Valor Econômico
Para o senador Ciro Nogueira, Bolsonaro vai tomar o eleitor de Lula [lula e o perda total = pt, acabaram.]
O eleitor nordestino ganhou fama de clientelista, [lamentavelmente, não é fama e sim fato.] de quem troca voto por
benefícios sociais, como o Bolsa Família. Na verdade, entretanto,
políticos experientes sabem que o eleitor nordestino é cabra astuto, que
cobra explicação de quem de repente muda de lado. Pois o senador Ciro Nogueira (PP-PI), que foi aliado do ex-presidente
Luiz Inácio Lula da Silva e do PT no Piauí por quase 20 anos, teve de se
justificar depois de ciceronear Jair Bolsonaro no périplo nordestino na
quinta-feira.
Um dia depois das agendas com Bolsonaro no Piauí e na Bahia, Ciro
publicou em sua conta no Twitter: “Há um velho provérbio chinês de muita
sabedoria: o sábio pode mudar de opinião. O ignorante, nunca”.
Na postagem mais lúdica, o senador apelou para o cearense Belchior:
“Você não sente nem vê, mas eu não posso deixar de dizer, meu amigo, que
uma nova mudança em breve vai acontecer. O que há algum tempo era jovem
e novo, hoje é antigo. E precisamos todos rejuvenescer”.
Com Bolsonaro, Ciro “rejuvenesceu” politicamente mais uma vez, porque
antes de se tornar aliado de Lula, integrou os quadros do ex-PFL, hoje
DEM, na era Fernando Henrique Cardoso. O senador, que é presidente nacional do PP, afirmou à coluna não ter
dúvidas de que Bolsonaro conquistará o eleitorado de Lula no Nordeste.
Quando esgotar o auxílio emergencial de R$ 600 na pandemia, que
catapultou a popularidade de Bolsonaro na região, Ciro acredita que o
futuro Renda Brasil impedirá a debandada deste novo eleitor, porque será
maior que o Bolsa Família, embora inferior aos atuais R$ 600.
O líder do PSD, senador Otto Alencar, que faz política na Bahia há 40
anos, e integra a base de apoio ao PT no Estado, discorda do colega de
parlamento. Os votos da região, que representa quase 27% do eleitorado, decidem
eleições. Os nordestinos deram votação recorde ao PT no segundo turno em
2018: 20,2 milhões do total de 47,4 milhões dos votos de Fernando
Haddad. [curioso: tão importante o Nordeste em termos de apoiar o perda total = pt, e Bolsonaro ganhou as eleições 2018. Imagine, se não fosse importante.] No Piauí de Ciro Nogueira, Haddad obteve 77% dos votos válidos. “Só porque ele montou a cavalo, colocou um chapéu de vaqueiro, e
distribui um auxílio que vai acabar ele vai ser o rei do Nordeste?”,
questionou Alencar à coluna.
O líder do PSD ainda tripudiou, observando que Bolsonaro colocou o
chapéu de vaqueiro, que ganhou do presidente da Embratur, Gilson Machado
Neto, ao contrário. O deputado João Roma (Republicanos-BA), que integrou a comitiva de
Bolsonaro na visita a Campo Alegre de Lourdes, na divisa da Bahia com o
Piauí, minimizou: “ali no meio da confusão não deu para o presidente
vestir o chapéu com tranquilidade”.
Alencar observa que Bolsonaro foi a Campo Alegre de Lourdes inaugurar
uma nova etapa de um sistema de abastecimento de água, que o governador
Rui Costa, do PT, havia inaugurado há dois anos. Acrescenta que as
outras obras que Bolsonaro inaugurou na região - um trecho da
Transposição do Rio São Francisco, no Ceará, e o aeroporto de Vitória da
Conquista, na Bahia - foram iniciadas nos governos do PT. [fica claro que esse Alencar, conseguiu algumas linhas em uma coluna de um jornal importante = feito que nunca conseguido antes de aderir ao vício dos inimigos do Brasil: falar mal do presidente.]
Otto Alencar duvida que Bolsonaro expanda sua força eleitoral na região
sem o apoio dos governadores, que ataca dia e noite. Mesmo na pandemia,
com o fechamento do comércio e das fábricas, a popularidade dos
governadores continua alta. Pesquisas internas do PT mostram o governador Rui Costa com até 80% de
aprovação popular em algumas regiões. Contudo, as mesmas sondagens
indicam o aumento da popularidade de Bolsonaro no interior,
principalmente após o início do pagamento do auxílio.
Os R$ 600, sobretudo em cidades do sertão nordestino, representam uma
pequena fortuna nas casas de quem ficava dias sem comer. E embora esta
quantia tenha sido definida pelo Congresso, é Bolsonaro quem leva a fama
de benfeitor. [o presidente Bolsonaro teve a ideia de criar o auxílio, em valor menor, só que o ex-primeiro ministro Maia, quis pegar carona na ideia presidencial e ao mesmo tempo boicotar o governo federal - elevando gastos em plena pandemia - propôs um valor inferior a 500 reais, tendo o Poder Executivo batido o martelo em R$ 600,00.
A única coisa errada com o auxílio emergencial - resultado de rolos da CEF e do Cidadania - são os atrasos, que, no Nordeste foram pequenos, visto a grande predominância de beneficiários do Bolsa Família.]Reportagem do Valor mostrou que a proporção de pessoas vivendo abaixo da
linha de extrema pobreza nunca foi tão baixa em pelo menos 40 anos,
desde o começo do pagamento do auxílio em junho, segundo levantamento do
Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da Fundação Getulio Vargas.
Otto Alencar rechaça a imagem de clientelismo do eleitor nordestino.
“Isso [o auxílio] é pouco diante do que Lula fez na Bahia, como cinco
universidades federais, 30 escolas técnicas, dezenas de obras de
abastecimento de água no interior, mais de 560 mil ligações elétricas
domiciliares no interior”, enumerou. “Essa renda mínima de cinco, seis
meses vai apagar isso tudo?” O deputado João Roma associa o crescimento da popularidade de Bolsonaro
na região ao pagamento do auxílio. Mas ponderou que isso virou um
“dilema”, porque o governo não poderá arcar com essa quantia por muito
tempo. É incerto o destino deste eleitor após o fim do auxílio.
Andrea Jubé, jornalista - Valor Econômico
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