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domingo, 24 de abril de 2022

Como o Black Lives Matter se tornou um grande negócio

Tom Slater, da Spiked

Movimento angariou muito dinheiro — e causou muito dano 

Faz dez anos desde o assassinato de Trayvon Martin, o jovem norte-americano negro cuja morte prematura faria nascer o movimento Black Lives Matter. Adequadamente, o BLM começou com uma postagem de rede social. Em reação à absolvição de George Zimmerman, o homem que matou Martin, Alicia Garza postou “uma carta de amor ao povo negro” no Facebook expressando seus sentimentos de luto e injustiça. Uma amiga, Patrisse Cullors, repostou o texto com a hashtag #BlackLivesMatter. 
 
Outra amiga, Opal Tometi, registrou o domínio e as contas nas redes sociais. Nasciam um slogan, uma organização e um movimento. Em 2020, ele rodou o mundo. Mas, uma década depois, nesta nova era de agitação “antirracista”, de uma política norte-americana identitária, racial e globalizada, o que o BLM conseguiu fazer? Em primeiro lugar, ele arrecadou muito dinheiro. Polêmicas recentes sobre a “mansão do Black Lives Matter” — um imóvel de US$ 6 milhões comprado discretamente pela Black Lives Matter Global Network Foundation (a organização principal do BLM, conhecida pela sigla BLMGNF), em 2020 — nos ajudaram a lembrar como as quantias são impressionantes. Depois do assassinato de George Floyd, começaram a chover doações de empresas, como ​​Amazon, Microsoft, Airbnb e Unilever. De acordo com a BLMGNF, a organização fechou 2020 com cerca de US$ 60 milhões.
 
Protesto do movimento Black Lives Matter | Foto: Reprodução/Flickr
Protesto do movimento Black Lives Matter | Foto: Reprodução/Flickr

Tudo isso traz à tona a pergunta: quem se beneficia do Black Lives Matter? Ele é, pelo menos em termos de alcance internacional, a maior campanha antirracista da história moderna. Mas não há nenhum sinal de objetivo político ou policial que se possa prontamente atribuir a ele. Sua missão básica parece ser a perpetuação de sua própria narrativa desoladora e apocalíptica, que afirma, de forma grandiosa, em seu site “erradicar a supremacia branca e criar poder local para intervir na violência infligida às comunidades negras pelo Estado e pelos justiceiros”. 

Sua principal conquista tem sido divulgar a ideia de que os Estados Unidos estão totalmente apodrecidos, que a polícia racista está aterrorizando as comunidades negras — sonhos identitários febris que não nasceram de evidências.

O chamado para “desfinanciar a polícia” levou a um recuo das forças policiais em áreas com alto índice de criminalidade

Nada disso quer dizer que o racismo não exista mais, ou que algumas comunidades ainda não estejam lutando contra o legado do racismo e da atual injustiça econômica. Mas, em termos de “experiência vivida”, se é preciso usar essa expressão, dos norte-americanos negros, o Black Lives Matter piorou as coisas. O chamado para “desfinanciar a polícia” após o assassinato de George Floyd levou a um recuo das forças policiais em áreas com alto índice de criminalidade e habitadas principalmente por minorias. Os assassinatos dispararam. Os tumultos disfarçados de protestos pela mídia mainstream — devassaram comunidades negras e urbanas dos Estados Unidos. Uma atmosfera tóxica de censura e cancelamento dificultou até mesmo que se criticasse o que está acontecendo.Minneapolis (EUA) |

Enquanto isso, milhões entraram nos cofres do BLM e — como descobrimos recentemente — no bolso de imobiliárias californianas de luxo. Boa parte veio de monstros corporativos do capitalismo moderno. Google, Apple e Microsoft estavam tão ávidos para doar para o Black Lives Matter que, num dado momento, quase doaram milhões do dólares para uma entidade chamada Black Lives Matter Foundation, que não tem nenhuma relação com o movimento BLM (e, por acaso, é a favor de um aumento das forças policiais).

Os direitistas ignorantes que repreenderam essas empresas por apoiar uma organização “marxista” não entenderam nada. 
O Black Lives Matter nunca foi uma ameaça àqueles que estão em posições de poder. 
Na verdade, ele causou mais danos aos que estão na base, ao mesmo tempo que permite que ativistas comprem casas e empresas comprem virtude.

Para os progressistas genuínos, o trabalho da próxima década será nos livrar do “antirracismo” neoliberal que o BLM nos deixou.


Tom Slater é editor da Spiked. Ele está no Twitter: @Tom_Slater_

Leia também “O caso Kyle Rittenhouse e a histeria das elites”

Revista Oeste

 

domingo, 27 de março de 2022

Guerra da Ucrânia: as medidas de segurança extremas para proteger Putin - BBC News Mundo

Fernanda Paúl

 Nada é improvisado na vida de Vladimir Putin.

Todos os passos do presidente russo são observados de perto por centenas de guarda-costas que o acompanham 24 horas por dia. Sua comida é preparada às escondidas e tudo o que ele bebe deve ser previamente checado por seus assessores mais próximos.

Ex-oficial da KGB, o serviço de segurança da União Soviética, Putin conhece muito bem as ameaças que existem ao seu redor, especialmente em tempos de guerra. O mandatário lidera a invasão russa à Ucrânia, e isso representa alguns riscos adicionais para sua segurança.


Vladimir Putin e seguranças pessoais

Crédito, Getty Images - Vladimir Putin vive cercado por seguranças pessoais 

Mas quem está realmente encarregado de protegê-lo? 
E quais são algumas das medidas que são tomadas para mantê-lo seguro? 

Ampla equipe de segurança

Entre os vários serviços de segurança que operam atualmente na Rússia, há um especialmente dedicado a proteger o presidente e sua família: o Serviço de Segurança Presidencial da Rússia. Esse esquadrão se reporta ao Serviço Federal de Proteção da Rússia (FSO), que tem suas origens na antiga KGB, e que também protege outros servidores de alto escalão do governo, incluindo o primeiro-ministro do país, Mikhail Mishustin.

É desse órgão que vêm os homens vestidos de preto com fones de ouvido que protegem o presidente 24 horas por dia. De acordo com o Russia Beyond, uma agência estatal, quando esses agentes acompanham Putin em atividades no exterior, eles se organizam em quatro círculos.

O círculo mais próximo é composto por guarda-costas pessoais do presidente.

O segundo é formado por guardas disfarçados, que passam despercebidos em público. O terceiro circunda o perímetro da multidão, impedindo a entrada de pessoas suspeitas.E o quarto e último círculo é formado por franco-atiradores localizados em telhados de prédios vizinhos. 

 Um franco-atirador russo localizado em uma das paredes do Kremlin, no centro de Moscou

Crédito, Getty Images - Um franco-atirador russo localizado em uma das paredes do Kremlin, no centro de Moscou

Esses agentes também acompanham Putin quando ele se desloca de um lugar a outro."Putin não gosta de helicópteros, ele costuma viajar com uma carreata enorme, com motociclistas, muitos carros pretos grandes, caminhões etc. Qualquer drone que possa estar no espaço aéreo é bloqueado e o tráfego é interrompido", diz Mark Galeotti, especialista em segurança russa e diretor da Mayak Intelligence, consultoria dedicada a analisar questões de segurança no país.

O Serviço de Segurança Presidencial russo é apoiado pela "Guarda Nacional Russa", ou Rosgvardia, que foi formada pelo próprio Putin há seis anos. Alguns descreveram o órgão como uma espécie de "exército pessoal" do presidente.

Esse grupo é independente das Forças Armadas e, embora sua missão oficial seja proteger as fronteiras, combater o terrorismo e proteger a ordem pública, entre outras tarefas, na prática uma de seus principais objetivos é proteger Putin de possíveis ameaças."Todo mundo sabe que eles são em grande parte guarda-costas pessoais de Putin", diz Stephen Hall, especialista em política russa da Universidade de Bath, no Reino Unido.

"E o presidente está muito protegido por eles e pelo resto dos serviços de segurança", acrescenta.

Atualmente, o chefe da Guarda Nacional é Viktor Zolotov, um ex-guarda-costas de Putin. Zolotov é um aliado leal do presidente e nos últimos anos aumentou em cerca de 400 mil o número de militares que integram essa força de segurança. "É um número enorme, as unidades de segurança para presidentes como os Estados Unidos não chegam nem perto desse contingente", diz Hall.

Viktor Zolotov, um ex-guarda-costas de Putin, chefia a Guarda Nacional Crédito, Getty Images - Viktor Zolotov, um ex-guarda-costas de Putin, chefia a Guarda Nacional

Medidas de proteção

Embora seja difícil saber até que ponto vão as medidas que buscam proteger Putin, o próprio Kremlin e especialistas em segurança lançaram alguma luz sobre o assunto.Uma das questões tratadas com mais cautela é a alimentação.

Segundo Mark Galeotti, Putin tem um "provador pessoal" que confere tudo o que o presidente vai comer. O objetivo é impedir um possível envenenamento. "Faz parte de um estilo mais próximo ao de um monarca medieval do que de um presidente moderno", diz Galeotti à BBC News Mundo. Tudo o que Putin consome é provado antes por seus seguranças.

Além disso, quando Putin viaja para fora da Rússia, a equipe do presidente cuida de tudo que ele consome. "Eles pegam toda a comida e bebida que ele vai consumir. Então, por exemplo, se tem um brinde oficial com champanhe, ele pega da garrafa que sua equipe traz, não a que é servida no evento", explica Galeotti.

Stephen Hall, por sua vez, diz que seus guarda-costas observam atentamente como a comida é produzida para evitar qualquer risco.

Telefones inteligentes
Outra medida que busca proteger Putin é o bloqueio de smartphones dentro do Kremlin.

O próprio presidente confirmou que não usa esses dispositivos. Em 2020, em entrevista à agência de notícias estatal TASS, ele admitiu isso, também apontando que, se quisesse conversar com alguém, havia uma linha oficial para fazê-lo. 

Seus conselheiros também admitiram essa estratégia. O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, disse repetidamente que Putin não usa telefones celulares porque "não tem muito tempo".

Entre as razões que explicam a relutância é uma profunda desconfiança da internet por parte de Putin.mNo passado, aliás, ele afirmou que a internet é um "projeto da CIA" - a agência de inteligência dos EUA -, e pediu aos russos que não façam buscas no Google porque considera que os americanos estão monitorando todas as informações. "Putin quase não usa a internet, é sabido que ele não gosta de telefones. E bem, sejamos honestos, do ponto de vista da segurança, Putin está absolutamente certo. Smartphones não são muito seguros", diz Galeotti.

Diante disso, o acadêmico afirma que Putin recebe de seus assessores arquivos e relatórios em papel. "Ele começa o dia com três relatórios de segurança. Um é o que está acontecendo no mundo, um é o que está acontecendo na Rússia e o terceiro é o que está acontecendo dentro da elite do país", diz ele. "Para ele, esta é a informação mais importante e que vai definir o seu dia."

"Lembro-me de conversar com diplomatas e funcionários do Ministério das Relações Exteriores que me disseram que estavam frustrados porque, se tiverem informações que entrem em conflito com seus serviços de inteligência, Putin tenderá a supor que seus espiões estão certos e os diplomatas estão errados", acrescenta.

Isolamento e pandemia
Atualmente, o acesso a Vladimir Putin é extremamente limitado. Os poucos líderes que se reúnem com ele, como o presidente brasileiro Jair Bolsonaro, em fevereiro, devem permanecer a vários metros de distância. O encontro com o presidente da França, Emmanuel Macron, chamou atenção por uma imagem que mostrava o francês sentado no lado oposto de uma longa mesa.

Parte dessas medidas são uma herança da pandemia de covid-19, que acabou isolando Putin ainda mais.

De acordo com o serviço russo da BBC, entre as medidas que foram implementadas nesse período estão: uma quarentena obrigatória de duas semanas para quem quiser assistir a encontros com o presidente; rigoroso regime de controle médico, que inclui testes periódicos de PCR, para todos que cercam Putin; e a redução quase total da participação em eventos públicos.

Em 15 de março, o secretário de imprensa do governo russo, Dmitry Peskov, confirmou que todas as medidas anti-covid relacionadas à segurança de Putin permanecem intactas até que "especialistas considerem apropriado".

Na Rússia, a saúde pessoal de Putin é vista como uma questão de segurança nacional. Em entrevista ao programa Today, da BBC Rádio 4, o general americano James Clapper - que supervisionou a CIA, FBI, NSA e serviu como um dos principais conselheiros do ex-presidente Barack Obama - confirmou que Putin está isolado fisicamente.

"Putin esteve amplamente isolado, principalmente nos últimos dois anos com a pandemia. Poucas pessoas realmente têm acesso a ele, o que dificulta muito a coleta de informações a seu respeito", diz Clapper.

Galeotti concorda: "Putin vive muito isolado. O círculo de pessoas ao seu redor diminuiu drasticamente", diz.

"Ele não viaja mais pelo país e sua aparição em eventos públicos é algo bastante raro. Os seguranças estão entre as poucas pessoas com quem Putin tem um relacionamento pessoal", diz ele.

Segundo Galeotti, isso explica, em parte, por que muitos desses seguranças pessoais foram posteriormente nomeados para altos cargos no governo, como é o caso de Viktor Zolotov, da Guarda Nacional. Alguns analistas de inteligência dizem que as medidas extremas de segurança em torno de Putin são parcialmente explicadas por uma espécie de "paranóia".

Já outros afirmam que o presidente, com sua experiência na KGB, sabe melhor do que ninguém como sua segurança é importante.Seja como for, tudo indica que a proteção e isolamento de Putin só aumentam. Como diz Galeotti, as coisas são feitas no Kremlin "como Putin quer que sejam feitas".

BBC News - Brasil

sexta-feira, 25 de março de 2022

A censura reinventada - Revista Oeste

Se a lei valesse alguma coisa para o STF, ninguém poderia ser polícia, promotor e juiz ao mesmo tempo, como Alexandre de Moraes está sendo no seu inquérito das fake news

Através do Tribunal Superior Eleitoral, o seu braço operacional nas eleições, o Supremo Tribunal Federal resolveu participar da campanha eleitoral para a escolha do presidente da República em outubro próximo. Já é muito ruim que o TSE, normalmente, se comporte como um “tribunal”, dando ordens num processo que nada tem a ver com as funções da Justiça; deveria ser um simples serviço administrativo para cuidar da operação eleitoral urnas, mesários, computação eletrônica dos votos. 

 

Os ministros Alexandre de Moraes e Edson Fachin durante sessão plenária do Supremo Tribunal Federal (STF) -  Foto: Agência Brasil

Mas tudo fica duas vezes pior quando o juiz apita para um dos times que estão jogando
É algo bem simples de se entender vendo o que é, na vida real, esse TSE que está aí, e que vai mandar nas eleições. 
Seu presidente até agosto é o ministro Edson Fachin, o criador declarado da candidatura de Lula — foi ele quem tomou a extraordinária decisão de anular, por “erro de CEP”, as quatro ações penais contra o ex-presidente, incluindo sua condenação pelos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro, em três instâncias e por nove juízes diferentes. A partir de agosto, dois meses antes da eleição, Fachin será substituído no cargo pelo ministro Alexandre de Moraes, que de uns tempos para cá nomeou a si mesmo comandante da oposição política no Brasil e utiliza sua posição no STF para hostilizar sistematicamente o presidente da República e seus aliados. 
Ambos têm o apoio de uma Corte Suprema na qual sete dos 11 ministros foram nomeados por Dilma Rousseff e pelo próprio Lula — sendo que um dos que não foram é o próprio Moraes. 
Pense durante 30 segundos nisso, faça suas contas e veja onde foram amarrar o burro deste país.

Seria difícil, em condições normais de temperatura e pressão, acreditar que um grupo desses iria se comportar de forma imparcial numa eleição-chave como será a de outubro. Nas condições reais de hoje, e apenas observando as decisões públicas que os ministros têm tomado, o difícil passa à categoria de quase-milagre. 

Ninguém, entre todos eles, assumiu o destaque de Alexandre de Moraes — hoje o mestre-sala, a porta-bandeira e a bateria, juntos, da Escola Unidos do Ele Não. 
O ministro, a cada despacho, mostra que está fazendo tudo para Bolsonaro não se reeleger; 
daqui para diante, a menos que vire de rumo com algum cavalo de pau, vai fazer mais. Em sua última explosão de hiperatividade, ele proibiu a plataforma de comunicação social Telegram de operar no Brasil — mais um dos assassinatos em série da lei que vêm sendo produzidos por seu inquérito perpétuo “contra as fake news. Logo em seguida permitiu de novo, como um paxá que manda e desmanda, mas pode proibir outra vez. 
 
Entre uma decisão e outra, dentro da inevitável situação de ilegalidade permanente que é criada por um inquérito ilegal, surgiu mais um episódio escuro — o uso da Polícia Federal por parte de um magistrado, coisa que não pode acontecer pelo que está escrito na lei, mas que acontece há três anos seguidos na investigação de Moraes. 
E daí? Se a lei valesse alguma coisa para o STF, não haveria inquérito nenhum, porque ninguém pode ser polícia, promotor e juiz ao mesmo tempo, como Moraes está sendo no seu inquérito. Vida que segue — até a próxima agressão à lei por quem deveria ser o seu principal cumpridor.

Onde está escrito que o TSE, ou seja lá quem for, tem o poder de decidir o que é mentira e o que é verdade?

Não é preciso dizer, claro, que o Telegram, uma plataforma alternativa, é utilizado pelo presidente da República para a sua comunicação direta com o público — uma saída para ele, que é figura malvista pelo consórcio Facebook, Instagram, Google, Twitter, YouTube, WhatsApp, TikTok e Kwai. Muito a propósito, essas empresas se prontificaram a “colaborar” com o TSE durante as eleições, para impedir, segundo elas, a divulgação de “notícias falsas”. O Telegram não se prontificou, pelo menos até agora — eis aí o problema. 

Não basta a soma de todas as outras plataformas; o TSE quer 100% de silêncio. É uma aberração de circo. A autoridade eleitoral brasileira não tem nada de se meter em acordos com empresas estrangeiras, como é o caso de todas elas, para agirem em conjunto numa eleição no Brasil. Não tem nada de se meter, na verdade, com meio de comunicação nenhum, veículo ou não, para regular a circulação de notícias; isso, muito simplesmente, desrespeita o que está escrito na Constituição, que garante a liberdade plena de expressão. De novo: e daí?  

Quem é que está ligando para a Constituição? Ao contrário — o que estão fazendo é dobrar a aposta. Logo depois das ordens e contraordens de Moraes, Fachin expediu um ofício no qual diz “insistir” na “adoção de estratégias de cooperação” entre o Telegram e o TSE”. O mesmo Fachin, ainda há pouco, havia dado mais força a uma “Comissão de Segurança Cibernética” do tribunal, que é presidida justamente por Moraes: a seu pedido, o atual presidente do TSE aumentou o número dos integrantes de 6 para 11, e deu-lhes a atribuição de “monitorar” e reprimir a publicação de fake news e “ataques a ministros e à Justiça Eleitoral” nas redes sociais.

As palavras mágicas em toda essa história são fake” e “news”, assim mesmo em inglês — o supremo órgão do Estado brasileiro nas eleições até agora não se deu ao trabalho de traduzir isso para o português. É aí, na verdade, que está o pé de cabra com o qual o TSE vai participar na campanha eleitoral para a Presidência da República. “Monitorar” e agir no “combate à disseminação de informações falsas em redes sociais”, como o TSE se propõe oficialmente a fazer, é praticar censura. É a ferramenta que eles estão dando a si próprios para controlar o que pode ou não pode ser publicado durante a campanha eleitoral. 

Se não é censura e controle, então o que é? Já existem na lei brasileira defesas suficientes para proteger a sociedade dos delitos que se podem praticar através da palavra — a calúnia, a injúria e a difamação. 
Os autores desses crimes têm de responder por seus atos perante o Código Penal; isso é tarefa da Justiça, e não tem nada a ver com a autoridade eleitoral. 
Quem é a “Comissão de Segurança Cibernética” para julgar, por exemplo, casos de denunciação caluniosa? Que lei lhe deu esses poderes?
 
O STF, com o seu braço eleitoral, as empresas que controlam as redes sociais e a militância política corromperam a ideia de “fake news. 
Uma notícia falsa não é assunto de interesse da Justiça ou da autoridade do Estado; é questão que existe entre os meios de comunicação e o público, e estritamente entre eles. 
A lei diz que a expressão é livre, sendo vedado o anonimato
a partir daí, quem decide o que é certo ou errado é quem ouve, vê ou lê a notícia, na mídia ou nas redes sociais, e quem pratica crimes ao se expressar tem de responder na Justiça por eles. Ponto final.  
Qualquer coisa diferente disso é interferência ilegal na liberdade de palavra — é quererem pensar por você. 
Onde está escrito, na lei brasileira, que é proibido mentir? Mais: onde está escrito que o TSE, ou seja lá quem for, tem o poder de decidir o que é mentira e o que é verdade? 
De onde foram tirar a noção de que uma Comissão nomeada pelo ministro Fachin define o que é notícia falsa e o que é notícia verdadeira neste país? Quem nomeou o Facebook, o Instagram ou o Twitter árbitros da verdade? Consta que Pôncio Pilatos perguntou a Jesus Cristo, no seu julgamento: Quid est veritas?”, ou “O que é a verdade?” 
Consta que Cristo não respondeu. 
Se nem ele sabia, e ninguém encontrou uma resposta nos últimos 2.000 anos, por que o ministro Moraes acha que sabe? É uma trapaça. Fake news, hoje, é a censura reinventada. Sua utilização é interferência direta na campanha e, possivelmente, no resultado da eleição.

Leia também “O candidato que não pode ganhar”

J. R. Guzzo, colunista - Revista Oeste


quarta-feira, 9 de março de 2022

Lei das fake news é alvo de pressão de big techs, e especialistas veem risco de judicialização - Folha de S. Paulo

Danielle Brant

Facebook, Google e Twitter falam em consequências negativas para pequenas empresas; relator diz que empresas divulgam notícia falsa

Em meio à ofensiva das plataformas para tentar flexibilizar o projeto de fake news em tramitação na Câmara, especialistas dizem haver risco de judicialização de pontos da atual versão, como o do compartilhamento de dados para uso em publicidade.

A proposta atual, aprovada em dezembro por um grupo de trabalho de deputados, ainda deve sofrer ajustes. O relator, deputado Orlando Silva (PC do B-SP), já se reuniu com a maior parte das bancadas partidárias e pretende conversar com senadores e com o governo antes de entregar o parecer final ao presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL) —o que deve ocorrer até o fim de março.

As gigantes de tecnologia intensificaram a pressão e publicaram, em diferentes veículos de comunicação, anúncios afirmando que o projeto traria consequências negativas às pequenas empresas que usam publicidade online em seus negócios.

O anúncio direciona para uma carta aberta publicada no site da Meta dona do Facebook, Instagram e WhatsApp, entre outras.

No documento, assinado por Facebook e Instagram, Google, Mercado Livre e Twitter, as empresas afirmam que o texto relatado por Orlando Silva "passou a representar uma potencial ameaça para a internet livre, democrática e aberta que conhecemos hoje e que transforma a vida dos brasileiros todos os dias."

Segundo o texto, pequenas e médias empresas não poderão mais anunciar seus produtos com eficiência e a custo baixo na internet. "O PL das fake news deveria combater fake news, e não a lanchonete do seu bairro", diz o anúncio.  O argumento é que o artigo 7º do projeto afeta a publicidade dirigida feita pelas plataformas, o que não ocorre nem na LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados).

Especialistas veem eventual conflito do texto como está na versão atual com as regras estipuladas pela LGPD, que versam sobre a utilização de dados por qualquer empresa.  Na avaliação de Camila Borba Lefèvre, advogada do escritório Vieira Rezende, o projeto relatado por Orlando Silva pode dar margem para judicialização ao trazer uma exceção à LGPD, sem alterar essa lei. "Essa lei vem dizer que os dados não podem ser usados pelas plataformas em combinação com terceiros provedores de outros serviços. Isso é muito estranho e está em contradição com a LGPD."

É a mesma avaliação de Pedro Henrique Ramos, advogado e conselheiro da associação IAB Brasil, que atua em publicidade digital e tem cerca de 230 empresas associadas. "Isso afeta diretamente a publicidade. Quando eu tenho jornal, por exemplo, e eu combino dados para poder oferecer publicidade, eu já não poderia oferecer a publicidade porque aquilo não é minha função principal, minha função principal é oferecer o jornal. Então, isso é uma vedação inédita no mundo", afirmou.

Segundo ele, o dispositivo cria insegurança jurídica. "No direito, você utiliza a regra da lei mais recente ou da lei mais especial. Nesse caso, você vai ter um conflito, porque a lei mais especial seria a LGPD. Ao mesmo tempo, você tem uma lei específica que vem depois da LGPD. Vai dar briga se passar esse artigo, com certeza."

Cris Camargo, CEO da IAB Brasil, exemplifica. "Você tem uma perda de receita. Eu quero vender pneu. Eu já tenho uma lista de possíveis compradores de pneu que compraram meu carro há quatro anos. Como eu faço para dirigir essa publicidade dentro de outros portais, veículos de comunicação? Você cruzaria, talvez, as bases, os dados, chegaria nessa audiência. Então, você perderia esse possível impacto", ponderou.

Além disso, diz, a outra ponta, que recebe o dinheiro da publicidade, também é afetada. "Tem uma perda em toda a cadeia, desde o anunciante perde negócio, a agência de publicidade não vai poder oferecer esse tipo de solução", complementou.

Ela destaca ainda que a versão atual do PL dificulta o impulsionamento de mensagens. Já a advogada Patricia Peck, sócia-fundadora do Peck Advogados, reconhece que os requisitos dispostos na versão atual do texto impactam os modelos de negócios de hoje, mas ressalta que são como efeitos colaterais de medicamentos. "Se você tem hoje um modelo de mercado em que você construiu toda uma forma de publicação de conteúdos e anúncios que, quando você impulsiona, isso pode ser, de alguma forma, desvirtuado com a utilização de fake news, ou seja, posso acabar tendo mais audiência, mais tráfego e mais ganho financeiro devido à própria disseminação de fake news, existe uma distorção dentro do modelo", argumenta.

Folha de S.Paulo - MATÉRIA COMPLETA

[comentando: não é nossa intenção incentivar suborno a um parlamentar; apenas entendemos que dentro de uma política  de cortesia, de hospitalidade, é conveniente convidar o deputado Orlando Silva para um festival de tapioca - ele se amarra numa tapioca.]


domingo, 20 de fevereiro de 2022

Isso aqui é a casa da sogra - Revista Oeste

Vai se tornando cada vez mais inevitável, pela militância agressiva do ministro Luís Roberto Barroso e do seu Tribunal Superior Eleitoral uma aberração de república bananeira que só existe em lugares como o Brasil —, um clima de fraude, desconfiança e malícia nas eleições presidenciais de outubro próximo. Pode haver roubo nas apurações. Pode não haver. Mas o TSE e o seu comando estão fazendo tudo o que é possível para dar a impressão que estão querendo, sim, roubar essa eleição — e, sobretudo, tornar a campanha eleitoral fundamentalmente desonesta, com o maciço favorecimento de um lado contra o outro. 

O último espasmo, nesse esforço cada vez mais evidente para influenciar o resultado da eleição, é o “acordo” entre o TSE, um órgão do Estado brasileiro, e um aglomerado de empresas estrangeiras para censurar a circulação do que eles chamam de “notícias falsas” ao longo da campanha. Até uma criança de 10 anos de idade sabe o que é uma “notícia falsa” para essa gente tudo o que os seus proprietários, que estão basicamente nos Estados Unidos, não querem ver publicado.       É inédito. É ilegal, pois não foi aprovado pelo Congresso Nacional. É um termo de cumplicidade com empresas privadas que têm sede em outros países, as chamadas big tech, com o objetivo declarado de interferir na principal eleição do Brasil. É esquisito
Barroso, justamente, tinha acabado de dizer que “o Brasil não é a casa da sogra”, quando pediu a colaboração de uma plataforma não americana, ausente do núcleo predominante, e foi ignorado
Agora, ele mesmo assina um documento dizendo: “O Brasil é a casa da sogra” — sim, quando se trata das big techs, é a própria casa da sogra.

Vão vetar tudo o que, também no seu entendimento, possa favorecer a candidatura do presidente Jair Bolsonaro

Resumo dessa ópera ruim: prepare-se para uma campanha eleitoral em que você só vai ver nas redes sociais o que o Facebook, Instagram, WhatsApp, YouTube, Google e etc. deixarem que seja visto — ou, mais precisamente, o que quiserem que você veja. 
E o que as big techs querem? Basta chamar de novo a mesma criança de 10 anos. Elas não vão permitir, para encurtar a conversa, que saia publicado nada do que, no seu entendimento, venha a prejudicar o “campo progressista” de Lula e similares. 
 
Automaticamente, ao mesmo tempo, vão vetar tudo o que, também no seu entendimento, possa favorecer a candidatura do presidente Jair Bolsonaro. Vão conseguir? Não vão conseguir tudo, é claro; ninguém consegue “tudo”. Mas é algo tão parecido com um controle externo sobre o noticiário que, na prática, acaba dando mais ou menos na mesma. É o que comprova a experiência recente.  
O presidente já foi chamado de “genocida”. Já disseram que milícias criminosas do Rio de Janeiro comandam o seu governo. Já foi acusado de “conduzir experiências abomináveis” com seres humanos. Já mostraram seu rosto com a cara de Hitler, a suástica e a saudação nazista. Já foi denunciado pelo crime de “cloroquina”. Em nenhum desses momentos, nem uma única vez, as operadoras das redes sociais disseram uma sílaba sobre fake news tudo vale, se é para atirar em Bolsonaro. De maneira absolutamente simétrica, nada vale, quando o tiroteio vai para o lado de Lula. Aí é tudo “notícia falsa”, e as big techs aplicam censura contra quem abriu a boca.

Se uma pessoa vota em Bolsonaro, essa pessoa é obrigatoriamente um “nazista”

Os controladores dessas empresas formam uma nova raça no panorama político mundial — a dos milionários de esquerda. É gente que, depois de se chapar de dinheiro, descobriu que é muito mais negócio aparecer em público como “progressista”: a mídia, os artistas e as classes intelectuais ficam encantados, o sujeito ganha outros milhões e ninguém corre o menor risco de nada. 
O que poderia ser mais fácil neste mundo do que viver como um paxá, com salário de US$ 5 milhões ao ano (isso para os apenas remediados), casas na Califórnia e comidas orgânicas, fora o jatinho e o resto? É o que fazem os donos das redes. 
Sua cabeça é uma espécie de Diário Oficial do que passa, hoje, por “pensamento” da esquerdagem gratuita: são, 24 horas por dia, contra o “racismo”, a “homofobia”, a “masculinidade tóxica”, a “desigualdade”, os “ricos em excesso” e os caminhoneiros canadenses; são a favor da vacina obrigatória e de tudo o mais que você já está cansado de saber. Nesse mundo considera-se que os eleitores de Bolsonaro, no fundo, não têm o direito de votar nele.  
Se uma pessoa vota em Bolsonaro, essa pessoa não pode, no entender das mentes iluminadas deste país, ser um democrata; é obrigatoriamente um “nazista”, e o bom, mesmo, seria que o TSE inventasse um sistema pelo qual a cada vez que o eleitor apertasse a tecla “Jair Bolsonaro” na urna o sistema registrasse automaticamente “voto nulo”.[com a adoção do voto impresso, caso a manobra tenha sido inventada, não poderá ser implantada.]

Se essas empresas são a favor de Lula e contra Bolsonaro, consideram o ministro Alexandre de Moraes o salvador da democracia brasileira com o seu “inquérito” para descobrir “atos antidemocráticos”, e outras bobagens desse tipo, tudo bem — é problema delas. Mas submeter um “tribunal” brasileiro aos seus interesses, com a desculpa de que estão ajudando na limpeza das eleições, é um disparate. Ao mesmo tempo, é o curso natural das coisas, quando se toma o rumo que o ministro Barroso e o TSE tomaram: o que se pode esperar de um órgão público que faz uma campanha publicitária, paga integralmente com o seu dinheiro, querendo provar que o “voto eletrônico” é muito bom porque o Brasil tem “8,5 milhões de quilômetros quadrados de superfície” e apenas “1,5 milhão de quilômetros” de estradas? Hein? Como é que é mesmo?  

E que raio uma coisa tem a ver com a outra? Quer dizer que se o Brasil tivesse mais estradas o voto eletrônico seria menos necessário? 
Ou será que 1,5 milhão de quilômetros de estradas não são suficientes para as pessoas votarem? 
 Alguém sabe de algum brasileiro que não esteja conseguindo ir de um lugar para outro, nas áreas que concentram 95% da população brasileira, por falta de estrada? 
O voto eletrônico pode ser a coisa mais necessária dessa vida, mas nunca porque o Brasil é grande; precisa porque é assim que se faz hoje no mundo inteiro. 
Essa campanha não é apenas o triunfo conjunto da cretinice e da recusa em pensar mais do que 30 segundos sobre alguma coisa. É também uma trapaça, ao dar a entender que “o governo” defende a volta do “bico de pena” quando ninguém, em nenhum momento, está sugerindo nada parecido com isso.

Eis aí o grau de honestidade que se pode esperar dos encarregados de garantir eleições limpas neste país.

Leia também “Os jornalistas foram os palhaços da CPI”

J. R. Guzzo, colunista - Revista Oeste


quarta-feira, 16 de fevereiro de 2022

WhatsApp, Google e mais 6 serviços selam acordo com TSE contra fake news - O Estado de S. Paulo

YouTube, Facebook, Instagram, TikTok, Twitter e Kwai também assinam acordo de combate às fake news nas eleições de 2022; Telegram, a principal preocupação da corte, não participou da reunião

[Entendemos que a mentira não deve ser utilizada por qualquer meio de comunicação - o compromisso em divulgar apenas a verdade deve ser diretamente proporcional ao tamanho do órgão jornalístico.
Só que não conseguimos entender a razão de tamanha obsessão em punir algo que não é crime na legislação brasileira e sequer há certeza de que ocorrerá?
Não nos parece normal que a Justiça tenha tamanha fixação em punir algo que não é crime.
O Brasil está sendo mais rigoroso do que a China, talvez até mesmo que a Coreia do Norte,  em uma punir uma ação não tipificada como crime e que talvez sequer venha a ser praticada.
O Telegram usou do seu direito de não participar de uma reunião para impor censura.
Apesar de sermos honrados por apenas dois leitores, o que nos confere a pouca importância dos pequenos, nos sentimos à vontade para criticar a obsessão do Poder Judiciário, notadamente o TSE, por não praticarmos divulgação de notícias falsas,o que complementa nossa política contrária à prática de criar/divulgar fake news.]

 O ministro Luís Roberto Barroso, presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), se reuniu nesta terça-feira, 15, com representantes de plataformas digitais para assinar um acordo de combate à disseminação de fake news no processo eleitoral deste ano. Firmaram o compromisso o Twitter, WhatsApp, TikTok, Instagram, Facebook, Google, YouTube e Kwai. O Telegram, rede que tem sido ameaçada de banimento do País por não colaborar com a Corte, não enviou representantes à reunião. [uma pergunta: O Telegram foi alvo de algum processo legal que tenha resultado em sua condenação por prática de algum ato punível com o banimento?]

A parceria do TSE com redes sociais começou nas eleições municipais de 2020. Junto às empresas de tecnologia, o tribunal traça estratégias para combater a divulgação de desinformação que possa comprometer a legitimidade e a integridade das eleições.

Atual vice-presidente do TSE, prestes a substituir Barroso à frente da Corte, a partir do dia 22, o ministro Edson Fachin ressaltou que espera eleições “limpas, livres e seguras”. A disseminação de notícias falsas nas eleições presidenciais de 2018 levou à abertura de uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) para apurar o disparo em massa de fake news na campanha. Este ano, a realização das eleições também está envolta em tensão. A lisura do processo eleitoral foi questionada diversas vezes pelo presidente Jair Bolsonaro; o ministro Braga Netto, da Defesa, chegou a condicionar o pleito à adoção do voto impresso e mandou um recado ao presidente da Câmara, Arthur Lira, ameaçando não haver eleição, como mostrou o Estadão. “Nosso objetivo é desenvolver ações para coibir e também neutralizar a disseminação de notícias falsas nas redes sociais durante as eleições deste ano. Paz e segurança nas eleições de 2022”, afirmou Fachin.

Por meio do acordo, as empresas se comprometem a priorizar a exibição de informações oficiais em suas plataformas. No caso do WhatsApp, por exemplo, quem receber mensagens suspeitas poderá preencher um formulário no site da Justiça Eleitoral. [o perigo é que qualquer um pode entender  que recebeu uma mensagem suspeita, denunciar e provocar abertura de um processo cujos procedimentos para apuração e critérios estabelecendo punições são desconhecidos - aliás,nos parece que ainda não foram estabelecidos!!!]  Caso o conteúdo seja considerado como disparo ilegal de campanha, o tribunal vai requisitar à plataforma a exclusão da conta. Se o TSE concluir que há relação direta com alguma campanha, a candidatura pode sofrer sanções, que vão de multa até a cassação.

O programa firmado pelo acordo se baseia em três iniciativas, segundo o TSE: 
-  impulsionar informações de fontes oficiais; [nos parece que o impulsionar, está mais para prestigiar, destacar 'informações de fontes oficiais' = facilitar a divulgação das informações oficiais e dificultar as de outras fontes.
Uma forma mais sutil de adotar o que a antiga União Soviética fazia com o Pravda e Cuba faz com o Granma - no Brasil se controla o uso das redes oficiais, que são mais acessíveis e preferidas e com isso se impõe a VERDADE OFICIAL.]
- promover capacitação para identificar fake news e dar enfoque a controle de comportamento [achamos que nem na China ou Coreia do Norte existe tal controle;o descondenado luladrão quer implantar um controle tipo censura e que chama de  controle social da mídia.] como, por exemplo, limitar o número de vezes que uma mensagem pode ser compartilhada. Excepcionalmente, segundo o tribunal, também pode haver controle de conteúdo.
O TSE vem aumentando a pressão sobre o Telegram em busca de colaboração. Sem representação no Brasil, o aplicativo ignora tentativas de diálogo feitas pela Corte. “Qualquer ator relevante na comunicação social tem que estar sujeito à Justiça brasileira”, afirmou Barroso no início do mês. Em entrevista exclusiva ao Estadão publicada nesta quarta-feira, Fachin destacou a preocupação da Justiça Eleitoral não só com a disseminação de fake news, mas também com ataques de hackers, que inclusive já podem estar em andamento.[ o ministro Fachin, acertadamente, não minimiza o potencial nocivo dos hackers, o que talvez mude o comportamento imposto pelo ministro Barroso de que cogitar de falhas na segurança das urnas eletrônicas é algo que deve ser proibido.
O que causa preocupação é que todo o processo de bloqueio de uma conta segue critérios desconhecidos.]
 
Política - O Estado de S. Paulo
 

 

segunda-feira, 31 de janeiro de 2022

(TSE segue a China) - Quais são as chances de o Telegram ser banido no Brasil? - Vida e Cidadania

Gazeta do Povo

O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) cogita pedir que a rede social Telegram, muito usada por conservadores do mundo inteiro, seja banida do Brasil.                                                     O argumento é a falta de escritório ativo no país.

No último mês de dezembro, o presidente da instituição, o ministro Luís Roberto Barroso, enviou um ofício solicitando uma reunião com a empresa, cujo aplicativo está instalado em 53% dos smartphones ativos do Brasil.

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Alegando que o TSE tem por função organizar e conduzir todos os processos que envolvem as eleições no país, Barroso propunha uma parceria para combater a desinformação durante as campanhas dos candidatos. “Através do Telegram, teorias da conspiração e falsas informações sobre o sistema eleitoral vêm sendo disseminados no Brasil”, escreveu, em inglês, no documento enviado ao fundador da empresa, o empreendedor russo Pavel Durov.

O órgão já mantém acordos semelhantes com o Facebook, o Instagram e o WhatsApp. Em novembro de 2020, por exemplo, o WhatsApp baniu mais de mil contas no país após denúncias recebidas em uma plataforma de denúncias mantida em plataforma conjunta com o TSE.  Diante da falta de resposta do Telegram, começam a circular na imprensa informações a respeito da disposição dos ministros do TSE de barrar o acesso à rede social.

Procurado pela reportagem via assessoria de imprensa, o tribunal enviou os seguintes esclarecimentos: “O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Luís Roberto Barroso, entende que nenhum ator relevante no processo eleitoral de 2022 pode operar no Brasil sem representação jurídica adequada, responsável pelo cumprimento da legislação nacional e das decisões judiciais”.

Na volta do recesso, o presidente irá discutir internamente com os ministros as providências possíveis, prossegue a nota. “O TSE já celebrou parcerias com quase todas as principais plataformas tecnológicas e não é desejável que haja exceções.  O ministro Barroso e seus sucessores, ministros Luiz Edson Fachin e Alexandre de Moraes, estão empenhados em promover eleições livres, limpas e seguras, e este deve ser um compromisso de todos os que participam do processo democrático brasileiro”.[o ministro Barroso, caso não seja contido por seus pares, em decisão colegiada, tem disposição para tentar transformar o Brasil em uma China, uma Coreia do Norte.
Não foi devido somente à falta do advérbio 'apenas' em um parágrafo da 'constituição cidadã' que permitiu a presença no Brasil da figura do casamento entre pessoas do mesmo sexo.
O ministro Barroso que defendia o casamento entre pessoas do mesmo sexo, muito influiu quando favorável ao tema, assim se manifestou:  “O que se pede aqui, em primeiro lugar, que este tribunal declare na tarde de hoje, é que qualquer forma de amar vale a pena”. 
Com tal entendimento é de se esperar que ele considere normal a tipificação como crime hediondo - e, se necessário assim decretar,em decisão monocrática, usurpando função do Poder Legislativo, - qualquer ação que, em seu supremo arbítrio,  considere atentatória ao bom conceito das "suas" urnas eletrônicas, sem exclusão de  outros atos que entenda passiveis de irrecorrível criminalização.]
 
Medida questionável
Mas o TSE pode impedir uma rede social de atuar no país? Thiago Sorrentino, professor de Direito do Ibmec-DF, responde que não. “Em regra, os residentes no Brasil têm liberdade para contratar bens e serviços de empresas estrangeiras, sem a necessidade de que elas estejam instaladas no Brasil”, ele informa.


Existem áreas específicas da economia para as quais a legislação exige que a empresa tenha sede ou representante no Brasil, ou que seu capital tenha um limite de participação estrangeira, explica o docente. “Por enquanto, não é o caso dos aplicativos de troca de mensagens que operam sobre o protocolo do que chamamos de internet”.

O especialista, que atuou por dez anos como assessor de Ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), avalia que o fato de uma tecnologia poder ser utilizada para atividades ilegais não é suficiente para justificar uma proibição geral ao aceso. “A analogia que faço é com o velho telefone: a circunstância de uma quadrilha utilizar celulares para combinar um sequestro justificaria sua proibição ampla, geral e irrestrita? Também justificaria uma quebra arbitrária do sigilo das comunicações de todos os seus usuários? Evidentemente que não. Apenas governos totalitários banem linearmente o acesso a meios de comunicação”.

Em outras palavras, “uma rede social somente poderia ser proibida de operar em territórios nacional se seu propósito único e exclusivo fosse a prática de crimes, como ocorreu nos Estados Unidos, em que um indivíduo montou um marketplace dedicado apenas à venda de drogas”.

Por outro lado, avalia o professor, caso o banimento seja estabelecido, os usuários que conseguissem driblar a medida poderiam sofrer punições no âmbito jurídico. “Não há dúvida de que, se o TSE banir o uso de um aplicativo específico por qualquer pessoal em território nacional, também haverá a possibilidade de punição criminal dessa pessoa. Tudo vai depender da quantidade de recursos que o Estado vai querer empreender nessa ação policial e contra quem ele direcionará seus esforços”.

Alexandre de Moraes estica a corda e ameaça estabilidade entre Poderes - a partir 8'09"
 
Exemplo da China
A sugestão de perseguir redes sociais lembra a postura de países ditatoriais. A China, em especial, é conhecida por barrar o acesso a canais de comunicação utilizados no mundo inteiro. A postura de Pequim, de censurar os produtores de conteúdo que não sejam controláveis pelo governo local, criou uma geração inteira que não conhece sites que fazem parte da rotina de boa parte do planeta.

A lista de sites e redes sociais que os chineses comuns não conhecem há quase duas décadas inclui YouTube, Facebook, Twitter, Google, Twitter, Instagram, Dropbox, Vimeo e SoundCloud, além de canais de notícias respeitados internacionalmente, como o jornal The New York Times e a rede de notícias BBC.
 
Vida e Cidadania - Gazeta do Povo

quarta-feira, 12 de janeiro de 2022

O QUE HÁ DE MAIS "FAKE" QUE AS "FAKE NEWS" - Fernão Lara Mesquita

O empreendedorismo é o domínio do instinto. Não é para quem quer é para quem é. A política e seu produto por excelência na democracia -- a lei -- é a superação da que rege o instinto e manda todo bicho "usar sua força para comer o mais possível sempre que a ocasião se apresentar", um movimento concertado de defesa das presas contra os predadores que acaba por ser acatado até por esses últimos quando a História os ensina a pensar adiante da próxima refeição.

A informática não mudou rigorosamente nada na essência das relações humanas que já foi bem precisamente sintetizada no adágio de que "o homem é o lobo do homem". Ela criou uma reprodução matemática do mundo real sujeita não mais às velocidades e multiplicações do universo da História e do mundo físico mas às próprias a essa ciência abstrata, o que subverteu violentamente as noções de espaço e tempo, fundamentos do conhecimento humano, com implicações altamente disruptivas nas aplicações que daí decorrem, especialmente as ligadas à produção e à transação de bens e riquezas e, mais que para todas as outras, para a capacidade de cada nação de impor leis precisas, estáveis e bem delimitadas como têm de ser as das raras democracias de fato existentes. 

Como sempre, desde o controle do fogo, do arco e da roda e da domesticação dos animais, das plantas e dos metais, essa disrupção proporcionou aos "predadores alfa" da política e da economia explorar os vazios de regulamentação que se abriram com a violência e o oportunismo que o instinto lhes pede. Sob a bandeira da "reforma da humanidade" de sempre, o Google auto-atribuiu-se o direito de mudar as regras do ciclo de vida da informação espionando, indexando e tornando acessíveis para todo o sempre os pormenores das manifestações de preferência e trocas de informações entre cada um dos seres humanos sem pedir licença a ninguém, ato criminalizado em todas as legislações do mundo para todas as tecnologias não baseadas em bits. 

Em paralelo, na melhor técnica do malandro que atrai a vítima sempre com a promessa de benefícios impagáveis, copiou e indexou a informação coletada e sistematizada por profissionais de todos os campos do saber em todos os tempos sem pagar direitos a quem trabalhou para produzi-la, outro crime tipificado para todos os meios anteriores, e entregou o produto desse saque planetário como um "presente grátis" a quem antes tinha de pagar por ele, "apenas" em troca da livre espionagem dos hábitos, preferências, intimidades e roteiros dos consumidores desse "serviço". E então amealhou uma fortuna indecente vendendo os segredos de cada eleitor e cada consumidor aos tubarões da política e da economia.

Escancarada a porta, por lá passaram as boiadas da Amazon e do Facebook, as "ferrovias" de hoje com seu séquito de robber barons de vida curta, comprados com baratos bilhões para colocarem-se à salvo sem incomodar ou concorrer, e todo o resto das mazelas que conhecemos, com as Apples no fim da fila, explorando nas chinas da vida o trabalho escravo pelo qual seriam presas em casa e arrastando todos os seus concorrentes para o mesmo atalho que matou, numa só cajadada, séculos de conquistas dos trabalhadores nas democracias, tudo sob o silêncio cúmplice da política podre que finge não entender a exata semelhança entre os crimes dos donos das big techs e seus caronas de hoje e os dos robber barons de ontem.

Agora, montados nos trilhões de dólares amealhados com esse tipo de "competência", já se sentem fortes o bastante para desafiar as maiorias de frente com a censura explícita e a incineração virtual dos "hereges" em autos-de-fé públicos mediante os quais ficam "cancelados" não só das tribunas a partir das quais a política captura os votos necessários para deter essa gigantesca falcatrua como também da vida econômica que migrou totalmente para a reprodução virtual do mundo real.

Em maio de 2014, depois que a Agência de Proteção de Dados da Espanha reassegurou a um professor o direito de ter o seu passado esquecido, a União Européia como um todo, mais "freguesa" que proprietária das mega multiplataformas da internet, restabeleceu o princípio de que o futuro da vida digital deve ser estabelecido pelas pessoas, suas leis e suas instituições democráticas e não por qualquer grupo de moleques montados numa tecnologia nova o bastante para não ser imediatamente compreendida, em seus meandros e processos, nem pelos seus usuários, nem muito menos pelos legisladores, o que recoloca nos seus devidos termos a questão decisiva deste início de 3º Milênio marcado pelo desvio do "capitalismo de espionagem" (surveillance capitalism) que só pode prosperar com a morte da democracia.

O atual impasse prende-se mais à corrupção que às dificuldades técnicas envolvidas. Não é preciso inventar nada de conceitual ou filosoficamente novo, como querem fazer crer os enganadores de sempre, apenas submeter as big techs e suas praças públicas virtuais às mesmas leis que enquadraram os robber barons do passado e garantem o exercício dos direitos fundamentais do homem nas praças públicas físicas (à propriedade, à sua intimidade #ownyourdata, à liberdade de crença e expressão, ao devido processo, etc.), impondo aos tecnólogos, como condição para operar seus aplicativos, plataformas e redes, a busca das soluções necessárias para implementar essas garantias.

Sim, conseguir são outros 500. Mas ser obrigado a tentar é tudo que sempre fez a humanidade andar para a frente...

Quanto ao gigantismo que desenvolveram violando as leis que todos os seus concorrentes eram obrigados a cumprir, vale o mesmo princípio. A democracia se reapresentou ao mundo em 1787 com a missão de evitar a criação de superpoderes no universo da política com a bandeira de que somente cada indivíduo tinha o direito de escolher o seu modo de alcançar a felicidade e definir o que era ou não "fake" para ele em matéria de pensamentos e crenças, o que lhe deu um impulso inicial brilhante mas não suficiente.

Na virada do século 19 para o 20, refém da corrupção gerada pelo seu principal "defeito de fabricação" que foi a blindagem, ainda que temporária, dos mandatos dos representantes eleitos contra seus eleitores, acrescentou à sua lista de objetivos prioritários, mediante o aparato antitruste que só pôde impor armando a mão do eleitor para dar a palavra final sobre cada ato dos seus representantes, a prevenção da criação de superpoderes também na economia privada, o que pôs em cena o único "estado de bem estar social" que jamais se materializou no mundo real: não o que o socialismo prometia autorizando o governante de plantão a distribuir dinheiro alheio entre seus amigos e correligionários mas aquele que Theodore Roosevelt dotou do moto continuo naturalmente invulnerável à politicagem da limitação da competência para açambarcar mercados pela manutenção obrigatória do grau mínimo de competição necessário em cada setor da economia para obrigar os empreendedores a disputar trabalhadores aumentando salários e consumidores reduzindo preços, com o Estado estritamente no papel de árbitro.

Foi esse o truque simples que fez dos Estados Unidos o que são (estes em que o PIB do estado de Nova York equivale ao do Brasil inteiro e o dos outros 49 estados é "lambuja" e não aquele que nossa imprensa mostra) e propiciou que arrastassem a humanidade inteira atras de si para patamares mais altos de liberdade, afluência e progresso da ciência ao longo de escassos ¾ do século 20 que os alcançados na soma de todas as centenas de séculos anteriores.

Agora quer a horda dos reacionários a volta ao padrão anterior a 1787, com sua igreja ditando o que é e o que não é "verdade" e calando quem discorda na marra em nome da "defesa da democracia".

"FAKE"!

A tergiversação em torno dessa empulhação, do gigantismo das big techs e de todos os seus nefandos corolários explica-se pelos trilhões acumulados pelos modernos robber barons, que engraxam tanto os que correm atras do poder de explorar o próximo pela via da economia quanto os especializados em faze-lo pela da política, muito mais que por qualquer dificuldade técnica para corrigir o rumo e aplicar a elas regulamentos honestos, democráticos e limpos.

Publicado originalmente em O Vespeiro, blog do autor.

O autor é jornalista, ex-diretor do Jornal da Tarde e ex-diretor de opinião de O Estado de S. Paulo.


sexta-feira, 24 de dezembro de 2021

QUE O NATAL CONSOLE O ARREPENDIMENTO, DECEPÇÃO E DOR... Adriano Marreiros

Não tenhas medo, Maria, porque encontraste graça diante de Deus. Eis que conceberás e darás à luz um filho, a quem porás o nome de Jesus. Ele será grande, será chamado Filho do Altíssimo, e o Senhor Deus lhe dará o trono de seu pai Davi. Ele reinará para sempre sobre os descendentes de Jacó, e o seu reino não terá fim'

Evangelho de São Lucas

Abra o tal do Google no Natal e constate que, após um monte de presepadas em datas inexpressivas, não haverá um presépio na principal data da humanidade..Não é à toa.  Não é esquecimento.  É método! Hoje, em público, só é permitido pregar a nova religião secular com seus dogmas canhestros e politicamente corretos.  
Cristianismo: só dentro de templos e com as restrições impostas pelos senhores do mundo...


Este foi um ano triste. Um ano de dor: pessoal e cívica. Um ano de perdas.
Chorei perdas na minha casa.
Chorei perda de liberdades.
Chorei perdas de ilusões...

Vão-se as pombas do pombal de Raimundo Correia e, como os sonhos do poeta, as ilusões também não voltarão ao coração

Perdi ilusões com pessoas: com CPF e com CNPJ.

Tive arrependimentos que jamais imaginei que teria.  Preocupante.

Fiquei pasmo com convicções repentinas, insuspeitas – mas hoje tão convenientes – de pessoas que, em décadas jamais falaram daquilo.  Decepcionante...

Vi as pedras de tantas cláusulas constitucionais virarem areia por meio de malabarismos e magia circense, com escalafobéticas palavras mágicas: “não retrocesso”, “constituição viva”, “nenhum direito é absoluto (exceto se for de alguém da ideologia).  Aberrante...

“Água mole em pedra dura tanto bate até que fura”, depois que fura, aí prossegue de furadeira elétrica sem nem tentar disfarçar o barulho que serve, inclusive, para que as vozes de protesto não sejam ouvidas: e às vezes sejam caladas sem figuras de linguagem.  Silenciante... Vi a Sociedade sem pai nem mãe quando mais precisou, aliás, pior, transformados na madrasta, qual Cinderela sem sapatinho ou baile: a não ser que fosse fanque...  Chocante

Vi criminosos colocados nas ruas e a liberdade colocada em prisões...  Encarcerante...

Nesta semana quero tentar esquecer isso por uns dias.  Quero comemorar o Nascimento do Senhor e depois contar mais um ano a partir dele.  
Quero fazer isso em público enquanto for permitido, enquanto não inventarem que é ofensivo, enquanto não inventarem que as ruas são laicas num país em que ofender Cristo e o Cristianismo gera arquivamento e criticar certas pessoas é profanação punida com prisão e o fogo do inferno na Terra.  
Porque quando não for mais permitido, buscarei fazê-lo assim mesmo: que Daniel me inspire!!!

Feliz Natal: enquanto deixarem que ele seja feliz.  Quando não deixarem, seremos felizes, assim mesmo, em razão do advento do Salvador!!!

Se algumas pessoas se afastarem de você,

não fique triste!

Isso é a resposta da oração:

“Livrai-me de todo o mal, Amém!”

Caio Fernando Abreu

 Crux Sacra Sit Mihi Lux / Non Draco Sit Mihi Dux 
Vade Retro Satana / Nunquam Suade Mihi Vana 
Sunt Mala Quae Libas / Ipse Venena Bibas

(Oração de São Bento cuja proteção eu suplico)

 

Tribuna Diária -  Adriano Alves-Marreiros

Que também é um homem de pouca fé, mas está buscando crer apesar de tudo...


quarta-feira, 3 de novembro de 2021

AS MAL AMADAS REDES SOCIAIS - Percival Puggina

Há um tipo de jornalismo que não consegue esconder seu desagrado perante a democratização do direito de opinião. 
Quem detinha o monopólio da informação e da opinião, percebe, na vida real, quanto de poder verificável, ou monetizável, perdeu com isso. Em sociedades democráticas, não ser refutado era privilégio de poucos.

Há, nas redes sociais, muita gritaria multilateral, xingamentos, manifestações impróprias, notícias falsas? Sim, claro. Mas não podem ser esses desvios o assunto principal quando possibilidades abertas pelas novas tecnologias fazem resplandecer notáveis talentos que, por motivos óbvios, não teriam espaço nos veículos da outrora grande mídia. Esta, aliás, internamente, de um modo que a empobrece, dispensa seus talentos divergentes para preservar coesão em sua linha editorial. O efeito apenas contribui para seu descrédito. E lá se vão eles, os despedidos, fazer sucesso, criar e dinamizar as novas mídias.

Como desconhecer que grande número dos novos comunicadores sociais chega ao público com preparo cultural, competência dialética, proporcionados pelo curso do Olavo de Carvalho? Quanta diferença entre eles e militantes produzidos por cursos de Jornalismo de nossas universidades! Imagine o quanto contraria o complexo de superioridade da esquerda, perceber, pelos motivos expostos, a disparidade de suas forças nas redes sociais.

Imagine a contrariedade daquele grupo de comunicação que se considerava “fazedor de presidentes”, atuando no Brasil, a cada quatro anos, como uma espécie não canônica de sagrador de cabeças coroadas!
 
Imagine a contrariedade dos políticos que, também eles, falavam sozinhos às suas bases através de uns poucos meios regionais de comunicação e, agora, precisam conviver com as redes sociais locais, chegando à palma da mão dos eleitores.

Imagine o desagrado de um poder de Estado sendo avaliado e criticado pelo próprio povo. Logo ele que, diante do espelho, se vê mimetizado, individual e colegiadamente, em democracia.

Imagine o desagrado de grandes veículos tão seletivos nas matérias que divulgam – vendo suas omissões, erros e contradições, expostos à sociedade. A propósito, fatos recentíssimos me vêm à lembrança. Nenhum grande veículo (ao menos nada há no Google que o registre) noticiou a mais recente capa desonesta da revista IstoÉ plagiando uma capa da revista Time. Neste dia em que escrevo (01/11), nenhum grande veículo dedicou linha ou imagem para registrar a multidão de brasileiros que se aglomerou diante do hotel do presidente para festejá-lo em Roma. Não deixe de ver aqui as cenas proporcionadas pelo vídeo disponibilizado por Gustavo Gayer.  

Imprensa surta - Bolsonaro é o único da G20 que leva multidão de apoio na Itália

Bolsonaro é o único entre os lideres mundiais da G20 que receber multidão de apoiadores na Itália. Imprensa não sabe como explicar isso

O ódio “às redes sociais” tem razões consistentes. Cutucam poderosíssimos vespeiros que se coligaram para enfrentar seus adversários nesse vasto e dinâmico território.

Percival Puggina (76), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+.