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quarta-feira, 17 de maio de 2023

CPI do MST é instalada e será comandada pela oposição a Lula

 O deputado federal Tenente-coronel Zucco (Republicanos-RS) foi eleito presidente do colegiado

A Câmara dos Deputados instalou, nesta quarta-feira, 17, a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST). De autoria do deputado federal Tenente-Coronel Zucco (Republicanos-RS), a CPI vai ter 27 titulares e 27 suplentes.

Logo após a instalação do colegiado, os membros tiveram de eleger uma chapa para presidir os trabalhos. Apenas uma chapa concorreu, sendo composta dos seguintes deputados: Zucco para a presidência; Kim Kataguiri (União Brasil-SP) para a primeira vice-presidência; Delegado Fabio Costa (PP-AL) para a segunda vice-presidência; e Evair de Melo (PP-ES) para a terceira vice-presidência

A expectativa era de que a vice-presidência ficasse com algum deputado da base governista. Contudo, isso não aconteceu. A chapa de Zucco foi eleita com 16 votos. O deputado federal Ricardo Salles (PL-SP) foi escolhido como relator.

Conforme noticiou Oeste, o governo vai olhar com lupa tudo o que vai acontecer no colegiado. 
O temor é tanto que a presidente do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PR), foi escalada para participar da comissão. 

Confira a distribuição de cadeiras da CPI do MST

  • PL: Titulares – Capitão Alden (BA); Caroline de Toni (SC); Delegado Éder Mauro (PA); Domingos Sávio (MG); e Ricardo Salles (SP). Suplentes: Coronel Chrisóstomo (RO); Gustavo Gayer; Joaquim Passarinho; Marcos Pollon e Rodolfo Nogueira (MS).
  • Federação do PT: Titulares – Padre João (MG); Nilto Tatto (SP); Valmir Assunção (BA); e Paulão (AL). Suplentes: Gleisi Hoffmann (PR); João Daniel (SE); Dionilson Marcon (RS); e Camila Jara (MS).
  • União Brasil: Titulares – Alfredo Gaspar (AL), Kim Kataguiri (SP) e Nicoletti (RR). Suplentes: Coronel Assis (MT); Coronel Ulyssess (AC) e Rafael Simões (MG);
  • PP: Ana Paula Leão (MG); Delegado Fabio Costa (AL) e Evair de Melo (ES). Suplentes: ainda não foram indicados;
  • MDB: Hercílio Coelho Diniz (MG) e Marussa Boldrin (GO). Suplentes: ainda não foram indicados;
  • Republicanos: Messias Donato (ES); Tenente Coronel Zucco (RS); Suplentes: Diego Garcia (PR)
  • PSD: Titular – Charles Fernandes (BA). Suplente: Delegada Katarina (SE);
  • Federação Cidadania e PSDB: Titular – Lucas Redecker (RS). Suplente: Geovania de Sá (SC);
  • PDT: Max Lemos (RJ). Suplente: ainda não foi indicado;
  • PSB: uma vaga; ainda não foi indicado;
  • Podemos: uma vaga;
  • Patriota: Titular – Magda Mofatto (GO). Suplente: ainda não foi indicado;
  • Federação Psol e Rede: Titular – Sâmia Bomfim (SP). Suplente: Talíria Petrone (RJ);

Redação - Revista Oeste

 

sábado, 13 de maio de 2023

O ‘culto’ do MST

Circula nas redes sociais um vídeo em que integrantes do movimento cantam seu hino e gesticulam de maneira sincronizada

 

 Circula nas redes sociais um vídeo em que integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) cantam o hino do grupo e gesticulam de maneira sincronizada. A estética da cerimônia é similar à verificada em eventos de grupos políticos e em cultos de algumas denominações religiosas.

Chama atenção a letra do hino. Há referências diretas à ideologia esquerdista e aos símbolos do marxismo, por exemplo.


“Vem, lutemos punho erguido

Nossa força nos faz a edificar

Nossa pátria livre e forte

Construída pelo poder popular”

CPI do MST à vista
O Partido Liberal (PL) deve ter seis cadeiras na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). Segundo apurou Oeste, a legenda pretende indicar os seguintes deputados para compor o colegiado:
  • Caroline de Toni (SC);
  • Delegado Éder Mauro (PA);
  • Domingos Sávio (MG);
  • Capitão Alden (BA);
  • Marcos Pollon (MS); e
  • Rodolfo Nogueira (MS).

O relator da CPI do MST também deve ser do PL: o deputado federal Ricardo Salles (SP). Já o presidente deve ser o deputado Tenente-Coronel Zucco (Republicanos-RS). Mesmo que não integre o PL, Zucco é oposição ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

A CPI será composta de 27 deputados titulares e 27 suplentes. Os líderes partidários aguardavam apenas o retorno do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), para indicar todos os integrantes. Após as indicações, Lira deve instalar o colegiado.

Se o relator e o presidente forem da oposição, o vice-presidente tende a ser alguém da base governista.

Com 171 assinaturas, o requerimento da CPI recebeu o apoio da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA). Segundo um levantamento da FPA, desde o início da gestão petista, o MST invadiu 35 terras no Brasil.

A CPI deve investigar qual o verdadeiro propósito do MST, quem são os financiadores do movimento e qual a situação das propriedades invadidas.

Leia mais: “Sem terra e sem lei”, reportagem de Artur Piva e Joice Maffezzolli publicada na Edição 156 da Revista Oeste


domingo, 26 de fevereiro de 2023

Deputados bolsonaristas alcançam assinaturas necessárias para CPMI do 8/1

Por se tratar de uma comissão mista, a instalação ocorre automaticamente. Intuito do colegiado é investigar atos terroristas ocorridos na capital 

 Por meio das redes sociais, a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) comemorou a conquista do número necessário de assinaturas para instalar a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investigará os atos terroristas de 8 de janeiro. [não procede denominar de "atos terroristas" os atos de vandalismo de 8 de janeiro que devem ser punidos com todo rigor.  
Pela Lei Antiterrorismo, em plena vigência,  os ATOS DE VANDALISMO em questão não atendem os requisitos para serem tipificados como terroristas.] não podem ser tipicados O pedido foi protocolado pelo deputado federal André Fernandes (PL-CE), que também confirmou a informação na noite desta sexta-feira (24/2).

“Parabéns, povo brasileiro! Esta vitória é de vocês. Vai ter muita gente barbada que não vai dormir hoje”, escreveu a deputada, em menção indireta ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Lula desmobilizou sua base no Congresso em torno da instalação do colegiado por medo de que houvesse desgaste ao seu governo.

A instalação do colegiado é automática uma vez que o número de assinaturas necessário seja alcançado. “Vai ter CPMI! Acabamos de alcançar o número mínimo de assinaturas, na Câmara e no Senado, para a instauração da CPMI do 8 de janeiro. Foram 32 no Senado e 172 na Câmara até agora. Art. 21 do Reg. Comum do Congresso Nacional: uma vez requerida por 1/3 das casas, a instauração é automática!”, disse o deputado André Fernandes.

Entre os assinantes, figuram especialmente parlamentares do União Brasil, Republicanos, MDB, Partido Liberal e Progressistas.

Política - Correio Braziliense

 

quarta-feira, 29 de setembro de 2021

Relator Calheiros, "sua" comissão já é um circo.

[Circo Parlamentar de Inquérito = Covidão - A médica e o monstro - Guilherme Fiuza]

Renan Calheiros sobre Hang: "Estamos acostumados com esses bobos da corte" [relator Calheiros, lembre-se que exerce um cargo público e tem a OBRIGAÇÃO, o DEVER de respeitar as pessoas.

Se sua nomeação para a Comissão, assim como a do Aziz e do Rodrigues, foi um desrespeito, tal fato não autoriza o senhor ou quem quer que seja desrespeitar as pessoas.]

Relator de CPI rechaça que comissão possa virar um "circo" por intervenções do governo e do depoente bolsonarista. Senador afirma que dono da Havan tem envolvimento em fake news

O relator da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da covid-19 afirmou em entrevista coletiva antes do início da oitiva desta quarta-feira (29/9) que o depoente do dia, Luciano Hang, era um “bobo da corte” e que esse tipo de personagem não é novidade na história do Brasil. A resposta de Renan Calheiros (MDB/AL) respondeu questionamentos dos jornalistas sobre possíveis tumultos causados pelo empresário bolsonarista e por membros da base governistas durante a comissão. “É um depoimento normal como qualquer outro. Ele vai ter que se adequar às regras da CPI. Esse tipo de personagem sempre existiu na história do Brasil. Não é incomum que exista hoje. É uma espécie de bobo da corte que vive da ‘xabuzisse’ eterna para prestar serviços ao poder e ganhar dinheiro”.


(crédito: Leopoldo Silva/Agência Senado)

O senador afirmou ainda que o dono das lojas Havan está envolvido na produção e patrocínio de fake news em meio à pandemia, como no tratamento precoce e ao colocar sob suspeita a eficácia de vacinas, bem como na compra de imunizantes para favorecimento próprio e da Precisa Medicamentos. “Ele tem envolvimento óbvio nas fake news, nos impulsionamentos, no patrocínio e incentivo à mentira. Ele tem envolvimento óbvio no gabinete paralelo como negacionista que é. Quando houve a oportunidade de ganhar dinheiro vendendo vacinas, ele se entregou a esse negócio ao lado do (empresário) Carlos Wizard e para beneficiar a Precisa”, acusou Renan.

O relator da CPI afirmou ainda que as investigações estão avançando e que, paralelamente às informações que o colegiado descobre, o relatório vai sendo escrito. [relator Calheiros, não esqueça de JUNTAR AS PROVAS ao relatório; relatório sem provas do que relata é narrativa.]

 Política - Correio Braziliense

 

domingo, 29 de agosto de 2021

Alcolumbre recebe críticas após adiar sabatina de André Mendonça para o STF

[Alcolumbre caiu no esquecimento, no ostracismo,  e busca alguns minutos de fama e usa o meio infalível = atrapalhar o presidente Bolsonaro. 
Só que o senador esquece que está prevaricando ao retardar um encargo constitucional, buscando satisfazer desejo pessoal =  atrair holofotes.]

Ao protelar sabatina de André Mendonça para o STF em retaliação a Bolsonaro, Davi Alcolumbre é criticado até por pares no colegiado

A escalada de ataques ao Supremo Tribunal Federal (STF) por Jair Bolsonaro respingou na indicação de André Mendonça para ocupar a 11ª cadeira da Corte. O presidente da Comissão de Constituição e Justiça do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), decidiu protelar a sabatina do jurista após o presidente ter entrado com um pedido de impeachment contra o ministro Alexandre de Moraes, num gesto de enfrentamento ao Palácio do Planalto, mas isso não arrefeceu a pressão para que decida a data do comparecimento do ex-ministro da Justiça à CCJ. Pares de Alcolumbre no colegiado discordam da condução que faz do episódio e consideram sua postura autoritária. [desconhecemos a formação do senador paraense, nos parece ser bacharel em direito;  
ainda que  leigo, deve saber, ou deveria, que o presidente Bolsonaro ao apresentar um pedido de impeachment contra um ministro do STF exerceu apenas um direito de um cidadão e não pode ser punido por tal ato.  
Mais grave é que o senador está punindo o Brasil, ao protelar providência essencial para que o STF volte a funcionar com a formação completa do seu plenário.]
 
Um é o senador Telmário Mota (Pros-RR). Integrante da CCJ, para ele, a atitude de Alcolumbre, ao não pautar a sabatina de Mendonça, arranha a imagem da Comissão e do Senado. “A Casa é plural, a comissão é plural, é colegiada. Ele está cometendo um erro, precisa tratar isso com a seriedade que o caso exige”, cobra. A perspectiva é de que Mendonça seja sabatinado depois de 7 de setembro e aprovado pelo plenário até o dia 15.

O senador Oriovisto Guimarães (Podemos-PR), que também integra a CCJ, não aceita a postura do presidente da Comissão ao demorar para decidir a marcação da sabatina. “O presidente da CCJ não é o dono dela, não pode dispor do cargo a seu bel prazer. Ele (Mendonça) pode até ser reprovado, mas o que não pode é esse absurdo. O Davi está errado”, critica.

Política - Correio Braziliense
 

domingo, 15 de agosto de 2021

Entenda como funciona o impeachment de ministros do Supremo no Senado - O Estado de S. Paulo

O impeachment de um ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) é um processo que pode demorar mais de três meses no Senado. Em tese, o pedido pode ser iniciado a partir da denúncia de qualquer cidadão comum à Mesa Diretora da Casa inclusive o presidente Jair Bolsonaro, que anunciou ontem, em sua conta no Twitter, que pedirá o afastamento de Alexandre de Moraes e de Luis Roberto Barroso. São três fases diferentes de processamento, mas, para isso, é preciso vencer a primeira e mais importante das etapas, que é a leitura do pedido em plenário pelo presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG). Há 17 pedidos protocolados na Mesa Diretora e, até o momento, nenhum deles foi lido por Pacheco, e nada indica que será diferente agora.

De acordo com a lei, um ministro do STF pode sofrer um processo de afastamento por cinco tipos diferentes de crimes de responsabilidade. Para isso, porém, é preciso que eles estejam juridicamente bem fundamentados. Caso contrário, o destino deles costuma ser a gaveta, algo semelhante ao que ocorre com os mais de 100 pedidos de impeachment contra o presidente Jair Bolsonaro, que repousam na mesa do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL).[vale lembrar que nenhum pedido de impeachment apresentado contra o presidente Bolsonaro foi lido em plenário pelo atual presidente ou pelo seu antecessor - o notório quinta-coluna  contra Bolsonaro e ex-primeiro-ministro autonomeado, deputado Maia - pelo simples fato de ser público e notório que faltam, e continuarão faltando, os 342 votos necessários,  favoráveis ao pedido de impeachment, para que seja aberto o processo na Câmara dos Deputados.]

Um dos crimes de responsabilidade que podem ensejar um impeachment de um ministro do STF ocorre quando ele altera a decisão ou voto já proferido em sessão da corte – exceto se isso ocorrer por meio de recurso. Outra possiblidade é se o ministro participa de um julgamento mesmo que esteja envolvido, de alguma forma, na causa – a chamada suspeição. O ministro também pode ser afastado se exercer atividade político-partidária, proceder de modo incompatível com a honra dignidade e decoro de suas funções ou ser “patentemente desidioso” no cumprimento dos deveres do cargo – em outras palavras, preguiçoso.

Na improvável hipótese de que Pacheco leia a denuncia, é então criada uma comissão especial, formada por 21 senadores, para avaliar o caso de forma preliminar. Esse colegiado tem dez dias para decidir se o processo deve ou não ir a plenário. Se seguir adiante, o processo de instauração formal é votado em plenário por todos os senadores. É preciso obter maioria simples – ou seja, ao menos, 41 votos favoráveis. Do contrário, o pedido é arquivado.

A próxima fase é a instauração formal do processo pela comissão especial. O ministro acusado é notificado e tem dez dias para responder, enquanto o colegiado tem 15 dias para fazer investigações e deliberações até que haja uma nova votação. Nesse período, o ministro pode até ficar afastado de suas funções e perder um terço dos vencimentos – em caso de absolvição, os valores retidos são pagos. São no mínimo dez dias para intimações, lista de testemunhas e outros encaminhamentos.

Caso seja aprovado, o processo passa para a fase final de julgamento no plenário do Senado. A exemplo do impeachment de presidentes da República, a sessão ocorre sob comando do presidente do STF, a quem cabe relatar o processo e expor, resumidamente, os fundamentos da acusação e da defesa, assim como as provas. Nessa fase, o processo de impeachment precisa ser aprovado por maioria qualificada – ou seja, dois terços dos senadores (54 votos). Se for aceito, o ministro é destituído do cargo e fica inabilitado para exercer qualquer função pública por oito anos.

Pedidos
Ao menos seis pedidos de impeachment apresentados contra ministros do Supremo ao Senado neste ano miram o ministro Alexandre de Moraes. Relator de inquéritos como o das fake news e o dos atos antidemocráticos, o magistrado é alvo de uma petição individual oferecida pelo senador Jorge Kajuru (Podemos-GO) e de outra apresentada pelo próprio parlamentar em conjunto com os senadores Eduardo Girão (Podemos-CE), Lasier Martins (Podemos-RS), Styvenson Valentim (Podemos-RN) e Luis Carlos Heinze (Progressistas-RS).

Atualmente, há 17 pedidos de impeachment protocolados contra ministros do Supremo no Senado. Até hoje, o Senado nunca afastou nenhum ministro do STF: todos os pedidos acabaram arquivados pela presidência do Senado. Na Câmara, bolsonaristas tentaram ampliar o escopo de possibilidades para um magistrado ser afastado do cargo. Por apenas um voto, a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara rejeitou, em maio, projeto que incluía, entre os crimes de responsabilidade, a usurpação de competência do Legislativo e do Executivo pelo STF. A relatora era a deputada Chris Tonietto (PSL-RJ), uma aliada do presidente.

Política - O Estado de S. Paulo


 

 

 

 

 

sábado, 13 de fevereiro de 2021

O papel de Fux - Folha de S. Paulo

Opinião

Se pretende fortalecer o colegiado do Supremo, ministro precisa dar o exemplo

Um dos muitos problemas que assombram o Supremo Tribunal Federal, como já se disse aqui, é o da insularidade. Em vez de funcionar como um colegiado, a corte opera como um arquipélago, em que cada um dos 11 ministros atua como uma ilha independente, sem a devida atenção ao que ocorre com a instituição máxima do Judiciário.

É tão dificil, tão complicado,  uma ilha se destacar em um arquipélago

As principais armas dos magistrados são as liminares monocráticas, que lhes permitem decidir de forma individual, ainda que provisoriamente, sobre casos sorteados para seus gabinetes, e os pedidos de vista, que lhes possibilitam paralisar ações que tenham chegado ao plenário ou às turmas.

Nesse contexto, é meritória a proposta do presidente do STF, Luiz Fux, de tentar, em suas palavras, reinstitucionalizar a corte, por meio de alteração no regimento para que todas as liminares monocráticas sejam automaticamente submetidas ao plenário. A ideia não é em princípio rejeitada pelos pares -  maioria já percebeu que a insularidade não é opção sustentável. Isso não significa, porém, que eles não cobrarão um pedágio para que a medida seja aprovada e se torne a marca da atual presidência.

Parte dos ministros exige, para apoiar a providência, que todas as liminares em vigência sejam analisadas em plenário no prazo de seis meses, o que certamente faz sentido para os objetivos em tela. Fux hesita, contudo, porque tal acordo obrigaria a levar a plenário sua liminar que sustou a adoção do juiz das garantias —um tema que cinde acrimoniosamente a chamada brigada lava-jatista da corte, da qual ele faz parte, da autoproclamada ala garantista, liderada por Gilmar Mendes. [foi Fux quem se sentou, amparado em pedido de vista, por ele apresentado, por mais de ano sobre o processo auxílio moradia - beneficio que,  segundo Elio Gaspari era  recebido por sua filha, desembargadora Mariana Fux, mesmo sendo proprietária de dois apartamentos no Leblon, RJ].

No que diz respeito ao juiz das garantias, esta Folha considera que a posição de Fux é a mais sensata. Não se faz uma alteração desse porte no sistema de Justiça criminal de afogadilho. No mínimo, seriam necessários um prazo e um plano de implementação. Mas, se a ideia é restaurar o princípio da colegialidade no STF, a primeira coisa que todos os ministros precisam fazer é desapegarem-se de seus casos de estimação e aceitarem que são as maiorias que definem as votações, abrindo mão do arsenal de manobras para que suas posições pessoais prevaleçam. Sem a mudança de atitude, alterações no regimento serão apenas letras num pedaço de papel.

 Opinião - O Estado de S. Paulo


segunda-feira, 20 de julho de 2020

Desembargador infrator de Santos é retrato de uma classe de intocáveis - Folha de S. Paulo

Leandro Colon 

Eduardo Siqueira é tão servidor público quanto o guarda municipal que cumpriu sua missão ao multá-lo
O desembargador Eduardo Siqueira, do Tribunal de Justiça de São Paulo, não foi o primeiro nem será o último magistrado que se sente diferenciado, com permissão para ignorar regras impostas aos cidadãos.
Siqueira deu carteirada e humilhou um guarda municipal de Santos, que o multou por estar infringindo o decreto local sobre o uso obrigatório de máscaras para combater o coronavírus. O juiz é só mais um entre 360 (!) desembargadores do TJ-SP. É tão servidor público quanto o guarda que cumpriu sua missão ao multá-lo. 
[Matéria excelente, cabendo uma ressalva: - juiz, desembargador, ministros de Tribunais não são servidores públicos e sim membros do Poder Judiciário - não estão sujeitos ao Regime Jurídico do Servidor Público, Lei nº 8112/90,  ou a qualquer outra norma que cuide de servidores públicos, civis ou militares - assim, estão  vinculados à Lei Orgânica da Magistratura Nacional -  LOMAN.
O mesmo vale para os promotores que estão subordinados a leis específicas.
A  'escapada' do 'abrigo' da Lei nº 8112/90, além de livrar membros do Poder Judiciário e do Ministério Público de serem atingidos por medidas que muitas vezes são enfiadas goela abaixo dos servidores públicos,permite que as carreiras tenham benesses impensáveis para servidores públicos.
O patrão é o mesmo, mas os bônus são mais numerosos e vultosos, os ônus menores e os privilégios imensamente maiores.]

O episódio de Santos reforça a imagem de que o Judiciário brasileiro atua como uma classe de intocáveis. É um Poder que não vê, por exemplo, problema algum no fato de filhos enriquecerem advogando no mesmo tribunal onde o pai ou a mãe julga, como ocorre no STJ e em outros tribunais superiores.  Enquanto o país paga um preço salgado pela pandemia, com cortes de jornadas e salários, o Judiciário nega-se a dar da própria carne. O STF pressiona o Congresso a preservar sua remuneração e evitar redução de vencimentos dos funcionários.  A farra é grande. O Judiciário pagou uma remuneração mensal acima de R$ 100 mil a 8.226 juízes ao menos uma vez entre 2017 e abril deste ano - num país em que o teto do serviço público é de R$ 39,3 mil. No período, foram feitos 565 pagamentos acima de R$ 200 mil a 507 juízes. A magistratura é brasileira, só parece viver na Escandinávia.

Como mostrou a Folha recentemente, o TJ-SP tem usado, de forma oculta, verba reservada a situações urgentes para manter a regalia de seus desembargadores, entre eles o infrator municipal Eduardo Siqueira. Há despesas com queijo maasdam holandês, salame da mais alta qualidade e várias outras extravagâncias gastronômicas em pleno período de contigenciamento em meio a pandemia.  No caso do chilique do desembargador Siqueira, abriu-se uma apuração no CNJ (Conselho Nacional de Justiça). Mas é tudo um teatro, pouco se espera dali. Punir juiz que desonra a toga nunca foi uma virtude do colegiado.

Leandro Colon, colunista - Folha de S. Paulo



domingo, 10 de maio de 2020

‘Onde o ministro quer chegar? Vai prender o Exército?’ Roberto Peternelli, general e deputado









Eis a entrevista.

Há alguma possibilidade de o Exército participar de um golpe? 
Os militares têm uma característica legal e constitucional. As Forças Armadas são instituições nacionais permanentes destinadas à defesa da Pátria, à garantia dos poderes constitucionais e, por iniciativa deles, à manutenção da lei e da ordem. Por isso, o Exército não participa de nenhuma operação que não seja legal. Ele não participaria de um golpe.


O sr. conhece o presidente. Há alguma possibilidade de ele tentar fechar o Congresso e o STF?
Não há possibilidade de o presidente tentar fechar o Congresso, pois isso não tem respaldo legal. As atividades dele são baseadas na Constituição.

Como deve ser a relação do governo com outros Poderes?
A relação deve ser de harmonia e independência, como diz a Constituição.

O senhor acredita que o STF deve evitar decisões monocráticas contra atos do Executivo?
Toda alternativa para obter a harmonia e manter a independência do Supremo é válida. É lógico que onze cabeças pensam melhor do que uma. Há decisões que deviam ser tomadas pelo colegiado.

No Planalto se fomenta a ideia de que há no Congresso uma conspiração para derrubar Bolsonaro. O senhor acredita nisso?
Não acredito que haja conspiração para derrubar o presidente.
Se houvesse, teríamos de perguntar qual foi a decisão do Congresso que colocou em risco o governo?
Os pedidos de impeachment que chegaram não tiveram andamento. O presidente Rodrigo Maia (DEM-RJ) não pautou nenhum, pois não viu neles fundamentação que justificasse o impeachment.

Na última manifestação em frente ao Planalto, jornalistas foram agredidos. O que o senhor acha dessas agressões?
A violência deve ser repudiada em qualquer contexto. A democracia se caracteriza pelo debate de ideias e não de forças. Todos que ferem qualquer lei devem responder pelos seus atos.

O presidente tem comparecido a manifestações em que se pede um golpe, inclusive em frente ao quartel do Comando do Exército. O sr. não esteve nelas. Por quê?
Não era o caso. Meus filhos me cobram para evitar aglomerações durante a pandemia e seguir as recomendações do Ministério da Saúde. Por isso e pelo local da manifestação, eu não estive presente. As manifestações devem respeitar o fato de as Forças Armadas serem uma instituição de Estado. A frente do QG é área militar.

A busca de apoio do Centrão não seria uma traição ao que foi prometido pelo presidente?
Qualquer governo precisa ter transparência, credibilidade, eficiência e austeridade. Se o acordo com o Centrão visar ao bem do povo brasileiro e estiver dentro do contexto legal e ético, não vejo problema.

Como o senhor viu a saída de Sérgio Moro do governo?
Gosto muito do ministro Moro. Eles fez um trabalho importante. Lamento a saída. Torci para não ocorrer. Quando você é amigo de um casal, e ele se separa litigiosamente, o respeito aos dois continua. E você lastima a forma como ocorreu.

O que achou da ordem do ministro Celso de Mello, do STF, sobre os depoimento dos ministros Braga Netto, Luiz Ramos e Augusto Heleno?
O despacho não está à altura de quem defende a Constituição e desrespeita a harmonia entre os poderes e a dignidade da pessoa humana. Estarei do lado de qualquer cidadão que o Supremo queira conduzir nesses termos e não vou me furtar de estar ombreando com os generais para ver quem vai conduzi-los sob vara. Isso ofende a todos os militares, em especial aos do Exército.
-  Ameaçar três militares de vida ilibada, de serem conduzidos sob vara, e todos lerem esse despacho! 
A troco de quê? 
A honra é um valor militar muito forte. Isso a fere e pode criar fatos desnecessários. Os ministros agora têm uma decisão difícil (decidir se obedecem à convocação). Onde o decano quer chegar? Uma besteira dessas escala uma crise. E aí pode virar uma bola de neve. Isso não contribui para a disciplina nas Forças Armadas. Eu me solidarizo com eles. Não podemos deixar de tomar posição firme. Os militares não devem ficar quietos. Afinal, estamos no estado democrático de direito e, toda vez que o a dignidade e o contexto moral for mexido, a pessoa tem de reagir.
Não interessa se é o presidente ou o ministro do Supremo, quem quer que seja. Ele vai mandar prender o Exército? Aonde ele quer chegar? Isso não contribui para a harmonia dos Poderes.

Em 2022, o voto do senhor será de Jair Bolsonaro?
Essa decisão deve ocorrer na data oportuna. Vamos torcer para que o governo tenha êxito. O voto em 2022 será fruto do contexto. Pensar nele agora é tirar o foco do momento, que deve ser combater o coronavírus.

Roberto Godoy, entrevista Opinião - O Estado de S. Paulo 


terça-feira, 5 de maio de 2020

STF 'tem o poder de errar por último' - Merval Pereira

O Globo

Supremo poder - O complô que é imaginário

Pela segunda vez em poucos dias, o ministro da Defesa, General Fernando Azevedo e Silva é obrigado pelas circunstâncias políticas provocadas pelo presidente Jair Bolsonaro a soltar uma nota oficial tentando retirar as Forças Armadas do protagonismo em que o presidente as coloca em manifestações antidemocráticas. A frase dúbia dita por Bolsonaro durante manifestação de domingo sobre as Forças Armadas tem o propósito de colocá-las ao lado das atitudes ilegais e inconstitucionais que está cometendo. [o cotejo da Nota Oficial - link acima - com o das declarações do presidente Bolsonaro mostra claramente que os pontos defendidos pelas Forças Armadas e o presidente são rigorosamente iguais - o que não é surpresa, por  as FF AA e o Presidente da República terem o mesmo  compromisso maior = a Constituição Federal e demais leis do Brasil.] 

As Forças Armadas teriam que se pronunciar, natural que não pudessem dizer claramente que o presidente está mentindo, ou usando-os como biombo para ações ilegais, mas coube uma nota oficial a respeito do entendimento sobre democracia, respeito às leis, ao Congresso e ao STF, para que não paire no ar nenhuma dúvida de que não estariam realmente ao lado de Bolsonaro quando ele quebra as regras da democracia. Sublinhando que as Forças Armadas são “organismos de Estado”, já eximiram-se de uma atuação de Governo, como a de domingo em frente ao Palácio do Planalto, com um teor político explosivo. Bolsonaro, no entanto, ainda tem uma compreensão por parte de seus pares militares, que não entenderam ainda, ou não querem entender, que essas manifestações são claramente ilegais. [o direito constitucional da 'livre expressão' só é válido quando as manifestações são contra o governo Bolsonaro - lembramos que o presidente Jair Bolsonaro não tem controle sobre as manifestações e,menos ainda, sobre a ação criminosa de infiltrados.]

Ao dizer na nota oficial que a “liberdade de expressão é requisito fundamental de um país democrático”, os chefes militares trataram como normal manifestações que pregam ações ilegais por parte das Forças Armadas, o que não tem nada de normal. Bolsonaro está diariamente transgredindo a lei, cometendo crimes de responsabilidade e crimes comuns, e vai chegar o momento em que retóricas dele e a dos que o combatem não serão mais suficientes. Nem notas oficiais do ministério da Defesa.

Bolsonaro está esticando a corda a tal ponto que parece querer o confronto para constranger o Supremo e o Congresso. É assim que acontecem os golpes modernos, que não necessitam que as Forças Armadas coloquem seus tanques nas ruas, apenas que sejam lenientes aos avanços antidemocráticos do chefe de governo da ocasião.  Ele cria situações constrangedoras, como a nomeação de um subordinado do delegado de Alexandre Ramagem para a Polícia Federal, numa tentativa de ludibriar o STF. É uma prova de que quer ter acesso a informações da Polícia Federal, o que confirma as acusações do ex-ministro Sergio Moro. [o que entristece é que querem punir o Presidente da República com base em interpretações de atos do presidente que não são tipificados como crimes em nenhuma lei - exceto nas interpretações criativos de parlamentares e alguns magistrados.] 
Ao acusar o Supremo e o Congresso de armarem um complô contra ele, Bolsonaro, além de instigar seus seguidores contra esses poderes da República, tenta rotular qualquer medida que o contrarie como parte desse complô imaginário.

Ontem, o ministro do Supremo Gilmar Mendes deu uma declaração esclarecedora, que tenta evitar que essa ação conspiratória atribuída ao STF não se torne verdade. Disse que as medidas liminares dos ministros Alexandre Moraes, impedindo a nomeação do diretor-geral da PF por desvio de finalidade, e Luis Roberto Barroso impedindo que os diplomatas venezuelanos sejam expulsos do país neste momento, por razões humanitárias, que irritaram especialmente Bolsonaro, são decisões pontuais que não podem ser entendidas como parte de uma ação conjunta contra o Executivo.   Também a proposta do ministro Marco Aurélio Mello de que atos do Poder Legislativo ou Executivo sejam tratados diretamente pelo plenário do Supremo, para evitar insinuações de que decisões monocráticas dos ministros tenham intenções políticas é “uma tentativa de resgatar a atuação do colegiado”, na definição de Marco Aurelio Mello, mas pode não ser factível, pois no mais das vezes as decisões liminares são tomadas devido à urgência do pedido, e não haveria tempo hábil para reunir o plenário. [nos tempos atuais o plenário pode ser reunido em minutos, inclusive para sessão virtual.]

O ministro Alexandre de Moraes, por exemplo, recebeu o pedido para sustar a posse de Ramagem na PF na véspera à noite, e teve que tomar a decisão na manhã da solenidade. O Supremo Tribunal Federal (STF) é a única instituição que tem capacidade de anular atos do Legislativo e do Executivo, pela Constituição. Portanto, falar em independência e separação harmônica de poderes não pode significar retirar a função específica do Supremo que, como disse Rui Barbosa,tem o poder de errar por último”.

O ex-presidente do STF Ayres Britto tem uma definição clara para essa situação: “Por que o Tribunal tem o nome de Supremo? Porque está acima de tudo, acima de todos, por ser o mais alto e extremo guardião da Constituição”  [são pensamentos, nos moldes do ora  destacado,  que provocam a insegurança jurídica semeada em muitas decisões do Supremo Tribunal Federal.]

Merval Pereira, colunista - O Globo


sexta-feira, 20 de abril de 2018

Bombas desarmadas



Duas bombas foram desarmadas ontem no STF

Agora, Cármem Lúcia vai ter que usar toda sua delicada autoridade para tratar de um assunto delicado: a prisão em segunda instância


Duas bombas foram desarmadas ontem no plenário do Supremo Tribunal Federal (STF), uma pela argúcia do ministro Luis Edson Fachin, auxiliado pela presidente Cármem Lúcia, outra pela maioria mais uma vez apertada de 6 a 5.  A questão dos embargos infringentes, que permitem reabrir um julgamento quando o réu não for condenado por unanimidade, era talvez a mais grave, pois a sua admissão nos julgamentos das Turmas, não prevista no Regimento interno do Supremo, vai atrasar os processos, levando os recursos para decisão do plenário.

No entanto, era uma decisão inevitável já que, no julgamento do mensalão em 2013, a existência dos embargos infringentes acabou sendo admitida, embora muitos juristas e cinco dos onze ministros consideraram que ele não mais existia, pois as normas que regem os procedimentos do STF e do STJ não se referiam a eles. Mas ele subsistiu no regimento interno do Supremo, provavelmente por um descuido do Tribunal, que não atualizou seu regimento interno após a Constituição. Sua simples permanência num regimento ultrapassado fez com que seis dos ministros à época os aceitassem, proporcionando a alguns dos réus, entre eles José Dirceu, se livrarem de condenações por lavagem de dinheiro e formação de quadrilha.

Cometido o erro lá atrás, nada mais natural que também as Turmas, que só recentemente passaram a tratar de casos penais, os admitissem, para dar aos condenados uma possibilidade de usar os embargos infringentes da mesma maneira que os julgados no plenário.  O que demonstra certa manobra jurídica por parte do ministro Dias Toffoli é que ele considerou que Paulo Maluf tinha direito aos embargos infringentes quando o ministro Fachin havia decretado o trânsito em julgado, encerrando o processo.

Alegando motivos humanitários, ele provocou que esse assunto fosse levado ao plenário, e conseguiu a maioria para sua aplicação. O que ele queria, na verdade, era reabrir o processo de Maluf, tendo proposto mesmo que se o plenário considerasse que as Turmas devem ter os embargos infringentes, que o deputado paulista fosse colocado em liberdade. Sua proposta de que apenas um voto divergente bastasse para dar direito aos embargos infringentes, seguida por outros quatro ministros, faria com que grande parte dos casos julgados nas Turmas acabasse no plenário do Supremo, postergando uma decisão final e talvez mesmo possibilitando a revisão de penas.

Acabou vencendo a maioria que vem se impondo, de 6 a 5, com uma troca de ministros: Alexandre de Moraes votou a favor de um voto divergente, e o ministro Celso de Mello deu a maioria para os dois votos, o que minimiza os estragos que possam ser causados pela criação de mais um embargo nos julgamentos das Turmas.  O outro incêndio apagado ontem pela perspicácia do ministro Edson Fachin foi a possibilidade de um ministro desautorizar outro em decisão monocrática, como aconteceu com Toffoli dando um habeas corpus quando o relator Fachin já havia encerrado o processo. Toffoli voltou a garantir que não pretendeu desautorizar seu colega, mas agiu em situação excepcional em caráter humanitário. Embora sua explicação, e todo o seu comportamento no episódio, evidenciem que não tinha mesmo a intenção de descumprir uma súmula do próprio STF que proíbe que um ministro desautorize decisão de outro, Toffoli abriu espaço para a discussão da questão.

O ministro Gilmar Mendes defendeu enfaticamente que essa prática fosse aceita, alegando que “o Estado de Direito não comporta soberanos”. Mas Fachin encerrou a discussão dando de oficio um habeas corpus a Maluf, permitindo que fique em prisão domiciliar. A presidente do Supremo, ministra Cármem Lúcia, rapidamente encerrou a sessão, não dando margem a que outros ministros forçassem uma mudança de orientação que poderia criar os maiores problemas para o Supremo, com um ministro cassando a decisão de outro.

A presidente Cármem Lúcia vai ter que usar toda sua delicada autoridade para tratar, na próxima semana, de um assunto delicado: a tentativa do ministro Marco Aurélio de levar a julgamento nova ação que propõe  acabar com a prisão em segunda instância. Essa ação é objetivamente feita para soltar Lula, sendo o PCdoB mero laranja do PT. O jurista que a encabeça, Celso Bandeira de Mello, está empenhado há muito em uma campanha contra a Operação Lava Jato, defendendo que Lula está sendo perseguido pela Justiça brasileira. A predominância do colegiado sobre posições pessoais, defendida pela ministra Rosa Weber, está ganhando espaço no Supremo, tanto que o ministro Dias Toffoli ontem negou liminar para que José Dirceu ficasse em liberdade até o fim do processo na segunda instância, alegando justamente a jurisprudência em vigor, mesmo contra sua opinião.     
Merval Pereira - O Globo