Análise Política
RebanhoMais um dado aparece para juntar-se ao debate sobre a "imunização de rebanho" na Covid-19, aquele tanto da população que precisa estar imunizado, por contágio ou vacina, para as curvas de casos e, portanto, de mortes começarem a cair. Na cidade de São Paulo, a porcentagem dos portadores de anticorpo contra o SARS-CoV-2 anda estável (leia), assim como o número de novos óbitos registrados diariamente.
Bem,
se a velocidade de evolução da curva diminuiu, é provável que cada
infectado esteja infectando em média apenas mais um indivíduo. Mas um
detalhe chama a atenção: as projeções iniciais calculavam que pelos
menos 50% da população precisariam estar imunizados para chegarmos a
esta situação. E chegamos nela, segundo o estudo paulistano, com o
número em torno de 18%. [sem pretensões científicas - vamos de chutômetro = recurso que os especialistas em nada, os contadores de cadáveres e os arautos de desgraças, usam e abusam - no inicio da pandemia ocorreu subnotificação, só que os não contados, eram doentes que foram contagiados e contagiavam, o que gerou um percentual acima do resultado do estudo.]
Caberá aos cientistas
decifrar o enigma. Haverá gente imune ao novo coronavírus mesmo sem
portar anticorpos?
Ou gente que já teve anticorpos detectáveis e não tem
mais? Especulações à parte, é um alívio notar que taxas de imunidade
mais baixas que as inicialmente previstas conseguiram, pelo menos,
segurar a escalada da curva de casos e mortes entre nós. Não é tudo, mas
já é alguma coisa.
Sputnik 5
E chegou a primeira vacina contra o SARS-CoV-2, a russa Sputnik 5.
Com ela veio o ceticismo, real ou forçado, por ela ter pulado etapas.
Mas as dúvidas têm prazo de validade. A vacina começa a ser aplicada em
massa a partir de janeiro, e aí se saberá quanto ela vale.
Não só em termos monetários, em capacidade de imunização.
A onda de ceticismo explica-se também por a corrida da vacina ter se tornado uma bateria da disputa entre o Ocidente (conceito geopolítico), liderado pelos Estados Unidos, e a aliança de fato entre China e Rússia. Mas neste caso específico da vacina o cavalo ocidental favorito é britânico, de Oxford.
[Da pandemia surge uma indicação que não está recebendo a devida atenção.
Os regimes fortes, aqueles em que a tomada de decisões é centralizada, não há transparência excessiva, e palpites e intervenções indevidas são neutralizadas, estão tendo maior êxito, no combate à pandemia e na prevenção.]
Sua excelência, o cidadão comum, não está obviamente nem aí para a política, ou para a politicagem: quer uma vacina que funcione. A seguir todas as etapas religiosamente, só teríamos vacina daqui a anos. E esperar alguns anos não é o cenário mais confortável. Bem longe disso.
Então é razoável supor que todas as vacinas acabarão tomando algum atalho. De que adiantará, inclusive comercialmente, alguém aparecer com "a melhor vacina" daqui a quatro ou cinco anos? Nada, ou muito pouco, se as anteriores tiverem conseguido imunizar, digamos, pelo menos uns 50% dos vacinados.
Até porque, convenhamos, a "imunidade de rebanho" da Covid-19 leva jeito de andar bem abaixo disso. Como vimos ontem (leia).
LEIA TAMBÉM
Alon Feuerwerker, jornalista e analista político
Não só em termos monetários, em capacidade de imunização.
A onda de ceticismo explica-se também por a corrida da vacina ter se tornado uma bateria da disputa entre o Ocidente (conceito geopolítico), liderado pelos Estados Unidos, e a aliança de fato entre China e Rússia. Mas neste caso específico da vacina o cavalo ocidental favorito é britânico, de Oxford.
[Da pandemia surge uma indicação que não está recebendo a devida atenção.
Os regimes fortes, aqueles em que a tomada de decisões é centralizada, não há transparência excessiva, e palpites e intervenções indevidas são neutralizadas, estão tendo maior êxito, no combate à pandemia e na prevenção.]
Sua excelência, o cidadão comum, não está obviamente nem aí para a política, ou para a politicagem: quer uma vacina que funcione. A seguir todas as etapas religiosamente, só teríamos vacina daqui a anos. E esperar alguns anos não é o cenário mais confortável. Bem longe disso.
Então é razoável supor que todas as vacinas acabarão tomando algum atalho. De que adiantará, inclusive comercialmente, alguém aparecer com "a melhor vacina" daqui a quatro ou cinco anos? Nada, ou muito pouco, se as anteriores tiverem conseguido imunizar, digamos, pelo menos uns 50% dos vacinados.
Até porque, convenhamos, a "imunidade de rebanho" da Covid-19 leva jeito de andar bem abaixo disso. Como vimos ontem (leia).
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