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quinta-feira, 21 de março de 2019

Bolsonaro, Pujol, o Exército e a lembrança de 1964

A polarização da sociedade durante a eleição deve conhecer uma nova batalha em torno de como governo lembrará os fatos acontecidos em 31 de março: golpe de Estado ou uma contrarrevolução?

[é essencial que o 55º aniversário do Contragolpe de março 64, seja comemorado em grande estilo - se hoje somos uma democracia, agradecemos a DEUS que propiciou ao Brasil a  Redentora e com isso não nos transformaram em uma Cuba ou Venezuela.

Os que não concordarem que o MOVIMENTO REVOLUCIONÁRIO de 31 de março foi um CONTRAGOLPE, estejam à vontade para não comemorar, permaneçam em casa.

BRASIL, acima de todos! DEUS, acima de TUDO!] 

Caro leitor,
A polarização da sociedade durante a eleição de Jair Bolsonaro retratada pelo jornal deve conhecer uma nova batalha nos próximos dias. Ela se dará em torno de como o governo lembrará os fatos acontecidos em 31 de março e em 1.º de abril de 1964 (leia aqui o especial que o Estado fez nos 50 anos da data). O comandante do Exército, o general Edson Pujol, afirmou aos seus subordinados que qualquer orientação sobre como tratar o fato deve partir do escalão superior, neste caso, o Ministério da Defesa. Se ela faltar, a ordem é manter o padrão dos anos anteriores.

Não haverá manifestação do Alto-Comando ou de quem quer que seja na Força. Para o Exército, não há nada de novo que justifique uma mudança daquilo que a instituição faz há muito tempo. A data – um evento histórico, alegam os generais - nunca foi esquecida nas unidades militares. Exemplo disso é o nome da biblioteca da Escola de Comando e Estado-Maior do Exército, a Eceme, responsável por formar os futuros oficiais generais: Biblioteca 31 de Março. 

O que há de diferente neste ano é a pessoa que ocupa a Presidência da República. Ou seja, Jair Bolsonaro. “O Exército como instituição não vai tapar os olhos para o fato histórico. Dentro do ambiente militar, a percepção sobre 1964 é muito diferente daquela existente, por exemplo, no PSOL”, afirmou um general ao Estado. No Comando do Exército se espera uma manifestação comedida e equilibrada. Não se pretende substituir a visão que “prevaleceu até dois anos atrás”, que tratava como heróis os “falsos defensores da democracia”, por uma visão laudatória.A minha perspectiva é de que o pêndulo se mova em direção a um ponto de equilíbrio, o que não significa excluir críticas ao 31 de Março”, disse o general. O Exército aguarda a diretriz do ministro e este, por sua vez, a do presidente. 

O historiador francês Marc Bloch dizia que o passado era, por definição, “um dado que coisa alguma podia modificar”. Era nele que se devia capturar o homem, ou melhor, os homens, o verdadeiro objeto da história. O homem em seu tempo e espaço. Mas, se os fatos não mudam, sua interpretação depende do conhecimento acumulado que, a partir de condições históricas transformadoras, permite o desenvolvimento de perspectivas diferentes a cada geração. Colega de ofício de Bloch, Jacques Le Goff acreditava que a obra de um historiador não sobreviveria por mais de 50 anos.. Em Memória e História, Le Goff analisa o que há por trás das visões em torno do passado. “Tornar-se senhor da memória ou do esquecimento é uma das grandes preocupações das classes, grupos e indivíduos que dominam e dominaram as sociedades históricas.” 

Essa é a disputa que Bolsonaro quer reabrir sobre 1964. A começar pela definição do que houve há 55 anos: um golpe de Estado, uma contrarrevolução, um atentado à democracia ou a afirmação desta diante da ameaça comunista? Nos últimos 30 anos, os governos não tiveram dúvidas sobre o que se passara. A maioria deles na Nova República não hesitou em usar a clássica definição de coup d’état para classificar a ação de civis e militares que derrubou o governo de João Goulart. Trata-se de “um ato realizado por órgãos do próprio Estado” - segundo diz o Dicionário de Política, organizado por Norberto Bobbio -, levado a cabo por grupos militares ou pelas Forças Armadas como um todo, que pode ou não vir acompanhado de mobilização social. Sua consequência mais comum é a simples mudança da liderança política e, habitualmente, ele é seguido pelo reforço da máquina burocrática e policial e pela dissolução de partidos políticos. O caso brasileiro parece, portanto, encaixar-se na definição da ciência política para golpe de Estado.

Durante esses anos todos, Jair Bolsonaro demonstrou ter uma leitura diferente. Negava até a existência de uma ditadura no período, coisa que a cúpula do regime nunca refutou, pelo menos desde a promulgação do AI-5 – basta ouvir a gravação da reunião presidencial que decidiu pela adoção do ato institucional. “Às favas com a consciência”, disse o então ministro Jarbas Passarinho, um dos participantes da reunião. Depois, soltava rojões no 31 de Março, enquanto os governos da Nova República determinavam aos quartéis reserva e comedimento na lembrança do fato histórico.

Em 1996, um outro oficial da reserva se manifestou sobre a data. Dizia querer “reequilibrar uma versão da história que só contemplava a visão dos vencidos em 1964”. Era o general Antonio Carlos de Andrada Serpa. Para ele, os militares erraram ao não publicar “um livro verde e amarelo, explicando como esses mesmos esquerdistas que hoje nos governam levaram uma pequena fração da mocidade brasileira ao terrorismo, ao roubo, assaltos, sequestros e justiçamentos”.
 
O presidente Geisel puniu os abusos ao demitir o comandante do 2.º Exército, general Ednardo D'Ávila Mello, traído por maus auxiliares”. Para Serpa, Geisel teria sido obediente ao “princípio militar de que o chefe é responsável por tudo o que fizer ou deixar de fazer (C 101-5, Estado-Maior e Ordens)".

O general concluiu então o documento lembrando o exemplo de Caxias. “Quando solicitado a comemorar a vitória sobre os farrapos, em 1845, (Caxias) respondeu: ‘Não, antes rezemos um Te Deum pelas almas dos imperiais e farroupilhas, pois eram brasileiros’. Reconhecer o idealismo equivocado dos terroristas e os excessos da repressão será um convite à verdadeira Anistia e Justiça”, concluiu o general.

Para seus colegas de hoje, é “o espírito de Caxias que deve prevalecer, pois essa é a tradição do Exército”. Resta saber se Bolsonaro vai mandar ao Ministério da Defesa que cumpra essa tradição ou que inaugure outra, a do conflito, em vez do equilíbrio desejado pelos militares. Vale lembrar que o 31 de Março deste ano cai em um domingo, dia em que Bolsonaro costuma ficar sozinho com o celular e o Twitter à sua disposição.

Política - Marcelo Godoy - O Estado de S. Paulo
 

 


domingo, 27 de janeiro de 2019

As tragédias permitidas

[Qual a razão para os opositores, os adversários do presidente Bolsonaro - inimigos, é o adjetivo mais adequado - insistirem em só destacar eventuais falhas do atual presidente?

São pessoas sensatas, inteligentes, experientes na vida profissional e do dia a dia e sabem que JAIR BOLSONARO é presidente do Brasil, com as bençãos de DEUS vai fazer um bom governo e terá chances concretas de reeleição.

Então o que resta aos inimigos de Bolsonaro é se conformar, aceitar o inevitável = BOLSONARO, presidente do Brasil = e aproveitar os tempos melhores que virão para a nossa Pátria Amada.]

(...)
ESTÁ NO AR
Excluído do Exército, sob ponderações no Superior Tribunal Militar que puseram em dúvida até seu equilíbrio mental, Bolsonaro ficou à distância de sua classe por muito tempo. [o processo ao qual Bolsonaro respondeu, há três décadas, se encontra nos arquivos do STM, pode ser consultado e o resultado da consulta mostrará que nem sempre o afirmado na Imprensa combina com o que está no processo.] Embora refletindo-a nas opiniões e, proveito também eleitoral, nas reivindicações. A perspectiva da candidatura à Presidência mudou sua relação com o passado. Por utilitarismo, sem dúvida, Bolsonaro empenhou-se em ser dado como capitão, representante legítimo de todas as idiossincrasias e da radicalidade conservadora, anticultural e patrioteira da caserna. [Bolsonaro não precisou, da mesma forma que qualquer militar da reserva não precisa, ser dado como capitão - o militar da reserva permanece sujeito a todas as regras militares, tanto na parte dos DEVERES quanto das PRERROGATIVAS - está na Lei.] O candidato identificado com as Forças Armadas.
Os comandos do Exército aceitaram o risco dessa identificação, apesar da preocupação até revelada. Os da reserva, categoria em que as pretensões de superioridade e os sectarismos podem se mostrar mais, regozijaram-se com a atitude de Bolsonaro. O então comandante do Exército, general Villas Bôas, que se reconhecera como um dos preocupados, formalizou a aceitação do risco, aparentando dá-lo por extinto.

Em duas semanas após a posse, a preocupação voltou a muitos. Pelo avesso, porém. Como preocupação com a possibilidade de identificação, aos olhares internos e sobretudo externos, dos militares e seus generais com Bolsonaro, suas ideias irrealistas e o círculo familiar-religioso insustentável. Desde a terceira semana, o lento desenrolar do caso Flávio Bolsonaro e seus tentáculos até o próprio Bolsonaro tiveram a contribuição do vexame no Fórum Econômico Mundial para agravar o estado de coisas. [o que tem atrapalhado, atrasado,  as investigações da movimentação atípica de um ex-assessor de Flávio Bolsonaro (ressalte-se que movimentações atípicas não são necessariamente ilegais) movimentações que parte da Imprensa suspeita envolver o deputado Flávio e outra parte já considera (baseada em que não se sabe) o presidente da República, JAIR BOLSONARO, envolvido nas mesmas, é que uma câncer - doença gravíssima, especialmente quando em estágio avançado, caso do Queiroz - resolveu aparecer por agora e tem impedido que os esclarecimentos sejam prestados.
 
Enquanto isso não ocorre, parte da imprensa insiste em requentar a notícia antiga com manchetes de duplo sentido.
 
Dificil de acreditar, mas, já tem inimigos de Bolsonaro, com acesso à Imprensa anti Bolsonaro, insinuando que o presidiu decidir retirar a bolsa de colostomia nesta semana, para se livrar de qualquer compromisso advindo da posse dos novos parlamentares.
 
Só não estão acusando Bolsonaro pela tragédia de Brumadinho - que lamentamos - devido o calendário não permitir.] 
 
(...)
 
 
Comentário inserido em transcrição parcial do artigo 'as tragédias permitidas', Jânio de Freitas, Folha de S. Paulo. 

quinta-feira, 17 de janeiro de 2019

Militares tutelam o governo como partido

Há que separar a euforia do emprego da euforia política


Com tantos generais nos gabinetes próximos do presidente e ao longo da Esplanada, Jair Bolsonaro, mesmo que discordasse, não teria como levar adiante uma reforma da Previdência Social que os atingisse. Mas ele, além disso, concorda plenamente e encoraja o tratamento diferenciado a essa categoria, a sua, vez que é capitão da reserva. [criticar dizendo que uma categoria tem tratamento diferenciado e fundamentar a crítica, com argumentos sólidos, 'desmontando' as razões que são invocadas para justificar o tratamento considerando diferenciado, é a crítica gratuita, o criticar por criticar.]

O Exército, a Marinha e a Aeronáutica não ocuparam o governo em vão. Não vão deixar escapar a única disputa em que realmente se envolvem desde sempre, além daquela batalha anual por mais verbas: a de evitar a mudança do seu sistema de aposentadoria. Nos últimos dias, com tantas posses e transmissão de comando nas três forças, além das trocas de ministros nos gabinetes do Palácio do Planalto e de vários ministérios, seus interesses reais ficaram mais expostos.

Expressam, sem censura, a alegria de ter voltado ao poder, – “agora pelo voto”, como apregoam. E não se fazem de rogados quando questionados sobre a reforma da Previdência. Dizem que são disciplinados e acatarão ordens, mas logo fica claro que estão marcando distância da vala comum: “Somos diferentes”. [diferença que consta da famosa 'constituição cidadã', que não foi promulgada pelos militares, ou mesmo redigida.]
Livrando-se os militares das novas regras, outros funcionários públicos devem também se sentir especiais e reivindicar uma saída exclusiva para outras categorias. Com certeza, a Polícia Militar, a Polícia Civil, delegados em geral, agentes penitenciários em particular, entre outros que se submetem a riscos semelhantes em sua carreira, unidos pela atividade de segurança.  Daí para outras categorias do funcionalismo também mostrarem que seu caso é singular, o caminho é curto, rápido e até justo, como se pode achar, a princípio, embora muitos discordem dessa última condição. Uma vez tirados os militares, o justo será deixar saírem todos os demais cujas atividades são análogas. Ao arrastarem consigo outras categorias do funcionalismo, os militares fragilizam institucionalmente e politicamente a reforma da Previdência.

Automaticamente levam consigo, no mínimo, a Polícia Militar, considerada uma força auxiliar do Exército. Como dar tratamento especial ao Exército e não à PM, além de outras atividades a que estão amarrados pela atividade de risco? Não há como separar as Polícias Militares das Forças Armadas.  As sessões da Comissão Especial que aprovou a reforma da Previdência do ex-presidente Michel Temer mostraram como pode funcionar o lobby militar na votação. Seus representantes nas discussões eram os mais reativos, os que se manifestaram de forma muitas vezes agressiva.

Por que seria diferente agora, com líderes do governo e líder do partido do presidente, um é major, o outro delegado?  Aberta a porteira para Forças Armadas e Polícia Militar, cria-se a brecha no muro e todos podem sair. É essa a discussão a ser levada em torno da ideia de não mexer na Previdência dos militares. Sem razão para argumentar contra sua inclusão na reforma, os militares, infinitamente mais fortes hoje do que ontem, são cem por cento fiadores do governo Bolsonaro e têm razão, desta vez, sim, de estarem eufóricos com isso.  Eufóricos por terem recuperado o poder e, já de posse do trono, sentirem-se à vontade para responder perguntas sobre a reforma prioritária.

Sem dúvida, estão mesmo no comando. Jair Bolsonaro não tem quadros no seu partido, não conhece equipes que atuem em universidades e institutos, não tem correntes de especialistas da academia, não tem militância. Se falta um porta-voz, é anunciado logo um general; se há expectativa sobre quem será o líder do governo no Congresso lá vem um major de primeiro mandato. [Bolsonaro é o presidente da República e nomeia para o seu Governo quem ele entender que atende melhor os interesses da Nação brasileira e dentro dos principios legais - até o presente momento, nenhuma nomeação foi feita em desacordo com as leis.]
Até o momento, no primeiro escalão, assumiram: o general Hamilton Mourão, na vice-presidência [o general Hamilton Mourão é vice-presidente da República, cargo para o qual foi eleito com quase 60.000.000 de votos.]  o general Augusto Heleno no Gabinete de Segurança Institucional; o general Santos Cruz na Secretaria de Governo; o general Maynard Santa Rosa, na Secretaria de Assuntos Estratégicos; o general Otávio Santana do Rêgo Barros, porta-voz da Presidência, ainda não oficialmente nomeado. Rêgo Barros é ligado ao general Eduardo Villas Bôas, que deixou o comando do Exército e não vai para casa, assumirá um cargo no Gabinete de Segurança Institucional no Planalto.

Há, ainda, no primeiro escalão, ministros egressos das Forças Armadas: Fernando de Azevedo e Silva (Defesa), Tarcísio Gomes de Freitas (Infraestrutura), Bento Costa Lima (Minas e Energia), Marcos Pontes (Ciência e Tecnologia), Wagner Rosário (Controladoria Geral da União); general Franklin Ribeiro de Freitas (Funai).
O ex-comandante da Marinha, assim como o ex-comandante do Exército, ingressou na equipe: o almirante Eduardo Bacellar Leal Ferreira foi indicado por Bolsonaro para presidir o Conselho de Administração da Petrobras. [uma análise atenta dos citados, nesta matéria e em outras, só permite a descoberta de uma fundamentação para ser contra as nomeações: o 'crime' de ser militar. Visto que, apesar do desejo de muitos, ser militar não é crime, ao contrário é uma honra que dignifica, vale a famosa frase do Zagallo: 'vão  ter que engolir...'.]

No discurso de transmissão do cargo de comandante do Exército, o general Villas Bôas, marcou a nova era com um exagero. Para ele, os dois maiores brasileiros são Bolsonaro e Sergio Moro, os homens capazes de mudar a agenda do país, de restaurar o patriotismo. Estava, porém, exaltando terem finalmente chegado ao topo.  É preciso separar a euforia do emprego da euforia da política, do mando. Bolsonaro deu emprego para todos. O seu partido terminou virando, na prática, um partido de duas alas: a ala dos negócios da Economia, tocada por Paulo Guedes, que tinha sua própria equipe adotada pelo presidente, e o partido do Quartel.

As três Forças assumiram as suas missões como quadros de um partido. E foram tomando gosto: eles querem e a eles é permitido controlar o governo.
Há muito pouco tempo, Jair Bolsonaro era visto no alto comando do Exército como uma caricatura. Aos poucos, as tropas da reserva, que apoiavam sua candidatura, foram conquistando as da ativa até formar um partido militar bolsonarista que tem o governo sob tutela.

Rosângela Bittar, Valor Econômico
 
 

sábado, 12 de janeiro de 2019

CUT armada: Novo chefe do Exército quer militares fora da reforma

Novo comandante do Exército diz que militares devem ficar fora da reforma da Previdência

[essa de chamar, ainda que em título editorial, o glorioso Exército Brasileirada, o Exército de Caxias,  de CUT, pegou pesado - foi uma das mais graves ofensas a nossa gloriosa Força Terrestre.]

Edson Leal Pujol, que vai suceder Eduardo Villas Bôas, também afirmou que militares são disciplinados e irão cumprir o que for decidido pelo governo e pela sociedade
O novo comandante do Exército, Edson Leal Pujol, considera que os militares devem ficar fora da reforma da Previdência. Ele destacou que os militares não fazem parte do sistema previdenciário e possuem "situação diferenciada". Pujol conversou com a imprensa após cerimônia de troca de comando do Exército, antes liderado por Eduardo Villas Bôas. Como é de praxe, apenas Villas Bôas discursou durante o evento. "Primeiro ponto, que é constitucional, os militares não fazem parte do sistema previdenciário, como na maior parte dos países do mundo. É uma situação diferenciada. Nós temos uma diferença muito grande de qualquer outro servidor público ou servidor privado. Nós não temos hora extra, não temos adicional noturno, não podemos nos sindicalizar", justificou Pujol.


Sobre uma eventual iniciativa do presidente Jair Bolsonaro a convencer os militares a participarem de "alguma cota de sacrifício", mesmo que seja feito por lei ordinária, Pujol disse que a informação não chegou até ele. "Eu tenho tido contato quase que diário esta semana com o presidente Bolsonaro e em nenhuma oportunidade ele falou comigo a respeito. Então, se está tratando disso, está tratando em nível ministerial. Ainda não chegou para mim, que era o futuro comandante da força e que assumi hoje." Pujol destacou, ainda, que os militares são "disciplinados" e irão cumprir o que for decidido pelo governo e pela sociedade. [modificação 'cota de sacrifício' por lei ordinária complicado, praticamente impossível, realizar, visto que incluir norma de lei ordinária em matéria normatizada pela Constituição, ainda que modificando norma já regulada por lei do mesmo status preserva direitos adquiridos, impede supressão de beneficios e deixa as portas abertas para eventual contestação  jurídica.] 


Questionado se os militares devem ficar fora da reforma, ele disse que sua intenção, como comandante do Exército, é que não se modifique o sistema de aposentadoria do Exército. 
 MATÉRIA COMPLETA, clique aqui

sexta-feira, 4 de janeiro de 2019

O capitão e os generais

Bolsonaro é instrumento dos militares, ou os militares é que são de Bolsonaro?

Antes, discutiu-se se o carismático Lula era instrumento do PT e de suas bases para instalar um projeto de esquerda no Brasil, ou se o PT e suas bases sindicais, acadêmicas e católicas eram instrumento de Lula para chegar e manter o poder. A história mostra que Lula venceu o PT. [imaginem a situação do perda total: se o coisa ruim que o venceu é um presidiário, puxando cana, o que é, o que vale,  
(por enquanto mero passa tempo, pior será quando novas condenações, obrigarem os que insistem em mantê-lo longe de um presídio comum - local apropriado para cumprimento de penas impostas a bandidos comuns - a transferi-lo para uma penitenciária comum, sem mordomias) o 'partido' que foi vencido pelo 'esperto' presidiário.]
Agora, o Brasil vive o mesmo dilema, mas com personagens opostos: o capitão-político Jair Bolsonaro é instrumento das Forças Armadas e seus seguidores para instalar um projeto de direita, ou são os militares e seus seguidores que se tornaram instrumento de Bolsonaro e seus filhos para chegar ao poder? Por isso, a transmissão de cargo mais instigante e concorrida foi a do general Fernando Azevedo e Silva na Defesa. De tão disputada, foi no Clube do Exército. De tão importante, foi a única com discurso do presidente.
Diante do dilema, sobressaiu-se o enigma jogado no amplo salão por Bolsonaro. Dirigindo-se ao comandante do Exército, general Eduardo Villas Bôas, confidenciou: “O que nós conversamos morrerá entre nós”. Ato contínuo, agradeceu: “Obrigado. O sr. é um dos responsáveis por eu estar aqui”. O que eles conversaram não se sabe, mas sabe-se que Villas Bôas, infelizmente acometido de uma doença degenerativa, é o maior líder militar, um homem inteligente, articulado, simpático e que, bem antes das eleições, já vinha assuntando sobre quem seria o candidato ideal para trazer a direita de volta ao poder. Bolsonaro? O ruralista Ronaldo Caiado? Algum empresário?

Pode nem ter sido a primeira opção, pode nem ter sido o ideal, mas quem enfrentou o desafio, viabilizou-se para a tarefa e conquistou o apoio dos integrantes das três Forças foi o capitão que saiu pela porta dos fundos do Exército, integrou o baixo clero da Câmara 28 anos e agora se cerca de militares nos cargos mais sensíveis. No mesmo discurso para seus velhos pares, Bolsonaro fez questão de esclarecer uma outra dúvida: quem enfiou o general da reserva Hamilton Mourão na vice? Há quem jure que foram os militares, mas Bolsonaro disse que ouviu outras pessoas, mas a decisão foi dele, pessoal. “Não tem mais capitão nem general. Agora, somos todos soldados a serviço do Brasil.”
O novo ministro Fernando Azevedo e Silva admitiu que “são tempos difíceis de escassez”, mas já defendendo a “urgente reestruturação” e “novos atrativos” para a carreira militar. E Bolsonaro acenou com a revisão da MP de 2001 que acabou com a promoção automática dos militares que passam para a reserva, além do auxílio-moradia e do adicional de inatividade dos militares. Se há algo que separa Bolsonaro e Villas Bôas, parece ser a relação com Fernando Henrique Cardoso, que é pródigo de elogios ao comandante do Exército e tem uma velha rixa com o atual presidente. Depois de citar Sarney, Collor e Itamar e suas decisões relativas aos militares, desdenhou: “Depois, tivemos o outro governo, os senhores sabem qual foi. Tivemos alguns problemas, em especial comigo”.
Para Bolsonaro, as Forças Armadas são “obstáculo para quem quer usurpar o poder”, mas quem se apossou do poder político e alijou os civis por 20 anos foram elas. E há quem veja no novo governo a volta dos militares. Observando as posses, os discursos e a bajulação, porém, os ministros militares estão entre os mais sensatos, menos bajuladores e se comportam como quem veio não pelo gosto pelo poder, mas para ajudar a resgatar a ordem no País e na gestão pública. Ao jeito deles. Destaque-se, aliás, a compreensão do general Fernando sobre a imprensa: “Mais do que reproduzir notícias, ela nos avisa, nos cobra quando necessário e sempre ajuda a dar transparência às nossas atividades”. Vamos combinar: melhor do que muito civil e bem melhor do que muito bolsonarista de internet.
 
Eliane Cantanhêde - O Estado de S. Paulo
 
 
 

quinta-feira, 20 de dezembro de 2018

Militares avaliam que eventual soltura de Lula poderia criar instabilidade

BASTIDORES: Petistas procuram generais para falar sobre Lula

No início do mês, petistas consultaram generais sobre reação se Lula fosse solto

O atual comandante do Exército, general Eduardo Villas Bôas, e o ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional, general Sérgio Etchegoyen, tiveram reuniões com petistas no início de dezembro

Duas semanas antes de o ministro Marco Aurélio Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), suspender a possibilidade de prisão após condenação em segunda instância, representantes da esquerda procuraram pelo menos dois generais para saber qual seria a reação nos quartéis caso o ex-presidente petista Luiz Inácio Lula da Silva fosse solto. O atual comandante do Exército, general Eduardo Villas Bôas, e o ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional, general Sérgio Etchegoyen, tiveram reuniões com petistas no início de dezembro.

A resposta de ambos foi que esta é uma questão da Justiça, que “é soberana”, e não caberia às Forças Armadas emitir opinião sobre o assunto. Os interlocutores de Lula ouviram, porém, a avaliação de que seria uma tentativa de criar instabilidade antes da posse do presidente eleito, Jair Bolsonaro. À época, não estava cogitada a decisão monocrática do ministro Marco Aurélio, tomada às vésperas do recesso do Judiciário e derrubada ontem pelo presidente do Supremo, ministro Dias Toffoli. A mobilização em torno do tema prisão após segunda instância incluiu também políticos alinhados ao centro e até ao governo do presidente Michel Temer.  [o presidente Temer em um dos seus gestos de autêntico sem noção - em que pese, apesar do Janot, seu Governo ter conseguido algum sucesso no inicio da recuperação da economia - chegou ao absurdo de declarar ser a impichada Dilma Rousseff uma pessoa honesta.]

O senador Jorge Viana (PT-AC) esteve com Etchegoyen em audiência no início do mês. Também se encontrou com Villas Bôas, conforme apurou o Estado. Outro interlocutor que conversou com outros generais foi o ex-ministro da Defesa na gestão petista Celso Amorim. Procurado, Viana não quis se manifestar. Uma das preocupações era com a saúde de Lula. [vaso ruim, não quebra - é o que garante a sabedoria popular.]

Esta não foi a primeira vez que o PT buscou militares para tratar do caso Lula. Em 27 de abril, Amorim procurou interlocutores militares para tentar transferir Lula da Polícia Federal, em Curitiba (PR), para um quartel do Exército e ouviu que a medida não tinha amparo legal. Além de ser ilegal, esta era última coisa que os militares queriam consideravam inadmissível Lula preso em unidade militar. [ficar preso em uma unidade militar é algo que não pode, nem deve, ser concedido a um criminoso comum = Lula é um ladrão, um criminoso comum e tem que ir para uma penitenciária comum e dividir o 'boi' com dezenas de outros presos.]

O Estado de S. Paulo

 

quarta-feira, 5 de dezembro de 2018

Bolsonaro é homenageado pelo Exército por ato de bravura realizado em 1978

O presidente eleito recebeu a Medalha do Pacificador com Palma por ter impedido o afogamento de um soldado há 40 anos

O Exército condecorou, na manhã desta quarta-feira (5/12), o presidente eleito Jair Bolsonaro com a Medalha do Pacificador com Palma, uma das mais graduadas honrarias da Força. [até hoje, ao que sabemos, o Exército Brasileiro não adotou nenhuma medida para cassar a Medalha do Pacificador concedida a diversos criminosos petistas, entre eles Zé Dirceu e Genoìno - os dois são criminosos, condenados pela Justiça(o ex-guerrilheiro de festim tem várias condenações e Genoíno cumpriu uma) o que os torna indignos da honraria que receberam nos tempos em que a organização criminosa 'perda total' mandava no Brasil.
A honraria é importante, honra quem a recebe, mas, é conspurcada enquanto permanecer no peito de bandidos.]
A láurea não foi concedida, segundo o Exército, devido à eleição para Presidente da República. Em nota, a instituição afirma que a medalha é o reconhecimento por um ato de Bolsonaro ocorrido em 1978.No texto, é informado que o capitão reformado impediu que um soldado se afogasse durante uma atividade de instrução militar, "tendo se distinguido, nessa ação meritória, por sua abnegação, coragem e bravura, com eminente risco da própria vida".

Esquema de segurança 
Para receber a honraria, Bolsonaro deixou a Granja do Torto, uma das residências oficiais da Presidência da República, onde está hospedado, no fim da manhã para se dirigir ao Quartel General do Exército, acompanhado de forte esquema de segurança da Polícia Federal.


A cerimônia ocorreu com a presença do Comandante do Exército, general Eduardo Villas Bôas. A Medalha do Pacificador com Palma tem como objetivo evocar as homenagens prestadas a Luiz Alves de Lima e Silva, o Duque de Caxias.

Correio Braziliense

 

segunda-feira, 26 de novembro de 2018

Comandante do Exército determina análise sobre Intentona Comunista

Villas Bôas disse que medida tem objetivo de evitar derramamento de 'sangue verde e amarelo' 


Em perfil no Twitter, o comandante do Exército, general Eduardo Villas Bôas, disse, na manhã deste domingo (25/11), que determinou uma análise sobre a Intentona Comunista, ocorrida em 1935. De acordo com o militar, o objetivo é evitar derramamento de “sangue verde e amarelo”. O movimento foi a tentativa de derrubar o ex-presidente Getúlio Vargas do cargo, em novembro de 1935.


A Intentona Comunista é considerada uma rebelião político-militar liderada por Luís Carlos Prestes, que havia criado a Aliança Nacional Libertadora (ANL). Getúlio Vargas classificou o movimento como ilegal, o que provocou reações em quartéis de Natal, Recife e Rio de Janeiro. O governo reagiu com a força militar, o que ocasionou na morte de agentes oficiais. 

“Determinei ao Exército que rememore a Intentona Comunista ocorrida há 83 anos”, escreveu o general. “Antecedentes, fatos e consequências serão apreciados para que não tenhamos, nunca mais, irmãos contra irmãos vertendo sangue verde e amarelo em nome de uma ideologia diversionista”, completou Villas Bôas. 
 
O presidente eleito, Jair Bolsonaro, já se manifestou sobre a Intentona Comunista, em discurso na Câmara em 1995. Na ocasião, ele disse que os comunistas foram derrotados em 1935 e, depois, em 1960, década em que se iniciou o Governo Militar. Bolsonaro ainda sugeriu que o movimento persistia por meio dos metralhadores sem terra. "Incansáveis, os agentes do satanismo marxista-leninista, mesmo privados de um dos seus eixos de poder geopolítico, Moscou,   continuam assanhadíssimos. Prova concreta disso são essas tropas bem municiadas, apetrechadas  e muito mal disfarçadas, no movimento dos sem-terra", disse na época. 
 
 
Folha de S. Paulo




domingo, 25 de novembro de 2018

Novo comandante do Exército reclama de “preconceito” contra tortura

Próximo comandante do Exército, o general Edson Leal Pujol, 63, avalia que o período da ditadura militar no Brasil é tratado com preconceito e desinformação.


Esse preconceito, na visão dele, é fruto de uma doutrinação na análise dos últimos 60 anos da história do país. Ele afirma que o tempo vai limpar as diferenças de opinião. Anunciado nesta semana como novo comandante, Pujol é o oficial mais antigo entre os 17 generais-de-exército da ativa. Ele foi colega do presidente eleito, Jair Bolsonaro, na Academia Militar das Agulhas Negras.  Em entrevista, Pujol argumenta que a mistura da política com as Forças Armadas não tem gerado bom resultado em diversos países.

O país tem se mostrado muito polarizado. Como o sr. vê o atual cenário? 
O que notamos é uma divisão do país entre uma parcela significativa da população e da opinião pública, até mesmo da imprensa, que não estava satisfeita com o que estava acontecendo no país em termos da maneira de administrar, do envolvimento de vários integrantes da administração dos diversos poderes em atos que não eram aqueles que os eleitores que os elegeram esperavam. Depois de um período relativamente longo, fez com que a população acordasse: “vamos tentar mudar essas coisas”. Isso eu vi como cidadão. Como militar, não posso opinar.

E qual é a perspectiva a partir de agora? 
É de esperança, como brasileiro. É expectativa de que as coisas mudem, que o país melhore ou, pelo menos, pare de piorar.

É possível separar a imagem do Exército da figura de Bolsonaro, um capitão reformado?  
O futuro presidente é congressista há quase 30 anos. Tem congressistas advogados, jornalistas, médicos. Há uma preocupação tanto por parte do Executivo quando do segmento da Defesa que a gente consiga estabelecer este limite: no momento que vou bater a continência para ele, não é para o capitão Bolsonaro, mas para o presidente da República. Não é bom misturar política com Forças Armadas. Esse modelo não tem dado bons resultados em diversos países.

Isso está controlado internamente? 
Sim. Não nos associamos a nenhuma corrente política e isso deve continuar. Quando a política entra dentro dos quartéis, não é bom para o país.

O general Augusto Heleno, futuro GSI, disse que diminuiu o “ranço” contra os militares. O sr. concorda? 
Existe desinformação. Nos últimos anos, muitas pessoas estavam na rua pedindo a volta dos militares. Há certo preconceito na análise do que aconteceu no Brasil nos últimos 50, 60 anos. É muito mais desinformação do que ranço. Quando a desinformação é elevada a um grau maior, chega próximo à doutrinação, de tentar influenciar o pensamento das pessoas, intensificar opiniões. Isso pode levar as pessoas a terem um preconceito, um ranço. Tem pessoas que nasceram muito depois do período dos governos militares e falam como se tivesse vivido aquele período de coisas que aconteceram. Por outro lado, muitas pessoas que têm opinião contrária. É muito mais uma leitura daquilo que aconteceu, de opiniões divergentes. Então é óbvio que nós, militares, somos atingidos pelas opiniões contrárias, que nos imputam responsabilidade por algumas coisas. Acho que a história, com o tempo, vai limpar essas diferenças de opiniões e trazer um equilíbrio entre as opiniões divergentes.

O governador eleito Wilson Witzel quer manter intervenção no Rio. É uma boa solução? 
A intervenção é uma decisão política e a decisão de mantê-la tem dois atores: o Estado do Rio, que vai solicitar ou não a continuidade e, outro, a instância mais alta do governo federal, de avaliar se a solicitação procede. Não é bom para a nação e para o Estado que as Forças Armadas se mantenham em questões de segurança pública.

Qual é o risco de prolongar a intervenção? 
No caso dos militares, não estamos organizados e preparados para trabalhar em segurança pública. Além disso, tem o risco do arcabouço legal que possa amparar as ações das Forças Armadas nessas questões. É um risco que as forças se submetem. Todos nós temos irmãos, filhos, etc.

Há receio de envolvimento de militares com a milícia? 
Quando você fica próximo de problemas, existe o risco de se envolver. O ser humano não é infalível. Uma situação hipotética: você é policial ou soldado do Exército e mora numa área de risco. Aí chega alguém e lhe diz: “você mora em tal lugar, né? Sua mãe trabalha ali, seu filho estuda em tal escola. Tome cuidado porque pode acontecer acidente com ele”. Nós escolhemos uma profissão de risco, mas envolver um ente querido pode constranger a não tomar determinadas atitudes. E, a partir do momento que você começa a ceder, é envolvido e pressionado. As pessoas que estão muito próximas desse tipo de ação estão sujeitas a se comprometer — não por falha de caráter. Quanto mais tempo se permanece, maior é o risco. O Exército tem adotado um rodízio.

Como avalia o resultado da intervenção? 
Existe uma diminuição de criminalidade e violência no Rio. Alguns números que aumentaram, como enfrentamentos e tiroteios, são normais. Se eu intensifico a presença de forças se contrapondo à criminalidade, [é normal] que esse enfrentamento aumente. Quando a gente eventualmente reclama do enfrentamento entre forças de segurança e criminalidade, temos que olhar, até uma questão que a própria população do Rio estava demandando. A criminalidade estava com mais liberdade.

Folha de S. Paulo



terça-feira, 13 de novembro de 2018

Engolir sapos

Governar não é moleza nem para quem tem experiência, partido, programa e equipe. E para quem não tem?


Eunício Oliveira é do MDB, não tem nada de esquerda e apoiou Lula e Fernando Haddad pela força do PT no Nordeste, mas já no primeiro turno Haddad e o próprio Eunício perderam a eleição no Ceará. Coisa rara, o presidente do Senado não se reelegeu.  Assim, ele é um pote até aqui de mágoa e, além de dizer, ele já mostrou que não está nem aí para o presidente eleito: após Jair Bolsonaro dizer que “não é o momento” de reajustar os salários do Supremo e pedir “grandeza” aos senadores, Eunício desdenhou o apelo, pôs o aumento na pauta e ajudou a inflar em bilhões por ano o rombo fiscal.

Para piorar, Paulo Guedes foi infeliz ao falar em “dar uma prensa” no Congresso e as relações entre Executivo e Legislativo começaram a azedar antes mesmo da posse de Bolsonaro e Guedes, em janeiro, e da nova Legislatura, em fevereiro.  É um choque de realidade, porque presidentes da República não fazem o que querem e precisam aprender algo que envolve política, experiência, maturidade e personalidade: engolir sapos. “Crus, fritos, assados, cozidos, grandes, pequenos, sem sal”, acrescenta um velho conhecedor de Brasília.

Bolsonaro cancelou uma audiência com Eunício e, de quebra, outra com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, do DEM. Nós, que não presidimos nada, podemos até elogiar: “Fez muito bem, foi macho”. Mas o sábio de Brasília é cáustico: “Isso é o que o Collor faria”. Nem precisou lembrar o destino do machão das Alagoas.  Governar não é moleza, nem quando o eleito tem estrondoso apoio popular, partido consolidado, alianças sólidas, programa claro, grande experiência de administração e equipe azeitada. Estrondoso apoio popular Bolsonaro tem, mas o resto ele vai ter de aprender e construir com o carro andando, sem bater de frente com o Congresso.

O melhor será ele agir como já age com Michel Temer ou como Sérgio Moro com ele próprio. Bolsonaro é respeitoso com Temer, pela simbologia da Presidência. E Moro mantém suas posições, mas faz inflexões e releva as diferenças com Bolsonaro. Se acerta nas escolhas para o Executivo – como Joaquim Levy no BNDES –, Bolsonaro tem de articular maiorias no Congresso, compreendendo a complexidade e a multiplicidade dos atores fundamentais para aprovar suas reformas e propostas. Ou seja, para que seu governo dê certo.  A opinião pública empurra Câmara e Senado para o colo do Planalto, mas, se os sapos azedam e a relação vira uma guerra, o governo paralisa e o Congresso começa a empurrar a opinião pública para longe do Planalto. É um jogo que vai além das vontades e exige sobretudo competência.

Três tempos, mesmo diagnóstico, mesmo temor. Coluna de 12/8: “Não se pode transformar embalagem de comportamento social numa candidatura militar e menos ainda numa promessa de governo militar. Além da ameaça para o Brasil, é um enorme risco para as próprias Forças Armadas”.
Coluna de 16/10: “Bolsonaro deveria (…) dar sinais de que não fará um “governo militar”, assim como os comandantes deveriam deixar claro que a candidatura, por mais apoios que tenha de militares, não é das Forças Armadas. Isso pode reduzir dois temores: o dos civis diante da volta do regime militar, e o dos militares diante da contaminação política dos comandos e das tropas”. [será que os civis que querem o melhor para o Brasil e os brasileiros temem a volta dos militares? ou será que desejam?
ao elegerem Bolsonaro os civis deram  a primeira indicação e não foi de temor.]
Comandante do Exército, Eduardo Villas Bôas, à Folha de S. Paulo de 11/11: “Estamos tratando com muito cuidado essa interpretação de que a eleição dele representa a volta dos militares ao poder. Absolutamente não é. Alguns militares foram eleitos, outros fazem parte da equipe dele, mas institucionalmente há uma separação. E nós estamos trabalhando com muita ênfase para caracterizar isso, porque queremos evitar que a política entre novamente nos quartéis”.

Eliane Cantanhêde - O Estado de S.Paulo

segunda-feira, 12 de novembro de 2018

Entrevista do comandante do Exército, tutela, e o verdadeiro perigo de que fala general. Ou: não existe risco de um golpe, mas de bagunça

A entrevista concedida pelo general Eduardo Villas Bôas, comandante do Exército, à Folha deste domingo gerou barulho no PT. Por quê? Já vamos ver. Noto, de saída, que foi uma boa entrevista, em que ele rechaçou, mais uma vez, a eventual intervenção das Forças Armadas na política, expressando, adicionalmente, preocupação com a eventual politização dos militares em razão da ascensão de Jair Bolsonaro à Presidência.

Sobre a tal intervenção, foi explícito: “Intervenção militar constitucional, até hoje não descobri como é que faz isso. Até houve discussões de juristas sobre isso, que o Exército teria um mandato para intervir, e isso foi verbalizado pelo general Mourão, gerando uma pequena crise [em 2015]. Em função dessa pressão, elaboramos diretrizes que transmiti internamente e que passaram a preencher espaço externamente. A conduta seria baseada em três pilares. Primeiro, a manutenção da estabilidade. Segundo, a legalidade: o Exército jamais agiria fora de preceitos legais, dentro do artigo 142 da Constituição e leis subordinadas.

Bem, meus caros, o que vai acima não tem nada de ambíguo: o general está dizendo que não cabe uma ação unilateral dos militares. E ponto final. Na conversa, o comandante do Exército chegou a apontar o que considera de aspectos “messiânicos” na forma como Bolsonaro se manifesta e deixou claro que o fato de ele ter sido militar não implica que se vá ter um governo militar. Lembrou, o que é correto, que a pauta do presidente eleito, quando deputado, era mais corporativista do que ligada à defesa do país.

Mas um trecho de sua fala gerou barulho - íntegra da entrevista, aqui. Comentando dois tuites por ele publicados no dia 3 de abril, véspera da votação no STF do habeas corpus que pedia a liberdade de Lula, ele disse: “Eu reconheço que houve um episódio em que nós estivemos realmente no limite, que foi aquele tuíte da véspera da votação no Supremo da questão do Lula. Ali, nós conscientemente trabalhamos sabendo que estávamos no limite. Mas sentimos que a coisa poderia fugir ao nosso controle se eu não me expressasse. Porque outras pessoas, militares da reserva e civis identificados conosco, estavam se pronunciando de maneira mais enfática. Me lembro, a gente soltou [o post no Twitter] 20h20, no fim do Jornal Nacional, o William Bonner leu a nossa nota.”

Cumpre aqui lembrar o conteúdo dos dois tuites então publicados pelo general: “Nessa situação que vive o Brasil, resta perguntar às instituições e ao povo quem realmente está pensando no bem do País e das gerações futuras e quem está preocupado apenas com interesses pessoais?”
“Asseguro à Nação que o Exército Brasileiro julga compartilhar o anseio de todos os cidadãos de bem de repúdio à impunidade e de respeito à Constituição, à paz social e à Democracia, bem como se mantém atento às suas missões institucionais.

O que eu tenho a dizer? Considerei então que havia, sim, ali a sombra de uma tutela. Afinal, se o que o general diz na entrevista de domingo vale, inexiste interferência das Forças Armadas no processo político à revelia da Constituição que não seja golpe. Parece-me que o “limite” a que ele se refere é justamente o limite possível da legalidade: qualquer coisa além daquelas palavras, e se trataria de uma ameaça.

Entendo, por óbvio, os protestos do PT. Mas cumpre lembrar que Villas Bôas não participou daquela sessão do Supremo. Votaram contra o habeas corpus Edson Fachin, Alexandre de Moraes, Roberto Barroso, Rosa Weber, Luiz Fux e Cármen Lúcia. Votaram a favor Dias Toffoli, Ricardo Lewandowski, Gilmar Mendes, Marco Aurélio e Celso de Mello. Convenham: não dá para afirmar que seis ministros ficaram com medo do general e que cinco decidiram enfrentá-lo, certo?

Eu realmente não creio que os tuítes de Villas Bôas tenham tido algum peso na votação. Parece-me que sua fala de agora revela outra coisa: ele se manifestou no que chamou “limite” para evitar eventual indisciplina nos quarteis. E isso, sim, é preocupante. Não que eu ache que um golpe, no velho modelo latino-americano, possa ser desfechado ou, se desfechado, possa prosperar.

Se, no entanto, o comandante do Exército se viu compelido a ir “ao limite” para evitar a bagunça, então convém que se fique atento. Não para evitar o golpe que não haverá, mas para impedir a baderna de setores militares.  Os petistas deveriam considerar, em sua reação, que não é exatamente esperto jogar todas as Forças Armadas no colo de Jair Bolsonaro. Até porque isso é falso. Basta ler direito a entrevista do general Villas Bôas.

Blog do Reinaldo Azevedo

LEIA TAMBÉM: Escola com Polícia 1: O veto ao debate sobre gênero acumula derrotas na Justiça; PGR já foi à Justiça em ao menos sete oportunidades

[Comentário: 
O Brasil, ainda, a república da Banânia, é o único país em que uma Lei Municipal, de autoria de um vereador em um municipio que poucos brasileiros já ouviram falar, é capaz de ter repercussão nacional e servir de supedâneo para que o STF decida tornar a decisão sobre a constitucionalidade (estadual) da mesma, assunto de repercussão geral - o que obriga todos juízes a seguirem, sem delongas,  a suprema decisão.]
 

 

domingo, 11 de novembro de 2018

Gleisi Hoffmann e Paulo Pimenta reagem às declarações de Villas Bôas [Corja petista o STF foi afrontado quando o criminoso, o bandido, o ladrão Lula, disse que o Supremo era uma corte acovardada]

O general disse que as Forças Armadas estiveram no limite na véspera da votação no Supremo da questão do Lula

A senadora Gleisi Hoffmann e o deputado federal Paulo Pimenta reagiram pelas redes sociais às declarações do general Eduardo Villas Bôas. Em entrevista à Folha, neste domingo (11), o general disse que as Forças Armadas estiveram no limite na véspera da votação no Supremo da questão do Lula.

Gleisi Hoffmann (PT) perguntou o que fugiria do controle caso Lula fosse solto e que limite tinha.
“A fala do gal Villas-Boas evidência a trama política contra Lula! Deixa claro que houve ingerência em decisão do STF! O que fugiria do controle? Teve de agir porque? Que limite tinha? Era uma decisão judicial, a CF devia ser observada! Bagunçaram o país pra impedir Lula de ser candidato”
 
Já o deputado Paulo Pimenta (PT) lembrou que “não é papel das forças armadas tutelar os poderes, em particular o STF, afrontado claramente neste episódio”, disse. [Corja petista o STF foi afrontado quando o criminoso, o bandido, o ladrão Lula, disse que o Supremo era uma corte acovardada]
 
O general Eduardo Villas Bôas disse na entrevista que, apesar de negar a intenção das Forças Armadas em interferir na vida política nacional, confessa que o único episódio em que estiveram no limite “foi aquele tuíte da véspera da votação no Supremo da questão do Lula”, disse.
“Ali, nós conscientemente trabalhamos sabendo que estávamos no limite. Mas sentimos que a coisa poderia fugir ao nosso controle se eu não me expressasse. Porque outras pessoas, militares da reserva e civis identificados conosco, estavam se pronunciando de maneira mais enfática. Me lembro, a gente soltou [o post no Twitter] 20h20, no fim do Jornal Nacional, o William Bonner leu a nossa nota’, contou.

ÍNTEGRA DA ENTREVISTA, clique aqui

Comandante do Exército vê bom nacionalismo na eleição de Bolsonaro e reconhece apelo messiânico e improviso, mas não vê riscos

 'Bolsonaro não é volta dos militares, mas há o risco de politização de quartéis', diz Villas Bôas

Para o comandante do Exército, o presidente eleito é mais político do que militar

Leiam a excelente entrevista concedida pelo general Eduardo Villas Bôas, comandante do Exército, a Igor Gielow na Folha deste domingo. O general afirma que a eleição de Jair Bolsonaro “liberou uma energia, algum nacionalismo que estava latente e que não podia ser expresso” e vê, nesse particular, algo positivo.


O general observa que Bolsonaro é um político, não um militar no poder. Na verdade, ele se preocupa com o risco de politização dos quartéis e é explícito: “Alguns militares foram eleitos, outros fazem parte da equipe dele, mas institucionalmente há uma separação. E nós estamos trabalhando com muita ênfase para caracterizar isso, porque queremos evitar que a política entre novamente nos quartéis.”


O comandante do Exército reconhece aspectos “meio messiânicos” no discurso de Bolsonaro e aponta que, em certas áreas, o presidente eleito ainda esta apenas “tateando” — é o caso, por exemplo, da política externa.

E os discursos mais agressivos de Bolsonaro, alguns evidenciando intolerância com instâncias da democracia? Villas Bôas considera que é “marketing” e aposta: “O país está amadurecido, tem um sistema de freios e contrapesos que não permite que essas coisas prosperem a ponto de ameaçar a eficiência do processo democrático.”

Leiam trechos da conversa. * (…) O sr. esteve com o presidente na terça (6). Como foi a conversa?
Era mais uma visita de cortesia. Tivemos uns dez minutos de conversas específicas. Aqui no Exército será alguém da turma dele, e os quatro generais mais antigos são da turma dele. Sugeri que colocasse um civil na Defesa. Com o ministério com tantos militares, teria um equilíbrio interessante. Mas ele insistiu que fosse um oficial-general de quatro estrelas.
  Eu sugeri que o general [da reserva Augusto] Heleno fosse para o GSI [Gabinete de Segurança Institucional], e ele já estava com essa ideia na cabeça.
  Daí falamos um pouco sobre política externa, questionei quem eles tinham em mente para o Itamaraty. Achei curioso, eles estavam em um nível bem superficial, com vários nomes, inclusive de pessoas que eles não conheciam e estavam prospectando. Senti que em alguns setores eles estão com a coisa bem definida, e em outros, ao contrário, estão tateando.


Bolsonaro é o primeiro militar eleito pelo voto direto desde 1945, é o primeiro no poder desde o fim da ditadura. Como o Exército vê um membro de seus quadros hoje na Presidência?
A imagem de Bolsonaro como militar é uma imagem que vem de fora. Ele saiu do Exército em 1988. Ele é muito mais um político.
Ele foi muito hábil quando saiu para se candidatar a vereador, passou a gravitar em torno dos quartéis, explorando questões que diziam ao dia a dia dos militares. Ele nunca se envolveu com questões estruturais da defesa do país. Mas aí criou-se essa imagem de que ele é um militar.
  Estamos tratando com muito cuidado essa interpretação de que a eleição dele representa uma volta dos militares ao poder. Absolutamente não é. Alguns militares foram eleitos, outros fazem parte da equipe dele, mas institucionalmente há uma separação. E nós estamos trabalhando com muita ênfase para caracterizar isso, porque queremos evitar que a política entre novamente nos quartéis.
  (…)
  Desde que o presidente foi eleito, ele tem buscado fazer gestos simbólicos de deferência à Constituição e à democracia. Ao mesmo tempo, ele tem feito ameaças explícitas a órgãos de imprensa, como este jornal e outros, que não falem o que ele considera ser a verdade. Aliás, ele sempre fala em verdade…
Uma coisa meio messiânica, né?


Isso. Mas enfim, é compatível a defesa da democracia e esses chutes na canela de instituições que fazem parte da democracia?
Acho que, se nós olharmos da perspectiva dele, esse é um marketing que ele faz em torno de si, que explora. Eu não creio que ele vá materializar isso a ponto de ameaçar o funcionamento das instituições. O país está amadurecido, tem um sistema de freios e contrapesos que não permite que essas coisas prosperem a ponto de ameaçar a eficiência do processo democrático.
(…) Íntegra aqui

Blog do Reinaldo Azevedo

sexta-feira, 2 de novembro de 2018

A nova era militar

O prestígio dos militares no governo Bolsonaro atingirá patamares inéditos desde a redemocratização, mas, numa demonstração de maturidade institucional, integrantes da caserna prometem manter uma distância regulamentar do poder e seguir estritamente as regras do jogo democrático 

Quarta-feira, 24 de outubro. A quatro dias do segundo turno das eleições presidenciais, o Alto Comando do Exército reunia-se para decidir sobre promoções do alto oficialato. Da cadeira de rodas, com as dificuldades impostas por seu estado de saúde, o comandante do Exército, general Eduardo Villas Bôas, pede a palavra. Àquela altura, ninguém na sala tinha mais muitas dúvidas de que o domingo consagraria a eleição do capitão da reserva Jair Bolsonaro, do PSL, como novo presidente da República. Uma eleição que, 33 anos após o fim da ditadura, traria os militares de volta ao centro do poder. Bem longe de uma comemoração, Villas Bôas adotou um tom sério. “Temos que tomar o máximo de cuidado com a preservação da imagem da nossa instituição”, advertiu o comandante do Exército, emendando com uma recomendação. “Seria prudente que colegas da ativa não participassem diretamente do governo”.
 A FORÇA DA CASERNA Ascensão de Jair Bolsonaro ao poder representa o retorno dos militares à cena política (Crédito: Eduardo Anizelli/Folhapress)

O comandante sabe que a orientação, não uma ordem, dificilmente será cumprida. A manifestação do comandante do Exército, no entanto, é a tradução de como as Forças Armadas enxergam o atual momento político em que um capitão reformado, com amplo apoio de integrantes da caserna, ascende ao poder. É inegável que o prestígio dos militares no governo Bolsonaro atingirá patamares inéditos desde a redemocratização do País. Mas, numa demonstração de arraigada maturidade institucional, eles se revelam conscientes do seu papel. Entendem que a organização do poder político é tarefa dos civis, não dos militares. E que esse preceito do estado democrático de direito não é alterado pela simples presença de militares reformados na política. É, na essência, o que difere a nova era militar dos tempos de trevas da ditadura. Hoje, as Forças Armadas rejeitam qualquer possibilidade de futura intervenção militar, como se a presença de militares reformados na política pudesse representar um primeiro passo para a tomada do poder civil por integrantes da caserna. “Ao contrário do que aconteceu em 1964, esses militares chegarão agora ao poder pelo voto, pela via democrática, e não parece haver espaço para um retrocesso que não os faça ter que respeitar as regras do Estado Democrático de Direito”, observa o professor de História do Brasil da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Carlos Fico. “Hoje, a sociedade e as instituições têm condições de se contrapor aos excessos”, continua o professor. Em suma, as instituições demonstram solidez suficiente para evitar um regresso a um passado que o País quer deixar definitivamente no retrovisor. “Eles (os militares) sabem que terão de governar na democracia. Todas as pesquisas apontam que essa mesma maioria que levou esse grupo ao poder apoia a democracia”, conclui o estudioso.

 “Temos que tomar o máximo de cuidado com a preservação da imagem da nossa instituição”
“Seria prudente que nossos colegas da ativa não participassem diretamente do governo Bolsonaro”

General Villas Bôas, comandante do Exército

O medo da frustração
A saudável manutenção de uma distância regulamentar do poder é alimentada ainda pelo temor do Alto Comando Militar de que se crie uma expectativa muito grande de que os militares serão capazes de resolver os problemas nacionais, como num passe de mágica. Problemas complexos e que não serão resolvidos com soluções fáceis por uma instituição que também sofre os sintomas da crise econômica e hoje encontra-se desaparelhada para exercer da forma ideal mesmo as suas ações específicas na área de defesa do País. A experiência de já ter ganho destaque na área de segurança pública com a intervenção no Rio de Janeiro já não é avaliada pela cúpula militar como positiva. Os militares foram postos à frente da solução de um tremendo abacaxi, sem a autonomia e o efetivo necessário. Obtiveram alguns resultados positivos, como a redução do roubo de cargas.  Mas não em um nível que fosse realmente perceptível para a sociedade. É esse grau de frustração que a cúpula militar teme no momento em que os militares ganharão novamente destaque em um governo, agora pelo voto.

Nada que impeça, evidentemente, a incorporação de militares da ativa ao Ministério de Bolsonaro, especialmente nos cargos de segundo escalão. O primeiro escalão será formado pelos militares da reserva que formam o chamado “Grupo de Brasília”: 
o vice-presidente general Hamilton Mourão, o general Oswaldo Ferreira, provável futuro ministro da Infraestrutura; o general Augusto Heleno, futuro ministro da Defesa, e o general Aléssio Ribeiro Souto, ainda sem cargo definido. O general Aléssio chegou a ser cotado para o Ministério da Educação. “Os militares têm a disciplina que nós precisamos no momento, principalmente na área de infraestrutura”, considera o vice-presidente do PSL, Gustavo Bebbiano.

Quem conhece os perfis dos militares mais próximos de Bolsonaro e que terão papel de destaque no próximo governo aposta na influência do general Heleno. “É, de longe, o mais preparado ali. E, sem dúvida, o mais ponderado”, disse a ISTOÉ um oficial de alta patente do Exército. Nas Forças Armadas, Heleno é visto mesmo como um homem de centro, bem menos radical que o próprio Bolsonaro. É tido como bom comunicador, tendo, inclusive, mais trânsito na imprensa que a maioria dos integrantes do núcleo duro do governo. “Os demais generais do Grupo de Brasília são também muito preparados. O problema é o temperamento”, diz esse oficial. “O general Mourão é alguém em que eu confiaria plenamente no comando de uma tropa no meio de uma batalha. Agora, numa função que exige discrição como a de vice-presidente…”, completa.

Uma coisa é certa: no novo governo, se bate continência. Para o bem e para o mal. O capitão Bolsonaro estará cercado de generais. “Os generais sabem que o comandante agora é o capitão. Mas como se comportará o capitão, acostumado que foi na vida militar a receber ordens dos generais?”, questiona um oficial do Exército. Como se encaixará a lógica militar na realidade de um mundo civil e democrático, essa é a grande incógnita.

IstoÉ