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domingo, 14 de novembro de 2021

Cartada final para enquadrar Alcolumbre e acabar com sua carreira política

Evangélicos preparam cartada final para enquadrar Alcolumbre

Enquanto pressionam o senador, aliados de André Mendonça planejam derrotar o grupo do presidente da CCJ nas urnas em 2022 [o chamado 'grupo' do presidente da CCJ/Senado não merece sequer tal 'apelido'. É ínfimo, inclusive o irmão do senador, Josiel Alcolumbre, perdeu as eleições 2020 para prefeito de Macapá.]  

Os evangélicos andam muito irritados com o presidente da Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP). Há três meses e meio, o senador amapaense segura a indicação do pastor presbiteriano André Mendonça ao Supremo Tribunal Federal (STF), se recusando a marcar uma data para a sabatina do ex-advogado-geral da União — o que, na prática, paralisa todo o trâmite do processo, em sinal de retaliação à escolha do presidente Jair Bolsonaro. 

A postura de Alcolumbre também vem incomodando integrantes do STF (que, com um colega a menos na Corte, passaram a receber mais processos nos seus gabinetes) e provocou um apagão no Conselho Nacional de Justiça (CNJ), que não possui quórum para se reunir, já que Alcolumbre também não marcou a sabatina de novos conselheiros. Em uma última cartada para ajudar Mendonça, lideranças evangélicas preparam uma nova estratégia para enquadrar Alcolumbre e convencê-lo a marcar a sabatina do advogado. “Está todo mundo se unindo contra o Alcolumbre, porque ele está abusando do poder dele com os colegas. Com essa postura, Alcolumbre está legislando em causa própria. Jamais imaginei que um judeu estaria contra um evangélico”, critica o líder da Frente Parlamentar Evangélica, deputado Cezinha de Madureira (PSD-SP), em referência à religião do senador. Em 20 de agosto, o gabinete de Cezinha pediu a Alcolumbre, por e-mail, uma visita de cortesia, da qual também participariam outros 20 lideres evangélicos do País. Quase dois meses depois, o senador ainda não enviou uma resposta. “Ele me esnobou até hoje”, reclama Cezinha.

Agora, a estratégia é aproveitar cada oportunidade para mobilizar as lideranças evangélicas — e infernizar a vida de Alcolumbre dentro do próprio Parlamento, em alto e bom som, já que a pressão nas redes sociais parece não ter surtido efeito. Parlamentares aliados de Mendonça planejam “invadir” sessões da CCJ e do plenário do Senado com faixas e fazer barulho, para forçar Alcolumbre a marcar a sabatina. O senador tentou submergir, depois que VEJA revelou que o amapaense foi artífice e beneficiário de um esquema de rachadinha que envolveu seis ex-funcionárias do gabinete do parlamentar. Outro problema no caminho de Mendonça é a PEC dos Precatórios, que também tem de passar pela comissão — e deve receber tratamento prioritário dos senadores, o que pode adiar ainda mais o desfecho da saga do ex-AGU pela vaga do STF.

Enquanto pressionam Alcolumbre nos bastidores e, agora, nos corredores — do Senado, apoiadores de Mendonça planejam derrotar o grupo político do senador nas urnas em 2022. Outrora aliado de Alcolumbre, o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) conversou recentemente com lideranças evangélicas para tratar da composição de chapa nas eleições do ano que vem. Randolfe planeja disputar o governo do Amapá e ter um evangélico ao lado, seja como vice ou como senador na chapa. Apesar de ter articulado nos bastidores a eleição de Alcolumbre na presidência da Casa, em 2019, Randolfe se afastou do colega e agora se encontra num campo oposto no tabuleiro político local.  “É uma questão de honra derrotar Davi Alcolumbre na urnas lá no Amapá”, resume Cezinha.

O Amapá, convém ressaltar, é um dos Estados com maior proporção de evangélicos no país (cerca de 40%). Irritá-los pode não ser das melhores estratégias de um político, principalmente se ele busca a reeleição, como Alcolumbre.

 Rafael Moura - Política - VEJA


 

segunda-feira, 31 de maio de 2021

Antissemitismo, em outros tempos, era coisa da direita mais intratável - O Estado de S. Paulo

J.R. Guzzo

O veneno antissemita

Psiu! Vem cá... Aproveita que ninguém está olhando.  
Quer botar para fora toda essa raiva de judeu que você tem aí dentro e precisa segurar, porque é feio mostrar para os outros quem você realmente é por dentro? 
Quer ser um antissemita cinco estrelas, tipo “platinum plus”, daqueles que desenham suástica em parede de sinagoga? 
Melhor ainda: quer fazer tudo isso em perfeita segurança, sem que ninguém, em nenhum momento, diga que você é antissemita?
Ao contrário: vai ganhar no ato um atestado de militante do “campo progressista”. Que tal?

É a coisa mais fácil do mundo. Basta esperar a próxima vez em que os terroristas que se apresentam como representantes do “povo palestino” dispararem uma bateria de mísseis contra homens, mulheres ou crianças em Israel – e assine imediatamente um manifesto, ou vá protestar no meio da rua, denunciando os “crimes cometidos pelos israelenses” quando reagem às agressões que acabam de sofrer, atirando de volta contra quem atirou neles. 

[um único comentário: temos o maior apreço, consideração, respeito pela capacidade intelectual e jornalística do ilustre JOSÉ ROBERTO GUZZO. Também ousamos supor que temos o   que chamamos de afinidade de idéias. De forma que, transcrevemos no Blog Prontidão Total, várias matérias do ilustre jornalista, praticamente sem comentários - se os apresentássemos seriam apenas de total concordância.

Mas desta vez   nos sentimos (por consideração ao jornalista J.R. Guzzo, quando aos nossos dois leitores) no DEVER de apresentar alguns esclarecimentos sobre nossa postura de defender os civis palestinos, incluindo mulheres e crianças, das ações vingativas que Israel pratica contra eles, quando é atacado por organização pró terrorismo.
O que condenamos é que integrantes de grupos terroristas contrários ao Estado de Israel desfecham ataques de foguetes contra o território israelense, causam algumas baixas (em sua maior parte apenas de instalações, com pouca ou nenhuma perda de vida de israelenses - já que a capacidade defensiva do estado hebreu, o IRON DOME, impede que os foguetes atirados contra o território de Israel, alcancem seus alvos = são destruídos sem maiores danos.
 Que faz Israel como retaliação contra os palestinos da Faixa de Gaza? - bombardeiam de forma implacável, com caças e misseis de última geração, matando centenas de civis palestinos desarmados, não só homens, mas também mulheres  e crianças, destruindo edificações, deixando milhares ao desabrigo.
 
Procedimento inútil, já que os atacantes do território de Israel, que usam foguetes que são neutralizados na quase totalidade pela escudo protetor - Iron dome - não estão nem aí para os mortos palestinos. A eles interessa os mortos - visto que a situação na qual foram abatidos (Israel possui um dos mais poderosos exércitos do mundo) em uma batalha de estilingue x caças os beneficia politicamente.
 
A impressão que se tem é de um cidadão que  possui  uma casa muito bem protegida, praticamente inexpugnável e tem uma rixa com o vizinho.  
Todas as vezes que tem oportunidade, ou lhe convém, o vizinho causa danos a propriedade do desafeto (danos de pouca monta, já que a casa do inimigo é super protegida). 
 
O vizinho, proprietário da casa atacada retorna e ao constatar o ataque e alguns danos (mais para arranhões) acha mais confortável e seguro que em vez de  desafiar o vizinho para um confronto mano a mano = igualdade de condições = escolha atacar uma pequena propriedade do inimigo, localizada em área com condições de vida sub-humana, e parte para lá, devidamente protegido por um aparato de segurança, joga bombas, destrói casebres e barracos ocupados por trabalhadores do desafeto, desarmados; não poupa mulheres, nem crianças. Derruba armazéns, pouco importando se estão ocupados ou não.
 
O cidadão  que age assim está correto? 
está sendo justo?
está promovendo uma retaliação corajosa?  
Com todo o respeito ao Guzzo e aos nossos dois leitores nossa opinião é que as respostas, as classificações atribuídas às  perguntas apresentadas nesse parágrafo, são as corretas se aplicadas em relação ao comportamento  de Israel. 
 
Para não prolongar o assunto - e, por nos faltar capacidade para tanto - deixamos de abordar sobre ao origens do conflito palestino x israelenses, da licitude de transformar áreas habitadas por palestinos em colônias agrícolas exploradas por judeus. 
Além de nos faltar a capacidade que sobra ao ilustre jornalista, fizemos este comentário de uma forma apressada, buscando apenas expressar nosso entendimento e que nos leva a recomendar outros artigos: 
- Como funciona o Iron Dome, poderoso escudo antimíssil israelense - DefesaNet

Judeus não têm direito a defender sua integridade física ou suas vidas; a única atitude decente que poderiam tomar quando são agredidos é começar, imediatamente, “negociações” com os “palestinos”, nas quais a primeira condição é aceitarem que seu país seja extinto. Não existe truque melhor, hoje em dia, para odiar os judeus sem ter de responder legalmente, ou moralmente, por isso.

Antissemitismo, em outros tempos, era coisa da direita mais intratável – uma tara do nazismo, especialmente, e, antes disso, de tiranias como a do czar e coisa pior ainda. Não mais. Antissemitismo, hoje, é esquerda – no Brasil e no mundo. O caçador de judeu em 2021, em sua representação mais fiel, é quem fica “solidário” com o Hamas e outros aglomerados que dizem lutar pela “libertação da Palestina”. É um disfarce perfeito. Rende uma ladainha sem fim em favor da “justiça”, dos direitos dos “oprimidos”, e até, para os mais antigos, da “autodeterminação dos povos”, tudo embrulhado em papelório da ONU. Tire-se a fantasia e aparece na hora o que realmente existe por trás do amor pela Palestina.

Nas manifestações de rua – sempre na Europa, Estados Unidos e outros países livres; não acontecem nunca na China – que se seguiram aos últimos conflitos na área de Gaza, militantes do “campo progressista” colocaram, lado a lado, uma bandeira nazista e uma bandeira de Israel, com a pergunta: “Qual é a diferença?”

Eis aí, melhor talvez que em qualquer grito de guerra pró-Palestina, a exibição real daquilo que é, de fato, a alma do antissemitismo de esquerda dos nossos dias. O que eles queriam, mesmo, não era fazer a comparação safada; era mostrar, impunemente, a bandeira nazista. Era, ao mesmo tempo, revelar seu ressentimento e frustração diante do fato de que os nazistas, no fim das contas, não conseguiram extinguir o povo judeu.

É isso, mais do que tudo, o que incomoda a esquerda que sai à rua em favor do Hamas, Jihad Islâmica e coisas assim – por que os judeus continuam existindo? Por que não permitem que o Hamas, Jihad etc. resolvam o problema que os nazistas não resolveram? Eis aí, no fundo, o incômodo central de Israel para os espíritos progressistas desse mundo: os israelenses de hoje não se deixam matar. Por que reagem – com técnica, precisão e competência militar muito superiores às do inimigo – quando o “povo palestino” joga bombas em cima deles? Deveriam aceitar a própria morte e a destruição do seu país, e submeter-se à “justiça da história”. Do jeito que se comportam, estão sendo um claro inconveniente para a esquerda e os seus associados.

É o sonho nazista enfim realizado: matar judeu passou a ser progressista. 

J. R. Guzzo, colunista - O Estado de S. Paulo

 

segunda-feira, 10 de maio de 2021

QUEM ESTÁ DO OUTRO LADO DA MESA? - Percival Puggina

Em política, como na guerra, é importante conhecer o adversário. Principalmente se ele é multiforme, ataca desde várias posições, é poderoso, mais experiente e usa de meios que não nos estão acessíveis.

Essa afirmação tem muito a ver com o quadro sucessório nacional. Salvo imprevistos, a cena eleitoral está posta. De um lado, o atual presidente e, de outro, a atual oposição, talvez dividida, que chegará ao segundo turno unificada em torno do PT.  A tentativa de restaurar a estratégia da tesoura, com um candidato de esquerda representando a direita fica tão parecida com o produto oferecido ao Brasil durante os anos da roubalheira que não vejo como possa prosperar (eleitoralmente, claro).

O perfil desse futuro adversário é bem conhecido. É muito capaz; capaz de fazer coisas que sequer imaginamos, como confessou Lula em 2014. No entanto, quero expor aqui duas características extremamente graves que não costumam ser devidamente analisadas e explicitadas.

A primeira é o desamor ao Brasil. Para melhor entendimento, estou usando aqui a palavra “esquerda” sabendo de todas as suas limitações para fins conceituais. A esquerda é histórica e internacionalmente apátrida. É universalista, coletivista, se diz humanista, mas de um curioso humanismo onde o indivíduo não conta. Já na segunda página, então, o coitado desaparece como sujeito de qualquer ação livre.  

Por isso, a rejeição e os maus adjetivos a quem canta o hino nacional, exibe a bandeira verde e amarela e ama o Brasil. Por isso, as bandeiras vermelhas proporcionam a cor característica de suas manifestações mundo afora. Por isso, viajam ao exterior, à nossa custa, falando mal do país, promovem eventos internacionais para dirigir ao governo daqui ataques que causam mal à nação. Temos um governo de perfil conservador que ousou se opor ao falso progressismo, ao globalismo e ao anticristianismo que assolam o Ocidente. O mercado político internacional tornou-se, então, comprador de toda ideia de boicote, internacionalização da Amazônia ou mentira que nos desqualifique. Tal situação agravou-se após a derrota de Trump nos EUA.

A segunda é a dissimulação. Com raras e nobres exceções individuais, seu diálogo não é franco. Seu antifascismo é fascista. É fascista na violência e agressividade dos movimentos sociais, das ações rueiras, dos gestos e palavras de ordem. O fascismo é comum aos três fantasmas que horrorizaram o século XX: o comunismo, o nazismo e o fascismo propriamente dito. Nós não estamos associados a qualquer dessas famílias ideológicas.

Seu pluralismo é excludente até a última gota da divergência. Seu jornalismo exclui os fatos a ele inconvenientes; sua universidade sepulta autores e esconde obras; suas aulas suprimem verdades eternas; sua cultura, música, teatro, manifestos são de pensamento único. Como escreveu recentemente o Dr Alex Pipkin, que é judeu e sabe do que fala, o antirracismo da esquerda é profundamente racista, provoca divisões e acirra animosidades.

Seu apreço à democracia só se manifesta onde ela bem ou mal já existe, porque onde estão no poder, some na primeira página. E calam com descontraídos sorrisos de bem-aventurança em Cuba, na Venezuela, na Nicarágua, na Coreia do Norte.  Penso que estes exemplos pinçados do cotidiano mostre como, dissimuladamente, se valem de sentimentos que são de seu generoso apreço, leitor, para cooptá-lo e lhe proporcionar o contrário disso em modo pleno.

Percival Puggina (76), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+.

 

quinta-feira, 24 de dezembro de 2020

Fux e as bobagens pomposas sobre legalidade, STF e racismo. Não me comovem - Blog Reinaldo Azevedo

Ah, sempre que leio uma interpretação, digamos, falsamente ingênua e lavajatista de uma entrevista de Luiz Fux, ora presidente do Supremo (fazer o quê?...), eu até tento me comover. Mas me bate o senso de responsabilidade em seguida: "Nada disso, Reinaldo! Tenha o coração duro!".
Então vamos ver. O doutor concedeu uma entrevista à TV Justiça. Vídeos circulam por aí. Ele comentou a correta — diga-se! — liminar do ministro Nunes Marques que vai ao "é da coisa". Trecho da Lei da ficha limpa, que mete um prazo de inelegibilidade de oito anos depois do cumprimento da pena agride os fundamentos da razoabilidade e da proporcionalidade. Já expliquei a coisa aqui.
É evidente que o bom mandamento legal e constitucional impõe que o cumprimento da pena comece a partir da condenação em segunda instância, que é o marco que torna a pessoa inelegível. Ou, vejam que coisa, uma condenação de quatro anos se transforma numa inelegibilidade de 12. E o que a Constituição prevê é a suspensão dos direitos políticos, em caso de condenação, enquanto durarem os efeitos dessa condenação.
Já é uma licenciosidade permitir que uma lei altere o que a Constituição estabelece. Corrijo-me: a inelegibilidade além do tempo da condenação já é inconstitucional. Mas o Supremo decidiu que não é. Contra a Carta. Sendo assim, que, ao menos, comece a contar o prazo a partir da condenação.
Nunes Marques fez o certo e o razoável, dado o erro já cometido pelo STF, que considerou constitucional essa estrovenga.
Os mercadores de punitivismo e lavajatismo se assanharam e cobraram que Fux cassasse a liminar de Nunes Marques. Só que ele não pode. Se acontecer, terá de ser feita pelo pleno. E ele explicou assim a impossibilidade na referida entrevista:
"O novo ministro, Nunes Marques, dentro da sua independência, deu uma decisão entendendo que era excessivo aquele prazo de inelegibilidade. E isso, digamos assim, é questão que a própria lei poderia resolver, a Lei da Ficha Limpa, só que a Lei da Ficha Limpa tem a virtude de ser lei de iniciativa popular"...
Há uma besteira aí. Ou duas. Nada impede que uma lei de iniciativa popular incorra numa inconstitucionalidade. Em segundo lugar, inconstitucionalidades, quando existentes, não são corrigidas necessariamente pelo próprio Legislativo. Ou não existiria, por exemplo, Ação Direta de Inconstitucionalidade. Ou esta seria apresentada ao Congresso, não ao Supremo.
Justificando o fato de que ele não cassou a liminar -- e nem poderia --, afirmou:
"Eu não poderia cassar a decisão dele porque o recurso que apresentaram é dirigido ao relator. O presidente da corte pode muito, mas não pode tudo. Há casos em que as pessoas têm instrumento próprio, que se chama Suspensão de Segurança. Aí a competência é só do presidente. Quando recebo suspensão de segurança, eu analiso com a minha independência, coragem e critério de razoabilidade e decido".
Já há ação de Suspensão de Segurança contra a decisão de Nunes Marques. Não sei se Fux está estimulando a que se apresentem outras. Poderia ter adicionado, e acho que isto não ficou claro, que o recurso é descabido nesse caso.Ele tem tanta coragem e tanta independência que teve a coragem e a independência de suspender a entrevista que Lula concederia à Folha em 2018, justamente acatando, no exercício da presidência, uma Suspensão de Segurança impetrada pelo Partido Novo. Ocorre que, segundo a jurisprudência do STF, partidos não têm legitimidade para esse tipo de ação.
Vale dizer: Fux recorreu a uma ação de titularidade ilegítima para impor censura à imprensa, o que feriu cláusula pétrea da Constituição. Eis uma das razões por que ele não me comove.
CONSIDERAÇÕES SOBRE O RACISMO
Dia desses, este gigante do pensamento resolveu comparar o mal da corrupção ao Holocausto judeu. Ele é judeu. Nem ele tem o direito de banalizar o extremo do horror para fazer proselitismo lavajatista. E tal origem também não o impede de dizer besteiras sobre o racismo. Na entrevista de agora, afirmou:
"Vou dar aqui uma particularidade minha, que é interessante, que eu sou imigrante romeno, tenho a pele branca e sou considerado negro honorário número um. Eu tenho esse diploma. Por quê? Porque eu lutei pela causa desses afrodescendentes. Eu acho que eles têm todo o direito... Cinquenta por cento da população brasileira é negra. Então essas pessoas têm de ajudar a construir o Brasil. Não vai dar para construir o Brasil sem eles. Eles merecem essa chance. Eles têm valor. Eles têm expertise. Eles têm inteligência. Eles precisam de chance".
É tanta bobagem reunida que é difícil saber por onde começar. Começo com uma pergunta: quem conferiu a Fux o título de "negro honorário"? O que é isso? É uma variante moral de "black face"? Fux não é imigrante. É carioca. Seus pais são judeus oriundos da Romênia.
Todo racismo é detestável, mas as perspectivas racistas não podem ser postas no mesmo saco de gatos. O antissemitismo no Brasil é não mais do que residual, restrito a uns bolsões de extrema direita de inclinação fascistoide. Nada tem a ver com racismo estrutural da sociedade brasileira, este que mata mais pretos, que os tira das escolas, que os impede de ir a bons restaurantes, que os coloca nas cadeias, que os transforma na maioria dos cadáveres, que lhes cassa salário.
Bem, os negros já "ajudam" a construir o país desde o tempo em que vieram trazidos à força, dividindo seu tempo entre a lavoura e o tronco. E ajudam ainda. O Brasil é que precisa aprender a reparar as injustiças históricas.Ademais, quando se trata de implementar medidas de reparação, não se deve fazê-lo com o olhar caridoso e condescendente com "eles", que também "têm valor e expertise". Até porque, a exemplo de brancos e amarelos, alguns têm essas duas coisas, outros não.
O ministro tem de estudar mais para não falar besteiras nessa área. Não se trata de "dar chance" a ninguém, mas de criar condições para que venham a ter os direitos que lhes foram sonegados.
"Ah, Reinaldo, o ministro se atrapalhou. Ele quis dizer coisas boas".
Pois é. Quando se é presidente de um Poder, é preciso falar coisas boas, não pretender fazê-lo. É preciso estudar assuntos delicados, antes de incorrer em patacoadas. É preciso não citar um Zé Mané qualquer como se fosse Drummond. É preciso não destratar, ainda que de modo oblíquo, o voto de um colega — especialmente quando esse colega está certo. É preciso não chamar Sergio Moro, o sócio da Alvarez & Marsal, de herói.
A propósito, ministro: quando o senhor vai cumprir a lei e pôr para votar a sua liminar que cassou o juiz de garantias, agredindo, pois, a democracia e o estado de direito?
Fux me inspira. 
Blog Reinaldo Azevedo - Reinaldo Azevedo, jornalista - UOL
 

sábado, 18 de julho de 2020

Forças Armadas - A contundente resposta dos militares a Gilmar Mendes

O ministro da Ciência e Tecnologia, o astronauta Marcos Pontes, demitiu a senhora que era coordenadora-geral do Inpe para observação da Terra. O ministro tem sido cobrado pelo presidente da República sobre as queimadas e os desmatamentos. O vice-presidente Hamilton Mourão coordena esse grupo da Amazônia. Ele vai pedir 120 dias para diminuir o desmatamento, porque o Brasil precisa dar uma resposta à propaganda negativa que fazem do país em relação à proteção da floresta amazônica.

Repúdio das Forças Armadas
Eu nunca vi uma nota de militares tão grave e marcante como essa que foi feita para o ministro do Supremo Tribunal Federal Gilmar Mendes. Tem muita gente vibrando com essa resposta.
Mas ele extrapolou também. O ministro afirmou que o Exército estaria se associando a esse “genocídio” ao manter militares no Ministério da Saúde, se referindo à forma com que o governo está tratando o coronavírus.
Só tem um único militar da ativa do governo que é o ministro interino da Saúde, o general Eduardo Pazuello. Havia o general Luiz Ramos, que há 10 dias passou para a reserva. E todos os demais militares no governo estão na reserva. Militares da reserva são como todos os civis.

A nota do Ministério da Defesa foi assinada pelo ministro-general Fernando Azevedo e Silva e pelos comandantes do Exército, Marinha e Aeronáutica. O texto afirma que os comandantes repudiam veementemente a acusação apresentada pelo senhor Gilmar Mendes contra o Exército brasileiro. Nem sequer o chamam de ministro do STF.
“Comentários dessa natureza, afastados dos fatos, causam indignação. Trata-se de uma acusação grave, infundada, irresponsável e leviana. O ataque gratuito a instituições de Estado não fortalece a democracia”.

Por fim, os autores avisam que o Exército, a Marinha e a Aeronáutica estão dedicados a proteger as populações durante a pandemia e que o Ministério da Defesa vai encaminhar representação à Procuradoria-Geral da República para que as medidas cabíveis sejam tomadas.
Eu nunca vi os ministros da Suprema Corte dos EUA dar declarações, ir a coquetéis ou tomar atitudes afins. 
Juízes falam nos autos, mas no STF há alguns que passam o dia dando entrevistas e fazendo declarações.[uma providência adequada era proibindo ex-ministros do STF - afastados por aposentadoria ou qualquer outro motivo - não possam ser candidato a nenhum cargo eletivo em eleições realizadas nos dois anos seguintes ao do afastamento.] 
O problemas é que essas declarações acabam conflitando com os votos deles, com as relatorias de processos. Pode acontecer de estarem falando sobre um assunto que mais tarde eles vão precisar julgar, isso é muito ruim. A reação dos militares e do Ministério da Defesa foi ótima.

Solidariedade a Nise
Como eu falei a respeito da atitude completamente descabida do Hospital Albert Einstein de repudiar a fala da médica Nise Yamaguchi, que comparou o medo que as pessoas têm do coronavírus ao holocausto, ela me ligou.
Eu acho que o hospital vai voltar atrás na fala. Eles precisam ler de novo o que ela disse, porque quem deu a declaração deve seguir a cartilha de Paulo Freire, porque lê e não entende o que leu.

Ela me contou que recebeu do médico Vladimir Zelenko, de Nova Iorque, que é judeu e o homem da hidroxicloroquina lá nos Estados Unidos, uma mensagem de apoio e solidariedade.

Zelenko costuma dizer que parece que querem que o brasileiro morra porque não se está usando um medicamento que existe e que, segundo ele, está dando certo. Ele também diz preferir viver empiricamente do que morrer cientificamente. Eu acho que nós temos que nos curvar à experiência do dia a dia e não à ciência.

Alexandre Garcia, jornalista - Vozes - Gazeta do Povo




sábado, 25 de janeiro de 2020

Um governo flertando com o nazismo - IstoÉ - Brasil

Apesar da demissão de Roberto Alvim por causa da imitação de Joseph Goebbels, Jair Bolsonaro é tolerante com ideias de extrema-direita e estimula a guerra cultural

O discurso nazista do ex-secretário especial de Cultura, Roberto Alvim, que serviu para tirá-lo do cargo na semana passada, mostrou, novamente, que as ideias de extrema-direita circulam com liberdade no governo, e reforçam, de tempos em tempos, suas intenções autoritárias. Parafrasear Joseph Goebbels, ministro da propaganda de Adolf Hitler, foi só mais uma contribuição nefasta para o esforço doutrinador que o presidente Jair Bolsonaro está levando a cabo no seu mandato. Como sempre acontece em governos com tentação extremista, é pela área cultural e pela educação que se faz o jogo ideológico mais pesado.

 SEMELHANÇA A ordem e a disciplina impostas por Hitler para controlar os alemães sempre pareceram exemplares para Bolsonaro (Crédito: AFP/Hulton Deutsch)

[apontando o óbvio: um Governo conservador e de extrema-direita, por razões óbvias tem que possuir e defender ideias conservadores e de extrema-direita e ser visceralmente contra o maldito politicamente correto, ideias da extrema esquerda, o que inclui, sem limitar, o comunismo.

A cultura no Brasil está doente - uma cultura que tenta se afirmar com imundícies tipo 'queer museu', que entre outras bizarrices cultua a zoofilia,  inserir em revistas HQ INFANTO JUVENIL homens se beijando na boca, expelindo produções culturais ofendendo JESUS CRISTO, buscando destruir a FAMÍLIA, SÓ TEM UM DIAGNÓSTICO: está doente e só uma cirurgia profunda, removendo todos os tumores, é que poderá voltar a ser sadia.
Mais um exemplo: passo a passo, estão difundindo a necessidade de censurar WAGNER.]
Apesar de Bolsonaro ter decidido, afinal, demitir Alvim, ele não demonstrou, a princípio, uma rejeição contundente à sua fala e chegou a dizer para interlocutores mais próximos que todo o barulho criado em torno do assunto era “coisa da esquerda”. Só depois de perceber a reação de repulsa nas mídias sociais e, em especial, da comunidade judaica e de receber um telefonema do presidente do Senado, Davi Alcolumbre, que é judeu, ele tomou sua decisão. A verdade é que se as propostas apresentadas pelo ex-secretário, com fundo musical de Richard Wagner, tivessem sido transmitidas de forma mais palatável e sem a teatralização nazista, elas não estariam tão distantes do que o núcleo mais duro e sectário do Planalto pensa. A ordem e a disciplina impostas por Hitler para controlar a população alemã, com o apoio do trabalho de comunicação de Goebbels, sempre pareceram exemplares para Bolsonaro.

No seu afã de doutrinação ideológica, Bolsonaro chegou ao absurdo de dizer que o nazismo era um “movimento de esquerda”
A tese apresentada por Alvim de que a cultura brasileira está doente e precisa ser “purificada” de ideias libertárias e pluralistas faz eco com a obsessão de Hitler contra a “arte degenerada”, que, na mente do ditador, se confundia com a modernidade e com a invenção. O mesmo vale para a projeção do ex-secretário para a arte brasileira da próxima década, que será “heróica e nacional”. Para Bolsonaro e alguns de seus ministros, é isso, justamente, que a arte precisa ser para ajudar na criação de uma mentalidade conservadora ajustada aos novos tempos. 

O governo dá sucessivas demonstrações de que pretende fazer uma revolução cultural ao estilo da extrema-direita para impor um pensamento que se oponha ao multiculturalismo e ao politicamente correto. Os soldados do bolsonarismo, tendo à frente os filhos 02 e 03 do presidente, Carlos e Eduardo Bolsonaro (que defende, inclusive, a reedição do AI-5 e volta da ditadura), costumam chamar esse processo de “guerra cultural”. É dela que surgirá o “homem de bem” brasileiro, que emerge nas entranhas do sistema político para se tornar um protonazista empedernido, que recusa o pensamento crítico e despreza a criatividade e a inteligência, a não ser quando são usadas a favor do regime.

Doutrinação ideológica
 No afã de doutrinação ideológica direitista de Bolsonaro, se chegou ao absurdo de dizer que o nazismo era um “movimento de esquerda”. Foi isso, por exemplo, que declarou o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, em uma entrevista concedida, em março do ano passado, no canal do YouTube do grupo Brasil Paralelo, que promove o pensamento de Carvalho. Perguntado sobre a comparação entre o nacionalismo defendido por ele e o promovido no passado pelos regimes totalitários da Alemanha, da Itália e da Rússia, Araújo afirmou que “o sentimento nacional teria sido distorcido por grupos que o utilizaram para chegar ao poder”. “Uma coisa que eu falo muito é dessa tendência da esquerda de pegar uma coisa boa, sequestrar, perverter e transformar numa coisa ruim. É mais ou menos o que aconteceu sempre com esses regimes totalitários. Isso tem a ver com o que eu digo que fascismo e nazismo são fenômenos de esquerda”, disse. Alguns dias depois, em visita ao Centro Mundial de Memória do Holocausto, em Israel, Bolsonaro foi na mesma linha que seu ministro e afirmou “não ter dúvidas de que o nazismo era um regime de esquerda”. Foi desmentido no mesmo dia por representantes do Memorial do Holocausto. A tese, que procura livrar a extrema-direita de sua orientação criminosa, é considerada descabida e desonesta por acadêmicos e historiadores de todas as vertentes.

O combate implacável ao esquerdismo e ao socialismo é o ponto crucial da guinada extremista que o governo pretende dar. Fazendo a população crer que há uma ameaça comunista no Brasil, Bolsonaro procura se posicionar de maneira mais confortável no outro extremo do espectro político e justificar seu ideário radical. O problema (para ele) é que o ambiente cultural brasileiro é democrático e não há qualquer indício de que a produção artística tenha um apelo comunista ou esteja orientada para a conquista do poder. Por isso volta-se sempre à fantasia do chamado marxismo cultural, que o astrólogo Olavo de Carvalho, ideólogo do governo, inspirado pela extrema-direita americana, vê como uma grande conspiração para disseminar o socialismo pelo mundo. Carvalho, por sinal, abandonou o pupilo Alvim e declarou, num primeiro momento, no seu Twitter @OlavoOpressor, que ele “não parecia estar bem da cabeça”. 

Depois embalou numa interpretação conspiratória dos fatos para livrar o governo Bolsonaro e Alvim da pecha de nazista. “Chamar o Alvim de nazista é ser caixa de ressonância da esquerda mais canalha. O Alvim é trouxa — repito —, mas de nazista ele não tem nada. Se tivesse, estaria no PT, declarou no domingo 19. “Comunistas fazem truquinhos sujos para dar ao presidente Bolsonaro uma aparência de nazista, mas nazistas são eles. Até o Parlamento Europeu já se tocou. Enquanto isso, o lindinho Luciano Huck escolhe o homem do PC do B para seu vice. Isso já diz tudo”. Para Carvalho, “ou o Alvim pirou ou algum assessor petista enxertou a frase do Goebbels no discurso dele para assassinar sua reputação”.


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Máquina de guerra
A atriz Regina Duarte ainda não aceitou o convite do presidente Bolsonaro para substituir Roberto Alvim, dizendo que antes irá “fazer um teste” à frente da Secretaria Especial de Cultura, com um orçamento de R$ 2 bilhões em 2020. “Quero que seja uma gestão para pacificar a relação da classe com o governo”, afirmou. “Sou apoiadora deste governo desde sempre e pertenço à classe artística desde os 14 anos”. Porém, apesar do entusiasmo de Regina e de sua intenção conciliadora, seu nome não é bem visto pelo filho do presidente Carlos Bolsonaro e pelo astrólogo Olavo de Carvalho. Para eles, a secretaria exige uma ação de enfrentamento permanente e a atriz é considerada moderada demais para tocar a máquina de guerra cultural do governo. O presidente viajou quinta-feira 23 para a Índia e na volta deverá oficializar a nomeação da atriz para o cargo.

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terça-feira, 14 de agosto de 2018

Gleisi, Wagner, o rabino Hilel e o “esconde ou exibe” Haddad. Presidente do PT leva paradoxo ao ridículo e expõe juízo perigoso em um artigo

O PT se manifesta de dois modos na imprensa nesta terça. Na Folha, Gleisi Hoffmann assina um artigo em que, vá lá, afirma o trivial e o esperado enquanto o TSE não declara a inelegibilidade de Lula: o PT vai até o fim e coisa e tal; é ele o candidato; não vamos desistir etc. Levado o texto na ponta do lápis, temos o paradoxo a serviço do ridículo. Já chego lá. A outra voz é a de Jaques Wagner. Judeu, o ex-governador da Bahia e agora candidato ao Senado deve ter se lembrado de ecos de rabino Hilel, o Ancião: “Se não eu por mim, quem por mim? Se eu for só por mim, quem sou eu? Se não for agora, quando?” Traduzo a minha citação adaptada: se Lula não lutar por si, quem lutará? Se Lula lutar só por si, quem é Lula? Se não se começar a divulgar o nome de Fernando Haddad agora, quando?

Há, visivelmente, duas posturas em curso. Gleisi, obedecendo às ordens do chefão, está entre aqueles que gostariam de esconder Haddad ou de limitar a sua fala à condição de mero porta-voz do “verdadeiro candidato”. E há os que entendem, como Wagner que sempre se mostrou mais realista nesse processo; ele defendia a aliança com Ciro Gomes —, que a estratégia de substituição tem de ser posta em prática já. Os petistas que se entendam. Problema deles. Para quem olha de fora, no entanto, como é o meu caso, resta um julgamento: uma atitude é basicamente irracional, assentada no pensamento mágico, e a outra reconhece os limites da realidade. Antes que volte a esse ponto, uma observação sobre o texto de Gleisi.

A presidente do PT torna ilegítima, em seu artigo, até mesmo uma eventual eleição de Haddad. Escreve a preclara: “Se [as instâncias judiciais] negarem esse caminho [candidatura de Lula] à nação, estarão assumindo as responsabilidades e consequências por fraudar a soberania do voto.”

Logo, mesmo a eventual eleição de Haddad será, segundo a senadora, uma fraude. Caso venha a vencer e caso tenha início um movimento para derrubá-lo, ainda que por vias ilegais e ilegítimas, esta Varoa de Plutarco diria: “Estão derrubando um presidente ilegítimo”.
No PT d’antanho, um artigo como esse passaria por várias mãos, até sair no jornal. Nestes tempos de racionamento da dialética do esclarecimento, Gleisi deve ter escrito o artigo sozinha, se é que me entendem.

O racional e o racional Wagner não está propondo nada de muito difícil, nada que Gleisi não possa entender. Ele defende que o nome de Haddad passe, desde já, a ser oferecido como alternativa ao eleitorado lulista, ao eleitorado mais amplamente petista e ainda ao mais amplamente indefinido. O que a legenda tem a perder? Se a Justiça for sensível aos argumentos do PT, Lula será sagrado candidato, sai da cadeia, elege-se presidente e pronto! A mecânica celeste do petismo volta ao seu lugar. Caso, no entanto, o partido seja malsucedido, aquele que aguarda no banco já entra com algum apoio da torcida. Objetivamente, perde-se o quê? É o racional.

Mas parte do PT é presa da suposição mística, estúpida, irracional mesmo, de que basta afirmar que Lula será o candidato até o fim para que ele seja candidato… até o fim.
Gleisi fala genericamente em “precedentes” da Justiça Eleitoral, que não se aplicam ao caso. E insiste que o petista foi condenado sem provas — foi mesmo! —; que se aplicou um andamento de exceção a seu processo — é verdade; que o julgamento no TRF-4 teve a cara de um concerto, de um arranjo. E eu também acho. Mas e daí?

Será que essa argumentação será eficiente para que o TSE declare a sua elegibilidade? O que ela pretende? Que a corte eleitoral seja empregada como instância revisora do julgamento do TRF-4? Gleisi pretende que a Justiça Eleitoral atue como instância superior do processo penal? Vamos convir: quanto mais se insiste na mistura desses dois domínios, mais o aparelho judiciário se encarregará de fazer a distinção entre eles.  Não é por outra razão que a ministra Cármen Lúcia, presidente do Supremo, fez nesta segunda uma candente defesa da Lei da Ficha Limpa, que seria, segundo ela, um primor. Trata-se, na verdade, de um monstrengo, que contou, no entanto, com o apoio das esquerdas, do PT em particular, e de Lula, que a sancionou sem vetos. É um tanto ridículo que uma ministra da corte constitucional decida fazer a defesa de uma lei em particular. Ao optar por esse procedimento, resolve fazer política, não é? É claro que está se referindo, ainda que indiretamente, a Lula. Como já o fez Luiz Fux, ainda na presidência do TSE. A nova comandante do tribunal, Rosa Weber, é outra entusiasta dessa estrovenga legal.

Ainda que assim não fosse, que diferença faria? A lei está aí.  O paradoxo que conduz ao ridículo na argumentação de Gleisi parte do princípio de que uma conspiração político-judicial operou para tirar Lula da eleição. Digamos, por hipótese, que tenha existido. Faz sentido, então, esperar que esse mesmo aparelho devolva a elegibilidade a Lula, juntando, assim, aos exotismos passados mais um, a saber: o desrespeito à Lei da Ficha Limpa?
Nada, por óbvio, faz sentido na argumentação de Gleisi.
E, como se nota, ela flerta abertamente com o perigo ao considerar, por princípio, ilegítima uma eleição sem Lula. Ilegítimo, pois, nessa perspectiva, seria o vencedor desse certamente — mesmo, segundo as suas palavras, que seja um petista.

Blog do Reinaldo Azevedo

 

terça-feira, 23 de agosto de 2016

Magda Goebbels, a mulher de Joseph Goebbels, era filha de judeu? E daí?

Apenas uma nota de pé de página na história da mulher que sacrificou os seis filhos ao perder tudo de “maravilhoso” da vida

“Não vale mais a pena viver nesse mundo e levei as crianças comigo, pois elas são boas demais para a vida que vem aí.” Com estas palavras, Johanna Maria Magdalena Goebbels, chamada pelo apelido de Magda, justificou um dos atos mais hediondos entre os tantos de incomensurável barbárie cometidos durante o nazismo.

Outra ironia de uma história hedionda: a verdadeira origem de Magda Goebbels, a “mãe modelo do terceiro Reich”

O mundo em que ela não queria mais ver os filhos viver era, justamente, o da derrota da Alemanha nazista. “Nossa ideia gloriosa está arruinada e com ela tudo o que de belo e maravilhoso conheci na minha vida”, diz a carta de despedida.  Um dia depois do suicídio de Adolf Hitler no bunker de Berlim, em 30 de abril de 1945, Magda matou os seis filhos que tinha com Joseph Goebbels, o gênio maligno da propaganda nazista.

Os soldados soviéticos que entraram no bunker encontraram os corpos das crianças, cinco meninas e um menino. Existem fotos dos pequenos corpos e do início da autópsia da filha mais velha, Helga. Não é recomendável vê-las, sob nenhum pretexto.  As meninas estavam de camisola e fita nos cabelos, penteados caprichosamente pela mãe. Um dentista da SS que estava no bunker aplicou morfina nas crianças. Depois que ficaram inconscientes, Magda quebrou ampolas de cianureto em seus lábios. Esperou cerca de duas horas, para ter certeza de que haviam morrido.

Ela e o marido se suicidaram em seguida. Por um dia, ele havia sido Kanzler do Terceiro Reich, posto equivalente a primeiro-ministro.  Goebbels era de família pobre, feio e franzino. Mancava por causa de um defeito de nascença no pé. Seu aspecto físico sempre foi ressaltado por causa da ironia implícita ao fato de que o grande propagandista da “raça superior”, com sua coreografias de massas homogêneas e supostamente perfeitas, dificilmente passaria no teste dos arianos autênticos.

Magda era de família rica, educada em colégio de freiras, bonita, casada em primeiras núpcias com um industrial milionário – é ao filho desse primeiro casamento que ela escreveu para se despedir. A família dele até hoje é dona da BMW. Por ter encarnado o ideal feminino teutônico e o papel de “mãe modelo do Terceiro Reich”, sempre pareceu irônico também que ela tivesse um padrasto judeu, Richard Friedländer, o segundo marido de sua mãe. Agora, o historiador Oscar Hilmes escreveu um livro para demonstrar um boato que já havia circulado antes: Friedländer era na verdade o pai de Magda.

Hilmes se baseia num documento deixado por Friedländer, o registro de residência, atestando a paternidade. Já divorciado da mãe de Magda, ele foi mandado para o campo de Buchenwald, um dos primeiros em território alemão.  Morreu lá em 1939. Pelas leis raciais de Nuremberg, adotadas em 1935, Magda Goebbels seria Mischling , pessoa de sangue misto. Uma das loucuras implantadas na Alemanha nazista, as leis raciais proibiam o casamento ou mesmo relações sexuais entre alemães “arianos” e judeus – depois foram incluídos na lista ciganos e negros.

Eram considerados judeus os alemães que tinham três ou quatro avós judeus. Os mestiços , com um ou dois avós judeus, tinham que seguir um teste complicadíssimo, incluindo a prática da religião, para ver em que categoria se enquadravam. Todos, evidentemente, perderam seus direitos como cidadãos e, para quem não conseguiu escapar, a vida.

Para entrar nas SS, a tropa de elite nazista, a exigência era maior: provas de ancestralidade ariana a partir de 1750. Estudantes do segundo grau recebiam como lição de casa vasculhar arquivos de igrejas para descobrir registros de batismo de judeus convertidos.  Magda Goebbels não foi criada na religião nem na cultura judaicas. Era católica e virou protestante para se casar com o primeiro marido. Abraçou apaixonadamente a causa nazista. Seu marido foi um dos pilares ideológicos não só do anti-semitismo como da guerra total, que praticamente escravizaria os próprios alemães em nome da causa já perdida.

Se o pai de Magda era ou não judeu, isso hoje é apenas uma curiosidade histórica, uma nota de pé de página. À época, poderia fazer a diferença entre a vida e a morte. Inclusive para as crianças, que ela e o marido sacrificaram de qualquer maneira.

 Fonte: Vilma Gryzinski - Coluna MUNDIALISTA - VEJA

 

quinta-feira, 21 de julho de 2016

O Whatsapp e a Justiça



A cada polícia criada, a cada regulamento promulgado, a cada burocracia que se agiganta sobre o particular, vemos parte da liberdade morrer.
O caso do WhatsApp é exemplar.

De novo uma juíza do Rio de Janeiro, do alto de sua autoridade, determinou a suspensão dos serviços do aplicativo WhatsApp, um dos mais populares em uso para trocas de mensagens. De novo Sua Excelência, como os pares anteriores, preferiu castigar os usuários da ferramenta, o povo em geral, ao invés dos executivos da empresa dela proprietária. 

Teria ela ficado irritada com a negativa de quebra do sigilo das mensagens e também com uma resposta em inglês que teria recebido. Óbvio que nenhum desses fatos justificaria a violência legal determinada pela magistrada, que obviamente foi além dos seus sapatos. Em boa hora o STF corrigiu a anomalia. Sabemos que não é apenas o aparelho policial e judicial nacional que tem olhado com ira para os fabricantes de ferramentas de comunicação. Recentemente criou-se polêmica nos EUA no caso da quebra de sigilo de um fabricante de aparelhos celulares.  

Um terrorista investigado teria usado um deles para troca de mensagens e polícia queria a quebra do código para acessa-las. Exorbitou também: nada justifica que uma empresa privada traia sua legião de consumidores, que nela depositam sua confiança, por submissão a um capricho judicial ou policial. Os direitos da maioria não podem ser atropelados pelo viés do delegado de polícia. O Estado que arrume meios eficazes de fazer investigação sem ter que apelar para violências desse naipe.

A lógica dos criminosos e dos seus perseguidores não pode se sobrepor ao direito da maioria à privacidade. A privacidade talvez seja o maior bem que a cidadania conquistou diante do Estado todo poderoso e ela está sempre ausente nos regimes totalitários. O Estado tem obsessão por coletar, colecionar e analisar informações sempre usando ou a lógica da investigação criminal ou a lógica da guerra (lembro aqui os grampos sobre diversos governantes que os EUA fizeram sem a menor cerimônia, inclusive da então presidente do Brasil, Dilma Rousseff). É preciso que prevaleça a lógica da paz e da honestidade e não a lógica das exceções, do crime e da guerra.

Obviamente que a senhora juíza exorbitou e foi corrigida tempestivamente pela autoridade superior. O fato notável aqui não é que houve a correção, é que tem havido sucessão de medidas atrabiliárias da Justiça em primeira instância contra o público em geral, usuário satisfeito que é dessas maravilhosas ferramentas. Os fabricantes sabem que, se trair a confiança dos muitos, matarão seu mercado. O que está em jogo aqui, todavia, é menos uma questão de mercado e mais uma questão de cidadania.

Estamos vendo em toda parte a integração dos sistemas de polícia e Justiça dos países. Não louvo isso, abomino. Não há mais agora nenhum lugar de refúgio para um indivíduo escapar das aberrações do Estado todo poderoso. Um judeu poderia se proteger dos nazistas pelo simples cruzar da fronteira (a certa, a ocidental, claro), mas hoje em dia teria dificuldade para tal. Problemas políticos podem levar pessoas à miséria pela simples decisão de seu governo determinar o congelamento ou a expropriação dos seus bens, sob qualquer pretexto. Não me falem de Lava Jato, porque não estou tratando de criminosos, mas da hipótese de alguém decidir não concordar com seus governantes. Simplesmente agora não é mais possível escapar aos mecanismos de perseguição legal, numa ordem jurídica que está singularizada por leis arbitrária e contrárias ao direito natural.

É o caso da hostilidade crescente entre os cristãos e os defensores do aborto e do gayzismo. A inclinação dos governantes é pelo vício, fazem leis contrárias à natureza e as cortes têm tomados posições “avançadas”, contrariando o sentimento da maioria. Durante o governo do PT por pouco a vida banal de um cristão no Brasil não foi integralmente criminalizada. Esse perigo é permanente. Esse é um exemplo. O outro é a anulação prática do direito das pessoas não terem que dar satisfação dos seus bens ao Estado e sua vasta burocracia. Cada vez mais esse se fez sócio da renda e da propriedade dos particulares e, a partir dessa violência originária, criminalizou quem quer ter sua vida financeira inteiramente privada. Exemplo aqui de acúmulo de leis injustas que apenas amparam o arbítrio estatal contra as pessoas. Tudo pelo social.

Outro exemplo ainda é a legislação que regula a posse e o porte de armas. Ora, estamos vendo em toda parte o terrorismo prosperar precisamente porque os civis foram completamente desarmados, estando à mercê de qualquer um que eleve uma machadinha homicida contra si. No ataque de Nice vimos as pessoas mais desamparadas do que galinhas atacadas por raposas, sem meios de defesa.

 Agora, ter uma arma de defesa pessoal é um falso crime que tem posto muita gente na cadeia no Brasil. Se não temos tecnicamente terroristas atuando por aqui, temos o crime que mata 60 mil pessoas todos os anos, exatamente porque as vítimas estão inermes, sem meios de defesa. Um exemplo alucinado da falácia do Estado protetor, que faz da vítima o seu oposto, um criminoso, se do crime tentar escapar mediante o exercício natural do direito de defesa.

O sigilo da comunicação e o direito de fazer o que se quiser com os próprios bens estão intimamente associados, bem como a capacidade de autodefesa e de se praticar os valores superiores da civilização, evitando os vícios. Resistir ao arbítrio do Estado gigante e invasor é mais que um dever, é um instrumento para se viver em liberdade. O moderno Baal se tornou uma força avassaladora contra seus próprios cidadãos. A cada polícia criada, a cada regulamento promulgado, a cada burocracia que se agiganta sobre o particular vemos parte da liberdade morrer. O caso do WhatsApp é exemplar e deve ser levado às últimas consequências. Se o meganha que investiga crimes, falsos ou verdadeiros, quer arrumar provas, que se vire. Não venha arranhar a liberdade de todos. Que vá para as ruas investigar e colher evidências.


Fonte: Blog do Nivaldo Cordeiro - MSM