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terça-feira, 28 de abril de 2020

Eis a questão – Editorial - Folha de S. Paulo

Na pauta nacional, impeachment divide eleitores; Bolsonaro conta com apoio fiel

É espantoso que um presidente ainda no segundo ano de mandato, sem nem mesmo enfrentar uma oposição forte e organizada, apresente os indicadores de fragilidade política de Jair Bolsonaro. Um novo dado se faz conhecer agora em pesquisa Datafolha: 45% dos brasileiros aptos a votar defendem que o Congresso abra processo de impeachment do mandatário, parcela semelhante, na margem de erro, à dos que se opõem à providência drástica (48%).

Que a própria questão esteja em pauta a esta altura já configura uma triste anomalia. Mas estáe porque Bolsonaro vai, com persistência, eliminando alternativas.


[Sugestâo: 
vamos esquecer esse papo ridículo de impeachment do Presidente da República, JAIR BOLSONARO. = NÃO VAI DAR EM NADA. Ele, com as bençãos de DEUS, vai cumprir o seu mandato até 31 dez 2022 e iniciar outro no dia seguinte.
A crise econômica e a pandemia vão passar.
Primeiro: só na interpretação dos inimigos do presidente Bolsonaro, também inimigos do Brasil. ´e que ele cometeu crimes de responsabilidade. Não cometeu, não há provas - pelo simples fatos de que só há provas de fatos, delírios não deixam provas.
Segundo: para que o impeachment de um presidente da República tenha seguimento é necessário que a Câmara dos Deputados aprove, com no mínimo 342 votos = com 172 votos o pedido é barrado.
O deputado Rodrigo Mais se ligou e viu que uma Câmara dos Deputados e um Senado Federal, responsáveis, vão agora é cuidar de vidas e saúde = combater a Covid-19.

Deixem aquele senador sem projeto e um punhado deputados tentar atrapalhar a defesa da vida de milhões de brasileiros e brasileiras.]

A calamidade do coronavírus desencadeou uma espiral vertiginosa de desatinos presidenciais. O chefe de Estado insurgiu-se contra as medidas de isolamento social, pregando que a população voltasse às atividades mesmo que ao custo de uma explosão da doença. Seguiu-se o apoio presencial e descarado a um ato em que se defendia uma intervenção militar no país. Pouco depois, uma troca despropositada do comando da Polícia Federal levou à saída de Sergio Moro da pasta da Justiça —com relatos assombrosos de tentativas de ingerência na instituição policial.

Já se contam quase três dezenas de pedidos de impeachment no Legislativo, onde a sustentação a Bolsonaro se mostra frágil e desarticulada. [pedido de impeachment, qualquer deputado pode apresentar.
Provar as acusações e obter votos apoiando o pedido, ou pedidos, é que é outra coisa.] Às pressas, o Planalto tenta cooptar, a preço elevado, parlamentares de tradição fisiológica. O quadro que se apresenta às forças políticas e institucionais do país, no entanto, é complexo. Se os fatos conhecidos bastam com sobras para justificar a abertura imediata de investigações, o apelo que o presidente mantém em uma fatia não desprezível do eleitorado eleva em muito os riscos da tarefa.

Segundo o Datafolha, um terço dos brasileiros (33%) considera o desempenho de Bolsonaro ótimo ou bom —percentual similar aos observados antes da pandemia em pesquisas presenciais. Ainda que relativamente modesto, trata-se de apoio que chama a atenção pela fidelidade em cenário tão adversoEm comparação, o governo Dilma Rousseff contava com apenas 13% de aprovação às vésperas do impeachment da petista. Recorde-se, no entanto, que ela entrava em seu sexto ano de mandato e o país já sofria com um biênio inteiro de recessão profunda.


A nova derrocada econômica que se inicia, de proporção ainda imprevisível, vai se juntar a uma crise sanitária em processo de agravamento e a uma crise política já instalada. Em nenhum dos casos o caminho da superação parece claro.

Editorial -  Folha de S. Paulo

Visavam à segurança nacional, diz general responsável por normas sobre armas revogadas por Bolsonaro - O Estado de S.Paulo

Patrik Camporez

Em carta, Eugênio Pacelli Vieira Mota, que deixou o cargo em abril, afirma que portarias não atenderam 'interesses pontuais' do setor armamentista 

O general  deixou o cargo de diretor de fiscalização de produtos controlados uma semana depois de os atos terem sido publicados pelo Exército. Durante o período em que esteve na vaga, ele chefiou o grupo que elaborou os textos. 


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General de Brigada do Exército Eugênio Pacelli Vieira Mota: normas dificultavam acesso de armas desviadas Foto: SD Angelo / Exército Brasileiro


O Estado revelou na segunda-feira, 27, que o Ministério Público Federal abriu duas investigações para apurar indícios de interferência do presidente em atos exclusivos do Exército por ter revogado as três portarias sem qualquer justificativa plausível. Segundo a procuradora regional da República Raquel Branquinho, o presidente pode ter agido para beneficiar uma parcela do seu eleitorado, que defende a indústria das armas.

A carta do general foi entregue aos seus subordinados e superiores na sua despedida. O documento foi visto como uma demonstração de que as normas feriam os interesses dos eleitores do presidente. “... Desculpe-me se por vezes não os atendi em interesses pontuais... Não podia e não podemos: nosso maior compromisso será sempre com a tranquilidade da segurança social e capacidade de mobilização da indústria nacional”, escreveu o general em referência a empresários do setor.

Leia Também: Por quê? por quê? por quê? 

Na avaliação dos procuradores, as normas revogadas dificultavam o acesso do crime organizado a munições e armas desviadas de quartéis. O cancelamento das portarias e a saída do general do cargo ocorreram sob pressão de lobistas de empresas de armas e munições. Na carta, Pacelli ressaltou “conquistas”relacionadas à modernização no controle de armamentos durante sua gestão e citou as portarias. “Foram quatro importantes decretos presidenciais a serem normatizados”, afirmou o general. Pacelli não faz qualquer agradecimento ao seu ex-chefe, o general Laerte de Souza Santos, que assinou a revogação das portarias, por determinação de Bolsonaro. Laerte é chefe do Comando Logístico do Exército, ao qual o setor de Pacelli estava subordinado.

Exoneração
À reportagem, o Centro de Comunicação Social do Exército ressaltou que a exoneração do oficial não ocorreu por pressão política ou interferência da Presidência. A assessoria destacou que a mudança no cargo é uma “atividade de rotina”, feita regularmente para promoção de generais.

Pacelli entregou o cargo numa “cerimônia de passagem de posse” a 16 de abril. No dia seguinte, Bolsonaro foi ao Twitter para informar que tinha  determinado o cancelamento das portarias elaboradas pelo grupo do general. A ordem do presidente de revogar as normas foi aceita pelo Comando Logístico do Exército (Colog) no dia 18.

Havia dois meses que Pacelli sofria pressão nas redes sociais de grupos armamentistas por conta da publicação das portarias. Clubes de colecionadores, atiradores e caçadores (CACs), além de páginas no Facebook que vendem armas, vinham ironizando a atuação do general por causa das portarias. Esses grupos, segundo procuradores ouvidos pelo Estado, cobram para que o presidente interfira em funções que, por lei, são atribuídas ao Exército.

A investigação sobre interferência de Bolsonaro no Exército aumentou o desgaste do chefe do Planalto no Congresso e a pressão pela abertura de um processo de impeachment. Deputados do PSB avaliam incluir a acusação por ingerência no Exército no pedido que haviam por ingerência na PF. [é conveniente que estes parlamentares quando incluírem acusações contra o presidente Bolsonaro, não esqueçam das provas.] 

Política - O Estado de S. Paulo


Impeachment não se resolve de um dia para outro - Gazeta do Povo

J.R. Guzzo


Dê tempo ao tempo

Muito bem: o ministro Sergio Moro já foi demitido, o presidente Jair Bolsonaro atingiu seu nível máximo de rejeição pela maioria da mídia e 100% dos analistas políticos já expediram as suas condenações. O governo é descrito diariamente como “morto”. O Brasil já está com um coronavírus nas costas, sua produção está em grande parte paralisada e o cidadão que não pode ficar “em casa” está desesperado com o seu trabalho.

Diante de tudo isso, por que o presidente ainda está na presidência? O general Hamilton Mourão já não tinha de estar despachando no gabinete número 1 do Palácio do Planalto – ele ou algum consórcio de representantes da “sociedade civil”, coisa que se monta com dois advogados, três editoriais, um ministro do Supremo aqui e um presidente da Câmara dos Deputados ali? Enfim: por que a demora?

A demora está havendo por que nada que diga respeito à troca de um presidente da República pode se fazer com a rapidez que os seus inimigos [também inimigos do Brasil.] estão querendo. Pode ser uma má notícia, mas o fato que precisa ser levado em conta com urgência é o seguinte: tem de haver calma, já. Não dá, pela legislação em vigor no país, para tirar nem o prefeito de São José do Brejo Seco do seu cargo com a pressa e a ligeireza com que estão querendo tirar Bolsonaro.

Pode ser chato, cansativo e demorado, mas não há outro jeito para “virar mais esta página da nossa história” do que ir pelos caminhos legais. Como Bolsonaro e as forças que o apoiam deixam claro todos os dias que ele não quer e nem vai renunciar ao seu mandato, só há duas coisas a fazer. A primeira é arrumar o mais cedo possível um candidato forte junto ao eleitorado nacional, ir com tudo para a campanha presidencial de 2022 e derrotar Bolsonaro nas urnas. A segunda é um processo de impeachment. As duas coisas levam tempo.

LEIA TAMBÉM:     Servidor de carreira e pastor, novo ministro da Justiça tem bom trânsito no STF

Se o presidente da República é ruim (quem está contra ele, desde o início ou depois das últimas desordens, acha que é o pior que o Brasil já teve), a solução não é “zerar tudo”, como dizem a cada cinco minutos. Não existe essa coisa de “zerar tudo” quando se trata de tirar do posto um presidente da República para colocar outro em seu lugar.

Na vida real, vai ser indispensável ter mais votos que ele nas próximas eleições ou, então, convencer dois terços dos 513 deputados e 81 senadores a aprovarem a sua deposição legal num processo de impeachment como ocorreu, aliás, com Fernando Collor e Dilma Rousseff, ou seja, com 50% dos quatro presidentes que vieram antes de Bolsonaro de 1988 para cá.

Não é impossível, como se vê – as chances são de meio a meio. Mas não dá para fazer sem trabalho, ainda mais se não houver uma clara pressão nas ruas em apoio ao processo, como foi evidente nos dois casos acima.  Mais útil do que ficar ouvindo, lendo e vendo dizer que o governo acabou é prestar atenção no que acontecerá no Congresso nos próximos dias e semanas. Se o presidente der um cavalo de pau na conduta política que vem tendo nos últimos quinze meses e acertar a sua vida com a maioria decisiva dos parlamentares, aquela que tem interesses antes de ter convicções, não percam mais seu tempo pensando em impeachment.

É bom levar em conta que essa gente toda sempre teve horror a Sergio Moro, Lava Jato e o camburão da Federal; está feliz da vida, e é quem vai decidir as coisas. Se, ao contrário, Bolsonaro continuar em guerra com o baixo, médio e alto cleros do Congresso, aí já serão outros 500.

J. R. Guzzo, jornalista - Vozes - Gazeta do Povo


Por quê? Por quê? Por quê? - Eliane Cantanhêde

O Estado de S.Paulo

A quem interessa derrubar portarias do Exército sobre armas e dobrar a munição de civis?
Não são mais apenas os próprios militares e a Polícia Federal que estranham a canetada do presidente Jair Bolsonaro derrubando três portarias do Exército sobre controle de armas de civis, como destacado na coluna “Fazendo água”, de sexta-feira. Agora, o MP quer explicações e a oposição inclui mais essa decisão do presidente nos pedidos de impeachment que se multiplicam. Bolsonaro vai empilhando, assim, a mesma pergunta: Por quê?

Por que a demissão do diretor-geral da PF agora, em meio ao caos na saúde, na economia, na política? 
Por que empurrar porta afora o ministro mais popular do governo? Por que bater de frente com o ministro da Saúde até demiti-lo na hora decisiva da pandemia? 
Por que confrontar a OMS, epidemiologistas e o mundo inteiro com as cenas patéticas e infantis contra o isolamento social? [Japão, menor letalidade do mundo - duas morte por milhão de habitantes - SEM isolamento.]
E por que, afinal, o presidente da República foi prestigiar manifestações pedindo golpe militar? 
Justamente diante do Quartel-General do Exército? [são perguntas vazias, desnecessárias, respostas sem valor;
exceção da terceira pergunta, por exigir resposta subjetiva, as demais podem ser respondidas com a leitura de alguns artigos da Constituição Federal em vigor e de um bom dicionário.
Quanto ao inicio do parágrafo abaixo,  o acusado - acusações formalizadas mediante informações, nada de provas -  não tem obrigação de responder nada e sim o acusador é que tem o ônus da prova.]

Assim como no pronunciamento de sexta-feira ele não respondeu objetivamente a nenhuma das acusações que o ex-juiz e agora também ex-ministro Sérgio Moro acabara de lhe fazer, Bolsonaro não responde, não explica e não dá o sentido de suas ações mais absurdas. Por isso, ele, seu governo e o País estão envoltos numa nuvem de incertezas. É aí que entra a decisão voluntariosa e mal (ou não) explicada de suspender – aliás, pelo Twitter – as três portarias do Exército. Além de, cinco dias depois, também como registrado na coluna de sexta-feira, mais do que dobrar as munições de cada arma de civis por mês
Por que derrubar as portarias? [quando uma Portaria conflita com uma Lei ou um Decreto, a revogação é automática.
Quanto à quantidade de munições é um assunto técnico e cuja fundamentação, quando constar, se insere nos "considerando" do Instrumento que revoga.
E por que aumentar de 200 para 550 as munições?

Bolsonaro e o governo não respondem, mas militares do Exército, policiais federais e assessores do Ministério da Justiça não gostaram, juristas e especialistas em Defesa acharam estranho. E todos eles dizem exatamente, claramente, o “porquê”: porque, na opinião deles, quem saiu no lucro, lépidos e fagueiros, foram o crime organizado e as milícias. Mais armas sem controle de entrada, sem rastreamento, sem fiscalização e com muito, mais muito mais munição legalmente permitida... A quem interessa?

É claro que Bolsonaro nunca escondeu, e até fez disso discurso prioritário de campanha, seu amor e o amor dos filhos pelas armas e que muitos neste país praticam tiro desportivo ou são colecionadores. Mas – e aí vem novamente o por quê? – derrubar as três portarias do Exército foi só para agradá-los? E mais do que dobrar a munição mensal por arma também?

A procuradora Raquel Branquinho alega que o presidente “viola a Constituição” e faz uma referência particular à base da família Bolsonaro.[se a procuradora acha que o direito lhe assiste, que ingresse na Justiça, já que falece de  competência para questionar atos do Presidente da República. “A cidade do Rio de Janeiro é a face mais visível dessa ausência de efetivo controle no ingresso de armamento no País”, diz ela em ofício ao qual o repórter Patrik Camporez teve acesso e que foi manchete do Estado na segunda-feira, 27.

Pois é... Rio, armas, controle, munição... Isso tudo vai se embolando com a demissão de Valeixo da PF, a queda de Moro e as acusações que o ministro fez ao sair, de que o presidente queria ter acesso direto ao diretor-geral, a superintendentes e a relatórios de inteligência da PF. E ele, o ministro, também citou especificamente o Rio, neste caso, o Estado do Rio.  Moro, Mandetta e Valeixo saem por uma porta do governo e o Centrão entra pela outra, trazendo, entre outros, Roberto Jefferson e Valdemar Costa Neto. Isolado no Supremo e na cúpula do Congresso, perdendo apoios no empresariado e nas finanças e enfrentando uma guerra inglória na internet com Moro, Bolsonaro corre o risco de se apoiar só em dois pilares: os militares e os líderes do Centrão, que não têm nada a ver. Quem diria? Aliás, por quê?

Eliane Cantanhêde, colunista - O Estado de S. Paulo


Na pandemia e sem plano - O Globo

José Casado


Guedes anunciou que tudo segue como antes

Há quatro semanas, Jair Bolsonaro recebeu um esboço de plano para criação de 1.008.635 empregos nos próximos dois anos. Encomendara o projeto a assessores, militares na reserva, e aos ex-deputados Rogério Marinho (PSDB-RN), ministro do Desenvolvimento, e Onyx Lorenzoni (DEM-RS), da Cidadania.

Bolsonaro entregou o programa ao chefe da Casa Civil, Walter Braga Netto. Atravessaria os próximos dois anos em campanha pela reeleição, inaugurando obras com 42 mil novos empregos a cada mês. A pandemia já delineava um cenário tétrico, com 200 mortes, mas ele se mantinha no modo ignorância desdenhosa: “Outros vírus já mataram muito mais”. Já decidira demitir Luiz Mandetta (Saúde) e Sergio Moro (Justiça).

Marinho e Onyx estavam ajudando-o a abrir as portas do governo a lideranças políticas notórias pelo clientelismo. Se reuniram com Paulo Guedes, da Economia. Sobraram divergências e ressentimentos, com excesso de acidez entre Guedes e Marinho. A “agenda única” escanteava Guedes, e invertia sua proposta liberal, impondo protagonismo ao Estado na saída da crise. Era uma rasteira no “Posto Ipiranga”, dada pelo presidente, sob o bastão de comando ao chefe da Casa Civil.

Guedes dissimulou em público com a passividade de monge budista. Assistiu, quieto, ao presidente comandar uma sessão de slides sobre 65 obras rodoviárias, 42 aquaviárias, 32 aeroportuárias e sete ferroviárias. No silêncio efervesceram conversas sobre sua demissão.

Ontem, Bolsonaro recuou. Guedes agradeceu-lhe a “confiança” e anunciou que tudo segue como antes. O presidente já colecionava 24 pedidos de impeachment, dois inquéritos criminais no Supremo e a caminho de um novo, por improbidade. Em três semanas o número de mortos pelo vírus subiu de 200 para mais de mais de 4.500 mais de 2.150% no registro oficial. Ainda não há indício de que o governo tenha um plano, além do pandemônio político criado em plena pandemia.

José Casado, jornalista - Coluna em O Globo


A calmaria - Nas entrelinhas

“A preocupação de Bolsonaro era acabar com os boatos de que Paulo Guedes estaria desembarcando da equipe, em razão das divergências com os militares

O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), jogou um balde de água fria nas articulações para dar início a um processo de impeachment do presidente Jair Bolsonaro, o que depende dele. Uma de suas atribuições é aceitar ou arquivar, monocraticamente, os pedidos de impeachment. “Processos de impeachment e possibilidade de CPIs precisam ser pensadas e refletidas com muito cuidado. Acredito que o papel da Câmara dos Deputados neste momento, nos próximos dias, é que a gente volte a debater, de forma específica, a questão do enfrentamento ao coronavírus”, afirmou, em entrevista coletiva na Câmara. Nesta semana, acaba o seu prazo de 10 dias para informar ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Celso de Mello sobre os pedidos que já chegaram à Câmara, que acusam Bolsonaro de crime de responsabilidade, tanto na demissão de Moro como na postura diante da epidemia de coronavírus.

A comissão parlamentar mista de inquérito (CPMI) para investigar as denúncias do ex-ministro da Justiça Sergio Moro sobre tentativas de interferências indevidas de Bolsonaro na Polícia Federal (PF) está no telhado. Segundo o ex-ministro, Bolsonaro queria informações sobre inquéritos policiais e relatórios de inteligência, o que não foi aceito pelo ex-juiz da Lava-Jato, que se demitiu da pasta fazendo muito barulho. Nos bastidores da Câmara, a coleta de assinaturas para a instalação da CPMI já foi iniciada, mas há resistências de parte do Centrão e dos deputados bolsonaristas. Maia mantém distância regulamentar da mobilização, não quer tomar partido.

Bolsonaro, ontem, também tratou de esvaziar a crise. Continua decidido a nomear o delegado Alexandre Ramagem, atual diretor da Agência Brasileira de Informações (Abin), para a diretoria-geral da Polícia Federal, no lugar de Maurício Valeixo, que foi exonerado à revelia de Moro. Entretanto, a indicação do ministro Jorge Oliveira, secretário-geral da Presidência, para o cargo de ministro da Justiça também estava no telhado. A mobilização contra as duas indicações, devido a ligações pessoais de ambos com os filhos do presidente da República, parece ter levado Bolsonaro a avaliar melhor a situação. Oliveira também estaria reticente sobre mudar de posto. Não será surpresa se Bolsonaro indicar outro nome para a pasta, com maior trânsito junto aos tribunais superiores, no caso o ministro André Mendonça, da Advocacia-geral da União (AGU)

A preocupação de Bolsonaro era acabar com os boatos de que o ministro da Economia, Paulo Guedes, estaria desembarcando da equipe, em razão das divergências com os militares do Palácio do Planalto, que apresentaram um plano de retomada da economia que não passou por seu crivo. Em entrevista coletiva, Bolsonaro garantiu que Guedes continua dando a linha da política econômica para todo o governo. “Acabei mais uma reunião, aqui, tratando de economia. E o homem que decide a economia no Brasil é um só: chama-se Paulo Guedes. Ele nos dá o norte, nos dá recomendações e o que nós realmente devemos seguir”, disse.

Centrão
Ao lado de Bolsonaro, Guedes afirmou que o governo segue firme em sua política econômica de responsabilidade fiscal e garantiu que os gastos públicos extraordinários feitos em decorrência da crise do coronavírus são uma “exceção” na condução da política econômica. “Queremos reafirmar a todos que acreditam na política econômica que ela segue, é a mesma política econômica”, ressaltou Guedes. Estavam na entrevista o ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, um dos autores do Plano Pró-Brasil; o presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, que muitos veem como alternativa para a Economia, e a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, que sofre um ataque especulativo da ala ideológica do governo e dos ruralistas ligados ao Centrão, que a acusam de ser aliada da China.


As negociações para articular uma base mais robusta para Bolsonaro, a cargo do ministro Luiz Eduardo Ramos, da Secretaria de Governo, vão de vento em popa. Roberto Jefferson (PTB), Valdemar da Costa Neto (PR), Ciro Nogueira (PP) e Gilberto Kassab (PSD), os caciques do Centrão, querem garantir a presidência da Câmara, na sucessão de Rodrigo Maia (DEM-RJ), para o deputado Arthur Lira (PP-AL), com apoio do Palácio do Planalto. O Banco do Nordeste, a Funasa, o DNOS, o FNDE e o Porto de Santos estão no balaio do “é dando que se recebe”, mas Kassab pleiteia também o Ministério da Agricultura. Em troca, Bolsonaro estaria blindado contra qualquer tentativa de impeachment.

Ou seja, a operação política do Palácio do Planalto avançou no Congresso, amainando a crise política. A postura cautelosa de Rodrigo Maia e o silêncio do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), que estão jogando juntos, refletem isso. Em contraste com a calmaria política, porém, a epidemia de coronavírus avança, com o ministro da Saúde, Nelson Teich, ainda “estudando os dados” de sua propagação, enquanto o novo secretário executivo da pasta, general Eduardo Pazuello, critica a imprensa (que não levaria em conta a diversidade do país) e fala emplanejamento centralizado” num sistema tripartite — União, estados e municípios —, onde qualquer planejamento bem-sucedido precisa ser situacional e participativo. Já são 4.543 mortes, 338 mortes a mais do que no domingo, com 66.501 casos confirmados, ou seja, 4.613 casos a mais. Foram mais 1.802 mortes em apenas uma semana, e o general reclama da imprensa porque noticia o avanço da epidemia.

Nas Entrelinhas - Luiz Carlos Azedo,jornalista - Correio Braziliense



É incrível: querem criticar o presidente por nomear gente próxima. Gente de casa! - Alexandre Garcia

Gazeta do Povo

Tem cabimento?

Vocês já devem estar cansados de saber o que disse Sergio Moro e o que respondeu o presidente Bolsonaro. Agora praticamente já temos um novo ministro da Justiça e um novo diretor-geral da Polícia Federal. [atualizando: o novo ministro da Justiça é André Gonçalves;
Alexandre Ramagem, o novo diretor-geral da PF.
Ambos foram escolha do presidente Bolsonaro - não se concretizou a nomeação de Jorge Oliveira, primeira escolha do presidente Bolsonaro, por resistência do próprio escolhido e que terminou sendo acatada pelo presidente.
A resistência se tornou mais plausível devido o  currículo de menor amplitude do atual Secretário-Geral da Presidência.] 

Alexandre Ramagem, o novo diretor-geral da PF, é um delegado da Polícia Federal, que chefiava a agência nacional de inteligência e já trabalhou na segurança do presidente Bolsonaro.
Já o ministro da Justiça é Jorge Oliveira, que também trabalhava com o presidente na sua assessoria mais próxima e depois foi feito ministro Secretário-Geral da Presidência. Ele é formado em Direito e é major da Polícia Militar.

Uma observação interessante
Como a oposição é muito fraca, quem cumpre esse papel hoje é boa parte da mídia. Só que a mídia é meio ingênua, não sei se é porque é muito jovem. Os jornais estão criticando o presidente – imaginem – por ter nomear gente muito próxima a ele.Gente da confiança dele. Gente de casa. Essa é a crítica. É incrível!  De certo, queriam que o presidente nomeasse alguém distante e que ele não conhece e, portanto, não tenha confiança. É muito óbvio que Bolsonaro ia nomear alguém de confiança, ainda mais depois do que aconteceu entre ele e o Ministro da Justiça, Sergio Moro. O presidente foi surpreendido quando o ex-ministro convocou a imprensa para fazer acusações.

Depois Moro ainda revelou conversas privadas entre ele e Bolsonaro. Para mim, essa foi a única situação que ficou mal para o ex-ministro. Eu admiro o caráter, o patriotismo, a coragem e o trabalho contra corrupção de MoroEu fui ao casamento da deputada Carla Zambelli, em que Moro era padrinho. Depois ele pega a conversa entre ele e a sua afilhada de casamento e expõe publicamente uma conversa, inclusive, que não é comprometedora.

Leia também: "Durante uma crise, lembre-se: isso também vai passar"

Na conversa, a deputada pede que o então ministro aceite trocar o chefe da Polícia Federal e promete que vai ajudá-lo a se tornar ministro do Supremo Tribunal Federal. Isso foi divulgado. Ficou assim uma coisa meio adolescente. A mesma coisa divulgar conversas com seu chefe, que reclamou que a PF estava na cola de 12 deputados aliados. Se tratava de uma investigação pedida pelo STF para descobrir quem estaria instigando manifestações de rua para fechar o Supremo e o Congresso. Você certamente quer saber: pode haver impeachment de Bolsonaro?

Alguns pedidos de impeachment existem. Tem ministro do STF pedindo que Rodrigo Maia despache esses pedidos, tem Celso de Mello recebendo um pedido de abertura de inquérito do Procurador-Geral da República, Augusto Aras.  Aliás, Aras não esperou a resposta do presidente Bolsonaro. Interessante um jurista não esperar o contraditório. Foi Moro acusar e Aras fez um pedido de forma apressada, já que têm erros de português.

Esse inquérito pode enquadrar ou Bolsonaro ou Moro. A acusação contra o presidente é de falsidade ideológica, coação no curso de processo, advocacia administrativa, obstrução de justiça, prevaricação, corrupção passiva privilegiada.  Já o ex-ministro pode ser enquadrado por denunciação caluniosa. Eu não sei se isso é um truque para pegar Moro já que os ministros Lewandowski, Gilmar Mendes e Toffoli não gostam dele.  Assim como Rodrigo Maia e o centrão não gostam. O centrão, por exemplo, deturpou completamente o pacote anticrime. Para esse grupo de parlamentares é um alívio a saída de Sergio Moro.

Mas temos que considerar o seguinte
Nunca houve afastamento de presidente sem que houvesse povo fazendo manifestação. Quando derrubaram João Goulart foram as pessoas que saíram para rua primeiro. Quando Jânio Quadros renunciou, o povo não saiu em defesa. Quando Collor pediu para a população sair para rua a seu favor, eles saíram para rua para se manifestar contra o ex-presidente. E ele caiu. O povo saiu para rua e derrubou a Dilma.

Já com os ex-presidente Lula e Fernando Henrique Cardoso a população quase não foi para rua querendo derrubar eles. Embora, no governo FHC, petistas fossem para rua pedindo “Fora FHC” e quando estourou o mensalão pediram “Fora Lula”. 
No domingo (26) à tarde, o povo a maior parte de carro – encheu a frente da Esplanada dos Ministérios para mostrar para o Congresso e para o Supremo que o povo está na rua a favor do presidente.

Alexandre Garcia, jornalista - Vozes - Gazeta do Povo


Senado e governo propõem congelar salário de servidor por 18 meses para liberar socorro a estados e municípios - O Globo

Isabella Macedo e Marcello Corrêa

Projeto foi defendido pelo presidente da Casa, Davi Alcolumbre (DEM-AP)Medida de ajuste deve gerar economia de R$ 130 bi

Coronavírus: Alcolumbre diz que 'setor público tem de dar sua parcela' no enfrentamento à pandemia

O presidente da Casa é o relator da proposta e prevê a apresentação de seu parecer inicial para quinta-feira. A votação deve acontecer no sábado, por causa do feriado do Dia do Trabalho na sexta-feira. Alcolumbre se reuniu com o ministro da Economia, Paulo Guedes, no início da tarde. Segundo o amapaense, a estimativa da pasta é que a economia total seja de R$ 130 bilhões no período.  Acho que é uma conquista essa conciliação com o governo, protegermos por 18 meses a conta (da União). E a gente tem que lembrar que, pela proposta, não reajustar os salários de municípios, estados e União. A conta que me deram hoje, a gente está falando de economia, ou seja, recursos que vão sobrar para os cofres da União, dos estados e dos municípios, na monta de R$ 130 bilhões em 18 meses.

Segundo integrantes da equipe econômica, a proposta está avançando. O impasse sobre o socorro aos entes federados ocorre há ao menos um mês. A Câmara dos Deputados aprovou projeto que prevê que a União compense os governos locais pelas perdas na arrecadação de impostos, mas a ideia é fortemente criticada por Guedes, que vê na medida um "cheque em branco" para gestores regionais.


GOVERNO

Bolsonaro cutuca Guedes três vezes durante fala sobre servidores públicos. 

Jair Bolsonaro até que tentou ser discreto, mas foi visível o seu desconforto com parte da fala de hoje de Paulo Guedes em frente ao cercadinho do Palácio da Alvorada hoje.
Tudo ia muito bem, até quase quinze minutos de entrevista coletiva. Mas neste momento, Guedes pediu, à sua maneira, a colaboração do funcionalismo público diante da crise. E mandou a frase: Precisamos também que o funcionalismo público mostre que está com o Brasil, que vai fazer um sacrifício pelo Brasil, não vai ficar em casa trancado com a geladeira cheia assistindo à crise enquanto milhões de brasileiros estão perdendo o emprego.

Bolsonaro cutucou Guedes,
o mais discretamente que conseguiu, como que clamando para que ele cessasse ali mesmo qualquer observação que pudesse melindrar os servidores públicos.Note que, a partir do instante em que o ministro fala "com geladeira cheia", Bolsonaro o cutuca por três vezes. Tudo feito sem sequer olhar para Guedes.
Mas já era tarde. A frase tinha, claro, o poder de viralizar. 

Radar - O Globo






segunda-feira, 27 de abril de 2020

Comparativo do desempenho do plano Bolsodoria para controle da Covid-19

Reino Unido, com isolamento = 276 mortes
Estados Unidos, com isolamento = 150 mortes por milhão
Brasil, com isolamento = 16 mortes por milhão [graças a DEUS, este índice logo estará em zero.
Detalhe: os japoneses privilegiam o uso de máscaras - política que esperamos seja  adotada no Brasil.]
Japão, sem isolamento  = 2 mortes por milhão de habitantes


Cabe um registro: apesar do desempenho pífio do governo Ibaneis - o hospital de campanha de Águas Lindas - GO, construído em parceria entre o governo de Goiás e o Governo Federal, ficou pronto 27 dias após o anúncio da construção.

Já o hospital de campanha de Brasília, Estádio Mané Garrincha, construção sob responsabilidade do governo do Distrito Federal, em 30 de março o secretário de Saúde do DF anunciou que ficaria pronto em 15 dias = 14 de abril. 
Até hoje, 27/4, não ficou pronto. Anunciaram que ficará pronto até o próximo 15 de maio.

O hospital de campanha a ser construído na Penitenciária da Papuda, responsabilidade do GDF, prometido também para meados de março, não ficou pronto e foi prometido que até 15 de maio estará pronto.
A conferir.
Reconhecemos no governo Ibaneis um mérito: Brasília tem o menor índice de letalidade para a Covid-19 = 2,4%.

Blog Prontidão Total

Acepções da direita - Denis Lerrer Rosenfield

O Estado de S.Paulo

Os liberais uniram-se ao atual presidente na luta comum contra o PT, mas dele se afastaram

Dentre as inúmeras confusões do atual cenário político, destaque-se a tendência a atribuir tudo o que o presidente Bolsonaro faça à direita, genericamente concebida. Para alguns, seu eventual fracasso significaria o fracasso “da direita”. A realidade, porém, é muito mais complexa, o País apresenta um leque diversificado de “direitas”: extrema direita, direita conservadora e direita liberal. Se há alguns anos o Brasil estava preso à oposição “direita x esquerda”, hoje a luta política se deslocou para confrontos dentro do campo da direita. O inimigo de Bolsonaro, na pandemia, é João Doria ou Luiz Henrique Mandetta, não Lula e o PT – estes estão desaparecidos de cena. O presidente, aliás, necessita urgentemente da sua volta!

Bolsonaro e seu clã constituem um perfil ideológico que poderíamos denominar de extrema direita; é formado pelo presidente, por sua família, seus assessores mais diretos, um ideólogo identificado com a extrema direita americana e um grupo digital que a eles adere sem nenhum critério crítico. 

Eis alguns pontos centrais: 
1) Sua concepção política está baseada na distinção amigo/inimigo, sempre precisando de alguém para atacar. O diálogo não faz parte dessa concepção por necessitar apontar alguém como inimigo a ser destruído (Lula, a esquerda, Doria, Mandetta, as instituições, Rodrigo Maia, a imprensa, os meios de comunicação, o “sistema”, os políticos, e assim por diante). 

2) Em decorrência, necessita do confronto permanente, até mesmo levando instabilidade às instituições. 

3) Apoia-se numa teoria conspiratória, própria desse tipo de concepção. Apresenta-se como “vítima” do “sistema”, dos “políticos”, tidos por definição [só por?] como corruptos, dos que querem abatê-lo das formas mais secretas. 

4) Em sua luta contra o “sistema” e a “conspiração”, as instituições democráticas são consideradas obstáculos que devem ser removidos, não têm nenhum valor em si mesmas. 

5) Diz falar em nome do “povo”, mas isso significa tão somente os que o seguem fanaticamente nas redes sociais. Ao se pautar por redes sociais controladas e incentivadas por seus filhos e seguidores, robôs incluídos, além dos seus apoiadores que se aglomeram no Palácio do Alvorada, diz estar falando em nome do “povo”. 

6) O desprezo pela ciência é outro dos seus pontos centrais, algo claro no combate à pandemia, não seguindo nenhum critério científico ou técnico. A ignorância sobre o que seja a ciência é total, não seguindo regras e critérios vigentes na comunidade científica, de validade internacional. 

7) Uso intensivo de fake news nas redes sociais, tornando a mentira e as acusações arbitrárias instrumentos políticos.


A direita, na acepção conservadora, caracteriza-se pela defesa de valores provenientes da tradição e da religião, assim como das instituições existentes. Nesse sentido, privilegia a ordem e o que está publicamente estabelecido. Um exemplo pode ser bem ilustrativo. O estamento militar, no Brasil e no mundo, é de perfil conservador, dada a mentalidade específica que lá se cria. Dentre os seus valores, salientem-se 
1) o respeito à hierarquia, mediante comandantes transmitindo suas ordens de acordo com as orientações de sua própria instituição; 
2) o mérito como critério de ascensão hierárquica, o que pressupõe cursos e estágios que se tornam condições para qualquer promoção; 
3) a família como valor maior, presente em expressões como a “família militar”; 
4) o coleguismo e a ajuda mútua, algo que se aprende nos estudos sobre a guerra, assim como na vivência do dia a dia; e 
5) o respeito à ordem pública, que se traduz pelo respeito à própria Constituição, à qual todos devem obediência.

O Judiciário, também, tem uma estrutura conservadora, baseada na defesa das leis, que devem resistir ao tempo. É bem verdade que, em seu seio, posições de esquerda se introduziram, como as oriundas do direito dito “alternativo” e do “intervencionismo político”, que dita leis ao arrepio das leis.

Os liberais, por sua vez, têm ganho muito espaço nos anos recentes, sobretudo na área econômica, embora na pandemia venham sofrendo um baque. Coloca-se, agora, a questão da redefinição do papel do Estado, inclusive com a tendência de tornar medidas emergenciais definitivas. O plano “desenvolvimentista”, dito Marshall, anunciado pela Casa Civil, sem a participação da área econômica, mostra o recuo de um liberalismo econômico que parecia assentado.

A direita liberal, contudo, não está acantonada na área econômica, expandiu-se politicamente, tornando-se presente em movimentos e organizações sociais que se estruturam por valores liberais, incidindo em questões comportamentais e numa concepção liberal da sociedade, em contraponto tanto à direita conservadora quanto, mais diretamente, à extrema direita.

Os setores liberais uniram-se ao atual presidente na luta comum contra o PT, mas dele se afastaram em suas diatribes contra qualquer divergência e em questões comportamentais e culturais. “Votei contra o PT, e não pela família presidencial e por suas concepções e seus valores”, tornou-se mote comum. Novas oposições aí se desenham.


 Denis Lerrer Rosenfield, professor de filosofia  - O Estado de S. Paulo 



''Servidor não pode ficar em casa com a geladeira cheia, enquanto milhões perdem o emprego'', diz Guedes

Ministro da Economia voltou a defender o congelamento salarial do funcionalismo nesta segunda-feira

O ministro da Economia, Paulo Guedes, indicou que o governo pode avançar, nesta semana, com o plano que prevê o congelamento dos salários dos servidores públicos federais. A ideia, segundo Guedes, é não liberar aumentos por um ano e meio, pois o funcionalismo não pode "ficar em casa trancado com a geladeira cheia assistindo à crise [do coronavírus], enquanto milhões de brasileiros estão perdendo o emprego". 

"Precisamos também que o funcionalismo público mostre que está com o Brasil, que vai fazer um sacrifício elo Brasil, não vai ficar em casa trancado com a geladeira cheia assistindo à crise enquanto milhões de brasileiros estão perdendo o emprego. Não! Eles vão colaborar, eles vão também ficar sem pedir aumento por algum tempo", afirmou Paulo Guedes nesta segunda-feira (27/), na saída do Palácio do Alvorada, depois de uma reunião com o presidente Jair Bolsonaro

O ministro ainda disse que, nesta semana, deve haver novidades sobre esse assunto. "O presidente disse que ninguém tira direito, ninguém tira salário, ninguém encosta em nenhum direito que existe hoje. Mas, por atenção dos brasileiros e para nos ajudar no combate a essa crise, não peçam aumento por um ano e meio. Contribuam para o Brasil. Essa semana mesmo devemos ter essa novidade. Um plano importante, estruturante, que mostra uma contrapartida", declarou.

Guedes argumentou que o congelamento salarial representaria a contrapartida dos servidores à crise da Covid-19. Afinal, reduziria o aumento dos gastos públicos nos próximos meses, quando o governo vai precisar pagar a conta dos gastos extraordinários que foram necessários durante a pandemia do coronavírus.

[o genial 'posto Ipiranga' ou desprogramou de vez, perdeu a noção ou está tentando o diversionismo.
VEJAMOS:
- em 2020 nenhum servidor público teve aumento salarial ou tem previsão de receber - congelar o que já está congelado?
- o 'congelamento' é só para o servidor público comum, o 'barnabé'? ou alcança servidores públicos que se abrigam sob o título MEMBRO do Poder Legislativo, do Poder Judiciário, MP, ministros de Estado? - não alcançando os MEMBROS das instituições citadas, até o ministro Guedes terá aumento, não sendo atingido pelo congelamento =  os MEMBROS terão e ele e demais ministros se beneficiam., visto ser tudo vinculado.
Se o congelado incluir toda e qualquer pessoa, da ativa ou não, que receba dos cofres públicos o Brasil inteiro apoiará o presidente.] 

Ideia antigaO ministro já defendeu essa proposta em outras oportunidades, inclusive em conversas com os parlamentares que precisarão aprovar o congelamento. Porém, nas outras ocasiões havia defendido o congelamento salarial por dois anos e não por um ano e meio, com sugeriu nesta segunda.

Além disso, o ministro ainda não deixou claro de que forma o congelamento será tratado pelo governo, se será através de uma nova proposta de emenda à Constituição (PEC), por meio da reforma administrativa ou da PEC Emergencial que já está no Congresso. 

Correio Braziliense


Demissão de Moro - J R Guzzo - Gazeta do Povo

Ao apostar na tensão permanente, Bolsonaro comete seu maior erro

O presidente Jair Bolsonaro, ao que parece cada vez mais, continua decidido a governar dentro de um ambiente de tensão permanente, por achar que o calor da fornalha é o que existe de melhor para ele. Pode pegar fogo? Então vamos lá.

No momento, ele não se mostra satisfeito com as cargas de TNT que rondam o Palácio pelos quatro cantos. Como se já não houvesse dinamite suficiente do lado fora, Bolsonaro faz questão de criar, a cada quinze minutos, focos de tensão dentro do seu próprio governo. Nessa espiral alucinada, acaba de demitir o ministro da Justiça, Sergio Moro — o homem mais popular do governo e do Brasil. A ideia, que vem de longe, andava esquecida com a Covid-19 e, aparentemente, tinha caído em exercício findo. Não tinha.


É coisa de homem-bomba do Exército Islâmico – que vá tudo para o espaço, comigo junto. O presidente, para forçar a saída, demitiu por decreto o diretor da Polícia Federal, Maurício Valeixo, ocupante de um cargo que está diretamente subordinado ao Ministério da Justiça [estando o Ministério da Justiça diretamente subordinado ao presidente Bolsonaro = quem pode o mais, pode o menos.
Ao nosso entendimento, de leigos em política, o maior problema do Moro e que ocasionou o conflito foi a ambição e a preocupação com as eleições de 2022 - ele, a contragosto, esperava que Bolsonaro começasse a governar e implantar a agenda que Moro desejava e que lhe seria favorável = esqueceu o ex-juiz que o presidente não conseguiu ainda governar, implantar sua própria agenda, tem sido boicotado por outros movidos a interesses nada republicanos.] — sem dizer o que ele fez de errado, ou dar qualquer motivo razoável. Disse apenas que a exoneração foi a pedido” – o que não foi. Foi, isso sim, um ato de agressão a qualquer proposta de procurar um mínimo de serenidade e equilíbrio para o seu governo. Tomou a opção pelos grupos que querem ir “para o pau”.

A conta é a de sempre: a base de apoio de Bolsonaro, em sua cabeça e segundo rezam os algoritmos das redes sociais, gosta quanto ele diz “aqui quem manda sou eu”, e vai dar-lhe 100% de apoio ao botar no olho da rua um ministro que incomodava parte do entorno presidencial, por um monte de motivos. Era popular demais. “Se achava”. Queria ser independente. Atrapalhava a vida de certas pessoas que detestam a ação permanente de seu Ministério no combate à corrução. Agora, com o ministro de fora, Bolsonaro e seus estrategistas imaginam que a população vai aplaudir, o “centrão” vai fechar com o governo, por se ver mais longe do camburão da Polícia Federal, e que ele acabará ganhando sabe lá mais que vantagens junto ao mundo político – com o qual está em guerra desde o começo do seu governo.

Para ficar só nos últimos dias, Bolsonaro se viu alvo de acusações indignadas de que estimula um golpe militar, por ter participado de um comício na frente do Quartel General do Exército, em Brasília, na qual faixas e gritos pediam o fechamento do Congresso e do STF. Está sob críticas pesadas, e não só dos inimigos habituais, por causa de suas posições agressivas contra a manutenção da quarentena trazida pelo coronavírus e por ter demitido o ministro da Saúde. O coro pedindo seu “impeachment já” engrossa a cada dia. Importa cada vez menos, a essa altura, discutir se existem ou não, do ponto de vista técnico e jurídico, os motivos constitucionais para a deposição do presidente da República. O que interessa para os inimigos é insistir todo dia no “impeachment”. Qualquer coisa serve: falta de decoro, defesa da cloroquina, ofensa a mulheres jornalistas, incentivo a mortes em massa com a demissão do ministro da Saúde, apoio ao “golpe militar”.

A isso acaba de se juntar o STF, que mandou o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, explicar a dois advogados porque não aceita as denúncias de impeachment apresentadas por ambos – junto com a exigência de que seja feita uma estranhíssima divisão da autoridade legal do Poder Executivo entre o presidente e o seu vice.
Num momento de angústia nacional, como o que se vive hoje no Brasil, por causa da epidemia, da ruína para a produção e o emprego criada pelo confinamento e de toda a desgraceira que há por aí, imagina-se que o mais recomendável, para um presidente pressionado por inimigos de todos os lados, seria a busca da paz. Ele tem certeza que não é.

J. R. Guzzo, jornalista - Vozes - Gazeta do Povo



Diálogo é fundamental - Alexandre Garcia

Gazeta do Povo

Bolsonaro percebeu que tem de conversar com o Legislativo

Eu venho acompanhando todos os dias a evolução das mortes no Brasil pela Covid-19. Nós vinhamos mantendo um decréscimo nos números e o último número deu um susto. Foram 407 óbitos, metade em São Paulo. Antes o número de mortes por dia era um entre 110 e 160. Tomara que seja o que estão explicando, falta de notificação em decorrência do feriado. Mesmo assim esse aumento não é justificado.

Nós não estamos em um posição ruim se comparado os sete países com melhor desempenho econômico. Nós temos 16 mortos por milhão de habitantes, e os Estados Unidos está com 150, por exemplo. Já a Itália tem 423 óbitos por milhão de habitantes, a França tem 335, a Alemanha está com 64 mortes, o Reino Unido tem 276, o Canadá com 57 e o Japão tem apenas 2 mortes por milhão. Qualquer imagem que vocês veem do povo japonês vocês sempre vão encontrar alguém com máscara, há décadas. Eles têm esse hábito. Nós, no Brasil, ficamos gripados e vamos trabalhar, andamos de ônibus e de elevador e ficamos em locais com aglomeração.

Os brasileiros distribuem o vírus para todo mundo. No Japão não é assim. Tanto que o governo asiático não colocou os habitantes em isolamento social, a medida que eles tomaram foi decretar estado de emergência.

Pró-Brasil e a recuperação da economia
O programa Pró-Brasil foi lançado para a recuperar a economia e dos empregos. Nós ficamos com 13 milhões de desempregados na recessão anterior, vamos ver quantos empregos nós vamos perder com essa pandemia.

O lado bom do coronavírus é que o governo descobriu que há uma imensa necessidade de investimento na infraestrutura desde sempre. Querem destinar R$ 250 bilhões para a infraestrutura por meio de concessões e privatizações. Também querem empregar dinheiro público na área, mas essa verba não poder ser alta porque a arrecadação vai cair. Nós vamos sair dessa crise sanitária com uma infraestrutura melhor o que vai nos dar capacidade para crescer no futuro. Mas para se fazer um investimento a longo prazo é preciso ter ordem jurídica confiável, não dá para ter a insegurança jurídica que temos hoje.

Veja Também: Coronavírus: mesmo com a torcida dos catastrofistas, não houve apocalipse no Brasil

Insegurança na política
O diretor da Polícia Federal avisou os delegados regionais que está querendo sair e que o ministro Sergio Moro já está avisado. Eu não sei como essa notícia se tornou a saída de Moro. Qualquer notícia vira a saída de um membro da União ou uma briga entre integrantes do governo. Faz parte essa militância que se mistura com o jornalismo. Não foi assim que eu aprendi na PUC-RS.

As relações do governo com o Legislativo
O presidente percebeu que tem que conversar com o legislativo, ele não tem saída. Afinal, Bolsonaro já tem 30 anos na Câmara. Jânio Quadros me contou que renunciou porque deu as costas para o legislativo. A gente viu que Collor, com a sua arrogância em relação ao Legislativo, foi impeachado. A ex-presidente Dilma não conseguia nem conversar com o próprio partido. O diálogo é necessário.

Desde quarta-feira Bolsonaro está conversando com as lideranças do centrão. Com os parlamentares do DEM, Progressistas, PSD, Republicanos e do PL. O líder do centrão, Arthur Lira, chegou a gravar uma conversa muita amistosa com o presidente.  O que não se tem que fazer é entregar o poder Executivo, ministérios e estatais para que os partidos políticos se locupletem. Ainda mais nesse ano eleitoral e todo mundo está de olho nesse "covidão" que são essas verbas soltas. A verba eleitoral deste ano está sem controle, sem fiscalização e sem orçamento. O gasto eleitoral de campanha certamente vai ter pouca contribuição porque boa parte da economia parou.

Alexandre Garcia, jornalista - Vozes - Gazeta do Povo