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terça-feira, 15 de março de 2022

Como explicar aos EUA o pedido de extradição de Allan dos Santos - Gazeta do Povo

Alexandre Garcia - VOZES

Como quer o STF

O ministro Alexandre de Moraes, que é o relator do “Inquérito do Fim do Mundo”, no Supremo Tribunal Federal (STF), está cobrando do Ministério da Justiça informações sobre a extradição do jornalista Allan dos Santos, que está nos Estados Unidos. Moraes determinou a extradição dele em outubro do ano passado.


Jornalista Allan dos Santos, do canal Terça Livre, teve a extradição dos EUA determinada pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF 
 Foto: Agência Senado

O que Moraes esquece, no entanto, é que os EUA, tem por tradição não devolver perseguidos políticos ao país de origem. Ou seja, o governo brasileiro terá que rebolar” para explicar que Santos não é um perseguido político, mas um “perigo” para a democracia brasileira.[é mera questão de tempo e logo o ministro  Moraes além de lembrar dos pontos apresentados pelo articulista, vai lembrar também que não pode determinar ao presidente da República que compareça uma delegacia de polícia para depor.]


Será muito difícil isso, porque não estamos falando de um guerrilheiro, um sequestrador, alguém que fabrica bombas, um assaltante, um sabotador, não, mas de um jornalista que fala, que aí sim, é verdade, não tem papas na língua.

 

 
Os americanos podem pensar: mas o governo brasileiro está perseguindo esse jornalista. 
Como é que o governo vai explicar que não é o Poder Executivo, o Ministério de Relações Exteriores ou o da Justiça, nem o presidente da República e nem o Congresso Nacional que estão pedindo isso, mas um ministro do Supremo
É difícil de explicar isso para um país que tem tradição de dar asilo político.

Mercado canadense
A ministra da Agricultura, Tereza Cristina, anunciou que o Canadá está abrindo o seu mercado para receber carne bovina e suína do Brasil. Ela é uma grande estrategista e o que tem feito muito nesses três anos à frente do Ministério. Ela já abriu 200 novos mercados.

Vale lembrar que o Canadá é um dos maiores produtores de potássio e que nós precisamos importar de 90% a 95% desse mineral que é usado para fertilizar nossas terras e produzir alimento.

O Ministério da Agricultura está tendo papel fundamental num momento que a guerra no Leste Europeu prejudica o abastecimento. O Brasil é, atualmente, o maior importador do mundo de fertilizantes. Por isso, temos que conseguir o máximo possível de suficiência interna desses produtos.

Agora é impeachment
Lula não quer mais falar em "golpe" contra Dilma Rousseff. Porque agora ele está conversando com quem votou pelo impeachment da ex-presidente. 

 

 

Em entrevista à rádio Banda B, do Paraná, o petista afirmou que se fosse conversar só com quem foi contra o afastamento de Dilma, não teria com quem conversar. Por isso, está indo atrás do Gilberto Kassab, do PSD; do Renan Calheiros do MDB; do Geraldo Alckmin, que era do PSDB, e etc.

Alexandre Garcia, colunista - Gazeta do Povo - VOZES


quarta-feira, 19 de janeiro de 2022

O TCU e os reajuste dos seus servidores - Bolsonaro vai encontrar Orbán, o líder ultradireitista da Hungria, numa viagem incomum - O Globo

Bolsonaro vai encontrar Orbán, o líder ultradireitista da Hungria, numa viagem incomum

Bolsonaro e o primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orbán

Jair Bolsonaro resolveu fazer uma dupla jornada no Leste Europeu em fevereiro. Depois da viagem a Moscou, onde irá a convite de Vladimir Putin, desembarca em Budapeste para um encontro de almas: se reunirá com o primeiro-ministro Viktor Orbán, líder da ultradireita húngara.

LEIA MAISBolsonaro visita Putin

Bolsonaro se encontrará com Orbán faltando dois meses para as eleições na Hungria. É um gesto incomum em política externa uma visita oficial como essa de um chefe de estado num momento tão perto de uma eleição num outro país.

O motivo é o óbvio: pode passar a mensagem de que o visitante está apoiando o candidato. No caso, é exatamente essa mensagem, nem tão subliminar assim, que Bolsonaro parece querer transmitir. Diplomatas avaliam que a visita a Orbán não ajuda em nada a relação de Bolsonaro com a Europa. 

TCU

TCU

A possibilidade de reajuste dos salários dos policiais federais, como quer Jair Bolsonaro, está inflamando os espíritos dos servidores do TCU.

A presidente da Corte, Ana Arraes, marcou para quinta-feira uma reunião com o sindicato da categoria, o Sindilegis, para discutir o adicional de qualificação dos servidores do tribunal — pleito que ela apoia.

Só que Ana está de férias. E criou-se um vácuo, embora os três secretários-gerais do TCU tenham confirmado presença.

Como os ministros da Corte resistem em discutir esse aumento, ao menos até ficar claro se o reajuste dos policiais será mesmo dado, o vice do tribunal, Bruno Dantas decidiu não participar da reunião.

Lauro Jardim, colunista - O Globo


quarta-feira, 5 de janeiro de 2022

COMUNISMO, ESSE INSEPULTO - Percival Puggina

Diferentemente do que acontece com os socialismos e com o comunismo, as liberdades econômicas não tiveram um fundador, não tiveram um Marx com sinal trocado para concebê-las. Ninguém apareceu na humanidade para excitar, na mente da plebe, legítimos anseios de realização pessoal por meios próprios. Ninguém preconizou: "Monta tua empresa, cria teu negócio, põe tua criatividade em ação, persegue teus ideais!". No Rio Grande do Sul, 188 mil pessoas assim pensaram e decidiram nos primeiros nove meses do ano passado. Tais bens da civilização foram conquistas dos indivíduos, no mundo dos fatos, na ordem da natureza, e têm sido o eficiente motor do progresso econômico e social.

Autores esquerdistas querem fazer crer que a miséria de tantos no mundo de hoje é produto ou subproduto inevitável da economia de empresa. Deve-se supor, então, que os miseráveis da África e da Ásia viviam na abundância, na mesa farta e na prodigalidade dos frutos da natureza, até que o famigerado capitalismo aparecesse para desgraçar suas vidas. O fato de que nas regiões do mundo onde se perenizam as situações descritas não exista uma economia livre, não haja empresas, nem empregos, parece passar ao largo de tais certezas ideológicas. Vale o mesmo para a inoperância, nessas regiões, do braço do Estado, que o comunismo apresenta como sempre benevolente e eficiente.

São realidades esféricas, identificáveis sob qualquer ponto de observação
1) a fome era endêmica na Europa até meados do século passado e foi a economia de mercado que criou, ali, a prosperidade; 
2) sempre que os meios de produção viraram propriedade do Estado a fome grassou mesmo entre os que plantavam; 
3) enquanto as experiências coletivistas conseguiram, como obra máxima, nivelar a todos na miséria, a China, com o capitalismo mais rude de que se tem notícia, em poucas décadas, resgatou da pobreza extrema mais de meio bilhão de seres humanos
4) não é diferente a situação no Leste da Ásia, inclusive no Vietnã reunificado e comunista, no Camboja do Khmer-Vermelho, no Laos e na Tailândia;  
5) quem viaja pelo Leste Europeu sabe quanto as coisas melhoraram por lá desde que as economias daqueles países, infelicitados pelo dogmatismo comunista, se libertaram do tacão soviético.
A história mostra, enfim, que o comunismo é imbatível quando se trata de gerar escassez, miséria e aviltamento da dignidade humana. A nossa Ibero-América, onde as prescrições políticas e econômicas do Foro de São Paulo ditam regras para muitos países, parece nada aprender das constatações acima. 
Consequentemente, as coisas andam mal e é preciso botar a culpa em qualquer um que não nos vendedores de ilusões, nas utopias que se requebram como odaliscas, nos delírios do neocomunismo, nos corruptos e nos corruptores.

Decreta-se, então, para todos os males, a responsabilidade da economia de empresa, do capitalismo e, sim, claro, dos Estados Unidos.

Percival Puggina (77), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+

 

sexta-feira, 16 de julho de 2021

Mario Frias é acusado de racismo após dizer que o youtuber Jones Manoel 'precisa de um bom banho' - O Globo

Secretário Especial da Cultura comentou post do influenciador sobre o estado de saúde do presidente da República 

O secretário Especial da Cultura Mario Frias foi acusado de racismo ao dizer, no Twitter, que o professor e youtuber comunista Jones Manoel "precisa de um bom banho". Frias respondeu a um tuíte do assessor da Presidência da República Tercio Arnaud Thomaz. Na mensagem, Thomaz compartilhava uma notícia na qual Jones afirmava já ter comprado fogos de artifício para comemorar a eventual morte do presidente Jair Bolsonaro, internado em São Paulo para tratar problemas intestinais. "A pergunta que não quer calar: quem caralhas é Jones Manoel?", tuitou Thomaz. Frias respondeu: "Realmente eu não sei. Mas se eu soubesse diria que ele precisa de um bom banho".

Após o comentário, Frias foi acusado de racismo por usuários do Twitter. Em seu perfil na rede social, Jones chamou Frias de "ex-ator frustrado e atual fascista" que cometia seu "crime de racismo diário". 
Nesta quarta, o youtuber havia dito na rede social ter comprado fogos de artifício após saber da internação de Bolsonaro. "Tão deixando a gente sonhar", ironizou. "Deixando claro que a parte dos fogos é brincadeira. Sou contra fogos. Assusta os animais".

Jones é professor de história e mantém um canal no YouTube com 165 mil inscritos. Militante do Partido Comunista Brasileiro (PCB), ele furou a bolha progressista na internet ao ser creditado pelo compositor Caetano Veloso como o responsável por fazê-lo deixar de entender o nazismo e o stalinismo como equivalentes.[óbvio que não são equivalentes: O NAZISMO MATOU 6 MILHÕES DE PESSOAS, O COMUNISMO MATOU 100 MILHÕES E CONTINUA MATANDO... Clique e Saiba mais. ]

Jones indicou a Caetano livros do filósofo italiano Domenico Losurdo (1941-2018), crítico ferrenho do liberalismo, defensor da experiência socialista soviética e entusiasta do marxismo oriental, produzido no Leste Europeu e que se contrapõe ao marxismo ocidental, que remonta à Escola de Frankfurt. Jones é um dos principais divulgadores da obra de Losurdo no Brasil.

Cultura - Jornal  O Globo

quarta-feira, 27 de novembro de 2019

As tentações autoritárias - Nas Entrelinhas

“São governos falidos, eleitores ressentidos, pagadores de impostos que querem mais benefícios e poderosos sindicatos que querem manter privilégio. Impossível atender a todos


Não foi a primeira vez — provavelmente, não será a última — que alguém próximo ao presidente Bolsonaro ameaça a oposição com o espectro do AI-5. Mas, desta vez, a coisa foi mais grave, porque se tratou do ministro da Economia, Paulo Guedes. Foi um raciocínio político com começo, meio e fim: “É irresponsável chamar alguém pra rua agora pra fazer quebradeira. Pra dizer que tem que tomar o poder. Se você acredita numa democracia, quem acredita numa democracia espera vencer e ser eleito. Não chama ninguém pra quebrar nada na rua. Ou democracia é só quando o seu lado ganha? Quando o outro lado ganha, com 10 meses você já chama todo mundo pra quebrar a rua? Que responsabilidade é essa? Não se assustem, então, se alguém pedir o AI-5. Já não aconteceu uma vez? Ou foi diferente?”, disse o ministro. “É inconcebível, a democracia brasileira jamais admitiria, mesmo que a esquerda pegue as armas, invada tudo, quebre e derrube à força o Palácio do Planalto, jamais apoiaria o AI-5, isso é inconcebível. Não aceitaria jamais isso”, remendou Guedes, depois.

A declaração do ministro da Economia sobre o AI-5 provocou reações do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli, durante Encontro Nacional do Poder Judiciário, em Maceió: “O AI-5 é incompatível com a democracia. Não se constrói o futuro com experiências fracassadas do passado”. O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, também criticou o ministro Guedes: “Não dá mais para usar a palavra AI-5 como se fosse bom-dia, boa tarde, oi, cara, não dá”. Deu uma mão no cravo e outra na ferradura, ao se dizer assustado com o comportamento dos políticos, que parecem estar “mais se preparando para uma briga campal do que pra uma disputa eleitoral no futuro”, uma alusão ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

O raciocínio de Guedes merece uma reflexão mais profunda. Não teria a mesma dimensão se não estivéssemos vivendo uma conjuntura complexa e de grande instabilidade na América do Sul, que os investidores estão acompanhando com apreensão. Ninguém deseja uma convulsão política e social no Brasil, que, de fato, tem um presidente da República que não completou um ano de mandato. Entretanto, no momento, apesar do apoio do Congresso à reforma da Previdência e da blindagem da política econômica pelas suas lideranças, o governo tem avaliação negativa do seu desempenho, por razões que não são decorrentes apenas do quadro de desigualdades sociais profundas e desemprego em massa que encontrou. Parte do desgaste decorre de atitudes que confrontam a opinião pública em relação a temas que contam com um certo consenso social, mas o governo afronta, principalmente, em áreas onde as políticas públicas precisam de mais eficiência e menos ideologia.

Crise do Estado
Ademais, a criação do Aliança pelo Brasil pelo presidente Jair Bolsonaro, com um programa político
ultraconservador, dobrou a aposta na radicalização política e ideológica, com repercussão muito negativa na imprensa internacional, que identifica o novo partido como uma organização de ultradireita alinhada com outros partidos congêneres da Europa. [curioso é que quando a maldita esquerda, ultracorrupta, corrupta liderada pelo pt = perda total = governava o Brasil, não era dado destaque a eventual repercussão negativa na imprensa internacional, especialmente devido o assalto aos cofres públicos.
Insistimos em  lembrar que em todo o mapa da América do Sul, todos os países da esquerda estão em conflito e nos da direita impera a PAZ e HARMONIA, exceto o Chile que sofre os reflexos negativos, de dois períodos de esquerdismo. ]  Por isso mesmo, o posicionamento do governo brasileiro não é visto como um fenômeno isolado, mas como parte de um processo com viés autoritário em curso, principalmente no Leste Europeu e na Ásia, e que seduz setores da sociedade na Europa Ocidental e até nos Estados Unidos.

Há uma crise de financiamento do Estado democrático em todo o Ocidente. Quase todos os governos arrecadam menos do que gastam, a começar pelos Estados Unidos, que só teve cinco superavits desde 1960, e a França, que não produz um superavit desde 1975. A primeira-ministra alemã, Angela Merkel, costuma dizer que a União Europeia abarca 7% da população, 25% do PIB mundial e 50% dos gastos sociais. No caso dos países da América Latina, essa crise é agravada pelo desemprego em massa e a ampliação da miséria. Ou seja, a vida não está fácil para ninguém, é preciso fazer reformas para que o Estado volte a gastar menos do que arrecada e tenha condições de investir, aqui e no mundo.

São governos falidos forçados a cortar serviços públicos, eleitores ressentidos querendo manter seus direitos sociais, pagadores de impostos que querem mais benefícios com o dinheiro que dão ao governo e poderosos sindicatos de servidores públicos que querem manter seus privilégios. Impossível atender a todos. Nessa crise, que põe em xeque as democracias representativas, surgem ideias totalitárias, principalmente na Europa e na Ásia. O modelo chinês desafia valores do Ocidente, como o sufrágio universal, mas obtém resultados econômicos impressionantes. Nesse mundo em transformação, no qual as novas tecnologias são uma ferramenta importante para enxugar o Estado e melhorar o desempenho dos governos, porém, é preciso responder a duas questões. Primeiro, para que serve o Estado? Segundo, como modernizá-lo na democracia? As tentações autoritárias vêm das dificuldades para responder a essas perguntas.

Nas Entrelinhas - Luiz Carlos Azedo - Correio Braziliense

 

quarta-feira, 6 de novembro de 2019

O dia em que a história desembestou - Blog do Noblat - VEJA

Ricardo Noblat

A unificação da Alemanha


Em junho de 1989 Mikhail Gorbachev, então presidente da União Soviética, visitou a Alemanha Ocidental, sendo aclamado por onde passou. Todos lhe fizeram a mesma pergunta: quando a Alemanha seria unificada? Diplomaticamente, o pai da perestroika dizia que o problema teria de ser resolvido um dia, mas não naquele momento. Isto havia sido combinado com o então primeiro-ministro alemão, Helmut Kohl: a unificação alemã era uma questão a ser equacionada apenas no século 21.

O mesmo ponto de vista tinha François Mitterrand, presidente da França, para quem a Europa deveria respirar por meio de dois pulmões: o da comunidade europeia e o do leste europeu renovado pela perestroika. A unificação da Alemanha deveria se dar pela renovação do bloco socialista, de forma lenta, gradual e segura.  Mas a história desembestou no outono de 1989, para utilizar uma expressão do próprio Gorbachev. Em 9 de novembro uma multidão derrubou o Muro de Berlim, pondo fim à fronteira física que separava os alemães em dois países de sistemas diferentes. Um capitalista e democrático e outro socialista e de ditadura do partido único.

Símbolo maior da guerra-fria, o muro era também o atestado de que os povos do leste europeu rejeitavam o modelo socialista implantado na esteira dos tanques do exército vermelho, após o fim da 2ª guerra mundial. Em toda a região o “socialismo real” foi uma imposição da União Soviética e só se sustentou por quarenta anos porque reprimiu a ferro e fogo os povos que tentaram se sublevar. Hungria em 1956, Polônia várias vezes, Checoslováquia em 1968 e a própria Alemanha Oriental em 1952.
Se deve a Gorbachev o mérito de liberar o gênio da garrafa. Sem ele, a queda do muro dificilmente aconteceria ou se daria muito tempo depois.

Os ventos da renovação e o sopro de liberdade daquele outono abalaram muito mais do que os alicerces do Muro de Berlim. Como peças de dominó, as ditaduras do leste europeu foram caindo uma a uma. Os escombros do muro enterraram a ilusão do comunismo como ideário libertário, sinônimo do paraíso terrestre.  Mais do que desembestar, a história atropelou quem quis detê-la.  Em 7 de outubro de 1989 a fina flor do “Pacto de Varsóvia” lotou a tribuna no desfile do aniversário dos quarenta anos da República Democrática Alemã. Os burocratas do “socialismo real” não percebiam a mudança dos ventos. E ela saltava a olhos nus. A multidão que desfilava olhava para Gorbachev e clamava: “ajude-nos, ajude-nos!” Espantado com o que via, o então premiê da Polônia, Mieczyslaw Rakovski, disse a Gorbachev: “você não percebe que isso aqui acabou?”

Indiferente ao clamor da multidão, o Secretário Geral do Partido Comunista e presidente da Alemanha, Erich Honecker, jactava-se que via no desfile a prova da vitalidade do socialismo na Alemanha Oriental. Ultra ortodoxo, dizia que seu país não precisava de nenhuma perestroika. Nada a estranhar. Dois anos antes, Honecker tinha rechaçado o conselho dos soviéticos de demolir o Muro de Berlim. Toda nomenclatura aboletada na tribuna iria cair em pouco mais de dois anos. Não sobrou ninguém. A começar pelo stalinista Honecker, destronado do poder um mês depois do desfile.

Nem a temida Stasi, polícia política com mais de 25 mil informantes, foi capaz de deter a avalanche da história. Em 9 de outubro, 70 mil pessoas participam de um ato público em Leipzig, exigindo democracia. As pessoas tinham perdido o medo e a ditadura não tinha mais condições de reprimir. Ironicamente acontecia o vaticínio de Lenin para o desaparecimento de um regime: “quando os de baixo já não querem e os de cima já não podem”.E já não podiam em todo o bloco socialista. Cinco meses antes da queda do Muro de Berlim, o Solidarność ganhou a primeira eleição livre na Polônia.  

Em agosto, dois milhões de pessoas formaram a maior corrente do mundo para abraçar os países bálticos. Por fim, a Hungria derrubou a cerca de arame farpado de sua fronteira com a Áustria, criando um enorme corredor para a fuga de alemães orientais.



Simbolicamente a queda do Muro de Berlim representou também a vitória da democracia como o grande valor do século 20.  Esse valor está em jogo hoje em países do antigo bloco socialista, como na Hungria de Victor Orban e  na Polônia. E também na antiga  Alemanha socialista, com o crescimento  da AFD – partido de extrema direita. A história tem dessas ironias.

 
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Blog do Noblat - Publicado na edição 2659, de VEJA, 06/11/2019

sexta-feira, 16 de agosto de 2019

Caso Epstein cada vez mais bizarro: Bill Clinton, Bill Gates… - Veja

O quadro do ex-presidente americano vestido de mulher que o milionário suicida tinha na mansão em Nova York é mais um detalhe inacreditável


Se você é um milionário americano que gosta de cortejar outros ricos e poderosos, tipo Bill Clinton, o que faria?
Colocar seus Boeings a serviço dele? 
Certamente. Levar o ex-presidente, notório pelas aventuras sexuais, à sua ilha particular lotada de beldades adolescentes? Sem dúvida.
Ter um retrato dele travestido de mulher, com cara de chapado e, ainda por cima, um vestido azul – inevitavelmente ligado ao caso do traje de Monica Lewinsky, guardado como prova do sêmen derramado – já entra no campo da bizarrice.

E isso é tudo o que não falta na vida e, principalmente, na morte de Jeffrey Epstein, que se suicidou ou foi suicidado na mais difícil das circunstâncias: sentado no chão de sua cela no Centro de Correção Penal de Nova York, com um lençol no pescoço. A ação penal contra ele era a mais famosa do momento nos Estados Unidos: tráfico sexual, um jeito encontrado por promotores federais de Nova York de aumentar a punição ridícula que o milionário, com seu harém de menores de idade recrutadas nos Estados Unidos e em países do leste europeu, havia recebido.
Epstein já tinha sido encontrado semidesfalecido, na cela, com hematomas no pescoço. Foi colocado e, atenção, retirado, do regime especial para suicidas em potencial (com estrado de cama em aço fundido no chão, lençóis de papel e outros recursos de prevenção).

O companheiro de cela dele foi retirado um dia antes do suicídio. Os guardas que deveriam fazer uma inspeção visual a cada trinta minutos, dormiram por três horas seguidas. Depois, tentaram alterar as gravações que mostram sua negligência. Não deu muito certo.  O diretor e a vice-diretora do Centro de Correção Penal foram afastados enquanto o FBI investiga a inacreditável – literalmente – sequência de erros. É preciso um esforço bem grande para acreditar que tenham sido cometidos ao acaso.
E dá para aceitar que numa dependência do sistema penitenciário de Nova York, a cidade onde desde o Onze de Setembro não se mexe uma folha de árvore sem que seja registrado, não havia uma câmara na cela do prisioneiro mais famoso dos Estados Unidos?
Com tantas pontas soltas, a maior dúvida ainda é: quem era Jeffrey Epstein? Como ficou tão rico, chegando à marca do um bilhão de dólares, fortuna reduzida para “apenas” 550 milhões quando seu castelo começou a cair?
E como conseguiu manter contatos no alto mundo, mesmo depois que sua ficha sujíssima se tornou conhecida?

Uma das recentes, e espantosas, revelações recentes: o multibilionário Bill Gates, o gênio discreto hoje afastado do dia a dia da Microsoft, discutiu “assuntos filantrópicos” em “diversas ocasiões” com Epstein.
É um mistério imaginar o que poderia aproximar o santo Gates, o maior filantropo do mundo, de um sujeito que fazia trambiques com o dinheiro dos outros outra revelação do momento -, transportava famosos no “Lolita Express”, o apelido de seu Boeing, para orgias na sua ilha do Caribe e recrutava meninas a partir dos 14 anos para seu harém.
O retrato de Bill Clinton, fazendo pose de Tio Sam safado, em pleno Salão Oval, foi fotografado por uma empresária que conheceu a mansão de Epstein em Nova York, a maior da cidade.

SALTO ALTO
A mulher, não identificada, passou o flagrante para o tablóide inglês Daily Mail. Ela disse que vislumbrou o quadro durante uma visita, em 2012. Ficou chocada com “a pintura muito provocadora, sexual” do ex-presidente, com sapato vermelho de salto e “a mão numa posição esquisita”.
Detalhe perverso: o vestido é muito parecido com um usado por Hillary Clinton num jantar de gala.
(...)

Ah, sim: o juiz encarregado de uma das ações penais contra Epstein morreu no domingo. Não foi exatamente uma surpresa, pois tinha 96 anos. Mas quem ainda acredita em coincidências nesse caso?


Blog Mundialista -  Vilma Gryzinski - Veja



sexta-feira, 24 de maio de 2019

A política das redes sociais

“Os políticos que emergiram das redes sociais, inclusive presidente Jair Bolsonaro, também estão passando pelo aprendizado de ter que lidar com a política institucional

Foi-se a época em que a política era monopólio dos políticos, dos militares e dos diplomatas. Na política moderna, principalmente depois da II Guerra Mundial, passou a ser também o universo de atuação da burocracia e dos cidadãos, em razão da ampliação da presença do Estado na vida da sociedade e do surgimento de partidos de massas de caráter democrático. Eram esses os grandes atores da democracia representativa, que parecia consolidada após o fim da União Soviética e o colapso do chamado socialismo no Leste Europeu, até que a crise fiscal colocou em xeque as políticas social-democratas e social-liberais e os partidos políticos e a imprensa foram ultrapassados pelas redes sociais na formação da opinião pública.


O Brasil não está fora desse contexto, muito pelo contrário. O que vem acontecendo no governo Bolsonaro, a rigor, é anterior à sua eleição e faz parte desse processo, assim como foi a eleição de Donald Trump nos Estados Unidos, a vitória do Brexit na Inglaterra, a emergência de lideranças populistas em praticamente todos os países da Europa e a eleição de governos de extrema-direita em alguns países do Ocidente. O que acontece, em perspectiva, é uma corrida para reinventar o Estado e dar conta das mudanças provocadas pela globalização e o multilateralismo, nas quais as democracias do Ocidente enfrentam mais dificuldades do que os países autoritários do Oriente que estão se modernizando mais rapidamente.

Estados Unidos e China protagonizam essa corrida. Nas últimas décadas, houve uma mudança de eixo dos fluxos de comércio mundial, que se deslocaram do Atlântico para o Pacífico, o palco principal da guerra comercial entre essas duas potências econômicas, que lideram a economia do planeta. No passado, essa disputa se deu entre a Inglaterra e a Alemanha, de igual maneira, uma potência marítima e outra continental, provocando duas guerras mundiais. Espera-se que agora ocorra num ambiente de paz. O Brasil foi arrastado para essa disputa de maneira esquizofrênica, porque optou por um alinhamento automático com os Estados Unidos ao mesmo tempo em que não pode abdicar da China como principal parceira comercial. O mais correto seria tirar partido dessa disputa.

A eleição de Trump, com sua guinada nacionalista na política externa, nacionalista na economia e ultraconservadora nos costumes, foi uma resposta dos eleitores norte-americanos mais conservadores, ao desemprego e à grande massa de imigrantes latinos. De certa forma, os indicadores econômicos dos Estados Unidos mostram que a guerra comercial de Trump com a China e a contenção da chegada de imigrantes estão rendendo dividendos econômicos favoráveis, revertendo as altas taxas de desemprego. Não se deve subestimar a influência que isso vem tendo na política do Ocidente. Aqui no Brasil, a eleição de Bolsonaro, sua política econômica ultraliberal e conservadorismo radical nos costumes seguem o exemplo de Trump.

Volatilidade
É aí que entra a política nas redes sociais. Sem elas, Trump não seria sequer candidato do Partido Republicano. De igual maneira, Bolsonaro não teria sido eleito presidente da República. As redes adquiriram tal protagonismo que já não se pode fazer política como antigamente, mesmo fora dos processos eleitorais. Isso vale sobretudo para os políticos, cuja relação com eleitores mudou radicalmente. O tsunami que varreu boa parte do Congresso mudou radicalmente o modo de atuar no parlamento brasileiro. Basta ver as “lives” que os deputados eleitos pelas redes sociais fazem constantemente no próprio plenário da Câmara e do Senado, com as transmissões ao vivo de sua atuação e narrativas “customizadas” sobre as sessões legislativas, com posts e vídeos com a interpretação de cada um sobre o que acontece no Congresso em tempo real.

A relação entre o Executivo e os demais poderes, inclusive o Judiciário, cujo vértice, o Supremo Tribunal Federal (STF), também é midiático, mudou significativamente, em meio a disputas pela afirmação de cada poder. Tudo mediado pelas redes sociais, nas quais partidos, grupos de pressão e cidadãos influenciam o posicionamento de cada parlamentar nas votações. Mesmo os meios de comunicação de massa tradicionais, inclusive a televisão, estão sendo obrigados a serem cada vez mais interativos e presentes nas redes sociais, para manterem seus públicos e influenciarem os novos atores. Os políticos tradicionais que sobreviveram ao tsunami de 2018 estão aprendendo a lidar com a nova situação e repensando sua forma de atuação, levados pelo instinto de sobrevivência e pela nova experiência que estão passando no próprio Congresso.

Entretanto, os políticos que emergiram das redes sociais, como o próprio presidente Jair Bolsonaro, também estão passando pelo aprendizado de ter que lidar com a política institucional, com as regras do jogo democrático e a dura realidade da distância existente entre o mundo virtual de redes sociais e a capacidade de dar respostas efetivas e velozes à crise do sistema representativo e do modelo de capitalismo de Estado colapsado pela crise fiscal. No caso do presidente da República, o caráter bonapartista de seu governo não o coloca acima de classes sociais bem definidas e partidos políticos, como no modelo clássico de “regime do sabre”, mas numa espécie de tapete voador ao sabor das ondas telemáticas de uma “sociedade líquida”, com risco permanente de volatilização da própria imagem. E aí que todos os atores em cena — políticos, militares, diplomatas, burocratas, formadores de opinião, influenciadores digitais e cidadãos — estão desafiados a encontrar saídas robustas para os impasses que se apresentam à democracia brasileira.

Nas Entrelinhas - Luiz Carlos Azedo - CB

 

segunda-feira, 11 de junho de 2018

Nova direita na Europa cresce embalada por jovens




Grupos extraparlamentares formam base de apoio a partidos extremistas


Um ano depois da vitória de Emmanuel Macron na França, que teve o efeito de frear provisoriamente a ascensão de Marine Le Pen, o fantasma da extrema-direita volta a assustar a Europa. Em Áustria, Itália, Eslovênia, Bulgária ou Dinamarca, populistas de direita participam de governos ou estão preparando-se para assumir o poder. No Leste Europeu, o grupo Visegrad, formado por Polônia, Hungria, República Tcheca e Eslováquia, desafia a União Europeia com a sua política de tolerância zero com refugiados. Mas o que mais preocupa especialistas é a expansão de uma rede de organizações extraparlamentares com representantes em todos os setores da sociedade que formam a base de apoio aos partidos extremistas. Essa nova cultura juvenil é de extrema-direita, e grupos racistas (como o “movimento identitário”) ganharam fôlego com o tema refugiados e já se veem como a reedição da geração de 68, com a diferença de que, ao contrário dos seus pais, preferem hoje o patriotismo e uma sociedade homogênea do ponto de vista étnico.

Para Johanna Bussemer, da Fundação Rosa Luxemburgo, os partidos e organizações da “nova direita” são perigosos porque cumprem as suas ameaças, como indica a última decisão do governo austríaco de aliança conservadora/extrema-direita de fechar mesquitas e deportar imãs, sob a acusação de praticarem o “Islã politico”.  Considerado pelo embaixador americano em Berlim, Richard Grenell, um “popstar”, o chanceler austríaco, Sebastian Kurz, começou a pôr em prática o programa de governo negociado com o extremista Partido da Liberdade, ao anunciar o fechamento de sete mesquitas. 

Como explicou o próprio Kurz, que na próxima semana visita Berlim, a decisão visa a evitar radicais muçulmanos e o surgimento de “sociedades paralelas”. Mas seus críticos, como Helgard Kramer, socióloga e cientista política da universidade da cidade tcheca de Ostrov, reagiram alarmados:
— Esse programa poderia ter saído também da pena do movimento identitário austríaco.


 Nas ruas. Integrantes do movimento identitário se veem como “a nova geração de 68”, mas em defesa de um continente etnicamente homogêneo - Divulgação



ROCK CONSERVADOR
Os identitários da Áustria são um dos mais fortes da Europa de um movimento que vê a homogeneidade étnica do continente ameaçada pelo excesso de imigrantes de outras etnias. Como o Pegida de Dresden, atuam através da sua rede de apoiadores que praticam ações de grande visibilidade no estilo da ONG Greenpeace para aumentar a popularidade do grupo. Um exemplo do efeito do trabalho das bases da nova direita é Götz Kubitschek, proprietário da Editora Antaios. Com o livro “Finis Germania”, do jornalista Peter Sieferle, a Antaios ajudou o partido Alternativa para a Alemanha (AfD) e os identitários. A legenda foi eleita pela primeira vez para o Parlamento federal e os identitários ficaram conhecidos em todo o país com a ajuda do mecenas.

“Finis Germania” é um best seller que aborda o “perigo” do desaparecimento da etnia alemã em consequência da imigração em massa, tema que mais movimenta a nova direita. Kubitschek, de 46 anos, é o seu ideólogo. Com a editora — que tem outros títulos, como a revista “Sezession” — ele ajuda a tornar populares os temas de interesse da direita. O debate sobre os assuntos lançados por Kubitschek influencia os jovens a aderir aos partidos e organizações extraparlamentares.  — Esses jovens da nova direita são a nova geração de 1968. Em comum com os 68, eles têm o interesse pela música pop. O rock de extrema-direita é apreciado até por jovens que não se interessam por política, como os irmãos de Daniel Fiss, vice-chefe do movimento identitário da Alemanha.

Mas aí terminam os pontos em comum. Para a nova direita, um elemento importante do espírito patriótico é o restabelecimento da homogeneidade étnica através da “frente ideológica de combate à imigração e ao multiculturalismo”. — Não somos monstros. Queremos apenas abrir o debate sobre quanta imigração a Europa é capaz de absorver — afirmou Fiss.

A biografia do estudante de ciências políticas da Universidade de Rostock é um exemplo sobre como a nova direita procura ser simpática, evita as polêmicas como elogiar nazistas ou negar o Holocausto, mas tem no seu programa a mesma meta racista. Os identitários atuam desde o ano passado no Mediterrâneo para salvar os fugitivos da morte por afogamento, mas devolvendo-os à África.  Para Johanna Bussemer, a nova direita está crescendo também por motivos econômicos.  — A desigualdade social aumentou na Europa, e os mais pobres ficam vulneráveis ao apelo dos extremistas. Isso explica porque ela é mais forte nos países do Leste Europeu — sustentou.

Mas Fiss, dono de uma gráfica, destacou que ele e seus colegas não têm motivação apenas material. O estudante vive com os pais e dois irmãos na cidade portuária de Rostock, onde praticamente não vivem imigrantes. Mas ainda assim ele se engaja na extrema-direita contra a ameaça fantasma.  — Cada país tem o direito de decidir se quer ou não imigrantes — afirmou Fiss.
Nos eventos do grupo, a formulação é menos cautelosa. No estilo do livro “Finis Germania”, os encontros são realizados com debates contra a globalização e a favor da homogeneidade étnica.

Fundado na França, em 2003, o movimento identitário expandiu-se rapidamente na Europa. No início, não foi visto como extremista pelo seu distanciamento dos nazistas clássicos.  — Nós não negamos o Holocausto, consideramos a ditadura nazista criminosa, mas assim mesmo não queremos ver as nossas cidades com grandes populações de minorias estrangeiras — concluiu.