Este espaço é primeiramente dedicado à DEUS, à PÁTRIA, à FAMÍLIA e à LIBERDADE. Vamos contar VERDADES e impedir que a esquerda, pela repetição exaustiva de uma mentira, transforme mentiras em VERDADES. Escrevemos para dois leitores: “Ninguém” e “Todo Mundo” * BRASIL Acima de todos! DEUS Acima de tudo!
O presidente Lula, em um mês de casa, ainda não foi capaz de produzir ou propor uma única ação útil em seu governo, mas continua plenamente empenhado em levar adiante a guerra que declarou contra todo o Brasil que não se ajoelha diante dele.
Sua ideia fixa, no momento, é construir pela repetição e arrogância uma mentira oficial, com carimbo da presidência da República, para falsificar a história do Brasil – o disparate de dizer que a ex-presidente Dilma Rousseff foi demitida do poder por um “golpe de Estado”. É uma decisão bem pensada, consciente e deliberada de se comportar de maneira desonesta; não foi um deslize de linguagem, ou uma distração. Lula falou em golpe pelo menos três vezes, inclusive em viagem oficial ao exterior; na última menção, aliás, fez questão de citar o “golpista Michel Temer” – o que, além de mentira, é um insulto grosseiro e gratuito a um homem que nunca lhe fez mal nenhum.
Sua ideia fixa, no momento, é construir pela repetição e arrogância uma mentira oficial, com carimbo da presidência da República, para falsificar a história do Brasil
Lula não quer paz; chegou à conclusão de que, não tendo nada de positivo a apresentar, nem agora e nem no futuro próximo, o mais lucrativo para ele é continuar fazendo discursos para construir inimigos artificiais e espalhar veneno em tudo o que fala.
A alegação do golpe contra Dilma é demente.
Dilma foi destituída da presidência por um processo absolutamente legal de impeachment, estritamente dentro do que estabelece a Constituição. Sua demissão foi aprovada pelos votos de 61 senadores, num total de 81, e 367 deputados num total de 513 – um placar de goleada histórica.
O processo levou nove meses inteiros para ser concluído; a acusada pode exercer, ao longo deste tempo, todos os seus direitos de defesa. O STF, em pessoa, fiscalizou cada passo do impeachment. Como um presidente da República pode chamar isso de “golpe de Estado”? É 100% irresponsável.
A mentira oficial de Lula vai ainda adiante. Ele sustenta a enormidade segundo a qual as maravilhas do seu governo e do tenebroso governo Dilma foram “destruídas” por Michel Temer.
Estamos, aí, em plena insânia. Lula-Dilma, para ficar só no grosso, deixaram o Brasil com a maior recessão de toda a sua história econômica, com mais de 5% de recuo, 14 milhões de desempregados, juros recorde.
Temer, em pouco mais de dois anos, consertou tudo isso; é o que mostram os fatos, e esses fatos mostram o contrário do que Lula diz. Mais: se Temer é golpista, como garante o atual presidente da República, então o seu governo terá sido ilegal, e todas as decisões que tomou também são ilegais.
Que tal, nesse caso, que Lula exija a demissão do ministro Alexandre de Moraes, do STF? Ele foi nomeado pelo ”golpista” Michel Temer. Onde está a coragem que exibe no discursório?
É extraordinário que o governo Lula tenha dois – não um, dois – órgãos oficiais diferentes para combater a “desinformação” e as “fake news” tão amaldiçoadas pela esquerda, na Advocacia-Geral da União e no seu Ministério da Propaganda, a “Secom”. O que vão fazer esses vigilantes da verdade, agora, diante da brutal violação dos fatos pelo presidente da República?
Dizer que houve um “golpe” contra Dilma é mais do que praticar “desinformação” – é uma agressão comprovada à verdade mais elementar. Quais as sanções que serão tomadas?
A esquerda, mais uma vez, veio com uma tentativa de explicação perfeitamente hipócrita para as mentiras de Lula: disse que ele “pretendeu dizer” que tinha havido “um golpe dentro da Constituição”.
É uma desculpa safada. Se quisesse mesmo dizer isso, Lula teria dito; se não disse, é porque não quis, e fez questão de falar em golpe e acusar de golpe um homem que fez um governo 1.500 vezes melhor do que o seu. O que o presidente quer é confronto. Não tem outra coisa a apresentar.
A
realidade é que Alexandre de Moraes e seus colegas não tiveram, em
nenhum momento, a menor objeção dos militares para tomar qualquer medida
que tomaram
Ditaduras, uma vez que são impostas a algum país, não costumam ser
biodegradáveis, nem passíveis de reciclagem.
Não se tornam mais suaves,
racionais ou justas com o passar do tempo, nem se transformam em outro
material.
Nunca recuam, nem cedem um milímetro do poder que tomaram, nem
ficam mais inofensivas. Jamais abrem mão da sua violência — ao
contrário, a repressão, as punições e a eliminação dos direitos
individuais e das liberdades públicas só se tornam piores.
É inútil ser
tolerante, ou compreensivo, ou “pragmático” com elas, na esperança de
satisfazer os ditadores; eles não se satisfazem nunca.
São ditaduras,
unicamente isso, e a cada dia de vida que ganham ficam com mais cara,
corpo e alma de ditadura. É o caso do Brasil de hoje, obviamente.
Alexandre de Moraes e as Forças Armadas - Foto: Montagem Revista
Oeste/Shutterstock/José Cruz/Agência Brasil
Deixaram, cerca de quatro anos atrás, que o Supremo Tribunal Federal começasse a violar abertamente a Constituição e o restante da legislação em vigor no Brasil, num projeto para entregar o controle do país aos ministros e às forças que os apoiam. Hoje a ditadura está operando com todas as turbinas ligadas, e raramente passa um período de 24 horas sem que seus operadores deixem de aprofundar o estado de exceção que criaram. É um golpe de estado em câmara lenta, sem tanques na rua e com golpistas que usam toga de juiz em vez de farda de general — mas é golpe do mesmo jeito. O fato é que a ditadura ganhou, e amanhã vai estar mais destrutiva do que é hoje.
A última prova material, objetiva e indiscutível de que o Brasil vive numa ditadura do Poder Judiciário é a cassação, por parte do ministro Alexandre de Moraes, do direito de palavra da deputada federal Bia Kicis nas redes sociais; também foi punido o seu colega Júnio Amaral, e ambos se juntam à deputada Carla Zambelli, que está silenciada desde o dia 1º de novembro.
É, como tantas outras, uma decisão absolutamente ilegal.
O STF simplesmente não pode proibir um deputado federal de manifestar a sua opinião; nem o STF e nem ninguém.
A Constituição diz, em português claríssimo e compreensível até para um analfabeto, que os parlamentares brasileiros têm o direito de levar ao públicoquaisquer opiniões — e esse quaisquer quer dizer todas,sem exceção de nenhuma, para que jamais haja nenhuma dúvida a respeito, nem justificativas para a violação do que foi escrito.
Não se trata de um acaso. Essa palavra foi colocada de propósito no texto da Constituição, justamente para impedir que alguém pudesse fazer o que o ministro Moraes está fazendo: alegar algum motivo de “interesse superior” para confiscar de um deputado federal brasileiro o direito de exercer plenamente o mandato que lhe foi conferido pelos eleitores — mais de 200.000 cidadãos de Brasília, no caso específico de Bia Kicis. Não interessa o que a deputada disse, e menos ainda se o que disse está certo ou errado. A única coisa que deveria valer é a regra escrita na Constituição: ela não pode ser impedida de falar o que quiser. Essa regra não vale mais nada no Brasil de hoje.
Já não existe há bom tempo, por parte de Alexandre de Moraes e de qualquer dos seus colegas, nem mesmo alguma tentativa remota de disfarçar a ilegalidade dos atos que praticam. Disfarce para quê?
Uma ditadura, depois que se estabelece, não precisa disfarçar mais nada; faz, no caso brasileiro, uma encenação de que age em defesa da “democracia”, mas na prática toma as decisões que quer e não dá satisfação a ninguém. No episódio com Bia Kicis, não foi dado nem mesmo um motivo para a punição — a deputada foi expulsa das redes, e ponto final. No caso de Carla Zambelli, o ministro decidiu que ela tinha“o nítido propósito” de romper “com o Estado Democrático de Direito”.Que disparate é esse?
Como uma autoridade pode determinar qual é o “propósito” de alguém ao dizer isso ou aquilo?
Que lei o autoriza a fazer esse tipo de adivinhação — que ainda por cima, como no caso de Bia Kicis, anula um mandamento constitucional?
Moraes fala, também, numa “Assessoria Especial de Enfrentamento à Desinformação”. Que diabo vem a ser isso?
O órgão, com um desses nomes que encantam ditadores de Cuba à Coreia do Norte, não tem existência legal; foi inventado por Moraes e não poderia, assim, ser acionado para nada.
Mas é usado como mais uma polícia do STF, para caçar mensagens “suspeitas” nas redes e aplicar multas de R$ 150.000 por hora.
Naturalmente, como Moraes vem fazendo desde que a ditadura começou a ser implantada no Brasil, nenhuma das punições obedeceu a processo legal — uma aberração que só existe em países onde o sistema judicial funciona no estilo do falecido ditador Idi Amin, ou de alguma outra republiqueta africana controlada por gângsters.
Assassinos, traficantes de droga e estupradores têm direito a todas as regras estabelecidas em lei quando são acusados de algum crime;os deputados perseguidos pelo STF não têm. São punidos por decisão pessoal de Moraes, sem processo nenhum, sem advogados, sem direito sequer de ser informados do que fizeram. Se isso não é uma ditadura, então o que é?
A discussão a esse respeito, em todo o caso, já ficou para trás — o que importa é a realidade que existe hoje, e essa realidade mostra que a ditadura do judiciário não apenas está aí, mas conta com imensos apoios nas forças que têm influência prática no Brasil.
Não poderia ter aparecido, na verdade, se não tivesse tido esse apoio desde os seus primeiros passos; não faz sentido acreditar que seja uma iniciativa individual, isolada e exclusiva de Moraes e do STF. O regime de exceção que manda hoje no Brasil só existe, objetivamente, porque há muita gente querendo que ele exista.
A principal fonte de sua força na vida real, até agora, vem da aprovação silenciosa que recebe das Forças Armadas — a única instituição que tem meios materiais efetivos para deter a ação dos ministros. Os comandantes militares não fizeram, e nem era preciso que fizessem, um manifesto a favor do golpe em fatias que levou o país à situação em que se encontra neste momento. Obviamente, não assinaram um documento dizendo: “Nós, comandantes das três armas, fechamos um acordo com os ministros do STF para impor ao Brasil uma ditadura do Poder Judiciário”.Para que isso?
Bastou que ficassem olhando sem fazer nada enquanto o regime de leis e a Constituição eram destruídos dia após dia pelas decisões do STF.
A realidade, comprovada pelos fatos e acima de qualquer dúvida permitida pela lógica comum, é que Alexandre de Moraes e seus colegas não tiveram, em nenhum momento, a menor objeção dos militares para tomar qualquer medida que tomaram.
Os ministros do STF agiram, desde a sua primeira agressão ao sistema legal — a proibição para o presidente da República nomear o diretor de sua escolha para a Polícia Federal —, com a certeza de que ninguém iria se opor a nada do que fizessem.
De lá para cá não pararam mais. Eliminaram a lei,aprovada legitimamente pelo Congresso Nacional, que estabelecia o cumprimento de pena de prisão para os réus criminais condenados em segunda instância — o que, simplesmente, tirou o ex-presidente Lula da cadeia.
Anularam as ações penais existentes contra ele, incluindo sua condenação por corrupção passiva e lavagem de dinheiro — o que o livrou da ficha suja e permitiu a sua candidatura à Presidência nas últimas eleições. Acabaram com praticamente todas as condenações da Operação Lava Jato — o único momento, em todos os 500 anos de história do Brasil, em que a justiça mandou para a cadeia condenados por corrupção de primeira grandeza. Montaram, em seguida, a eleição mais viciada que o país já teve — num dos seus melhores momentos, proibiram o presidente de exibir em sua campanha eleitoral as manifestações públicas e legais do último Sete de Setembro. Em outra ocasião extrema, o ministro Luís Roberto Barroso, o jurista do “Perdeu, mané”, disse que “eleição não se ganha, se toma”; acharam que estava sendo um homem espirituoso.
Os membros da corte suprema punem cidadãos, e parlamentares, por crimes que não existem no Código Penal e em nenhuma lei brasileira. Bloquearam, sem qualquer vestígio de procedimento legal, as pessoas de se manifestarem nas redes sociais. “Desmonetizaram” quem entrou em sua lista negra. Censuraram a imprensa. Acabaram com o direito ao sigilo. Não permitem até hoje que os advogados tenham acesso aos autos nos processos de que seus clientes são vítimas.
Cassaram o direito de palavra das deputadas. Acabam de prender um empresário por exercer o direito de convocar uma manifestação pública — no caso, de caçadores e de colecionadores de armas, atividades perfeitamente legítimas neste país. Em nenhum momento, nem no passado e nem agora, as Forças Armadas disseram uma sílaba a respeito de qualquer dessas violações da lei.
Em nenhum momento, nem no passado e nem agora, as Forças Armadas disseram uma sílaba a respeito de qualquer dessas violações da lei
Exército, Marinha e Aeronáutica se comportam hoje, para todos os efeitos práticos, como uma repartição pública sem maior significado. Estão basicamente preocupados com os seus soldos, aposentadorias, benefícios — incluindo os R$ 500 milhões pagos por ano a familiares, a título de pensão. Não ajudam em nada, com os seus tanques de guerra, mísseis de longo alcance ou caças a jato, a segurança do cidadão brasileiro — cada vez mais destruída pelo crime e pelos criminosos.
Não defendem o território nacional de nenhuma invasão estrangeira, pois até uma criança com 10 anos de idade sabe perfeitamente bem que nenhum país vai invadir o Brasil.[aqui cabe lembrar que o presidente francês e o norte-americano, manifestaram interesse em internacionalizar a nossa AMAZÔNIA = o que na prática, equivale a transformar aquela parte do território soberano do Brasil em "terra de ninguém".]
Não conseguem, nem mesmo, a autorização para comprar um lote de 100 novos tanques — o PT não deixa. [a intenção evidente do perda total =pt, é transformar nossas FF AA em milícia, para ser usada na plenitude na transformação do Brasil em um 'venezuelão'.]
Também não estão exercendo, com atos concretos, a sua obrigação legal de fazer cumprir a Constituição — ou então acham que nenhum dos fatos expostos acima pode ser descrito como violação constitucional, da ordem e do Estado de Direito.
Não têm lideranças. Não parecem interessados em assumir responsabilidades maiores ou diferentes das que já têm;
- talvez nem consigam fazer isso no mundo de hoje, mesmo que quisessem.
A verdade, de qualquer forma, é que os militares não manifestaram nenhuma oposição às ações do STF — e os ministros vêm se sentindo livres, há quatro anos, para fazer tudo o que têm feito.
O outro grande braço que dá força ao STF, e que tem sido essencial para sustentar a sua ditadura, é a classe política brasileira — não toda, é claro, mas a maioria necessária para manter o Congresso Nacional numa postura de submissão absoluta ao Supremo.
Um Congresso que se coloca de quatro diante deles — o que mais os ministros poderiam querer?
A maior parte dos senadores e deputados apoia histericamente o STF; pedem a punição de colegas com mandato, canonizaram o ministro Moraes como o “salvador” da democracia no Brasil e querem, pela proposta de um dos mais notórios chefes da facção do Senado que reúne refugiados do Código Penal, dar mais poderes ao tribunal e legalizar suas agressões à Constituição.
Os dois presidentes são o pior de tudo. O do Senado é um militante aberto do golpe — recusa-se, sem nenhum apoio legal, a permitir que os senadores discutam a conduta do Supremo, e com isso tira de funcionamento o único mecanismo constitucional que poderia controlar a sua conduta.
O presidente da Câmara entrará na história pela realização de algo provavelmente jamais ocorrido em qualquer parlamento do mundo — aceitou sem dar um pio a prisão por nove meses de um deputado federal em pleno exercício do seu mandato.
O deputado não tinha cometido nenhum crime inafiançável e nem foi preso em flagrante, as únicas hipóteses que permitem a prisão de um parlamentar — o que Alexandre de Moraes e o STF fizeram com ele foi possivelmente a sua ilegalidade mais indiscutível e escandalosa.
E daí? A maioria do Congresso ficou a favor da punição ao colega; é a favor de qualquer coisa que o STF decide.
Se o ministro Moraes, um dia desses, mandar fuzilar o deputado, ou qualquer outra pessoa, a ordem vai ser cumprida.
Ele não terá a menor dificuldade de achar na Polícia Federal, ou no Exército, ou em alguma das 27 PMs, o pelotão de fuzilamento; o deputado Arthur Lira e o senador Rodrigo Pacheco, presidentes da Câmara e do Senado, mais os componentes da mesa, iriam comparecer à execução e bater palmas no final.
É uma sorte para todos, realmente, que o ministro Moraes não esteja querendo fuzilar ninguém,ao menos tanto quanto se saiba, porque não precisa fazer isso. A ditadura do judiciário já ganhou. Tem todo o apoio necessário para ficar de pé e para continuar prosperando.
Para o PT, a democracia jamais foi um valor em si mesmo, mas uma “questão estratégica”
Quando, em setembro de 2018, em entrevista ao El País,
José Dirceu declarou que era questão de tempo para o PT tomar o poder, e
que essa tomada nada tinha a ver com ganhar uma eleição, poucos no
Brasil pareceram se importar. E, todavia, o que Dirceu fazia ali era
anunciar o golpe de Estado que, um ciclo eleitoral depois, ele e seus
companheiros dariam no país. Com efeito, o golpe nada teve a ver com
sucesso na eleição. Ao contrário, o próprio pleito recém-vencido — de
maneira ilegítima, frise-se sempre — é que foi a consagração
formal do golpe, erigido, entre outras coisas, sobre o aparelhamento das
instituições da sociedade civil (notadamente da imprensa) e do Estado
(notadamente o Poder Judiciário).O golpe teve a ver, sobretudo, com
aquilo que, em obra clássica, Curzio Malaparte definiu como o manejo de uma técnica.
Foto: Montagem Revista Oeste/Shutterstock
“O problema da conquista e da defesa do Estado não é uma questão política, e sim técnica” — diz Malaparte, referindo-se especificamente por técnica ao controle dos centros de poder tecnológico e aos meios de coleta de informações. É sintomático nesse sentido que o anunciante do golpe tenha sido um ex-agente do serviço secreto cubano (se é que existe essa coisa de “ex”-agente de um serviço secreto), por longos anos dedicado ao aprimoramento da“técnica” malapartiana, e que, em tempos longínquos, chegou a se gabar da informação acumulada acerca de campanhas adversárias. Como bem mostrou a jornalista Paula Schmitt em artigo recente, a razão da recente subversão do Estado de Direito no Brasil pode muito bem residir no velho instituto soviético do kompromat, informações comprometedoras que podem ser usadas para chantagear pessoas poderosas.
Mas, seja como for, o fato do golpe de Estado parece-me incontestável. É claro que dificulta a sua visualização o estereótipo tradicional associado ao conceito, que costuma subentender o emprego de força militar. Na imaginação coletiva brasileira, em especial, a noção de golpe de Estado remete ao 31 de março de 1964 e às cenas de tanques nas ruas e soldados marchando. Mas há vários estilos de golpe de Estado, e o estilo adotado pelo lulopetismo — corrente política originalmente moldada pelo pensamento de Antonio Gramsci, o teórico do aparelhamento — foi o da captura e do parasitismo das instituições democráticas. Para o PT, com efeito, a democracia jamais foi um valor em si mesmo, mas uma“questão estratégica”. Daí que, em 2 de outubro de 2002, antes de sua primeira vitória eleitoral, Luiz Inácio Lula da Silva tenha confessado ao jornal francês Le Monde: “A eleição é uma farsa pela qual é preciso passar para se chegar ao poder”.
O golpe de Estado jurídico procede via exercício de um poder originalmente adjudicado aos magistrados pela norma fundamental, mas em seguida usurpado por eles e utilizado para a imposição de vontades políticas
Uma vertente da técnica lulopetista de golpe de Estado é aquela que alguns teóricos do Direito chamam especificamente de “golpe de Estado jurídico”.Como explica Alec Stone Sweet, professor de Direito da Universidade de Yale, o conceito de golpe de Estado jurídico implica uma transformação radical nas fundações normativas de um sistema legal, operada mediante ativismo judicial por parte dos membros de uma Corte constitucional, que passam a agir como legisladores.
Essa “transformação radical” ocorre, em primeiro lugar,sempre que a lei constitucional derivada do ativismo não corresponde ao espírito e aos propósitos do poder constituinte originário.
Em segundo lugar, sempre que altere fundamentalmente — e, de novo, de maneira não prevista ou pretendida pelos constituintes — a maneira habitual de funcionamento do sistema legal.
Essa transformação fará com que seja impossível a um observador deduzir o novo sistema legal (ou para-legal) a partir do arcabouço institucional prévio. E, obviamente, acarretará uma quebra na ortodoxia montesquiana da separação de Poderes vigente no contexto pré-golpe. No novo contexto, o instituto habitual de freios e contrapesos não será capaz de disciplinar os papeis e as limitações constitucionais dos órgãos do Estado.
A pulsão legisferante de magistrados politicamente comprometidos produz na Carta Magnamudanças não delimitadas pelo texto constitucional, conquanto operadas em seu nome.
Ao contrário do golpe de Estado estereotípico (revolucionário) — cujos atos são explicitamente não autorizados pelo que Kelsen chamou celebremente de “norma fundamental” preexistente(uma Constituição, por exemplo) —, o golpe de Estado jurídico procede via exercício de um poder originalmente adjudicado aos magistrados pela norma fundamental, mas em seguida usurpado por eles e utilizado para a imposição de vontades políticas.
Eis porque o golpe de Estado jurídico seja muito mais insidioso e difícil de conter, uma vez que, menos espalhafatosos que golpistas revolucionários ortodoxos, seus agentes impõem uma nova ordem recorrendo aos topoi e ao prestígio da velha ordem. Daí que possam, por exemplo, julgar em favor da censura no ato mesmo de condená-la verbalmente por inconstitucional.
Ou palestrar em evento intitulado “Brasil e o Respeito à Liberdade e à Democracia” no instante em que perseguem cidadãos politicamente não alinhados. Ou ainda posar de bastiões da Constituição no instante em que violam a separação de Poderes e, conduzindo inquéritos semiclandestinos alheios ao sistema acusatório,mandam às favas o devido processo legal. Como bem disse o saudoso Olavo de Carvalho em postagem que voltou a circular nas redes sociais ao longo dos últimos dias: “Uma democracia não pode ser instaurada por meios democráticos: para isso ela teria de existir antes de existir. Nem pode, quando moribunda, ser salva por meios democráticos: para isso teria de continuar saudável enquanto vai morrendo. O assassino da democracia leva sempre vantagem sobre os defensores dela. Ele vai suprimindo os meios de ação democráticos e, quando alguém tenta salvar a democracia por outros meios — os únicos possíveis —, ele o acusa de antidemocrático. É assim que os mais pérfidos inimigos da democracia posam de supremos heróis da vida democrática”.
A eliminação do 7 de Setembro é puro Lula – combina com a sua promessa de ‘controle social da mídia’
As classes que mandam no Brasil estão preocupadíssimas com os perigos que a democracia estaria correndo e com a necessidade de medidas extremas para se salvar as “instituições”, a Constituição e o “estado de direito”.
Soltam a polícia em cima de um grupo de empresários que, segundo o STF, poderiam estar querendo dar um golpe de Estado pelo WhatsApp.Um dos seus ministros chefia há mais de três anos um inquérito perpétuo, ilegal e sem freios contra o que declara “atos antidemocráticos” – ou aquilo que lhe desagrada.
Bombardeiam os cidadãos com bloqueios de contas, quebras de sigilo, assédio policial, operações de busca e apreensão, penas de prisão, prisões sem pena, censura nas redes sociais, “desmonetização”.
Tudo isso, asseguram os atuais vigilantes da democracia,para salvar o Brasil do “autoritarismo”, do “populismo”, do “direitismo” e de outras doenças fatais.
Atendendo a pedido da campanha de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), TSE proibiu Jair Bolsonaro de usar imagens do 7 de Setembro em sua propaganda eleitoral. Foto: Diego Vara/Reuters [Lula em comício para milhares de apoiadores.]
É esquisito, nessas condições, que um dos candidatos à Presidência da República nas próximas eleições seja claramente autorizado, e incentivado pelos marechais de campo do “campo democrático”, a buscar a implantação de um regime totalitário no Brasil.
É isso, ou algo o mais próximo possível disso, que o ex-presidente Lula diz que quer fazer se ganhar a eleição – e não poderia haver demonstração mais clara do que ele está planejando para o País do que sua postura pública na campanha eleitoral, suas exigências e suas promessas de governo.
Um fato, mais talvez que qualquer outro, tira qualquer dúvida sobre o assunto: Lula exigiu, e foi prontamente atendido pelo TSE, o braço eleitoral do STF, que fosse proibida a divulgação das imagens das maciças manifestações populares em favor do seu adversário no dia 7 de setembro. Não havia ali nenhuma ofensa pessoal a ele. Não era, obviamente, uma “fake news”, dessas que assombram o STF, a suprema esquerda e as “agências de checagem”.
Era, pura e simplesmente, a imagem da realidade. Lula proibiu sua exibição para os eleitores brasileiros. É essa a estima que tem pela liberdade de informação.
É difícil, quando se deixam de lado a hipocrisia e a trapaça mental, identificar um exemplo concreto de totalitarismo tão potente quanto esse – impedir que o povo veja com os seus próprios olhos o que acontece na rua. É coisa de ditador.
Era assim que se fazia na ditadura comunista da antiga Rússia: as imagens proibidas pelos chefões eram raspadas, à força, de fotos e filmes. A eliminação do 7 de Setembro, na verdade, é puro Lula – combina, com perfeição, com a sua promessa de criar o “controle social da mídia”, nome de fantasia para a censura. É uma amostra do Brasil que ele quer.
A única coisa que interessa, a exemplo daquilo que
acontece nas ditaduras, é transmitir uma doutrina, e apenas uma — sobre
política, sociedade e a vida em geral
Foto: Montagem Revista Oeste/Reprodução
“Bolsonaro prepara a sua Grande Mentira no Brasil”, acaba de dizer em sua capa, dramaticamente, uma revista inglesa que já teve fama, no passado, de ser um dos mais potentes faróis do melhor jornalismo de linhagem anglo-saxônica — racional, objetivo e fiel, acima de tudo, à religião dos fatos.
Que tal a declaração acima, como julgamento jornalístico imparcial?
Este é o título do artigo de fundo; daí para a frente, até o ponto final, só piora.
Justamente no momento em que mais de 1 milhão de pessoas, ou só Deus sabe lá quantas, vão para as ruas de todo o Brasildizer, na mais perfeita paz, ordem e respeito à lei,que querem votar em Jair Bolsonaro nas eleições presidenciais de outubro, a publicação informa que ele prepara um golpe de Estado.
Já está desenganado pelas pesquisas, afirma o texto e, sabendo que vai perder, levanta acusações “sem provas confiáveis” contra a integridade das apurações, com o objetivo de melar os resultados. “Os brasileiros temem”, segundo a revista, que ele incite uma “insurreição” no estilo da invasão do Capitólio por “seguidores de Donald Trump”, após as últimas eleições americanas, ou coisa “talvez pior”.
Que “brasileiros” com medo seriam esses? Não se informa. E como se faria essa “insurreição, na prática?Segundo diz o artigo, Bolsonaro está dando armas aos seus apoiadores. Com “2 milhões” de armas de fogo nas mãos da população em geral, “bolsonaristas poderiam atacar o tribunal eleitoral caso Lula seja declarado vencedor”; eles estão “mais bem armados do que nunca”, informa o texto. O presidente pode contar também com os“400.000” homens da polícia, gente que “gosta de atirar”; uma das razões para esse apoio é que ele “prometeu imunidade legal” aos policiais que “matarem suspeitos”.Essa polícia, de acordo com a revista, poderia se mostrar mais fiel a Bolsonaro “do que à Constituição”; o Exército também. Na mesma balada, revela-se um fato prodigioso, e até agora inteiramente desconhecido dos brasileiros, ou de quem quer que seja no resto do mundo: “45 políticos foram assassinados nos seis primeiros meses de 2022”no Brasil. É mesmo?
Quem são, exatamente, esses políticos assassinados?O artigo não dá nenhuma informação a respeito; apenas diz, imediatamente antes de mencionar essa onda de homicídios, que o presidente “rotineiramente incita à violência”.Conclusão: por tudo isso, e com a desordem, a insegurança e a matança em massa tomando conta das ruas, Bolsonaro vai invocar“poderes de emergência” para “adiar a transferência do governo” para Lula — que é considerado pela revista, é claro, o único ganhador possível e legítimo das eleições que estão aí.
O resto do texto segue na mesma linguagem e com a mesma inteligência de manifesto aprovado em assembleia geral de centro acadêmico estudantil. Bolsonaro é descrito como um possível seguidor do “livro de regras sem princípios” de Donald Trump. Ele “semeia divisão”; o “outro lado”, na sua visão, não é apenas errado — é o “mal”. É um político de “boca suja”,que se elegeu presidente copiando os “truques” de outro homem de “boca suja”, Donald Trump. É “desonesto” no “mau uso” das redes sociais. Constrói uma realidade “paralela”. É uma “ameaça à floresta amazônica”, que estaria sendo destruída a um ritmo “70% mais rápido” do que antes da sua passagem pela presidência. A crítica que Bolsonaro faz a Lula é condenada como sendo “absurda”.
Lula, por sinal, é definido no artigo como um político “pragmático”, que foi um presidente “razoavelmente bom” entre 2003 e 2010.
Não há detalhes sobre as sentenças da Justiça que o condenaram por corrupção passiva e lavagem de dinheiro,nem qualquer menção aos 20 meses que passou na cadeia cumprindo pena; tudo o que se diz a respeito é que ele “nega as acusações” e que o seu caso foi posto de lado pelos tribunais.
Mais: Lula é um “defensor da democracia” e Bolsonaro não é — “por instinto”. Reconhece-se que ele até pode jogar dentro das regras democráticas, mas vive “procurando meios de evadir” as suas exigências. “Os eleitores brasileiros deveriam resistir à atração de um populista desavergonhado”,conclui a revista.
Não se diz nada sobre o fato de que Bolsonaro, em seus três anos e nove meses na presidência, não deixou de cumprir uma única ordem judicial, mesmo as ilegais
Questão de opinião? Opinião não é isso. Opinião, de qualquer um, só vale alguma coisa se estiver baseada na realidade objetiva dos fatos. Senão é apenas repetição de palavras vadias que não preenchem as condições mínimas para serem qualificadas como pensamento — ou, então, é propaganda de maionese barata com pose de análise política. Não há, em todo o artigo, nenhuma tentativa de se aproximar dos fatos. Não se diz que Bolsonaro foi eleito por quase 58 milhões de eleitores — e não por “truques”.
Não há a mais vaga menção à recusa permanente de Lula e do PT em tratarem Bolsonaro como um adversário político — ele é chamado publicamente de “genocida”, de fora-da-lei ou de “inimigo”, na definição de um juiz da suprema corte que faz militância declarada contra a sua candidatura.
Não se menciona, por sinal, a atividade de um STF que usa diariamente a máquina judicial para combater Bolsonaro e seu governo —anula as suas decisões, impede que reduza impostos ou construa ferrovias, e exige, de meia em meia hora, que dê as “explicações” mais extravagantes, sobre qualquer coisa.
Não se diz nada sobre o fato de que Bolsonaro, em seus três anos e nove meses na presidência, não deixou de cumprir uma única ordem judicial, mesmo as claramente ilegais, sem nexo lógico ou de cunho político. Também não desobedeceu a nenhuma decisão do Congresso, nem a qualquer lei ora em vigência do país.
Não se diz que o Brasil tem presos políticos, todos eles aliados ao presidente; é público que um dos seus principais apoiadores está em prisão domiciliar, e que um deputado federal que o apoia ficou preso durante nove meses, além de ser condenado pelo STF a quase nove anos de cadeia.
Como, com todos esses fatos, o Brasil de hoje teria um governo autoritário?
Quem está sendo autoritário aí?
O artigo não menciona o inquérito policial aberto pelo STF contra um grupo de empresários pró-Bolsonaro cujo crime foi falar de política num grupo de WhatsApp— nem da clara e sistemática violação das leis e da Constituição pelo ministro Alexandre Moraes, há mais de três anos, na sua perseguição política a aliados do presidente.
Não há nenhuma referência à atuação repressora do TSE na atual campanha eleitoral — como, por exemplo, a proibição de se exibirem imagens das manifestações de massa do dia Sete de Setembro.
Lula, o homem “pragmático” que fez um governo “razoavelmente bom”, comparou as manifestações a uma “reunião da Ku Klux Klan” — mas é só Bolsonaro, e não ele, que busca a “divisão” do país e que define os oponentes como o “mal”.
O leitor só lê que o presidente destrói a Amazônia. Não é informado que o Brasil reduziu em 25% o total das suas queimadas nos dois últimos anos. Não são números do governo brasileiro;é o que mostra o satélite AQUA M-T da NASA americana, com fotos que estão disponíveis para o público em seu site na internet.
Não se diz que o Brasil vai fechar o ano de 2022 com inflação abaixo dos 7%, um dos melhores resultados na área, em qualquer economia do mundo — e nem que o crescimento estará entre os primeiros.
The Economistnão se distingue mais de qualquer outra aglomeração de prosa, quetem preguiça de pensar e que obedece a todos os mandamentos do “politicamente correto”
A questão central em tudo isso, obviamente, não são as atribulações atuais da revista The Economist, que publicou o artigo acima. Em quase 180 anos de vida, uma longevidade fora do comum para qualquer publicação deste mundo, o semanário inglês se tornou um monumento ao jornalismo de primeira classe e ao espírito humano. Era o veículo, pelo menos segundo o que sempre se acreditou, dos “tomadores de decisão” mundiais.
Cada parágrafo dos seus textos trazia um desafio intelectual genuíno para quem escrevia — e uma demonstração de tremendo respeito pela inteligência de quem lia.
Hoje não há nem uma coisa e nem outra.The Economist não se distingue mais de qualquer outra aglomeração de prosa, entre tantas que há por aí, que tem preguiça de pensar e que obedece de olhos fechados a todos os mandamentos do “politicamente correto” — numa visão do mundo neurastênica, parcial e sem sinais de vida inteligente.
Não fica devendo nada, em termos de neurose e resistência à atividade de pensar, aos melhores editoriais do “consórcio nacional de órgãos de comunicação” a que se resume hoje a imprensa brasileira — ou, então, ao jornalismo do padrão CNN, que diz que o lema da bandeira do Brasil é “Independência ou Morte”, e parece se orgulhar disso. Pode ser triste que as coisas tenham se tornando assim — mas cada órgão de imprensa, em qualquer lugar do mundo, é livre para tomar o caminho que quer, ou que lhe é possível nas condições habituais de temperatura e pressão das sociedades de hoje.
O problema real é a descida de boa parte do jornalismo, através de todo o planeta, ao exercício aberto do totalitarismo.
Não há preocupação em relatar os fatos; ao contrário, danem-se todos os fatos, como neste texto sobre o Brasil.
A única coisa que interessa, a exemplo daquilo que acontece nas ditaduras, é transmitir uma doutrina, e apenas uma — sobre política, sociedade e a vida em geral.
Ou você baixa a cabeça para a “linha oficial” ou cai em desgraça.
É proibido achar, por exemplo, que só as mulheres ficam menstruadas, ou que o progresso social vem da liberdade econômica, ou que cada um tem direito a ter ideias individuais; se achar qualquer coisa dessas, o sujeito é um fascista.
Exercer a sua liberdade de ser a favor de alguém como Bolsonaro, então, é crime político, social e moral inafiançável. É obrigatório, ao mesmo tempo, achar que o celular, o carro elétrico e a tela Retina 4,5 Apple com “Touch ID” foram trazidos até você por Che Guevara ou pela luta de classes — e não pelo capitalismo que os deixa tão indignados. É o mundo da “despiora”, do “descondenado” e, no fim das contas, do “desjornalismo”.
É como querer se informar lendo o Pravda da ditadura comunista da Rússia de outros tempos.
No dia 23 de agosto de 2022, o ministro do STF Alexandre de Moraes
determinou a realização de buscas e apreensões contra oito empresários,
sob argumento de que eles estariam tramando um golpe de Estado.
Conforme divulgado pela imprensa, esses empresários discutiam política em um grupo de Whatsapp,e trocaram algumas mensagens como as seguintes: “Prefiro golpe do que a
volta do PT. Um milhão de vezes. E com certeza ninguém vai deixar de
fazer negócios com o Brasil. Como fazem com várias ditaduras pelo
mundo”;
“Quero ver se o STE (sic) tem coragem de fraudar as
eleições após um desfile militar na Av. Atlântica com as tropas
aplaudidas pelo público”;
“O 7 de setembro está sendo programado para
unir o povo e o exercito (sic) e ao mesmo tempo deixar claro de que lado o exercito (sic) está. Estrategia (sic)
top e o palco será o Rio A cidade ícone brasileira no exterior. Vai
deixar muito claro”;
“Golpe foi soltar o presidiário!!! Golpe é o
‘supremo’ agir fora da constituição! Golpe é a velha mídia só falar
merda”.
As mensagens
privadas que foram divulgadas na imprensa tratam-se apenas de opiniões
políticas, tuteladas pela liberdade de expressão e livre manifestação de
pensamento, direitos esses protegidos pela Constituição Federal.
Por
conta dessas e outras mensagens, o ministro relator determinou buscas e
apreensões nos endereços dos seguintes empresários 1) Luciano Hang
(Lojas Havan); 2) Afrânio Barreira Filho (Restaurante Coco Bambu); 3)
José Isaac Peres (Rede Multiplan); 4) Marco Autelio Raymundo (Mormaii);
5) Meyer Joseph Nigri (Tecnisa); 6) Ivan Wrober (W3 Engenharia); 7) José
Koury (Barra World Shopping); 8) Luiz André Tissot (Grupo Sierra).
Foi ordenada a apreensão dos celulares e computadores dos empresários, e também a quebra do sigilo bancário dos mesmos.
Luciano Hang teve todas as suas redes sociais bloqueadas, inclusive seu perfil no Instagram
que contava com mais de 5 milhões de seguidores. Entretanto, na minha
visão técnica e jurídica essa operação apresenta várias inconsistências
legais.
Em primeiro lugar esses empresários não possuem foro privilegiado perante oSTF,
logo, a investigação deveria tramitar perante um juiz de 1ª Instância.
Além disso, essas conversas privadas não poderiam ser utilizadas, pois
violam o direito à intimidade previsto na Constituição, e o próprio STJ já decidiu que “prints” de conversas por aplicativo não podem ser usadas como provas.
Outra
inconsistência é que essa investigação ocorreu no Inquérito das
Milícias Digitais, apuração aberta de ofício (sem pedido da Polícia ou
do MP), fato que viola o nosso Sistema Acusatório.
E o ministro Alexandre de Moraes
seria uma suposta vítima, logo, estaria impedido de atuar nesse
processo, de acordo com o Código de Processo Penal. Outro ponto
extremamente relevante é o seguinte: os crimes contra o Estado
Democrático de Direito pressupõem uma violência ou grave ameaça,
entretanto, não se tem notícia que esses senhores de 60, 70 e 80 anos de
idade tenham empregado violência ou grave ameaça contra o exercício de
qualquer dos poderes da República.
Do mesmo modo foi irregular a ausência de parecer do PGR sobre a diligência de busca de apreensão, pois o membro do Ministério Público
deve ser ouvido antes do Juiz decretar qualquer diligência ostensiva.
Também não se justifica o bloqueio das redes sociais do empresário Luciano Hang,
pois não há evidências que seus perfis tenham conteúdo ilícito.
Ademais, o bloqueio das contas bancárias dos empresários seria
desproporcional, e não se prestaria a apurar o “suposto crime cometido
pela palavra escrita”, pois a análise dos extratos bancários não será
necessária para provar o “suposto crime” dos investigados.
Outra
violação ao princípio da ampla defesa seria a não entrega aos advogados de
cópia da decisão que determinou as diligências, uma vez que os investigados e
sua defesa devem ter conhecimento dos eventuais crimes pelos quais estão sendo
investigados, e também das provas que embasaram as buscas e apreensões. Ressalte-se
que até o momento, segundo foi divulgado, a PGR não teve acesso aos autos e nem
da decisão judicial.
Por fim, verifica-se que as
mensagens privadas que foram divulgadas na imprensa tratam-se apenas de
opiniões políticas, tuteladas pela liberdade de expressão e livre
manifestação de pensamento, direitos esses protegidos pela Constituição
Federal, e não configuram a prática de qualquer crime. Diante deste
caso, imprescindível que os demais membros da nossa Suprema Corte se
manifestem para que seja publicizada a opinião jurídica dos integrantes
do STF sobre a investigação em análise.
Ministro autorizou quebra de sigilo, bloqueou contas
bancárias e permitiu mandados judiciais em endereços de investigados do
STF
O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF),
determinou que a Polícia Federal (PF) cumprisse mandados de busca e
apreensão em endereços de oito empresários nesta terça-feira, 23. Em um
grupo de WhatsApp, eles trocaram mensagens com teor supostamente
golpista.
Moraes estabeleceu ainda a quebra de sigilos, mandou bloquear as
contas bancárias e as redes sociais dos investigados pela Corte. O juiz
do STF permitiu ainda à Polícia Federal interrogar os empresários. Para
advogados e juristas ouvidos pela RevistaOeste, a medida do ministro foi excessiva e arbitrária.“Pessoas sem foro privilegiado perante o STF têm de ser investigadas e
processadas na primeira instância”,explicou a procuradora Thaméa
Danelon. “Alguém que não tem foro no STF poderá ser processada perante a
Corte, desde que comprovado envolvimento em crime de um indivíduo com
foro.”
A
procuradora lembrou que o artigo 102 da Constituição estabelece quem
tem foro privilegiado na sociedade: presidente da República e
vice-presidente, parlamentares, ministros de Estado, Ministério Público
Federal, membros do STF e do Superior Tribunal de Justiça, ou seja, os
empresários estariam fora da lista.
A Procuradoria-Geral da República (PGR)só foi notificada sobre a operação depois de ela ter sido autorizada por Moraes. Ao jornal Folha de S.Paulo, servidores informaram que o documento ainda não chegou à PGR.[ao que se sabe a notificação ocorreu com um papel 'esquecido' em um sala da PGR, por uma funcionária terceirizada do STF.]
O jurista Dircêo Torrecillas Ramos, membro da Academia
Paulista de Letras Jurídicas, lembra que compete ao Ministério Público
Federal “apresentar denúncias, dar diligências e exercer o controle
externo da atividade policial”, segundo determina o artigo 129 da
Constituição. Isso não ocorreu.
“Avalio que houve excessos”, constatou o jurista Ives Gandra da Silva
Martins, professor universitário e doutor em Direito pela Universidade
Presbiteriana Mackenzie.Segundo ele, o conteúdo das mensagens avaliado
por Moraes representa mera opinião política. “Empresários não dão golpe
de Estado. Quem teria de fazer isso são as Forças Armadas. E as chances
de os militares executarem um plano dessa magnitude é igual a três vezes
zero.”
A advogada Adriana Spengler, professora de Direito Penal da Univali,
relembra uma decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ). “O STJ já
entendeu que prints de WhatsApp não podem servir como prova”, constatou. “As medidas expedidas foram arbitrárias. Tratou-se de algo desnecessário.”
“Tempos estranhos”, classificou o ex-ministro do STF Marco Aurélio
Mello sobre a decisão de Moraes acerca dos empresários. “A liberdade de
expressão é um princípio constitucional básico em um Estado Democrático
de Direito. Não há crime de opinião. Discordar, sim. Impor atos de
construção, não.”
Não é normal chegarmos ao ponto de ter
data marcada com antecedência para um golpe de Estado. E, quando o dia
chega, como hoje, não se sabe o que pode acontecer. É perigoso que se
considere normal que um presidente da República faça ameaças aos
componentes do Supremo Tribunal Federal, ao Congresso e que isso não
seja motivo imediato para um processo de impeachment. [eventual pedido de impeachment seria arquivado, fortalecendo a posição do presidente, já que o arquivamento poderia ser interpretado como um suposto aval à conduta presidencial.]
Ainda
estamos na fase de ver no que vai dar o discurso antidemocrático de
Bolsonaro, de achar que ele ainda não atravessou nosso Rubicão. Às
vésperas dos 200 anos de Independência — hoje é o 199º aniversário —, já
deveríamos ter superado essa instabilidade política.
[finalmente a mídia militante se convenceu de que não existe golpe militar ou de Estado com dia e hora marcados; tampouco articulações pública, com divulgação nominal dos articuladores.Alguns membros daquela mídia chegaram a perder noites de sono preocupados. Outra coisa que muitos esquecem é que quando ocorre um golpe militar, ou de Estado, o que menos preocupa os golpistas é o que a Constituição, as leis em geral e o tão falado 'estado democrático de direito' dizem sobre o assunto.Aliás, consideramos sem sentido que autoridades se manifestem na imprensa com frases tipo: "as instituições estão alertas e não vão tolerar golpes", "as instituições estão fortes e vigilantes", "a democracia e o 'estado democrático de direito' prevalecerão" e outras do tipo. Como bem dizJ. R. Guzzo, em O Estado de S. Paulo: "Golpe exige força – e o único que tem força, o Exército, não vai se meter isso"Nunca participamos de golpe militar ou de golpe de Estado, nem pretendemos - o que nos coloca entre os sem experiência no assunto - mas basta ler, pesquisar sobre o assunto, para deduzir que em golpes valem duas situações:- uma das situações foi expressa na famosa frase de Stalin quando perguntou: "quantas divisões tem o Papa?"; - a outra, se apresenta no terceiro parágrafo do Preâmbulo do Ato Institucional nº 1, editado pelo Movimento Revolucionário de 31 de março de 1964.]
Pela
movimentação que vem sendo feita há tanto tempo e pelo engajamento do
próprio presidente, os atos de hoje serão grandiosos, não no sentido de
admiráveis, mas no de tamanho. Embora esteja caindo em popularidade,
Bolsonaro mantém ainda um núcleo de apoiadores muito importante, cerca
de 20%, 25%, e, se mantiver esse tamanho, tem lugar garantido no segundo
turno da eleição presidencial do ano que vem.
Importante é saber
se esses números se manterão. Durante a campanha, ele pode se
desidratar mais, mas, no momento, tem muita gente ainda que segue seus
pensamentos e acredita nele. Minha dúvida e meu temor são quanto à
possibilidade de violência e arruaças, e esses sentimentos têm sobretudo
uma responsável, a retórica agressiva do presidente Bolsonaro. Receio
que, diante de uma multidão ensandecida, ele não se controle e incite o
povo contra o Estado de Direito e as instituições democráticas, o que
poderá ter consequências.
[outro aspecto que entendemos sem sentido, sem sustentação, é citar que o presidente da República está perdendo popularidade, quando sabemos que com o FIM DA PANDEMIA, o reinicio do processo de crescimento da economia, a redução do desemprego, a popularidade do Presidente irá bem próxima aos 100% - não chegaremos a tanto mas com as bênçãos de DEUS em 2022, em setembro a popularidade do Presidente da República Federativa do Brasil, JAIR MESSIAS BOLSONARO, também candidato a mais um mandato presidencial, estará mais próxima dos 100% do que dos 50%.
Aliás, qual a credibilidade de uma pesquisa nacional de popularidade que entrevista, por telefone, 1.000 pessoas?
Sabemos que as pesquisas atuais são nos moldes da exposta na interrogação.
As oscilações da popularidade do presidente da República não são consequência dos seus comentários, frases de efeito, etc, que são emitidas mais para fins políticos do que avisos. Não podemos olvidar que contra o capitão até São Pedro está segurando, temporariamente, as chuvas.]
Bolsonaro avança contra [sic] marcos
democráticos como liberdade de expressão e direitos humanos alegando
estar defendendo essas mesmas liberdades, desconstruindo as palavras
numa novilíngua que pretende transformar o indefensável em palatável, a
anormalidade em novo normal.
O governo jogou tanta força da sua
capacidade de mobilização nas manifestações que pode haver uma realidade
contrária. Estão esperando muita gente — Bolsonaro chegou a falar em 2
milhões de pessoas nas ruas —, o que deve ser decepcionante para ele.
Esse exagero numérico já o coloca como perdedor, pois, pelas modernas
técnicas de medição do número de pessoas por metro quadrado, muitos
eventos monumentais já foram desmoralizados. [detalhe:a mídia militante cuidará de minimizar o número de participantes pró Bolsonaro e maximizar o dos inimigos do Brasil. Desenhando: se 1.000.000 comparecerem aos atos em apoio ao presidente Bolsonaro e 200.000 assumirem posição contrária ao Brasil, os números serão manipulados de forma a que a narrativa registre 300.000 pró Bolsonaro = a favor do Brasil = e 700.000 contra Bolsonaro.]
Então a situação de
Bolsonaro começará a ficar insustentável. Mas nada disso é admissível
numa verdadeira democracia. Não é aceitável que se tenha de medir forças
nas ruas para saber que rumo o país terá, fora do resultado de eleições
diretas. O que Bolsonaro está fazendo é querer levar o resultado das
urnas em 2022 para um plebiscito antecipado.
A intenção declarada
é ter uma foto da multidão para mostrar ao mundo sua força popular,
como se essa suposta força fosse suficiente para autorizá-lo a
transgredir a lei. A minoria barulhenta e arruaceira que apoia Bolsonaro
é o oposto da maioria nem tão silenciosa que se opõe a seu desgoverno. E
também oposta à maioria que irá às ruas hoje, querendo participar de
manifestação pacífica que pode se transformar em tragédia insuflada por
radicais. Essa minoria quer impor sua vontade como se majoritária fosse,
transformar a democracia representativa em letra morta.
Nem que
fosse maioria, poderia impor sua vontade, pois a democracia tem
mecanismos para proteger as minorias. Mas não as minorias que querem
tomar o poder à força. Esse é o paradoxo que temos de enfrentar, uma
minoria antidemocrática que não aceita os poderes que impõem a ela os
limites democráticos.
O engano vem de longe, de quando Bolsonaro
foi eleito com quase 58 milhões de votos e incorporou a seus apoiadores
todos os que votaram nele, mesmo sem gostar. [novidade: !!! agora ao se votar em determinado candidato, devemos informar se votamos naquele candidato, ainda que a contragosto?]Ser antipetista não
significa ser bolsonarista, e tanto um grupo quanto o outro têm de
respeitar a regra democrática. Estamos numa situação-limite. Depois das
manifestações, teremos uma visão clara do que pode acontecer no país.
A possibilidade de o presidente Jair Bolsonaro dar um golpe é igual a três vezes zero
Eis aí os três ministros militares,
todos os três de uma vez só, desembarcados do governo. Em outros
tempos, um negócio desses faria um barulho danado, ainda mais nas
vésperas do dia 31 de março.
O que está acontecendo? O que vai acontecer? Quem ganha?
Quem perde?
A
terra tremia, pelo menos para quem tinha medo de “Brasília” ou para quem
tinha alguma coisa a esperar das altas autoridades do País. Outros
tempos, realmente. Hoje ninguém tem medo de militar nenhum – e embora
muita gente ainda tenha muito a esperar de cima, a queima geral dos
chefes do Exército, da Marinha e da Aeronáutica é um assunto de interesse só para o mundo político e os jornalistas, ou bem pouco mais do que isso.
Para
dizer a verdade, quanta gente sabe quem é mesmo o almirante Ílques, o
brigadeiro Bermudez, ou mesmo o general Pujol, que como comandante do
Exército é normalmente o mais falado? A quase totalidade da população (e
a maioria dos jornalistas), nunca tinha ouvido falar o nome de nenhum
deles, e mesmo o do seu chefe nominal, o ministro da Defesa
– o primeiro a ser demitido, aliás. Nem ministros eles se chamam mais –
hoje, seu título é de comandante de cada uma das três armas. Em suma: o
mundo continuou a girar como tinha girado na véspera, e o Brasil girou
junto, com o seu caminhão de problemas do mesmíssimo tamanho que
carregava antes.
Isso
tudo é assim porque os militares brasileiros não são mais o que eram, e
golpes de Estado viraram uma coisa obsoleta, esquisita e inviável. Os
militares não funcionam mais como uma força política – tornaram-se, ao
longo dos últimos 30 anos, uma organização profissional, e seus oficiais
são atualmente mais ou menos como os outros funcionários públicos do
aparelho estatal. Quanto ao quesito “golpe de Estado”, em si, caiu na
categoria das coisas que não se fazem “mais”.
Esse,
no fim das contas, é o único ponto que interessa: vai ter golpe? Não,
não vai ter golpe, pela simples razão de que não se consegue mais, e já
há muito tempo, “botar a tropa na rua” e derrubar o governo – a última
vez que isso aconteceu, aliás, foi há exatos 57 anos, em 1964. De lá
para cá houve uns roncos de vez em quando, briga entre eles mesmos, mas
golpe, mesmo, não dá para fazer no mundo das realidades práticas.
A
história mais emocionante que se tentou circular é de que o governo
queria virar a mesa e os comandantes militares, mais o ministro da
Defesa, se recusaram a obedecer; além disso, eles tinham cumprimentado o
presidente com o cotovelo e de máscara, em cerimônias das forças
armadas. Por conta disso, haveria uma crise gravíssima – atestada
inclusive por professores universitários que a mídia entrevista na
condição de “cientistas políticos”. Quem sabe se “os militares”,
revoltados com o governo, não iriam, eles mesmos, virar o feitiço contra
o feiticeiro? O problema com essas teorias é que a possibilidade do presidente Bolsonaro dar um golpe é igual a três vezes zero; o mesmo, por simetria, se aplica ao outro lado.
É
obvio, pelo ocorrido, que Bolsonaro não aguentava mais os seus gestores
da área militar – e nem eles iam com a cara do presidente. Fora isso, o
que sobram são os dramas extremos que o país tem com a pior epidemia de
sua história, a economia em processo de falência e as pessoas
desesperadas com a perda do emprego e a proibição geral do trabalho por
ordem das “autoridades locais”. Nada disso mudou em um milímetro.