Blog Prontidão Total NO TWITTER

Blog Prontidão Total NO  TWITTER
SIGA-NOS NO TWITTER
Mostrando postagens com marcador Moro. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Moro. Mostrar todas as postagens

quarta-feira, 29 de abril de 2020

Guedes herdou a carta branca de Moro - Elio Gaspari


Teatrinho do Pró-Brasil revela apenas um governo desorientado

Ministro poderá ser descartado com a mesma argumentação usada contra o ex-juiz     

Fica combinado que “o homem que decide a economia” no Brasil é Paulo Guedes. Afinal, Sergio Moro tinha carta branca e a política do toma lá dá cá com o centrão era coisa do passado. Cartas brancas não existem, e as tais bancadas temáticas que substituiriam as negociações com os partidos eram um delírio. Assustado com a ruína de seu governo, Bolsonaro bateu à porta do centrão. Repete Dilma Rousseff e Fernando Collor.  A fé de Bolsonaro em fantasias é inesgotável. Pena que a capacidade de Paulo Guedes de criar debates inconsequentes seja incontrolável. Diante de uma epidemia, de uma recessão e do teatrinho do lançamento do Pró-Brasil, Paulo Guedes resolveu encrencar com os servidores: “Precisamos também que o funcionalismo público mostre que está com o Brasil, que vai fazer um sacrifício pelo Brasil, não vai ficar em casa trancado com geladeira cheia e assistindo à crise enquanto milhões de brasileiros estão perdendo emprego.”

Boa ideia. Que tal um programa de sacrifícios gradativos, começando pelos magistrado e procuradores que embolsam acima de R$ 30 mil por mês? 
O general da reserva Augusto Heleno já disse que tinha vergonha do seu salário de R$ 19 mil líquidos.

Guedes tomou uma bolada nas costas e partiu do oficialismo a pecha de que ele é um “inimigo dos pobres”. Teria surgido até uma banda “desenvolvimentista” no Planalto. Isso é falso por três razões.
Primeiro, porque o Pró-Brasil é apenas teatralista, como o foram seu pai — o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) — e seu avô, o 2º Plano Nacional de Desenvolvimento (PND).
Também porque esse desenvolvimentismo seria encarnado pelo ministro Rogério Marinho. Como secretário para Previdência e Trabalho de Guedes, o doutor teve a ideia de taxar os desempregados que recebem um seguro do governo. Justificando a tunga, disse que com isso o desempregado continuaria na Previdência Social. Só não explicou por que a medida seria compulsória. Se fosse voluntária, tudo bem.
Finalmente, porque o teatrinho do Pró-Brasil nunca foi coisa nenhuma. Revela apenas um governo desorientado. Quando Bolsonaro diz que Paulo Guedes é “o homem que decide a economia”, isso significa que, quando for o caso, poderá ser descartado, com a mesma argumentação usada para defenestrar Sergio Moro.

Até o mês passado Paulo Guedes queria reformar a economia brasileira com 40 milhões de invisíveis e 11 milhões de desempregados. Na segunda-feira ele reafirmou a vitalidade de seu projeto e encrencou com a geladeira dos servidores.

Na recessão americana de 1929 o secretário do Tesouro, Andrew Mellon, também viu um renascimento a partir da ruína e propôs ao presidente Herbert Hoover: “Liquide os sindicatos, liquide o papelório, liquide os fazendeiros, liquide o mercado imobiliário. Isso purificará a podridão do sistema. (...) As pessoas trabalharão mais e levarão uma vida com mais moral”. Felizmente, Hoover não o ouviu. Em 1933, Franklin Roosevelt assumiu a Presidência, olhou para o andar de baixo e mudou a cara dos Estados Unidos.

Em tempo, o andar de cima americano nada tem a ver com o de Pindorama: Andrew Mellon doou ao povo o prédio da National Gallery de Washington e mais de mil peças de sua coleção. Coisa de dezenas de bilhões de dólares em dinheiro de hoje.

Folha de S. Paulo /- O Globo - Elio Gaspari, jornalista



domingo, 1 de março de 2020

Moro, o "Tigre" de Curitiba, miou em Fortaleza - Elio Gaspari

Folha de S. Paulo - O Globo

Moro miou

Ministro alinhou-se com um presidente da República que exibe uma biografia de amparo e silêncio diante de motins como os de policias no Ceará

Diante do motim, Sergio Moro, o 'Tigre' de Curitiba, miou em Fortaleza

O ministro da Segurança Pública podia pelo menos ter ficado calado     

“Os policiais do país inteiro, não só do Ceará, são profissionais dedicados, que arriscam suas vidas, são profissionais que devem ser valorizados.”

Falso. No país inteiro há policiais dedicados, mas ele estava em Fortaleza porque lá havia PMs amotinados, usando balaclavas, esvaziando pneus de carros e ameaçando colegas que trabalhavam. Do quartel do 3º Batalhão de Sobral partiram dois tiros que atingiram o senador Cid Gomes na sua “coroneladapilotando uma retroescavadeira. [o senador licenciado - ainda que não estivesse licenciado não teria autoridade para praticar ato tão irresponsável e ao invadir um quartel, com a agravante de que colocou em risco a vida de policiais e familiares, inclusive crianças, o senador tornou lícita a reação armada dos policiais em defesa da própria vida, da  de terceiros (familiares) e buscando evitar a invasão e destruição de uma instalação militar.]  Moro já dissera que em Fortaleza havia um “movimento paredista da polícia do estado”.
Falso. O que havia no Ceará era um motim de PMs. “Movimento paredista” havia sido a greve de 20 dias dos petroleiros. Os operários cumpriram a lei e não esvaziaram pneus de ninguém.

O ministro da Segurança Pública disse também que “não há uma situação de absoluta desordem nas ruas”. No entendimento do “Tigre” de Curitiba, as coisas estavam “sob controle, num contexto relativamente difícil.” Miau. Desde o início do motim haviam sido assassinadas 170 pessoas no estado, uma a cada hora. Moro mandou a Força Nacional de Segurança Pública para o Ceará, e o presidente Jair Bolsonaro decretou uma operação de Garantia da Lei e da Ordem para o estado. 

Com essas medidas adequadas, o ministro da Segurança Pública podia pelo menos ter ficado calado. Sua fala chegou ao limite da solidariedade com os amotinados. O ministro alinhou-se com um presidente da República que exibe uma biografia de amparo e silêncio diante dos motins do gênero. O cabo Sabino, tido como um dos líderes da rebelião, orgulha-se de ter organizado a primeira visita do deputado Jair Bolsonaro ao Ceará, em 2015. Ele é um exemplar do bolsochavismo.  A convocação de manifestações contra o Congresso e o Supremo Tribunal Federal reflete um projeto golpista recôndito na cúpula do bolsonarismo. Essa manobra relaciona-se com o uso da liberdade de manifestação para minar as instituições democráticas, já os motins de PMs são movimentos saídos da base bolsonarista e indicam algo mais profundo. Relaciona-se com a quebra sistemática da ordem legal e da hierarquia militar.

Os amotinados colocam a anistia como primeiro item de sua pauta. Desde 1997 já foram concedidas anistias em pelo menos 22 estados e no Distrito Federal. A cada motim segue-se uma anistia e a cada anistia segue-se outro motim. Bolsonaro é o quinto presidente a fazer de conta que esse problema não existe.

No Ministério da Justiça, Sergio Moro pode ver os retratos de seus antecessores. Lá estão figuras como Miguel Seabra Fagundes, Milton Campos e Mem de Sá, cada um à sua maneira soube deixar o cargo quando viu que as coisas iam mal. Lá estão também Francisco Campos, Luís Antônio da Gama e Silva e Alfredo Buzaid. Estes, ficaram, no remanso das ditaduras do Estado Novo e do AI-5.  À diferença de todos eles, Moro é também ministro da Segurança Pública. Não precisava ter miado em Fortaleza. [destaque especial pelos brilhantes serviços prestados à Nação:
- Luís Antônio da Gama e Silva - pelo notável saber jurídico e competência, com destaque para ser o redator da versão aprovada do AI-5. Apresentou duas versões, mas, a mais adequada à situação não foi aprovada.
- Alfredo Buzaid - além de ter sido o ministro da Justiça do Governo Médici, foi também ministro do STF, indicado pelo presidente João Figueiredo.e
E mais um, não citado: 
Armando Falcão - político, articulador da candidatura de JK à presidência da República, foi também ministro do governo do presidente Geisel (seu estilo,  de evitar excessivas manifestações à Imprensa = não aceitava entrevistas de corredor, entrevistas sem hora e local marcados e priorizava sempre que as comunicações fossem via porta-voz = faz muita falta e causa muitos problemas ao governo do presidente Bolsonaro.] 

(.....)

Eremildo, o Idiota
Depois de ouvir Sergio Moro lidando com o motim da PM cearense e o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, lidando com o coronavírus, Eremildo pensa em ir a Brasília para propor a Bolsonaro um gambito: Mandetta na Justiça e Segurança Pública e Moro para a Saúde, pois lá ele não precisará valorizar o vírus.

Heleno
O general da reserva Augusto Heleno acha que Bolsonaro precisa botar o povo na rua para defender seu projeto político.
Ele sempre poderá argumentar que manifestações são legítimas. Nesta semana completam-se dois anos do dia em que ele foi à Escola Superior de Guerra e disse o seguinte:
“A Colômbia ficou 50 anos em guerra civil porque não fizeram o que fizemos no Araguaia”.
Foi vivamente aplaudido, mas não disse “o que fizemos no Araguaia”.
Está documentado que a partir de outubro de 1973 a tropa do Exército que foi mandada ao Araguaia matou todos os guerrilheiros do PCdoB que estavam na mata. Eram cerca de 40. Alguns estavam armados. Outros atenderam ao convite da tropa para que se rendessem, entregaram-se e foram executados. Parte dessa história está contada no livro “Borboletas e Lobisomens”, de Hugo Studart. [o livro é mais uma versão e as versões nem sempre correspondem aos fatos.
O que importa é que estava em jogo a SEGURANÇA NACIONAL, a SOBERANIA DO BRASIL e o COMBATE ao comunismo e tudo que foi realizado no Araguaia,pelas tropas que combatiam os guerrilheiros, foi necessário.]

quinta-feira, 12 de dezembro de 2019

Moro, de ministro da Justiça do Brasil a advogado de Bolsonaro - VEJA - Blog do Noblat


Uma visão estreita do cargo

Por Ricardo Noblat 
Em 1992, a poucos meses da abertura do processo de impeachment contra o presidente Fernando Collor, suspeito de corrupção, o deputado Benito Gama (BA), presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito que apurava o caso, foi chamado para uma audiência com o ministro Célio Borja, da Justiça. Ex-ministro do Supremo Tribunal Federal, no cargo desde abril, Borja fora deputado federal eleito pelo Rio e presidente da Câmara por duas vezes. Era respeitado como político, jurista e professor da Universidade do Estado do Rio. Apoiara o golpe militar de 64. O que ele queria conversar àquela altura com Benito?

Desconfiado, o deputado teve o cuidado de avisar antes aos seus principais pares da Comissão que iria ao encontro de Borja. E foi preparado para ouvir dele algum pedido que pudesse favorecer Collor. Borja o recebeu sozinho. A audiência durou o suficiente para Borja informar ao deputado mal ele se sentou à sua frente:
Chamei-o para dizer que sou o ministro da Justiça do Brasil. Não sou advogado do presidente.
E mais não disse. Levantou-se, apertou a mão de Benito e acompanhou-o até a porta de saída.

Se restava ainda alguma dúvida sobre o que faz o ex-juiz Sérgio Moro no governo Bolsonaro, ela evaporou-se, ontem, quando o ministro escreveu em sua conta no Twitter que só receberia em audiência o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil, Felipe Santa Cruz, quando ele  mudasse de postura. As palavras exatas de Moro: Tenho grande respeito pela OAB, por sua história, e pela advocacia. Reclama o Presidente da OAB que não é recebido no Ministério da Justiça. Terei prazer em recebê-lo tão logo abandone a postura de militante político-partidário e as ofensas ao presidente da República e a seus eleitores
[algum mérito que o presidente da OAB tenha, é consequência do cargo que atualmente exerce;
ao optar pela  postura de militante político, e sempre contra o presidente do Brasil - o presidente da OAB, confunde sua militância política = pessoa física = com a instituição que dirige.
Ao não separar e bem as duas posições - melhor seria, se antes de posar de militante, renunciasse ao cargo que exerce na INSTITUIÇÃO OAB - perde a condição, automática, de presidente da Ordem dos Advogados.
Se quer ser recebido como presidente da instituição, que então formalize por escrito, o que implicará no impedimento de em qualquer momento da conversa, assumir pose de militante, conspurcando a instituição que preside.]

A mensagem de Moro foi postada quando ele soube que Santa Cruz declarara que os apoiadores de Bolsonaro sofrem de “desvio de caráter”. Declaração infeliz, injusta e absurda. Inexistem estudos de qualquer natureza que tenham detectado que os apoiadores de Bolsonaro sofrem de “desvio de caráter”. O que ele disse não passa de uma mera opinião, fruto da mágoa que guarda desde que Bolsonaro afirmou, em junho último, que o pai de Santa Cruz foi assassinado por integrantes da Ação Popular, grupo de esquerda que se opôs à ditadura de 64. O pai de Santa Cruz foi preso por militares e desapareceu desde então.

Fosse de fato ministro da Justiça do Brasil como foram muitos que o antecederam, Moro não teria atacado o presidente da OAB como o fez. Quando nada em respeito à justificada mágoa que ele tem de Bolsonaro. Ou porque como ministro da Justiça do Brasil, ele deveria saber lidar com posições contrárias às suas.  Nos estertores da ditadura de 64, o ministro Petrônio Portela, da Justiça, saiu à campo para conversar com políticos de todos os matizes ideológicos interessado em construir uma ponte para o futuro. Antes de Borja, Jarbas Passarinho foi um ministro que dialogava com todos para pavimentar o caminho de Collor.

Moro comporta-se como advogado de Bolsonaro e do seu governo desde quando tomou posse. Logo de início, fez questão de “perdoar” seu colega Onyx Lorenzoni por uso de caixa 2 em campanhas. [incrível; mas, até o presente momento, não existe a tipificação do crime CAIXA 2. Assim, o passível de punição é eventual infração às leis que venha a ser cometida por alguém, que  ao praticar atos na execução do chamado CAIXA 2, cometa algum crime, tipificado no ordenamento legal brasileiro.]  A Bolsonaro, já forneceu informações sigilosas da Polícia Federal, o que não é permitido. Bajula-o a não mais poder. A ex-juíza Selma Arruda, que se elegeu senadora pelo PSL do Mato Grosso, é unha e carne com Bolsonaro. Conhecida como “Moro de saia” pelo rigor com que tratava os políticos, acabou cassada esta semana por uso de caixa 2. Não sem que antes Moro fosse advogar por ela junto a cada ministro do Tribunal Superior Eleitoral.
Bolsonaro admira Moro cada vez mais. Nem por isso confia nele. Teme estar criando uma cobra que poderá picá-lo adiante. [é um risco inerente aos que exercem atividade política.]

Blog do Noblat - Ricardo Noblat, jornalista - VEJA



sábado, 7 de dezembro de 2019

Moro, a estrela sobe: no show de Roberto, nas pesquisas e na CCJ do Senado - Blog do Noblat

Foi um dos fatos culturais e políticos mais expressivos

É preciso dizer: os aplausos, de pé, do público que lotava o show de Roberto Carlos, sábado passado, em Curitiba, quando o artista registrou a presença do ministro da Justiça e Segurança, Sérgio Moro, têm significados múltiplos e relevantes, política, pessoal e jornalisticamente falando. O principal deles é a demonstração, na prática, dos sinais que as pesquisas dos principais institutos de opinião apontam há meses: o ex-juiz condutor da Lava Jato é a nova estrela que sobe e brilha cada vez com mais intensidade e força no espaço cambiante da política brasileira.

No espaço do Ópera de Arame, onde se deu o espetáculo, restou claro a explosão daquilo que não dá mais para ocultar, nem esconder, nem disfarçar (na metáfora da canção de Gonzaguinha): Foi um dos fatos culturais e políticos mais expressivos, como signo de comunicação, deste fim de 2019 no País. Praticamente ignorado pela chamada grande imprensa, as redes sociais o divulgaram com a hierarquia factual que o assunto merecia.

Registre-se, ainda, a bem da contextualização de Sua Excelência, o Fato: tudo poderia ter-se resumido a mais uma prosaica cena de politização ideológica – tão comum em apresentações marcadas pelo ativismo de muitos de nossos cantores e de tantos de nossos atores, em palcos nacionais e estrangeiros – não raramente reprovadas pela platéia, em alguns casos até com a expulsão de cena, do militante.

Em Curitiba, a diferença aparece no contexto geral da cena. Na reação espontânea e consagradora do público, quando o Rei Roberto parou para reverenciar uma presença: “É um privilégio receber nesta plateia um cara que realmente admiro e respeito. Esse cara é Sérgio Moro, disse". E o público se levantou em peso para aplaudir ao atual político mais bem avaliado do Brasil. Aí se deu o fato político, reproduzido em imagens que bombaram na Internet.

Ulysses Guimarães, em seu Decálogo do Estadista, publicado no livro “Rompendo o Cerco”, proclama a AUTORIDADE como nono mandamento. E assinala em seu enunciado: Autoridade é um atributo nato. É consubstancial ao político. “A competência funcional é dada pelo cargo, a autoridade é pessoal, o homem público é gratificado por ela. É imantação misteriosa e sedutora, irresistível, temperada de respeito e admiração. Homem iluminado pela autoridade é visto por todos, ouvido por todos, onde está é pólo de atração, escreveu Ulysses. Precisa desenhar?

Na quarta-feira, o ministro reapareceu no Congresso, sentado ao lado da senadora Simone Tebet, presidente da Comissão de Constituição e Justiça do Senado, participando da audiência pública que pôs a pique o arranjo produzido dias antes pelos presidentes das duas casas do Legislativo – Rodrigo Maia e David Alcolumbre para postergar a votação do projeto sobre prisão em segunda instância.

Moro falou em urgência: “Não haveria melhor mensagem do que o restabelecimento da prisão após condenação em segunda instância. A decisão se é por PEC, se é por PL (projeto de lei) ou se é por ambos cabe ao Congresso. Se tem uma maioria no Congresso para aprovar esta medida, não vejo lá muito sentido para postergação.” Grupo de 44 senadores logo apresentou solicitação de imediata apreciação do projeto, prontamente acatado pela presidente da CCJ. Tebet ordenou que o projeto conste como primeiro item da pauta da próxima terça-feira. Isto é autoridade. O resto, a conferir.

Vitor Hugo Soares é jornalista, editor do site blog Bahia em Pauta. E-mail:vitors.h@uol.com.br

Transcrito do Blog do Noblat - VEJA



terça-feira, 19 de novembro de 2019

Morde e modula - O Estado de S.Paulo

Eliane Cantanhêde

Sob pressão, STF discute com demais Poderes 'modulação' de decisões incômodas

A sensação em Brasília é de que todos estão, ou estamos, paralisados e com a respiração suspensa à espera de quarta-feira, quando o Supremo começa a discutir e pode até concluir o julgamento sobre o que o Ministério Público e a Polícia Federal podem ou não fazer com dados de milhares ou milhões de cidadãos na Unidade de Inteligência Financeira (UIF, ex-Coaf).




Essa decisão diz respeito não só aos milhares de alvos de processos que fizeram festa com a decisão monocrática do ministro Dias Toffoli, mas também à força-tarefa da combalida Lava Jato, aos órgãos de investigação em geral e à própria sociedade brasileira, exausta com a impunidade. Quatro meses depois de parar quase mil investigações, Toffoli repete uma prática que vai se tornando corriqueira em julgamentos de grande impacto: a busca de uma tal de “modulação” – que no fim não dá certo. Fala-se muito em modular, mas na hora “H” não se modula nada. Melhor exemplo: o drástico recuo, por um voto, na prisão após segunda instância. Sem meio-termo, a decisão foi pura, direta. E tirou Lula da prisão.



O que é “modulação”? É a tentativa de votar a favor dos investigados e contra a vontade da sociedade, mas tentando maneirar e reduzir a avalanche de críticas. Ou seja: o STF se prepara para decidir contra o compartilhamento de dados, tão importante para o trabalho do MP e da PF, mas já pedindo desculpas e amenizando a decisão. Além de dividir responsabilidades.



No voto sobre segunda instância, Toffoli desistiu de última hora de buscar uma inviável modulação, mas empurrou o abacaxi para o Congresso, compartilhando a pressão e as críticas com o outro Poder. Aliás, um parênteses: em artigo ontem no Estado, o ministro Sérgio Moro bem destacou que, ao admitir que o Congresso poderia alterar o Código do Processo Penal e a própria Constituição, o presidente do Supremo admitia também, automaticamente, que a presunção de inocência não é cláusula pétrea da Constituição. Logo, está sujeita a “uma conformação diferente” da decisão do STF.



Assim como a segunda instância dizia diretamente a Lula, mas também a milhares de condenados e presos, a decisão de amanhã sobre o Coaf diz respeito a Flávio Bolsonaro, mas igualmente a milhares de sujeitos a investigações. Se não conseguiu soltar Lula sem favorecer também os demais, dificilmente o STF vai livrar Flávio sem beneficiar os outros milhares. [a clareza nos impõe discordar da ilustre colunista;
Lula é um condenado, sentença confirmada pelo STJ e que está temporariamente em liberdade e Flávio Bolsonaro está apenas sendo acusado, sem que haja nenhuma prova, de envolvimento com Fabricio Queiroz,  citado pelo extinto Coaf como autor de realização de movimentações bancárias consideradas atípicas - movimentações bancárias,  consideradas atípicas, não representam, necessariamente, que sejam ilegais.
Assim, antes de envolver Flávio Bolsonaro com o presidiário Lula - provisoriamente, em liberdade - impõe-se esperar que:
- seja provado que as movimentações atípica de Queiroz são ilegais, criminosas;
- que há ligações, conjugação de vontades entre Flávio e Queiroz no sentido da prática de tais movimentações.
Enquanto isso não ocorre,nada ode ser imputado a nenhum dos dois.]



Apesar de muito difícil, Toffoli tenta uma modulação que evite um efeito tão abrangente e votos envergonhados. É por isso que ele vem conversando e ouvindo muito, inclusive Augusto Aras (PGR), Roberto Campos Neto (BC) e André Mendonça (AGU), enquanto o ministro Gilmar Mendes se reúne com o secretário e o procurador da Receita.



A intenção é buscar informações e compreender o sistema de troca de informações da nova UIF, da Receita e do próprio BC, para não apenas e simplesmente proibir a remessa de dados para o MP e a PF sem autorização judicial – como decidiu Toffoli originalmente no caso de Flávio. “Serão normas de organização e procedimento, o que não pode é continuar essa terra de ninguém”, disse à coluna Gilmar Mendes.



Pode-se concluir que o STF tenta chegar a fórmulas um tanto milagrosas para a UIF e a Receita compartilharem dados de uns, não de outros, dados tais, não quais. No caso da segunda instância, não funcionou. Vamos ver se agora funciona.

Ainda amanhã, o ministro Alexandre de Moraes recebe do deputado Rodrigo Maia a proposta da Câmara para “modular” o pacote anticrime de Moro e se antecipar ao Senado, onde as medidas estão na pauta de amanhã na CCJ. Toffoli já desistiu de brincar de “Grande Irmão” e tudo pode acontecer nesta quarta. A pressão da sociedade não é em vão. 
Eliane Cantanhêde, colunista - O Estado de S. Paulo 


terça-feira, 20 de agosto de 2019

Um filé mignon e tanto - Eliane Cantanhêde

O Estado de S.Paulo

Presidente tenta escolher PGR com os filhos e as redes sociais bolsonaristas. É temerário

[um detalhe ínfimo que não pode ser olvidado: o presidente indica o PGR e esta após indicado, sabatinado e aprovado pelo Senado, tem um mandato e durante este é indemissível.

A independência é total - só pode ser demitido pelo Supremo, após processo regular; fpo essa característica que permitiu ao 'enganot'  impedir, impunemente, Temer de governar.]

O presidente Jair Bolsonaro já disse que, se pudesse dar filé mignon ao filho, ele daria. E não é que ele está distribuindo os filés da República à filharada? O caçula entre os três mais velhos, todos políticos, manda no Itamaraty e quer ser embaixador em Washington, o do meio loteou a equipe de comunicação com amigos que vivem às turras com o resto do Planalto, o mais velho agora quer indicar o procurador-geral da República. E todos tentam controlar a PF, a Receita, o Coaf, o Moro. O governador Witzel que se cuide no Rio.

Só quem compete com Flávio, o “01”, Carlos, o “02”, e Eduardo, o “03”, é um ser difuso, sem nome, cara, alma e coração que responde pela alcunha de “redes sociais”. Trancado no closet do Alvorada, longe de ruídos e interferências, o presidente ouve os filhos e vai se alimentando pelo Twitter, Facebook, Instagram e, assim, tomando as decisões públicas.
O ministro Sérgio Moro costuma brincar que todo jornalista pergunta a mesma coisa: “E a Ilona Szabó?” Para quem não se lembra, essa foi a primeira derrota de Moro num governo em que deveria ser superministro (aliás, com toda justiça, sem trocadilho). Ele convidou Szabó para uma mera suplência de um mero conselho, os bolsonaristas de internet reclamaram e o presidente mandou desconvidar. E tem sido sempre assim, como se o estardalhaço das redes fosse igual à “voz das ruas”. Não é.
Segundo ministros que entram, como o general Luiz Eduardo Ramos, e que saem, como Gustavo Bebianno, Bolsonaro não é tutelado por ninguém. Em outras palavras, essas barbaridades todas que ele vem dizendo num ritmo de metralhadora são coisas de um tripé: ele próprio, os filhos e as redes bolsonaristas. Um tripé do barulho.


Imaginemos quem será o novo procurador-geral da República, um cargo-chave em qualquer época, qualquer governo, porque chefia o Ministério Público e exerce as funções do MP no Supremo, no STJ e no TSE. Logo, precisa de muito equilíbrio, inclusive emocional, para agir com altivez e independência diante dos Poderes, mas entendendo e respeitando o tabuleiro político. Corajoso, não incendiário – diante também do presidente que o escolhe. Não é essa a expectativa. Fernando Henrique teve um “engavetador-geral da República”, Lula nomeou petistas-sindicalistas do MP, Rodrigo Janot tinha obsessão em derrubar Michel Temer, Raquel Dodge apanha mais pelas virtudes do que pelos defeitos. E Bolsonaro procura alguém à imagem e semelhança dele próprio.

Está difícil e pode dar muita confusão. Aliás, já dá. A indicação atribuída a Flávio Bolsonaro, se verdadeira, é um escândalo. Seria de um sujeito com suspeitas de embolsar duas vezes a mesma verba, falsificar assinatura e daí por diante. Alguém assim incendiaria a PGR e o Ministério Público todo. A questão não é o procurador-geral ser da lista tríplice ou não, de direita ou não, bolsonarista ou não. Mas, por favor, que seja alguém que tenha, ao menos, reputação ilibada e conduta irretocável, além de óbvio saber jurídico. Tem muita gente boa de direita e conservadora que tem esses atributos. Será que só serve apadrinhado do “01”, do “02”, do “03” ou dos três juntos?

Todo cuidado é pouco, porque a escolha para a PGR coincide com o “strike” que os Bolsonaro tentam fazer, mirando no Coaf, na Receita Federal e na Polícia Federal e ampliando, assim, uma lista interminável de vítimas que inclui Inpe, Ancine, Ibama, ICMBio, Fiocruz, IBGE. Se o presidente não é tutelado, pelo menos deveria ouvir a voz da razão e dos que conhecem a importância da PGR, o que, definitivamente, não é o caso dos filhos nem das redes sociais. Esse não é um filé mignon qualquer. E pode custar um preço muito mais alto do que o próprio presidente imagina.
Eliane Cantanhêde - O Estado de S. Paulo

domingo, 18 de agosto de 2019

Blindagem - Eliane Cantanhêde

O Estado de S.Paulo

Fim da crise, Bolsonaro, Moro e Valeixo vivem felizes para sempre. Será?

Vamos falar claramente. É preocupante a investida simultânea do presidente Jair Bolsonaro contra a Polícia Federal, a Receita e o Coaf, além de sua estranha relação com Sérgio Moro e a dificuldade para definir o procurador- geral da República. Pior: no caso da PF e da Receita, os alvos imediatos são os superintendentes no Rio, base dos Bolsonaro e assolado por violência, milícias e “rachadinhas”. O presidente diz que “não é um banana” e é ele quem manda. Isso, porém, não significa sair nomeando os homens da PF e da Receita nos Estados, já que são órgãos de investigação, obrigatoriamente autônomos. Bolsonaro escolher pessoalmente os superintendentes no Rio abre a porteira. Os governadores vão querer indicar, políticos e empresários investigados, também e não para mais. O que vai parar são as investigações de corrupção.

[infelizmente, o grande problema do presidente Bolsonaro - fácil de ser resolvido, depende só dele querer -  é falar demais.
Ele precisa tem em conta que o estilo "Geisel" é o mais adequado - decide fazer e faz.

A democracia não obriga o presidente a anunciar com antecedência que vai demitir ou nomear alguém, ou transferir  - o mais acertado é nomear, demitir ou  transferir e que o porta-voz, através de uma nota, divulgue o ocorrido:

- O caso do Coaf, Bolsonaro é acusado de interferir, quando na realidade o grande erro daquele órgão foi vazar investigações - todos parecem esquecer que as ações do Coaf são reservadas (na quase totalidade das vezes, envolvem sigilos - fiscal e/ou bancário, portanto, qualquer vazamento é crime) condição que tornou crime o vazamento das investigações sobre Fabricio Queiroz;

- a troca na PF do Rio era assunto para ser conversado com o ministro da Justiça, o presidente não tinha nada que sair dando explicações, demonstrando autoridade - Geisel demitir o General Sylvio Frota, ministro fortíssimo, e nada falou, nem antes, nem depois. Demitiu o general Hugo Abreu e nada falou.
Autoridade se demonstra, exercendo e não gritando que manda e desmanda.


- já a Receita Federal, quer criar uma nova categoria de servidor público = insubstituível =, o que é um verdadeiro absurdo, NINGUÉM É INSUBSTITUÍVEL - tem um provérbio português que diz: "de pessoas insubstituíveis, os cemitérios estão cheios". 

 ------- ATENÇÃO: antes que interpretem a citação como uma  ameaça, enfatizo que  é apenas e tão somente uma citação de um provérbio,  confirmando uma situação óbvia.-----

O trecho abaixo, de documento enviado ao presidente Bolsonaro, pela cúpula da  Receita, mostra a existência dos 'insubstituíveis'."Acúpula da Receita fez chegar ao presidente Jair Bolsonaro um dossiê que alertasobre o alto risco de substituição, no porto de Itaguaí, do atual delegado daalfândega por um fiscal menos experiente." 
O Marcos Cintra já deveria ter sido demitido, mas, o presidente fica no chove não chove, quando resolver demitir, vai fazer um alarde e complicar uma demissão de um funcionário do terceiro escalão.

Outro detalhe importante: o eleitor brasileiro precisa entender que o cidadão ser um bom animador de auditório, bom cantor, um humorista, um empresário de sucesso  não o torna um excelente presidente - os exemplos são muitos.]  

Justiça se faça. Lula foi investigado, condenado e preso, Dilma foi investigada e caiu por impeachment, mas não ousaram meter a mão na PF. E, quando Temer nomeou Fernando Segovia para a PF por apadrinhamento político, ele não durou três meses na direção geral. Ao anunciar a jornalistas a troca da PF no Rio, com críticas ao superintendente Ricardo Saadi, o presidente acendeu o sinal amarelo. Não era um caso isolado. Ele já vinha investindo contra o Coaf, empurrado para o Banco Central, e contra a Receita, em pé de guerra com a intervenção no Rio e “otras cositas mas”. Na sexta-feira, o secretário da Receita, Marcos Cintra, já teve uma conversa séria com o chefe imediato, Paulo Guedes.



Para se blindar, a PF lançou como sucessor de Saadi o atual superintendente de Pernambuco, Carlos Henrique Souza. Mas Bolsonaro foi à tréplica, anunciando no dia seguinte que quem manda é ele e que seria o superintendente do Amazonas, Alexandre Saraiva. De amarelo, o sinal da PF virou vermelho. O diretor-geral, Maurício Valeixo, e toda a cúpula da PF ameaçaram pedir demissão em bloco e comunicaram ao ministro Sérgio Moro que não havia meio termo: ou vingava o nome indicado pela PF, como sempre foi, ou haveria uma debandada. Valeixo é do Paraná, próximo a Moro, destaque da Lava Jato e principal estrela da PF.



Espremido entre o presidente e a PF, Moro articulou a saída: em nova entrevista, Bolsonaro esqueceu a história do “banana” e disse que, tudo bem, podia ser o delegado do Amazonas, podia ser o de Pernambuco. Bolsonaro escapa de uma crise grave, Moro sobrevive a mais uma desfeita, Valeixo fica num cargo onde está brilhando e vivem todos felizes para sempre. Será? Essas coisas deixam cicatrizes. E se as bases da PF e da Receita decidirem retaliar? Bolsonaro é especialista em abrir frentes de atritos dentro e fora do País, incluindo agora Luciano Huck, potencial adversário em 2022. Mas que motivos o presidente tem para confrontar a PF, que mantém um rumo absolutamente profissional e acumula troféus neste ano? Prendeu dois perigosos mafiosos italianos sem um tiro, rastreou e prendeu eficazmente o “doleiro dos doleiros”, um gol. E o que dizer da operação rápida de identificação, rastreamento e prisão dos “hackers da República”?



Se há uma bronca de Bolsonaro com a PF, além das ocultas, envolvendo seus filhos, é que ele não se conforma com as conclusões sobre a facada durante a campanha, convencido de que Adélio Bispo não é maluco e não agiu sozinho. Pois vai se surpreender com o relato da extensiva e sofisticada investigação feita pelos policiais federais – aliás, comandada pela PF de Minas, não do Rio. Isso só confirma a essência do governo Bolsonaro. As prioridades número um, dois e três são sempre pessoais: seus filhos, seus interesses, suas crenças, suas obsessões. As instituições começam a reagir e a se impor.

Eliane Cantanhêde - O Estado de S. Paulo 


segunda-feira, 17 de junho de 2019

“É uma brasa, Moro!” e outras notas de Carlos Brickmann

Até o presente momento, Moro parece ter vencido politicamente a guerra que o Intercept iniciou [vencerá também na seara jurídica - as acusações da militância que posa de jornalismo, são ilegais na forma como foram obtidas e não possuem sustentação.]



Juridicamente, pode ser que haja irregularidades nas comunicações entre o ministro Sérgio Moro e procurador-chefe da Lava Jato, Deltan Dallagnol. A OAB abriu fogo contra ambos e juristas respeitados os criticam. [A Constituição sustenta Moro e o procurador-chefe da Lava Jato;
quanto à popularidade ao POVÃO interessa que ladrões tipo Lula sejam desmascarados, presos e mofem na cadeia. ] Em termos de comunicação, manda a boa técnica que se publique parte da denúncia e se aguarde a reação. Só então se publica a denúncia completa. Esses fatores podem mudar a situação, mas, até o presente momento, Sérgio Moro parece ter vencido politicamente a guerra que o Intercept iniciou.

Alguns fatos demonstram que Moro, se o atingiram, foi só de raspão.
1 – No Maracanã, dizia Nelson Rodrigues, vaia-se até minuto de silêncio. Lula, no auge da popularidade, foi vaiado no estádio de São Januário. Moro foi ao estádio em Brasília, vestiu a camisa do Flamengo e foi aplaudido.
2 – Numa das mensagens atribuídas a Moro, há a frase “In Fux we trust” (em Fux confiamos). Na sexta de manhã, o ministro Fux tomou um avião em Brasília e foi aplaudido por passageiros. Houve gritos de “In Fux we trust”.
3 – Pesquisa da XP (elaborada para orientar investidores) mostra Moro como o mais popular integrante do Governo. Sua nota oscilou de 6,5 para 6,2, ainda bem acima do segundo, o próprio presidente Bolsonaro.
Quem votou em Bolsonaro por não aceitar nada do que está aí deve estar feliz com as transgressões atribuídas a Moro – justo ele, com cara de bom moço. E foi depois de ver as pesquisas que Bolsonaro lhe deu apoio total.

(...)

Brasil é Brasil
Mas nunca levem uma análise (nem as deste colunista) demasiado a sério. No Brasil, dizia Pedro Malan, até o passado é imprevisível. Imagine o futuro.

Guerra é guerra
A próxima batalha entre o Intercept e Moro pode ser deflagrada ainda hoje, com a publicação de novas mensagens. Mas a seguinte é a da Polícia Federal contra quem forneceu informações ao Intercept. O que se diz é que nada será feito que viole a liberdade de imprensa: quem publicou tinha o direito de fazê-lo. O que se investiga, dizem, é quem obteve ilegalmente as mensagens, e como. Suspeita-se até de um esquema internacional, com o objetivo de desmoralizar as decisões da Justiça e conseguir libertar Lula. De acordo com o jornalista Cláudio Humberto (www.diariodopoder.com.br), pode haver operações de busca e apreensão nos endereços dos responsáveis pelo Intercept. Fala-se em respeitar a liberdade de imprensa, mas sabe-se lá.

(...)

sábado, 15 de junho de 2019

O calvário de Moro

[imperativo ter em conta:

- não existe, até o presente momento, o menor fiapo de prova a garantir a autenticidade das supostas conversas;

- provas obtidas por meio ilícito  não são válidas.

Tanto que os comentários de um dos  integrantes do 'intercept', erra quando diz que vem mais coisa por aí.

Que venham.]

A divulgação de conversas privadas com procuradores da Lava Jato expõe o ministro da Justiça, Sergio Moro. Por ora, no entanto, há muita espuma em torno do caso e um desejo irrefreável de setores do judiciário de desmoralizar a Lava Jato e criar um ambiente favorável à soltura de Lula

Os diálogos revelados, na última semana, pelo site The Intercept Brasil sacudiram a República por envolverem o suprassumo da operação Lava Jato, em especial, o ministro da Justiça, Sergio Moro – ex-juiz até então acima de qualquer suspeita e elevado à condição de herói nacional depois de mandar para a cadeia empresários e políticos poderosos. A reportagem, no entanto, deixa uma série de fios desencapados expostos. A origem do material, obtido provavelmente de forma ilícita, a maneira como foi divulgado e por quem – um jornalista que jamais escondeu ser partidário da causa lulista – abrem margem para dúvidas. Divulgada a íntegra, observou-se que algumas trocas de mensagens foram descontextualizadas na edição. Ainda há, portanto, uma nuvem de mistérios e contradições a pairar sobre o caso ao qual se pretende dar ares de escândalo. 

Algo, no entanto, já é possível depreender das conversas até agora reveladas: como a figura mitológica Antígona que enterrou o irmão à revelia do rei, o ex-juiz Sergio Moro parece ter admitido, movido pelo dever, flexibilizar os limites das normas que regem o convívio dos magistrados com os procuradores. Aparentemente, o juiz entendeu que, para desmantelar quadrilhas, enjaular empreiteiros e apanhar os mais altos hierarcas do País, não bastaria agir candidamente, sob pena de perder a batalha para criminosos donos de conhecidos tentáculos no Judiciário, Executivo e Legislativo.  

A julgar pelos efusivos aplausos recebidos pelo magistrado durante o jogo do Flamengo, em Brasília, na quarta-feira 12, a sociedade nutre semelhante compreensão. Por isso, ao fim e ao cabo, fatalmente Sergio Moro tende a ser absolvido no tribunal do povo. Ocorre que o desenlace do rumoroso episódio não constituirá um referendo popular. E essa é a nossa tragédia grega: é possível condenar um juiz que pode ter colocado a ética da convicção acima da ética da responsabilidade, de que falava o sociólogo Max Weber, na hora de enviar para trás das grades corruptos – muitas vezes confessos – flagrados no maior assalto aos cofres públicos da história recente do Brasil? Uma coisa é certa: existe um desejo incontido de setores do Judiciário para anular os processos da Lava Jato. Os que sempre acalentaram o sonho de desmoralizar a operação, mas receavam virar alvo de críticas, agora rasgaram de vez a fantasia. A campanha está aberta.

Será preciso mais do que mera vontade para desacreditá-la. Os diálogos revelados até agora não evidenciam crime ou ilegalidade de fato. Não há plantações de provas, nem desrespeito ao devido processo legal. As conversas sugerem que Moro instruía procuradores da Lava Jato. Mostram uma proximidade na relação com integrantes do Ministério Público Federal por meio da qual o julgador não só orientava como cooperava com o acusador. Em trechos dos diálogos, Moro aconselhou o procurador que trocasse a ordem de fases da Lava Jato, cobrou agilidade em novas operações, deu conselhos e pistas informais. “Talvez fosse o caso de inverter a ordem das duas planejadas”, sugeriu Moro a Deltan Dallagnol, falando sobre fases da investigação. “Não é muito tempo sem operação?”, questionou o atual ministro da Justiça, após um mês sem que a força-tarefa fosse às ruas. “Não pode cometer esse tipo de erro agora”, repreendeu, se referindo ao que considerou uma falha da Polícia Federal. Em outra conversa, Dallagnol relata a Moro que o ministro do STF Luiz Fux garantiu que a Lava Jato poderia contar com ele. Ao que o ex-juiz respondeu: “In Fux we trust”. Trata-se de um desvio ético capaz de fazer com que Moro perca a presunção da infalibilidade?

Decerto. Não se verifica, porém, antecipação do juízo de mérito de processos pelo juiz. Também não são tratadas questões relativas à culpa de acusados. Ademais, nada do que fora divulgado é muito diferente do que acontece nos corredores e gabinetes do poder Judiciário, não raro à luz do sol. Como bem lembrou a deputada estadual Janaína Paschoal “em um país em que parentes de ministros advogam nos tribunais superiores, a nata da advocacia criminal faz jantar em homenagem ao presidente da Corte que julgará suas causas, em que o magistrado da causa oferece festa de aniversário para a parte e um ex-ministro de Estado se refere a um ministro do STF (Gilmar Mendes) como “nosso advogado” e ninguém se considera suspeito, parece piada querer fazer um carnaval por causa de três frases em um grupo de whatsapp”. O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso fez coro: “O vazamento de mensagens entre juiz e promotor da Lava-Jato mais parece tempestade em copo d’água”, disse. A maioria dos juristas segue a mesma linha. Entende que a proximidade entre procuradores e juízes é normal no Brasil — ainda que possa ser considerado imoral e viole o código de ética dos magistrados.



Os diálogos

O site Intercept Brasil publicou, no domingo 9, uma série de diálogos entre integrantes da força-tarefa do Ministério Público Federal do Paraná com o então juiz Sergio Moro. Neles, o atual ministro da Justiça aparece orientando o trabalho dos procuradores em investigações.

[destacamos que não foi publicado pelo 'intercept' nenhuma 'captura de tela' , que sirva de subsidio para comprovar, ainda que de forma contestável, a tenacidade do material.

Todo o material divulgado reforça o entendimento das conversas terem sido forjadas.]

(...) 

Também ouvimos Leandro Demori, editor executivo do site e o outro responsável pelo que já é conhecido como o Escândalo Vaza Jato.

Moro e os procuradores federais cometeram crimes?
Não dissemos que o juiz nem os procuradores cometeram crimes. Nossas reportagens até agora mostraram que Moro pode ter violado regras éticas claras ao interagir com eles nos casos em que parecia julgar de forma neutra. Ele e Deltan Dallagnol, ao afirmarem que não havia um ambiente de colaboração mútua, não estavam sendo verdadeiros. Deltan e outros procuradores da Lava Jato também afirmaram apartidarismo, mas entre eles, queriam que o PT perdesse a eleição e estavam dispostos a tomar medidas para tanto. A força-tarefa tinha sérias dúvidas sobre o caso contra Lula, enquanto diziam ao público que as evidências de sua culpa eram inegáveis. [Lula é corrupto, é ladrão, está preso cumprindo pena de uma condenação, tem outra a ser confirmada nos próximos dias e responde a mais processos, que gerarão novas condenações.

Ainda que seja solto - não devido aos vazamentos, que nada provam e sim por já ter cumprido um sexto da pena = primeira condenação - será preso novamente, logo que a segunda condenação seja confirmada pelo TRF - 4.]

A revelação parcial das conversas não indicaria direcionamento?
Se publicássemos tudo, seríamos acusados de irresponsabilidade e de invasão de privacidade. Se publicássemos apenas as exceções, diriam que tiramos o material do contexto. Selecionamos trechos contextualizados e nada distorcidos.

MATÉRIA COMPLETA, em IstoÉ


 

terça-feira, 9 de abril de 2019

#SanatórioGeral: Entre o manicômio e o purgatório e o Gênio da raça

[o cara enlouqueceu - quanto ao purgatório está um estágio abaixo do que o ex-frei tem se esforçado toda a vida para ter direito = o inferno.]

Frei Betto revela que tem tido visões de "mobilizações pró Lula livre em todo mundo" e escutado aplausos para o ex-presidente presidiário


“Mil condenações jamais haverão de sombrear o seu protagonismo na história do Brasil e a força de sua liderança popular. Quanto mais tentam esmagá-lo, mais você cresce. Em todo o mundo há mobilizações pró ‘Lula livre’. 

Ao proferir conferências no exterior e dedicá-las em sua homenagem, seu nome tem sido efusivamente aplaudido. A prisão é um eremitério. Lugar de reflexão e aprofundamento. Sei que você tem aproveitado para avaliar acertos e equívocos dos 13 anos de governo do PT. Os acertos são sobejamente conhecidos”.

 (Frei Betto, em carta enviada a Lula, revelando que tem tido visões de “mobilizações pró Lula livre em todo mundo”, que tem escutado aplausos efusivos ao dizer seu nome em palestras e que o protagonismo do ex-presidente presidiário tem crescido durante a temporada atrás das grades, fazendo com que os brasileiros imaginem se o ex-frade merece uma temporada num manicômio por excesso de loucura ou no purgatório por excesso de mentiras)

#SanatórioGeral: Gênio da raça

Lindbergh chega à brilhante conclusão de que o YouTube faz parte do complô internacional contra Lula formado por Moro, Bolsonaro, Palocci, a CIA e Israel

“A gente decidiu lançar esse canal ‘À Esquerda’ porque, infelizmente, no YouTube há uma hegemonia muito grande da direita. E a gente acha importante ocupar esse espaço, que é um espaço de resistência a esse governo do Bolsonaro. É um espaço de quem defende a democracia, de quem defende a liberdade do Lula“.

 (Lindbergh Farias, sem emprego conhecido desde outubro, ao explicar por que criou um canal no YouTube em parceria com Vanessa Grazziotin, chegando à brilhante conclusão de que o canal de vídeos mais democrático da internet também faz parte do complô internacional contra Lula que inclui, entre outros indivíduos e entidades, a Polícia Federal, ministros do TRF-4, o Ministério Público, Sergio Moro, Jair Bolsonaro, Antonio Palocci, a CIA e Israel)