Blog Prontidão Total NO TWITTER

Blog Prontidão Total NO  TWITTER
SIGA-NOS NO TWITTER
Mostrando postagens com marcador Mercosul. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Mercosul. Mostrar todas as postagens

terça-feira, 13 de outubro de 2020

O peso da imprudência - Nas Entrelinhas

Falta-nos um projeto capaz de construir consensos políticos majoritários e resgatar nossa coesão social, para uma grande reforma democrática do Estado e a redução das desigualdades

Num de seus ensaios sobre a França no século XX — O peso da responsabilidade (Objetiva) —, o historiador britânico Tony Judt, falecido em 2010, aos 62 anos, analisa a vida pública francesa entre a Primeira Guerra Mundial e os anos 1970. Como se sabe, o primeiro grande Estado-nação da Europa influenciou toda a história moderna do Ocidente, em razão da Revolução Francesa e da Comuna de Paris. Por essa razão, Judt não esconde seu espanto com “a incompetência, a ‘insoucience’ indiferença e a negligência injuriosa dos homens que governavam o país e representavam seus cidadãos” nesse período, e dedica o livro a Léo Brum, Albert Camus e Raymond Aron, intelectuais franceses que nadaram contra a maré e confrontaram seus pares.

Segundo Judt, o problema da França era mais cultural do que político. Os deputados e senadores de todos os partidos, presidentes, primeiros-ministros, generais, funcionários públicos, prefeitos e dirigentes de partidos “exibiam uma assombrosa falta de entendimento de sua época e do seu lugar”. Para um país que no começo do século teve grandes líderes políticos, como o socialista Jean Jaurès, que tentou evitar a I Guerra Mundial e morreu assassinado num comício pela paz, e George Clemenceau, primeiro-ministro durante a guerra e um dos artífices do Tratado de Versalhes, chama atenção a petrificação das suas instituições políticas no período. Traumatizada pelo sangrento desastre que foi o conflito mundial, a França foi polarizada pela radicalização ideológica que antagonizava comunistas e socialistas, de um lado, liberais e fascistas, de outro, em toda a Europa, e imobilizava o país.

Dividida entre um anseio pela prosperidade, equivocadamente inspirada no passado, e pela estabilidade dos anos anteriores à guerra, de um lado, e as promessas de reforma e renovação a serem pagas com recursos financeiros da punição à Alemanha, de outro, a elite francesa não tinha a menor chance de acertar. Qualquer tentativa de mudança em favor de melhores condições de vida para os franceses era barrada por uma política polarizada entre esquerda e direita, toda reforma institucional ou econômica era tratada como um jogo de soma zero. O desfecho foi a ocupação alemã, período ainda mais traumático, do qual a França foi salva pela vitória dos aliados, sem embargo da heroica resistência dos maquis.

A crítica de Judt é duríssima: “Que a França tenha sido salva de seus líderes políticos, de um modo como não podia ser salvar década antes, se deu graças a grandes mudanças no pós-guerra nas relações internacionais. Membro da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), beneficiária do Plano Marshall e cada vez mais integrada à nascente comunidade europeia, a França não dependia de seus próprios recursos e decisões para ter segurança e prosperidade, e a incompetência e os erros de seus governantes lhe custaram muito menos do que ocorrera em anos anteriores”.

Um paralelo                                                                                                  A tradução literal de “insoucience” é imprudência. Essa é a palavra-chave do paralelo entre esse período da história francesa e a política brasileira atual. Talvez a maior imprudência visível seja a atual política ambiental, que está fadada ao desastre absoluto, porque assentada em base políticas e ideológicas com 50 anos de atraso, ou seja, que remontam à estratégia de ocupação e exploração econômica da Amazônia do regime militar. Suas consequências de curto prazo — perda de investimentos, dificuldades de comercialização de produtos e isolamento internacional —, apontam para um desastre muito maior, porque o mundo passa por uma mudança de padrão energético que está nos deixando muito para trás, como aconteceu na Segunda Revolução Industrial, à qual só viemos a nos incorporar na década de 1950.

A questão ambiental é apenas a ponta do iceberg: falta-nos um projeto capaz de construir consensos políticos majoritários e resgatar nossa coesão social, para uma grande reforma democrática do Estado e a redução das desigualdades, no espaço de uma ou duas gerações. Ninguém tem uma fórmula pronta e acabada para isso. A única certeza é que os velhos paradigmas, que alimentam a polarização ideológica atual, não são capazes de dar as respostas adequadas aos problemas brasileiros. O pior é que o velho nacional desenvolvimentismo e os populismos de direita e de esquerda rondam as instituições políticas, sem que nenhuma dessas vertentes tenha a menor capacidade de dar respostas adequadas às contradições atuais.

A Revolução Francesa inspirou nossas instituições políticas, assim como a Revolução Americana, matriz das nossas ideias federativas. Tanto a França como os Estados Unidos, porém, vivem novos dilemas, com a revolução tecnológica e a globalização, em que perdem protagonismo econômico e político, a primeira para Alemanha, os segundos para a China. Esses quatro países protagonizam as linhas de força do desenvolvimento mundial, no qual precisamos nos inserir de maneira mais proativa. Nenhum deles, porém, nos serve de modelo de desenvolvimento.

Os Estados Unidos não nos darão de bandeja um Plano Marshall, o Mercosul está cada vez mais na contramão da União Europeia e não nos interessa a militarização do Atlântico Sul. Precisamos traçar o nosso próprio rumo. Nossos gargalos econômicos e sociais têm raízes ibéricas (patrimonialismo, compadrio, clientelismo) e escravocratas (a exclusão social e o racismo estrutural). O xis da questão é produzir uma nova síntese sobre a realidade brasileira e, politicamente, desatar os nós institucionais que impedem o nosso desenvolvimento sustentável. Nossa elite política não tem se demonstrado capaz de cumprir essa tarefa.

Nas Entrelinhas - Luiz Carlos Azedo, jornalista - Correio Braziliense



sábado, 10 de outubro de 2020

História de uma histeria - Percival Puggina

O Parlamento Europeu aprovou, no dia 7 de outubro, uma emenda opondo-se à ratificação do acordo comercial entre a União Europeia e o Mercosul. Votava-se na ocasião um relatório sobre a política comercial comum entre os dois blocos relativamente ao ano de 2018. A votação abriu uma janela para o plenário fazer coro ao desejo dos produtores rurais europeus que jamais concordaram com a presença de produtos da nossa região no mercado que querem ter cativo para si.

 Essa é uma história antiga, que vai contra a conveniência dos consumidores e dos governos europeus, interessados respectivamente em gastar menos com alimentos e com subsídios. De onde surge essa mobilização, estribada em alegadas razões ambientais, contra o acordo comercial com o Mercosul? Quem é brasileiro sabe que apenas nos últimos dois anos “queimadas” e “desmatamento” no Brasil passaram a arrancar rugidos de indignação nos países do Atlântico Norte.

É inequívoco que esse escarcéu faz parte dos objetivos buscados pela operação de desgaste desencadeada após a vitória eleitoral de Bolsonaro na eleição presidencial de 2018. A nação tem acompanhado o sistemático ataque da mídia militante local contra o novo governo e tem observado a aparentemente bem intencionada defesa que essa mídia faz do meio ambiente. E percebe o quanto ela serve à formação de um ruidoso consenso mundial sobre ser, o Brasil, um grande e fumacento fogão a espantar girafas e coelhos.

O viés político e ideológico dessa histeria se esclarece perante fatos que a história e a memória registram: nem queimadas nem desmatamentos são novidades aqui ou alhures. Nunca antes foram transformados em arma política contra os governos anteriores e, menos ainda, serviram para instigar reações de nossos parceiros comerciais. Jamais antes algum brasileiro foi tão impatriota quanto Paulo Coelho para pedir boicote europeu aos produtos brasileiros. Os primeiros passos nessa direção foram dados já no processo de impeachment de Dilma Rousseff com as persistentes coletivas aos parceiros da mídia militante do exterior e apelos a folclóricos tribunais internacionais. Na etapa seguinte, estudantes nossos no exterior passaram a engrossar as manifestações contra seu próprio país e líderes políticos brasileiros a insuflar lá a animosidade internacional contra o governo daqui, pondo foco na questão ambiental e, a despeito de sua chocante docilidade, numa suposta tirania do novo governo brasileiro.

São duas atitudes diferentes, antagônicas. De um lado estão aqueles que querem do governo ações repressivas e preventivas contra crimes ambientais, como a operação Verde Brasil 2 que o Exército empreende na Amazônia. De outro, aqueles que sequer as mencionam, ou pior, tratam de questioná-las junto ao sempre disponível STF. A democracia exige atuação oposicionista, mas não creio que o bem do povo brasileiro possa ser sequestrado como parte desse jogo.


Percival Puggina (75), membro da Academia Rio-Grandense de Letras e Cidadão de Porto Alegre, é arquiteto, empresário, escritor e titular do site Conservadores e Liberais (Puggina.org); colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil pelos maus brasileiros.Membro da ADCE. Integrante do grupo Pensar+.

 

quarta-feira, 20 de maio de 2020

A reconstrução - O Estado de S.Paulo

Almir Pazzianotto Pinto 

As perspectivas são desfavoráveis, mas a missão não é impossível

A pandemia de covid-19 surgiu na China em dezembro. Fez as primeiras vítimas em janeiro. Espalhou-se pelo mundo e chegou ao Brasil entre fevereiro e março. Quando aqui aportou encontrou o País em crise, com milhões de desempregados. Há esperanças de deixarmos o isolamento até o início de junho. Hipóteses otimistas acenam com a possibilidade de refluxo no segundo semestre. O colapso das atividades econômicas só não é mais assustador do que o número de mortos e infectados. Milhares de empresas quebraram. Outras sobrevivem com graves dificuldades. A economia interna retrocederá uma década. O produto interno bruto cairá fortemente, na pior recessão em mais de cem anos. O desemprego poderá alcançar 20 milhões até dezembro.

É tempo de planejar a reconstrução. Joaquim Levy, ex-presidente do BNDES e ex-ministro da Fazenda, entrevistado pelo Estadão (15/4), advertiu sobre a necessidade de se organizar a “saída ordenada da crise”. Alertou, porém, que “tentar reconstruir a economia como era não vai funcionar”. A reconstrução será possível, porém sobre novos fundamentos. O “custo Brasil” é o primeiro obstáculo que exige demolição. Para o nosso tamanho, é pífia a participação no cenário econômico internacional. Produtos industriais, de tecidos a automóveis, devem se tornar competitivos além do Mercosul, graças à qualidade e ao preço. Além de reduzir a burocracia e a carga tributária, as relações entre capital e trabalho deverão desenvolver-se em ambiente pautado pela busca do entendimento. Em vez do conflito crônico, o diálogo e a negociação.

A história do movimento sindical brasileiro oscila da servil promiscuidade com o governo, como à época do Estado Novo e boa parte do regime militar, ao grevismo irresponsável, tal e qual durante o governo Sarney. Com o fim da contribuição sindical obrigatória, a estrutura desabou. Da debacle salvaram-se entidades de servidores públicos e alguns sindicatos de estatais, de sociedades de economia mista e de multinacionais do setor automotivo. De qualquer forma, a classe trabalhadora não deve ser esquecida, mas prestigiada e integrada ao esforço de reconstrução.

Resisto à ideia do pacto social, à semelhança do que se conseguiu na Espanha no final de 1977, e não se alcançou no governo José Sarney após o malogro do Plano Cruzado. Os interlocutores e as circunstâncias são outros. Garantir a manutenção dos níveis de emprego durante determinado período deverá funcionar como valiosa moeda de troca para empregadores. Dos trabalhadores se espera o compromisso da redução dos litígios. Será indispensável criar ambiente de segurança jurídica, preservando-se a validade dos acordos ajustados segundo as regras das Medidas Provisórias 927 e 936. O temor do “passivo oculto” inibe contratações.

O Brasil fechou-se ao mundo pela incapacidade de enfrentar políticas econômicas pragmáticas, como são as norte-americanas, chinesas, japonesas, alemãs e sul-coreanas. Erguemos barreiras alfandegárias como instrumento de proteção da ineficiência. A tecnologia é importada e atrasada, incapaz de se ombrear com o mundo informatizado. Somos pobres em pesquisas. A mão de obra se ressente da baixa produtividade.

O balanço final da pandemia revelará que raros países vão sobreviver ilesos. A China interromperá 20 anos de desenvolvimento. Para 2021 são previstas perdas econômicas de 6,8%. As dificuldades dos Estados Unidos não serão menores. A Europa empobreceu. Vejam-se Itália, Inglaterra, Espanha, França. A proposta de Plano Marshall é além de idiota. Pedir dinheiro ao exterior é ato criminoso, escreveu Napoleão Bonaparte (Máximas e Pensamentos, Ed. Topbooks). Não será com dinheiro vertido de fora que o Brasil se reconstruirá, mas graças ao esforço planejado e incansável de trabalhadores e empresários, unidos pelo desejo de reerguer o País. O descontrolado endividamento causou-nos imensos prejuízos e demandou anos de sacrifícios para ser pago.

As perspectivas são desfavoráveis, mas a missão não é impossível. Dependerá de quem assumir a liderança. O êxito não resultará de medidas de força, mas da inteligência, perseverança, visão e capacidade de coordenar esforços dos responsáveis pela reconstrução. Na exoneração do ministro Sergio Moro, após a demissão do dr. Luiz Henrique Mandetta, comprovou-se o que já se imaginava: o Poder Executivo federal tem à frente imprevisível e impulsivo comandante. O que esperar de alguém dotado de personalidade autoritária, praticante do monólogo e avesso ao diálogo? De alguém incapaz de compreender que o dissenso é próprio da democracia e que o consenso nasce do entendimento, não resulta de imposição da caneta?

O presidente Jair Bolsonaro desperdiça a credibilidade adquirida na campanha eleitoral. Despreza opiniões que não venham de seus apoiadores. A promessa de implantação de novo modelo político é desmentida pelos fatos. Não lhe será fácil recuperá-la.

Almir Pazzianotto Pinto, ex-ministro do trabalho




quinta-feira, 5 de março de 2020

Erros e fatos que explicam o pibinho - Míriam Leitão

O Globo

Ano de 2019 poderia ter sido de recuperação no PIB, mas o governo Bolsonaro perdeu tempo com falsos problemas e criou desgastes evitáveis
O primeiro ano do governo Bolsonaro foi decepcionante também do ponto de vista da economia. A previsão do PIB em janeiro era 2,5% e terminou em 1,1%. Houve fatores externos e tormentos internos na essência desse número. Mas o mais relevante agora é que 2020 não será igual ao ano que passou, porque o coronavírus criou uma nova dinâmica nas economias mundial e brasileira. Os economistas olham para 2019 como sendo um passado remoto, porque o presente concentra a atenção e é intensamente incerto.

O PIB per capita cresceu apenas 0,3%. O último trimestre, que se esperava fosse ganhar fôlego após a aprovação da reforma da Previdência, cresceu 0,5%. No ano, houve dados um pouco melhores no consumo das famílias (1,8%) e na construção (1,6%). O consumo foi estimulado pela liberação dos recursos do FGTS, mas isso não tem muita duração. O resultado da construção é decorrente da forte queda de juros ao longo dos últimos anos e que tem efeito cumulativo. É uma boa notícia, principalmente quando se pensa no contexto de cinco anos consecutivos de queda e de um encolhimento do setor em 30%. Porém, o último trimestre da construção foi decepcionante, queda de 2,5%. O crescimento brasileiro tem sido anêmico e não se sustenta.

É contrafactual tentar saber o que seria esse PIB se o governo não tivesse criado tanto ruído, mas certamente dá para imaginar que uma nova administração sempre consegue aproveitar a lua de mel, as expectativas positivas, e injetar ânimo na economia. O presidente Bolsonaro permaneceu em palanque e aprofundando as fraturas de uma eleição polarizada. Criou sucessivos ruídos com o Congresso. Deu sinais assustadores nas áreas ambiental e de direitos humanos.

A reforma da Previdência foi outro momento desperdiçado. A votação chegou a bom termo principalmente pela ação de lideranças políticas como o deputado Rodrigo Maia. Mas, uma vez aprovada, o ganho era principalmente do governo, que poderia aproveitar a onda e fortalecer a confiança. Mas, de novo, o presidente produziu uma sucessão de conflitos e debateu temas que dispersaram a atenção e deixaram o investidor assustado.

Os resultados vieram dentro do esperado, não houve maiores surpresas. A decepção ocorreu ao longo do ano, que dissolveu o otimismo de setores empresariais e de quase todo o mercado financeiro. Houve fatores externos, como a queda do crescimento do comércio mundial pela disputa entre China e Estados Unidos. A tragédia de Brumadinho atingiu fortemente a indústria extrativa mineral. Mas o ano passado poderia ter sido de retomada. E não foi. A conta está com o presidente Jair Bolsonaro. Ele herdou uma crise. Mas a economia patinou porque o governo gastou tempo e energia do país com falsos problemas e desgastes evitáveis. [Os fatores externos atuam sem depender da vontade e atos do presidente Bolsonaro -  incluindo o coronavírus e o acordo Mercosul com a União Europeia, por não apresentar resultados imediatos, está na conta dos êxitos  'esquecidos'.
Dos 'tormentos' internos, o mais apresentado como o responsável por dificuldades do governo Bolsonaro é o relacionamento com o Congresso e com a imprensa. 
O presidente erra quando concede demasiada importância aos dois atores, deveria adotar a postura de Estadista e ter em conta que a maioria dos que o atacam, seja Congresso e/ou imprensa, assim procedem buscando chamar atenção, até se tornar conhecidos - atacou o presidente Bolsonaro, ainda com inverdades, se torna notícia.
Lembram da pirralha sueca? se tornou estrela quando o presidente a adjetivou com o sinônimo de fedelha. ]

Normalmente os economistas olham o passado para projetar o futuro. Desta vez, não é possível. Em 2020 o mundo entrou em outro clima por causa do surto de coronavírus, que afeta direta e fortemente as cadeias globais de comércio. O Brasil, mais fechado, tem um impacto menor, mas mesmo assim já começou a temporada de revisões para baixo das projeções do crescimento.

O Banco Central deve reduzir mais os juros, na visão de economistas que acompanham o cotidiano da política monetária. [pitaco de um não economista: nada adiante reduzir os juros, sem reduzir o IOF.
Atualmente, até cheque especial sem juros é desvantajoso, devido o valor do IOF - ainda que por um dia - superar o "rendimento" mensal da poupança. 
Para o "povão", queiram ou não, a poupança continua sendo a única forma de guardar recursos.
Fundos de investimento cobram taxas e são incertos.]  Além disso, o câmbio pode ajudar na exportação, mas tudo agora na economia aqui e no mundo depende da capacidade de resposta dos países ao desafio epidemiológico. Haverá consequências sobre as cadeias produtivas que dependem de insumos chineses, aqui, como em todas as economias do mundo. E o país vai se ressentir da queda de demanda por commodities.

O problema em 2020 é principalmente externo. O Palácio do Planalto ajudaria se não atrapalhasse. Quando o pânico com o vírus ceder, o clima interno terá mais peso. Se ele continuar sendo de confrontos entre executivo e legislativo, como foi agora na crise do Orçamento, de manipulação da opinião pública contra os governadores, como foi no caso do imposto sobre combustíveis, de aumento do desmatamento, como ocorreu no ano passado, e de reformas engavetadas, o ano pode repetir o mesmo resultado pífio de 2019. Sobre o vírus, tudo o que se pode fazer é reagir bem aos desafios sanitários. Sobre o governo, é esperar que em algum momento ele aprenda como se comportar.

Míriam Leitão, jornalista - Com Alvaro Gribel, São Paulo - O Globo



sábado, 16 de novembro de 2019

A diplomacia do improviso - Míriam Leitão

O Globo

É preciso deixar o improviso na diplomacia

Os presidentes dos países dos Brics
O presidente Jair Bolsonaro disse, diante dos outros quatro líderes dos Brics, que está tocando a agenda de reformas “que estava há décadas por uma solução”. O ministro da Economia, Paulo Guedes, misturando inglês e português anunciou que Brasil e China estão negociando uma área de livre comércio. Nem uma coisa nem outra. Os governos Collor, Itamar, Fernando Henrique, Lula e Temer fizeram reformas econômicas importantes. E um acordo desses com a China exigiria muitas etapas prévias para o início das negociações. Um erra ao relatar o passado, o outro ao descrever o presente.

Ao falar sobre os eventos recentes, Bolsonaro tem o mesmo defeito do ex-presidente Lula, o de ignorar o que foi feito antes dele. O “nunca antes” do ex-presidente foi retomado pelo atual, que costuma fazer pausas dramáticas após afirmar: “o Brasil mudou”. A verdade é que na economia, o país vem mudando um pouco a cada mandato. O menos reformista foi o da ex-presidente Dilma Rousseff.  A última grande abertura comercial foi feita por Fernando Collor. O ex-presidente Fernando Henrique conduziu inúmeras reformas, como a mudança do capítulo econômico da Constituição que acabou com o monopólio da Petrobras, Eletrobras, Telebrás. Privatizou, mudou a previdência e aprovou a Lei de Responsabilidade Fiscal. O ex-presidente Lula aprovou uma importante reforma da previdência dos servidores. Itamar Franco em dois anos fez, sob o comando de Fernando Henrique, a mais importante reforma monetária do país, que acabou com a hiperinflação. Michel Temer aprovou o teto de gastos e a reforma trabalhista. Por que é preciso lembrar isso? Porque a amnésia ataca certos governantes do Brasil. Eles se apresentam como inaugurais e seus atos como inéditos. [o Brasil (nos desgovernos anteriores, deste século - exceção o de Temer, que só não foi mais exitoso para o Brasil, devido o Janot engaANOT ter impedido) já perdeu muito tempo. 
Nos parece que relatar fatos passados será pura perda de tempo, por improdutivo.]

O atual governo fala muito em abertura, mas pouco se viu de concreto, além do acordo Mercosul-União Europeia que vai demorar a sair do papel. Uma área de livre comércio do Brasil com a China, ou, no dizer de Guedes aos jornalistas brasileiros, “free trade area” porque “we’re seeking of higher grounds of integration” demandaria muito mais do que essa mudança de oito a oitenta que atingiu o governo Bolsonaro da noite para o dia.

Quando o presidente falava mal da China, chamando o país de o “predador” que queria “comprar o Brasil”, foi alertado por economistas, exportadores, diplomatas, jornalistas que a China é o nosso principal parceiro comercial, com US$ 98,6 bilhões de comércio e quase US$ 30 bilhões de superavit. Agora ele entendeu essa parte. Foi à China, recebeu Xi Jinping e comunicou solene: “A China é nosso principal parceiro comercial”. Sim. [prova que apesar de uma evidente (e maximizada) teimosia o nosso presidente tem capacidade de reconhecer erros, corrigindo-os.]
 
Daí a dizer que pode ser feito um acordo de livre comércio com o país vai uma grande distância. Se for sem o Mercosul, desmonta-se o acordo com a União Europeia. Se for com o bloco, é preciso que haja clima entre os dois maiores países do Mercosul. O governo brasileiro está de amuos porque não gostou do resultado eleitoral. Para mostrar seu desgosto pensa em mandar o ministro da Cidadania, Osmar Terra, representar o Brasil na posse de Alberto Fernández. Alguém precisa avisar Bolsonaro que a Argentina, apesar da crise, é o maior comprador de produtos manufaturados brasileiros, e é parceiro próximo, goste-se ou não de quem ocupará a Casa Rosada. [por enquanto, o Brasil não pode priorizar o confronto político devido diferenças ideológica - a economia tem que ter prioridade, assim o mais sensato é aguardar que os hermanos que fizeram a bobagem nas últimas eleições, consertem a lambança.] 
 
Mesmo soando claramente como uma precipitação do ministro da Economia, a tal área de livre comércio assustou os empresários. A sabedoria está em evitar o protecionismo comum em parte dos industriais brasileiros, mas não pecar por ingenuidade diante de um país que tem uma máquina poderosa de produção, e cuja economia não joga exatamente o livre jogo do mercado. Os subsídios no produto chinês são tão numerosos quanto invisíveis.

O Brasil precisa mesmo de níveis mais altos de integração com a economia mundial, mas é preciso sair da teoria para a prática. O atual governo tem o hábito de anunciar projetos que ainda não formulou. [hábito grave e que pode trazer prejuízos - falar pouco sempre é mais produtivo.
No caso do presidente Bolsonaro, que tem inimigos em pontos estratégicos do governo brasileiro, se torna mais grave, já que facilita ação de sabotadores.]  É preciso abandonar também o improviso e o amadorismo na política externa. O “namoro” com os Estados Unidos, para usar uma imagem cara ao presidente, ignorou a realidade de que a economia americana é nossa competidora na exportação de alimentos. Os Estados Unidos e a China são ambos parceiros fundamentais do Brasil. Isso parece que finalmente a diplomacia de Bolsonaro entendeu.

Coluna da Míriam Leitão, jornalista - O Globo - com Marcelo Loureiro

sexta-feira, 15 de novembro de 2019

O novo B do Brics - O Estado de S.Paulo

Eliane Cantanhêde

Criado contra o ‘mundo unipolar’, o Brics passa a contar com um forte aliado dos EUA

A reaproximação do Brasil com a China e o entusiasmo do ministro Paulo Guedes com acordos bilaterais de livre-comércio são bons passos para corrigir dois erros da política externa, um bem recente, do início do governo Bolsonaro, e outro lá atrás, do início da era PT. Esses passos vêm em boa hora. A política externa e comercial do governo Lula, fortemente pautada pela ideologia, impediu a discussão séria e pragmática da Área de Livre Comércio das Américas, a natimorta Alca. Poderia ter sido bom ou ruim aos interesses brasileiros, mas nunca saberemos. O próprio debate foi bloqueado.

Além de inviabilizar a Alca, o Brasil foi decisivo para vetar acordos bilaterais dos parceiros do Mercosul, ficando subentendido que não fazia e não permitia que Uruguai, Paraguai e Argentina fizessem acordos de livre-comércio diretamente com os Estados Unidos. Sem Alca e sem bilaterais, a grande aposta foi na Rodada Doha da Organização Mundial do Comércio (OMC), que nunca saiu. Ou seja, não sobrou nada.

Agora, depois do anúncio (por enquanto, um mero anúncio) do acordo Mercosul-União Europeia, o governo Bolsonaro atira para todos os lados. Já acenou com livre-comércio com os EUA, com a China e, depois das duas maiores economias do planeta, sabe-se lá com quantos mais. A palavra de ordem de Guedes é abertura.

De outro lado, a obsessão em desvincular o Brasil do Tio Sam correspondeu a uma ilimitada aproximação com a China, que começava a desbravar todos os continentes e ultrapassou os EUA como nosso principal parceiro comercial. E com vantagem objetiva enorme: o Brasil é superavitário nas relações com os chineses, ou seja, vendeu mais do que comprou. Pois não é que Jair Bolsonaro, eleito, já passou a – também fortemente pautado pela ideologia como Lula, mas às avessas – cutucar e provocar a parceira e gigante China. Quanto mais se assumia pró-EUA, ou melhor, pró-Trump, mais Bolsonaro desdenhava a China, que “queria comprar o Brasil”.

Ao ser recebido com pompas em Pequim e agora no seu encontro com Xi Jinping em Brasília, o presidente corrige seu próprio erro, recoloca as relações nos eixos e, mesmo sendo a China uma ditadura de esquerda, passa a agir com pragmatismo. O regime da China é um problema dos chineses, as trombadas entre Washington e Pequim são problema dos dois e o que nos diz respeito são os interesses brasileiros nas relações. E isso parece estar, enfim, prevalecendo.

Quanto ao Brics, há uma mudança importante. Ao se unirem em 2006, Brasil, Rússia, Índia e China (África do Sul veio depois) tinham uma ambição econômica e uma estratégia política: se rebelar contra um “mundo unipolar”, ou seja, contra a hegemonia acachapante dos EUA. Hoje, porém, o B mudou de lado.

Quatro dos cinco países estão entre os dez maiores, mais ricos e populosos do planeta, logo, capazes de reequilibrar o jogo mundial. O Brasil, porém, abre uma fenda na unidade do grupo. Assim como rompeu sua histórica postura independente para seguir os EUA em votos sobre Cuba e sobre direitos humanos na ONU, o Brasil age para o Brics incomodar o mínimo possível os EUA.

Assim, o Brics continua sendo forte e importante na economia mundial, mas a unidade política e o futuro do grupo parecem incertos e não sabidos, com China e Rússia de um lado, o Brasil sonhando com um alinhamento automático com os EUA e a Índia e a África do Sul tentando se equilibrar entre os parceiros. Só isso explica que a declaração final da cúpula de Brasília tenha se ocupado de Síria, Coreia do Norte, Sudão e Iêmen, sem uma única linha sobre Venezuela e Bolívia. Os negócios vão muito bem, mas os EUA pairam sobre o Brics e as visões de mundo dos cinco são hoje claramente muito diferentes.
Eliane Cantanhêde, colunista - O Estado de S. Paulo
 
 

quarta-feira, 13 de novembro de 2019

Negócios com a China - Nas entrelinhas

“Frente à concorrência chinesa, os avanços do Brasil permanecem limitados. Precisamos aumentar as exportações de manufaturados de maior complexidade”


O ministro da Economia, Paulo Guedes, anunciou ontem que o governo brasileiro tem intenção de formar uma área de livre-comércio também com a China. A notícia arrepiou os cabelos dos setores industriais brasileiros, que sofrem com as consequências da falta de competitividade de nossos produtos e a concorrência dos importados made in China. A ideia, segundo o ministro, é criar uma “free trade area” (área de livre-comércio), com alto nível de integração. “Queremos nos integrar às cadeias globais. Perdemos tempo demais, temos pressa”, disse Guedes, em Brasília.

Há 20 anos, o Brasil negociava com a China um volume de comércio de cerca de US$ 2 bilhões ao ano; agora, saltou para mais de US$ 100 bilhões nos dias atuais. Para efeito de comparação, com a Índia, outro parceiro do Brics, o comércio ainda está ao redor de US$ 4 bilhões por ano.  As declarações ocorrem num momento de muita confusão na América do Sul, onde a China desbancou os Estados Unidos como parceiro comercial da maioria dos países. Ao mesmo tempo, sinalizam um deriva do alinhamento automático com o presidente Donald Trump, que está em guerra comercial com a China. O Brasil aposta na relação com os chineses por razões que não necessariamente coincidem com aspectos políticos e ideológicos que levaram à formação do Brics. Não chega a ser uma esquizofrenia, é um dado da realidade objetiva, determinado pela mudança de eixo do comércio mundial do Atlântico para o Pacífico e pela emergência da China, a segunda potência econômica mundial, como principal comprador de nossas commodities de minério e agropecuárias.

Guedes sente as consequências da guerra comercial entre Estados Unidos e China na economia mundial, assim como sabe que as tensões na América Latina estão afugentando investidores em toda a região, inclusive do Brasil. Entretanto, tem uma visão ultraliberal que assusta principalmente os setores industriais brasileiros, tradicionalmente protecionistas: “Os chineses, indianos, malaios, filipinos, está todo mundo subindo o padrão de vida. A metade de lá. Enquanto isso, do lado de cá, particularmente a América Latina, o Mercosul, fez o contrário: cabeça de avestruz, enfiamos a cabeça no chão. Ficamos fechados. Nosso padrão de vida está piorando.”

O problema é que o Brasil está se desindustrializando. Não tem uma política industrial. Economistas liberais são contra isso por princípio, mas governos não podem ser indiferentes à realidade do setor produtivo. No caso brasileiro, a situação é mais grave, porque não existe capital acumulado para a criação de uma nova indústria, mais competitiva, na velocidade em que as mudanças ocorrem no mundo. A tentativa de criar empresas globalmente competitivas dos governos Lula e Dilma, a política dos “campeões nacionais”, resultou em escândalos de corrupção e colapso da “nova matriz econômica”, que lançou o Brasil na recessão.

Complexidade
De acordo com o Atlas da Complexidade Econômica, dos economistas Ricardo Hausmman e César Hidalgo (respectivamente da Universidade de Harvard e do Instituto Tecnológico de Massachusetts — MIT), a complexidade das exportações é determinante para o crescimento econômico de longo prazo dos países. Isso porque, alguns conjuntos de produtos no núcleo do tecido produtivo são mais essenciais para dinamizar outras atividades produtivas, “por conta de seus efeitos de encadeamento e transbordamento, ou seja, por estabelecerem mais conexões com o restante das atividades econômicas”. É o caso dos produtos eletrônicos, máquinas, materiais para construção, químicos e produtos relacionados à saúde.

O Brasil havia melhorado sua posição no ranking de complexidade econômica entre 2012 e 2016, passando do 50º para o 42º lugar, mas a recessão pôs tudo a perder. A análise das exportações brasileiras e chinesas para os países do Mercosul, Aladi e Nafta, qualificando o tipo de produto exportado a partir do Índice de Complexidade do Produto (ICP), contribui para a compreensão das causas da interrupção da tendência de aumento da especialização das exportações brasileiras em produtos pouco dinâmicos, ou seja, commodities.

O Brasil até procurou se adaptar ao avanço da concorrência chinesa em seus principais mercados externos, não apenas por meio da exportação de produtos de baixa complexidade, mas também exportando produtos de maior complexidade, como os da indústria de máquinas, em especial a automotiva, beneficiados pelos acordos comerciais com alguns países dessas regiões. Entretanto, a China destacou-se em produtos ainda mais sofisticados (sobretudo eletrônicos), resultado também associado a acordos comerciais entre países latino-americanos e países externos à região.

Frente à concorrência chinesa, os avanços do Brasil permanecem limitados. Precisamos aumentar as exportações de manufaturados de maior complexidade e ampliar nossas competências produtivas em direção a bens similares dos que já produzimos. Além disso, vale ressaltar a importância de participar de acordos comerciais que envolvam produtos de maior complexidade econômica, notadamente com os países com os quais já apresentamos laços comerciais estreitos em manufaturados, como os do Mercosul.

Nas Entrelinhas - Luiz Carlos Azedo - Correio Braziliense


segunda-feira, 23 de setembro de 2019

Bolsonaro em Nova Iorque - Fernando Gabeira

Bolsonaro deve falar amanhã em Nova York. É o acontecimento da semana, embora as semanas no Brasil surpreendam com frequência.  Escrevi um artigo tentando elaborar sobre o contexto que espera Bolsonaro. No passado não era assim. Os presidentes brasileiros inauguravam a sessão da ONU com discurso protocolar e bocejos na plateia. Sarney foi criticado por citar um obscuro poeta maranhense em seu discurso. Se o problema agora fosse esse, nem valeria escrever sobre o tema.
Bolsonaro ignora o ímpeto das forças que despertou com sua política amazônica. Ninguém o avisou. Seu chanceler acha que a Nasa não distingue fogueira de queimada. Internamente, estimulou os predadores. Era evidente que o enfraquecimento da fiscalização, a promessa de trazer mineradoras americanas para atuar na Amazônia, tudo isso contribuiu para a frase que estava no ar: da próxima vez o fogo.

Nos Estados Unidos houve quem afirmasse que as queimadas na Amazônia são uma grande ameaça à segurança nacional e devem ser tratadas como armas de destruição massivas. [nenhum ponto do planeta está livre da presença de imbecis - diagnóstico apropriado para os que expelem tamanha asneira. 
Queiram ou não de todo o circo montado maximizando as queimadas, inevitavelmente, se conclui que queimadas ocorrem todos os anos e continuarão a ocorrer - do mesmo que os incêndios na Califórnia.] 
 
Macron recuperou, timidamente, o discurso de Mitterrand sobre soberania limitada. Mitterrand a mencionou em dois casos: destruição ambiental e grandes violações dos direitos humanos. [os franceses começaram a tentar impor a soberania limitada quando traíram a Argentina -venderam mísseis 'exocet' para os hermanos e passaram, traiçoeiramente - os códigos operacionais para os ingleses, durante a Guerra das Malvinas.]
Esse debate aparece pouco no Brasil. Mais concretas são as consequências econômicas. Fundos de pensão estrangeiros, que administram trilhões, exigem uma política de preservação da Amazônia. No meio da semana, a Áustria fez saber que não apoiaria o tratado da Europa com o Mercosul por razões ambientais.  [o 'x' do enigma é que só agora apareceram trilhões disponíveis para investimento no Brasil - desde que o Brasil doe a Amazônia para os 'investidores'.
O negócio é bom, já que para cada hectare queimado o valor da Amazônia aumenta.
O complicador é se as mais de 10.000 ONGs que existem naquela região, cada uma com algo em torno de dez ongueiros = 100.000 mamadores = decidirem ajudar a apagar os incêndios.
Cada um como um balde de 10 litros, resulta no total de 1.000.000 de litros  de água = carga superior a transportável por mais de 300 aviões especializados em combates a incêndios.] São muitas as oportunidades que o Brasil pode perder se insistir no tom de Bolsonaro. O centro do debate não é a soberania, mas o que o Brasil faz dela numa região específica que interessa ao planeta.

Num contexto tradicional de buscar as melhores vantagens para o país, a Amazônia é dos maiores trunfos para nossa diplomacia. Basta reconhecer como legítima a preocupação internacional, [desde que não haja dúvidas sobre o a sinceridade dos líderes mundiais - pra ficar só em um exemplo: sinceridade e lealdade não combinam com os franceses.] que não é apenas dos líderes mundiais, mas também de seus eleitores.

A partir daí, é possível definir um amplo campo de cooperação. Só não fico aflito porque sei que uma coisa é Bolsonaro e suas redes; outra é o Brasil real. Nove governadores da Amazônia Legal falam pela região e desenvolvem uma política própria. Sabem melhor o que estão fazendo porque conhecem a Amazônia e se preocupam com a sorte de 28 milhões de pessoas que vivem na região.  De uma certa forma, isso acontece também com o Trump nos Estados Unidos. Os governadores que levam a sério as mudanças climáticas desenvolvem uma política própria.

O problema, no caso brasileiro, é que Bolsonaro é um presidente bastante conhecido no exterior. Nova York não se importa tanto com a ONU e os discursos. Mas a imprensa e a televisão certamente vão se interessar. Será uma semana de grandes debates sobre o clima na ONU. Manifestações e tudo mais. Não sei precisamente o que Bolsonaro falará. Mas, se falar o que pensa, vai escandalizar; se falar o que não pensa, talvez não seja convincente.  Se pelo menos citasse poetas maranhenses. O passivo já é grande. É preciso reconstruir a relação com os europeus, afastar as sempre presentes ameaças de boicote comercial.

Bolsonaro vê a Amazônia com os olhos dos fazendeiros que o apoiam. Critica os fiscais e ignora um campo em que precisa crescer: o combate à biopirataria.
O centro da tragédia de sua política amazônica é subestimar o conhecimento que a floresta pode produzir e o já acumulado pelos seus habitantes. No Pará existe um homem que cria cobras e vende seu veneno para a indústria farmacêutica. Ganha bem, e o veneno tem inúmeras utilidades medicinais. Novas espécies são identificadas pelos pesquisadores, às vezes cinco por semana.

O conhecimento da Amazônia é o instrumento estratégico que o Brasil precisa manobrar, definindo a cooperação estrangeira, direitos autorais de povos da floresta, enfim exercendo sua soberania nos fatos onde realmente ela interessa, e não em discursos para entusiasmar eleitores, cada vez menos entusiastas, cada vez mais envoltos nas brigas internas. [A Amazônia pertence ao Brasil e sua SOBERANIA e inegociável; cooperação estrangeira, só autorizada previamente e dentro de protocolos estabelecidos pelo Brasil.
A Amazônia é dos brasileiros, direitos autorais são do Brasil - NAÇÃO SOBERANA e que pertence aos brasileiros - e não dos povos da floresta.]

Quando não há horizontes, a sensação é de naufrágio, que, aliás, se define mesmo como a perda do horizonte.

Blog do Gabeira - Fernando Gabeira 
 
Artigo publicado no jornal O Globo em 23/09/2019


quinta-feira, 19 de setembro de 2019

Guedes: a entrega e a autonomia - Míriam Leitão

O Globo

O ministro Paulo Guedes acha que em pouco tempo a sua gestão conseguiu vários avanços que não têm sido bem avaliados. Vitórias como a reforma da Previdência, a finalização do acordo Mercosul-União Europeia, a conclusão da difícil negociação que torna possível o leilão da cessão onerosa, a lei da liberdade econômica são vitórias que, na visão do ministro, derrubam na prática a tese de que a “entrega” estaria abaixo do previsto e do desejável. Mas há agora uma dúvida sobre o poder de decisão de Guedes na condução da política econômica.

O ministro é sempre cobrado pelo seu desempenho — aqui mesmo nesta coluna — e uma das razões foi ter prometido vender estatais e imóveis públicos para zerar o déficit público. Hoje diz que isso são apenas “diretrizes” gerais que perseguirá no seu trabalho no Ministério. É público que durante a campanha ele disse que zeraria o déficit no primeiro ano, mas está previsto resultado negativo até para o último ano do governo, em 2022. Ele define assim as diretrizes: “zerar o déficit se possível e não aumentar impostos.”

Na lista das conquistas da sua administração, ele inclui pontos que não têm muita visibilidade, mas que podem fazer enorme diferença na vida do cidadão, como a “digitalização de 90 dos 97 serviços do INSS”. Diz que era “crueldade a prova de vida física”. Por enquanto, ainda está sendo exigida, mas quando isso realmente estiver em funcionamento será o fim de um tormento para os mais idosos e com dificuldades de locomoção.

Na visão de Paulo Guedes, a liberação de saques no FGTS tem um alcance muito maior do que parece. No governo petista foi criado o FI-FGTS, ou seja, com o dinheiro do trabalhador se construiu um fundo que emprestou para grandes empresas a custo baixo. O que houve no governo Temer foi um saque único, das contas inativas, uma renda transitória. Agora, a medida que comandou pode virar “renda permanente e consumo, uma espécie de 14º salário”.

Paulo Guedes lembra em conversa com seus interlocutores que o governo Temer, apesar de ter aprovado a emenda do teto e a reforma trabalhista, “não entregou o principal”, a reforma da Previdência, em tramitação agora no Senado. Além disso, Temer “comprou aceitação através de aumento de salário”. O governo anterior de fato deu reajuste aos funcionários em parcelas que chegaram até o primeiro ano da atual administração, apesar da grave crise econômica e da aprovação da emenda do teto. Guedes tem dito que o governo conseguiu a aprovação da reforma na Câmara mesmo não tendo base de sustentação.  Nas aparições públicas do ministro, ele tem feito declarações polêmicas que galvanizam a atenção, que acaba ficando longe da apresentação que ele tem feito do que a sua equipe “entregou” no curto período de menos de nove meses. E lembra que parte do tempo da equipe é gasto em desarmar bombas fiscais em negociações constantes com o Congresso, TCU e até o STF.

Em algumas áreas houve grandes avanços no governo Temer como a negociação do acordo do Mercosul com a União Europeia. Mas quem de fato removeu os últimos obstáculos foi o atual governo. O acordo quando for posto em prática significará um passo na abertura comercial. O risco é, como já disse aqui, que o acordo volte a ser travado pela crise ambiental e a maneira desastrosa como o governo Bolsonaro entende a questão climática e ambiental. Não é uma briga com a França. É a economia. Ela tem novos paradigmas. A negociação entre a Petrobras e o Tesouro sobre a cessão onerosa também caminhou no governo passado, mas foi concluída na atual gestão e a expectativa é que o leilão das áreas excedentes atraia muito interesse, ainda mais agora com a crise da Arábia Saudita. O ministro não admite a crítica de que realizou pouco nesse período.
Há, contudo, outra dúvida surgindo sobre a real dimensão da autonomia de Paulo Guedes. Ele já teve que aceitar duas demissões que vieram diretamente do presidente Jair Bolsonaro: a do ex-presidente do BNDES Joaquim Levy e a do ex-secretário da Receita Marcos Cintra. Esta semana, Guedes definiu Cintra como “valente morto em combate” e defendeu a CPMF como sendo o caminho pelo qual se conseguiria reduzir alguns impostos e estimular a criação de emprego. Na campanha, Bolsonaro dizia que a economia estava totalmente delegada a Guedes. A prática comprova que sua autonomia encolheu. [autonomia tem que ser usada com, responsabilidade, não sendo pode ser cassada.]

Blog da Míriam Leitão, jornalista, com Alvaro Gribel, de São Paulo - O Globo

 

terça-feira, 27 de agosto de 2019

Escolher prioridades - Merval Pereira

O Globo

Escolher prioridades

Como disse o presidente dos Estados Unidos John Kennedy, "governar é escolher prioridades". Quem acompanhar o presidente Bolsonaro através de suas redes sociais perceberá imediatamente dois tipos de prioridades de seus seguidores: há os que apoiam seu governo especialmente pelo combate à corrupção, e os que são contra tudo o que está aí, agora focados nas queimadas da Amazônia, com críticas a Macron e outros líderes europeus. Como antes priorizavam o porte de armas. Ou cadeirinhas de bebê. Ou o fim dos radares nas estradas.

[os líderes do G 7 preferiram ignorar as colocações do presidente Bolsonaro sobre a idade relativamente avançada da esposa de Macron.
Macron ofendeu Bolsonaro ao chamá-lo de mentiroso e não provar com fatos a mentira.
O saldo da confusão é que Macron foi derrotado em seu próprio país, enquanto Bolsonaro do Brasil mesmo conseguiu apoio do Trump, de Boris Johnson e da própria Angela Merkel.
Macron vai ficar sozinho e terá que enfrenta o maior dos pesadelos: a volta dos 'coletes amarelos.]

Os a favor da Lava-Jato estão preocupados com a relação conflituosa entre o presidente Bolsonaro e o ministro da Justiça, Sérgio Moro. São vários os recados que recebe advertindo que Moro tem que ser apoiado, e que a Lava Jato precisa continuar. Ontem, uma pesquisa do CNT/MDA mostrou não apenas que a Lava-Jato continua tendo o apoio da maioria da população, como 52% não querem que Moro saia do governo. O pacote anti-crime de Moro, que está sendo desidratado no Congresso, tem mais de 70% de apoio na população. Ao contrário, a popularidade de Bolsonaro despencou, havendo quase 40% que consideram seu governo ruim ou péssimo. Também o comportamento pessoal do presidente Bolsonaro é desaprovado por 53%.

Bolsonaro não se cansa de dizer que venceu a eleição presidencial para mudar tudo, e que está à frente de uma nova era. Muitas vezes em tom acafajestado, os bolsonaristas festejam tudo que pareça ser contra o establishment, comungando com seu líder a idéia de que é preciso destruir, mais que construir.  Esse estilo acafajestado está presente nos twits da família Bolsonaro, e agrada a certos seguidores, que se utilizam do mesmo linguajar. Foi um desses bolsominions que publicou um comentário de mau gosto que circulou pela internet: a razão do “ciúme”, ou da “inveja” de Macron seria a beleza de Michele Bolsonaro, comparada com a de Brigitte Macron.
Uma cafajestada compartilhada, entre gargalhadas digitais (kkkk), pelo presidente da República, que ainda inseriu um comentário: “Não humilha”. Agindo como Bolsonaro, e não como presidente da República do Brasil, cometeu mais um erro, depois de ter tido uma vitória no G7, quando a maioria dos países ficou contra boicotar o acordo União Européia/Mercosul como queria o presidente da França. Mas com o comentário absurdo sobre a mulher de Macron, Bolsonaro não conseguiu capitalizar para si a moderação dos líderes europeus. Um vídeo da reunião do G7 em Biarritz, na França, revelou a chanceler da Alemanha Angela Merkel comentando com seus pares que telefonaria a Bolsonaro para mostrar que não havia uma campanha contra ele.

[Angela Merkel não aceitou a chantagem de Macron - que pretendia usar as queimadas para melhorar sua imagem dentro do seu próprio país -  que também não teve o apoio de Boris Johnson - quando a aceitar a 'doação' só é válido se for sem condicionantes.]

No que foi seguida pelo primeiro-ministro da Inglaterra, Boris Johnson, que comentou: “Isso é importante”. O próprio Macron concordou com a iniciativa, embora sugerisse que o recado fosse transmitido ao chefe de gabinete de Bolsonaro. O presidente tem razão ao dizer que Emmanuel Macron está protegendo os agricultores de seu país, arranjando pretexto para não fechar o acordo com o Mercosul, mas defender os interesses brasileiros não é ofender o presidente de outro país. Bolsonaro precisa aprender a tratar assuntos de Estado de forma não pessoal, pois o Estado brasileiro tem interesses que independem da opinião do presidente. A opinião de que Macron é um “idiota oportunista”, postada pelo ministro da Educação Abraham Weintraub, parece mais uma vergonhosa sabujice do que a opinião de uma autoridade.

A bravata do ministro do Meio-Ambiente, também. Ricardo Salles, disse que o dinheiro que a União Européia e outros países mandarem para ajudar no combate às queimadas da Amazônia será controlado e orientado pelo governo brasileiro, sem aceitar exigências ou condicionantes. Incapaz de conseguir um acordo de boa convivência com países europeus, o governo brasileiro anuncia que vai negociar com os Estados Unidos uma nova política ambiental. Parecemos agora aquele garoto que chama o irmão mais velho para bater nos que fazem bulling com ele. 


Merval Pereira, jornalista - O Globo


Questão ambiental está oculta na disputa comercial- Editorial - O Globo

Macron situou livre comércio com Mercosul como problema real de competição para a França

A dimensão da crise ambiental brasileira não pode ser subestimada. É uma fragilidade antiga, realçada agora no governo Jair Bolsonaro com a multiplicação de incêndios na Floresta Amazônica. Novidade é o uso desses problemas ambientais em disputas político-comerciais com o Brasil, como fez o presidente Emmanuel Macron no fim de semana. 

Macron levou o desmatamento crescente na Amazônia para debate na reunião de cúpula do G-7 (Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Itália, Japão e Reino Unido). Em público, citou a possibilidade de uma recusa da França a ratificar o recém-assinado acordo da União Europeia com o Mercosul.  Macron, dessa forma, situou o livre comércio com o Mercosul como um problema real de competição no agronegócio para a França. Foi ironizado pelo líder britânico Boris Johnson. E contraditado pela chanceler alemã Angela Merkel. Ela viu no acordo UE-Mercosul uma chance política: usá-lo, sim, mas para delimitar a liberalidade da política ambiental do governo Bolsonaro, sobretudo na Amazônia.

Com maestria diplomática, Merkel completou sua proposta com o anúncio de que procuraria o presidente brasileiro para uma conversa sobre possível colaboração europeia na política para a Amazônia. O problema é que se em Brasília existe um plano para a Amazônia, nem o Congresso conhece. [será que até para apagar  incêndios,  vão querer que Bolsonaro seja autorizado pelo Congresso?] O governo apenas reage. No sábado, enquanto o G-7 debatia, anunciaram-se as primeiras medidas contra os múltiplos incêndios que devastam a floresta e a imagem do Brasil. Entre as iniciativas, o emprego das Forças Armadas, o uso de aeronaves da FAB para combate ao fogo e a promessa de desbloqueio de R$ 28 milhões previstos no Orçamento para suporte à operação militar.

Medidas necessárias, e tardias, para debelar o fogo gerado pelo próprio governo na sua errática política ambiental, comandada pelo ministro Ricardo Salles. Desde a campanha eleitoral, Bolsonaro anunciava uma liberalização extremada, por isso mesmo perigosa, na área de meio ambiente, com redução do ritmo de fiscalização do Ibama e do Instituto Chico Mendes (ICMBio). “Essa festa vai acabar”, disse, ao prometer oxigenar um setor onde há tempos estão alinhados ONGs, burocratas e organizações de esquerda. Assumiu e deu curso a um desmonte dos órgãos de controle ambiental.

Em sua cruzada, Bolsonaro já propôs transformar a Estação Ecológica de Tamoios, um santuário em Angra dos Reis, na Costa Verde fluminense, numa Cancún brasileira. E demitiu o diretor do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), Ricardo Galvão, [demissão por insubordinação.]  depois de discordar de dados divulgados pelo órgão sobre aumento do desmatamento na Amazônia. Acabou cercado pelos incêndios na floresta.



Editorial - Jornal "O Globo"



segunda-feira, 26 de agosto de 2019

Ongs internacionais financiam o MST - o "exército" de Stédile

Verbas de ONGs da Alemanha e da Noruega iam para o MST ( vídeo abaixo)

Amazônia foi vendida pelos governos anteriores e o dinheiro usado para aparelhar ONGs

Sabe o dinheiro da Alemanha e da Noruega? O líder do MST, João Pedro Stedile, contou, com orgulho, onde e como estava sendo investido: no próprio MST, conforme entrevista ao programa Canal Livre, da TV Bandeirantes, em junho de 2008.  A realidade é que os governos anteriores já venderam a Amazônia e usaram dinheiro para bancar militância política ou até mesmo colocar no próprio bolso. Agora, Bolsonaro quer fazer valer a soberania brasileira e está encontrando forte resistência, por vários motivos: a questão estratégica do agronegócio, o protecionismo de vários setores da Europa contra o Mercosul, até o controle sobre as riquezas da Amazônia.


 Ongs internacionais financiam o MST

 
Um marco importante dessa operação de venda da Amazônia foi a Eco 92, onde os pressupostos que vinham sendo criados pela ONU desde os anos 70 começaram a sustentar uma tese importante, mas que serviria a fins escusos: o desenvolvimento sustentável. Cem chefes de estado vieram ao Brasil participar do evento, que aconteceu no Rio de Janeiro. Foi ali que começou aquela bobagem de “Amazônia pulmão do mundo”, entre outras. Desde então, começou a chover dinheiro para qualquer projeto que convencesse a população daqui e do mundo que a Amazônia estaria em melhores mãos se tivesse uma gestão internacional. O tema foi alvo de propagandas de TV, produções culturais e ações das mais diversas. A profissão de ambientalista foi fortalecida.


Na época não se falava em globalismo, só em globalização, porque o único ponto vista anti-esquerdista que havia era limitado a uma visão materialista que só se importava com os aspectos econômicos. O interessante é que a esquerda (pelo menos boa parte dela) via a narrativa ambientalista como uma forma dos países desenvolvidos regularem o desenvolvimento dos países subdesenvolvidos, que ganharam o título de “emergentes” ou “em desenvolvimento”. Mas como não existe esquerdista grátis, aos poucos quase todos foram abraçando as causas “progressistas” patrocinadas pelos mesmos que outrora eram chamados de imperialistas. Até o Stedile.

Ainda nos anos 90, no governo FHC, uma grande parte da Amazônia foi declarada patrimônio da humanidade e o país começou a receber dinheiro internacional para preservar a região. O crescimento no número de ONGs nos últimos anos do tucano foi o maior já registrado. No primeiro ano de Lula, 2003, a área declarada patrimônio da humanidade foi ampliada. Por isso não é coincidência que no período em que houve recorde de queimadas (2003 a 2007) não havia tanto alarde. Afinal, também não existe ambientalista grátis e o dinheiro estava entrando. 
Na educação, a mudança de conteúdo fez com que os pressupostos ecológicos semeados desde a infância passassem a sustentar a idéia de controlar o mercado e a propriedade privada em nome do meio ambiente, quando na verdade isso serve a fins financeiros. É quando os interesses da esquerda e das elites globalistas se encontram. Pode ver que hoje a esquerda do mundo todo é bancada por bilionários.
O estrago na educação foi tão grande que o tema meio ambiente se tornou uma mero gatilho mental que faz muita gente comer fezes se for preciso para salvar ovo de tartaruga enquanto defendem aborto de vidas humanas. O senso de proporções foi destruído, e não será fácil restaurar.

A Verdade Sufocada - Transcrito em 27 agosto 2019 



domingo, 25 de agosto de 2019

Luxemburgo ameaça Brasil e cogita não assinar acordo com o Mercosul

EFE

França e Irlanda já tinham pressionado o governo Bolsonaro a cumprir os termos do Acordo de Paris, enquanto a Finlândia propôs boicotar a carne brasileira

[Esse Luxemburgo é o técnico de futebol ou algum país? 

se for país, quantos milhares de hectares ele tem destinado ao plantio de grãos? e para criação de bovinos?]

O governo de Luxemburgo não apoiará o acordo de livre comércio entre a União Europeia (UE) e o Mercosul se o Brasil não cumprir de forma imediata as obrigações climáticas impostas pelo tratado e proteger a Amazônia, que há mais de dez dias vem sofrendo com incêndios.

O ministro das Relações Exteriores do país, Jean Asselborn, comunicou que, “diante de um desmatamento da Amazônia que causa incêndios dramáticos”, o governo “espera que os parceiros do Mercosul respeitem, inclusive antes da conclusão do acordo negociado, os compromissos do Acordo de Paris”.
“Luxemburgo não poderá respaldar a assinatura do acordo se o Brasil não se preparar para respeitar a partir de agora as suas obrigações a respeito do Acordo de Paris que estão nas negociações com a UE”, afirmou.
Asselborn e o primeiro-ministro de Luxemburgo, Xavier Bettel, vão propor ao conselho de ministros para que seja paralisada a decisão de assinar o acordo, que foi concluído no final de julho após mais de 20 anos de negociação, mas que precisa da aprovação dos Poderes Legislativos de todos os países envolvidos para entrar em vigor.

O acordo é o primeiro dos tratados de livre comércio envolvendo a União Europeia que inclui a obrigação de respeitar o Acordo de Paris pelo clima.  Luxemburgo considera que o acordo comercial é “uma oportunidade histórica”, mas acredita ser preciso mudar de rumo para garantir o “respeito à floresta amazônica, que é o pulmão do planeta” – embora, de fato, não o seja, já que consome a maior parte do oxigênio que produz.
Além de Luxemburgo, os governos de França e Irlanda também já ameaçaram não assinar o acordo se o Brasil não respeitar os compromissos de proteção do meio ambiente.

[AMEAÇAS VAZIAS:


Essa sucessão de ameaças tem duas razões principais:
- as manifestações realizadas no Brasil além de alguns sem noção que caem na conversa vazia dos organizadores de tais protestos -  são gestos de desespero da corja lulopetista que sem condições de fazer oposição ao governo do presidente Bolsonaro - que, passo a passo, vai realizando ações que melhoram o Brasil - ficam a serviço de interesses alienígenas (não é a primeira vez que a corja da esquerda atraiçoa o Brasil, defendendo interesses estrangeiros) e buscam ressuscitar a fantasia de 'lula livre' - afinal, o presidiário já rompeu a barreira dos 500 dias preso.
- o boicote dos estrangeiros é uma ameaça que não será posta em prática. A razão é simples: sem a carne e  os grãos brasileiros os países estrangeiros estarão em péssima situação e não conseguirão fazer um boicote de longa duração.

A conversa de que não será uma ação do governo e sim dos cidadãos daqueles países, que não comprarão produtos brasileiros que estiverem nas prateleiras, NÃO FUNCIONA. Boicote iniciado por cidadãos só funciona até o momento em que ele chega em uma loja e percebe que os produtos não brasileiros = não boicotados, sumiram das prateleiras.
Entre ficar sem os produtos ou dar um 'esquecida' no boicote será uma alternativa que ele exercerá uma única vez.

Aí irão comprar de quem? BRASIL;  Se seus agricultores tivessem condições imediatas de atendê-los, de há muito não comprariam do Brasil.

Todos tem que comer e diariamente e mais de uma vez por dia  (é um 'hábito' que não pode deixar de ser  cumprido,  até por nós, brasileiros, imagine os europeus e outros.) 

Poder militar não funciona. Bombardear cidades brasileiras e deixar a Floresta Amazônica intacta é algo que pode ser contornado e não garante carne e grãos na mesa dos gringos.

Temos que preservar a Amazônia e todo o meio ambiente, mas, sem aceitar regras impostas pelos estrangeiros e cujo objetivo é: impedir que o Brasil alcance o primeiro lugar no mundo como fornecedor de alimentos.]


Já a Finlândia, que preside atualmente a União Europeia, propôs a possibilidade de impor restrições às importações de carne do Brasil, maior abastecedor mundial, como forma de pressionar o país a preservar a Amazônia e cumprir os acordos ambientais.

Agência EFE