Eduardo e Carlos Bolsonaro devem ser alvo de pedido de indiciamento feito pelo relator da Comissão, Renan Calheiros. Eles são acusados de atuar no "gabinete do ódio"
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Este espaço é primeiramente dedicado à DEUS, à PÁTRIA, à FAMÍLIA e à LIBERDADE. Vamos contar VERDADES e impedir que a esquerda, pela repetição exaustiva de uma mentira, transforme mentiras em VERDADES. Escrevemos para dois leitores: “Ninguém” e “Todo Mundo” * BRASIL Acima de todos! DEUS Acima de tudo!
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Na
carta, dizia-se que o espaço da praça “foi construído formando um
triângulo equilátero, cujos vértices são os edifícios-sede de cada um
dos Poderes. Esta disposição deixa claro que nenhum dos prédios é
superior em importância, nenhum invade o limite dos outros, um não pode
prescindir dos demais”. Os dois, o discurso de Lira e o manifesto da
Fiesp, com essa metáfora arquitetônica, queriam não criticar diretamente
o presidente da República, fingindo que a culpa pela crise que vivemos é
dos dois outros Poderes, quando, na verdade, somente o Executivo está
em pé de guerra com o Judiciário e também com o Legislativo, quando
Bolsonaro se recusa a aceitar a derrota do voto impresso.
O
presidente da Câmara, que tem a chave [sic] do pedido de impeachment, não
poderia ter se referido, como fez o ministro Luiz Fux, a crime de
responsabilidade de Bolsonaro ao anunciar que não acataria mais decisões
emanadas do ministro Alexandre de Moraes. Como cabe somente a ele abrir
o processo de impeachment, uma palavra nesse sentido seria terminativa.
Fux acusou o presidente de ter agido fora das quatro linhas a que tanto
alude, mas lembrou que a investigação cabe ao Legislativo. O fato é que
todas as autoridades se pronunciaram ainda impactadas pelas multidões
que foram às ruas aderir ao discurso golpista de Bolsonaro.
Muitos
continuavam ontem em Brasília fazendo arruaças. Tanto Fux quanto Lira
aplaudiram quem foi à rua em manifestação pacífica, afirmando que assim
funciona a democracia. Mas coube ao presidente do Supremo ressaltar que a
forma era boa, mas o conteúdo não. Defender a extinção do STF ou a
substituição de ministros, sem utilizar os meios legais para isso, é
fora das quatro linhas. Assim como Bolsonaro não aceita a decisão do
Congresso sobre o voto impresso, também não acata a decisão do
presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, de arquivar o pedido de
impeachment contra o ministro Alexandre de Moraes.
Mesmo que
Arthur Lira alegue não ver razão para acatar um dentre as dezenas de
pedidos de impeachment contra Bolsonaro, terá de fazê-lo a qualquer
momento, pois ninguém, nem mesmo ele, acredita em acordos com Bolsonaro
para que se modere. Ontem mesmo, na reunião do Conselho de Governo que
improvisou depois de ter dito que convocaria o Conselho da República
como ameaça, mostrou fotos das manifestações do dia 7 de setembro para
garantir que o povo está com ele.
O ministro que pula de
ministério em ministério de acordo com a conveniência de Bolsonaro teve a
petulância de sugerir ao ministro da Justiça que proíba a Polícia
Federal de acatar ordens emanadas do ministro Alexandre de Moraes. Como
se a PF não fosse polícia judiciária e autônoma — e pudesse ser
manipulada pelo governo. Ou como se isso não representasse mais um crime
de responsabilidade.
A fala absurda de Bolsonaro, assim como
estimulou Lorenzoni a propor besteiras, fará com que militantes
bolsonaristas, como blogueiros e caminhoneiros a soldo, se sintam
estimulados a resistir a um mandado de prisão, o que poderá ter sérias
consequências. A crise mal começou e, como depende apenas de Bolsonaro,
não será contida a não ser com o remédio amargo do impeachment.
Merval Pereira, colunista - O Globo
Opinião
O inquérito sigiloso aberto no Supremo em abril deste ano, sob relatoria do ministro Alexandre de Moraes, para investigar o financiamento e a organização de manifestações antidemocráticas, prestigiadas pelo próprio presidente Jair Bolsonaro, torna cada vez mais cristalinas as ligações dele e de seus filhos com a operação de propaganda para desestabilizar o regime pelas redes digitais.
Parte do inquérito, a que o jornal “O Estado de S.Paulo” teve acesso, confirma que o material que abastecia os canais de desinformação e propaganda tinha origem no próprio Palácio do Planalto, onde foi instalado um grupo que coordenava a rede de milicianos digitais, alcunhado “gabinete do ódio”. O grupo era chefiado por Tercio Arnaud Tomaz, assessor especial da Presidência, indicado ao pai pelo vereador Carlos Bolsonaro, o Zero Dois. Tercio repassava à rede vídeos do presidente.
Ouvidas mais de 30 pessoas pela PF, o inquérito fecha o cerco em torno do Planalto. Entre os depoimentos estão os de Carlos — considerado o comandante do “gabinete do ódio”, com mais de 40 citações —, do deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), o Zero Três, e do coronel Mauro Barbosa Cid, ajudante de ordens de Bolsonaro. Cid admitiu ter sido “mensageiro” entre o presidente e o “gabinete”, reforçando o elo de Bolsonaro com o esquema.
Citados noutros trechos do inquérito, a que O GLOBO teve acesso em setembro, chamaram a atenção da Procuradoria-Geral da República para os títulos do material produzido para a milícia digital na pregação por uma intervenção militar. Quase sempre citam Bolsonaro. O presidente era o personagem central da trama, e as investigações o aproximam também da operação do esquema, por meio dos filhos e até do ajudante de ordens. É para onde o inquérito parece apontar.
Uma passagem que reforça toda a linha de investigação é o momento em que Bolsonaro, do alto de uma picape, chega para saudar uma manifestação antidemocrática que transcorria sugestivamente na entrada do Quartel-General do Exército, o Forte Apache, em Brasília. Em discurso, num tom de pré-golpe, afirma que seus seguidores não deveriam “negociar” mais nada.
As investigações detalham ainda como toda a conspiração tornou-se um grande negócio para os blogueiros aliados. Num período de dez meses, alguns chegaram a faturar R$ 100 mil por mês pelo crescimento dos acessos. Um dos donos de canais bolsonaristas no YouTube, Anderson Azevedo Rossi, mudou de vida. Deixou de ser um técnico de informática em Canela (RS), com salário de R$ 3,5 mil, para faturar R$ 1,7 milhão entre março de 2019 e maio deste ano.
O Supremo e a PF, instituições de Estado, se mantêm trabalhando em defesa das leis e da Constituição, sem depender das flutuações inerentes à política. [o 'golpe' do Alcolumbre e Maia, em vias de se concretizar, complica classificar o trabalho do STF e do Congresso, como 'defesa' das leis e da Constituição.] O fato de o presidente da República ter mudado de comportamento em junho, com a prisão do amigo, parceiro e ex-PM Fabrício Queiroz, não significa que os anos de 2019 e parte de 2020 tenham sido apagados para a Justiça.
Opinião - O Globo