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quarta-feira, 27 de maio de 2020

Qual o limite dos deuses supremos? - Alerta Total

Empresas quebrando... Desemprego aumentando... Arrecadação de impostos despencando... 
Projeção de falta de recursos para sustentar salários no serviço público... Risco de colapso no pagamento de aposentadorias e pensões... Ameaça, nem tão distante, de o Tesouro Nacional, de repente, ser forçado a repassar dinheiro para manutenção dos poderes Legislativo e Judiciário... Mas, antes deste cenário apocalíptico, já temos um crescente número de brasileiros, nas ruas, pedindo comida e esmolas. Não demora, aumentam saques, assaltos e outras revoltas sociais violentas.

Será que os 11 “sábios”, com ares de divindade, que se imaginam com poderes acima de todos, têm consciência da realidade nua e cria do Brasil pós-pandemia?
Será que eles têm consciência de que tudo de errado acontece e se agrava por culpa da suprema carta branca dada a governadores e prefeitos para agirem, como quiserem, nos atos para impedir a escalada do Kung Flu?
Será que eles não percebem que o corporativismo exacerbado não resolverá o desgaste de imagem que suas atitudes e decisões provocaram na opinião pública?

Será que falta sensibilidade social e uma mínima capacidade de leitura conjuntural e histórica a quem se permite o direito inalienável de poder experimentar da melhor e mais cara lagosta, sorvendo as mais saborosas e caras bebidas importadas, dentre outras mordomias, em festanças agora adiadas por causa da pandemia? Será que os deuses estão abalados psicologicamente ou perderam a dimensão real de seus limites? Ou será que os deuses se julgam alienígenas que vivem em outra dimensão, incompreensível e inatingível ao resto dos brasileiros?

As perguntas não param e exigem respostas concretas e objetivas, imediatamente... O que realmente se passa na cabeça dos 11 ministros do Supremo Tribunal Federal – que são os guardiões de uma Constituição que precisa ser renovada. O Brasil necessita de uma nova Constituição enxuta e principiológica que institua o voto distrital facultativo e o federalismo pleno. As decisões precisam ser tomadas nos municípios onde vive o povo – o legítimo detentor do poder originário.

Os deuses supremos pensam diferente do resto do povo brasileiro – inclusive dos segmentos mais esclarecidos. Logicamente, como fazem parte do poder constituído, do tal establishment, os 11 desejam que tudo fique como sempre esteve. Certamente, é por isso que eles se fecham em copas e partem para uma insana defesa corporativa do STF. Não conseguem esconder que, pelos recentes atos, apóiam os movimentos golpistas contra o Presidente da República. Os ministros Celso de Mello e Alexandre de Moraes assumem a linha de frente. Barroso, Carmem Lúcia e Fachin defendem o progressismo. Os demais apóiam o discurso corporativo. Toffoli tenta se equilibrar no muro, mas sempre pendendo para o lado do Palácio da Justiça...

O movimento dos deuses do Supremo desagrada os militares. Não só os generais na reserva que são membros do governo federal. Mas também os oficiais comandantes do Exército, Marinha e Aeronáutica na ativa e, naturalmente, a famosa “reserva ativa”. A insatisfação se estende de Coronel para baixo, chegando a sargentos, cabos e soldados... Será que os ministros do STF já deram conta deste fenômeno institucional? Ou o movimento do Supremo contra tudo que Bolsonaro representa é um comportamento sem retorno? Haja perguntas de complexas respostas...

A guerra de todos contra todos os poderes se aprofunda, justamente no momento crítico no qual o Brasil necessitava de uma trégua para cuidar da retomada do crescimento econômico diante dos erros cometidos por governadores e prefeitos, com a anuência do STF. O lobo (agora nem tão solitário) Bolsonaro tem de cumprir a missão que lhe foi delegada pelo eleitorado formado, majoritariamente, pela classe média conservadora que não se sentia representada pelo petismo e ainda foi economicamente massacrada pelas petralhagens.

Discursos bonitinhos sempre são bem vindos. Só que o povo é pragmático: quer melhora econômica, emprego, dinheiro para consumir, segurança e (depois da pandemia) saúde para sobreviver. No imaginário popular da maioria, Bolsonaro foi eleito para atender a estes objetivos. Apesar dos ataques cada vez mais intensos que Bolsonaro recebe da extrema mídia e dos membros do establishment, uma grande massa lhe presta cada vez mais apoio. Isto irrita a Turma do Mecanismo.

Os fatos demonstram que o STF está exagerando no uso do poder. O órgão, que deveria cuidar, preferencialmente, da aplicação correta da Constituição, tem interferido nas decisões do Executivo, tem legislado pela via da interpretação que produz jurisprudência e tem cumprido até o papel do Ministério Público abrindo inquéritos para investigação ou praticamente oferecendo denúncia criminal contra quem o critica. As atitudes podem até ter respaldo legal, porém cabe indagar: São legítimas, do ponto de visto democrático, da Segurança do Direito Natural?

Os ânimos, se já estão exaltados, tendem a ficar ainda mais radicalizados na guerra entre os poderosos. Os militares de Bolsonaro costuram um acordo com o Centrão pela governabilidade. Apesar de todos os riscos, o tempo mostrará que isso custará infinitamente mais barato que ficar refém de um segmento togado que perdeu completamente a noção da responsabilidade democrática, embora faça a narrativa contrária, posando de vítima de ataque praticado pelos “defensores do autoritarismo”.

Felizmente, o coronavírus ainda não assassinou [nem assassinará] a quantidade gigantesca que a extrema mídia e os inimigos das reformas e mudanças gostariam. No entanto, a estupidez criminosa (culposa ou dolosa?) no combate à crise de saúde provocou uma crise econômica inédita – que atingiu, em cheio, o segmento informal da economia. Será necessário um acordo político rápido e consistente para retomar a atividade econômica e elaborar um Projeto Estratégico de Nação.

Enquanto o Brasil se esfacela, cabe perguntar: 
Qual o limite dos deuses supremos?
O Brasil só descobrirá assim que ocorrer a inevitável Repactuação Político-jurídica, em um processo de Depuração Democrática que vai demandar um bom senso, sabedoria e conceitos corretos que andam em falta na cada vez mais brutal sociedade brasileira. As regras do jogo, por enquanto, só favorecem o arbítrio e o abuso de poder de todos os envolvidos na guerra que deveria ser rebatizada de “Tolos contra tolos”, com o povo no meio.
Já passou da hora de ser passado a limpo o Brasil do regramento excessivo, com pouco cumprimento consciente das leis, muito abuso de autoridade e interferência estatal ilegítima na vida das pessoas que só querem viver, produzir e empreender, livremente.

Recadão do Advogado
O advogado Marcos David Figueiredo e Oliveira faz uma proposta ousada para a criação de mecanismos para restaurar a ordem constitucional: a Criação de um Tribunal Constitucional Militar, para julgar as autoridades de todos os poderes.  

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Por Jorge Serrão - 
Edição do Alerta Total 

segunda-feira, 13 de abril de 2020

A inércia opera a favor de quem? - Alon Feuerwerker

Análise Política

O presidente da República vive uma situação contraditória. Nunca o apoio a ele foi tão sólido na sua base fiel. Todas as pesquisas mostram entre 25% e 35% do eleitorado acompanhando-o mesmo nas polêmicas em que está sozinho contra o resto da política e a opinião pública. Mas a faca tem dois gumes, e nunca como nesta crise da Covid-19 Jair Bolsonaro esteve tão próximo do isolamento. Na sociedade, nas instituições e mesmo dentro do próprio governo.
As falas e ações de Bolsonaro deixam claro que os movimentos dele com acenos à conciliação são apenas manobras táticas para ganhar tempo e reagrupar forças com o objetivo de retomar a ofensiva. Ele joga com a atitude dos que confiam plenamente na vitória final, ou dependem excessivamente dela para sobreviver. E também por isso não têm maior interesse num acordo de paz. Ou mesmo num armistício mais duradouro, que possibilite a estabilização do front.

Em política, é sempre importante levar em conta a inércia. Responder à pergunta “se não acontecer nada, acontece o quê?”. É a outra forma de perguntar a favor de quem joga o tempo. E a análise desse fator deve ser sempre pontual, pois o vento pode mudar de sentido de uma hora para outra. Então cabe perguntar: se persistir à esquerda e ao dito centro a rejeição a enveredar pelo caminho do confronto final contra o presidente, qual será o desfecho?

Para recuperar a expressão popularizada pelo técnico da Seleção na Copa de 1978 (faz tempo...), Cláudio Coutinho, Bolsonaro mostra jogar de olho no ponto futuro. Na crise provocada pelo SARS-CoV-2, apesar de ajustes táticos aqui e ali, parece confiar que a fortaleza dos adversários, particularmente os governos estaduais, [já começam  a despontar entendimentos diferentes entre os governadores e a tendência natural é que essas divergências se transformem em pontos de atritos ... - manter em um mesmo balaio,  27 governadores é até divertido o desastre que vai dar.
Enquanto pelo menos nessa 'guerra' Bolsonaro é só ele, coeso, pensamento único = o dele.] vai cair diante da inevitabilidade de alguma hora as pessoas precisarem voltar ao trabalho para garantir a subsistência.

Não chega a ser uma aposta tão arriscada. O tema começa a ganhar espaço em todo o mundo mesmo sem o vírus da Covid-19 estar neutralizado. Até porque fica cada vez mais evidente que isso talvez demore. E bastante. Então trata-se de planejar a executar a volta à atividade mais dia menos dia, tomando as providências necessárias, ou possíveis, para reduzir a transmissão do patógeno quando as pessoas voltam de algum modo à vida social.

Um governo convencional teria assumido cedo a liderança do lockdown, e agora estaria liderando o planejamento da operação para sair dele. E saborearia os píncaros da popularidade. E a completa imobilização da oposição. É o que acontece, por exemplo, na Argentina. Onde está a diferença? Talvez ela esteja em Alberto Fernández ter um partido institucional hegemônico e vertebrado, enquanto Bolsonaro não tem nenhum.

Talvez essa diferença leve o presidente brasileiro a acreditar que se decidir enveredar pelo caminho da conciliação com o establishment acabará imobilizado, se não terminar derrubado. Na ausência de um partido institucional para chamar de seu, Bolsonaro precisa manter em movimento o partido bolsonarista extra-institucional, exatamente para bloquear o movimento de adversários políticos, especialmente dos que se apresentam como possíveis aliados.

Entrementes, disputa espaço nas manchetes com a contabilidade de mortes. E fica a pergunta: “Se não acontecer nada, acontece o quê?” 

Alon Feuerwerker, jornalista e analista político - Análise Política


sábado, 11 de janeiro de 2020

A guerra da empulhação - Editorial - IstoÉ

Sejamos pragmáticos: essa é a guerra que o endiabrado Trump sonhava para desviar a atenção sobre o seu processo de impeachment. A guerra da empulhação. E todo mundo caiu nessa. Até o bajulador mandatário dos trópicos, o Messias Bolsonaro, que não entendeu nada das reais intenções do ídolo — ou entendeu e se deixou levar, típico dele! Um conflito armado contra os inimigos terroristas (o marketing nesse sentido pega bem) poderá, torce e imagina Trump, levar ao alinhamento automático dos conterrâneos em torno de sua liderança, às vésperas da eleição. E aí acabam as resistências e a batelada de denúncias, que ganham o rumo do escanteio, do quase esquecimento. É o que o beligerante chefe do mundo livre precisa no momento. Trump tem razões políticas pessoais, mais do que de qualquer outra natureza, para essa provocação desmedida ao regime dos aiatolás. 


E leva o mundo junto. Ingleses enviaram navios para a região do Golfo. Chineses, russos e demais europeus também entraram na praça de combate. Alertas, ameaças, críticas partem de lado a lado e no xadrez da diplomacia as peças vão se movendo estrategicamente. O único peão suicida a pular casas na frente, de improviso, sem qualquer noção do que está em jogo em seu prejuízo, é o governo brasileiro. Bolsonaro no papel de estafeta foi logo emprestando apoio e incentivo às ações fora de tom do presidente americano — criticadas inclusive por seu staff militar e por aliados políticos. Sem nenhuma razão concreta para tanto, o capitão do Planalto voltou a prestar vassalagem incondicional ao líder yankee. E foi repreendido. Inclusive pelos parceiros iranianos, que pediram explicações. Diplomatas tiveram de, em seu nome, contemporizar. Remendar o estrago. E nem poderia ser diferente. Alguns dirão que a opção de Bolsonaro de tomar um lado é correta. Apelam à visão desvirtuada e maniqueísta de uma disputa entre o bem e o mal para sustentar o argumento.
[Bolsonaro e o próprio Trump aprenderam que uma guerra, especialmente se não for de defesa - o Irão não tem a menor condição de atacar território brasileiro ou americano - só começa se quem for participar (os militares) concordarem.] 
 
Ingenuidade pura. Lamentavelmente não é tão binário e cristalino o quadro. Há diversas nuances e questões na mesa. Para o Brasil, por exemplo: o Irã não pode ser encarado como esse vilão implacável que a tudo destrói e nada acrescenta. 
 No ano passado acumulou-se um saldo de US$ 2 bilhões de superávit na balança com o Irã. Lucro líquido na veia. 
Mais de 20% das receitas comerciais de exportação nacional tiveram origem na região do Golfo e é preciso ficar atento a essa variável que pode, de uma hora para outra, virar, a depender dos humores e precipitações irascíveis do capitão e de seu chanceler sem freio, Ernesto Araújo. O Itamaraty já errou feio em liderar uma manifestação contra o Irã recentemente, classificando generais de terroristas. [Presidente Bolsonaro o senhor classificou, corretamente, o Brasil como 'pequeno demais para essa guerra'.
O Ernesto Araújo falou bobagem e fica dificil até explicar sua crise verborrágica, falou muito para dizer o que ficaria melhor não sendo dito - tenta posar de 'falcão' sem medir as consequências.
Um diplomata, especialmente o chefe dos diplomatas, precisa antes de tudo ser diplomata.
Talvez já passe da hora de trocar um pseudo falcão por um diplomata autêntico.]

Renunciou a histórica imparcialidade — também entendida como esperta ambiguidade — prevista na Constituição, para trabalhar abertamente a favor da causa trumpista. A chancelaria orquestrou de maneira direta e apelou, durante encontro em Bogotá na Conferência Hemisférica contra o Terrorismo, para que os países latinos cerrassem fileiras, ombro a ombro, com os EUA em uma eventual ofensiva contra o regime iraniano. O que isso quer dizer não ficou claro. Teriam os brasileiros de pegar também em armas? Vai saber! O certo é que o propalado viés pacífico, de isenção da Nação, foi para as calendas. Até aqui, em mais de um ano de gestões e aproximações com o time de Trump, Bolsonaro não angariou sequer um único intento ou vantagem efetiva em troca dos afagos que fez ao aliado. Liberou da necessidade de vistos os americanos, sem contrapartidas. [medida que ainda está atravessada na garganta de milhões de brasileiros.]

Renunciou a vantagens na OMC numa desastrada manobra, também não ganhando nada de volta. Acatou preços competitivos de produtores de combustíveis dos EUA para vender com facilidades por aqui, em detrimento dos fornecedores locais. Em suma, incorporou uma subserviência despropositada e irresponsável. Seria por mera admiração ou tática ideológica? Em Washington, os seguidores mais fanáticos aplaudiram a audácia do líder Trump, tomaram conta da legenda republicana e abafaram a ira do velho e experiente establishment do partido. Mas as derrapagens do presidente estão a causar estupor em todo o planeta. Anos atrás, antes que Trump alcançasse o poder, França, Grã-Bretanha, Alemanha, China e Rússia, alem dos EUA, em um histórico acordo, amarraram um entendimento nuclear com os persas para frear a corrida armamentista já em franca escalada na região. Trump entrou e mandou tudo às favas. O risco bélico retornou com potencial destruidor, em um nível incomparável desde a Segunda Grande Guerra. Agora é torcer para não acontecer o pior. [não haverá guerra.]

 Carlos José Marques é diretor editorial da Editora Três - IstoÉ


segunda-feira, 9 de dezembro de 2019

A “mãe de todas as reformas" está desaparecida. E o direito ao autoengano nas pesquisas

Poucas vezes o inferno da política esteve tão repleto das boas intenções de quem pretendeu aperfeiçoá-la. O tempo passou e tudo ou quase tudo do que pediram para melhorá-la foi aprovado e aplicado. E o resultado?  
Fidelidade partidária, prazos duros de filiação a partidos e desincompatibilização de cargos;
veto ao financiamento empresarial, verba pública, cota feminina nas vagas e no dinheiro, proibição de candidatura de parente no “cone” abaixo do detentor de mandato executivo;
Lei da Ficha Limpa, regras draconianas para debates. Proibiram até show em comício.

É só uma parte do portfólio. Este espaço seria insuficiente para listar de modo exaustivo a profusão de regulamentos e restrições na esfera político-eleitoral. E a cada escândalo que aparece volta a grita por mais e mais legislação. Está em linha com a cultura bem brasileira de fabricar leis e regras em escala industrial, o método que supostamente nos levaria ao paraíso de uma política limpa, sem as nódoas da inevitável inclinação humana a pecar.

A experimentação, entretanto, novamente desmentiu a teoria. O resultado é ruim. A única coisa que conseguimos foi transformar as eleições em rituais tão engessados quanto vazios, onde nada que interessa tem como ser debatido. E a floresta de regulamentos, como era natural, em vez de produzir um mundo sem pecados funciona como linha de produção de delinquências. A cada dificuldade criada, os comerciantes de facilidades abrem um sorriso.

Tem mais. O sistema é presidencialista, mas o mecanismo está montado para negar a qualquer governo uma maioria própria no Parlamento. É um problema para Jair Bolsonaro, como foi para todos que o precederam após a Constituição de 1988.
E a Carta é um texto enciclopédico que
, olha aí de novo, criado para dar conta de todos os problemas, acabou virando letra morta pela profusão de possibilidades interpretativas.

Talvez a esta altura o leitor atento tenha notado que um assunto desapareceu da pauta política e jornalística desde que Bolsonaro tomou posse em janeiro: a simplificação e o aperfeiçoamento da legislação partidária e eleitoral, a chamada reforma política.  Acontece com ela algo estranho: de vez em quando aparece no noticiário como “a mãe de todas as reformas”, para logo em seguida sumir sem deixar rastro. Ela costuma ser lembrada quando o Congresso coloca barreiras a alguma pauta querida do establishment. Quando os legisladores dançam conforme a música, é rapidamente esquecida.

Mas enfiar a cabeça na terra achando que vai resolver é a ilusão do avestruz. A taxa de mortalidade política dos presidentes eleitos desde 1989 já bate 50%. O que fazer? Talvez uma solução seja aplicar à política a regra simples de diminuir o número e o alcance das regras, simplificar, aumentar o grau de liberdade. Até agora, o que se tentou foi o contrário. Diminuir a taxa de liberdade na esperança de resultados melhores. Deu errado. Hora de experimentar outra coisa.


É compreensível e até comovente o esforço do jornalismo para arrancar lides de oscilações nas pesquisas dentro da margem de erro. Mas não vamos nos enganar: desde abril o quadro político e eleitoral anda essencialmente estabilizado. Nem Jair Bolsonaro “estava caindo e parou de cair” nem o governo “está derretendo”. Basta olhar os números. Todas as pesquisas convergem para um ótimo/bom levemente abaixo de um terço, um regular na mesma faixa e um ruim/péssimo levemente acima.

E em todas as pesquisas a expectativa otimista está um pouco acima do ótimo/bom desde sempre. E em todas elas Bolsonaro mantém fiel o eleitor do primeiro turno e ainda retém a confiança do eleitor do segundo turno.  Mas o autoengano é livre, ainda que não seja grátis. Costuma sair caro aliás. [hoje um comentarista, expert em política, produziu um comentário no qual apresenta o presidente Bolsonaro como em queda em relação aos presidentes eleitos desde a reeleição;
segundo o especialista, o presidente tem um pouco acima de 30% de ótimo/bom, quando os presidentes que o antecederam, incluindo FHC, tinham com pouco menos de um ano de governo um pouco abaixo de 40%.
Resumindo: uma provável diferença em torno de 5% passou a ser mais importante que o próprio acima de 30%]

Análise Política - Alon Feuerwerker, jornalista


sábado, 2 de novembro de 2019

Crime organizado e estratégia - O Estado de S. Paulo

Henrique Geaquinto Herkenhoff

Há muito tempo as organizações criminosas brasileiras adotam claramente táticas de guerrilha

À primeira vista, quanto mais criminosos presos ou, de preferência, mortos – pela polícia, melhor, mas é exatamente o oposto: tanto criminosos quanto insurgentes têm amigos e parentes; a cada adversário morto, surgem muitos outros (The Operators, de Michael Hastings, ou sua versão cinematográfica, War Machine).[que devem ser presos ou, inevitável, abatidos e assim sucessivamente.]

Insurgentes se encontram imersos em uma população com diferentes posicionamentos: colaboradora, simpatizante, neutra ou tendente a apoiar as forças legalistas, o establishment. Tanto as forças legalistas quanto as insurgentes devem se esforçar por angariar o máximo de apoio e, principalmente não empurrá-la para os braços dos adversários. Essas pessoas tendem a aceitar como natural a morte de insurgentes em um combate limpo, especialmente se foi deles a iniciativa, mas reprovam as que parecerem injustificadas e, principalmente, as de inocentes. [a reprovação a morte de inocentes é algo que se compreende, só que a população precisa ser informada, esclarecida que às autoridades policiais não interessa a morte de inocentes e que muitas vezes os inocentes, vítimas das balas perdidas, foram alvos de bandidos com a intenção de produzir revolta na população, clamor público, contra as operações policiais, a própria polícia e a legalidade, que tanto prejudicam o tráfico e todas as modalidades de crimes.]

Operações desastradas, com muitas vítimas civis, têm efeito oposto ao desejado. A proporção em que a população apoia à insurreição é um contrabalanço entre e os custos e riscos dessa adesão e a raiva que sente pela violência mal calculada. Por isso, as forças regulares devem empregar principalmente operações “stick”, bastante pontuais, apoiadas por inteligência prévia, com o mínimo possível de danos colaterais, combinadas com “operações cenoura”, oferecendo assistência médica, alimentação e infraestrutura para a população.

Estudos com simulações matemáticas deixam claro que a oferta de serviços sociais, ainda que escassa, pode ser de muita valia no apoio a ações “cirúrgicas” contra os insurgentes, mas não é capaz, por mais generosa que seja, de compensar atuações brutais.

Portanto, embora aparentemente isso contrarie o bom senso, a melhor maneira de combater facções criminosas não é matar ou prender aleatoriamente o maior número possível de seus integrantes, mas anular um pequeno porém matematicamente escolhido grupo cujas ligações (não necessariamente sua importância na hierarquia) sejam essenciais ao funcionamento da organização, pois elas se estruturam exatamente como estudado pela Ciência de Redes. Você pode desarticular uma facção suprimindo apenas 2% dela desde que criteriosamente escolhidos, ao passo que abatê-los a esmo só a fará crescer e se fortalecer.[lembrando sempre que toda regra tem exceção. O impacto de quase 20 bandidos mortos - Manaus, recentemente - abala, ainda que por pouco tempo, a moral dos criminosos. ]

Há doutrina militar já bastante consolidada para a contrainsurgência, contraterrorismo e antiguerrrilha; elas podem e devem ser adaptadas para o enfrentamento das facções criminosas. A insistência nas ações diretas pode agradar a uma parcela da população, que se regozija em acompanhar execuções pela imprensa, mas foram elas as responsáveis por criar esse clima de guerra civil em grande parte do território brasileiro.

Fausto Macedo/O Estado de S. Paulo - Henrique Geaquinto Herkenhoff, professor, ex-Secretário de Segurança do Espírito Santo, Desembargador Federal - TRF/3,  Procurador Regional da República
 
 

segunda-feira, 7 de outubro de 2019

Por que a Lava-Jato era unanimidade e não é mais. E o foco de instabilidade na conjuntura estável. E um pouco de humor - Alon Feuerwerker

O sucesso da Operação Lava-Jato vinha sendo produto, antes de mais nada, da correlação de forças políticas extremamente favorável. Platitudes como “o povo não aceita mais a corrupção sistêmica”, ou “o eleitor quer virar a página da velha política” servem para brilhareco retórico, mas escondem o essencial. Sergio Moro et al só chegaram onde chegaram por reunir apoio político amplíssimo, inclusive entre potenciais acusados de corrupção e próceres da política tradicional. Inclusive no poder muito bem constituído.

A Lava-Jato na sua primeira etapa
(2014-2018) era útil para amplos segmentos do poder, real ou na expectativa de. Servia para quem desejava apear o PT. Mas também para quem, no PT, gostaria de trocar a hegemonia. Servia ao PSDB, mas também para quem ali sonhava com destronar os tucanos ditos de alta plumagem. E servia muito a quem imaginava reforçar seu próprio cacife político ou comercial investindo na luta contra a corrupção. Era muita gente. E foi faca na manteiga.

E veio a ruptura de outubro de 2018. Só que não do jeito desejado pelo establishment que surfara na luta contra a corrupção, contra a política estabelecida e contra o governo do PT, nem sempre nesta ordem. A coalizão do impeachment tinha a hegemonia parlamentar da aliança PMDB-PSDB, coadjuvada pelo dito centrão e lastreada socialmente na elite do Sul-Sudeste. Mas em janeiro de 2019 quem subiu a rampa foi a aliança do bolsonarismo com Olavo de Carvalho e um amplo espectro de militares.

Essa assimetria é o principal foco de instabilidade numa conjuntura bastante estável. Note o leitor como as graves crises anunciadas passam sempre sem deixar rastro. A mais permanente, com episódios recorrentes, é a da “falta de articulação política”. Como se algum governo, qualquer um, conseguisse passar praticamente todo o seu programa econômico no Legislativo sem ter articulação política funcional. No popular, é o #mimimi da turma que ganhou, mas não levou.

Vêm daí também as teses de Jair Bolsonaro precisar “descer do palanque”, “livrar-se dos filhos”, “governar para todos”, “respeitar a autonomia das carreiras de Estado”. Como se o governante cioso de seu próprio pescoço em algum momento devesse deixar de falar aos eleitores dele, trocar os mais fiéis pelos menos fiéis, parar de enfraquecer os adversários, visíveis ou ainda escondidos, e deixar as corporações fazer o que dá na telha em defesa do poder, dos privilégios e dos interesses umbilicais delas.

De volta à Lava-Jato, o principal problema dela é não mais servir ao poder. Talvez a algumas expectativas frustradas de poder, mas não está sendo suficiente. O Poder (com maiúscula) nas três pontas da Praça dos Três Poderes precisa conter a Lava-Jato para conseguir governabilidade. E o pessoal que precisa dessa governabilidade para passar as mexidas legais do programa econômico liberal vitorioso nas urnas enxerga, cada vez mais, a operação como um estorvo. Agora, a ampla coalizão não é mais a favor, é contra.

*

O principal argumento dos defensores por aqui do impeachment (que lá ainda não é saída) de Donald Trump é que ele se associou a um governo estrangeiro para, a pretexto da necessidade de combater a corrupção, criar dificuldades políticas ao principal adversário dele na disputa pela Casa Branca em 2020.

Pedir coerência na política é amadorismo. Mas pelo menos rir ainda não está proibido. Só rindo mesmo. 


Análise Política -  Alon Feuerwerker, jornalista e analista político


terça-feira, 27 de agosto de 2019

Escolher prioridades - Merval Pereira

O Globo

Escolher prioridades

Como disse o presidente dos Estados Unidos John Kennedy, "governar é escolher prioridades". Quem acompanhar o presidente Bolsonaro através de suas redes sociais perceberá imediatamente dois tipos de prioridades de seus seguidores: há os que apoiam seu governo especialmente pelo combate à corrupção, e os que são contra tudo o que está aí, agora focados nas queimadas da Amazônia, com críticas a Macron e outros líderes europeus. Como antes priorizavam o porte de armas. Ou cadeirinhas de bebê. Ou o fim dos radares nas estradas.

[os líderes do G 7 preferiram ignorar as colocações do presidente Bolsonaro sobre a idade relativamente avançada da esposa de Macron.
Macron ofendeu Bolsonaro ao chamá-lo de mentiroso e não provar com fatos a mentira.
O saldo da confusão é que Macron foi derrotado em seu próprio país, enquanto Bolsonaro do Brasil mesmo conseguiu apoio do Trump, de Boris Johnson e da própria Angela Merkel.
Macron vai ficar sozinho e terá que enfrenta o maior dos pesadelos: a volta dos 'coletes amarelos.]

Os a favor da Lava-Jato estão preocupados com a relação conflituosa entre o presidente Bolsonaro e o ministro da Justiça, Sérgio Moro. São vários os recados que recebe advertindo que Moro tem que ser apoiado, e que a Lava Jato precisa continuar. Ontem, uma pesquisa do CNT/MDA mostrou não apenas que a Lava-Jato continua tendo o apoio da maioria da população, como 52% não querem que Moro saia do governo. O pacote anti-crime de Moro, que está sendo desidratado no Congresso, tem mais de 70% de apoio na população. Ao contrário, a popularidade de Bolsonaro despencou, havendo quase 40% que consideram seu governo ruim ou péssimo. Também o comportamento pessoal do presidente Bolsonaro é desaprovado por 53%.

Bolsonaro não se cansa de dizer que venceu a eleição presidencial para mudar tudo, e que está à frente de uma nova era. Muitas vezes em tom acafajestado, os bolsonaristas festejam tudo que pareça ser contra o establishment, comungando com seu líder a idéia de que é preciso destruir, mais que construir.  Esse estilo acafajestado está presente nos twits da família Bolsonaro, e agrada a certos seguidores, que se utilizam do mesmo linguajar. Foi um desses bolsominions que publicou um comentário de mau gosto que circulou pela internet: a razão do “ciúme”, ou da “inveja” de Macron seria a beleza de Michele Bolsonaro, comparada com a de Brigitte Macron.
Uma cafajestada compartilhada, entre gargalhadas digitais (kkkk), pelo presidente da República, que ainda inseriu um comentário: “Não humilha”. Agindo como Bolsonaro, e não como presidente da República do Brasil, cometeu mais um erro, depois de ter tido uma vitória no G7, quando a maioria dos países ficou contra boicotar o acordo União Européia/Mercosul como queria o presidente da França. Mas com o comentário absurdo sobre a mulher de Macron, Bolsonaro não conseguiu capitalizar para si a moderação dos líderes europeus. Um vídeo da reunião do G7 em Biarritz, na França, revelou a chanceler da Alemanha Angela Merkel comentando com seus pares que telefonaria a Bolsonaro para mostrar que não havia uma campanha contra ele.

[Angela Merkel não aceitou a chantagem de Macron - que pretendia usar as queimadas para melhorar sua imagem dentro do seu próprio país -  que também não teve o apoio de Boris Johnson - quando a aceitar a 'doação' só é válido se for sem condicionantes.]

No que foi seguida pelo primeiro-ministro da Inglaterra, Boris Johnson, que comentou: “Isso é importante”. O próprio Macron concordou com a iniciativa, embora sugerisse que o recado fosse transmitido ao chefe de gabinete de Bolsonaro. O presidente tem razão ao dizer que Emmanuel Macron está protegendo os agricultores de seu país, arranjando pretexto para não fechar o acordo com o Mercosul, mas defender os interesses brasileiros não é ofender o presidente de outro país. Bolsonaro precisa aprender a tratar assuntos de Estado de forma não pessoal, pois o Estado brasileiro tem interesses que independem da opinião do presidente. A opinião de que Macron é um “idiota oportunista”, postada pelo ministro da Educação Abraham Weintraub, parece mais uma vergonhosa sabujice do que a opinião de uma autoridade.

A bravata do ministro do Meio-Ambiente, também. Ricardo Salles, disse que o dinheiro que a União Européia e outros países mandarem para ajudar no combate às queimadas da Amazônia será controlado e orientado pelo governo brasileiro, sem aceitar exigências ou condicionantes. Incapaz de conseguir um acordo de boa convivência com países europeus, o governo brasileiro anuncia que vai negociar com os Estados Unidos uma nova política ambiental. Parecemos agora aquele garoto que chama o irmão mais velho para bater nos que fazem bulling com ele. 


Merval Pereira, jornalista - O Globo


terça-feira, 28 de maio de 2019

O bolsonarismo existe

A existência do bolsonarismo projeta o antibolsonarismo e até o seu líder: Rodrigo Maia

O principal resultado das manifestações de domingo foi confirmar que a eleição de Jair Bolsonaro à Presidência não foi só um episódio e que o bolsonarismo vingou. Ocupou um vácuo político na campanha e se consolida com a rejeição ao que o próprio presidente chama de “velha política” e os seus filhos e os olavistas desdenham como “establishment”, mas tem um nome: instituições, à frente os Poderes da República.
O bolsonarismo fecha os olhos, os ouvidos e a razão ao despreparo e aos erros crassos de Jair Bolsonaro em nome de “algo maior”: uma ideologia, o conservadorismo de costumes, as reformas liberais (que, aliás, vários outros candidatos defendiam) e o combate ao crime (que eles também pregavam), mas a liga mais poderosa é a rejeição contra o Congresso, o Supremo, a mídia. Ou seja, o “sistema”. [é de se esperar, por ser o correto que um governo democraticamente eleito, ao assumir cumpra o que prometeu durante a campanha - pelo menos o que for possível e isto o governo Bolsonaro está tentando fazer, com algum atraso, visto interferências do seu próprio núcleo.
Mas, as intromissões começam a cessar e nós - os eleitores de Bolsonaro - esperamos que ele comece a cumprir o que prometeu, se articulando com o Congresso e tendo como 'norte' o entendimento que cada Poder da República cumpra suas atribuições constitucionais, sem excesso e/ou interferência na seara dos demais poderes e também sem omissão.]
A economia derrete, mas o presidente dá prioridade a armas e transforma suas crenças pessoais em política de Estado, contra a defesa do meio ambiente, as universidades, as pesquisas, a área de Humanas. E ele rechaça os políticos, mas dá um excesso de poder nunca visto aos próprios filhos – aliás, políticos, um deles enrolado com um esquema no Rio que pode ser tudo, menos uma saudável “nova política”. Bolsonaro já derrubou ações da Petrobrás, criou sobressaltos na CEF, assustou a comunidade internacional, gerou temores na China e no mundo árabe e se mete despudoradamente nas eleições da Argentina.
O bolsonarismo, porém, não está nem aí para isso. Prefere acreditar, e alardear pelas redes sociais, que é tudo fake news, perseguição de uma imprensa esquerdista e mal-intencionada. O que importa para o bolsonarismo não é Bolsonaro, é o que ele representa. Bolsonaro é fraco, mas a simbologia (ou o marketing) dele é forte. [entendemos que não há perseguição ao governo Bolsonaro por parte da imprensa, havendo apenas uma tendencia de parte da mídia  de maximizar os erros do governo, omitir ou diminuir  os acertos.
 
Quanto as universidades, existem abusos em algumas, que vão desde a promoção, utilizando recursos públicos,  de seminários sobre temas insignificantes, até mesmo bizarros - até seminário sobre filosofia do sexo anal foi realizado em universidade pública cursos desnecessários, servidores da USP ganhando acima do teto, sendo recordista um professor com salário de mais de R$60mil e outros aspectos que estão detalhados aqui e/ou aqui.
 
O tão falado corte nos recursos das universidades é na realidade o contingenciamento, prática feita por todos os governos, há mais de 50 anos.
 
Quem sofre mesmo, estando totalmente abandonado, desamparado é o ensino fundamental e até mesmo o básico.]

Quem foi às ruas no domingo, em mais de 150 municípios, de todas as unidades da Federação, comprou a ideia de que ele é como um Dom Quixote contra os males e os maus do Brasil. Mas eles precisam tomar cuidado. A existência do bolsonarismo automaticamente projeta o antibolsonarismo. Manifestações a favor (aliás, inéditas em início de governos) chamam manifestações contra. Isso significa uma polarização perigosa: o “nós contra eles” da era do PT, com o sinal contrário.
As multidões de domingo foram uma demonstração de força e produziram fotos poderosas, mas elas já lançam até os potenciais líderes de hoje e do futuro. Quem desponta entre os bolsonaristas é Sérgio Moro, mas ele é muito além disso: rechaçado por petistas, é endeusado por diferentes frentes e setores da sociedade. E quem surge no horizonte para comandar o antibolsonarismo? O presidente da Câmara, Rodrigo Maia. Quanto mais o bolsonarismo eleger Maia como inimigo número um, mais ele ganha força no antibolsonarismo, difuso e ainda confuso, mas real.
Maia e o DEM, porém, devem se descolar o quanto antes do Centrão, que Jair Bolsonaro chama de “palavrão” e transformou, habilmente, na síntese de tudo o que há de ruim, de podre, de execrável na política. Apesar de ter sido filiado a siglas que são, ou bem poderiam ser, desse bloco, como PP, PTB, PRB e o próprio PFL, que deu origem ao DEM de Rodrigo Maia. Outra ironia nessa história é que Centrão e bolsonarismo estão unidos em torno de pelo menos uma bandeira: a reforma da Previdência. Nunca se viu manifestação a favor da reforma, só contra. Pois, agora, os bolsonaristas nas ruas e o Centrão no Congresso é que vão aprovar a reforma e garantir não apenas a aposentadoria das novas gerações, mas também as chances de recuperação econômica do País. Tudo o que Bolsonaro precisa fazer é não atrapalhar. Ou parar de atrapalhar. 
 
 
 

sexta-feira, 17 de maio de 2019

Não ao Golpe tucanalha do Parlamentarismo!

Toda vez que se fabrica uma crise política no Brasil, aventando-se o risco de armação para derrubar um Presidente, a tucanalhice meliante articula a conversa fiada do “Parlamentarismo”. É para lamentar que o decadente senador José Serra (PSDB-SP) esteja articulando, nos bastidores, uma Proposta de Emenda Constitucional para instituir o regime que a população brasileira já rejeitou em um plebiscito. O núcleo militar considera a intenção “um golpe inaceitável”.

O Relatório Reservado, tradicional jornal eletrônico editado pela Insight, revelou que “José Serra garante ter o apoio de 42 senadores à apresentação de uma PEC instituindo o parlamentarismo no Brasil – um velho projeto do tucano”. O RR pondera que, “se as contas de Serra estiverem certas, são cinco assinaturas a mais do que o mínimo necessário para dar partida na tramitação da proposta”. A História se repete como golpe em Bruzundanga...

 

Agora fica fácil entender por que o ex-Presidente Fernando Henrique Cardoso – considerado o maior conspirador da República e o mais letrado dos petistas – especula sobre um eventual impeachment de Jair Messias Bolsonaro. Em reunião com sindicalistas, terça-feira passada, FHC teria comentado sobre o possível impedimento, destilando a habitual falsidade de um petista emérito: “Eu, a princípio, não sou favorável. O custo é alto. Mas, às vezes, é inevitável”.

Inevitável é a instabilidade política em um País que vive em meio a uma guerra sem fim de todos contra todos os poderes. Tudo piora e se agrava com a combinação de uma crise artificialmente plantada no seio do Governo Federal. Inevitáveis são as crises geradas pelo esgotamento da Constituição vilã de 1988, que até agora já foi emendada 105 vezes e, com certeza, receberá muitos outros remendos. As conflitantes interpretações permitidas pela Lei Maior são as causas originárias do caos institucional brasileiro. Precisamos de uma nova Constituição, urgentemente...

 

Sem ainda ter completado o primeiro dos oito semestres previstos de governo, o próprio Presidente Jair Bolsonaro, na visita aos Estados Unidos, cometeu o sincericídio de admitir o risco de sofrer pedido de impedimento, caso seja forçado a descumprir a Lei de Responsabilidade Fiscal. Bolsonaro fica sob ameaça se o Congresso não conceder crédito adicional ao orçamento estourado ou se os parlamentares não modificarem o limite para endividamento no pagamento de despesas inevitáveis de custeio.  [Bolsonaro exagera; 

afinal, ele não pode reclamar se descumprir uma lei e ser alvo de pedido de impeachment - quem descumpre uma lei, ainda que seja o presidente da República, ou de qualquer um dos outros dois poderes, ou o chefe do Ministério Público, TEM QUE SER PUNIDO.

No caso do nosso presidente é simples, cumprir a LEI e deixar claro de quem é a responsabilidade pelo desastre de não estar efetuando pagamentos inevitáveis e, em consequência, descumprindo outras leis.]

O Governo não entrou em pânico, porém perdeu a tranqüilidade diante da agressividade dos inimigos institucionais e da absoluta falta de vergonha da extrema mídia. Aliás, seria muito bom que o General Santos Cruza quem está subordinada a área de publicidade do governo – respondesse a uma provocativa indagação do José Márcio Castro Alves, via Twitter: “Se o Presidente Bolsonaro ainda não cortou a ZERO a publicidade do governo para as mídias comunistas, é um caso de internação, de manicômio”. O porta voz, General Rego Barros, bem que poderia informar...

Acertar a Comunicação Institucional de Bolsonaro é a prioridade estratégica urgentíssima. O Executivo precisa de uma Comunicação oficial, direta, objetiva e bem explicada tecnicamente. Tudo que for divulgado precisa sempre, antes, passar por uma avaliação crítica de risco, impacto, oportunidade e consequências (boas ou ruins). [regra que precisa ser seguida pelo presidente da República, haja vista que falar de improviso, responder 'pegadinha' de alguns repórteres a serviço da turma do 'quanto pior, melhor', é ruim quando qualquer membro do governo assim procede e, catastrófico, quando quem fala é o presidente da República - este não pode ser um boquirroto. 

Por óbvio, vale também para os filhos do presidente, que devem usar a palavra no Plenário das casas legislativas que integram. O 'aiatolá de Virginia' deve simplesmente ser desprezado  e FHC receber a sugestão, e cumprir, dada pelo rei da Espanha ao Hugo Chávez.]

Impõe-se que só porta-voz pode e deve falar.]

O Alerta Total recomenda o mantra sugerido pelo ativista digital David Svaiter, no grupo de debates “Brainstorm de Direita”: “O que falta no Governo é de fato capitanear a grande massa de indignados, tornando-a apoiadores atuantes e efetivos. E isso se faz com Economia, Segurança, Saúde e Comunicação”. Fica mais um conselho para o Presidente Jair Bolsonaro adotar, antes que seja tarde demais.

Também vale toda mobilização para as manifestações de rua dos dias 26 de maio 13 de junho, em favor da Agenda Conservadora e da pauta Pró-ativa do Governo Bolsonaro. A esquerda corrupta, que perdeu a eleição presidencial, não pode ter sucesso em sua armação golpista. Bolsonaro tem o direito legítimo de cumprir seu governo de transição – cuja missão máxima é neutralizar – e se possível vencer - o Establishment do Crime Institucionalizado em todos os poderes.

 

Edição do Alerta Total – www.alertatotal.net
Por Jorge Serrão - serrao@alertatotal.net


 

 

quinta-feira, 16 de maio de 2019

Janaina Paschoal pede que Bolsonaro pare de ouvir filhos e Olavo - RODRIGO CONSTANTINO


Em nota publicada nas redes sociais, a deputada Janaina Paschoal atacou FHC e aqueles que já falam em impeachment de Bolsonaro após menos de 5 meses de governo, e também aproveitou para pedir união aos que votaram no presidente, apelando para que ele pare de ouvir Olavo e seus filhos, que costumam gerar mais cizânia do que união
 
Eis o texto na íntegra:
"Muito curioso, quando eu pedi o impeachment de Dilma Roussef, com base em crimes graves, fartamente demonstrados, FHC saiu em defesa da ex-Presidente, diminuiu minha denúncia, mesmo confessando não ter lido… depois, serviu como testemunha de defesa de Lula em vários processos. Agora, no nascedouro do governo Bolsonaro, ele diz aos sindicalistas, que o impeachment pode ser inevitável. E ainda tem quem diga que FHC era o líder da oposição ao PT!? FHC é o mais letrado dos petistas!
Acreditem, as manifestações de ontem não têm nada a ver com cortes na educação, nem com reforma da previdência. Os infiltrados usariam qualquer desculpa para criar o factoide da insatisfação, com o fim de derrubar Bolsonaro. Peço, encarecidamente, àqueles que ajudaram a elegê-lo que parem de brigar entre si. É isso que eles querem. É assim que se fortalecem. Parem de brigar internamente! A briga com os verdadeiros opositores (que estão unidos) está só começando!
Afastem as teorias da conspiração da mente… Não houve um único grupo (ou pessoa) responsável pela vitória de Bolsonaro. Houve um povo cansado que se uniu e abraçou nossa única alternativa naquele momento. Caiam na real!  
Peço a Bolsonaro que pare de ouvir Olavo. Ele tem uma obra incrível, mas a obra não se confunde com o autor. Peço a Bolsonaro que pare de ouvir os próprios filhos. Siga amando seus filhos, mas os afaste, por favor.
Muitos querem derrubar Bolsonaro, mas não somos nós! Nós enfrentamos todos os riscos para dar uma chance ao país. Bolsonaro, reflita! Eu nunca menti para o Sr! O Sr sabe!"
Enquanto isso, o próprio Carlos Bolsonaro tuitou falando em possível queda do pai:
A questão que surge é: a postura de Carlos e sua militância virtual ajuda ou atrapalha o governo de seu pai? Eis o ponto. Muitos vêm alertando que esse clima de guerra propagado pelo próprio bolsonarismo vai dificultar o governo de Bolsonaro, e aumentar o grupo dos que falam em impeachment.
Os bolsonaristas, com alguma razão, dirão que é um golpe do establishment contra as mudanças propostas pelo presidente com o apoio do “povo”. Mas os críticos honestos poderão argumentar que era previsível ou mesmo inevitável esse resultado se a estratégia escolhida fosse o confronto direto com o Congresso.
Contar apenas com a “pressão popular” (na verdade, militância virtual) para vencer a própria democracia, com todas as suas imperfeições e com esse centrão fisiológico, mas eleito, era um sonho ingênuo e perigoso, pois populista e autoritário. Renan Santos, do MBL, gravou um vídeo com boa análise sobre essa guerra de Bolsonaro, apontando para o eventual fracasso dessa tática dos “templários”:
 
A GUERRA DE BOLSONARO | Por Renan Santos
Diante das derrotas do governo na Câmara, William Waack gravou um comentário sobre esse embate, sem analisar o mérito, mas concluindo que dificilmente Bolsonaro sairá vencedor dessa batalha:
O que fará Bolsonaro com a Câmara dos Deputados? William Waack comenta

Legislativo impõe nova e significativa derrota política ao Executivo, que se mostra desorganizado e desarticulado na Camara dos Deputados. De que maneira Jair Bolsonaro irá lidar com os deputados para tentar levar adiante o que considera importante?

O resumo da ópera (bufa) é que os bolsonaristas, ainda que com boas intenções, acharam ser possível dobrar o Congresso “podre” com a pressão “popular” (militância virtual), desprezando não só o fato de que deputados e senadores da “velha política” foram eleitos de forma legítima e representam parcela do povo, como a força do Parlamento. Queriam uma espécie de déspota esclarecido, mas isso não vai vingar – nem deveria. As mudanças em nosso país serão graduais, reformistas, não por meio de uma revolução “redentora”.
Em suma, a campanha jacobina do próprio bolsonarismo foi criando resistências não só no centrão fisiológico e no establishment, como nos círculos liberais e conservadores, já que muitos ficaram assustados com o grau de autoritarismo e intolerância dos bolsonaristas, em especial dos próprios filhos do presidente e de seu guru. Quem tem alimentado a narrativa de impeachament, portanto, é justamente a turma que acha que está salvando o presidente e o Brasil. Quem planta vento colhe tempestade, e quem alimenta corvos terá os olhos arrancados. Não foi por falta de aviso…