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domingo, 2 de maio de 2021

Crise da Covid-19 leva a uma expansão inédita nas ações de filantropia no Brasil - VEJA

Reportagem de capa

Valor das doações na pandemia chega a R$ 6,9 bilhões, o dobro do registrado durante todo o ano de 2018; movimento pode mudar de forma radical a maneira como se combate a desigualdade no país

Corrente do bem: na pandemia, ações de filantropia têm expansão inédita

“A pandemia só deixou mais clara a situação de fragilidade de nosso país.”
Lia Maria de Aguiar, herdeira do Bradesco e criadora da fundação que leva seu nome

Acontecimentos extremos exigem atitudes extraordinárias. É o que costuma pregar o senso comum diante de períodos turbulentos como guerras, crises, catástrofes naturais e humanitárias. Herdeira do fundador do Bradesco, um dos maiores bancos privados do país, Lia Maria Aguiar, 82 anos, percebeu que precisava agir em face da crise causada pelo coronavírus — e o caminho seria a filantropia. Habituada a financiar ações sociais voltadas à educação e cultura em Campos do Jordão, cidade paulista na Serra da Mantiqueira, onde mora, decidiu investir também na área de saúde, território até então inexplorado para a fundação que leva seu nome. “A pandemia só deixou mais clara a situação de fragilidade do nosso país”, constata. 

Em um primeiro momento, decidiu oferecer gratuitamente exames para o diagnóstico da Covid-19, até então inexistentes na cidade. Além dos testes, a fundação está erguendo um ambulatório para medicina preventiva, que, em breve, terá recursos para atendimentos mais sofisticados, como hemodiálise. A ideia é transformar essa unidade em hospital filantrópico, gerido sob a consultoria do Sírio-­Libanês. Dona de uma fortuna estimada em 1,5 bilhão de dólares, que, por testamento, deve ser destinada aos projetos de caridade de sua fundação, Lia de Aguiar faz parte de um contingente de brasileiros que se dedicam a fazer mais pelo país e pelos necessitados.

Entre tantas agruras vividas nestes tempos de pandemia, trata-se de um movimento crescente e bem-vindo ao país. Historicamente, a prática da doação por aqui tem uma dimensão muito menor do que poderia, especialmente quando comparada a outros países. A eclosão da Covid-19, porém, deu um impulso significativo de recursos destinados a projetos filantrópicos. De acordo com os registros de entidades como o Grupo de Institutos Fundações e Empresas (Gife) e a Associação Brasileira de Captadores de Recursos (ABCR), as doações que somavam 3,25 bilhões de reais em 2018 foram catapultadas a 6,9 bilhões de reais do início da pandemia até a semana passada. Grande parte delas aconteceu no começo da crise — entre março e maio de 2020, os recursos somaram 5,5 bilhões de reais. No início de 2021, o ritmo chegou a apresentar uma queda, mas a nova onda de contaminações e a piora das condições de vida da população mais pobre voltaram a impulsionar os números nos últimos dois meses. Em abril, o volume de recursos aplicados em filantropia foi de 150 milhões de reais, o mais alto desde agosto de 2020.

Arte Filantropia

Do grupo de beneméritos que optaram pela prática do bem na pandemia fazem parte tanto sobrenomes e instituições já conhecidos por suas iniciativas assistenciais quanto novatos nesse universo. Na lista dos dez maiores doadores podem ser encontrados sobrenomes tradicionalmente vinculados às causas sociais, como os das famílias Moreira Salles (fundadora do Unibanco, com atuação na área cultural e científica) e Ermírio de Moraes (do grupo Votorantim, que apoia instituições hospitalares de São Paulo). Na esfera empresarial, chamam atenção o grupo educacional Cogna, fundada por Walfrido Mares Guia, e a JBS, a maior processadora de carnes e aves do país, que doou cerca de 400 milhões de reais, aplicados na construção de hospitais modulares no Distrito Federal e em Rondônia, na instalação de 1 800 leitos clínicos e de UTIs pelo país, além do financiamento de reforma e ampliação de unidades de atendimento em sete estados. Titã do setor de saúde, a Rede D’Or, fundada pelo médico carioca Jorge Moll Filho e hoje comandada por seu filho Paulo Moll, destinou 108 milhões de reais à requalificação da rede do SUS do Rio de Janeiro e ao financiamento dos testes clínicos da vacina do consórcio entre Fiocruz e AstraZeneca, que, em conjunto com a CoronaVac, está sendo usada na imunização dos brasileiros.

Em um período tão dramático, é natural que boa parte das doações tivesse como destino ações voltadas à saúde pública. Tais iniciativas receberam 74% dos investimentos realizados. É uma inflexão de perfil de doações, uma vez que, em anos anteriores, segundo os dados do Gife, a maior parte dos recursos consistia de repasses a instituições religiosas, que ficavam com 49% do total. Nessa nova leva, o maior doador da pandemia foi o Itaú Unibanco, que já despendeu em torno de 1,25 bilhão de reais, o maior volume de recursos já destinados por uma instituição em uma ação filantrópica no país em tão curto período. 

Presidente da Fundação Tide Setubal e uma das herdeiras do banco, Neca Setubal acredita que, apesar dos efeitos nefastos, a pandemia teve impacto positivo ao chamar a atenção de empresários e potenciais doadores para os efeitos das desigualdades sociais e econômicas brasileiras. “Anteriormente ainda existia uma cultura de que os problemas do Brasil são de responsabilidade do governo. Hoje isso definitivamente mudou”, diz Neca.

“Anteriormente existia uma cultura de que os problemas do Brasil são de responsabilidade do governo. Hoje isso definitivamente mudou.”
Neca Setubal, uma das herdeiras do Itaú e presidente da Fundação Tide Setubal

Entre os grandes doadores, as instituições financeiras tiveram participação relevante. Segundo os cálculos da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), apenas para o desenvolvimento das vacinas os bancos doaram 380,5 milhões de reais, sendo a Fundação Oswaldo Cruz a maior beneficiária dos recursos (cerca de 220 milhões de reais). No entanto, o setor de finanças foi além do combate ao coronavírus. Causas importantes e particularmente sensíveis nos últimos meses, como a preservação ambiental, também ganharam a atenção dos três maiores bancos privados do país (Itaú, Bradesco e Santander). Junto com organizações da sociedade civil, ambientalistas e empresários rurais, formalizaram o apoio a uma coalização para fazer frente a desmatamentos, iniciativa de alta relevância em meio a desastres ambientais como as terríveis queimadas no Pantanal ocorridas no ano passado.

Notoriamente positiva, a expansão da filantropia no país traz pelo menos uma inquietação. Tanto gestores de projetos da área como beneficiados pelas ações se perguntam até que ponto as doações recordes não se restringem a um acontecimento episódico, com tendência a refluir depois da pandemia — uma situação particularmente delicada caso a economia saia muito machucada deste momento desafiador. É bem possível que, nos próximos anos, o valor aplicado em benemerência seja inferior ao atual, mas há fortes indícios de que uma barreira foi definitivamente rompida. “A pandemia vai ser um marco para a filantropia. Foi o gatilho para uma sociedade mais solidária e, nesse sentido, o setor privado brasileiro mudou o patamar do seu compromisso”, acredita André Esteves, sócio fundador do banco BTG Pactual, que destinou 50 milhões de reais para uma série de iniciativas em dezesseis estados.

“Iniciativas como as da ONG Gerando Falcões são o ponto de partida para inspirar um modelo filantrópico eficiente no país.”
Jorge Paulo Lemann, controlador da Ambev, Heinz, Burger King e das Lojas Americanas, entre outras empresas

Entre os projetos financiados pelo BTG na pandemia, alguns serão mantidos nos próximos anos, como um fundo de microcrédito e um projeto chamado BTG Soma, para capacitar organizações não governamentais, as ONGs. “Há uma mudança em curso, que vinha lenta e gradual, e a pandemia acelerou. O establishment brasileiro está se sentido mais responsável pela sociedade. E nesse sentido estamos nos aproximando do modelo que existe nos Estados Unidos”, diz Esteves. Outra iniciativa articulada por ele, essa de caráter pessoal, é a criação de uma universidade de tecnologia. O projeto receberá 250 milhões de reais e tem inspiração no Massachusetts Institute of Technology (MIT). O objetivo é suprir a falta de profissionais de tecnologia no Brasil, além de complementar a formação técnica dos estudantes com conceitos ligados ao empreendedorismo, às questões ambientais, ao direito e à economia de mercado.

Com seus 14 milhões de infectados e 400 000 mortos no país, a Covid-19 não fez distinção entre suas vítimas e contaminados, mas foi particularmente devastadora entre os mais pobres, tanto no aspecto sanitário como no econômico. No primeiro trimestre completo da pandemia, a renda média do trabalhador brasileiro caiu 20,1%, segundo dados da FGV Social. Em se tratando dos mais pobres, porém, a perda foi de 27,9%. O índice de Gini, que mede a desigualdade socioeconômica, subiu 2,82% no mesmo período. Nesse cenário, as ações voltadas especificamente para essas camadas da população também ganharam peso e receberam 1 a cada 5 reais doados no país. Apenas no mês de março do ano passado, as famílias Trajano e Garcia, controladoras da rede varejista Magazine Luiza, desembolsaram 10 milhões de reais em um projeto de segurança alimentar para famílias carentes — ao longo de 2020 esse valor alcançou 30 milhões.

“No projeto Unidos pela Vacina, a doação não é apenas de dinheiro. Nós estamos de fato na operação.”
Luiza Trajano, dona do Magazine Luiza

Mas a força da segunda onda de contaminações fez com que Luiza Helena Trajano, presidente do conselho da empresa, fosse além do programa de segurança alimentar. Em janeiro, ela passou a liderar empresários em uma nova ofensiva contra os efeitos da Covid na sociedade a partir da vacinação. “Percebemos que estávamos no pior momento e ao mesmo tempo ainda existia uma força de mobilização”, recorda ela. “Os empresários estão trabalhando para aumentar a eficiência do processo de vacinação da população, tanto nos estados como nas prefeituras. E a doação não é só em dinheiro, estamos entrando na operação das campanhas”, diz ela. O projeto Unidos pela Vacina capitaneado por Luiza já conta com mais de 1 000 pessoas trabalhando em várias frentes para melhorar a estrutura de vacinação do país. Entre os empresários e executivos, que ajudam com tempo, conhecimento, trabalho e contatos, estão Paulo Kakinoff, da Gol, Chieko Aoki, da rede de hotéis Blue Tree, e Walter Schalka, da Suzano.

Em meio às rupturas socioeconômicas provocadas pela pandemia, um expediente recorrente entre empresas interessadas em apoiar iniciativas voltadas à população mais carente tem sido o de se valer de instituições e ONGs que já são conhecidas por sua atuação em favelas como receptoras para suas doações. O empresário Abilio Diniz e o dono da maior fortuna do Brasil, Jorge Paulo Lemann, controlador de colossos como Ambev, Lojas Americanas, Hershey’s, Heinz e Burger King, entre outras, estão entre os que procuraram a organização Gerando Falcões, do empreendedor social Eduardo Lyra, para a doação de cestas básicas. “Conheci mães que estavam havia três dias sem comer para poder garantir que seus filhos pudessem pelo menos fazer duas refeições diárias. O que estamos vivendo é uma verdadeira hecatombe social”, diz Lyra. Para manter, no início deste ano, o mesmo patamar dos meses de maior arrecadação de 2020, ele precisou ampliar drasticamente seus esforços. Entre março e junho de 2020, treze grandes empresas apoiaram o projeto, com doações iniciais de 1 milhão de reais. Foram arrecadados 25,6 milhões de reais, que garantiram 512 000 cestas básicas distribuídas a 85 333 famílias. Na reativação da campanha, Lyra mobilizou cinco vezes mais doadores. “Iniciativas como as do Gerando Falcões são o ponto de partida para inspirar a disseminação de um modelo filantrópico com eficiência no país”, declarou Lemann a VEJA.

Dono de uma fortuna estimada em 20 bilhões de dólares, o empresário que antes da pandemia dividia a sua rotina entre a Suíça, Rio e São Paulo é mais conhecido no mundo filantrópico por sua atuação no ramo da educação, encabeçada pelas fundações Estudar e Lemann, criadas por ele. Com a chegada da Covid-19, porém, ele decidiu financiar os primeiros testes da vacina desenvolvida pela AstraZeneca e pela Universidade de Oxford no país e expandir a pesquisa local em parceria com as fundações Brava e Telles, pertencentes a seus sócios Carlos Alberto Sicupira e Marcel Telles. Além disso, investiu em uma fábrica de vacinas junto com o Itaú, o Instituto Votorantim, a Stone e as Lojas Americanas. Seu compromisso com a educação se refletiu no apoio a diversas instituições públicas, ao oferecer suporte técnico ao ensino remoto. A Ambev, empresa que ele controla, também entrou firme na crise de distribuição de oxigênio no país, em março, ao transformar em tempo recorde sua fábrica em Ribeirão Preto (SP) em uma unidade para produção do gás que faltava nos hospitais.

Um traço comum aos grandes apoiadores de projetos filantrópicos no país é a forma altamente profissional com que gerem recursos e destinação aos projetos que financiam. De maneira geral, as fundações ligadas a empresas ou indivíduos são estruturadas por meio de uma polpuda doação inicial, que se transforma em um fundo patrimonial, administrado de forma que o principal fique preservado e os rendimentos anuais sejam aplicados em uma série de investimentos de modo que gerem recursos para as iniciativas filantrópicas. Esse modelo é adotado por diversas famílias, segundo o consultor Guilherme Benites, da Aditus Consultoria Financeira, e é comum nos Estados Unidos.

Guardadas as devidas proporções, o atual modelo brasileiro de filantropia tem forte inspiração no existente hoje na maioria das fundações americanas. Por lá, os projetos de benemerência, que originaram centros médicos de referência mundial, universidades recheadas de prêmios Nobel e museus e instituições culturais de primeira grandeza, advêm de uma longa tradição de os grandes capitalistas ajudarem a sociedade de forma muito mais organizada e eficiente. A era das grandes fundações começou há pouco mais de 100 anos, com iniciativas como a do magnata do aço Andrew Carnegie. Em 1911, ele criou uma fundação de grande influência em Washington, especializada no desenvolvimento educacional e em pesquisas. O mesmo foi feito pouco depois por John D. Rockefeller.


“Há uma mudança lenta e gradual, que se acelerou com a pandemia. O establishment se sente mais responsável pela sociedade.”
André Esteves, controlador do BTG

Tanto um como o outro não eram muito bem-vistos na maneira como conduziam seus negócios, o que levou a críticas de que suas ações seriam formas de atenuar a má imagem pública. Um século depois, as empresas de ambos já não existem mais, mas suas fundações se mantêm sólidas em meio às instituições de maior prestígio entre os americanos. “Hoje, as chances de a filantropia usada como ação de marketing, para alavancar a imagem de uma corporação, de um indivíduo ou de uma família, dar certo são remotas”, comenta Patrícia Villela Marino, advogada casada com Ricardo Villela Marino, da sexta geração da família que fundou o Itaú. “A gestão de recursos e a estruturação de projetos são iniciativas extremamente complexas que exigem dedicação e precisam ser sistematizadas e praticadas metodologicamente”, explica Patricia, que comanda a ONG Humanitas360, com atuação em presídios.

Muitos creditam a opulência da filantropia americana diante do tímido desenvolvimento desse setor no Brasil às regras tributárias de cada país. Segundo essa tese, a taxação sobre heranças, que chega a 40%, levou os americanos a estabelecer uma tradição secular de praticar o bem. Mas há outros exemplos de países onde a tradição filantrópica também é robusta, como Sri Lanka, Mianmar, Austrália e Nova Zelândia, sem o mesmo recurso tributário. “O sistema brasileiro até que é bem generoso com as empresas interessadas em investir em ações sociais”, diz Paula Jancso Fabiani, diretora-presidente do Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social. As instituições filantrópicas não pagam imposto de renda, PIS e Cofins, entre outros, desde que não distribuam renda para seus fundadores.

O fato é que, tanto na legislação tributária americana quanto na brasileira, os doadores têm meios de compensar o que investem em filantropia. A diferença entre os países parece ser, sobretudo, de aspecto cultural. Nesse sentido, a pandemia tem sido um divisor de águas que sensibiliza mais as pessoas e efetivamente leva a um volume maior de doações. O grande desafio agora é fazer com que esse movimento, nascido de situações tão adversas e traumáticas, cresça e frutifique.

Publicado em VEJA, edição nº 2736 de 5 de maio de 2021


Não tem “terceira via” não: é Bolso ou ladrão!

Por Rodrigo Constantino

A cada dia vem um novo balão de ensaio. Já tentaram João Doria, Mandetta, Luciano Huck, Tasso Jereissati, Eduardo Leite, Rodrigo Pacheco, João Amoedo, Joaquim Barbosa e até Danilo Gentili. Tentam de tudo para sair da polarização entre Lula e Bolsonaro pela esquerda, mas nada parece prosperar.  Se os verdadeiramente mais moderados não tivessem enveredado por esse caminho sensacionalista de demonizar qualquer um que enxergue virtudes no governo, tratando Bolsonaro como "genocida", talvez fosse possível evitar o afunilamento binário.  Talvez um nome efetivamente de centro-direita, que propusesse abandonar os excessos bolsonaristas sem jogar fora o bebê junto, pudesse ter alguma chance. Não foi isso que aconteceu.

Para começo de conversa, todos esses nomes são de alguma forma "tucanos", ou seja, centro-esquerda ou esquerda mesmo. E o destino de todo tucano é, quando descer do muro, fazê-lo pelo lado esquerdo, normalmente caindo direto no colo de um petista.

Essa turma toda não fez críticas construtivas ao governo Bolsonaro; preferiu trata-lo como a pior coisa que aconteceu em nosso país, isso mesmo com Paulo Guedes, Tarcísio, Marcos Pontes, Tereza Cristina, Ricardo Salles, fora o quadro sério ocupando as estatais, Roberto Campos Neto no Banco Central e mais, muito mais. Não era uma questão de tecer críticas pontuais, legítimas, mas sim de demonizar todo um governo com quadro técnico e sem escândalo de corrupção até aqui.

Ou seja, as máscaras caíram, uma a uma, e os tucanos e seus satélites expuseram a única coisa que lhes interessa: o projeto de poder, não o Brasil. 
O público não é trouxa e percebeu. 
Mesmo quem enxerga vários defeitos no presidente, em sua postura, inclusive ou especialmente na pandemia, sabe que essas narrativas contra ele são oportunistas, abjetas, patéticas
Basta ver a postura de boa parte da mídia, conivente com esses adversários. 
A chamada da Folha para reportar as 400 mil mortes diz tudo: Qual a diferença para esse tipo de ilação ridícula e o que diz um socialista como Freixo, por exemplo?
 
Essa tem sido a narrativa predominante dessa patota tucana, que explora a pandemia de forma eleitoreira. 
O povo, atento, enxerga com nojo uma tática desumana e antipatriota. Uma CPI circense com relatoria de Renan Calheiros e presidida por um companheiro lulista era a pitada de canalhice que faltava para o pote transbordar. Estão todos unidos no esforço de derrubar o governo. Basta ver os novos ataques contra o ministro Ricardo Salles. O pedido de CPI do Meio Ambiente foi proposto pelos partidos PT, PSB, PDT, Psol, PCdoB, Rede e PV. Ou seja, a esquerda radical toda unida. Nunca foi tão fácil saber de qual lado ficar numa disputa binária...[também é fácil perceber que falta aos 'inimigos do Brasil' o argumento mais sólido para tentar derrubar o nosso presidente: "os crimes que dizem que ele cometeu".
É bom lembrar que na investigação de tais crimes outros criminosos, autores de outros crimes, ocuparão o lugar de destaque e a coisa pode complicar para eles.
Inventaram a CPI e muitos dos inventores agora procuram em alfaiatarias protetor de pescoço, limitador de laço e outras coisitas... 
O presidente Bolsonaro não está entre os novos adeptos de um cuidado excessivo com o até então esquecido pescoço.]

Os "moderados", os "liberais", os de "centro", no afã de responsabilizar Bolsonaro por tudo de ruim que acontece no país, passaram pano para os abusos escandalosos do Supremo Tribunal Federal, deixaram de apontar para o sensacionalismo esquerdista da imprensa, e chegaram ao ápice de normalizar até figuras radicais como Ciro Gomes. Quem pode levar a sério quem chama Bolsonaro de radical ao lado do Ciro?

Por isso tudo e muito mais, esses "moderados" da tal "terceira via" não têm chance em 2022. Pelo visto até o líder do MBL, um dos ícones dessa guinada de comportamento, passando a adotar postura lamentável e oportunista, admite a derrota. Em sua coluna de hoje, Renan Santos conclui: Esqueçam a ideia de um candidato único na terceira via. Não haverá. Os “partidos do centro” já acertaram com Lula seu papel eleitoral no jogo vindouro. Congestionarão o caminho do centro, permitindo ao moribundo Bolsonaro um ingresso claudicante no segundo turno. O PSD de Kassab já declarou oficialmente que terá candidato. “Derrotados” — mas fortalecidos no parlamento —, unir-se-ão a Lula no segundo turno, em nome da democracia, dos cargos e dos ministérios.[lembrando a este cidadão, que  está em queda livre para o ostracismo (só conseguimos associar o nome do indivíduo à coisa  que 
ele diz liderar  após pesquisa no Google.]

Bolsonaro só está "moribundo" em sua torcida, o que prejudica qualquer análise. Mas mesmo assim ele reconhece que a probabilidade grande é de um segundo turno entre Lula ou Bolsonaro. E será bem curioso ver para qual lado esses "liberais" que passaram a confundir Bolsonaro com o vírus chinês vão pender no ano que vem. Pois eles podem espernear o quanto for, não importa: tudo leva a crer que será uma escolha binária entre Bolso e o ladrão do Foro de SP!

Rodrigo Constantino, colunista - Gazeta do Povo

 

Batalha diplomática das vacinas opõe China e Rússia - O Globo

Quando a Anvisa rejeitou o registro da vacina russa Sputnik V, houve comemoração em Pequim. Para além dos aspectos comerciais na competição entre laboratórios, está em curso uma guerra diplomática da vacina, que Rússia e China travam globalmente diante da omissão das potências ocidentais. Poder e influência são os objetivos. Conta para Pequim que a CoronaVac esteja na liderança na imunização no Brasil, à frente da AstraZeneca, desenvolvida pelo laboratório anglo-sueco em parceria com a Universidade de Oxford. Mas conta mais ainda que os rivais russos sejam mantidos à distância.

Em análise recente, a Economist Intelligence Unit (EIU) rastreia o enfrentamento global entre Rússia e China na tentativa de fornecer vacinas a países emergentes e pobres. A vacina se tornou uma oportunidade única para aproximação diplomática, persuasão, conquista de influência e, naturalmente, também negócios. O poder de barganha do fabricante é grande. Na medida em que o coronavírus se tornar endêmico, haverá a necessidade de vacinação anual. A capacidade de desenvolver imunizantes será moeda de troca ainda mais forte no mercado da diplomacia e questão prioritária de segurança nacional.

Não há melhor exemplo que os embates políticos em torno da vacinação no Brasil, um dos focos mais atingidos no mundo pelo novo coronavírus. Em outubro passado, o presidente Jair Bolsonaro mandou o ainda ministro Eduardo Pazuello voltar atrás na aquisição de 46 milhões de doses da CoronaVac. Era uma tentativa de, ao mesmo tempo, atingir rivais dentro e fora do Brasil. A CoronaVac foi desenvolvida na China, é fabricada no Instituto Butantan, em São Paulo, e trombeteada pelo arquiadversário João Doria. O avanço da pandemia forçou Bolsonaro a ceder, e hoje a CoronaVac responde por mais de 80% das vacinas já aplicadas no Brasil.

Os russos também viram na pandemia uma oportunidade de ampliar sua influência na América Latina. A Sputnik V já lhes permitiu iniciar negociação na Bolívia para explorar reservas de “terras raras”, minerais usados na manufatura de produtos de alta tecnologia. Fecharam acordo com a Argentina e, no Brasil, se aliaram a políticos do Centrão e à União Química, laboratório comandado por um ex-deputado ligado ao bloco. A rejeição da Anvisa foi um revés, mas a batalha ainda não está encerrada. [ao nosso modesto entendimento o assunto está encerrado, já que desde os seus primeiros passos a Sputinik V conseguiu ser mais hermética que a chinesa, quis impor nas negociações com possíveis interessados regras draconianas de sigilo total e perdeu a confiabilidade;

a chinesa, que não começou com grande credibilidade - afinal, era uma 'cortina de ferro' x uma de 'bambu' - mas, pelo menos a FASE III foi realizada no Brasil - a Sputinik V não realizou essa fase nem na própria Russia.

A chinesa não foi autorizada por nenhuma agência merecedora de credibilidade mundial - tipo FDA, NHS (entendemos que a aprovação da Coronavac por agência chinesa e da Sputinik por agência russa, deve ser sempre considerada com reservas) situação que também ocorre com a  russa. O fato da Coronavac estar sendo utilizada no Chile soma alguns pontos ao seu score.

Restrições pontuais são feitas a todas as marcas disponíveis. Ainda que em percentuais ínfimos. Com isso é confiar em DEUS, na Anvisa e usar o que temos. Felizmente, o alerta dado ao Supremo, especialmente àqueles ministros que fanáticos por decisões monocráticas,  para NÃO INTERFERIR em assunto de Saúde Pública,  foi levado a sério e as atribuições da Anvisa não foram desautorizadas.

Tentaram abalar a credibilidade da Anvisa, fracassaram e agora é torcer para que tudo dê certo. Por estar entre as mais aplicadas, fica uma garantia que a vacina chinesa não causa mortes, o que em termos de imunizantes é uma boa garantia. Aqui o Prontidão Total, devido a maior parte estar classificada como 'antigo', temos a dizer que grande parte da higidez que a maior parte dos nossos desfruta é consequência de vacinas aplicadas no passado.

A título de incentivo, vários aqui do Blog já foram vacinados - usando as duas marcas disponíveis (no meu caso, CH, fui de CORONAVAC,  e já recebi a segunda dose, sem intercorrência.

Permanece aquela perguntinha chata, que não quer calar: quando será conhecido de forma confiável, científica, a validade de cada imunizante? A única pista que temos é sobre o usado no Reino Unido, cuja imunização começou em dezembro passado, o que leva a dedução de que os primeiros vacinados já contam com cinco meses de validade. ]

A Rússia avança também pela Europa, em especial nos ex-satélites da União Soviética. De acordo com a EIU, a alemã Angela Merkel e o francês Emmanuel Macron trataram com o russo Vladimir Putin sobre a possibilidade de a Sputnik V ser produzida na União Europeia (UE), onde a vacinação avança mais lentamente que o necessário. Se a Agência Europeia de Medicamentos aprovar, será a maior vitória de Moscou.

A diplomacia da vacina tem esbarrado em entraves geopolíticos. A Sérvia, fora da UE, deu um salto na vacinação com a Sputnik e despertou o interesse dos vizinhos. Hungria e Eslováquia fizeram encomendas da vacina russa, contrariando regra da UE de negociação única com Moscou. A Ucrânia, que tem relação tensa com os vizinhos, não deverá comprá-la. Política, negócios e saúde se misturam.

Na disputa global, a China leva a vantagem de ter em andamento, segundo a EIU, 17 projetos de vacinas contra a Covid-19, duas já em uso: CoronaVac (privada) e outra da estatal Sinopharm. Instalou uma robusta capacidade industrial de produção do Insumo Farmacêutico Ativo (IFA), o princípio usado em vacinas. Não apenas chinesas. O IFA da vacina de Oxford-AstraZeneca produzida em Bio-Manguinhos, no Rio, vem da China.

Os chineses têm distribuído seus imunizantes para compensar Camboja e Laos pelo apoio em disputas territoriais no Mar do Sul da China, e o Paquistão em troca da aprovação de projetos ligados à Nova Rota da Seda, empreendimento estratégico que reúne obras de infraestrutura. As vacinas de Pequim têm servido para criar um ambiente positivo para relações bilaterais futuras e também facilitar a recuperação econômica de países que já exportam commodities para a China. 
Não é coincidência que o edital da telefonia celular de quinta geração (5G) no Brasil tenha lhes aberto espaço, apesar da resistência de Bolsonaro.
Por ter a pandemia sob controle casos diários de Covid não passam de 200 há um ano —, a China conta com muita munição para gastar na diplomacia da vacina: no início de abril, aplicou internamente 115 milhões de doses e exportou a mesma quantidade, incluindo doações, a cerca de 90 países.
O avanço de russos e chineses se dá em detrimento das próprias populações.  
De acordo com a EIU, tanto Rússia quanto China têm aplicado apenas uma dose diária a cada 500 habitantes, um terço de França e Reino Unido e um quinto dos Estados Unidos. Ao mesmo tempo, os países mais ricos tratam de imunizar primeiro suas populações, deixando o flanco aberto a russos e chineses no resto do mundo. Em regimes democráticos, não poderia ser diferente. 
Um primeiro movimento americano foi o anúncio de Joe Biden de que poderá compartilhar até 60 milhões de doses. Estados Unidos, Austrália, Japão e Índia anunciaram que americanos e japoneses financiariam 1 bilhão de doses da vacina da Johnson & Johnson para o Sudeste asiático. Não se espera que seja distribuída antes do final de 2022. China e Rússia ainda aproveitam o vácuo.
  
A vantagem da disputa é fazer chegar vacinas a países pobres e menos desenvolvidos, que dependem do consórcio Covax, da OMS. Mesmo assim, os países mais ricos sairão primeiro da pandemia. Terminarão de vacinar ainda este ano, enquanto, no Brasil, vacina para todos, segundo a EIU, só em 2022. [sendo imparcial, fica fácil perceber que estamos no quarto mês do ano, e que um acréscimo inercial fará que até inicio de agosto, tenhamos vacinado mais de 150.000.000 de brasileiros - descontando a turma de até 18 anos, teremos alcançado os 90% da população-alvo.]

Opinião - O Globo 

 

 

PETISMO COM DATA VENIA - Percival Puggina

         “Sinto-me autorizado a alertar a nação brasileira de que esse é apenas o primeiro passo. É uma maioria de circunstância que tem todo o tempo a seu favor para continuar sua sanha reformadora." (Joaquim Barbosa, quando o plenário retirou dos réus do mensalão a pena por formação de quadrilha).

Quem acompanhou como eu o surgimento do PT desde a trincheira oposta não pode se surpreender com o resultado dessa obra política quando consegue uma cadeira do STF. Menos ainda se ocupa, ali, várias cadeiras. Finalmente, formado um “coletivo” amplamente majoritário, é só esperar o estrago. Ele se tornará cada vez mais audacioso e arbitrário. Como uma espécie de MST institucional, não respeitará cerca nem divisa com os outros poderes e tratará como inimigo quem pensa diferente.

E são dezenas de milhões os que pensam diferente Exatamente por serem tantos, por nunca terem visto tantos inimigos em seu miniuniverso, membros do nosso STF adotam, a torto e a direito, a clássica conduta birrenta e autoritária do petismo quando antagonizado. [por isso vão perder; estão acostumados a mandar em poucos e quando muitos estão, aparentemente, sob seu jugo eles se apressam em consolidar o poder total, absoluto, que pensam ter e aí... a história está repleta de exemplos de cortes arbitrárias que confundem a FORÇA DO DIREITO com o DIREITO DA FORÇA e este não lhes favorece.
Como diz o ditado: uma hora a corda arrebenta e o arbitrio sempre faz das suas vítimas os algozes e vingadores.]
O presidente da República, por exemplo, é um que pensa diferente. Seus eleitores pensam diferente. Para tornar a desgraça ainda maior, aconteceu em nosso Supremo que os ministros mais antigos, anteriores ao PT e ao PSDB, aderiram ao mesmo ativismo e protagonismo. Anote aí este presságio e guarde em alguma gaveta que retenha anotações importantes, para posterior fact-checking: 
o pior ainda está por vir porque o domínio das ideias de esquerda no ensino de Direito é sufocante. 
Há tempos, as carreiras jurídicas de Estado vêm sendo ideologicamente tomadas em proporções alarmantes e o cenário não parece reversível sequer a médio prazo. Mas essa é outra história.

O que nos interessa aqui são os rompantes que surgem a toda hora, com a expedição de ordens contra o Executivo e o Legislativo. Nada mais parecido com o PT. Alegam os ministros que o STF só “age se provocado”. Entendo, entendo. A simples presença de alguém “à direita” no Palácio do Planalto já é provocação suficiente para o “coletivo” do outro lado da praça. O STF legado pelo PT é petismo com “data venia”, mas com a mesma perda de limites, a mesma irrazão. Nos anos imediatamente anteriores a 2018, a sociedade percebeu não apenas que estava sendo roubada, como lhe demonstrava a Operação Lava Jato, mas estava, também, sendo submetida a uma lavagem cerebral para lhe subtrair princípios, valores, liberdade de pensamento e expressão, amor à pátria, unidade nacionalenfim, que lhe impunham um cortejo de males.

Essas duas constatações elegeram Bolsonaro e levaram o STF a interferir nos outros poderes como nunca fez nos longos anos destrambelhados do petismo no poder. O STF mandou o governo realizar o Censo este ano.  
Não fazê-lo é inconstitucional. Não o realizar em 2020 não era inconstitucional. 
Em 2021 passou a ser. Por quê?  
Porque o Congresso garfou o dinheiro do censo e o STF do petismo perdeu, há muito, o rumo do bom senso. Há que preservar a “sanha reformadora”.

Percival Puggina (76), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+.


Picadeiro de emergência - VOZES - Gazeta do Povo

Guilherme Fiuza

CPI da Covid

– Tá acompanhando a CPI?
– Tô.
– Muito legal, né?
– Muito. Adoro CPI.
– Eu também. Tava com saudade.
– Não sei por que deixaram a gente tanto tempo sem CPI.
– Absurdo. A gente vota nos caras pra ter distração e os caras não cumprem.
– Agora você falou tudo.
– Só repeti o que todo mundo sabe. Político não cumpre promessa.

– Não, falei da distração. Nunca tinha pensado nisso.
– O que?
– Que a gente vota pra se distrair. Não tem nada a ver com política.
– Aí você já radicalizou. Um pouquinho às vezes tem.
– É. Às vezes tem. Mas é raro. Lembra o governo Lula?
– Mais ou menos.
– Pois é. Eu lembro bem.
– Prova de que você não é tão distraído.
– Verdade. Mas estou me curando.
– Que bom. O importante é se distrair. Mas o que tem o governo Lula?
– Foi um fenômeno interessante. Começou com uma política macroeconômica responsável, consolidando o Plano Real. Ou seja, um tédio.

– Foi chato mesmo esse período. Tanto que eu nem lembrava.
Aí veio o mensalão e animou. Nunca mais o Lula saiu das manchetes.
– Bem observado. Se não fosse o mensalão talvez ele nem tivesse sido reeleito.
– Com certeza não. Seria esquecido.
– Engolido pelo tédio.

– Exatamente.
Por isso hoje a gente deve muito à dupla R & R.
– R & R?
Renan e Randolfe.
Eles vieram salvar o país do marasmo com essa CPI.
– Aí vou ter que discordar. Marasmo? No meio de uma pandemia?
– É. Já estavam vindo com esse papo no Congresso de retomar reformas. Imagina o tédio?

– Ah, entendi. Verdade. Basta começarem a falar na TV de reforma administrativa que eu pego no sono.
E a tributária? IVA, ISS, agregado... Quando chega no imposto em cascata eu já estou sonhando com o Ciro Gomes.
– Faz sentido. Cascata por cascata, pelo menos o Ciro Gomes grita.
Esses burocratas falando baixinho de cumulatividade e incidência em cadeia deviam ser proibidos no horário nobre.
Falam em cadeia sem o menor conhecimento de causa. Por isso é bom ouvir o Lula.
– Exato. Fala do que sabe, do que viveu.

Ciro Gomes também.
Conhece cadeia?
– Não. Mas contratou o João Santana, que não só foi preso como é o autor da estratégia que empoderou o maior ladrão do país.

– Aí sim o voto vale a pena. Senão a gente ia ficar falando de que? Reformas?!
– Ninguém merece. Falando em reformas, temos que tirar o chapéu pro STF.
– Por quê?
Colocou o Lula na eleição do ano que vem. Vamos poder voltar a falar das reformas do triplex do Guarujá e do sítio de Atibaia.
– Ufa. E a gente achando que nunca mais ia poder discutir reforma boa nesse país... Ponto pro STF.
E ponto pro Renan Calheiros, pro Randolfe Rodrigues e demais guerreiros da nova CPI. Ninguém pode negar: era claríssimo o risco de afundarmos de novo naquelas reformas entediantes e tecnocráticas que ficam discutindo custo Brasil e não divertem ninguém.
Graças a eles vamos voltar a ver show do Mandetta.
– Será que ele vai sambar no pé de novo?
Se o Renan pedir ele samba.
– Mas não vai ter aquele baixo astral de covidão e desvio de verbas emergenciais não, né?
Nada. Só alegria.
– Então viva a CPI!

– Viva! [detalhezinho bobo e que merece, ao nosso ver, ser inserido nesse diálogo
- 'se o STF decidir que para compensar o Lula de eventuais prejuízos (tipo roubos que não conseguiu efetuar) resultantes da condenação, recém anulada pelo supremo STF,  que lhe foi imposta em 2018 - ele deve ser nomeado pela Suprema Corte, tudo em conformidade com as supremas interpretações, presidente do Brasil, iniciando o novo mandato em 1º janeiro 2023.

Convenhamos que se o sujeito não se tornou presidente em 2018, por  ter sido impedido de se candidatar - dizem os sábios - por ter sido impedido de se candidatar devido a condenações sofridas e ratificadas por dezenas de magistrados e tribunais superiores e o próprio STF, que agora são anuladas.... Justiça tem que ser feita.

Quem vai dizer não, caso essa hipotética suprema decisão se concretize?]

Veja Também:  A apoteose dos tolos - “Aborto” masculino: a epidemia de abandono paterno no Brasil

Guilherme Fiuza, colunista - VOZES - Gazeta do Povo
 

sábado, 1 de maio de 2021

É preciso coragem para tanta covardia - Augusto Nunes

Edição de arte Oeste: Leandro Rodrigues e Luan Pinheiro

Já devo ter evocado nesta coluna o advogado da minha terra que guardava para o meio da apresentação das razões da defesa no tribunal do júri — fossem quais fossem o réu e o crime cometido — a frase tremenda: “Nem tudo é nada nem nada é tudo em matéria de principalmente!“. Ninguém na plateia sabia o que aquilo significava, mas todos os espectadores tratavam de controlar-se para não deslustrar a solenidade do julgamento com uma ovação de comício. A inventiva inversão das mesmas palavras, o prosaico advérbio virando um misterioso substantivo realçado pelo ponto de exclamação, o ritmo empolgante do desfile de consoantes e vogais, a voz de cantor de bolero — tudo conspirava para anunciar que ali estava uma sumidade do mundo jurídico. Foi difícil recuperar-me do impacto provocado pela descoberta de que o falatório não tinha pé nem cabeça.

Pronunciada num hospício, a frase bastaria para que o mais otimista dos psiquiatras desse o caso por perdido. 
Não pode ter cura um paciente capaz de afirmar que nem tudo é nada nem nada é tudo em matéria de principalmente. 
Pois a famosa criação do meu conterrâneo não é mais enigmática, e parece bem menos amalucada, que a pinçada no pior repertório de Ruy Barbosa pelo ministro Gilmar Mendes na sessão do STF que decretou a suspeição de Sergio Moro no caso do tríplex do Guarujá e em todas as bandalheiras protagonizadas pelo Amigo da lista da Odebrecht.  
Ao enunciar seu voto, o ministro Nunes Marques se amparou em sólidos argumentos jurídicos para provar que a maioria dos colegas estava errada. O Maritaca de Diamantino não gostou da audácia do caçula do tribunal. Já tinha votado, mas reapareceu na telinha para demolir o insurgente com uma lição curta e, sobretudo, grossa.
“Como disse Ruy, o bom ladrão salvou-se, mas não haverá salvação para o juiz covarde“, recitou o magistrado que nunca viu de perto alguma velha e boa comarca. Como é que é?, espantaram-se com a citação do Águia de Haia os espectadores da TV Justiça socorridos por mais de 15 neurônios
O que uma coisa tem a ver com outra? O que há em comum entre o calvário de Jesus Cristo, crucificado em companhia de dois gatunos, e a safadeza urdida para livrar da merecidíssima cadeia um corrupto juramentado? O bom ladrão é Lula? 
Nessa hipótese, o ator não ficaria mais confortável no papel do mau ladrão, que morreu sem admitir os crimes que cometeu e sem quaisquer vestígios de remorso? 
O juiz covarde seria Sergio Moro, Pôncio Pilatos ou Nunes Marques? Ou Gilmar Mendes, que entre um pontapé na Constituição e um carrinho por trás na moral e nos bons costumes surrupia da população carcerária outro bandido de estimação?

Se tivesse nascido em Taquaritinga, Nunes Marques dificilmente resistiria à tentação de revidar a insolência com a frase do mesmo quilate: “Nem tudo é nada…”. Seria divertido contemplar o desconcerto de Gilmar. Mas, caso o destino me colocasse nas imediações do ministro piauiense, eu lhe entregaria um papel com a reprodução do recado que passei ao apresentador Jorge Escosteguy durante um Roda Viva estrelado por Orestes Quércia, então governador de São Paulo. Aproximava-se o fim do primeiro bloco quando um integrante da bancada começou a acenar freneticamente para Escosteguy. Ele reivindicava a palavra com urgência urgentíssima.

Atendido, o entrevistador caprichou na expressão enfezada e foi à luta: “Peço licença para fazer uma provocação”, avisou o preâmbulo. Tensão no estúdio. E então veio a pergunta: “Como é que o senhor se sente diante do fato de ser considerado o melhor governador do país?”. Considerado pelo autor da pergunta, claro. Enquanto Quércia tentava disfarçar o entusiasmo provocado pelo tipo de provocação com que sonha todo entrevistado, rabisquei a mensagem ao meu amigo Escosteguy: “Certas demonstrações de covardia exigem mais coragem do que qualquer daqueles atos de bravura em combate que rendem condecoração. É o que acaba de mostrar nosso colega”. É isso que Nunes Marques deveria ter dito na réplica a um provocador patológico. Porque é preciso muita coragem para fazer o que Gilmar anda fazendo.

As demonstrações de pusilanimidade que vem colecionando são tantas e tão temerárias que podem acabar por transformá-lo no mais condecorado herói da guerra contra o combate à corrupção. Só alguém sem medo de ser covarde se atreveria a insultar com tamanha desenvoltura a mais eficaz operação anticorrupção da história. “A Lava Jato é a maior mentira da história do Judiciário“, deu agora de recitar o Juiz dos Juízes. Só um pusilânime intimorato se atreveria a comandar a ofensiva destinada a transformar um magistrado exemplarmente honesto num julgador parcial, e promover a perseguido político um caso de polícia que desonrou a Presidência da República.

O gerentão da Segunda Turma do Pretório Excelso enxerga em qualquer votação um jogo em que só é crime perder. Fora esse pecado mortal, vale tudo: cotovelada no queixo, carrinho por trás, joelhaço no fígado — nada merece punição. Foi por isso que o camisa 10 do Timão da Toga, que vai virar decano com a aposentadoria de Marco Aurélio, encerrou a discussão com o ministro Luís Roberto Barroso berrando o mantra de torcida organizada: “Perdeu! Perdeu!“. 
O que Barroso perdeu foi a chance de desmoralizar o chilique do oponente com a lembrança de uma verdade endossada pelo olhar sem luz de Gilmar Mendes: melhor perder uma causa do que perder para sempre a vergonha.

Augusto Nunes, colunista - Revista Oeste


Manifestações pró-Bolsonaro marcam o Dia do Trabalho - Revista Oeste

Apoiadores do presidente da República pedem respeito às liberdades individuais e clamam pela aprovação do voto auditável

Manifestações pró-Bolsonaro marcam o Dia do Trabalho


Manifestantes favoráveis ao presidente Bolsonaro ocuparam a Avenida Paulista
Manifestantes favoráveis ao presidente Bolsonaro ocuparam a Avenida Paulista | Foto: Abraão Soares/Futura Press/Estadão Conteúdo

Apoiadores do presidente da República, Jair Bolsonaro, reuniram-se em diferentes capitais do país neste sábado, 1° de maio, para manifestações em favor das liberdades individuais e do voto auditável. Pela manhã, o protesto tomou as ruas de Natal, Rio de Janeiro, São Paulo, Brasília e Recife, entre outros Estados e municípios.

Em São Paulo, os manifestantes se concentram na Avenida Paulista, com bandeiras e faixas em apoio ao presidente. No Rio de Janeiro, a manifestação ocorre na orla de Copacabana. Em Brasília, o ato ocorre no gramado da Esplanada, com participação de integrantes e apoiadores do governo, como o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidente.

Leia também: “Bia Kicis vê com preocupação mudanças na Lei de Segurança Nacional”

Revista Oeste


Será a economia? - Alon Feuerwerker

Análise Política

Os leilões de concessão na infraestrutura, federal e em estados, caminham bem, a alta do dólar deu uma aliviada nos últimos tempos e a Bolsa navega pelo dobro do ponto a que mergulhara um ano atrás. 
Os números de criação de empregos formais, os do Caged, são positivos e o resultado das grandes empresas no primeiro trimestre veio bastante bom.

Do outro lado, há dois dígitos de milhões de desempregados, uma segunda onda inclemente da Covid-19 e uma vacinação que caminha, mas ainda bem abaixo da cobertura necessária para, por exemplo, evitar uma possível terceira onda. E o termômetro político mostra altas temperaturas, elevadas pela Comissão Parlamentar de Inquérito no Senado sobre a pandemia.

Na economia, resta pouca dúvida de que o setor exportador já se beneficia do forte ritmo de recuperação dos Estados Unidos (graças à vacinação) e da China (graças ao rápido controle da difusão do SARS-CoV-2). E o dólar num nível relativamente bom ajuda na substituição de importações, apesar de atrapalhar na importação de bens de capital.

Mas, e a resultante? As previsões mais frequentes para o curtíssimo prazo na economia brasileira são de certa retração combinada com alguma inflação. Esta segunda variável leva o Banco Central a aumentar a taxa básica de juros de maneira até algo agressiva. Tem margem para isso, porque o juro real andava, e ainda anda, bem negativo.Se o BC vai acertar a mão, fazer a inflação convergir para a meta sem estender o período de recuo econômico, o futuro dirá. Outra coisa que o futuro vai dizer é se uma eventual recuperação econômica daqui até o final do ano vai conseguir mexer para baixo nos crônicos e altos números do desemprego. Que, sabemos, será um ponto apetitoso no debate de 2022.

Ainda sobre a economia, outra dúvida é o que a oposição de esquerda vai dizer no próximo ano. Se vai tentar replicar o Plano (do Joe) Biden e sugerir o enfrentamento crise por meio principalmente do endividamento e investimento públicos, ou vai novamente guinar ao dito centro e assumir os compromissos de continuidade habituais em anos eleitorais. É razoável supor que muita coisa vai depender dos números. Se em meados de 2022 a economia estiver em recuperação, mesmo que lenta, o desemprego em queda, mesmo que suave, e o governo dizendo que enfrentou “a pior crise”, com a pandemia, é possível que a oposição tenha de mudar de assunto. Talvez não venha a ser “a economia, estúpido”.

Grande chance de ser "a pandemia, estúpido". Mas como estará ela daqui a um ano e meio? Será que ainda vai sensibilizar? Foi em algum grau o que aconteceu na eleição americana. Pouco se debateram os temas econômicos. A frente ampla antitrumpista formou-se com base na rejeição pessoal ao próprio Donald Trump, nas agudas tensões raciais desencadeadas pela morte de George Floyd e no enfrentamento da Covid. E deu certo para Biden. Ele está na Casa Branca e Trump voltou para a Flórida.

Pipocam teorias sobre a necessidade e a conveniência de um “Biden brasileiro”. Muita gente, até gente bem apetrechada para a eleição, quer ser. Nos aspectos não propriamente econômicos vai ser fácil de mimetizar, pois a agenda liberal americana está na ofensiva ideológica entre nós, e em todo o mundo. Mas, e na economia? Alguém vai arriscar?

Alon Feuerwerker, jornalista e analista politico 

Clique e leia, o argumento Anvisa

 


CPI da Covid-19 deve ser um marco histórico em matéria de safadeza por parte do Congresso - Jovem Pan

J. R. Guzzo

Comissão é uma trapaça que se manterá distante da principal questão: a inépcia e a malversação de dinheiro do erário por parte dos que foram encarregados de tratar da Covid-19

A aglomeração que o Senado Federal inventou com o título de “C.P.I.” e a função, no papel, de investigar atos de imperícia, de imprudência e de negligência — mais os de má-fé — cometidos em volta do governo federal em um ano de combate à Covid-19 é um conto do vigário gigante. “Comissões parlamentares de inquérito”, sejam as montadas na Câmara de Deputados ou as do Senado, são, há mais de 100 anos, um dos golpes preferidos dos políticos brasileiros.  
Não se destinam a fazer inquérito nenhum, nunca, nem apurar responsabilidade de ninguém e, muito menos, punir algum culpado. Servem, ao exato contrário, para proteger os criminosos de verdade com o imutável grito de “pega ladrão” que a bandidagem usa quando se vê ameaçada; 
além disso são empregadas para promover os interesses pessoais mais grosseiros da politicalha. Este golpe de agora, o da Covid-19, está com todo o jeito de ser um marco histórico em matéria de safadeza, hipocrisia, desperdício de dinheiro público e inutilidade, pura e simples, por parte do Congresso Nacional.
É um fato de conhecimento comum até nos jardins de infância que nunca se roubou tanto neste país, desde os incomparáveis governos Lula-Dilma, quanto se roubou agora por conta da Covid-19
A roubalheira do PT, na verdade, foi distribuída ao longo dos treze anos e meio de dois governos; 
a de agora está toda concentrada em pouco mais de um ano de atividade intensa
Como poderia ser diferente? As “autoridades locais”, ou seja, os 27 governadores e 5.500 prefeitos do Brasil, ganharam do STF a tarefa — e plena autonomia — para administrar como melhor entendessem o combate à epidemia. 
Como ficou claro desde o primeiro dia, nenhuma decisão “local” poderia ser modificada, e muito menos vetada, pelo governo federal; 
ao contrário, por ordem do STF, a União foi legalmente proibida de mexer uma palha em qualquer coisa que os governadores e prefeitos fizessem. 
Só estava obrigada a soltar verba — e pagar o “auxílio de emergência” para quem perdeu trabalho e renda por causa da repressão ao trabalho, à produção e à atividade econômica imposta pelas “autoridades locais”.  
É óbvio o que iria acontecer com todo esse poder distribuído — sem qualquer controle — a tão pouca gente: surtos de incompetência, desperdício em massa de dinheiro público e ladroagem explícita. Depois do “Mensalão” e do “Petrolão”, chegou a vez do “Covidão”.
Que tal parar de fingir por uns minutos? Todo mundo sabe desde criança que político brasileiro rouba; nem todos, é claro, mas a maioria mete a mão com o desespero de um homem-bomba muçulmano ou, então, se faz de bobo e deixa que roubem o que quiserem em volta de si. Por que diabo, então, seria diferente nesse caso? Só por que é uma doença? 
Não seja por isso; no governo Lula, por sinal, roubaram até sangue dos hospitais, naquele notável escândalo da máfia dos vampiros que deixou lembranças até hoje. [não esqueçam: 'drácula', ex-ministro da Saúde do presidente petista, é um dos encarregados das investigações da CPI da covid.] Dinheiro é dinheiro. Se vem com a Covid-19 ou com as empreiteiras de obra, com o vírus ou com o pré-sal, tanto faz — o que interessa é a “verba liberada” e o dinheiro depositado no banco. O resto é conversa de CPI e para analista de telejornal do horário nobre.

Governadores, prefeitos, seus familiares, os amigos e os amigos dos amigos não contaram apenas com essa decisão sagrada do STF, e com o apoio quase integral das “instituições”, do Brasil “que pensa” e dos meios de comunicação. Mais que isso, tiveram a bênção doestado de emergência”, um pé-de-cabra legal que permitiu aos gestores locais gastarem dinheiro público sem controle nenhum: sem concorrência pública, sem licitação, sem necessidade de prestar conta.

Se já é uma dificuldade extrema segurar a roubalheira com todas as regras e contrarregras que existem por aí, imagine-se, então, o que acontece quando praticamente não há controle algum. Mais: ninguém aqui está falando de uns trocados. As “autoridades locais” receberam ao longo do último ano, em verbas federais, cerca de R$60 bilhões para cuidar da epidemia — dinheiro que o Tesouro Nacional não tem, mas que sempre é fácil tirar dos impostos que a população paga todos os dias, a cada vez que acende a luz ou põe um litro de combustível no tanque. Hoje em dia, com essa história de se dizer um bilhão aqui, um bilhão ali, pode parecer banal, mas 60 bi é uma imensidão em termos de dinheiro. Para se ter um começo de ideia: o total dos gastos federais com a educação, em um ano, ficou em R$40 bilhões. A Covid-19 comeu uma vez e meia isso aí.


Aparecem agora os heróis da mídia no papel de resistentes ao “fascismo”

Para completar o seu sonho de consumo, as “autoridades locais” contaram com a ajuda vital do Ministério Público, da Polícia Federal e da mídia em geral, que estão de olhos praticamente fechados há mais de um ano, quando se trata de corrupção na Covid-19. Há exceções, claro: o governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, foi posto para fora do palácio em agosto do ano passado, destituído e até preso, no meio de uma tempestade de acusações de roubo na gestão da epidemia. Mas Witzel, claramente, é um caso fora da curva. Num Estado que já teve um colosso na história da corrupção universal como o ex-governador Sergio Cabral, com mais de 200 anos de cadeia nas costas por roubar de tudo (para não falar de Anthony Garotinho e sua mulher Rosinha), conseguir ser demitido do governo, como ele foi, é realmente qualquer coisa de paranormal. Na vida mais normal, a ‘governadorzada’ e a ‘prefeitada’ deitaram e rolaram, sem que as denúncias apresentadas contra eles tenham atraído a real atenção do MP, da PF ou da imprensa; saiu alguma coisinha aqui, outra ali, mas absolutamente nada que lembrasse, nem de longe, a fúria moral de todos quando os acusados fazem parte da sua lista negra.

Diante de mais essa calamidade, o Senado faz o quê? Faz exatamente o que as “instituições democráticas” do Brasil sempre fizeram: enterra o problema real, salva os culpados e dá às piores figuras, mais uma vez, a oportunidade de virarem heróis da mídia no papel de resistentes ao “fascismo”, à “direita” e ao “genocídio”. A questão, se querem mesmo investigar alguém, é a inépcia e a malversação de dinheiro do Erário por parte dos que foram encarregados de tratar da Covid-19 — as “autoridades locais.” Em vez disso, investigam o governo federal — que não tem quem o defenda, dentro e fora do mundo político, e vai ficar apanhando quieto até os arquiduques da “Resistência” tirarem tudo o que podem da CPI e partirem para outra. É desastre com perda total.


Como acontece quase sempre na vida pública brasileira, a trapaça das “investigações” se repete como farsa, ou como espetáculo de humor macabro.
Nada revela tão bem o deboche de tudo isso quanto a lista de membros da CPI. O presidente é um senador do Amazonas envolvido até o talo na confusão: sua própria mulher, além de irmãos, já foram presos por ladroagem na área da saúde — da saúde, justamente, dentro de um escândalo que se arrasta há cinco anos no Estado e na capital, Manaus, e é objeto das operações Maus Caminhos e Cash Back, da Policia Federal. O representante titular do PT é o senador Humberto Costa ninguém menos que o “Drácula” da lista de políticos comprados pela construtora Odebrecht, codinome que recebeu por seu envolvimento junto à máfia que roubava sangue da rede pública de hospitais quando ele era ministro da Saúde de Lula. Há outra estrela da relação de salteadores da Odebrecht: o “Whiskey”, apelido do senador Jader Barbalho, do Pará. (Deu para entender a presença de Amazonas e Pará na CPI? Pois então: são exatamente os dois Estados, fora o Rio, onde mais se roubou neste ano de Covid-19.)
O ponto alto do show, entretanto, é o senador Renan Calheiros no papel de relator da CPI, nada menos que isso.  
Renan é um dos membros mais enrolados com o Código Penal que dão expediente nesse espantoso Senado brasileiro — não deve haver, aliás, caso igual ao dele em nenhum Senado do mundo. Ou seja: os políticos não apenas insultam a população com a sua CPI; também fizeram questão de pisar em cima, com a nomeação de Renan. É como se estivessem dizendo: “Isso aqui é o Senado Federal. Polícia, promotor e juiz, aqui dentro, são o Renan e a sua turma”. Não é nenhuma surpresa, por sinal, que o senador que foge da lei há 30 anos tenha se tornado um grande estadista aos olhos da mídia brasileira de hoje; é claro, ele se reinventou como marechal-de-campo da esquerda nacional, líder da oposição ao presidente da República e apóstolo intransigente da guerra ao “negacionismo”. É tratado, em consequência, como um gigante da nossa política. Suas declarações aparecem em todas as primeiras páginas, nos telejornais e nos programas de rádio. Seu passado, que está presente nos autos, foi “cancelado” do noticiário, como se diz hoje. Ele não fez nada de errado, nunca. É a estrela da CPI, dos editoriais e do “campo progressista”. Aboliu-se uma realidade; foi construída uma outra em seu lugar. Eis aí a política do Brasil, mais uma vez. É assim que funciona.
 
J. R. Guzzo, colunista  - Jovem Pan 
 

COLONIZADOS, EM PLENO SÉCULO XXI! - Percival Puggina

Ah, essas duras realidades sociais, políticas e econômicas! É dureza ser uma sociedade esmurrada pelos fatos como acontece no Brasil. Estevão Pinheiro, com seu humor ácido, construiu uma frase aplicável à nossa situação: “Depois de as coisas irem de mal a pior, começa o ciclo de novo”. Ponderemos objetivamente a situação.

Pergunto: nosso panorama social é desolador porque as pessoas não querem viver em melhores condições, ganhar mais, trabalhar mais, cuidarem melhor de si mesmas, dependerem menos do Estado? Socorre-nos, aqui, o humor do argentino Quino e sua personagem Susanita, nas tirinhas da Mafalda, quando diz algo mais ou menos assim: “Não sei o que passa na cabeça dos pobres. Como se não bastasse ganharem pouco, ainda consomem artigos de má qualidade”.

Susanita está errada, claro. Os pobres se dariam melhor na vida se a economia tivesse um crescimento mais acelerado, com maior geração de postos de trabalho. Segundo Ronald Reagan, esse é o melhor programa social do mundo.

Então, pergunto: a economia anda lentamente porque falta gente para trabalhar, por que falta aos empresários vontade de ganhar dinheiro, porque o mercado não quer comprar o que produzimos? 
Claro que não. A economia vai mal por causa da política, com sua sequela de males: instabilidade, décadas de gasto público constantemente superior às receitas inconstantes (imprudente criação de despesas permanentes). Vai mal porque a Constituição de 1988 pretendeu criar num país pobre, por força de lei, um Estado de bem estar social. Vai mal por causa do gigantismo do aparelho estatal. Vai mal por falta de sintonia entre os objetivos que mobilizam os poderes de Estado e os de seu soberano – o povo brasileiro,
O fato que me traz a este artigo é a súbita percepção de que o aparelho estatal como um todo, os poderes e a administração pública nos três níveis da Federação colonizaram o povo brasileiro. 
Subsistem do extrativismo que exercem sobre os recursos que a sociedade produz. 
Esse monstro tem vida própria e subordina a sociedade ao seu querer graças a um escancarado complô entre o Congresso Nacional eleito em 2018 e essa sequela do petismo em que se transformou o outrora digno e respeitável Supremo Tribunal Federal.

Então, na minha perspectiva, se a causa de nossos problemas tem nome e endereço conhecidos, é para ali que devem convergir as ações corretivas. Não faltam obstáculos a essa tarefa. Os grandes mecanismos influenciadores das opiniões e das condutas sociais são os que atuam no plano da cultura, dos meios de comunicação, da Igreja e das escolas em todos os níveis de ensino. E esses, como se sabe, estão aparelhados pelos “progressistas” inimigos do progresso, agentes de nosso atraso. Todos eles, cada um a seu modo, nos colonizaram.

 De nada valerá qualquer ação que chegue ao endereço errado. Preservar o modelo institucional, a regra do jogo político, significa manter o colonialismo do Estado sobre os cidadãos e seus bens e... aguardar um novo ciclo para ir de mal a pior.

Percival Puggina (76), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+.