O fenômeno do “ditador” que insiste na defesa da liberdade e os “democratas” que querem controlar a mídia.
Os inúmeros
brasileiros que como eu já sofreram censura e punição de provedores das
redes sociais, sob o argumento de “ir contra a política da empresa”,
sabem que se trata-se de um evidente e inaceitável abuso de poder. Ora,
se, analogamente, conforme o princípio constitucional da legalidade,
inarredável no Direito, “Não há crime sem lei anterior que o defina, nem
pena sem prévia cominação legal”, por que eu poderia ser punido com a
suspensão de minha conta no Facebook, por exemplo, sem que me fosse
objetivamente apresentada a causa, ou seja, apontada a regra
desobedecida e a respectiva previsão punitiva?
Tá, é um
contrato, uma adesão, estamos em situação típica “pacta sunt servanda”. É
mesmo? Então, antes do expurgo me mostre que regras foram infringidas,
que cláusulas rompi, que abusos cometi e, mesmo assim, que se cumpra o
devido processo – tem que haver um. Além disso, ao agir como “juiz”, é
de se esperar que a decisão seja fundamentada. A forma simplista e
genérica com que são apresentadas as punições é inaceitável em um regime
democrático. Lembrando o presidente Jânio Quadros, parece um “fi-lo
porque qui-lo”.
Mais
esquisito ainda, é saber que há nas punições um viés ideológico
claramente identificável. O conservadorismo está sob ataque, ou, de
outro modo, o progressismo avança sobre as nossas liberdades. Seja por
suspensão, por redução de alcance das postagens, por sumiço aleatório de
seguidores, por priorização em pesquisas, as chamadas big techs agem em
uníssono contra abordagens e temas que vão em defesa de uma visão,
digamos, para simplificar, à direita. As big techs e os tais algoritmos
que comandam os acessos e as postagens tem cor, são vermelhos como o
sangue das vítimas de suas ideologias assassinas.
Ocorre,
contudo, que os provedores não têm esse mandato estabelecido, não é para
isso que estão autorizados. Ao “ler” as nossas postagens com filtro
ideológico e eliminarem o que lhes pareça inadequado, eles agem como
editores, fugindo assim aos seus pressupostos. Disso, obviamente,
aproveita-se a esquerda em sua clássica política de repressão e
perseguição a adversários políticos. Nessa batida, chegará o dia em que
pelas big techs só transitarão postagens aderentes a uma determinada
ideologia. O debate estará encerrado pelo cancelamento dos contrários.
Como elas são amplamente majoritárias no mercado, dominarão o
conhecimento e a percepção da realidade. Quanto mais nos comunicamos por
elas, mais subordinados estaremos às suas regras que, como já admitido
por seus próprios donos, não são neutras, obedecem a uma determinada
visão de mundo.
Pois bem, em
defesa da liberdade de expressão, o governo federal editou uma medida
provisória que pretendia limitar a discricionariedade dos provedores e
preservar a liberdade de expressão.
Os partidos de esquerda
imediatamente (como de costume) foram ao Supremo defender o garrote em
nossa liberdade.
No vaivém de manifestações da AGU, MPF e STF, o
presidente do senado, o Pacheco, devolveu a MP ao Executivo, alegando
inconstitucionalidade. Contra o governo vale tudo. [A devolução da medida provisória, devolução que pode ocorrer sem fundamentação é aceitável. O mais grave é que a 'esquerda', de forma covarde e estimulada pelo medo que possue da verdade, também se opôs ao envio pelo Executivo de um projeto de lei, que permitiria a discussão ampla e prévia da matéria. Gritaram, uivaram, mas tudo indica que terão que engolir a discussão da matéria e até mesmo uma possível aprovação.]
Se, por acaso, eu disser na rede social que
em diversas partes do mundo estão promovendo manifestações contra o
passaporte sanitário, arrisco ser prontamente suspenso, embora esteja
apenas noticiando um fato público e serei execrado como negacionista,
autor de “fakenews” atentatória à saúde pública etc, etc, etc.
Se eu
postar que em determinado lugar aquele remedinho contra verme continua
sendo usado, fico de castigo um mês inteiro.
Não importa que o fato seja
verdadeiro, ou, se contestável, exija apresentação de prova contrária.
O
que é o silenciamento liminar, senão um filtro de opinião, ou seja,
censura escancarada?
O poder das
big techs é tão grande que, não esqueçamos, em 2020 silenciaram ninguém
menos que o presidente americano Donald Trump, em flagrante militância
pró-Biden. Durante meses de campanha as redes não permitiram que fossem
expostas as traquinagens e as ações pretéritas da família Biden, que, ao
cabo, sem ter que responder sérias acusações, ganhou as eleições, ainda
que discutivelmente. Pudera! Perceba-se que o mesmo já estão preparando
aqui no Brasil. Imagine contra quem!
Neste
domingo,19/09, o Executivo mandou ao Congresso Nacional em forma de
projeto de lei, uma proposta com o mesmo objetivo – proteger a liberdade
de expressão. Se MP não vale, que uma Lei valha. O item principal do PL
do Executivo é “... o provedor de redes sociais é obrigado a notificar o
usuário, identificando a medida adotada, apresentando a motivação da
decisão de moderação, as informações sobre prazos, canais eletrônicos de
comunicação e procedimentos para a contestação, bem como a eventual
revisão da decisão”. Parece o mínimo exigível para que não nos
subordinemos ao Sr. Algoritmo, embora haja quem aceite docemente a
coleira no pescoço.
Com 150
milhões de usuários de redes sociais (70% da população), não parece
razoável que toda essa comunicação seja mediada/controlada por empresas
segundo critérios desconhecidos e, além disso, sejam de difícil
contestação no caso de insatisfação do usuário punido. A idéia é
clarificar as regras e preservar o direto fundamental à liberdade de
expressão que, obviamente, não pode ser usado para cometimento de crimes
(disso cuida a justiça), mas não pode ser cerceada sem critérios
rigorosamente subordinados aos direitos fundamentais.
É claro que a
pretexto de “combater fakenews”, a horda esquerdista, seguida pelos
isentões da cor vermelho-íntimo, cairá de pau em cima do projeto de lei.
Para quem, como o lulopetismo e seus puxadinhos, pretende controlar a
mídia de modo geral, censurar a postagem do indivíduo é fichinha,
especialmente se este fica noticiando e debatendo temas contrários à
agenda progressista.
Hoje alegam
que há postagens “não científicas” (quem decide, se, por definição, a
ciência, segundo Karl Popper, implica refutabilidade?), amanhã o alvo
serão as postagens “não-democráticas” (quem decide a extensão e o
conceito de democracia?), depois de amanhã serão as mensagens
religiosas, ou seja, dependendo de quem decide, a comunicação entre os
indivíduos, portanto, o direito à opinião, estará sob controle. Há que
se controlar os controladores, daí a necessidade da Lei.
Mais uma vez,
nota-se que o presidente Jair Bolsonaro, fantasiado pela velha mídia
como um “ditador”, exerce com firmeza e convicção, como em seu discurso
na ONU, a mais ampla defesa da democracia, da soberania nacional e das
liberdades individuais, o que significa desmentir, dissolver, destruir a
falácia de seus adversários. De sobra, ainda defendeu a liberdade
religiosa, o que para a esquerda é atestado de atraso.
Os
verdadeiros tiranetes, já identificados por suas próprias ações embora
ensaboem seu palavrório fino, estão no outro lado da praça, prendendo e
arrebentando por delito de opinião, sem lei prévia, na base da
hermenêutica de ocasião, coadjuvados pelos donos das big techs que calam
os usuários inconvenientes ao sistema, enquanto deixam livres e
operantes os militantes de causas e ideologias totalitárias.
Valterlucio Bessa Campelo escreve eventualmente em seu BLOG e no site Conservadores e Liberais (puggina.org)