Blog Prontidão Total NO TWITTER

Blog Prontidão Total NO  TWITTER
SIGA-NOS NO TWITTER
Mostrando postagens com marcador assassino. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador assassino. Mostrar todas as postagens

sábado, 7 de dezembro de 2019

Caso Bernardo: Processo da morte de mãe de Paulo Osório é desarquivado

A avó de Bernardo, Neuza Maria Alves, foi esfaqueada, asfixiada e queimada pelo próprio filho, em 1992. O caso ocorreu na casa onde o servidor público morava atualmente, na 712 Sul

O Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT) desarquivou o processo do assassinato de Neuza Maria Alves, 45 anos. Ela foi morta com cinco facadas pelo próprio filho, Paulo Roberto de Caldas Osório, 45. O servidor público também é assassino confesso de Bernardo da Silva Marques Osório, de 1 ano e 11 meses. Ele sequestrou e diz ter matado o filho em 29 de novembro, após pegar o menino na creche onde ele estudava, ma 906 Sul. 
 
Paulo Osório - Reprodução/CB
Conforme informações do TJDFT, o processo de Neuza estava arquivado desde 2004, quando Paulo Osório cumpriu os 10 anos de pena na ala psiquiátrica do Complexo Penitenciário da Papuda. O homem esfaqueou a mãe, asfixiou-a com uma corda de náilon e, em seguida, colocou fogo no corpo. O assassinato ocorreu em uma casa na 712 Sulmesmo local onde o servidor morava desde que conseguiu a liberdade
 
À época da morte de Neuza, uma amiga da vítima chegou a solicitar aos investigadores da Polícia Civil para que Paulo Osório fosse liberado do presídio para comparecer ao velório da mãe. Entretanto, o delegado responsável pelo caso negou o pedido. Além disso, durante o cumprimento da pena pelo assassinato da mãe, o servidor teve habeas corpus rejeitado pela Justiça: laudo psiquiátrico desfavorável ''à cessação da periculosidade''.

Assassinato de BernardoPaulo Osório sequestrou e teria matado o filho com o uso de remédios para dormir em 29 de novembro. O homem pegou Bernardo na escola e, durante o trajeto para a residência dele, deu um suco de uva envenenado. O menino passou mal e, depois, adormeceu. O assassino confesso colocou o garoto no carro e pegou a BR-020, rumo à Bahia. Em depoimento aos investigadores da Divisão de Repressão ao Sequestro (DRS), alegou que só percebeu que o garoto tinha morrido quando parou o carro para abastecer.
 
O servidor afirmou ter jogado o corpo do filho na rodovia, após a divisa do estado de Goiás com a Bahia. Agentes fizeram buscas no local indicado por Paulo Osório, mas não encontraram o cadáver. Na última sexta-feira (7/12)um corpo com as características do menino Bernardo, e uma cadeirinha de carro, foram encontrados no povoado de Campos de São João, no município de Palmeiras, na Bahia, cidade a 1033 km de Brasília.

Correio Braziliense - Cidades, Notícias


sábado, 13 de abril de 2019

‘Exército não matou ninguém’, afirma Bolsonaro sobre morte de músico no RJ

'O Exército é do povo. A gente não pode acusar o povo de assassino', disse o presidente, seis dias após os 80 tiros contra o carro de Evaldo dos Santos Rosa

Depois de seis dias de silêncio, o presidente Jair Bolsonaro comentou nesta sexta-feira, 12, o fuzilamento do músico Evaldo Rosa dos Santos, de 51 anos, por militares do Exército no Rio de Janeiro. Em entrevista durante inauguração do aeroporto de Macapá, o presidente classificou o assassinato de Rosa como um “incidente”, declarou que o Exércitonão matou ninguém” e que a instituição não pode ser acusada de ser “assassina”. Dez militares dispararam oitenta tiros contra o carro dirigido pelo músico, que levava sua família a um chá de bebê na tarde do domingo 7.
“O Exército não matou ninguém, não. O Exército é do povo e a gente não pode acusar o povo de assassino. Houve um incidente. Houve uma morte. Lamentamos ser um cidadão trabalhador, honesto”, afirmou.

O veículo dirigido por Evaldo Rosa transitava por uma rua de Guadalupe, na Zona Norte do Rio, quando supostamente foi confundido com um automóvel em que estariam criminosos e alvejado oitenta vezes. O músico, que levava a família a um chá de bebê, foi atingido por sete tiros e morreu no local. Duas pessoas ficaram feridas: o sogro dele, Sérgio Gonçalves de Araújo, foi baleado quatro vezes; o catador de papel Luciano Macedo, que tentava socorrer a família, também foi atingido pelos disparos.

Dez militares foram presos em flagrante, dos quais nove tiveram a prisão convertida em preventiva pela juíza Mariana Queiroz Aquino, da 1ª auditoria da Justiça Militar, na quarta-feira 10. Nesta quinta-feira, 11, eles entraram com um pedido de liberdade no Superior Tribunal Militar (STM). O habeas corpus foi sorteado para o ministro Lúcio Mário de Barros Góes, general do Exército. O teor do pedido de liberdade não foi divulgado.

“Está sendo apurada a responsabilidade. No Exército sempre tem um responsável. Não existe essa de jogar para debaixo do tapete” afirmou Bolsonaro. Na terça-feira, o porta-voz da Presidência da República, Otávio Rêgo Barros, tinha dado a única declaração em nome da Presidência: “O presidente confia na Justiça militar, no Ministério Público militar e, a partir desse pressuposto, ele identifica e solicita até dentro da possibilidade, já que há independência de poderes, que esse caso seja o mais rapidamente elucidado”.

Estadão Conteúdo - Veja OnLine 

 

segunda-feira, 18 de março de 2019

O sono da razão de assassinos intoxicados

Como de praxe, até celibatários que nada entendem de formação de crianças e educação de alunos intoxicaram o distinto público com seus diagnósticos



Deonísio da Silva
O pintor espanhol Francisco de Goya retratou-se sentado e dormindo sobre suas anotações. Seu corpo luta para não dormir, mas a força do sono é maior.
Atrás dele, criaturas soturnas espreitam o sono do pintor: morcegos, linces, corujas e um gato preto, representando fantasmas e medos do artista. Talvez a obra de Goya sirva de moldura para outro massacre numa escola brasileira, que serviu de pretexto para falsas interpretações.

Como de praxe, até celibatários que nada entendem de formação de crianças e educação de alunos intoxicaram o distinto público com diagnósticos mais arrumadinhos e mais bem aparados do que seus cabelos e pestanas, preocupados em aparecer, dando a impressão de que sabem de tudo, como sempre. Não sabem. E mostram isso logo ao abrir a boca. Mas enganam bem, há muito tempo e a muita gente.

As coisas, porém, começam a mudar. Assim, houve quem trouxe, como o psicólogo, advogado e assistente social Jacob Pinheiro Goldberg, ainda no calor da hora, o claro raio ordenador para ver os acontecimentos à luz de prática e teoria combinadas.  Em resumo, as raízes destas tragédias de já assustadora frequência estão no ambiente intoxicado em que vivem os estudantes, onde é patente a falta de autoridade sobre adolescentes e jovens, seja por parte dos pais, seja por parte dos professores, e no caráter violento da sociedade brasileira e seu complexo sistema de exclusões, sem esquecer o lado patológico e demoníaco do mal em si mesmo. De resto, a razão ainda esbarra em aspectos inexplicáveis do cotidiano, mesmo quando não está dormindo.

Mas o fato é que para milhões de brasileiros, sejam crianças, adolescentes, jovens ou adultos, sempre falta quem lhes possa dizer não. “Manda quem pode e obedece quem tem juízo”, diz o provérbio, mas no Brasil o verbo obedecer virou pesado anátema. Mandar também.  Sem contar que muitas drogas rondam as escolas, não apenas o tóxico, associado aos mais diversos crimes, como sabem aqueles que frequentam o ambiente escolar e universitário.

A própria palavra assassino veio do Árabe haxaxin, fumador de haxixe, droga utilizada para instigar jovens bandoleiros a assaltar e matar os cruzados nos desfiladeiros do Irã, a caminho de Jerusalém, entre os séculos XI e XII. Haxix designa erva seca em árabe, que pode ser feno, forragem, mas também o cânhamo, cannabis sativa em Latim e makanha em Quimbundo, uma língua africana. Deu maconha em Português.
O haxixe e a maconha tornaram-se drogas de referência, mas no berço estas palavras ainda estavam cobertas pela pureza das designações originais, sem quaisquer ligações com o crime.

Entre fins do século XI e começos do XII, durante as primeiras cruzadas, um líder religioso nizarita, ramo dissidente do islamismo xiita, notabilizou-se por liderar um bando que cometia as maiores atrocidades nos desfiladeiros do Irã. Conhecido pelo apelido de Velho da Montanha, por refugiar-se entre as montanhas do Norte do Irã, numa fortaleza conhecida por Alamute, cujo significado é Ninho da Águia em língua persa, o ancião chamava-se Hassan ibn al-Sabbah Homairi e, depois de perpetrar inumeráveis homicídios, foi executado pelas tropas de Gengis Khan em 1124, aos 90 anos.

Ele e seus liderados tinham, porém, cometido tantos homicídios em mais de meio século de assaltos sistemáticos que a palavra assassino, cujo étimo veio da erva consumida, com influências do nome do próprio chefe, chegou ao Português e substituiu homicida, confinado aos territórios jurídicos da lei, o mesmo ocorrendo em outras línguas. Os jovens assassinos autores do massacre na Escola Estadual Raul Brasil, em Suzano (SP), fizeram com que palavras como assassino, bárbaro, pavor e medo fossem invocadas para descrever a situação de pânico que instauraram ali. É curioso que esteja ausente a palavra fobia nessas horas, que reservamos para medos irracionais, como homofobia, claustrofobia, demofobia etc.

Outras singularidades estão no tenebroso e trágico contexto. O professor Raul Brasil, que dá nome à escola paulista onde houve o massacre, era casado com uma senhora chamada Otília. Eles tiveram dez filhos e a todos deram nomes iniciados por H: Helena, Hugo, Herval, Hélio, Heitor, Hilda, Heberth, Hebe, Haydeé e Heros.  No reino das palavras, escrevendo apenas para dizer outras coisas, não com o fim de acrescentar alguma luz sobre a tragédia, mas com o propósito de aliviar a tamanha tristeza que tomou conta de todos, lembremos que a inocência original das palavras é violada de forma inaudita quando elas são usadas para expressar outras realidades.

Assim, a palavra escola está mudando de significado ao longo destas últimas décadas no Brasil. Pouco se aprende ali, pela decadência assustadora do ensino, e para piorar tornou-se, como as igrejas, os templos, as universidades, as mesquitas e as sinagogas em tantos lugares do mundo, um alvo de terroristas desesperados para aparecer na mídia, ainda que o coroamento de seus atos seja o suicídio. Algo deve ser feito e a sociedade ainda não sabe como defender-se de assassinos que querem matar, mas também querem morrer junto com suas vítimas.
Uma tarefa urgente, porém, se impõe: acordar a razão.
*Deonísio da Silva
Diretor do Instituto da Palavra & Professor
Titular Visitante da Universidade Estácio de Sá
http://portal.estacio.br/instituto-da-palavra

sexta-feira, 8 de março de 2019

A história de Alana e Paulo Henrique. Até o mais triste fim

Caso entrou na estatística de feminicídios no Brasil. Mais uma morte que poderia ter sido evitada, segundo especialistas

O dia do julgamento do assassino de Alana encerrava um ciclo. “Foi o pior momento da minha vida”, conta Madalena. “Como se eu estivesse terminando de enterrar a minha filha.” Somente naquela sala de tribunal, cercada de estranhos, ela viu o retrato completo do abusivo relacionamento vivido por sua filha. E também as muitas pistas que haviam sido deixadas pela escalada da violência de Paulo Henrique.

Durante as treze horas de sessão, Madalena fez questão de ficar sentada à frente de seu ex-genro, o homem que matou Alana. Ele não olhou em seus olhos. O depoimento, para ela, confirmou apenas o quão grande era o sentimento de posse que ele sentia. “Percebi que, na cabeça do Paulo, é como se ele tivesse feito a coisa certa.”

A morte da Alana poderia ter sido evitada, assim como a da maioria das vítimas de feminicídio no Brasil. “Vemos cada vez mais a intensificação do ciclo da violência. Daquele relacionamento abusivo que começa nas primeiras agressões, humilhações e ameaças. E se intensifica até a morte da mulher”, explica a promotora de Justiça Silvia Chakian, coordenadora do Grupo de Atuação Especial de Enfrentamento à Violência Doméstica (Gevid) do Ministério Público Estadual de São Paulo. “Não é em um ato de loucura que o homem mata a mulher. É como se fosse uma tragédia anunciada.”

Alana tinha 26 anos quando conheceu Paulo Henrique. Ela cursava Engenharia Mecânica em São João da Boa Vista, cidade perto de Poços de Caldas, onde morava. Todas as sextas-feiras, ia com amigos a um bar próximo da faculdade. Foi onde conheceu Paulo Henrique. Ele fazia bico como garçom no bar. Durante o dia, atuava como representante de uma marca de maquiagem.  De tanto se encontrarem no mesmo ambiente, os dois acabaram se aproximando. “Um dia, ela me falou: ‘Mãe, estou saindo com uma pessoa e ele disse que gosta muito de mim’. Eu perguntei se ela também gostava dele e a resposta foi que estavam se conhecendo”, recorda Madalena.

Paulo aparentava ser um homem calmo e extremamente tranquilo. Não era de falar muito, tampouco de reclamar. “Perto das pessoas, ele estava sempre disposto a fazer tudo o que ela queria”, conta a mãe. Um perfil muito recorrente entre os autores de violência doméstica e familiar, segundo a promotora Silvia.  Por agir de forma “socialmente adequada”, algumas pessoas não pensam, no primeiro momento, que se trata de um homem capaz de cometer atos de violência doméstica. E acabam muitas vezes não acreditando na vítima. “Esse perfil não corresponde àquele imaginário do criminoso comum, com vasta folha de antecedentes, que não tem emprego, família ou amigos, e vive à margem da sociedade”, afirma a promotora.

O relacionamento dos dois evoluiu rapidamente. Em menos de um ano, Paulo e Alana decidiram morar juntos. Preocupada com a rápida evolução do relacionamento, Madalena resolveu questionar. Perguntou se a jovem tinha certeza do que estava fazendo, disse que achava a filha muito nova. Mas ela parecia determinada. “Vamos só morar juntos, não casar.”

(...)

 
Por volta da meia noite, o telefone tocou na casa de Madalena. Do outro lado da linha, a sobrinha policial pedia que a tia fosse à delegacia, pois havia acontecido uma tragédia. “Fale o que Paulo fez”, perguntou a mãe ao telefone. Por conta dos relatos que ouviu da filha naquela semana, imaginou que o genro tivesse feito algo contra a própria vida. “Tia, só vem pra cá, precisamos de você aqui”, insistiu. Desesperada, já aos prantos, a mãe acordou a filha mais nova e o marido, que imediatamente pegou o telefone para falar com a sobrinha. “Ele falou com ela e provavelmente ela revelou o ocorrido. Quando vi a cara dele e percebi o jeito que ficou, eu falei: ele matou ela, não matou?” Sem rumo, Madalena ligava para o celular da filha. “Eu gritava, filha, me atende. E ela não atendia.”

Alguns minutos depois, Madalena foi para Poços de Caldas. Apesar de não ter nenhuma confirmação da sobrinha, já sabia que Paulo havia matado sua filha. “Eu sabia que ele tinha matado ela, mas a pior coisa foi que eu não sabia que eu não ia poder ver mais a minha filha.”  Quando chegou à delegacia, em Poços de Caldas, encontrou com a sobrinha. “Me leva para ver a minha filha, quero vê-la.” A resposta da sobrinha foi negativa: “Tia, não tem jeito de você ver ela. Ela vai ser enterrada em caixão lacrado.” Madalena se desesperou. “ Ele não matou a minha filha. Ele exterminou ela.”

Edna estava em sua casa quando ouviu um grito de socorro. Ao sair na rua, se deparou com uma outra vizinha, que apontou para uma casa de portão aberto e exclamou: “Tem fogo lá em cima!”. Edna e sua filha entraram na casa e avistaram o corpo de Alana caído no chão, em chamas. A menina lembrou que ela tinha uma bebê e logo correu para procurar a criança. A bebê, de 1 ano e 2 meses, estava dormindo no berço.
“Muitas vezes os filhos testemunham o abuso”, comenta a advogada Maria Laura. De acordo com o Raio-X do Feminicídio: é Possível Prevenir a Morte, estudo feito a partir de dados do Ministério Público do Estado de São Paulo, 1 a cada 4 feminicídios, tem vítimas além da mulher. Dessas vítimas secundárias, 57% são filhos – 43% deles sofrem violência indireta, a que é marcada pelo sofrimento psicológico; os outros 14% sofreram algum ataque no contexto.

MATÉRIA COMPLETA em O Estado de S. Paulo


 

segunda-feira, 21 de janeiro de 2019

A arma pressente o homicida para o qual foi criada

Armas existem para matar.  

O metal de que é feita, a empunhadura, a mira, o peso, o equilíbrio, tudo é planejado para permitir que o usuário atinja com ela um único objetivo a morte. O argentino Jorge Luis Borges é autor d“O Punhal”, miniconto de 21 linhas incluído na “Nova Antologia Pessoal”  que parece ter sido escrito sob encomenda para comentar o decreto que facilitou a posse de armas no país.
“Os que o vêem (o punhal) têm de brincar um pouco com ele; percebe-se que há muito o buscavam; a mão se apressa em apertar o punho que a espera; a lâmina obediente e poderosa folga com precisão na bainha”.

Desde sempre as armas exercem enorme fascínio sobre as pessoas. Meninos se divertem com facas, espadas, revólveres, rifles e metralhadoras de brinquedo. Adultos acreditam que as armas os tornam poderosos e invencíveis. Matar é ato instintivo de sobrevivência. Está no DNA do homem desde o primeiro neanderthal. Por isso os que olham uma arma não se contentam em vê-la: querem tocá-la, empunhá-la. Se possível, experimentá-la.

Armas querem “derramar brusco sangue”
“O punhal outra coisa quer. É mais que uma estrutura feita de metais; os homens o pensaram e o formaram para um fim muito preciso; é, de algum modo, eterno, o punhal que na noite passada matou um homem em Tacuarembó, e os punhais que mataram César. Quer matar, quer derramar brusco sangue”.

Armas buscam, desejam e existem para a morte.
Querem “derramar brusco sangue”. Não são inofensivas. São letais porque para matar existem.
“Numa gaveta da secretária, entre borradores e cartas, interminavelmente sonha o punhal seu singelo sonho de tigre, e a mão se anima quando o dirige porque o metal se anima, o metal que em cada contato pressente o homicida para quem os homens o criaram”.

A existência de uma arma “pressente o homicida”
A facilitação da posse – e futuramente do porte – de armas segue a mesma lógica. A simples existência de uma arma “pressente o homicida” para a qual ela foi fabricada. Exatamente por isso a cada chacina de um desses lunáticos que invadem escolas e saem atirando e matando todo mundo, o governo norte-americano é pressionado a dificultar sua liberal legislação sobre a posse e porte de armas. Já outras instituições de lá como o Clube do Rifle  usam o argumento de Bolsonaro, segundo o qual “os cidadãos precisam de armas para se defender”. No duro, facilitar ao cidadão a posse é uma safadeza do governo. Como se dissesse ao cidadão: “agora que nós te demos a chance de ter tua arma, te vira! Não precisamos mais nos preocupar com isso, agora é problema teu”.

Sensação de segurança é uma coisa. Garantia é outra
Posse e porte de armas dão apenas uma sensação de segurança, nunca sua garantia. Na ampla maioria das vezes o dono da arma não sabe como usá-la numa emergência. Mesmo o treinamento oferecido nos clubes de tiro não garante essa aptidão. No máximo, melhora a pontaria. Deste ponto de vista os marginais estão mais preparados, pela prática diária no uso de armas. E se o argumento do direito de se defender for levado às últimas consequências então vamos liberar às crianças o direito de dirigir carros, em respeito ao preceito constitucional que garante a TODOS o direito de ir e vir. Ora, se para tirar uma carteira de motorista é exigido um curso e uma série de provas e testes teóricos e práticos, porque com armas deve ser diferente? A menos que se acredite que manejar uma arma seja o mesmo que ligar um liquidificador, como diz aquele ministro com nome de chuveiro.

A ocasião faz o ladrão. E também o assassino e o suicida
 [A Human Righs Watch está colhendo assinaturas para apresentação de projeto de lei de iniciativa popular, proibindo em todo o território nacional a construção de viadutos e pontes - e os existentes serão destruídos.

Todos os edificios deverão ter grades de proteção a partir do primeiro andar e com isso haverá substancial redução no número de suicídios.]
Segundo o último relatório do Human Righs WatchO Brasil bateu recorde de mortes violentas em 2017, com 63.880 casos”. Mesmo que seja doloroso admitir, nós moramos num país homicida. E daqui pra frente, com mais armas nas ruas e nas casas, será que se pode esperar uma redução? O raciocínio é muito simples: mais armas, mais mortes. Em parte alguma do mundo essa afirmação foi algum vez desmentida. [FALÁCIA: LEIA E COMPROVE
Segundo dados do site GunPolicy.Org  estima-se que existam entre 2 milhões e 3 milhões de armas de fogo em mãos civis na Suíça, cuja população é de pouco mais de 8 milhões de pessoas. 
Proporcionalmente, esse país é um dos cinco mais armados do mundo. 
Pois bem, em 2015 a Suíça registrou apenas 18 homicídios por arma de fogo.  

No caso do Paraguai, país vizinho, os números são igualmente importantes. 
O país tem quase 7 milhões de pessoas e mais de 1 milhão de armas de fogo em mãos civis. Em 2014 o Paraguai registrou 318 mortes por armas de fogo. 

Proporcionalmente, há mais armas de fogo em mãos civis no Paraguai do que no Brasil, porém há muito mais mortes por armas de fogo no Brasil do que no Paraguai.]

“Às vezes dá-me pena. Tanta dureza, tanta fé, tanta impassível ou inocente soberba, e os anos passam, inúteis”.
Assim termina o miniconto de Borges. Uma lamentação irônica, pois, se o punhal está esquecido por aí e não cumpre sua finalidade - que é matar – torna-se um objeto inútil. Tal como a frustração de alguns militares pela falta das guerras para as quais foram treinados. A liberação da posse e uso de armas, é óbvio, só pode implicar em crescimento da taxa de homicídios, suicídios, latrocínios e feminicídios, e não na sua redução. Seres humanos são tentados a usar armas pela curiosidade e atração natural que elas exercem. Tal como a ocasião faz o ladrão, a disponibilidade de armas faz o assassino e o suicida.

Vamos brincar de duelo?
Quanto ao argumento de que o povo condenou o Estatuto do Desarmamento no referendo de 2005, vale lembrar que toda vez que ocorre um crime hediondo o povo exige a instituição da pena de morte, desejo expresso em pesquisas de opinião.  Nem por isso ela chegou a ser implantada. Mas, no ritmo em que as coisas andam, não demora e avançaremos (ou retrocederemos?) até lá. Enquanto isso, que tal brincar de duelo e ver quem saca primeiro? Só que agora com armas de verdade, balas de verdade, e mortes de verdade.

Congresso em Foco

sábado, 15 de dezembro de 2018

Reflexões para um Bolsonaro sereníssimo

Quem assistiu, atentamente, ao vídeo da cerimônia de lançamento ao mar do submarino Riachuelo constatou o quão maquiavélico é o Presidente Michel Temer. Chamou atenção o modo carinhoso, quase bajulador, com o qual ele tratou o Presidente eleito Jair Bolsonaro – que parecia uma pessoa tímida diante do salamaleque temerário. O ex-vice que derrubou a Dilma apenas comprovou que sabe jogar o jogo. O estilo Temer, cativante e super educado nas aparições públicas, combinado com alta capacidade de articulação política nos bastidores, teve seu ápice, mais tarde, quando ele assinou a extradição do assassino italiano Cesare Battisti – por enquanto um ilustre foragido da Polícia Federal. Temer poderia ter deixado a decisão para Bolsonaro, que a tomaria com o máximo prazer. No entanto, preferiu dar a prova pública de que é um estrategista que consegue ganhar força no fim do curto mandato que foi menos pior que o da Dilma.

Bolsonaro participou do Lançamento do Submarino Riachuelo.
Armado com torpedos e mísseis, o submarino poderá espalhar minas navais nas rotas de outras embarcações. O primeiro de uma frota de quatro novos submarinos de ataque da Marinha do Brasil. O lançamento do S-40 Riachuelo teve a presença do presidente Michel Temer, Jair Bolsonaro e 23 autoridades dos três poderes além dos convidados.
 
Temer criou todas as facilidades na transição para Bolsonaro. Discretamente, conseguiu até emplacar muita gente que atuou em seu governo para continuar jogando na equipe de Bolsonaro. Uma dúvida já está lançada no ar: Será que Bolsonaro vai arrumar algum lugarzinho com foro privilegiado para Temer ficar protegido da “perseguição” do Ministério Público Federal – que o acusa de crimes ligados à corrupção? O Presidente eleito já declarou, tempos atrás, que teria nada a ver com isso... Será que ele continua pensando do mesmo jeito, depois da camaradagem tática de Temer durante a transição arrumadinha?   

É importante avaliar se a tática temerária na transição vai seduzir – ou não – o futuro Presidente Jair Bolsonaro. Ainda mais porque os inimigos dele já agem com a máxima competência para plantar futuras armadilhas de desgaste político. Sem entrar no mérito do certo ou errado, está clara que a orquestração midiática para atingir o deputado estadual e futuro senador Flávio Bolsonaro tem como alvo real o pai dele. Com tanta insistência, as mancadas cometidas na Assembléia Legislativa do RJ podem, no médio e longo prazos, gerar embaraços para a família Bolsonaro. Por isso, uma eventual futura “ingratidão” contra o “civilizado” Michel Temer pode não ser recomendável a Bolsonaro. O estilo “doa a quem doer” é muito bonito e honrado na retórica. Porém, quando e se a água podre ultrapassa a altura do pescoço, pouco ou nada adianta o discurso moralista. Bolsonaro, que hoje ainda é franco atirador, a partir de 1º de janeiro se torna uma vidraça que o  Mecanismo promete atingir não se sabe com que eficácia, eficiência e efetividade.

Uma coisa Bolsonaro deveria aprender com Michel Temer. A sobrevivência política só é possível no Brasil se o Presidente tiver o máximo de jogo de cintura e articulação, nos bastidores políticos, econômicos, legislativos e judiciários. O jogo requer muita frieza, racionalidade e cálculo estratégico. Arroubos emocionais e conflitos inúteis (com inimigos reais e aliados próximos) podem custar a cabeça do titular do Palácio do Planalto. Resumindo: a única saída é um Bolsonaro sereníssimo e, preferencialmente, superaliado ao seu vice Antônio Mourão, que demonstra ter um imenso jogo de cintura político, além da competência técnica para lidar com as armadilhas da burocracia federal. Bolsonaro e Mourão têm a vantagem de serem pessoas verdadeiras, diretas, humildes e sem frescuras no trato interpessoal.

Por isso, é inaceitável que qualquer um dos dois caiam no joguinho burro das intrigas em torno do ilusório poder palaciano. Neste cenário de conflitos inúteis, é concreto o risco de isolamento político e pessoal. Os diferentes núcleos de poder em torno de Bolsonaro precisam acionar o módulo “pacificação”, apertando, imediatamente, o botão “tolerância”. O momento é acionar outro botão: “Cautela”. Fechar a boca, principalmente evitando fofoquinhas via imprensa, é básico para conter um clima autodestrutivo de cizânia. Resumindo, de novo: Se não parar com a viadagem interna, o novo governo nascerá com prazo de validade vencido. Isto é tudo que a esquerda e os bandidos esperam que aconteça... Eles são péssimos de governo, porém craques na oposição...

Jorge Serrão - Alerta Total

 

quinta-feira, 25 de outubro de 2018

O Partido dos Trabalhadores enfim chegou à perfeição: deu ao Brasil o primeiro candidato a presidente escolhido na cadeia.

O Partido dos Trabalhadores enfim chegou à perfeição: deu ao Brasil o primeiro candidato a presidente escolhido na cadeia. Agora o PCC sabe quem é que manda. 

Depois de três décadas de crise de identidade, o Partido dos Trabalhadores enfim chegou à perfeição: deu ao Brasil o primeiro candidato a presidente escolhido na cadeia. Agora o PCC sabe quem é que manda.  Representante do maior assalto já perpetrado no mundo democrático ocidental, Fernando Haddad disse que recebeu uma missão “do Lula”: olhar nos olhos do povo e construir um país diferente. A melhor maneira de construir alguma coisa aqui, responderia o povo, começa com a devolução do dinheiro que vocês nos roubaram.

Nada feito. Não tem devolução, só gastança
. Dilma Rousseff, por exemplo, notória regente da segunda metade do assalto, não só está solta (é a maior vergonha da Lava Jato, sem dúvida), como lidera a campanha mais cara para o Senado – superando inclusive vários presidenciáveis.
Contando ninguém acredita.

O Brasil não quer falar disso. Talvez você se lembre, caro leitor, no auge da explosão da Lava Jato, com tubarões petistas sendo presos em série até a deposição da companheira presidenta, o que projetavam os que projetam: o PT nem terá candidato em 2018; talvez sequer exista mais. Pois bem, aí está: os que projetam estão projetando o PT no segundo turno.  O Brasil virou isso: um lugar onde todo mundo fica tentando adivinhar o que vai acontecer e se dispensa de pensar.  Foi assim que chegamos à primeira eleição presidencial após o assalto petista… sem discutir o assalto petista. A campanha simplesmente não trata disso – e o respeitável porém distraído público resolveu comprar esse lunático dilema esquerda x direita.

Eis o furo de reportagem: é isso que se discute na campanha sucessória de 2018 – essa falsa pantomima ideológica. Agora tirem as crianças da sala: até aqui, o debate eleitoral falou mais de ditadura militar (meio século atrás) do que de petrolão. O que fazer com o Brasil? Botar em cana por vadiagem? Já que Lula canta de galo e protagoniza o debate de dentro da cadeia, melhor soltá-lo e botar o Brasil no seu lugar. Chega de intermediários.

Se o Brasil não sofresse de amnésia profunda e falta de juízo,
Fernando Haddad não teria coragem nem de se candidatar a vereador pelo PT.
Mas ele está por aí dizendo que “é Lula” – dizendo que “é” um condenado a 12 anos de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, que responde a mais meia-dúzia de processos de onde provavelmente virá uma boa ampliação de sua temporada no xadrez.  Seria uma vergonha, mesmo para quem não tem um pingo dela. E sabe por que não é, Brasil? Porque você está aí muito ocupado em adivinhar o que vai acontecer, enquanto se entretém lendo essas pesquisas que colecionam erros clamorosos às vésperas de todas as eleições.


Você não se importa: será que o Lula vai ser preso? Não acredito. Será que o Lula vai ser candidato? Talvez. A ONU mandou liberar… Pare com esse jogo fútil, Brasil. Se olhe no espelho. A quadrilha que te humilhou e te jogou na maior recessão da sua história está aí, sambando na sua cara. Tome juízo. Deplore esse escárnio. Não posso, responde você. Eles me disseram para parar com a onda de ódio…


Deixa de ser tolo, Brasil. O PT plantou o ódio na população como truque propagandístico – Lula está há duas décadas ensinando o povo a não acreditar na Justiça, na imprensa livre e nas instituições de seu país. É a incitação contra o inimigo imaginário para semear o “nós contra eles”: há uma elite demoníaca pronta para devorar tudo e eu vou salvar vocês dela, etc, etc. Foi por trás desse véu que o PT, ele mesmo, devorou tudo – e continua aí, vendendo a salvação.



O fenômeno Bolsonaro é parte da reação, às vezes cega, às vezes furiosa, a essa impostura. E a tentativa de assassinato do candidato é o desfecho óbvio desse “nós contra eles” que Lula e o PT plantaram muito bem plantado. O autor do atentado foi filiado por sete anos ao PSOL, o partido pacifista que incendeia museu, barbariza o patrimônio público e privado e protege blackbloc assassino. Apontar e repudiar esses picaretas que te sugam o sangue é disseminar o ódio, Brasil?
Acorda, companheiro. Antes que seja tarde." 



Guilherme Fiuza

 

segunda-feira, 14 de maio de 2018

"Houve omissão do motel", diz irmão de colaborador do Correio assassinado

"Em menos de 1 hora aconteceram muitas coisas, e nada foi checado. Eles não poderiam ter demorado tanto para saber o que estava acontecendo", afirma o irmão de Rubens Leal, encontrado morto em motel

O colaborador do Correio Braziliense Rubens Bonfim Leal, 35 anos, foi encontrado morto nesse domingo (13/5) dentro de um quarto de motel do Núcleo Bandeirante. Rubens chegou ao local às 7h45, acompanhado de um jovem, que, segundo a Polícia Militar, teria entre 20 e 22 anos. O suspeito do crime pulou uma cerca para fugir do local, depois de, sozinho e sem pagar a conta, ser impedido de deixar o estabelecimento. Rubens trabalhava como revisor do jornal havia um ano.

Ambos haviam feito uma reserva de oito horas no Paradise Vegas Motel. O gerente do estabelecimento, Joseny Cézar, contou que, antes das 8h30, uma camareira ouviu gritos de socorro. Mesmo assim, ninguém se dirigiu ao quarto. Meia hora depois, o jovem usou o carro do revisor para tentar sair do motel. Sem autorizá-lo, empregados ligaram para saber se Rubens liberava a saída, mas ninguém atendeu à chamada. O suspeito, então, retornou ao quarto e tentou se passar por Rubens a fim de conseguir a liberação. Como a voz dele foi identificada pelo telefone, mais uma vez, a saída foi proibida. Com a negativa, o rapaz decidiu fugir do motel. De acordo com o gerente, ele subiu em uma Kombi, pulou uma cerca e escapou sem ser percebido. Apesar de toda a movimentação, empregados do estabelecimento só estiveram na suíte depois de expirado o horário de permanência, às 16h.

Lá, encontraram o corpo do revisor com ferimentos na cabeça e na altura do pescoço. Rubens estava com as mãos e as pernas amarradas com lençóis, além da boca amordaçada. O telefone foi deixado fora do gancho, e o quarto ficou revirado. Policiais do Grupo Tático Operacional do 25º Batalhão de Polícia Militar (Park Way) atenderam à ocorrência. Eles não encontraram nenhum documento da vítima no quarto, mas a identificaram pela placa do carro. Segundo o cabo César Augusto Rocha, o assassino de Rubens usou um objeto cortante para matá-lo. “Nenhum dos funcionários ouviu barulho de tiro. Além disso, ele tinha perfurações perto do pescoço”, detalhou.  A 11ª Delegacia de Polícia (Núcleo Bandeirante) investiga o caso. Peritos da Polícia Civil analisaram o local do crime. Hoje, a perícia será feita no veículo, que tinha uma bicicleta acoplada na traseira. Como o suspeito dirigiu o carro, os policiais podem encontrar digitais.


Omissão
Rubens era o caçula do aposentado Pedro Bonfim e da professora Francisca Bonfim. Um dos três irmãos do colaborador do Correio, João Bonfim Neto, 36, reclamou da falta de atitude dos funcionários do motel. “Houve omissão. Não é comum, ainda que em uma situação de sexo, uma pessoa pedir socorro. Além disso, em menos de 1 hora aconteceram muitas coisas, e nada foi checado. Eles não poderiam ter demorado tanto para saber o que estava acontecendo. Teriam de chamar a polícia”, cobrou. Nesta segunda-feira, Rubens acompanharia os pais até Goiânia, onde Pedro recebe tratamento devido a um câncer.


Rubens trocou Fortaleza por Brasília em 1998, com a família. Formou-se em letras/espanhol e também cantava em corais. Chegou a se apresentar no casamento de amigos. Além de trabalhar como revisor no Correio, ele ajudava a família a manter um quiosque no Guará 2. “Ele era cheio de vida e compromissado com a família. O Rubens sempre foi querido por todos nós”, lembrou o tio Cícero Bonfim. “Um homem que fazia amizades de um jeito muito fácil. Era extrovertido e conseguia agrupar todos os familiares”, reforçou João. 


Oração
Familiares e amigos usaram as redes sociais para lamentar a morte de Rubens. Com a foto do revisor, fizeram homenagens sobre a partida precoce dele: “É com muita tristeza que tive a notícia de que você se foi. Descanse em paz, meu grande amigo. Que Deus o receba em seus braços. Os bons morrem jovens... Que Deus dê forças a toda a sua família.”


“É difícil demais ter de ficar longe de quem você mais queria perto. Fica em paz, meu amor, que Deus o receba em seus braços”, escreveu uma amiga, no perfil do Facebook dele. “Vamos pedir a Deus misericórdia e muita oração para a família”, postou outra.

Colaborou Gabriela Vinhal

 

quarta-feira, 28 de março de 2018

Contradições e perigos

O juiz Sérgio Moro deu ao Roda Viva o dado definitivo sobre a importância de se manter o cumprimento da pena após a condenação em segunda instância. Desde 2016, só na 13ª Vara Federal em Curitiba, houve 114 execuções de pena por esse motivo. 

Desses, 12 são da Lava-Jato. Os outros 102 foram de “peculatos milionários” e também “traficantes, pedófilos, doleiros”. Será que o STF quer soltar todos eles? Quando, depois da Semana Santa, os ministros do STF se reunirem para decidir sobre o habeas corpus para o ex-presidente Lula, precisam ter em mente o que farão com todos os inúmeros condenados que, pelos crimes mais diversos, estão cumprindo pena no país. Porque o impressionante número de 114, em menos de dois anos, se refere apenas à 13ª Vara Federal.

Quantos são os condenados na mesma situação no resto do país? O habeas corpus para Lula pode ter fundamento e, se for o caso, que eles o expliquem. Mas se suspenderem o cumprimento da pena após o julgamento colegiado do mérito terão aberto o caminho da impunidade. De todo o tipo de criminoso. Do político corrupto, do funcionário público que desviou dinheiro público, do traficante, do doleiro, do pedófilo e do assassino.

O país voltará da Páscoa para a semana em que o STF ficará de frente com as suas contradições, de ter dado um salvo-conduto ao ex-presidente contra suas próprias súmulas e entendimentos. Há situações difíceis de explicar, como a decisão de ontem na 2ª Turma que favoreceu o senador Romero Jucá. Os ministros disseram que a denúncia de que houve doação ilegal do grupo Gerdau a Jucá é fraca e, claro, diante disso a decisão certa foi a que tomaram. Mas sobre o senador pairam tantas dúvidas que seu sonho, como ele bem a expressou, é de parar a Lava-Jato.

Depois da Páscoa haverá também a troca de ministérios. É preciso, em ano eleitoral, blindar o Ministério da Fazenda contra a pressão de políticos. Por isso, neste momento, a maior virtude de um possível ocupante do posto é ser criticado pelos políticos. É o que acontece com o secretário executivo Eduardo Guardia e o secretário de Acompanhamento Econômico, Mansueto de Almeida. No BNDES, também haverá novo presidente.

A Fazenda tem a chave do cofre de um país que está em crônica crise fiscal. No BNDES estão os empréstimos subsidiados. Os dois terão seus atuais ocupantes saindo para possíveis candidaturas presidenciais. A escolha terá que ser a mais técnica possível, e de pessoa que não se submeta a acertos políticos nas decisões do Ministério. Do contrário, a pouca melhora na economia pode retroceder.  Pessoas que ocupam esses cargos deveriam seguir, por bom senso, outra regra de desincompatibilização, mesmo que não escrita. Não é compatível estar nesses postos-chave e negociar uma candidatura. Um trabalho contamina o outro. Quem tem pretensão político-eleitoral simplesmente não pode continuar sendo ministro da Fazenda ou presidente do BNDES. Rabello de Castro anunciou que fará hoje em coletiva o anúncio da sua saída: está usando a estrutura do banco como palanque até na saída. Meirelles ainda continuará no cargo até a semana que vem.

A economia chega ao início do tempo de maior tensão político-eleitoral com vários ganhos, e um deles foi explicado ontem na Ata do Copom. Como a inflação está abaixo do previsto, foi de 0,96% no primeiro trimestre, os juros que caíram para 6,5% devem cair mais na próxima reunião. Além disso, a recuperação econômica está muito devagar, o pouco aumento do emprego ocorre no postos do mercado informal. Diante disso, a Selic será cortada pelo menos mais uma vez.

Mas há um imenso rombo fiscal ainda não coberto. Uma das previsões do ano era a privatização da Eletrobras. Ontem a estatal divulgou mais um resultado negativo. Desde a desastrosa MP 579, de 2012, já são R$ 29 bilhões de prejuízo. Se ela não for privatizada, precisará de aporte do governo. Numa situação fiscal tão frágil, se um candidato com ideias populistas avançar nas intenções de voto, ou se a área econômica passar a tomar decisões de ampliação de gastos para alavancar a candidatura oficial — seja Meirelles, seja o presidente Temer — o quadro econômico pode piorar fortemente. O país está assim, nesse fio da navalha, em todos os lados.

Miriam Leitão - O Globo

 

sábado, 4 de novembro de 2017

Para ser um bom policial tem que aceitar morrer no lugar do bandido? o policial mais eficiente não morre, mata bandido


A polícia que mata


Havia mais de uma década a polícia de São Paulo não matava tanto. ÉPOCA mostra com exclusividade o perfil do policial matador. E como é difícil puni-lo pelos abusos cometidos 

>> Trecho da reportagem de capa de ÉPOCA desta semana

Francelina de Morais acordou num sobressalto na madrugada de 11 de outubro de 2015, com vizinhos gritando à sua porta. Foi assim que ela soube, por volta das 3 da manhã, que Alex, o filho mais velho, acabara de ser atropelado na rua de cima de sua casa, em Sapopemba, um bairro pobre na Zona Leste de São Paulo. Chegava a ela assim, sem nenhum cuidado, o que seria a tragédia de sua vida. Numa manobra mental de negação, Francelina perguntou: “Que horas são?”, na esperança de que Alex ainda estivesse na casa noturna distante dali, onde trabalhava como segurança. O rompante de incredulidade não demorou a passar. Mesmo sem coragem para chegar perto do corpo, Francelina logo soube que era Alex estirado no asfalto. Cerca de 20 minutos depois, ele foi levado pelos socorristas. Morreu no hospital na manhã seguinte, aos 39 anos.

A polícia que morre


Aturdida, Francelina pouco se inteirou dos detalhes que levaram à morte do filho. Os relatos dos moradores davam conta de que uma Honda CG vermelha com dois homens havia passado em alta velocidade, seguida por uma viatura com dois policiais. A moto teria batido em Alex e fugido em seguida. Parecia um crime de trânsito com omissão de socorro. 

>> Vida de PM no Rio: desprezados, doentes e com medo
 
Mas, no hospital, a narrativa mudou completamente. “Quem disse que seu filho foi atropelado?”, disse a Francelina o médico responsável pelo atendimento. Ao ouvir dela que a Polícia Militar tinha registrado essa versão no boletim de ocorrência, ele interrompeu: “Não, ele não foi atropelado. Seu filho levou um tiro na nuca e morreu”.


Francelina foi até uma delegacia pedir que o registro de atropelamento fosse corrigido. “A senhora está falando que seu filho foi baleado? A senhora fala isso, fala aquilo, o médico fala que foi tiro... Mas quem prova que foi mesmo tiro?”, disse o plantonista da delegacia, segundo Francelina. Começava ali a peregrinação para provar que Alex fora vítima não só de um assassinato, mas também de uma armação para livrar seu assassino de culpa. Só depois de Francelina voltar acompanhada de uma advogada e acionar a Ouvidoria da Polícia Militar, a versão correta foi registrada num boletim de ocorrência. Ela ainda precisou brigar para conseguir uma máquina de raios X; o Instituto Médico-Legal da Região Leste, para onde o corpo havia sido levado, não tinha o equipamento. Depois de feito o exame, ficou provado que havia uma bala na cabeça de Alex.

Aquelas horas de terror eram só as primeiras de um longo período para provar que Alex foi assassinado por policiais. Casos assim percorrem um caminho extenso, difícil e solitário até chegarem aos tribunais na tentativa de fazer justiça. Primeiro se tornam objeto de um inquérito policial, depois de uma denúncia do Ministério Público, que, se aceita por um juiz, vira um processo – com grande chance de absolvição. A regra é que policiais que cometem crimes terminem impunes, nas ruas. “Para condenar um policial hoje, é preciso ter provas incontestáveis, como vídeos e gravações, além de uma testemunha tão ilibada quanto um padre”, afirma Samira Bueno, diretora do Fórum Brasileiro de Segurança Pública. “Só exceções são condenados e presos, aqueles casos paradigmáticos, como os de policiais que mataram a mulher ou o filho, ou então cometeram algum sadismo durante o crime.”

Em 2017, a polícia paulista quebrou um novo – e infeliz – recorde de assassinatos. Até setembro, militares e civis em serviço e de folga mataram 687 pessoas – a maior soma para o período dos últimos 15 anos. Em números absolutos, a corporação paulista é a segunda que mais mata entre os estados brasileiros: 857 pessoas em 2016, atrás apenas do Rio de Janeiro (925). É certo que a maioria expressiva dos policiais cumpre seu dever sem incorrer em crimes. É certo também que os policiais combatem criminosos perigosos em um país violento – onde mais de 61 mil pessoas foram assassinadas no ano passado – e, em alguns casos, podem vir a matar bandidos em confrontos. Mas não há justificativa razoável para a escala com que isso acontece no Brasil.

Fonte: Revista Época 

 

quinta-feira, 17 de agosto de 2017

A farda da dor eterna

Reinaldo Bessa, taxista de 52 anos, gira as oito imagens de um porta-retratos em forma de cubo até achar uma delas, que mostra oito pessoas sorrindo. Explica que é a última foto com a família inteira: a mãe, o pai, os quatro irmãos e duas irmãs. “Dois oito, sobraram quatro”, suspira, para cair no choro em seguida. Não estão mais vivos o pai e a mãe, o irmão mais velho, que há dez anos não resistiu a um acidente de moto em Acari, e a irmã Elisângela, que na na foto é uma jovem magrela de cabelos cheios. As lágrimas que escorrem pelo seu rosto são por ela.  — A gente vai morrendo aos poucos — lamenta Reinaldo.
 O fim. Fotos da PM Elisângela Bessa fardada ainda estão no quarto que ocupava na casa da mãe - Domingos Peixoto / Agência O Globo


Ele viu Nana (apelido da cabo da Polícia Militar Elisângela Bessa, de 41 anos) pela última vez no dia 11. Passou à tarde pela barraquinha de batatas fritas que a irmã mantinha há alguns meses com o marido, em Nilópolis. Horas depois, Elisângela e o marido Rodrigo encerraram as vendas e foram para casa onde moram, em Colégio. No caminho, foram abordados por criminosos. Elisângela passou os últimos segundos da sua vida tentando segurar a arma de seu assassino. Não conseguiu e foi atingida na cabeça.  Reinaldo, que tem a foto do suspeito de ter baleado sua irmã na memória do celular, a todo momento repete inconformado, olhando para a imagem, “quem mata policial tem que ficar mais tempo na prisão”.

Luto e sonho de formar sobrinha
Elisângela não tinha medo de nada, só de viver sem a mãe. A dor da morte dela, em novembro de 2016, ainda era enorme. Elisângela revezava suas fotos do perfil do Facebook com as da mãe. Irritado, Reinaldo pediu a irmã recentemente que deixasse a mãe “descansar em paz” e parasse de postar as imagens. Ele nem podia imaginar que o mesmo aconteceria com a própria Elisângela, homenageada da mesma forma por amigos e colegas de farda.

Ele e Nana são filhos do potiguar José e da carioca Deise. José passou 35 dias a caminho do Rio em busca de oportunidades. Em solo carioca, trabalhou no que podia, de engraxate a motorista de lotação. Foi nessa função que conheceu Deise e se casou. José insistia com a mulher que queria ter uma filha. Depois de quatro meninos, veio Nana. O pai exibiu a garotinha para o restante da prole, curiosa, da janela de uma maternidade em Caxias. Daí em diante, Deise criou a menina cheia de cuidados, mas, depois dos 30 anos, Elisângela deixou de lado o trabalho como esteticista para ser policial. Fez o concurso depois de ver que duas cunhadas já tinham passado na prova.

Nos últimos meses, encarava uma segunda jornada na barraca de batatas fritas, o que lhe ajudava também a esquecer a perda da mãe. O sonho da policial, que não tinha filhos, era viajar para Natal, onde o pai nasceu, para formar a sobrinha e afilhada Rayane, de 22 anos, que estuda medicina. O padrinho com quem Elisângela batizou Rayane, policial como ela, também foi assassinado há cerca de seis anos.

Reinaldo, que já foi assaltado 14 vezes, diz que a irmã em pensava em deixar a polícia. Aluna empolgada da academia, guardava o manual dos calouros no quarto que fora dela na casa da mãe, repleto de suas fotos com farda. A bagunça estava à espera de Nana.
— Esperava que ela própria viesse arrumar tudo — diz Reinaldo.

Fonte: O Globo

quinta-feira, 24 de novembro de 2016

Juiz sugere que negro assassino seja enforcado em árvore

Diante da polêmica causada, Oakley pediu desculpas por sua publicação e reconheceu que tinha sido "infeliz"

O juiz do condado de Burnet, no Texas (Estados Unidos), James Oakley, sugeriu através do Facebook, pendurar um homem negro preso por matar um policial no último fim de semana, na cidade de San Antonio, comentário pelo qual pediu desculpas nesta quarta-feira. “Tempo para uma árvore e uma corda” foi a mensagem, já apagada, publicada pelo magistrado na página do Facebook do Departamento de Polícia de San Antonio (Texas), onde trabalhava o detetive Benjamin Marconi, assassinado no último dia 20.

O comentário aconteceu depois que Otis Tyrone McKane foi preso na última segunda-feira, acusado do crime. Diante da polêmica causada, Oakley pediu desculpas por sua publicação e reconheceu que tinha sido “infeliz” em suas palavras, mas negou que tivessem conteúdos racistas. Em declarações à imprensa local, o juiz afirmou que não era sua intenção ofender ninguém e ironizou a respeito, assegurando que o problema talvez foi “haver visto muitos westerns quando era pequeno”.

Além disso, James Oakley tentou se dissociar o assunto em comunicado, lembrando que suas funções são de juiz administrativo e, que portanto, nunca presidirá um tribunal penal. O detetive Marconi, de 50 anos, estava no último domingo em seu veículo redigindo uma multa quando outro automóvel parou atrás dele. Em seguida, o motorista, que seria McKane, saiu do automóvel, se aproximou da janela lateral da viatura policial e disparou na cabeça do agente que tinha mais de 20 anos de carreira e morreu no hospital. [necessário lembrar que nos países que aplicam pena de morte é praxe que haja uma relação entre o tipo de crime, a forma como foi praticado e a forma de execução do assassino.
A forca e o garrote estão entre as formas de execução mais utilizadas na punição a autores de crimes hediondos, covardes.
Pela versão apresentada McKane agiu de forma extremamente covarde e, por óbvio, não merece a pena de fuzilamento, forma de execução para crimes, digamos, mais aceitáveis.
Registre-se que nos dias atuais as formas de execução mais cotadas são a injeção letal e a cadeira elétrica.]

Fonte: Agência EFE


 

quarta-feira, 10 de agosto de 2016

Gêmeos de onze meses são assassinados pelo ex-namorado da mãe deles, em Goiás



Mãe tentou proteger gêmeos que foram espancados até a morte


Irmãos gêmeos de 11 meses foram mortos no município de São Miguel do Araguaia, em Goiás, após serem agredidos pelo ex-namorado da mãe deles. O caso ocorreu na madrugada desta segunda-feira, 8.




                                          Os irmãos David e Lucas
As crianças, que chamavam David Luiz e Lucas Felipe, foram levados para o mesmo hospital, ambos com sinal de traumatismo craniano, mas morreram. Após o ataque, o suspeito fugiu.

 Créditos: Facebook - Reprodução

Segundo a Polícia Militar, a mãe das crianças, identificada como Thaís de Oliveira Paula, de 23 anos, foi esfaqueada e encaminhada para um hospital da região. Mesmo esfaqueada, a mãe tentou proteger seus filhos.


 Gêmeos foram mortos Foto: Divulgação / PM

Por volta da meia-noite, o suspeito, identificado como Antônio Ribeiro Matos, de 26 anos, invadiu a casa da ex, com quem tinha terminado recentemente. Ele usou uma faca para atacar a mulher e, em seguida, matou os bebês, que foram arremessados várias vezes contra o chão e uma parede. Segundo informações do hospital, ela não corre risco de morte e deve ser liberada em breve. "Ele [o assassino] invadiu a casa, arrombou uma porta e caminhou na direção de Thaís com uma faca. Ele a golpeou perto do pescoço, na direção do rosto. Ela gritou. As crianças, que estava em um colchão, se assustaram e começaram a chorar. Ela pegou um deles no colo, mas ele puxou o menino dos braços da mãe e começou a bater com o rosto do menino no chão. Ela conseguiu pegar o menino, mas ele se dirigiu para o outro, que também foi agredido. Mesmo ferida, ela tentou defender os filhos e evitar os ataques", revelou o delegado André Medeiros, que investiga o caso.

Fonte: Yahoo/Extra