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sábado, 18 de julho de 2020

Forças Armadas - A contundente resposta dos militares a Gilmar Mendes

O ministro da Ciência e Tecnologia, o astronauta Marcos Pontes, demitiu a senhora que era coordenadora-geral do Inpe para observação da Terra. O ministro tem sido cobrado pelo presidente da República sobre as queimadas e os desmatamentos. O vice-presidente Hamilton Mourão coordena esse grupo da Amazônia. Ele vai pedir 120 dias para diminuir o desmatamento, porque o Brasil precisa dar uma resposta à propaganda negativa que fazem do país em relação à proteção da floresta amazônica.

Repúdio das Forças Armadas
Eu nunca vi uma nota de militares tão grave e marcante como essa que foi feita para o ministro do Supremo Tribunal Federal Gilmar Mendes. Tem muita gente vibrando com essa resposta.
Mas ele extrapolou também. O ministro afirmou que o Exército estaria se associando a esse “genocídio” ao manter militares no Ministério da Saúde, se referindo à forma com que o governo está tratando o coronavírus.
Só tem um único militar da ativa do governo que é o ministro interino da Saúde, o general Eduardo Pazuello. Havia o general Luiz Ramos, que há 10 dias passou para a reserva. E todos os demais militares no governo estão na reserva. Militares da reserva são como todos os civis.

A nota do Ministério da Defesa foi assinada pelo ministro-general Fernando Azevedo e Silva e pelos comandantes do Exército, Marinha e Aeronáutica. O texto afirma que os comandantes repudiam veementemente a acusação apresentada pelo senhor Gilmar Mendes contra o Exército brasileiro. Nem sequer o chamam de ministro do STF.
“Comentários dessa natureza, afastados dos fatos, causam indignação. Trata-se de uma acusação grave, infundada, irresponsável e leviana. O ataque gratuito a instituições de Estado não fortalece a democracia”.

Por fim, os autores avisam que o Exército, a Marinha e a Aeronáutica estão dedicados a proteger as populações durante a pandemia e que o Ministério da Defesa vai encaminhar representação à Procuradoria-Geral da República para que as medidas cabíveis sejam tomadas.
Eu nunca vi os ministros da Suprema Corte dos EUA dar declarações, ir a coquetéis ou tomar atitudes afins. 
Juízes falam nos autos, mas no STF há alguns que passam o dia dando entrevistas e fazendo declarações.[uma providência adequada era proibindo ex-ministros do STF - afastados por aposentadoria ou qualquer outro motivo - não possam ser candidato a nenhum cargo eletivo em eleições realizadas nos dois anos seguintes ao do afastamento.] 
O problemas é que essas declarações acabam conflitando com os votos deles, com as relatorias de processos. Pode acontecer de estarem falando sobre um assunto que mais tarde eles vão precisar julgar, isso é muito ruim. A reação dos militares e do Ministério da Defesa foi ótima.

Solidariedade a Nise
Como eu falei a respeito da atitude completamente descabida do Hospital Albert Einstein de repudiar a fala da médica Nise Yamaguchi, que comparou o medo que as pessoas têm do coronavírus ao holocausto, ela me ligou.
Eu acho que o hospital vai voltar atrás na fala. Eles precisam ler de novo o que ela disse, porque quem deu a declaração deve seguir a cartilha de Paulo Freire, porque lê e não entende o que leu.

Ela me contou que recebeu do médico Vladimir Zelenko, de Nova Iorque, que é judeu e o homem da hidroxicloroquina lá nos Estados Unidos, uma mensagem de apoio e solidariedade.

Zelenko costuma dizer que parece que querem que o brasileiro morra porque não se está usando um medicamento que existe e que, segundo ele, está dando certo. Ele também diz preferir viver empiricamente do que morrer cientificamente. Eu acho que nós temos que nos curvar à experiência do dia a dia e não à ciência.

Alexandre Garcia, jornalista - Vozes - Gazeta do Povo




Meu chapa, o genocida - Folha de S. Paulo

 Demétrio Magnoli

Banalizar o genocídio é uma forma de vestir a omissão com os andrajos do radicalismo retórico

Carl Jung escreveu que “contemplar o mal absoluto é uma rara e avassaladora experiência”. Genocídio é Auschwitz, o mal absoluto. Gilmar Mendes não tem o direito moral nem mesmo a pretexto de formular uma crítica urgente, justa e necessáriade mobilizar frivolamente o conceito. Genocídio é a figura histórica e jurídica que tipifica a operação deliberada, conduzida pelo Estado ou por forças em armas, de extermínio físico de uma população singular inteira. Contam-se, no século 20, além do Holocausto, três grandes eventos genocidas: o armênio, o do Camboja e o de Ruanda.

O Tribunal Penal Internacional (TPI), estabelecido para processar crimes contra a humanidade, classificou os massacres de muçulmanos bósnios no enclave de Srebrenica, em 1995, como “intenção de genocídio” e indiciou o ex-presidente sudanês Omar Bashir por crimes de genocídio cometidos na Guerra de Darfur, a partir de 2003. A invocação do crime dos crimes para fazer referência às imposturas do governo Bolsonaro diante da pandemia tem graves implicações filosóficas e práticas.


Filosoficamente, percorre-se a trilha da banalização do mal. Conrado Hübner sugere que o maior dos crimes “libertou-se das amarras do conceito jurídico-penal”, passando “a se referir a ações e omissões difusas que multiplicam a morte em grupos sociais específicos” (Folha, 7/7). Conceitos, porém, não cultivam o hábito de se “libertar” sozinhos, e o TPI continua a exigir a deliberação de extermínio para qualificar o genocídio. Daí, é forçoso concluir que a tentativa de diluir o conceito não passa de um truque de linguagem imerso nas polêmicas ideológicas circunstanciais.

No super-Estado de Oceania, de Orwell, o Partido suprimiu os registros históricos objetivos, fazendo de sua narrativa a fonte exclusiva de informação sobre o mundo exterior. Desse modo, instalou um presente perpétuo, no qual “o inimigo do momento sempre representou o mal absoluto”. A linguagem das redes sociais, que abomina a história, reproduz parcialmente o cenário orwelliano. Nessa moldura, a finalidade da palavra já não é nomear precisamente um fenômeno, mas causar escândalo, gerar comoção instantânea, marcar a ferro o alvo da hora. Nem mesmo juristas, que deviam saber mais, escapam à tentação.

O esporte tem consequências. Prevenindo-se de investigações por crimes de guerra, o governo dos EUA saltou do mero boicote para sanções diplomáticas contra o TPI. Para Trump, nada mais útil que a inundação da corte internacional por denúncias vazias de genocídio, baseadas em “ações e omissões difusas”. A transformação do tribunal em câmara de eco de controvérsias políticas nacionais significaria a desmoralização do instrumento principal de punição do mal absoluto.

Banalizar o genocídio é uma forma de vestir a omissão com os andrajos do radicalismo retórico. Na prática, troca-se a obrigação de abrir processo contra agentes de crimes definidos na lei por falsas exibições de coragem. Se o policial que assassinou George Floyd não fosse denunciado por homicídio qualificado, mas por genocídio, seria certamente absolvido. Quando um juiz da corte suprema aventa o crime maior, de competência do TPI, exime-se do dever de apontar os crimes efetivos do governo, que estão sob a jurisdição do STF. [se eximiu motivado pelo fato da não existência de crimes.]

Os juristas do grupo Prerrogativas alegaram que o ministro do STF limitou-se a manipular o recurso da “hipérbole”. Dias depois de sua manifestação hiperbólica, Gilmar Mendes telefonou para Bolsonaro e, na sequência, para Pazuello, fumando o cachimbo da paz com os supostos agente e cúmplice de genocídio. Ninguém será denunciado à corte de Haia. O governo seguirá, impunemente, violando o direito constitucional à saúde dos cidadãos. Os heróis da resistência já inscreveram seus nomes no panteão das redes sociais.


 Demétrio Magnoli, colunista -Folha de S. Paulo

terça-feira, 14 de julho de 2020

Sócio no fracasso - Eliane Cantanhêde

O Estado de S. Paulo

Gilmar Mendes errou feio ao usar ‘genocídio’, mas acertou no diagnóstico e no alerta

Apesar de frágil, sempre por um fio, a trégua entre os três Poderes ia bem até ser ameaçada pela declaração impetuosa do ministro do Supremo Gilmar Mendes, de que “o Exército se associou ao genocídio” ao intervir no Ministério da Saúde e assumir a política negacionista do presidente Jair Bolsonaro na pandemia. Foi um deus nos acuda no governo, na Defesa e nos comandos de Exército, Marinha e Aeronáutica. Porém, o ministro do STF errou feio nos termos, mas acertou no diagnóstico.

O que realmente irritou as Forças Armadas foi o uso da expressão “genocídio” – na definição do Houaiss, “extermínio deliberado, parcial ou total, de uma comunidade, grupo étnico, racial ou religioso” –, que define o crime mais grave do direito internacional, remete ao Holocausto e à morte de 6 milhões de judeus. É despropósito unir Exército e genocídio e não há, tecnicamente, como usar o termo para a ação de Bolsonaro na pandemia, por mais condenável que ela seja.

Assim, a irritação dos militares é compartilhada por magistrados e civis até de oposição, que elogiam a resistência firme do Supremo às investidas de Bolsonaro e às ameaças golpistas de seus filhos e seguidores, mas criticam Gilmar Mendes por “ter ultrapassado o limite”. Lembram que a palavra de um ministro do Supremo tem a força de uma sentença e os excessos vulgarizam, tiram peso, relevância e solenidade da função, que deve servir de reflexão para a Nação. [é de bom tom que magistrados falem apenas nos autos;
nos tempos atuais até ministros do Supremo, com exceções é claro,  de caçam microfones e fazem 'comícios' sobre matérias que poderão vir a julgar.
A loquacidade do ministro Gilmar Mendes e, tudo indica, um 'revide' a que, recentemente, visitou o Comandante do Exército, pretendendo  falar o que queria e terminou ouvindo o que não queria. 
Esperamos que a representação seja realmente apresentada à PGR e tenha o curso legalmente estabelecido.] 

Dito isso com todas as letras, não se pode negar que Gilmar Mendes não errou nos fatos, no conteúdo. Há um evidente desmonte do Ministério da Saúde, inadmissível em tempos normais e trágico durante uma pandemia avassaladora. Sem ministro há 60 dias, entregue a um general intendente da ativa e entupida de militares que nunca viram uma curva epidemiológica, a Saúde foi jogada na mesma vala do MEC e da Cultura.
A tática de Bolsonaro é clara: anular o ministério, usar um cumpridor de ordens e uma legião de batedores de continência para impor suas decisões mais estapafúrdias e fazê-los lutar contra a ciência, isolamento social, máscaras e bom senso, enquanto faz propaganda da cloroquina, que não é comprovadamente eficaz para a covid-19, mas tem efeitos colaterais que podem ser graves. O próprio paciente Bolsonaro se submete a eletrocardiogramas duas vezes ao dia. Se não é perigoso, por que essa “histeria”?

Para Gilmar Mendes, tudo isso é parte da estratégia de Bolsonaro: esperar o fundo do poço, com quase dois milhões de contaminados, mais de 70 mil mortos, economia esfacelada, empresas quebradas e alguns milhões de desempregados a mais, para jogar a culpa em governadores, prefeitos e no Supremo "que determinou que Estados e municípios não são obrigados a cumprir o que o governo federal manda". [sendo recorrente: 
o trecho grifado nos parece expressar uma interpretação da colunista,  ou do ministro,   do que o STF decidiu.
A decisão do STF foi no sentido de dar aos governadores e prefeitos poderes para conduzirem ação de combate à covid-19.
Foi um fracasso e só resta agora tentar as costas largas do presidente Bolsonaro - só que é difícil apagar, ou esquecer, uma suprema decisão.]

Assim, o termo “genocídio” foi agressivo e apelativo, mas Gilmar Mendes alertou para a manobra de Bolsonaro de usar militares para jogar seus erros e a própria culpa nos outros. Tanto é verdadeiro que a Defesa aumentou a pressão para o general Eduardo Pazuello, interino da Saúde, para passar para a reserva. Ele prefere ficar na ativa e sair da Saúde. A ver.

O ex-ministro Henrique Meirelles, atual secretário de Economia de São Paulo, destrói a manobra de Bolsonaro com uma única frase impecável: “O que afeta a economia é a pandemia, não as medidas para combater pandemia”. Bolsonaro deixou a pandemia correr solta, sem coordenação nacional, sem dar exemplo. A história poderia ser outra, com menos mortes e saída mais rápida. A economia não sofreria tanto. Só falta agora Bolsonaro dizer que não tem nada a ver com isso. Tem tudo a ver e, quanto antes o Exército se descolar do fracasso, melhor. [qualquer um que for contra o Presidente da República Federativa do Brasil, JAIR BOLSONARO - essa citação do cargo leva muitos a um stress intenso -  se torna um frasista impecável, um  estadista.]

Eliane Cantanhêde, colunista - O Estado de S. Paulo



domingo, 15 de março de 2020

A esquerda tentando “comer o mundo pelas beiradas” - Sérgio Alves de Oliveira


Não me perdoo da bobagem que fiz, mas  que  na  época me “deu na telha”. Lá pelos anos 60,em plena juventude, especialmente após a “intervenção” dos militares, em 31 de março de 1964, que depôs  o Governo de Jango Goulart, e o  seu projeto comunista de poder , comecei a  ter curiosidade e a me aproximar da  linha ideológica de esquerda, ”pensando” que seria melhor, não só para o Brasil, mas também  para o mundo.   Cheguei a escrever um livro,em 1984, nesse sentido, sempre valorizando a esquerda, que levou o  título  “Que Rumo Tomar? Socialismo?Capitalismo?Ambos?

Mas apesar dos seus inúmeros feitos, enquanto governaram (de 1964 a 1985),  os militares acabaram devolvendo o poder aos políticos, em 1985, apesar dos prognósticos pessimistas, dos então Presidentes Ernesto Geisel, e por último  João Figueiredo,que acertaram “em cheio”, sobre a “tragédia” que iria acontecer com a devolução do poder a essa gente.

Pois “não deu outra”. Com a posse de José Sarney, na Presidência,em 1985 ,do MDB, em eleição indireta, que  na ocasião  era “vice” na chapa encabeçada por Tancredo Neves, que morreu antes de assumir, a esquerda, que estava  de  “quarentena”, durante o Regime Militar, começou a se agitar, retomando  a trajetória esquerdista/comunista , interrompida ,”parcialmente”, pelo episódio cívico-militar, de  31 de março de 1964. Muito espertamente,o Governo Sarney preparou uma grande   armadilha e fraude contra o povo brasileiro, na  busca dos  votos necessários  para eleger uma Assembléia Nacional Constituinte, que iria escrever uma  nova Constituição ,para que fizessem o que “eles” queriam,cujo objetivo  tinha inspiração nitidamente  esquerdista, estabelecendo muitos direitos e “assistencialismos” ,para poucas obrigações e “recursos”correspondentes , o que geraria, com certeza, uma “conta” absolutamente impagável, como realmente aconteceu.

A “armadilha” montada para captar os votos dos “incautos” chamou-se “Plano Cruzado”, de 1986, que foi uma “improvisação” econômica, que no máximo   conseguiu  colocar galinha  barata na mesa  do povo  durante alguns poucos meses. Ora, com isso a vitória do partido do Sarney ,o  MDB, foi estrondosa,elegendo a maioria dos constituintes que escreveram essa “merda”, que não passa de um “manual esquerdista ”, mas que  comanda  os brasileiros desde 1988, até hoje, 2022, [sic] e que ninguém teve tutano nem  coragem de mandar para o “quinto-dos-infernos”, como merecido, nem os “novos” militares no poder.

O desastre moral, político, social e econômico do Brasil  começou por aí, em 1985,prosseguindo com Itamar Franco (que  substitui o Presidente Collor, impichado), que “construiu” o FHC, dando-lhe o Ministério da Fazenda,  através do relativo sucesso do “Plano Real” (de 1994), que lhe oportunizou  assumir  a Presidência da República , por  dois mandatos consecutivos (1985 a 2003),e que, por sua vez ,“construiu” (às escondidas)  Lula da Silva, ”colega” de esquerda, que por seu turno , “pariu” Dilma Rousseff, prosseguindo  com Michel Temer, até 2018, ciclo maldito  esse só interrompido com a eleição e posse de Jair Bolsonaro, em 1º de janeiro de 2019,mas que está “comendo o pão que o diabo amassou” com a oposição  desleal  do  PT e seus “comparsas”. [batalhas são perdidas, o que importar é ganhar a guerra.]

Mas observando a realidade do Brasil, e do mundo, hoje, abandonei  totalmente a  relativa  vocação “esquerdista” que eu tinha, não querendo nem mais  sentir o  “cheiro” dessa opção ideológica nojenta, de tantos estragos que ela   causou, e está  causando, no Brasil, e no  resto do mundo. A “gota d’água” da minha decepção  com a  esquerda se deu na sua  péssima governança do Brasil, somado à roubalheira que fez  de 10 trilhões de reais do erário.                                                                                                                                                        
Mas nem por isso me entrego de “corpo-e-alma” à chamada “direita”, com  a qual tenho imensas restrições, mas que ainda  seria, no mínimo, ”menos pior” que a sua antagônica, a  esquerda. Por isso , enquanto não surgir nada melhor, ainda prefiro a direita.  E o tal “centro” também não me serve. É pior que os outros dois,”somados”. Quem já ouviu falar no  “Centrão” lá do Congresso Nacional?  Existe “escória” pior que essa?

Trocando tudo em miúdos, a esquerda, sob todas as suas variantes e formas - comunismo,socialismo,marxismo cultural, social-democracia, gramscismo,progressismo,e  todos os  outros “ismos”-  jamais conseguiu construir um país  próspero e justo por onde passou. Só negou  bem estar e felicidade ao povo. As grandes potências socialistas, como Rússia e China, produziram  sim, muita riqueza, mas nada foi repartido com os  seus povos, que vivem na mais absoluta miséria, transformados que foram em “escravos” a serviço do Estado. Nesses países esquerdistas, só o Estado, e a “Nomenklatura  (elite dirigente ou “estamento burocrático”) , ficaram ricos. O povo continuou   pobre, muito pobre, mais pobre que os trabalhadores “explorados” no mundo capitalista.

Mas certamente  conscientes da sua incapacidade absoluta de   construír  países desenvolvidos, as esquerdas resolveram “investir” no mundo  livre, próspero ,“ já prontinho”, construído por “outros”, que não eles, esquerdistas, que jamais tiveram capacitação para construir coisa alguma, fora da  destruição , pobreza, e matança de mais de cem milhões de pessoas por onde passaram, superando o “holocausto”, onde os nazistas mataram seis milhões de judeus.

Nessa empreitada de tomar conta do mundo “rico”,dos “outros” - já que não teve capacitação  de fazer nada igual - a esquerda conta com o apoio indisfarçado das grandes organizações internacionais, como a ONU e a UNIÃO EUROPEIA, além de organizações privadas  que concentram os interesses das grandes fortunas mundiais ,como a NOVA ORDEM MUNDIAL ,e o CLUBE DE BILDERBERG, que fizeram uma aliança “secreta” com a esquerda, a quem prometem a entrega do  PODER POLÍTICO, em troca  da reserva para si mesmos do PODER ECONÔMICO.

E esse “consórcio”, da esquerda,com o Grande Capital, e  as maiores  organizações políticas internacionais, é que está patrocinando o enorme fluxo migratório  em todo o mundo, com multidões de gente humilde ,de países pobres, INVADINDO clandestinamente  os países mais  ricos, forçando-os a repartir  uma riqueza construída por eles,  da qual não participaram.

A Europa ,em grande parte, já foi vítima desse fluxo migratório predatório, mais acentuadamente, França e a Alemanha. Em pouco tempo, os migrantes ilegais acabam recebendo  título eleitoral, e se igualando em direitos e privilégios  aos  nacionais. E quando formam maioria, passam a mandar “politicamente” no respectivo país, dentro da regras democráticas vigentes.  Ou seja,  tomam o comando  do  país  para si mesmos.                                                                                              
Os Estados Unidos são  o “país da vez”. Já iniciaram, moderamente,  com Bill Clinton e Barack Obama, e  esse último, segundo  alguns  , “cria” do Clube de Bilderberg, que  teria patrocinado  a série de filmes americanos que tinha sempre  um negromocinho”, como Presidente dos Estados Unidos. Preparação do “terreno” eleitoral  para Obama?    E agora “ameaçam”, mais seriamente, com o candidato que for escolhido pelo PARTIDO DEMOCRATA, para concorrer com Donald Trump, do PARTIDO REPUBLICANO,   que inclusive  conta com um concorrente  “vermelhinho”  para ninguém “botar defeito” , Bernie Sanders.

Sérgio Alves de Oliveira -  Advogado e Sociólogo


domingo, 19 de janeiro de 2020

A banalidade do ódio - Nas entrelinhas

Ricardo Alvim procurou implantar uma política cultural reacionária, de inspiração — agora está comprovado — nazista”

Hannah Arendt (1906-1975), a filósofa judia de origem alemã que cunhou o conceito de “banalidade do mal” no livro Eichmann em Jerusalém, criou grande polêmica ao afirmar que a massificação da sociedade gerou uma multidão incapaz de fazer julgamentos, aceitando e cumprindo ordens sem questionar. Por essa razão, Adolf Eichmmann, raptado pelos serviços secretos israelitas na Argentina em 1960, e julgado em Jerusalém (caso que a filósofa acompanhou de corpo presente no tribunal, numa reportagem para a revista The New Yorker), não é tratado como um monstro. Ela o considerou apenas um funcionário zeloso que foi incapaz de resistir às ordens que recebeu, embora fosse um dos responsáveis pela execução da chamada “solução final”, o Holocausto.

Arendt escandalizou a comunidade judaica ao citar exemplos de judeus e instituições judaicas que se submeteram aos nazistas ou cumpriram as suas diretivas sem questionar. A autora de As origens do totalitarismo; A condição humana; Sobre a violência; e Homens em tempos sombrios merece ser revisitada nesses momentos nebulosos que a sociedade brasileira atravessa, a propósito da citação de trechos do ideólogo nazista Joseph Goebbels pelo dramaturgo Roberto Alvim, recém-exonerado do cargo de secretário de Cultura do governo Bolsonaro por esse motivo. [o objetivo, a meta, a obsessão da maldita esquerda - incluindo seus sequazes, adeptos e simpatizantes - é que o Governo Bolsonaro não seja um sucesso;

Para tanto, vale tudo. Até mesmo considerar um pronunciamento de alguns minutos, sem grande divulgação, como capaz de causar no Brasil os mesmos efeitos citados pela filósofa, no inicio desta matéria, incluindo a massificação da sociedade;

Goebbels levou muito tempo e centenas de horas para conseguir tal efeito e ao seu lado tinha a recuperação econômica da Alemanha, o orgulho ferido dos alemães ao perderem a 1ª Grande Guerra e outros fatores.

Havia na Alemanha daquela época uma grande desilusão, que com as medidas adotadas pelo  Chanceler do IIIº Reich e Führer da Alemanha, Adolf Hitler, produziram no povo alemão uma tendencia receptiva a novas doutrinas.
Situação que não ocorre no Brasil e nem combina com a índole dos brasileiros.]  

 Discípulo de Olavo de Carvalho, gozava de grande prestígio junto ao chefe do governo, a ponto de o presidente Jair Bolsonaro, numa live, na quinta-feira passada, ter afirmado: “Ao meu lado, aqui, o Roberto Alvim, o nosso secretário de Cultura. Agora temos, sim, um secretário de Cultura de verdade. Que atende o interesse da maioria da população brasileira, população conservadora e cristã”.

O vídeo de inspiração nazista de Alvim foi o auge de uma série de fatos nos quais o ex-secretário procurou implantar uma política cultural reacionária, de inspiração — agora está comprovado — nazista. Num vídeo institucional, o dramaturgo interpretou o papel do ministro da propaganda nazista, tendo a Cruz de Lorena como insígnia no cenário; como trilha sonora, a ópera Lohengrin, de Richard Wagner, compositor favorito de Adolf Hitler. O mais grave foi ter utilizado o conceito de cultura de Goebbels, num trecho de sua fala, na qual imitava o ar sisudo do político nazista: “A arte brasileira da próxima década será heróica e será nacional, será dotada de grande capacidade de envolvimento emocional, e será igualmente imperativa, posto que é profundamente vinculada às aspirações urgentes do nosso povo — ou então não será nada”. [cada oportunidade que leio um texto do erudito, experiente e competente jornalista Luiz Carlos Azedo aprendo alguma coisa;
 mas, não consegui,  por mais que 'espremesse' minha mente, encontrar ligação entre a Cruz de Lorena - definição mais correta para a cruz que aparece no cenário do que a de Cruz Ortodoxa - e a Cruz Gamada, ou Cruz Suástica, esta sim, símbolo do Nacional Socialismo.]

Bagrinho
O texto original de Joseph Goebbels, reproduzido numa biografia do historiador alemão Peter Longerich, fica comprovada a citação sem referência ao autor, é claro, porque aí também já seria bandeira demais: “A arte alemã da próxima década será heróica, será ferreamente romântica, será objetiva e livre de sentimentalismo, será nacional com grande pathos (potência emocional) e igualmente imperativa e vinculante, ou então não será nada”. Ocorre que, como sabemos, essas coisas não passam despercebidas no mundo da cultura. Goebbels foi o que seria hoje o marqueteiro de Hitler, montou uma máquina de propaganda formidável, responsável pela tal “banalização do mal”. Seu fanatismo era tanto que foi nomeado seu sucessor por Hitler, antes de se suicidar; Goebbels preferiu seguir o exemplo do chefe, mas antes matou a mulher e os seis filhos. [foi um ou outro esquerdista mais estudioso (é possível ser as duas coisas ao mesmo tempo?) que constatou a coincidência;

a grande maioria dos esquerdistas brasileiros estão ocupados na busca de difundir o que chamam 'cultura' e que inclui ofender JESUS CRISTO, a VIRGEM MARIA, a FAMÍLIA, a MORAL e outros valores que buscam destruir.]

Goebbels tinha o cargo de chefe de propaganda do Partido Nazista e foi protagonista da tomada do poder em 1933, ao conseguir convencer a opinião pública de que Hitler era a melhor opção para aquele momento. Como ministro da Informação e Propaganda, atuou para que os meios de comunicação social e as instituições culturais difundissem o ideal nazista, sendo responsável por convencer a sociedade alemã de que os crimes cometidos pelo nazismo, como a “noite dos cristais”, eram justificáveis. Na ocasião, em 1938, foram destruídas sinagogas, casas e lojas de judeus. E era o começo do Holocausto.

Voltando ao tema da banalidade do mal, Alvim nem de longe pode ser comparado a Goebbels. Chefiava o Centro de Artes Cênicas (Ceacen) da Funarte, quando declarou apoio ao então candidato do PSL. Com as devidas ressalvas, seu papel é mais semelhante ao de Adolf Eichmmann, o burocrata que mandava os judeus para os campos de extermínio. Faz parte do grupo de bagrinhos das mais diversas áreas que ocupam cargos importantes no governo por afinidade ideológica ou mero oportunismo, para cumprir ordens, mas descambou do conservadorismo dos costumes para o discurso do ódio. Quando estava na Funarte, Alvim costumava destacar a necessidade de se combater o “marxismo cultural”, uma expressão amplamente utilizada na Alemanha nazista. Viu seu prestígio com Bolsonaro aumentar ao atacar, com ofensas, a atriz Fernanda Montenegro. [um país que tem uma atriz como Fernanda Montenegro, que oculta o próprio nome =  Arlette Pinheiro - como ícone de sua cultura precisa rever o que é cultura.] 

Nas Entrelinhas - Luiz Carlos Azedo - Correio Braziliense



domingo, 18 de agosto de 2019

''O presidente não é tutelado por ninguém'', diz general Ramos ao Correio - Entrevista

Há menos de dois meses no cargo, o ministro Luiz Eduardo Ramos, da Secretaria de Governo, é o primeiro general da ativa que largou sua posição no alto comando para tomar assento no coração do poder civil

Há menos de dois meses no cargo, o ministro Luiz Eduardo Ramos, da Secretaria de Governo, é o primeiro general da ativa que largou sua posição no alto comando para tomar assento no coração do poder civil e com duas missões tão difíceis quanto aquela que ocupou em sua vasta carreira militar: comandar a comunicação e a articulação política do governo Bolsonaro.
"Eu não esperava ser ministro, mas, ao longo da minha vida, principalmente depois de ser general, sem eu perceber, estava sendo preparado talvez para essa função", afirma. Ramos já foi adido militar em Israel, no governo Lula, foi observador na Iugoslávia, onde contava corpos e tiros disparados. Agora, na guerra diária da política e da comunicação, sua missão é pacificadora. Os deputados têm elogiado. Há quem diga que agora existe um canal direto com o Planalto. E tem uma amizade com o presidente Bolsonaro que lhe permite dar conselhos que outros não ousariam.
Porém, ele sabe exatamente onde pisa na relação presidencial: "O presidente não é tutelado. Se chegar pro presidente e disser: 'O senhor vai fazer isso', esquece. Ele não vai fazer. Acho que, brincando, só a dona Michelle. (...) E, sinceramente, com todo o respeito: prefiro uma pessoa que fale o que pensa, mesmo que às vezes, entre aspas, saiam algumas besteiras no meio do que quem fala uma coisa e faz outra". Quanto ao Exército, ele é direto: "Queimei caravelas. O governo não é do Exército. E tem que dar certo".

O senhor é responsável pela comunicação do governo, que teve problemas no início e agora, de novo, com a saída do jornalista Paulo Fona, que ficou menos de um mês no cargo. O que houve?
Cada ministro escolhe sua equipe. Eu cheguei aqui e fiz a mesma coisa. Temos aqui o chefe da Secom, o Fábio Wajngarten, que é um garoto dinâmico, muito perspicaz, e vai lançar agora, a ideia foi dele, a Semana do Brasil, uma iniciativa maravilhosa. De 6 a 15 de setembro, várias empresas, agências de viagem, Banco do Brasil, McDonald’s, Lojas Americanas, Casas Bahia, Havan, até a Globo entrou. Pois bem, todos vão dar descontos, fazer promoções. Será uma campanha muito bonita. Ele tem um potencial enorme, escolheu a equipe dele. Estão lá trabalhando, e tinha um cargo vago que é o de secretário de imprensa. Quinze dias atrás, ele chegou e disse: “Ministrão, conseguimos um secretário de imprensa que é fera, o cara é bom”.  Quem é? “Paulo Fona”. E o gozado é que ele não tem Fona no nome, né? O nome dele é Paulo Cezar.  Estive 10 minutos com Paulo Fona e falei: “Seja feliz, sucesso”. Só que, assim que começou a transitar aqui, e aqui tem uns anões, como diz o Bolsonaro, ou jornalistas. Se o jornalista não tiver o bichinho de querer saber as coisas, não é jornalista. Aí levantaram que trabalhou para não sei quem, Agnelo, Roriz, PSB, Yeda Crusius, e que tem isso, tem aquilo. Não houve nada que dissesse que era mau caráter, pessoa desonesta. Houve um incidente, não vou dizer lamentável, um pouco desagradável, mal conduzido, a verdade é essa.

Há atritos entre o porta-voz e o secretário de Comunicação? 
Balela. Os dois se dão bem, não houve problema nenhum. Pelo contrário, estão aí em lua de mel, o general Rêgo Barros e o Fábio. Mas a imprensa, dias atrás, fez um burburinho, e eu até entendo. 

Mas a relação do presidente com a imprensa parece complicada...
O presidente é um homem muito público. O presidente tem um funcionamento muito claro com as coisas dele. Tem pessoas que me dizem: “Ah, não! Ele deu aquela declaração do cocô...” Eu digo: “Ele faz aquilo de ironia”. 

Essas declarações polêmicas do presidente não atrapalham a boa condução do governo? 
O presidente da República, Jair Messias Bolsonaro, não fala como diplomata. Tampouco como acadêmico, que sempre estuda o que vai dizer, ou sempre busca a essência das coisas. Esse é um professor acadêmico.  Você não vai ver, no currículo do Bolsonaro, ele ministrando aulas na UnB, em Harvard, nada. Ele tem a linguagem de um homem simples, direto, e que, às vezes, fala as coisas e pronto. Alguém pode dizer: “Pô! Como ele falou isso?”. Eu digo: “Ele é assim.” Mas tem gente que fala: “Mas, ministro, ele é o presidente da República.” Eu respondo:  “Vem cá: é preferível ele falar, entre aspas, algumas besteiras, ou ele ser o politicamente correto? Como alguns que douravam a pílula, diziam uma coisa e, por trás, falavam outra?” Eu prefiro o cara que fale direto, mesmo que saiam algumas besteiras no meio. Eu prefiro, falando sério, não só como ministro atual, mas como pessoa.
(...)
Isso não atrapalha a imagem do Brasil no exterior? 
É ruim, não vou dizer que é bom. Mas é o que eu digo: é preciso olhar o histórico. Agora mesmo, na viagem a Pelotas, na inauguração do trecho de duplicação da estrada, lembraram uma historinha. Vocês lembram a  gravação em que o ex-presidente Lula tava arrumando a gravata do prefeito e disse assim: “Vem cá: nesta cidade só tem viado e tal”. Tudo bem que estava falando em off, mas o que Bolsonaro falou sobre a Paraíba foi em off também. Enfim, vamos ver o que foi feito de bom realmente de janeiro até aqui. Tenho a relação de coisas altamente positivas, são seis páginas de letras pequenas.

O que o senhor destaca?
Está aqui: o 13º antecipado para aposentados; medida provisória do FGTS; o novo mercado de gás, da parte da Petrobras; isenção do habite-se para população de baixa renda, ou seja, se comprar, e for pobre, não precisa mais do habite-se; modernização das normas de segurança do trabalho; alíquota zero do Imposto de Renda para exportadores; a conclusão do acordo do Mercosul com a União Europeia; transformação digital de mais de 300 serviços; cadastro positivo; o lançamento do projeto do Araguaia; reconhecimento de territórios de comunidades quilombolas...
Bateram nele na campanha, mas, quando ele faz o negócio, ninguém fala. O Future-se; o fortalecimento da autonomia financeira das universidades. Conheço um reitor de esquerda que falou que foi um golaço e que, graças à incompetência nossa, ainda não foi divulgada a potência que é o Future-se. O presidente foi à Bahia, lançou uma usina voltáica flutuante. O governo estabeleceu diretrizes e ampliou liberdades para acordos internacionais do transporte aéreo. Doze aeroportos leiloados, etc. Aí o presidente sai e diz: “Fazer cocô num dia, fazer cocô no outro...” E vira assunto de primeira página?

(...)

E os militares no governo? 
As pessoas dizem: “Ah, os generais do governo são isso, são aquilo”. Criaram uma figura de que os generais do governo fazem de tudo, mas a gente nem se reúne. O primeiro ponto é esse. E olha que os generais do governo estavam todos na reserva há muito tempo. General Heleno, por exemplo. Eu era coronel e ele foi pra reserva em 2010. General Santos Cruz, antes de vir, tinha ido pra reserva em 2012. General Fernando foi pra reserva em 2018. Não tinha ninguém na ativa. Por que digo isso? Estava na ativa, comandando São Paulo, um comando militar estratégico. A greve dos caminhoneiros começou e terminou ali. Estava lá, morando em um apartamento do Exército, apartamento bom, dois andares, morando no bairro do Paraíso, do lado do Ibirapuera. A gente acordava de manhã e ia fazer musculação, corridinha... Larguei tudo.  Em 3 de julho, passei o comando e, dia 4, estava aqui. Joguei tudo para o alto. Por quê? Porque eu me senti  à vontade dentro da amizade que tenho com o presidente, e é uma amizade muito sincera. Se olhar ali no quadro (aponta a foto dele com o presidente Bolsonaro), se olhar o sorriso, é difícil ver uma foto com um sorriso daquele. Foi o dia em que confirmei que seria ministro dele. Foi em São Paulo, à noite, no Aeroporto de Congonhas.

Alguns dizem que o senhor é um grande influenciador do presidente…
Não sou influenciador. O presidente não é tutelado. Se chegar para o presidente e falar: “O senhor vai fazer isso”. Esquece, ele não vai fazer. Acho que, brincando, só a dona Michelle. Ele pode me ouvir, e me ouve em algum sentido assim, mas não vim aqui para tutelar o presidente, pois sei que ele não é tutelado. Mas, voltando: larguei tudo, no sentido realmente de largar, deixei de ser general da ativa e pedi para ser chamado de ministro. Primeiro, pelo simbologismo, que é não ter um militar da ativa. Fui afastado do alto comando, não uso mais farda, não participo de reunião nenhuma. Os quatro estrelas têm um grupo seguro, que não é o Telegram. Eu fui excluído. Tem um grupo que troca mensagens entre os quatro estrelas, só generais de Exército. Aí, um diz: “Você não pertence mais a esse grupo”.  É forte.

(...)

Então, o senhor passou para a reserva?
Vou explicar agora. Quando ele (Bolsonaro) anunciou em 12, 13 de junho, meu aniversário é 12, até achei que anunciaria no dia 12 e pedi pra não anunciar, pois estava tentando ver se conseguia me salvar. Ele me anunciou no dia 13. “Mas por que o senhor só vai em julho?” É um simbolismo, não podia assumir um ministério com tropa no meu comando. Isso não existe. Ministro é político. Estou aqui, mas não passei o comando de São Paulo, tenho 25 mil homens debaixo do meu braço. Não é atitude, isso foi pensado. O Exército pensou nisso. 

(...)
O senhor diria que essa experiência em campo, de alguma forma, mais do que o credencia para participar dessa guerra da articulação? 
Ela me perguntou qual a missão mais difícil. Essa foi a da Iugoslávia, uma missão de risco de vida. A outra, eu fui adido militar em Israel. Tem um fato muito pitoresco. Esse ninguém sabe. Em Israel, quando cheguei, o israelense é um povo muito direto. Não sou judeu, mas tenho admiração muito grande, até porque morei lá. Eu cheguei exatamente dois meses depois do ex-presidente Lula ter tirado foto abraçado ao presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad. O Ahmadinejad disse que varreria Israel do mapa. Quando cheguei, dois meses depois, junho de 2005, eu fui recebido pelo general Nitzan. Até hoje lembro dele: “O seu país é um país que, para nós, tem uma relação de amizade com o Irã, e o senhor saiba disso”. A partir dali, senti nitidamente.  Os judeus são muito diretos. Foi uma missão difícil pra mim. Mas estava lá, era adido, tinha que fazer algo diferente. Aí comecei a estudar hebraico. Já falava inglês, por causa da missão da Bósnia. Mas qual foi minha intenção? Queria fazer algo diferente para mostrar pra ele que eu não era político, era adido militar. E acabei em uma cerimônia muito emotiva, a céu aberto, que eles fazem com os parentes, todo mês de maio, se não me engano, para relembrarem o Holocausto. Lá, todo mundo perdeu alguém. Guerra dos Seis Dias, Guerra da independência, Guerra do Yom Kippur... Todo mundo tem um parente que morreu. Eles vão com as camisas dos parentes, têm um discurso altamente emotivo e, nesse dia, eu fui, sentei na primeira cadeira, na primeira fileira e cantei o Hino Nacional em hebraico. Cantei o hino e ninguém esperava, né? Ganhei. O primeiro cara que pulou na minha frente foi o ministro da Defesa. Aí, eu falei que amava Israel. E ele me abraçou emocionado. A partir daí, mudou o tratamento. Saltei de paraquedas com ele várias vezes, sou paraquedista. Fui convidado para várias atividades, como o único adido sul-americano.

(...)


O custo político da indicação de Eduardo vai ser alto? 
Sinceramente, não. O que eu tenho feito com os senadores que aqui me visitam, falo exatamente dessa minha posição, com credibilidade, pois fui adido, sei distinguir bem uma função técnica, que vai exigir talvez uma preparação longa, de uma pessoa que saiba receber as outras, saiba representar o seu país em cerimônias, saiba participar de um evento diplomático no país. 

Essa relação com a imprensa melhora quando? O senhor entrou para isso…
A relação não está boa? Vou perguntar uma coisa: quem é o maior comunicador do governo? Sou eu, ou é o presidente? É o presidente. Quem é que substitui o presidente Jair Messias Bolsonaro? Ninguém. Ele fala uma frase e sai na CNN, no Le Monde...

O senhor disse mais cedo que Bolsonaro não é tutelado. Em algum momento tentaram?
Não, nem tentem, porque não conseguem.

Mas falo sobre a tutela com base no período em que o Carlos Bolsonaro teve entreveros com Mourão...

Não, não é isso,  não. O Carlos Bolsonaro que eu conheço, que conheci muito no hospital dia e noite, e seus outros filhos também iam, mas estavam atarefados na campanha. Eu vi um filho extremamente amoroso, preocupado com o pai, em preservar a vida dele, em preservar que ele tivesse tranquilidade. Esse é o Carlos Bolsonaro que eu conheço.

Correio Braziliense acesse  para entrevista Completa

 

terça-feira, 9 de outubro de 2018

O preso e o oficial

O cidadão decidirá de uma vez se quer continuar sob a gestão do Estado-empresário que virou larápio ou se ainda lutará contra políticos que dele se servem

José Nêumanne 

A eleição de 2018, a ser decidida em 28 de outubro próximo, foi disputada sob a égide das fake news, expressão inglesa da moda que serve para disfarçar palavras mais duras na língua do caolho Camões, tais como mentira, lorota e estelionato. O Tribunal Superior Eleitoral finge combater as que circulam nas redes sociais e ficaram famosas por causa dos twitters do presidente dos EUA, Donald Trump. Mas não se conhece autoridade no Estado brasileiro que investigue pra valer as notícias falsas que deturpam e fraudam, de verdade, a decisão soberana do eleitor em campanhas e palanques, do bico de pena da Primeira República às urnas eletrônicas.

Coleguinhas apressados no Brasil e no exterior, acadêmicos militantes e analistas ignorantes e improvisados em geral detectam na revolta contra o Estado estroina e espoliador uma onda “conservadora”. O termo é suave para definir esse discurso infame. A palavra direita, usada com nojo e sem pudor, até por jornais de alta circulação, passou a ser mero eufemismo, quando cotejada com as lembranças do Holocausto e da ditadura militar, cujos fantasmas pairam em discursos de candidatos alijados do processo pelo poder soberano do eleitor. Um desses candidatos, Ciro Ferreira Gomes, coronel da República de Sobral nascido em Pindamonhangaba, usa termos como nazi-fascistas para definir os quase 50 milhões de brasileiros que deram o primeiro lugar no primeiro turno ao deputado e capitão reformado Jair Bolsonaro. O espelho do multipartidário do Ceará deve estar quebrado, porque filhote da ditadura é ele mesmo, civil servil dos militares de 1964, na condição de parlamentar da Arena. E com irrelevantes serviços prestados aos desgovernos petistas de Lula e Dilma, dos quais se aproxima e se afasta de acordo com as próprias conveniências.

Se tivesse frequentado aulas de História no grupo escolar, talvez lhe fosse permitido vislumbrar a realidade que muitos acadêmicos, incluindo historiadores, fingem não ver. Getúlio Vargas, estancieiro de São Borja, no Sul, tornou-se o pai dos pobres e a mãe dos ricos ao fundar o Estado-empresário na cidade onde os cavaleiros gaúchos amarraram seus pingos, antiga Corte e capital da República, São Sebastião do Rio de Janeiro. Desde os idos da ditadura do Estado Novo, os cidadãos brasileiros têm sustentado a ineficiência de uma casta burocrática incompetente e gulosa, pendurada nos milhões de cabides de empregos da máquina pública. Os militares, dos quais o candidato do partido fundado para manter a herança getulista foi valet de chambre (criado de quarto), insurgiram-se contra o populismo do caudilho, cuja memória é desde sempre patrimônio político do engenheiro Leonel Brizola e de seus prosélitos no atual PDT.

Só que, como diz a juventude dourada das praias de Fortaleza, Gegê já era. Agora a moda é Lula, o presidente mais popular da História da nossa República. Ciro Gomes não sabe e não quer aprender que, da mesma forma que serviu aos militares antigetulistas que aprenderam a tratar os políticos civis a seu serviço como “vivandeiras de quartel”, está fadado a passar a vida invejando e louvando os usuários de macacão e colarinho branco que hoje compõem a república da roubalheira. Sob os auspícios do ferramenteiro de Garanhuns, essa república bestializa o populacho inerte, sob o signo do Estado larápio, no qual o contribuinte espoliado sustenta não apenas os marajás, que se servem do serviço público, mas também os socialistas de araque, que surrupiam o erário sem deixar moeda.

Fora do jogo, Ciro voltará ao aprisco a que sempre pertenceu, apoiando Lula, que, driblando a leniente e serviçal dita “Justiça” Eleitoral, concorre à Presidência da República, ao transformar seu poste, preboste, preposto, pau-mandado e moleque de recados num simples codinome. Assim como Dilma Rousseff era Estela para confundir a repressão à guerrilha no regime militar, a que Ciro serviu, Lula fez a barba, vestiu a beca do Professor Preguiça e cobra a conta dos cidadãos que alimentou na urna mais próxima. Esta é outra lorota desta eleição: o ringue de MMA do espaço cívico não sedia lutas entre pobres e ricos, socialistas de araque e nazi-fascistas de ocasião, em suma, esquerda e direita. Trata-se apenas de uma disputa que vencerá ou a garantia da manutenção incólume do Estado-empresário, que sobrevive da miséria dos pobres e distribui prebendas entre miliardários, sob a gatunagem do bem, ou o justiceiro, que não parece bem saber como, mas promete ao cidadão indignado combater violência e furto.

Quase 50 milhões de brasileiros foram às urnas com medo, coragem, raiva e juízo para acabar com a farra do Estado-empresário que virou larápio. Não acabou no primeiro turno. E mais uma vez, no segundo, a cidadania brasileira decidirá de que lado está: se se disporá a desmontá-lo ou se se renderá ao carisma de Lula. Ou seja, perdoará  liminarmente seus crimes, fartamente comprovados, em gratidão pelos anos de alívio em que se beneficiaram do Bolsa Família, frequentaram escolas nas quais nada aprenderam, viajaram de avião e compraram automóveis a perder de vista, que depois, desempregados pelo “gópi”, não tiveram mais como pagar?

Pode parecer cínico e cruel, mas se trata apenas da realidade nua, dura e crua dos fatos. Foram tão bons os tempos do padim que não pode ser verdadeiro o discurso de quem atribui a felicidade àquela bonança, que, na verdade, fartura nunca foi. Não é simples mesmo estabelecer uma conexão lógica entre a carne gorda das vacas de antanho e os esqueletos esquálidos destes tempos de milhões de desempregados dormindo ao relento e pedindo uma esmola para matar a fome e um cobertor para suportar os rigores do inverno de nossa desesperança. Quem achar que a história não é boa não perderá por esperar o pior, que há de vir.

O capitão teve quase a metade dos votos válidos dos brasileiros, que não suportam mais pagar com seu emprego a incompetência do Estado-empresário, somada à volúpia infinita do Estado-larápio. Eles armaram uma tempestade de votos para dar uma goleada no primeiro tempo, mas o jogo, como diria Abelardo Barbosa, o Velho Guerreiro, só acaba quando termina. Nele o PT de Lula, vulgo Haddad, elegeu a maior bancada na Câmara dos Deputados, Casa do poder que manda na República da coalizão. Se ganhar a parada final, o que é muito difícil, mas nunca impossível, o partido dos tesoureiros onipresentes nos escândalos de corrupção escolherá entre velhos aliados suspeitos sob a mira da Lava Jato um presidente do Senado para chamar de seu. E a suprema casa da tolerância federal, que mantém o “guerrilheiro” José Dirceu ­- cumprindo pena de 30 anos e meio por corrupção passiva e lavagem de dinheiro – solto pelo presidente Toffoli, ex-advogado dele, e do solta-tucanos Gilmar.

A classe média reclamou do Estado que queimava sua poupança nas manifestações de rua em 2013 e foi traída na eleição fraudada de 2014, em que Dilma e Temer gastaram 1 bilhão e 400 milhões de reais, segundo Palocci, que coordenou a primeira campanha de madama tatibitate. E por Aecinho, que vendeu o ânimo opositor pelas migalhas que caíram da mesa do churrasco dos irmãos Batista e pelo propinoduto de uma empreiteira da Bahia de todos os demônios, onde Jaquinho das candongas reina mais absoluto. Os tucanos sapatearam na cova reservada para o PT no massacre das eleições municipais de 2016 e agora se escondem num túmulo abandonado, imaginando que serão esquecidos pelos que esqueceram.

O Senado sem Dilma será menos ridículo mercê do eleitor mineiro que tornou inócua a penada de Lewandowski, que lhe permitiu que ela disputasse cargo público antes de completar oito anos do quarentene após o impeachment. Bob Dylan será poupado dos assassinatos de Blowin in the Wind por Eduardo Suplicy. Lindbergh ficará rouco de responder a xingamentos de populares quando pensar que terá sido esquecido e sair às ruas. Requião e Ciro treinarão sua grosseria sem freios em torneios retóricos particulares entre eles. Ou seja, os lugares que eles não mais frequentarão se tornarão mais civilizados e agradáveis.


Mas é cedo para saber se a República larápia ainda será combatida por policiais, procuradores e juízes federais que atuam desde 2014 na Lava Jato. Isso dependerá da decisão medrosa, corajosa, raivosa e racional do cidadão no domingo 28. Graças a Deus, ele continua dono dos destinos da República. E resolverá se chegou, ou não, a hora da libertação do jugo de quem furta nosso suado dinheirinho se fazendo de defensores do povo.

José Nêumanne (publicado no Blog do Nêumanne)
 

sábado, 10 de março de 2018

Prisão de Lula será a viuvez política de FHC

Se desconsiderarmos os respectivos conceitos de democracia, seremos obrigados a concluir que o conflito entre PT e PSDB é jogado para o auditório. 

O dia de hoje, 7 de março, por exemplo, veio com carimbo na mão para certificar tal fato. No site da Folha, blog do Fernando Grostein Andrade, em longa entrevista, Fernando Henrique Cardoso fala sobre tudo, inclusive, em dado momento, sobre aquilo que é tema deste artigo: a relação entre PT e PSDB:
 
“Porque o PT e o PSDB nunca se juntaram? Nem quando tá lá no Congresso a coisa é positiva. Por disputa de poder, não por disputa ideológica. Se tivéssemos mais capacidade de diálogo, teria sido melhor. Não considerar como inimigo. Lembro que estava nos Estados Unidos. Tinha recebido um prêmio. O Zé Dirceu deu uma declaração que era melhor eu cuidar dos meus livros e meus netos. Por quê? Achavam com razão, que o competidor era o PSDB, mas não precisava tirar o tapete. Disseram uma porção de coisas e tal. Mas é a vida política. Se eu pudesse reviver a história eu tentaria me aproximar não só do Lula, mas de forças políticas que eu achasse progressistas em geral”. 

FHC está reconhecendo que PT e PSDB são almas gêmeas separadas pela ambição inerente ao jogo do poder. Ele vê os dois partidos como “progressistas” oferecendo a mesma mercadoria sob diferentes trade marks. Muda o rótulo e o modo de comercializar, mas o conteúdo é igual. E não está enganado. Até os acionistas, os investidores, são basicamente os mesmos. Desde todo sempre, quando a situação se complica para o PT, FHC chega com uma sacola cheia de panos quentes. O grão-tucano está sempre pronto para lastimar as dificuldades de Lula com a Justiça. Quando o PT aparece envolvido em rolos, para FHC nada é grave, nada exige reação, tudo se resolve, basta ter calma e beber caldo de galinha.

É isso que explica a falta de energia tucana nos confrontos com o PT. É isso que explica a entrevista de FHC ao camarada Mario Sérgio Conti da Globo News, logo após a grande manifestação popular do dia 15 de março de 2015, quando afirmou aos olhos e ouvidos da nação que os gritos de “Fora Dilma” expressavam uma irritação, mas não uma intenção real… Sim, sim, sempre houve algo de petista e um pigarro socialista fabiano na alma e na garganta do acadêmico que governou o Brasil durante oito anos. Lá atrás, na Constituinte de 1988, a esquerda do PMDB, onde sentavam FHC e seus companheiros, deixou o partido e fundou o PSDB exatamente por estarem mais próximos e articulados com o PT do que com o PMDB nas deliberações de plenário. Ao cabo de seus dois mandatos presidenciais, FHC preparou com carinhos paternais a entrega da faixa presidencial para o companheiro e amigo Lula.

Omitiu-se nas eleições subsequentes. Assumiu calado o papel de último pau do galinheiro retórico petista. Ofereceu-se em holocausto aos que o atacavam. Tirou o casaco, a gravata e abriu a camisa para o assassinato de sua reputação. E segue, agora, lamentando o afastamento político dos “progressistas”? Sim, a prisão de Lula será viuvez para FHC.

O estupro da história e os afogados da “onda conservadora”
 A História, dita rainha das humanidades, é a mais violentada das ciências. 

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segunda-feira, 23 de outubro de 2017

Por que é mais fácil ser neonazista nos EUA do que na Alemanha

No final de semana, enquanto centenas de supremacistas brancos agitavam símbolos nazistas e gritavam palavras de ordem contra judeus e outras minorias em Charlottesville (Virgínia, EUA), um cidadão americano era agredido e preso por fazer a polêmica saudação de "Heil Hitler" em Dresden, na Alemanha. Os fatos mostram como os dois países divergem no grau de tolerância ao uso de símbolos nazistas.

Na Alemanha, a lei prevê punição de até três anos de prisão para quem usar insígnias relacionadas ao Terceiro Reich ou fizer apologia do nazismo. 

Nos Estados Unidos, o uso de símbolos do nazismo, o "discurso de ódio" e a existência de grupos de perfil neonazista são práticas legais, amparadas no direito à livre expressão garantido pela Constituição. Já no Brasil, a lei 7.716/89 determina prisão de dois a cinco anos para quem "fabricar, comercializar, distribuir ou veicular símbolos, emblemas, ornamentos, distintivos ou propaganda que utilizem a cruz suástica ou gamada, para fins de divulgação do nazismo".

Os Estados Unidos são um dos poucos lugares do mundo onde ser abertamente neonazista é amparado pela Constituição

Países onde é proibido usar símbolos nazistas
Alemanha
Áustria
Brasil
República Checa
Eslováquia
Suécia
Suiça
Dados do Southern Poverty Law Center (SPLC), uma ONG americana de defesa dos direitos civis, indicam que existem nos EUA mais de 900 "grupos de ódio" que reivindicam ideias inspiradas no nazismo. Apenas na Califórnia, há mais 70, e na Flórida, mais de 60.
Para grande parte deles, o livro Minha Luta, no qual Hitler expressa suas ideias que culminaram com a criação do partido nazista, é visto como uma espécie de bíblia ideológica. Eles assimilaram ideias supremacistas de Hitler, assim como os símbolos associados ao nazismo e outras correntes fascistas.
O uso de símbolos nazistas na Alemanha está permitido para fins educativos, como em museus 

O que talvez cause espanto em outras partes do mundo é que esses grupos não são clandestinos; operam livremente e manifestam suas opinões e visões publicamente, como qualquer outra agremiação política. Como se viu em Charlottesville, eles têm o direito de marchar e gritar slogans racistas ou palavras de ordem pedindo a expulsão de negros, imigrantes, homossexuais e judeus.

De história e de leis

Especialistas consultados pela BBC Mundo explicam que as diferenças entre Alemanha e EUA no trato dado a grupos neonazistas vem da história de cada um, das leis e de sua interpretação.
Peter Kern, professor de direito penal da Universidade de Colônia, na Alemanha, explica à BBC Mundo que em seu país, a utilização de insígnias nazistas está estritamente proibida pelo Strafgesetzbuch, o código penal, desde o final da Segunda Guerra Mundial.

"O artigo 86º proíbe o uso de símbolos de organizações inconstitucionais, sejam bandeiras, emblemas, uniformes, insígnias ou modos de saudação, fora dos contextos da arte, ciência, pesquisa ou do ensino".
"Ou seja, um museu pode mostrar uma bandeira com uma suástica, mas uma pessoa não pode usá-la dentro do território alemão", pontua.

Segundo Kern, as profundas marcas deixadas pelo nazismo - que levou o país ao maior conflito militar da história - na consciência coletiva e o temor - e perigo - de que ele retorne levaram a essa legislação, que também coloca na ilegalidade qualquer grupo que siga a ideologia de Hitler e seus seguidores.
No entanto, o pesquisador esclarece que esses grupos escapam da alçada da Justiça evitando termos específicos e se apresentando como grupos "de extrema-direita".
 Grupos de extrema-direita na Alemanha buscam formas de maquear a alusão a Hitler, como na camiseta preta. No Twitter, a usuária afirma: "isto é, amigos, o pós-modernismo nazista" 

Atualmente, as caras mais visíveis dessas correntes são o Partido Nacional Democrático, que no início deste ano esteve a ponto de ser proibido, e uma dissidência dele chamada Alternativa para a Alemanha. Nos Estados Unidos, por sua vez, o uso de símbolos ou a propagação do ideário nazista estão amparados no direito à livre expressão, consagrado pela Primeira Emenda (1791) da Constituição.

Darren L. Hutchinson, professor de Direito Constitucional da Universidade da Flórida (EUA), explica à BBC Mundo que isto se aplica não apenas ao discurso oral ou escrito, mas também protege o "discurso simbólico", como exibir uma bandeira, fazer saudações nazistas ou portar qualquer elemento gráfico.
"A Primeira Emenda estabelece que o governo dos Estados Unidos não pode discriminar com base num ponto de vista determinado na hora de impor restrições à liberdade de expressão", explica.
"Se um Estado, por exemplo, decide restringir em seu território o uso de símbolos nazistas devido a sua mensagem, isto poderia constituir uma restrição à liberdade de expressão e provavelmente estaria violando a Constituição", acrescenta.
Um exemplo é um caso ocorrido em 1978, quando a Suprema Corte de Illinois decretou ser "constitucional" que um grupo neonazista usasse bandeiras com a suástica para protestar em Skokie, um bairro de Chicago habitado em sua maioria por sobreviventes do Holocausto. Embora a marcha nunca tenha ocorrido, a sentença criou um precedente para o uso aberto de símbolos nazistas nos Estados Unidos e para uma maior abertura na associação a grupos radicais de extrema-direita, considera Hutchinson.

 Membros do Movimento Nacional Socialista, um dos maiores grupos neonazistas dos Estados Unidos

Por isso, o uso de iconografia ou a aberta militância em organizações neonazistas nos Estados Unidos pode ser mais visível que em outras nações. "Ao estar amparado pela lei, é mais comum encontrar grupos e símbolos neonazistas nos Estados Unidos que qualquer outro lugar", diz à BBC Mundo Brenda Castañeda, uma promotora de Charlottesville que trabalha como diretora do Legal Aid Justice Center, uma ONG de defesa de direitos civis na Virgínia. "O grande perigo é que por trás destes símbolos de ódio, pode-se ocultar também a violência, como nos acontecimentos do fim de semana."
No entanto, ela destaca que a Primeira Emenda também estabelece as bases e os limites para castigar os atos de violência que possam ser provocados por estes "discursos de ódio".

O limites do 'ódio'

Mas se na Alemanha o código penal estipula como delito o uso de material inspirado na ideologia nazista ou a associação em grupos que se declarem abertamente sucessores do Führer, nos Estados Unidos, os parâmetros que estabelecem quando um "discurso de ódio" transgride a lei são nebulosos.
"O direito constitucional americano desaconselha as 'restrições prévias', que são aquelas que proíbem ações com base no que poderia ocorrer. Isto explica por que é inconstitucional vetar a publicação de certo livros, como Minha Luta, ou proibir uma manifestação, como a ocorrida no fim de semana, com base nos efeitos que poderiam ter", explica Darren Hutchinson.
O acadêmico esclarece que há limitadas exceções para estes casos e elas estão associadas a discursos que incitem a violência ou que possam ser catalogados como difamação, calúnia, obscenidade ou incitação à anarquia.
Estes americanos poderiam ser condenados a até três anos de prisão na Alemanha por portarem trajes típicos nazistas 

Sua margem de aplicação, explica, é complicada, porque às vezes não é fácil justificar legalmente que um discurso se insere em algum destes parâmetros, já que estes podem ser subjetivos.
"É difícil prever, por exemplo, se um orador intencionalmente incitará a violência durante um discurso. Do mesmo modo, é muito difícil justificar a proibição de um discurso político ou de matérias vinculadas ao interesse público, como são os temas raça e política. Então, para poder restringir o direito à livre expressão, as autoridades precisam ter uma razão convincente e isto entra em um limbo legal de uma interpretação muito ampla", indicou.
Entretanto, de acordo com a promotora Casteñeda, o reconhecimento do direito à livre expressão, que permite passeatas como as de Charlottesville, é também uma forma de limitar a margem de interferência do governo nas liberdades civis.

"Quando os pais da nação estabeleceram a Primeira Emenda, fizeram isto porque consideraram uma verdade prática: as autoridades nem sempre exercem o poder da censura de maneira responsável. Em dado momento, quando o discurso subverte a autoridade estatal, ele poderia ser considerado ilegítimo. É por isso que defendemos a livre expressão como uma liberdade civil", sustenta.


A Associação Americana dos Direitos Civis (ACLU, na sigla em inglês), sempre esteve entre as organizações que defenderam o direito de grupos neonazistas ou de extrema direita - como o Ku Klux Klan ou a Vanguarda América - se manifestarem.
"Fazemos isto porque acreditamos no princípio de que, uma vez que os direitos da pessoa sejam violados, todos os demais estão sob risco. A liberdade de expressão não pertence apenas àqueles com quem estamos de acordo, e a Primeira Emenda não protege apenas os discursos politicamente corretos", afirma Chris Hampton, especialista da ACLU.
"De fato, é nestes casos difíceis que nosso compromisso com a Primeira Emenda é mais importante. Como disse um juiz federal, tolerar os discursos de ódio é a melhor proteção que temos neste país contra qualquer regime de tipo nazista", afirma.

Mas para Casteñeda, a principal razão para preocupação neste momento não são as leis e sua aplicação, mas para as razões que permitiram eventos como o de Charlottesville.
"Acredito que estes atos foram alimentados pelo fanatismo e pela retórica racista que floresceram nos últimos meses: a proibição de entrada de muçulmanos à nossa nação, a iniciativa de um muro fronteiriço, os políticos chamando imigrantes de estupradores... Acredito que este tipo de retórica que demoniza grandes grupos de pessoas é a que que traz estas consequências".
"No final de semana foi Charlottesville. Amanhã poderia ser qualquer outra cidade dos Estados Unidos", adverte.

Fonte: BBC Brasil