda da televisão, milhões de reais, jatinhos ou mídia; ocorreu o exato contrário do que diziam quase todos os comentaristas políticos e os “institutos de pesquisa”. 

Lembram-se? Os Ibopes e Datafolhas garantiam até o dia da eleição que Bolsonaro perderia para “qualquer adversário” no segundo turno. É difícil errar mais do que isso.
As redes calaram a pretensão do Congresso em “negociar pesado” na formação do ministério; os políticos, que iriam “dobrar o governo”, tiveram de engolir com casca e tudo o primeiro escalão que está aí inclusive com uma dúzia de generais dentro. As redes anularam qualquer possibilidade de soltar Lula no tapetão, com jogadinhas de advogado “garantista”. Podem levar o Congresso a cassar mandatos, autorizar processos penais contra seus próprios membros e permitir que gente habituada a viver acima da lei durante toda a vida acabe na cadeia. Podem aprovar reformas e novas leis que, de novo, toda a mídia sempre deu como “impossíveis”.

Diante disso, os ministros do STF bem que poderiam começar a pensar nos seus próprios couros. Desde que acabou o regime militar, transformaram-se numa espécie de orixás que nenhuma força do mundo é capaz de tirar do emprego; dois presidentes da República já foram para o saco, mas os toffolis, e gilmares, e lewandowskis etc. continuam agarrados no osso, mais firmes que o Pico da Bandeira na Serra do Caparaó. Mas e daqui para frente, com esse temporal que está ficando cada vez mais bravo — vão continuar fora da lei?

Coisas que nunca aconteceram antes sempre podem, por definição, acontecer uma primeira vez. As redes sociais, que estão construindo realidades brutalmente inéditas neste país, podem, muito bem, ir para cima de qualquer sultão do STF e cobrar o seu impeachment de um Congresso com pouca estamina para enfrentar o ronco da rua. Era impossível. Não é mais.
A batata de Suas Excelências já pode estar sendo assada por aí.

Governo quer cancelar indenização a ex-militares

Planalto considera ‘absurdo’ o pagamento de R$ 7,4 bilhões a ex-integrantes da Força Aérea Brasileira que alegam perseguição política no período de 1946 a 1988

 O governo Jair Bolsonaro vai acionar a Advocacia-Geral da União (AGU) para evitar o pagamento de indenizações concedidas pela Comissão de Anistia a ex-militares da Força Aérea Brasileira (FAB), que somam R$ 7,4 bilhões. A cifra corresponde a valores retroativos de decisões ocorridas nos governos dos ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff. A decisão de acionar a AGU foi tomada em conjunto pelo Palácio do Planalto e pelo comando da Aeronáutica. [tem que recorrer, analisar processo por processo, obrigar a devolver os valores recebidos e nos casos de fraude (a quase totalidade) os beneficiários e os membros da 'comissão de anistia' devem responder criminalmente.

O certo mesmo é rever TODOS os processos que beneficiem criminosos, bandidos, incluindo ex-comunistas, guerrilheiros e terroristas - tem sentido um bandido como o Diógenes do PT ter sido indenizado e pensionato? outro assassino como o tal de 'clemente' também recfeber do governo benesses pelos crimes que cometeu? um porco como o Lamarca ter sido beneficiado até com promoção?

O Lula que perdeu o dedo em suposto acidente de trabalhado ter também sido indenizado pela 'comissão de anistia'.

Todos os valores recebidos tem que ser devolvidos e os beneficiários e seus cúmplices responsabilizados criminalmente.]

Até o ano passado, a conta total envolvendo anistiados políticos chegava a R$ 17,4 bilhões. Desse valor, R$ 9,9 bilhões já foram pagos R$ 3,5 bilhões para ex-militares da Aeronáutica, do Exército e da Marinha e R$ 6,4 bilhões para civis. Os contemplados alegam perseguição política entre 1946 e 1988.  Não existe na legislação prazo final para que cidadãos requeiram a reparação – o que significa que a conta nunca fecha. Atualmente, 12.669 pessoas, entre civis e militares, aguardam uma decisão. Na fila, estão Dilma e Lula. A presidente cassada pede R$ 10,7 mil por mês, mas já há parecer contrário. O valor, quando concedido, é vitalício.  


Tanques do Exército protegem Brasília em 1963 durante levante de militares Foto: ACERVO ESTADÃO-12/9/1963

Praças
A cúpula das Forças Armadas e o núcleo dos ministros militares do governo Bolsonaro consideram “absurdo” o pagamento de indenizações aos ex-integrantes da FAB. Um brigadeiro disse ao Estado que a maioria dos pedidos de indenização é “indevida” e que muitos praças aproveitaram a política de reparação em benefício próprio. Um ministro de origem militar afirmou que, para evitar o pagamento bilionário, o governo decidiu recorrer ao caminho “político”, além de tentar sensibilizar a opinião pública para o que ele considera uma “roubalheira” dos cofres públicos.  Em conversas reservadas, o mesmo ministro avaliou que, no começo dos trabalhos da Comissão de Anistia, as indenizações foram justas, mas logo teria começado uma série de benefícios sem fundamento histórico. Virou uma “indústria”, de acordo com ele. 
Procurada, a assessoria de imprensa da FAB informou que aguarda a chegada oficial da notificação dos pedidos de indenização para definir uma “linha de ação”. 

Pedidos
 Em 2018, a Comissão de Anistia recebeu 650 novos processos, de um total de quase 77.931 apresentados desde 2002. Apenas 48 requerimentos foram deferidos no ano passado – a menor quantidade da série histórica. O auge ocorreu na “era PT”, logo após a posse de Lula, que, como ex-líder sindical, recebe aposentadoria de anistiado pelo INSS de cerca de R$ 6 mil. 

De 2003 a 2010, o governo Lula concedeu 33.915 anistias. A gestão Dilma deferiu 4.264 anistias para civis e militares. Já a administração Temer liberou 442 pedidos de indenização.  Ex-ministro da Justiça do governo Lula, Tarso Genro rechaçou haver uma “farra” nas indenizações. “O valor deve ter sido destinado a milhares de pessoas atingidas pelas decisões de ‘exceção’ dos governos de fato oriundos do regime militar. Até o momento que acompanhei, estavam sendo pagas a quem de direito”, disse.

Lista reúne integrantes do ‘Levante de Brasília’ 

Na lista de espera das indenizações da Comissão de Anistia estão cabos, soldados e sargentos da Força Aérea Brasileira (FAB) que protagonizaram revoltas às vésperas do golpe de abril de 1964 contra o presidente João Goulart. Em 12 de maio de 1963, cerca de mil militares da Aeronáutica realizaram um encontro no Rio que surpreendeu o governo. Eles ameaçavam um movimento armado caso o Supremo Tribunal Federal impedisse a elegibilidade dos militares, o que acabou ocorrendo. 

Em 12 de setembro daquele ano, 630 praças da FAB bloquearam as estradas de acesso a Brasília, fecharam o aeroporto e ocuparam prédios públicos. O “Levante de Brasília” foi liderado pelo sargento da FAB Antonio Prestes de Paula, ligado ao líder trabalhista Leonel Brizola. Os revoltosos prenderam o ministro do STF Vitor Nunes Leal e o presidente interino da Câmara, Clóvis Mota. O soldado do Exército Divino Dias dos Anjos e o motorista civil Francisco Moraes foram mortos. 

Saiba mais sobre outra falcatrua de Lula e Dilma

Em outubro de 1964, sete meses depois do golpe, o comando da Aeronáutica baixou a portaria 1.104 para limitar a progressão na carreira, estipulando um desligamento após oito anos de serviço. A partir da criação da Comissão de Anistia, os desligados da FAB ao longo do período militar começaram a pedir reparação. Num primeiro momento, a comissão indeferiu pedidos de quem foi desligado depois da portaria. O grupo passou a aceitar pedidos de quem tinha deixado a força antes da medida por entender que o ato da Aeronáutica teve caráter político e de exceção

O Estado de S. Paulo


 

 

Em missa por irmão de Lula, militantes acendem velas e pedem justiça

Ex-presidente não teve autorização do Judiciário e da PF para acompanhar funeral  

[na realidade não seria um funeral ou velório e sim show-velo-mício, para o presidiário deitar falação para as duas centenas de militontos que lá estiveram.

Oportuno destacar que pela primeira vez, morto faz papel de figurante no próprio velório (frase de  comentário de um competente colunista).]

Em uma celebração ecumênica nesta terça-feira (5) em frente à Polícia Federal do Paraná, onde o ex-presidente Lula está preso, militantes e religiosos homenagearam o irmão do petista, morto na semana passada, e pediram justiça.
Genival Inácio da Silva, o Vavá, morreu na semana passada, aos 79 anos, em São Paulo. A Justiça e a Polícia Federal não autorizaram que Lula saísse da prisão para ir ao enterro.
“Nem isso respeitam”, disse o padre Domenico Costella, que chegou a ficar com a voz embargada. “Até os romanos mostravam piedade diante da morte. Nem isso.”

A missa foi acompanhada por cerca de 200 pessoas, na vigília em frente à PF. Nenhum familiar do ex-presidente estava no local —as visitas da família devem ocorrer na quinta.  Metalúrgicos e sindicalistas de São Paulo, Santa Catarina e de Minas Gerais viajaram para participar do evento.  Lula está detido desde abril, depois de ter sido condenado em segunda instância por corrupção e lavagem de dinheiro.  O petista afirma ser inocente e diz ser alvo de uma perseguição jurídica.

O frei Aloísio Fragoso de Morais citou um trecho do evangelho de Mateus: “Bem-aventurados os que sofrem perseguição por causa da justiça, porque deles é o reino dos céus”.
“Lula só não está morto porque a justiça ainda vive em nós”, afirmou.
Ele ainda mencionou “aqueles que dão a vida em nome da justiça, os mártires”, e elogiou a paixão dos militantes.

Em meio aos cantos religiosos, os militantes erguiam as mãos fazendo o sinal de “L” e gritavam “Lula livre” e “Glória a Deus”. “É pelo Lula, pelo Vavá que a militância nunca para de lutar”, gritaram.  Ao final da celebração, o grupo gritou “boa noite” ao ex-presidente, do lado de fora do prédio, acendendo velas erguidas em bocas de garrafa pet.  Lula está detido numa sala adaptada, no prédio da superintendência da PF no Paraná. [a mudança do presidiário Lula para uma penitenciária comum, dividindo a cela com uns 40 bandidos comuns, deverá ocorrer no final abril próximo.
Lula ultrapassou no dia 2 de fevereiro a barreira dos 300 dias em cana.]


Folha de S. Paulo
 

 

PSL ignora denúncias contra Flávio Bolsonaro, e Major Olímpio afirma que o “Zero Um” vai integrar a Mesa do Senado. E se fosse do PT?

[Se Renan Calheiros,  multiprocessado, multi investigado, foi candidato a presidente do Senado - com aval do presidente do STF - o que impede Flávio Bolsonaro de integrar a Mesa Diretora do Senado?

Flávio Bolsonaro não é investigado, não é processado, não é denunciado - é, apenas e tão somente, ex-assessorado do Fabricio Queiroz que é acusado de ter realizado movimentações atípicas (o que não é necessariamente ilegal) em sua conta corrente.

Oportuno lembrar o que diz Joice Hasselmann e J R Guzzo - sobre o crime de Flavio Bolsonaro que é o de ter o sobrenome BOLSONARO.

Outro crime grave, especialmente para quem não tem voto, é a mania da família Bolsonaro de bater recorde em votos;
O quarteto BOLSONARO, teve nas eleições 2018pouco mais de 68.000.000 de votos, com o adicional de ter sido a campanha eleitoral mais barata.
Estão inclusos na conta os votos obtidos por Carlos Bolsonaro quando foi candidato a vereador pelo Rio de Janeiro, em2016, eleito pela quinta vez.
Carlos optou por não ser candidato em 2018 - tivesse sido, o CLÃ teria ultrapassado os 70.000.000 de votos nas eleições 2018.]

Política e família não deveriam se misturar. No caso dos Bolsonaros, a coisa já vem embolada desde a origem. E parece que há por ali certa dificuldade de reconhecer problemas objetivos. Segundo o senador Major Olímpio (PSL-SP), o partido indicou ninguém menos do que Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), o Primeiro Filho, para integrar a Mesa Diretora do Senado — na função de Terceiro Secretário. 

Uma de suas tarefas será lidar com os imóveis da Casa. Os bem-humorados dirão que ele tem experiência na área. Pois é. Ao fazer essa escolha, o bolsonarismo indica como pretende tratar as acusações e evidências de malfeitos que surgirem no seu quintal. As coisas já não andavam bem para Flávio. Depois da indicação, pioraram um pouco.

Continua aqui

Blog do Reinaldo Azevedo


Desnorteada, a oposição não consegue se opor



As forças de oposição ao governo de Jair Bolsonaro precisam de uma ideia. Qualquer ideia. Do contrário, arriscam-se a se comportar no Congresso como os cachorros que perseguem automóveis na rua. Latem como se quisessem estraçalhar os pneus ou morder o parachoque. Mas não fica claro o que seriam capazes de fazer se alcançassem o carro. A oposição dá a impressão de saber o que não quer: o Bolsonaro, o Moro, o Guedes. Mas ainda não conseguiu esclarecer o que colocaria no lugar se tivesse a oportunidade. No imaginário dos brasileiros, o contraponto ao pacote anticorrupção de Sergio Moro, por exemplo, continua sendo o "Lula livre" do PT e dos seus satélites. A alternativa mais visível ao liberalismo econômico de Paulo Guedes ainda é a administração empregocida de Dilma Rousseff. 

A demonização de Bolsonaro, assim como o latido dos cachorros que perseguem carros, já não faz sentido. É preciso apresentar ideias. Considerando-se que a presidência-tampão de Michel Temer foi uma herança do petismo, a eleição de Bolsonaro representou o desejo da maioria dos brasileiros de dar fim a um ciclo político que durou 16 anos. O governo do capitão começou a despejar seus projetos no Congresso. E a oposição, à procura de uma ideia, se divide em dois grupos. Uma ala quer virar a mesa. Outra, permanece embaixo da mesa.

Até o momento, a maior força oposicionista de Brasília se chama Coaf. Subordinado ao ministro Sergio Moro, o órgão farejou os movimentos bancários suspeitos do primeiro-filho Flávio Bolsonaro e do assessor Fabrício Queiroz, incluindo o cheque repassado à primeira-dama Michelle Bolsonaro. Com isso, o Coaf revelou que a oposição mais corrosiva ao governo Bolsonaro é exercida pela família Bolsonaro. [o único crime que ocorreu até agora no caso Coaf x primeiro-filho foi, e continua sendo, o vazamento dos relatórios do Coaf.
Vazam e nada é investigado.
Violação de sigilo é, para dizer o mínimo, crime.]

Blog do Josias de Souza 
 

Moro pôs a bola em campo

Pacote do ministro inaugurou governo Bolsonaro e, ao discuti-lo, Congresso precisa mostrar a que vem

Sergio Moro lapidou o discurso desconexo de defesa de lei e da ordem que levou Jair Bolsonaro à Presidência da República. Para listar apenas alguns aspectos do pacote do ministro, homicida ficará trancado por, pelo menos, três quintos da duração da sentença; condenados na segunda instância irão para a tranca e caixa dois passará a ser crime. A repressão aos crimes de colarinho-branco será tão dura quanto aquela que habitualmente atinge pessoas de pele negra. Essas propostas serão festejadas nos balcões das lanchonetes, por onde passam pessoas que têm medo de andar na rua à noite.

Moro quer trazer para o direito brasileiro a instituição saxônica das "soluções negociadas". Na essência, elas permitem um acordo entre réu e a Promotoria. O cidadão reconhece sua culpa, negocia a redução da pena com o promotor e com isso descongestiona-se o Judiciário. Na teoria, faz sentido. Na prática, toda importação de regras do direito saxônico equivale a tentar calçar um par de stilettos de Christian Louboutin nos pés de um jogador de futebol.

O calo resultante da divulgação por Moro, no meio da campanha eleitoral, de um anexo irrelevante e inconclusivo da colaboração do ex-ministro Antonio Palocci está na memória política do país. Felizmente, Moro fala agora em "soluções negociadas". Até há pouco falava em "plea bargain", talvez para evitar uma das traduções possíveis e evitando a palavra "barganha". No Judiciário americano todas as delações protegidas pela teoria curitibana da "bosta seca" teriam sido mandadas ao lixo. Lá, se um delator diz uma coisa e outro diz o contrário, mexe-se na bosta seca, empesteia-se a sala e anula-se uma delas, ou as duas.
A solução negociada entre o réu e o Ministério Público pode ser um sonho de consumo. Contudo, no Brasil, leis suecas convivem com uma realidade haitiana. No que vai dar, não se pode saber. Afinal de contas, o ex-capitão Adriano Magalhães da Nóbrega, da PM do Rio, jamais faria um acordo com a Promotoria. O "Caveira", senhor da milícia de Rio das Pedras, era amigo de Fabrício Queiroz. Sua mãe e sua mulher foram empregadas por ele no gabinete de Flávio Bolsonaro porque, nas palavras do colega, "a família passava por grande dificuldade, pois à época ele estava injustamente preso." Libertado, "Caveira" foi absolvido. Não se sabe por quê, está foragido. Na outra ponta, qualquer preso que está apanhando numa delegacia faz qualquer acordo.

Num ponto o projeto de Moro parece um jabuti. Quando ele diz que um juiz poderá deixar de impor uma pena ao agente público se "o excesso decorrer de escusável medo, surpresa ou violenta emoção". Falta definir "medo" e "violenta emoção". Os policiais cariocas que mataram um cidadão que empunhava uma furadeira e outro que carregava um guarda-chuva tiveram medo, foram surpreendidos ou estavam emocionados? A proposta de Moro acertou no atacado. Contém apenas lombadas no varejo, mas o Congresso terá tempo para aperfeiçoar o projeto e pode-se acreditar que senadores e deputados não tentarão proteger o instituto do caixa dois.

O surgimento de uma bancada com toques de demagogia haitiana será um contraponto à demagogia sueca. Nesse sentido Moro desviou-se das duas.  O ministro passou a vida no gabinete de juiz, onde sua caneta mudava a realidade. Na nova cadeira, fez tudo direito com a caneta, mas a realidade continuará a assombrá-lo. As milícias do Rio e as quadrilhas do Ceará expuseram-se logo que ele chegou a Brasília, e continuam lá.

Elio Gaspari, jornalista - Folha de S. Paulo 

O valor da reforma: R$ 1 trilhão

Maia tem compromisso com a reforma, mas advertiu Guedes de que o governo precisa se esforçar para votá-la em dois meses”

 O ministro da Economia, Paulo Guedes, depois de encontro com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), anunciou que a proposta de reforma da Previdência que o governo Bolsonaro pretende encaminhar ao Congresso poderá representar uma economia aos cofres públicos de R$ 1 trilhão. Guedes também conversa com o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP). Faz articulações junto ao Congresso e ao Judiciário para negociar a tramitação do projeto, que ainda depende de aprovação de Jair Bolsonaro. 

Guedes disse que o governo fez simulações sobre o tempo mínimo de contribuição e também sobre a idade mínima, mas ainda depende de o presidente bater o martelo.
Guedes esteve também com o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Dias Toffoli, na noite de segunda-feira. A conversa foi sobre o risco de judicialização da reforma, que não é pequeno. O governo quer blindar a reforma na Corte. [Guedes joga tempo fora ao conversar sobre o que fatalmente vai ocorrer: a judicialização da reforma - será que o 'Posto Ipiranga' esqueceu que desde a 'constituição cidadã', tudo pode ser judicializado no Brasil - até decidir se é crime você não gostar de conviver com gays - mesmo os respeitando, desde que o respeito seja recíproco; é possível e normal a Suprema Corte discutir se banheiios públicos podem ser unissex; 

Guedes também esquece que não existirá nenhuma blindagem efetiva para a reforma, visto que o Plenário do STF pode ao final da noite decidir algo sobre a reforma e na madrugada um ministro decidir monocraticamente que o decidido não é bem, aquilo que todos estão pensando e mudar tudo.

A notória INsegurança Jurídica somada a que tudo pode ser judicializado é suficiente para que nada funcione na Pátria Amada.]   Também trataram da situação dos estados, cuja crise fiscal gerou várias Ações Diretas de Inconstitucionalidade, que deverão ser julgadas no próximo dia 27 de fevereiro. O ministro da Economia quer desafogar financeiramente os estados, que estão quebrados e podem complicar o cenário econômico; em contrapartida, espera o apoio dos governadores para que a reforma inclua estados e municípios.

O giro do ministro de Guedes também tem por objetivo evitar que a reforma esbarre numa ampla coalizão institucional, como aconteceu em outras tentativas. Corporações poderosas atuam no Congresso e no Judiciário contra a reforma, que atinge privilégios do setor público. A reforma do ex-presidente Michel Temer estava pronta para ir a plenário, mas não foi adiante depois das denúncias feitas contra ele pelo ex-procurador-geral da República, Rodrigo Janot, com base na delação premiada do empresário Joesley Batista, do grupo JBS. [denúncias até hoje não provadas; faz mais de ano que o STF está para decidir se anula ou não as delações dos dois açougueiros.] Enfraquecido, o seu governo não teve como garantir a base necessária para aprovação da reforma. Agora, a situação é completamente diferente, com um governo recém-eleito e com alta taxa de aprovação popular.

Corporações
A articulação da base do governo na Câmara e no Senado para aprovação da reforma, porém, ainda é muito incipiente. Maia tem compromisso com as reformas e pode se empenhar nessa direção, mas advertiu Guedes de que o governo precisa se esforçar para votá-la em dois meses. Como exige emenda à Constituição (PEC), precisa do apoio mínimo de três quintos dos deputados (308 dos 513) para ser aprovada e enviada ao Senado. “O nosso problema é garantir, em dois meses, que a reforma da Previdência tenha 320, 330 deputados a favor. Esse é o desafio”, disse Maia [sem torcer contra, apenas apontando outra obviedade: que esse número de deputados esteja a favor do governo na primeira votação e também na segunda, que ocorrerá na sequência, alguns dias depois.] Quem conhece o Congresso sabe que esse prazo é muito curto.

Maia destacou que o governo precisa esclarecer bem o teor das propostas, com um bom plano de comunicação, para evitar que a opinião pública fique confusa. Caso a Câmara aprove a proposta até maio, o Senado teria condições de sacramentar a reforma até julho. A pressa dificulta a mobilização dos setores contrários à reforma. Os servidores públicos fazem uma oposição muito mais eficiente à reforma do que os trabalhadores do setor privado, cujos sindicatos estão em crise por causa do fim do imposto sindical. Como as corporações estão incrustadas no aparelho de Estado, principalmente a alta burocracia, o poder de fogo de algumas categorias é muito grande e concentrado, ao contrário da mobilização difusa dos trabalhadores do setor privado. Daí a importância, por exemplo, de os militares serem incluídos na reforma. O núcleo fundamental da base eleitoral do próprio presidente da República (militares, policiais, policiais militares, promotores e juízes) não apoia a reforma.[o governo tem condições de atuar em várias frentes e nada impede que enquanto negocia com o Congresso, o Poder Executivo dê inicio a uma ampla operação de COMBATE À SONEGAÇÃO e às FRAUDES NO PAGAMENTO DE BENEFICIOS.

A população precisa ver que é para valer - sonegador e fraudador tem que ir para a cadeia e devolver o que sonegou/fraudou/roubou.]
 
Partilha

As negociações para composição da Mesa e das comissões do Senado estão num impasse. Com a vitória de Davi Alcolumbre (DEM-AP), que quebrou a regra da distribuição de cargos de acordo com a proporcionalidade entre as bancadas, o MDB pleiteou a primeira vice-presidência e o comando da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). O grupo vitorioso, porém, exigiu que a legenda derrotada escolhesse um cargo ou outro. Além disso, ameaça levar a presidência da CCJ o a voto se o MDB indicar o senador Renan Calheiros (MDB-AL). O PT quer a presidência da Comissão de Relações Exteriores (CRE), mas também não há acordo; o ex-presidente Collor de Mello, que já ocupava o cargo, reivindica a recondução. As decisões serão tomadas hoje.

Nas Entrelinhas - Luiz Carlos Azedo - CB
 

Queda do viaduto do Eixão completa um ano; só 35% da obra está pronta

Queda de viaduto na Galeria dos Estados completa 1 ano

Brasília, 6 de fevereiro de 2018, 11h45. Há um ano, um bloco de concreto de 300 metros quadrados e 45 toneladas desabava no coração de Brasília. Uma cratera se abriu em duas das três faixas do Eixo Sul — uma das principais vias expressas da capital federal. Por lá passam cerca de menos 100 mil carros diariamente. Logo abaixo, na Galeria dos Estados, dois restaurantes foram afetados e quatro carros ficaram absolutamente destruídos. 

Ninguém morreu ou se feriu. Mas quem escapou por pouco teve a vida alterada. A Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) e o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) ainda não apontaram a causa do acidente nem os culpados. Os donos dos veículos foram indenizados por danos materiais, mas os responsáveis pelos restaurantes ainda não receberam um centavo do governo. Os empresários ganharam um espaço de 30m² na Rodoviária do Plano Piloto — quase 30 vezes menor do que os 914m² que ocupavam na Galeria dos Estados. Mas, sem dinheiro e com o tamanho da loja reduzido, nenhum retomou as atividades, nem sequer tem perspectiva de retornar ao endereço anterior. Enquanto isso, as dívidas se acumulam. 

Os comerciantes que continuam na Galeria, em meio a andaimes e outros materiais de construção, reclamam das perdas nas vendas, com a interdição parcial do viaduto e o atraso nas obras de recuperação da estrutura.  A reconstrução do viaduto deve ser concluída em junho. Esta é a quarta data de previsão anunciada pelo Departamento de Estradas de Rodagem (DER-DF), responsável pela manutenção do Eixão. A primeira era setembro do ano passado. No entanto, foi justamente naquele mês que as obras tiveram início. O DER-DF mudou a meta para dezembro de 2018. Com só 18% da reconstrução concluída no mês estabelecido, ela mudou para 1º de março. Entretanto, como as obras não chegaram nem à metade na primeira semana de fevereiro, o órgão mudou para a metade do ano. [UMA ÚNICA CERTEZA: ESTE ANO NÃO FICA PRONTA E NO PRÓXIMO TAMBÉM NÃO.]


Hoje, de acordo com o DER-DF, 35% da reconstrução está concluída. Desde que a Via Engenharia, responsável pela empreitada, deu início aos reparos, em 24 de setembro, se passaram 136 dias. Ao todo, 110 homens se revezam no canteiro de obras — 70 pela manhã e 40, à noite. O novo viaduto deve custar R$ 10,9 milhões. Maria de Jesus vive uma espécie de luto com a destruição do Restaurante Floresta, seu comércio e segunda casa desde 1985. “Aquele dia, talvez, tenha sido o pior da minha vida. Posso dizer que enterrei um filho ali”, comentou a empresária, de 59 anos. Passando pela Galeria dos Estados, ela vê ferros, entulhos e terra com muita dor. Depois de um ano do acidente, Maria está mais atrelada ao que aconteceu em 2018 do que ao que pode acontecer. Sem ter recebido indenização do governo, tudo o que ela tem é um espaço vazio cedido na Rodoviária do Plano Piloto para começar do zero.

“Minha vida era meu comércio. Criei os meus filhos e criava os meus netos ali. Naquele dia, meu mundo acabou financeiramente”, disse Maria. Ela pegou um empréstimo de R$ 40 mil para pagar indenizações aos funcionários e parcelou as dívidas do restaurante em 60 meses. Agora, planeja a inauguração do novo espaço, que deve ser uma farmácia, neste mês. “É a esperança de dias melhores que me faz continuar trabalhando. Quando vejo que os meus filhos e os netos precisam de mim, tiro forças de onde não tenho, me torno gigante.”


MATÉRIA COMPLETA no Correio Braziliense


O pacote de Moro e a licença para matar

Pacote de Moro dá forma a uma obsessão de Bolsonaro: o excludente de ilicitude. Hoje a polícia brasileira já é a que mais mata no mundo

[é recorrente declarar que a polícia brasileira é a que mais mata no mundo; não apresentam as estatísticas que mostram que em outros países a polícia também mata - sempre que necessário;
também não citam que  é no Brasil em que bandidos mais reagem de forma violenta a qualquer ação policial.]
 
O pacote de Sergio Moro deu forma jurídica a uma obsessão de Jair Bolsonaro: o chamado “excludente de ilicitude”. O presidente quer mudar a lei para permitir que os policiais atirem sem risco de punição. “Se alguém disser que quero dar carta branca para policial militar matar, eu respondo: quero sim”, ele explicou, no início da campanha. O Código Penal já diz que não há crime quando o agente mata “em estado de necessidade”, “em legítima defesa” ou “em estrito cumprimento de dever legal”. O projeto de Moro amplia as hipóteses de impunidade. Afirma que o juiz poderá “reduzir a pena até a metade ou deixar de aplicá-la” se o policial matar sob “escusável medo, surpresa ou violenta emoção”.

A eleição de 2018 consagrou o discurso do “bandido bom é bandido morto”. A bancada da bala aumentou, e Bolsonaro chegou ao Planalto repetindo que “soldado nosso não senta no banco dos réus”. “Enquanto nós não dermos essa carta branca para o policial atirar para matar, nós não teremos como reduzir a violência no Brasil”, ele disse. O problema é que os números indicam exatamente o contrário. A polícia nunca matou tanto, e o país nunca registrou tantos homicídios. Em 2015, os policiais militares e civis da ativa mataram 3.330 pessoas. Em 2016, o número saltou para 4.240. Em 2017, chegou a 5.159, de acordo com dados atualizados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública. O total de homicídios também cresceu ano a ano, até alcançar o recorde de 63.895.

O professor Paulo Sérgio Pinheiro, secretário de Direitos Humanos do governo FH, vê a proposta de Moro como uma “apologia à violência policial”. “Facilitar as execuções extrajudiciais não vai melhorar em nada a segurança pública. Se isso funcionasse, o Brasil seria o país mais pacífico do mundo”, afirma. O presidente do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, Renato Sérgio de Lima, pede cautela com o “populismo penal”. “Estou muito preocupado, porque o volume de pessoas mortas pela polícia já bate todos os recordes. Se o agente disser que atirou sob violenta emoção, será absolvido sumariamente?”, questiona. [alguém prove -  não adianta apenas citar a opinião de alguém que foi secretário de alguma coisa relacionada a direitos humanos ou é presidente de um fórum - se um ser humano (apesar de muitos acharem que os bandidos é que são humanos e os policiais desumanos, POLICIAL é um SER HUMANO) declarar de forma incontestável que participou de um tiroteio e de repente viu o policial que estava a seu lado com a cabeça literalmente explodida e não sentiu violenta emoção, não estaremos diante de um ser humano e se de um ROBOCOP.
 
A violenta emoção atinge policiais experientes, a violenta emoção não é só aquela usada na década de 70 pela defesa de "Doca Street"]
 
Bernardo Mello Franco - O Globo 
 
 

Velhas práticas de segurança

Se um profissional da segurança perde a vida quando é surpreendido e reage, o que não acontecerá com o cidadão comum

[o que mais facilita a vida dos bandidos é que formadores de opinião, comumente apresentados como 'especialistas' emitem um conceito do tipo do acima, desestimulando o cidadão (que se sente incapaz) e ao mesmo tempo estimulando o bandido a continuar à vontade para cometer seus crimes (o marginal sabe que as chances de encontrar pessoas armadas para enfrentá-lo são pequenas e passa a acreditar na 'incompetência' de eventuais opositores.]

As novas políticas de segurança no Rio de Janeiro e a iniciativa dos governos federal e estadual estão se configurando a partir de dois elementos centrais. O primeiro é a retração do Estado. O discurso oficial encoraja as pessoas a se armarem para se protegerem. Assim, o Estado se omite no seu dever de proteger o cidadão, que deve, ele próprio, arcar com esta responsabilidade. [o Estado exerce seu dever, ou tenta exercer,de proteção do cidadão, por vários meios, sendo o principal deles a ação policial, só que os 'especialistas em segurança' cultivam o péssimo hábito de que havendo confronto o bandido não deve ser abatido - se alguém tem que morrer, que seja o policial.
Se ver que é um mau começo - o policial tem o DIREITO e o DEVER de chegar são e salvo,  vivo, em casa.
A iniciativa do confronto partiu do bandido, e sempre parte, quanto resolve cometer um crime.
Ao policial só resta uma opção - inclusive é  seu DEVER, neutralizar o marginal.
 
Mas, querem que o Estado proteja o cidadão com a morte dos seus policiais - antigamente, no século passado, quando o bandido ir cometer um assalto e  havia reação, o marginal matando o oponente, ele costumava fugir sem levar nada. Assim, na visão limitada dos 'especialistas' em segurança, o Estado estava cumprindo seu dever - impedindo o roubo ou outro resultado criminoso, ainda que a custa de uma vida, ou de vidas.
Atualmente ele mata, recolhe o que estiver ao seu alcance e foge. E, continuam insistindo que o Estado mata muito, que o policial não pode exercer o direito de legitima defesa, tem que ser punido ser exercer este direito e o bandido morrer, etc, etc.]  
 
O Estado se omite, igualmente, no seu dever de fiscalizar. Um exemplo é o decreto sobre a posse de armas, que exige que a pessoa possua um cofre em alguns casos, mas admite a autodeclaração como comprovação. [o DEVER de fiscalizar deve ser exercido para impedir o bandido de portar armas, o que ocorre nos dias atuais, de forma ostensiva.
Fiscalizar se um cidadão que declarou ter um cofre está mentindo, é inócuo. No máximo, vai deixar mais uma pessoa de bem desarmada.] Entretanto, a difusão das armas não vai melhorar a segurança, como prova o fato de que boa parte dos policiais assassinados no Brasil morre ao tentar resistir a um assalto. Se um profissional da segurança perde a vida quando é surpreendido e reage, o que não acontecerá com o cidadão comum. [sou 60tão e manuseio armas a no mínimo 50 anos e já tive por mais de uma vez a obrigação de reagir a um assalto - para não ser assaltado ou impedir que alguém fosse - e graças a DEUS fui exitoso.
O treinamento, a 'intimidade' com armas, saber usá-las, ajuda, mas, nem sempre é decisivo para o abate do bandido.
 
Conhecer o manejo de armas dá uma confiança ao cidadão que está armado e torna mais preciso sua reação, evitando que se atrapalhe, mas, tem que sempre ter o bom senso de saber SE PODE REAGIR naquele momento, ou SE PODE ESPERAR um pouco.
Creio que ninguém discorda: cada vez é uma vez.
Se o cidadão está armado em uma guarita, ou em local abrigado, se torna tudo mais fácil. Caso contrário, a habilidade influi mas não é decisiva.]

Por outro lado, o Estado do Rio desmantela a Secretaria de Segurança com a promessa de “liberar” as polícias de supostas interferências. Ora, é público que as secretarias de Segurança no Brasil apresentam graves limitações na sua capacidade de comandar as polícias. O problema central não tem sido a interferência política, mas a incapacidade de aplicar políticas de segurança pública integradas. O fim da secretaria tornará isto ainda mais difícil e fortalecerá a agenda corporativa dentro das polícias, além de comprometer ainda mais o controle interno e externo da atividade policial.

De fato, o fim da secretaria, a fala de Bolsonaro dizendo que agora no Brasil “mandam os capitães” e as propostas de sequer investigar as mortes cometidas por policiais (como se agora fossem devidamente investigadas) devem soar como música aos ouvidos dos milicianos e dos policiais corruptos. O segundo ponto é o estímulo à execução sumária de suspeitos. [suspeito que reage, tem que ser neutralizado, ou haverá mais um policial morto.
Suspeito tem que aceitar que foi abordado, não reaja e ter a certeza que se reagir, morre.] Trata-se de uma pena de morte sem julgamento, ilegal, como bem sabe o grupo político que a promove, que tenta uma modificação legal encarnada na “Lei do Abate”. De qualquer forma, essa proposta de lei é considerada contrária às cláusulas pétreas da Constituição. O termo “abate” é mais uma tentativa de tradução pseudo-jurídica do bordão “bandido bom é bandido morto”, após o uso de outros conceitos estapafúrdios como a “legítima defesa preventiva”, já usada por alguns membros do Judiciário do Rio.

A nova proposta legal do ministro Moro para reduzir ou anular a pena de policiais que cometam “excessos”, especialmente quando concorrerem “medo, surpresa ou violenta emoção”, é outro passo na mesma direção. Desse modo, um policial que testemunhasse a morte de um companheiro poderia alegar “violenta emoção” para poder se vingar de forma legal. Na prática, entre os países que contemplam a pena de morte nas suas legislações, nenhum deles admite que seja aplicada por policiais na rua, muito menos pelo crime de porte ilegal. [a morte do portador do fuzil não será pelo crime de porte e sim pela reação que ele exercerá quando for abordado.
Está armado com um fuzil, o policial não pode chegar com flores e pedir para o cidadão trocar o fuzil pelas flores.]  O que mais espanta na obsessão dos novos líderes políticos por “abater bandidos de fuzil” é o fato de ela se apresentar como novidade. Em 2018, as polícias fluminenses bateram o recorde histórico de suspeitos mortos, com mais de 1.500 vítimas fatais. E todos os estudos mostram a extrema dificuldade de condenar penalmente um policial por homicídio cometido no exercício da função, mesmo quando há provas.

De resto, não será a ameaça de morte que mudará a conduta dos jovens integrantes dos grupos armados ilegais para quem a morte precoce é já uma quase certeza. Em 2019, ano de mitos, as autoridades querem nos fazer crer que, por algum motivo, a continuidade das velhas políticas gerará novos efeitos.

Ignacio Cano é professor da Uerj e membro do Laboratório de Análise da Violência
 

 

 

terça-feira, 5 de fevereiro de 2019

Proposta para Previdência tem medidas duras para economizar R$ 1,3 trilhão

Texto preliminar prevê idade mínima igual para homem e mulher - 65 anos; mercado aprova

Proposta preparada pela equipe econômica, e que terá de passar pelo crivo do presidente Jair Bolsonaro,  prevê medidas duras para se chegar a uma economia de R$ 1,3 trilhão em dez anos, mas membros do próprio governo já manifestaram dúvidas  O projeto de reforma da Previdência elaborado pela equipe econômica, e que será apresentado ao presidente Jair Bolsonaro, prevê idade mínima de 65 anos para homens e mulheres se aposentarem. O dado consta da minuta preliminar da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) obtida pelo Broadcast, sistema de informação em tempo real do Grupo Estado. A nova idade valeria depois de um período de transição que pode chegar a 19 anos.


O texto da proposta, que já passou pelo crivo da área jurídica do governo e foi confirmado por três fontes que participam da elaboração da reforma, é robusto e faz uma ampla mudança nas regras atuais, como prometeu o ministro da Economia, Paulo Guedes, para garantir uma economia de até R$ 1,3 trilhão em 10 anos nas despesas do governo. Mas ainda terá de passar pelo crivo do presidente Bolsonaro.  O secretário especial de Previdência Social, Rogério Marinho, confirmou que a minuta é realmente do governo, mas afirmou que há outras simulações sendo feitas pelos técnicos. A reportagem apurou, no entanto, que o texto já foi discutido na última sexta-feira pelo governo. “São várias propostas. A minuta que chegou ao conhecimento da imprensa é apenas mais um entre os textos analisados”, afirmou Marinho em um pronunciamento à imprensa de menos de três minutos.


O texto, portal do Estadão, foi bem-recebido pelo mercado financeiro, que classificou a proposta de “hardcore”. Ou seja, dura e comprometida com o ajuste das contas públicas. “Tem muito mais aí do que se esperava inicialmente. Porém, a pergunta que se faz é: a partir dessa minuta, o que vai sobrar?”, disse o economista-chefe do banco ABC Brasil, Luís Otávio de Souza Leal. Na esteira dos detalhes da proposta, a Bolsa bateu novo recorde e alcançou 98.588 mil pontos.


A proposta de igualar a idade mínima de homens e mulheres para a aposentadoria é um dos temas mais polêmicos da reforma e já provocou reação de integrantes do governo e parlamentares que vão votar o projeto. Depois da divulgação do conteúdo da proposta, o vice-presidente da República, Hamilton Mourão, se adiantou e disse que o presidente Bolsonaro é contra a ideia de igualar a idade mínima para a aposentadoria. “Os números estão inflados. O presidente não é favorável a igualar a idade mínima entre homens e mulheres. Concordo com ele”, disse o vice-presidente.  Parlamentares ouvidos pela reportagem acreditam que o governo quer ter margem de negociação com o Congresso e, por isso, estabeleceu um limite alto de idade. A ministra da Agricultura, Tereza Cristina, disse ver com preocupação a questão, principalmente para as trabalhadoras rurais.


Gatilho

A proposta de reforma da Previdência prevê também um mecanismo de ajuste na idade mínima conforme a elevação da expectativa de vida dos brasileiros. A ideia é que o ajuste seja feito a cada quatro anos, conforme aumente a expectativa de sobrevida da população brasileira aos 65 anos.


Para evitar reações contrárias antes de o novo texto ser apresentada na Câmara, o governo havia traçado uma estratégia de comunicação de contenção de vazamentos. A divulgação do texto acabou provocando mal-estar na equipe e preocupação de a proposta ser bombardeada antes da hora.


Capitalização

O governo vai incluir na PEC a previsão de criação do sistema de capitalização para a Previdência Social, mas vai deixar a regulamentação para ser feita depois por meio de projeto de lei. O modelo, pelo qual as contribuições vão para uma conta individual, terá caráter obrigatório, dependendo do nível de renda.  Os trabalhadores poderão usar parte do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) para complementar a contribuição, sem prejuízo de outras fontes adicionais de contribuições de empregados e do trabalhador.


A capitalização é um dos pontos polêmicos da reforma da Previdência, mas conta com o apoio do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ). Em entrevista após a sua reeleição, Maia chegou a prever que a capitalização “passa fácil” na Casa. Mas essa é uma proposta que só vai valer para quem ainda vai entrar no mercado de trabalho, em data ainda a ser definida.  Para conter as resistências, o governo decidiu incluir na PEC apenas a previsão legal para a capitalização, sem fixar um prazo para que a regulamentação seja feita. A medida dá tempo para o governo trabalhar numa proposta. A estratégia será mostrar também que o modelo de capitalização será diferente do chileno, que passa por revisão depois que as aposentadorias ficaram menores do que a renda prevista inicialmente.


Pelo texto da PEC, será vedada a transferência de recursos públicos para esse novo sistema. A gestão desse novo sistema será feita por entidades de previdência públicas e privadas. O trabalhador poderá escolher a entidade que vai gerir esses recursos e poderá optar pela portabilidade a qualquer momento sem nenhum custo. O governo não poderá usar esses recursos.  A capitalização será pelo regime de contribuição definida. Isso significa que o valor da contribuição é acertado no ato da contratação do plano e o benefício que será recebido no futuro varia em função do valor das contribuições, do tempo em que foram feitas e da rentabilidade dos recursos


Rombo dos servidores

A minuta da reforma da Previdência que será enviada pelo governo ao Congresso não vai mais permitir que o Tesouro banque o déficit da aposentadoria de funcionários públicos. União, Estados e municípios terão dois anos para montar um plano para equacionar o déficit público.



Para assegurar recursos para o pagamento de aposentadorias e pensões para servidores e dependentes, cada ente federativo deverá criar, por meio de lei, fundos previdenciários de natureza privada.  Em caso de déficit atuarial, deverão ser instituídos, por meio de lei, em adição às contribuições, "planos de saldamento do déficit" com contribuições extraordinárias paritárias entre o ente federativo e os servidores ativos, aposentados e pensionistas.


Essas contribuições extraordinárias deverão considerar as condições dos servidores ativos, aposentados ou pensionistas, o histórico contributivo e a regra de cálculo do benefício recebido. No caso de aposentados e pensionistas, a alíquota extraordinária incidirá sobre a parcela acima do salário mínimo.  A PEC prevê ainda que a contribuição regular dos servidores terá alíquota não inferior à cobrada no INSS, mas poderá ser adotada uma alíquota progressiva, de acordo com o valor da remuneração ou do benefício.