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quarta-feira, 4 de dezembro de 2019

Liberdade de imprensa incomoda autoritários - Merval Pereira

O Globo

Estamos assistindo no país, já há algum tempo, a um desfile sistemático de ataques a órgãos de imprensa que não é coisa nossa apenas, mas de variados países com governos populistas, de esquerda ou de direita, que não convivem bem com a imprensa independente.  Essa nova onda da direita autoritária segue-se a outra, da esquerda também autoritária, que dominou a América Latina durante anos. Na Argentina dos Kirchners, na Venezuela de Chavez e Maduro, na Bolívia e no Equador, no Brasil de Lula, sempre a tal da “midia” virava o bode expiatório de governantes que não querem ver seus segredos e desvios revelados.

Ataques aos órgãos de imprensa acontecem quando a democracia não é um regime respeitado por quem está no poder. Quando na oposição, esses mesmos políticos adoram ver seus adversários sob críticas, as mesmas que rejeitam quando governo. É o caso de agora com o presidente Bolsonaro, que investe contra os meios de comunicação quando lhe são críticos, como a Rede Globo, o jornal O Globo, a Folha de S. Paulo, e distribui benesses para aqueles que abdicam da missão jornalística de fiscalizar os governos para bajulá-los, em troca de vantagens indevidas.

Logo ao sair da cadeia, o ex-presidente Lula fez acusações irresponsáveis à Rede Globo, culpando o mensageiro pelas condenações da Justiça. A radicalização que estamos vivendo leva os dois pólos extremos da política brasileira a atacar os mesmos alvos, que defendem a democracia e mostram o estado dela no país.  Ao desagradar ambas as partes nos extremos, a imprensa profissional e independente mostra que está no caminho certo, defendendo um país que seja governado por pessoas sensatas, com visão de Estado. Não é o caso, também, do prefeito do Rio de Janeiro, Marcelo Crivella, misto de político e bispo da Igreja Universal, numa clara ameaça ao Estado laico definido pela Constituição.

 Crivella, num movimento autoritário que lhe é peculiar, teve o desplante de afirmar que não responderia mais às demandas do Globo, como se isso lhe fosse permitido como funcionário público pago pelos impostos dos cariocas.

Ao impedir que repórteres do Globo participassem da coletiva de imprensa que anunciava ontem a programação do Revéillon do Rio, uma das festas mais importantes da cidade, com repercussão no mundo, atacou não somente a liberdade de imprensa, como seus próprios contribuintes.   Diante das críticas que ontem eu e Carlos Alberto Sardenberg fizemos no nosso programa da CBN, o prefeito enviou uma nota oficial em que diz que o Globo é um “panfleto político, sempre interessado em trocar notícia por verba de publicidade”, numa contradição evidente, pois o que incomoda a Prefeitura são as críticas que recebe.

Dinheiro público não sustenta grandes empresas jornalísticas como o grupo Globo ou a Folha, mas sustenta muitos jornais e rádios pelo Brasil afora, no interior do país, e o governo não pode usar dinheiro público para obrigá-los a serem a seu favor. Isso é perversão da democracia e abuso de poder, e é o que está acontecendo.   Isso acontece quando a democracia não é um sistema político respeitado por quem está no poder. Os obstáculos que governos autoritários cada vez mais colocam no caminho da livre expressão, com embargos de diversos feitios, tentam inviabilizar, até economicamente, os meios de comunicação, que enfrentam também a violência como arma de intimidação da liberdade de expressão, tendo sido registrados diversos casos de assassinatos e agressões a jornalistas nos últimos anos.

É disseminada pelos adeptos de governos autoritários uma tentativa de desacreditar os meios de comunicação, na suposição de que a “opinião pública” representa apenas a elite da sociedade, e não os cidadãos de maneira geral. A origem da “opinião pública”, no fim do século XVIII, deve-se à difusão da imprensa, meio de a sociedade civil nascente se contrapor à força do Estado absolutista e legitimar suas reivindicações no campo político, com o surgimento do Estado moderno.  É o jornalismo profissional e independente, seja em que plataforma se apresente, que continua sendo o espaço público para a formação de um consenso em torno do projeto democrático, avesso aos populistas de plantão.

Merval Pereira, colunista - O Globo
 
 

terça-feira, 26 de novembro de 2019

É guerra? - O Estado de S.Paulo

Eliane Cantanhêde 

Para Gleisi, conflitos chegam ao Brasil; Bolsonaro lança ‘GLO do campo’. Onde nós estamos?

Quando o torniquete apertou em torno do PT e do mandato da então presidente Dilma Rousseff, seu patrono Lula ameaçou “chamar o Stédile”. Nem completou ainda um ano de mandato, agora o presidente Bolsonaro tem a audácia de anunciar que quer chamar o Exército para reintegrações de posse no campo. [as forças policiais, originariamente as competentes para promover reintegrações de posse no campo, estão envolvidas no combate à bandidagem urbana, e decisões judiciais precisam ser cumpridas, nada melhor que empregar o Exército que tem condições de realizar, excepcionalmente, missões de reintegração de posse e com risco mínimo de incidentes - haja o conceito, algumas vezes questionado, mas,nunca desmentido, que as Forças Armadas vão para resolver.] Lembra do “chama o (general) Pires” da ditadura, mas fora de foco, de tempo e de lugar.

“Quero paz e democracia, mas também sabemos brigar. Sobretudo quando o Stédile colocar o exército dele nas ruas”, falou Lula há cinco anos, quando petistas e aliados entraram em confronto com manifestantes contra Dilma no Rio. Poderia ser só mais uma dessas bravatas típicas de Lula, mas continha uma clara ameaça. Ameaça nunca cumprida, aliás, nem mesmo quando Gleisi Hoffmann, presidente agora reeleita do PT, disse que ia “ter de matar gente” se Lula fosse preso. João Pedro Stédile, principal líder do MST, não apenas nunca acionou suas tropas como saiu de fininho dos holofotes para se distanciar das denúncias de corrupção que passaram a bater firme no PT e a respingar em toda a esquerda. E ninguém matou ninguém na prisão de Lula.

No caso de Bolsonaro, que anunciou ontem um projeto para chamar o Exército nas reintegrações de posse – a “GLO do campo” –, não há bravata, mas, sim, uma intenção clara e um triplo objetivo: agradar à bancada da bala e à bancada ruralista e atender aos interesses dos proprietários de terra. O projeto, ainda em elaboração no Planalto, tem de passar pelo Congresso. Agora, é rezar.

Qual o risco se Lula reativar a fantasia de acionar o “exército do Stédile”, se os Stédiles do MST estiverem dispostos a bater continência e cumprir a ordem e se, enfim, o Congresso aprovar a tal “GLO do campo” de Bolsonaro? [não haverá guerra; a tônica do 'exército de Stedile' é a covardia, só são capazes de alguma ação contra proprietários de terra, desarmados e que querem apenas trabalhar, produzir. 
Por isso o desespero da esquerda diante da perspectiva de terem que enfrentar, em suas ações criminosas, cidadão armados.] O risco é de uma guerra, com oficiais e soldados armados de um lado e os militantes do MST com seus porretes e facões, do outro. Sem contar os jagunços das próprias propriedades.

Mais uma vez, Gleisi Hoffmann entra na história para piorar as coisas. Ao assumir mais um mandato de presidente do PT olha o que ela disse, numa referência aos confrontos sangrentos no Chile, na Bolívia, no Equador e na Colômbia: “Quando as grandes manifestações ecoarem no Brasil, porque vão ecoar, nós temos de estar preparados para ajudar a conduzi-las.”

É de uma irresponsabilidade enorme a presidente de um dos maiores partidos do País falar assim, como é igualmente irresponsável Bolsonaro querer o Exército nos conflitos e fazendas pelo interior. Está todo mundo ficando louco? A Garantia da Lei e da Ordem (GLO), prevista na Constituição, é uma medida em casos muito graves e específicos, quando as forças policiais não dão conta de crises e os governadores pedem socorro à União. É algo, portanto, para exceção, emergência, não para jogar tropas daqui para lá, sob qualquer pretexto, a qualquer hora.

No caso da “GLO do campo”, há dois agravantes. O primeiro é que, como Bolsonaro deixou claro ontem, não se trata de agir com os governadores e a favor deles, mas passando por cima deles (que, ao ver do presidente, não cumprem as determinações judiciais de posse). O segundo é que o presidente só usa seu poder e instrumentos de poder para defender os já poderosos: os desmatadores, que não têm mais seus tratores destruídos; os que pescam em reservas ecológicas, livres para fazer o que quiserem; os policiais que exorbitam; os patrões, cujos direitos se sobrepõem aos dos empregados. [o uso das FF AA é facultado mediante requisição dos Presidentes dos Poderes Legislativo e Judiciário, ao presidente da República e também por iniciativa deste, que é, segundo a Constituição, o comandante supremo das Forças Armadas.
A matéria é regulada pelo artigo 142 da CF e também pela LC 97, especialmente, sem limitar, no seu artigo 15.
Oportunamente, se registre que a Lei Complementar 97, não é produto do governo Bolsonaro e sim do FHC.]

Um alerta, porém: as Forças Armadas são disciplinadas e cumprem ordens, mas já têm resistência a jogar seus oficiais e soldados para atuar como policiais em favelas, contra bandidos comuns. [acontece que os os sicários do 'mst - movimento social terrorista' não são bandidos comuns e sim terroristas e covardes, já que atacam propriedades desguarnecidas, cujos donos se preocupam em produzir e não em lugar, e o 'mst' usam como 'escudo' mulheres e crianças.
Mas, quando os invasores de propriedades alheias souberem que tropas estão indo expulsá-los, fugirão em busca de locais mais seguros.] O que acham da ameaça, e o risco, de vê-los enfrentando à bala acampamentos com homens, mulheres e crianças? 
 
Eliane Cantanhêde, colunista - O Estado de S.Paulo
 
 

terça-feira, 12 de novembro de 2019

Fogo no circo - O Estado de S.Paulo

Eliane Cantanhêde

A polarização do Brasil extrapola fronteiras e incendeia a região

A Bolívia ia bem à esquerda, o Chile era um exemplo na centro-direita e, de repente, os dois regimes implodem, com o povo na rua, a oposição fortalecida, os governos acuados. O que há em comum entre eles? A insatisfação crônica da sociedade, que agora usa o poder das redes sociais e cria falsos mitos para por fogo no circo.   Foi-se o tempo dos movimentos que se alastravam em ondas e na mesma direção na América do Sul. Hoje é de cada um por si, com eleições incertas no Uruguai, a volta do nefasto kirchnerismo na Argentina e protestos grandiosos no Chile, Bolívia, Equador e Peru. Sem falar na estraçalhada Venezuela.

O mundo abriu os olhos. E, quando se olha para a América do Sul, depara-se com o Brasil, o maior, mais rico e mais populoso país da região, o que costumava dar as cartas e agora vive suas próprias tensões internas, sujeito aos reflexos das crises ao redor. Aqui também se dá, como nos vizinhos, mas sem confrontos de rua, tiros e mortes, o grande embate entre a velha esquerda e a nova direita, entre o populismo de Lula e um Bolsonaro que tenta se equilibrar entre o seu reacionarismo e o neoliberalismo de Paulo Guedes.

Os 13 anos de Evo Morales na Bolívia trouxeram desenvolvimento e inclusão social. Enquanto o Brasil passou por dois anos seguidos de recessão e patinou em 1% de crescimento ao ano, a pequena Bolívia, país mais pobre da região, atingiu a média de 4,9%. E, se o Brasil atravessa governos e regimes à direita e à esquerda sem efetiva inclusão social, organismos internacionais atestam que a Bolívia reduziu a miséria à metade. [por favor, considerem que a Bolívia tem uma população pouco acima dos 10.000.000 de habitantes, número inferior ao total de desempregados no Brasil.]

Então, o que deu errado? O grande erro de Evo Morales, o mais pragmático dos “bolivarianos”, foi institucional. Foi a crença de que só ele é capaz de “salvar” o país. Foi assim, seguindo os passos de Hugo Chávez, que ele driblou a decisão popular contra um quarto mandato e ganhou num Judiciário amigão o direito de concorrer. Daí à denúncia de fraude foi um pulo. [oportuno ter presente que o Brasil, diante da generosidade do STF, tem um condenado, temporariamente em liberdade, que também se julga capaz de salvar não apenas o Brasil e,  sim todo o UNIVERSO - pior, tem alguns milhares de pessoas, número com viés de queda,  - que acreditam nele.]

A sociedade reagiu dando palanque para os líderes de oposição e pedindo a interferência ainda velada das Forças Armadas. Mas a guinada começa mal. Além do gesto da renúncia, Morales pediu aos adversários que pacifiquem a nação, mas o oposicionista Luís Camacho radicalizou, exigindo a prisão dele e seus aliados. Para que? Se Morales, o vice, o governo e a cadeia sucessória ruíram por inteiro, isso só serve para acirrar os ânimos. Vitoriosos devem ter grandeza.

No Chile, como já explorado, a questão não foi política e social, na medida em que os indicadores iam bem, mas o povo ia mal. Diz-se que quem tem fome tem pressa. E quem está na base da pirâmide grita que as fórmulas de crescimento não estão gerando igualdade e inclusão.   Os ingredientes e as palavras de ordem já pipocavam no Brasil e emergem com força quando Lula sai da cadeia atacando os três pilares do governo: Bolsonaro, Guedes e Moro. O governo contra-ataca com uma arma válida contra Cristina Kirchner na Argentina, mas é acessória no Chile e na Bolívia: o combate à corrupção. Lula acusa o regime Bolsonaro de antipovo, Bolsonaro e Moro martelam que Lula é “condenado” e “criminoso”. [o criminoso petista usa uma ideia - aliás, ele próprio se considera um ideia - para acusar o governo Bolsonaro, já Moro e Bolsonaro apontam um fato: o condenado não foi inocentado, as sentenças continuam válidas - uma delas corroborada pelo STJ - e os demais processos penais contra o nefasto líder petista continuam válidos e em curso, e todos os crimes estão sobre as costas do sentenciado petista.]

Não se trata de um debate sobre o que é melhor para o País e para todos, mas uma guerra de acusações e de desconstrução de adversários, em que vale tudo, principalmente o jogo sujo das fake news. Isso piora muito porque Lula precisa de Bolsonaro para reanimar sua tropa e Bolsonaro usa Lula para reaglutinar o bolsonarismo.   A reunião dos Brics começa hoje em Brasília com a Rússia acusando a direita de ter dado um “golpe” na Bolívia e os investidores pisando no freio. Quem quer investir numa confusão dessas, que vem de fora para dentro, mas encontra campo fértil dentro do próprio Brasil? [O Brasil possui em sua Constituição mecanismos que podem ser utilizados pelo presidente da República pra o pronto restabelecimento da lei e da ordem.]



Eliane Cantanhêde, colunista - O Estado de S. Paulo



domingo, 10 de novembro de 2019

Em mau estado - Folha de S. Paulo

Janio de Freitas

Não há Estado de Direito onde o poder militar quer definir o destino judicial

“Lula livre” se insere em momento muito particular da difícil batalha pela democracia na América Latina. O povo chileno explode como uma bomba de retardamento contra a opressão econômica, e inovações justiceiras são inevitáveis. No Equador, o eleitorado traído de Lenín Moreno tomou-lhe as forças e cobra a dívida multissecular.
Na Argentina renasce uma ideia de solidariedade latino-americana contra a sufocação imposta pelas políticas econômicas elitistas. O México reencontra com López Obrador uma concepção de soberania real e sentido de democracia. Esse tabuleiro parecia ter uma casa reservada para Lula, em lugar estratégico.
[IMPORTANTE LEMBRAR:  os quase 60.000.000 de eleitores brasileiros que elegeram JAIR BOLSONARO presidente da República Federativa do Brasil, assim procederam exatamente para evitar que o CAOS, a DESORDEM, a BAGUNÇA, o DESRESPEITO à FAMÍLIA,  aos VALORES MORAIS, à ORDEM e ao IMPÉRIO DA LEI triunfem.
 
Assim, o presidente Bolsonaro tem um mandato outorgado em eleições gerais, livres e democráticas,  para restabelecer os valores citados e combater, usando os meios necessários, tudo que conspire contra a soberania daqueles valores.
O Brasil, sob Bolsonaro, não será um Chile, uma Venezuela, um Equador, Uma Bolívia, etc.]

Até onde permanecerá a liberdade de Lula é a primeira incógnita que sua nova condição propõe. [para evitar eventuais mal entendidos vale enfatizar: nova condição devido o condenado se encontrar, momentaneamente, fora da cadeia.
No mais, sua condição permanece a de CRIMINOSO CONDENADO em dois processos, destacando que em um deles teve a CONDENAÇÃO CONFIRMADA plo STJ.  - SEUS CRIMES CONTINUAM PESANDO SOBRE SUAS COSTAS.]  Não só pela combinação de pendências judiciais e má disposição de parte do Ministério Público e do Judiciário quanto a esses processos, e outros imagináveis.

O bolsonarismo, no Congresso e fora dele, teve uma derrota que afinal lhe contrapõe um obstáculo na paisagem política, até aqui verdejante, da sua perspectiva. Além disso, duas manifestações (duas até a elaboração deste texto) transmitem a contrariedade do segmento militar com a nova situação que também o derrota. A liberdade de Lula tem inimigos ativos. O comentário do vice e general Hamilton Mourão ao restabelecimento do princípio constitucional da presunção de inocência, até que completado o trâmite do processo penal, foi claro na mensagem e no destinatário: “O Estado de Direito é um dos pilares da nossa civilização, assegurando que a lei seja aplicada igualmente a todos, mas hoje, 8 de novembro de 2019, cabe perguntar: onde está o Estado de Direito no Brasil? Ao sabor da política?”.

A resposta é simples: o Estado de Direito está no texto da Constituição. Só nele, em letras. E não em qualquer outra parte mais. Não há Estado de Direito onde um general (Eduardo Villas Bôas) pressiona e intimida a corte suprema do país, contra decisão com eventual benefício a um político preso —por deduzido e improvado crime comum, não por tentativa ou golpe contra a Constituição, como tantos já fizeram aqui tantas vezes. Nem há Estado de Direito onde o mesmo porta-voz, colhido o efeito desejado na primeira investida, volta à mesma pressão intimidatória antes de nova decisão da corte maior.

Não pode haver Estado de Direito onde o poder militar, poder armado, pretende definir o destino judicial e cívico de um político. Não ao sabor da Constituição. “Ao sabor da política?” Não. Ao sabor da força das armas, fornecidas pelo restante da população para a defesa da nação  [missão que abrange defesa dos inimigos externos e internos e atualmente os internos exigem mais atenção, eficiência e presteza na sua neutralização.
O general Eduardo Villas Bôas, ao se manifestar exerceu um direito de cidadão - ou será que no 'estado democrático de direito' citado pelo ilustre colunista, os militares são cidadãos de segunda classe?]  —esta fusão fascinante de povo, Constituição, leis, território, cultura, costumes, história—, e não só do capital privado.

No Estado de Direito em vão procurado pela pergunta acabamos de saber que ao começar o ano já eram 13,5 milhões os miseráveis, 50% a mais sobre os 9 milhões de quatro anos antes. [doze milhões herdados por Temer da desastrada e escarrada ex-presidente Dilma Rousseff.
O mais repugnante dos crimes praticados pela organização criminosa comandada pelo lulopetista é roubarem dos miseráveis.
De cada centavo roubado pela corja lulopetista, uma fração faz falta aos 'miseráveis'.] Diz o levantamento que são pessoas vivendo com menos de R$ 145 por mês. Menos de. Dispõem em média, portanto, no máximo R$ 4,83 por dia. Como comem, essas pessoas? Como se aguentam por todo um dia, por todos os dias, com a miséria de comida a que têm acesso? É insuportável pensar nisso. É insuportável pensar no tratamento dado aos pedintes, no descaso com esses farrapos de vida. Não vivem em Estado de Direito, estão condenados ao estado de miséria.

Bolsonaro proíbe a queima do maquinário de mineradores clandestinos na Amazônia. Já está claro: há um pedido dele para formulação de medida que legalize essa atividade. No Estado de Direito não se legalizaria o crime. Tanto mais por haver indícios fortes de que o controle dessa mineração está em milícias, com policiais e ex-policiais, não sediadas só na Amazônia. É o novo poder em expansão. Contra o direito do Estado e o Estado de Direito. [o maquinário precisa, deve ser conservado para ser utilizado em atividades legais, que podem incluir a exploração legalizada de minérios na Amazônia - exploração realizada de forma sustentável e após ajustes nas reservas de forma a evitar que os índios sejam os maiores latifundiários do Brasil.]

Na sessão do Supremo que reconheceu a Constituição e contrariou os defensores, na dura acusação do decano Celso de Mello, prática “própria de regime autoritário e autocrata”, Dias Toffoli puxou uma rodada de informações e considerações, muito impressionantes, sobre a criminalidade, a impunidade e a situação prisional no Brasil. Mas não precisariam ser todos tão caudalosos. Bastaria lembrar que nem o clamor público, interno e internacional, foi capaz de vencer a barragem entre o assassinato de Marielle e Anderson e o que seria a investigação honesta do crime, seus antecedentes e envolvimentos pessoais: corrupção, milícias, vários crimes, poder, todos vasculhados e revelados.
Sem o Estado de Direito, o que viceja é o Estado de direita. [continuando o trocadilho: o Estado de Direita, endireita o Estado.]
 
Jânio de Freitas, jornalista - O Estado de S. Paulo 
 
 

quinta-feira, 24 de outubro de 2019

Mensagens que a crise do Chile envia- Editorial


O Globo

Protestos violentos refletem um perigoso mal-estar social, apesar de avanços econômicos

A América do Sul costuma viver em ciclos. Houve o das ditaduras militares, vive-se agora o da bem-vinda redemocratização, em que se revezam governos à direita e à esquerda, com pedigree populista ou não. O importante é que os regimes garantam eleições minimamente livres, o que não acontece na Venezuela. 

Nos últimos meses, têm ocorrido manifestações violentas que denunciam um perigoso mal-estar social. No Peru, a sociedade acompanhou a desarticulação de um ramo do petrolão brasileiro, desvendado pela Lava-Jato, e as ruas serviram de campo de guerra durante um choque institucional entre o Executivo e o Legislativo; no Equador, a violência foi detonada pela revogação de uma só vez de subsídios aos combustíveis, e a Bolívia entrou na lista de crises, com a suspensão da contagem de votos da eleição em que Evo Morales tenta se reeleger pela quarta vez consecutiva. 

[a causa maior dos choques que estão ocorrendo nos países citados, incluindo o Chile, é que todos vem, ou passaram por algum processo, tentativas de consolidação da esquerda e esta contamina qualquer nação, o que exige as providências mais efetivas para a neutralização da esquerda.
A maior parte das nações começam, ainda que de forma gradativa,  a ter governos de direita - o predomínio da esquerda, felizmente sustado - só trouxe mazelas para as nações. A esquerda é um mal, uma erva daninha que tem que ser erradicada. Só assim o mundo entrará em um processo de melhora.
Os conflitos na América Latina não são exceção, apenas estão mostrando em primeiro lugar, o resultado da tragédia que é ser governado pela esquerda.]


O destaque é o Chile, cuja economia tem índices de razoável desenvolvimento. Por exemplo, um PIB per capita de US$ 25.200, contra US$ 16 mil do Brasil (calculados no conceito de “paridade do poder de compra”). Superadas uma hiperinflação e a violenta ditadura militar de Pinochet, o Chile foi conquistando avanços. 

O reajuste de tarifas de transporte público deflagrou a violência em Santiago e em outras cidades. Pela primeira vez desde 90, os militares saíram dos quartéis, agora chamados pelo poder constituído para restabelecer a ordem, dentro do estado de emergência decretado pelo presidente Sebastián Piñera. Também como qualquer outra explosão desse tipo, há causas que fermentam no subsolo social.

No momento, o Chile cresce pouco mais de 3%, abaixo da meta do governo, que é de 5% a 6%, mas, ainda assim, encontra-se em situação bem melhor que o Brasil. Apesar disso, há severas desigualdades na sociedade chilena.  A violência da crise chilena não deve servir para mais do mesmo: acirrar os conflitos entre “direita” e “esquerda”. A América Latina precisa deixar de ser prisioneira do pêndulo entre governantes que destroem as contas públicas em nome do combate à pobreza e os que fazem o necessário ajuste sem preocupações com salvaguardas sociais. 

No momento em que o Brasil executa reformas, deve-se provar que é possível ter responsabilidade fiscal e ao mesmo tempo dar aos mais pobres espaço para ascensão social. O controle da inflação já é uma condição imprescindível para o enfrentamento da pobreza. 

A construção de um projeto que distribua renda e oportunidades depende, porém, do enfrentamento de fortes corporações que atuam nos Três Poderes, para manter privilégios de toda sorte. Os recursos que são desviados por força de lei para esses grupos precisam ser aplicados em infraestrutura, educação, saúde, em setores que melhorem a qualidade de vida de toda a população. E pode ser feito sem populismos.

Editorial - Jornal O Globo, 24 outubro 2019


O ciclo da frustração - William Waack

O Estado de S.Paulo

As crises nos vizinhos sul-americanos têm poderoso e perigoso denominador comum

Não é difícil encontrar um denominador comum para as sucessivas e paralelas crises que tomaram conta (por ordem alfabética) de Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Colômbia, Equador, Paraguai, Peru e Venezuela, para ficar apenas com a América do Sul. O “ciclo” atual desses países é o da “era do descontentamento”. Ou da era da frustração, como preferir.
Em seu conjunto, os países desta região só se comparam aos do Oriente Médio quanto ao número de seus habitantes que declaram ter vontade de seguir a vida em outro lugar (no Brasil, alcança a faixa dos 30%; fonte é o Gallup). São os países nos quais existe a mais aguda percepção no planeta de que seus regimes políticos são tomados pela corrupção. E os de mais baixo desempenho econômico na comparação com todas as outras regiões.
Tomados individualmente, cada um desses países teria razões próprias, locais, culturais e históricas para os períodos de crise econômica, turbulência e instabilidade políticas. Mas há algo comum a todos: um sentimento difuso de frustração trazido pela demora em romper a perceptível estagnação que caracteriza um conjunto de nações preso à armadilha da renda média, e cuja distância em relação aos países mais avançados continua praticamente a mesma de uma geração atrás.
A punição a quem está no poder é quase imediata, não importa se de esquerda ou direita. Na Argentina, no Chile ou no Brasil, recentes resultados eleitorais dividem um mesmo pano de fundo: um acentuado desejo de mudança trazido menos pela esperança num futuro melhor e muito mais pela indignação com a corrupção, medo com a criminalidade e profunda desconfiança na capacidade do “sistema” de resolver problemas agudos – “sistema” passa a ser tudo, da administração pública à imprensa, passando (claro) pelo Judiciário. Ganha quem prometer derrotar o “sistema”.

Acabam sendo literalmente catapultados para o centro de decisões figuras de políticos de personalidades e biografias bastante diversas (como são Bolsonaro, Macri e Piñera, para ficar apenas nos casos de Brasil, Argentina e Chile), mas todos herdeiros de contextos políticos caracterizados, de um lado, por ausência de claras maiorias parlamentares. E pela presença, por outro lado, de bem constituídos grupos de interesses e corporações dentro da máquina do Estado (Brasil e Argentina), por delicadas situações fiscais que obrigam os governos a reduzir ou acabar com subsídios em setores como combustíveis ou transporte (Chile), no que acaba sendo entendido como afronta a uma população já atravessando graves dificuldades.
Todos apresentam um quadro muito semelhante de desequilíbrio, concentração e desigualdade de renda. É consideravelmente distinto o apego de faixas da população a postulados ideológicos quando se compara o Chile (onde há um espectro clássico de “social-democracia” versus “democracia cristã”), Argentina (e seu peronismo, que dificilmente encontra comparações) e o Brasil (no qual impera uma maçaroca ideológica). Em geral, porém, parcelas significativas da população, embora não detenham conhecimento exato das respectivas taxas de crescimento de suas economias, têm uma noção clara do fato do prometido futuro tardar tanto a chegar.
A questão, portanto, não é a do “contágio” ao qual vozes do governo brasileiro se referiram quando, finalmente, perceberam a gravidade do que acontece em vizinhos como Argentina e Chile. Muito menos se trata de alguma “conspiração” (o “esquerdista” Evo Morales está sendo contestado assim como os “direitistas” no Chile e Argentina). A questão é levar adiante reformas amplas e profundas que rompam um ciclo de estagnação. Que, ao se transformar em ciclo de frustração, cobra altíssimo preço político.
 
William Waack, jornalista - O Estado de S. Paulo


quarta-feira, 23 de outubro de 2019

O otimismo do mercado e o mal-estar da sociedade - Nas entrelinhas

Apostar no ‘quantos pior, melhor’ na economia nem sempre é uma boa estratégia. Quando as coisas começam a dar certo, leva a oposição ao descrédito, como no Plano Real”


A conclusão da reforma da Previdência, aprovada ontem pelo Senado, desde o começo da semana exerce no mercado um efeito catalisador, confirmando o otimismo de seus principais analistas em relação ao impacto fiscal positivo da economia de mais de 800 bilhões de reais para o Tesouro, em 10 anos, com os ajustes feitos nas aposentadorias dos servidores federais e dos trabalhadores do setor privado. O impacto social são outros quinhentos, que só o tempo revelará, mas não é essa a principal causa do mal-estar na sociedade, se o fosse, provavelmente, a votação de ontem ocorreria em meio a grandes manifestações de protestos, com vidraças quebradas e muito gás lacrimogêneo nas principais cidades do país. Vamos por partes.

Para a maioria dos economistas, a reforma da Previdência, o teto de gastos e a reforma trabalhista, as duas últimas uma herança do governo Michel Temer, estabeleceram fundamentos para que o gasto público fosse controlado, a inflação se mantivesse abaixo da meta e, consequentemente, a taxa de juros em declínio. Mas a recuperação da economia continua lenta. Os mais otimistas, como o ex-ministro Luiz Carlos Mendonça de Barros, em artigo publicado na segunda-feira, no Valor Econômico, intitulado La Nave Va, porém, já falam em outra dinâmica da economia, uma “recuperação cíclica”. Segundo ele, a reforma da Previdência evitou uma catástrofe fiscal.

Mendonça de Barros questiona o pessimismo dos que valorizam o peso negativo da estrutura de despesas criadas pela Constituição de 1988 e por leis ordinárias subsequentes, principalmente na educação e na saúde, por exemplo, e pelas respectivas transferências compulsórias para estados e municípios. Também relativiza os problemas do desemprego, da informalidade e da capacidade ociosa da indústria. Segundo ele, são problemas reais e limitadores da força da recuperação cíclica, porém, são compensados pela nova legislação trabalhista, pela autonomia da política monetária e por uma gestão orçamentária competente. O desempenho do agronegócio e a lenta, mas consistente, recuperação do mercado de trabalho seriam indicadores de um novo ciclo de expansão da economia.

A “malaise”
O mal-estar da sociedade está diretamente associado às desigualdades, à violência e às injustiças. O sucesso de filmes como Coringa e Bacurau, para citar um blockbuster hollywoodiano e uma produção nacional que também glamoriza a violência, são indicadores de que algo de errado se passa. As notícias que chegam do México, do Equador, da Espanha, do Líbano e, principalmente, do Chile, para citar os que estão em mais evidência, corroboram a tese de que o problema não é isolado, embora se manifeste de forma diferenciada em cada país.

Do ponto de vista econômico, por exemplo, os indicadores brasileiros são piores do que os chilenos. Salário mínimo: R$ 1.700 (Chile) / R$ 998 (Brasil); Renda média anual: US$ 25,2 mil (Chile) / US$ 15,7 mil (Brasil); Desemprego: 7,3% (Chile) / 12,2% (Brasil); Inflação: 2,4% (Chile) / 2,9% (Brasil); Expectativa de alta do PIB neste ano: 2,9% (Chile) / menos de 1% (Brasil). De certa forma, convém ponderar, o que está havendo no Chile ocorreu no Brasil em 2013, com o mesmo estopim: o aumento do preço das passagens. A diferença é que havia um governo de esquerda, que não recorreu às forças armadas, enquanto no Chile, o presidente Sebástian Piñera, de direita, não hesitou em recorrer ao Exército para reprimir os protestos, o que já provocou a morte de 15 pessoas. [ Sebástian Piñera, age corretamente, quando usa a força necessária para conter distúrbios - tumulto não resolve nenhum problema e precisa ser contido logo no inicio - usado a força necessária; 
se deixar crescer, vira bola de neve.
A esquerda brasileira não foi boazinha, apenas não necessitou do uso das FF AA, se valendo do fato de que a polícia do Brasil é mais bem equipada para conter distúrbios.]
Além disso, o Brasil vem de eleições muito recentes, o que dá ao presidente Jair Bolsonaro e sua equipe econômica mais tempo para reverter a situação que herdou na economia, mesmo que seu prestígio popular tenha caído. Tanto que a aprovação da reforma da Previdência mostra reduzida capacidade de mobilização por parte dos sindicatos de trabalhadores, ainda que enfraquecidos com o fim do imposto sindical e pela desmotivação causada pelo fantasma do desemprego.

O crédito de que dispõe Bolsonaro falta ao Congresso, que corre atrás do prejuízo blindando a política econômica do governo. No fundo, a “malaise” na sociedade tem muito mais a ver com a ética na política do que com a situação econômica. E é ainda mais fomentada pela radicalização política e por certas agressões ao bom senso por parte do governo. Entretanto, apostar no “quantos pior, melhor” na economia nem sempre é uma boa estratégia. Quando as coisas começam a dar certo, leva a oposição ao descrédito. Foi o que aconteceu durante o “milagre econômico”, no regime militar, e com o Plano Real, no governo Itamar Franco, com o qual o Fernando Henrique Cardoso se elegeu presidente da República por duas vezes.

Nas Entrelinhas - Luiz Carlos Azedo - Correio Braziliense

 

domingo, 15 de setembro de 2019

Sínodo da Amazônia no fogo das polêmicas - Dom Odilo P. Scherer

O Estado de S. Paulo

Não se justifica a suspeita de que a ação da Igreja Católica sirva a interesses estrangeiros

As imagens das queimadas e da fumaça na Amazônia foram amplamente divulgadas nas mídias nacionais e internacionais nas últimas semanas. Além dos preciosos pedaços da floresta tropical destruídos, o fogo também esquentou a cabeça de alguns governantes, a ponto de levar ao nível das ofensas pessoais e de chamuscar relações internacionais. Não é para menos. A maior floresta tropical do mundo, da qual fazem parte nove países da América do Sul, interessa muito a cada um desses países, especialmente ao Brasil, que detém sozinho cerca de 60% desse bioma extraordinariamente pródigo em vida, água e riquezas do subsolo.

Mas os interessados não são apenas esses nove países, prontos a levantar a voz em defesa da sua soberania sobre esses territórios. Muitos outros países estão de olho na Amazônia. Talvez tenha passado pela cabeça de algum governante saudoso dos tempos coloniais a hipótese inaceitável de uma “soberania relativa” dos países amazônicos sobre seus territórios [com certeza um governante teve (ou tem) esse devaneio - que,  se persistir, poderá se tornar na materialização de um pesadelo do sonhador: presidente Macron, da França que mantém uma colônia na América do Sul: Guiana.
Ao ensejo, lembramos que incêndios ocorrem todos os anos na Amazônia, como consequência do clima nessa época.] . Em geral, porém, o mundo está interessado na Amazônia pelo fato de reconhecer que se trata de um bem extraordinário e único, que tem importância para todos os habitantes do nosso planeta.

A preocupação geral diante das ameaças reais de destruição do ecossistema amazônico é compreensível e não se precisaria pôr logo em xeque a soberania nacional. Há interesse no cuidado da Amazônia e os países da área, além de fazerem o possível para cuidar bem da Amazônia, poderiam aceitar a ajuda de outros países dispostos a fazê-lo. E até tirar vantagem desse interesse geral, compartilhando, de alguma forma, o ônus do bom cuidado desse “bem para todos”, sem que se questione a soberania dos países da área.

Até mesmo o Sínodo para a Amazônia, convocado pelo papa Francisco ainda em 2017, acabou na mira dos ânimos mais aquecidos. Esse sínodo é um evento da Igreja Católica com o objetivo de refletir sobre o conjunto da realidade amazônica, envolvendo o homem, o ambiente natural e a missão da própria Igreja na grande Amazônia. Para o sínodo foram convocados os bispos das dioceses amazônicas dos nove países: Brasil, Bolívia, Equador, Peru, Colômbia, Venezuela e as três Guianas. [por tabela a França foi convidada, visto que uma das Guianas, é colônia francesa.]
 
O papa Francisco não é contrário à soberania nacional nem à autodeterminação de nenhum país, nem convoca bispos para tramarem contra os legítimos interesses de cada povo e cada país. Não se justifica a suspeita, levantada no ambiente aquecido das paixões nacionalistas, de que a ação da Igreja Católica na Amazônia sirva a interesses estrangeiros. A esse propósito convém lembrar que os missionários estão nos rincões mais retirados da Região Amazônica desde o século 17 e para lá não foram para escravizar indígenas, levar embora suas riquezas e devastar a natureza. Muito ao contrário, por muito tempo eles foram os únicos a tomar a defesa dos povos originários da Amazônia contra a ganância de quem ameaçava sua liberdade, suas terras e culturas.

Em vez de retirarem navios de riquezas, eles carreavam para a Amazônia recursos humanos e materiais em quantidades nunca calculadas nem alardeadas, cuidando da saúde, da alfabetização e da promoção humana e cultural das populações indígenas e ribeirinhas. Quanto suor, quanto sangue e quantas lágrimas oferecidos de maneira silenciosa e incansável pela dignidade e pelos direitos humanos daquelas populações, longamente esquecidas pela sociedade e pelo Estado! E se no século 18 o marquês de Pombal não tivesse expulsado os jesuítas das missões da Amazônia, o desenvolvimento humano, social e cultural da região estaria bem mais avançado do que se encontra atualmente.

A preocupação da Igreja Católica com a destruição da Amazônia e com os problemas ambientais daí decorrentes não se iniciou com o atual governo do Brasil, como bem recordaram os participantes do encontro preparatório do sínodo da Amazônia, em agosto, em Belém (PA). Em carta divulgada, eles expressaram novamente sua preocupação diante das questões ambientais da Amazônia e das ameaças contra a ação da Igreja naquela região. Recordaram que desde 1952 os bispos da área vêm tomando posição diante desses problemas. Em 1972, o papa Paulo VI fez um forte apelo em favor da Amazônia. “Cristo aponta para a Amazônia”, disse ele, indicando que a Igreja devia inserir-se mais e mais naquela realidade.

Em 1990 os bispos da Amazônia emitiram o documento Em defesa da Amazônia, chamando a atenção para o desastre ecológico iminente, com consequências catastróficas para todo o ecossistema mundial. Os apelos em favor da Amazônia também aparecem no documento final da 5.ª Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano e do Caribe, realizada em Aparecida em 2007: a natureza deve ser protegida contra toda forma de depredação e destruição irracional. Cabe-nos uma responsabilidade moral diante das ameaças à Amazônia (cf. n.ºs 470-475).

No manifesto de Belém, acima referido, os participantes denunciaram mais uma vez o envenenamento de rios e lagos, a poluição do ar com as queimadas, a pesca predatória, a invasão de terras indígenas por mineradoras, garimpos e madeireiras e o comércio ilegal dos produtos da biodiversidade. “Defendemos vigorosamente a Amazônia (…). A soberania brasileira sobre essa parte da Amazônia é para nós inquestionável. Entendemos, no entanto, e apoiamos a preocupação do mundo inteiro em relação a esse macrobioma, que desempenha uma importantíssima função reguladora do clima planetário.” E concluíram:
“Todas as nações são chamadas a colaborar com os países amazônicos e com as organizações locais empenhadas na preservação da Amazônia, porque dessa macrorregião depende a sobrevivência dos povos e do ecossistema em outras partes do Brasil e do Continente”.


O Estado de S. Paulo - Dom Odilo P. Scherer - Cardeal-Arcebispo de São Paulo

quarta-feira, 24 de julho de 2019

Ibaneis foge dos problemas do DF - viajou para Guayaquil, Equador, assistir o jogo do Flamengo x Emelec, pela Libertadores

[o Mengão pede desculpas ao sofrido povo brasiliense; 

será que o Flamengo, que valoriza seus torcedores, compactua com o governador do DF, que deixa Brasília em situação de CAOS e vai torcer pelo MENGÃO na Libertadores?

A conduta de certos torcedores não honra a torcida do MENGÃO - time do povão e este é que está sofrendo devido a incompetência do governador Ibaneis.

Também quem mandou votar nele.]

 

A Saúde Pública do DF está um caos - melhor dizendo um CAOS CAÓTICO;

Hospital da Ceilândia super lotado;

Hospital do Gama os pacientes amontoados impedem até a circulação de carrinhos com roupa suja - fonte de contaminação;

Hospital de Santa Maria em situação de pânico, superlotação e falta de recursos.

Melhor dizer: todos os hospitais do DF estão em situação de CALAMIDADE PÚBLICA.

Até o Instituto que administra o Hospital de Base começa a 'dar defeito'. 

 Ibaneis já percebeu que não pode usar suas duas medidas prediletas:

- privatizar; e,

- demitir diretor.

Então viajou para Equador para curtir o jogo Flamengo x EMELEC.

Senhores deputados distritais, a Câmara Legislativa, não goza de bom conceito.

Mas, que tal começar um estudo sério para um RECALL ou mesmo o IMPEACHMENT de Ibaneis. 

Afinal a forma como está administrando Brasília não é um modelo de responsabilidade = Ibaneis não está agindo de forma responsável.

Isso é IRRESPONSABILIDADE. Pergunta-se: IRRESPONSABILIDADE é crime de responsabilidade que justifica IMPEACHMENT?

Editores do Blog Prontidão Total

 

 

segunda-feira, 8 de abril de 2019

Pobre Venezuela

A eventual prisão de Juan Guaidó pode ter consequências mais graves do que as anteriores devido ao rol de países que o apoiam

A crise na Venezuela está mais próxima do agravamento do que da distensão. Na terça-feira passada, a Assembleia Constituinte, controlada pelo ditador Nicolás Maduro, acolheu um pedido do Tribunal Supremo de Justiça, apêndice chavista no Poder Judiciário, e cassou a imunidade parlamentar de Juan Guaidó. A medida abre caminho para a prisão do autoproclamado presidente constitucional do país.

Juan Guaidó, presidente da Assembleia Nacional, órgão do Poder Legislativo composto por deputados legitimamente eleitos, foi reconhecido há três meses como presidente de jure da Venezuela por países que compõem o Grupo de Lima, incluindo Brasil, Estados Unidos e União Europeia. No final de fevereiro, Guaidó iniciou uma série de viagens em busca de apoio político e ajuda humanitária para seu país. O périplo incluiu Brasil, Colômbia, Paraguai, Equador e Argentina. Sua mulher, Fabiana Rosales, foi recebida pelo presidente norte-americano, Donald Trump, no Salão Oval da Casa Branca no final do mês passado.

Para o Tribunal Supremo de Justiça, Guaidó teria violado uma proibição de se ausentar da Venezuela, entre outras “ilegalidades”. O presidente interino, obviamente, diz não reconhecer o interdito. A Corte é a mesma que deu ares de legalidade ao simulacro de eleição realizado em maio do ano passado, do qual Nicolás Maduro saiu vitorioso. Fortes indícios de fraude e ausência de candidatos oposicionistas naquele pleito foram duas das razões que levaram mais de 50 nações a não reconhecerem o resultado das urnas.

A prisão de líderes opositores é uma prática corriqueira do regime de Nicolás Maduro. Antonio Ledezma, Henrique Capriles e Leopoldo López que o digam. A eventual prisão de Juan Guaidó, no entanto, pode ter consequências mais graves do que as anteriores porque não se sabe quais seriam as reações de alguns países que compõem o expressivo rol de nações que o apoiam, em especial os Estados Unidos.
Em toda oportunidade que tem, o presidente Donald Trump faz questão de dizer que uma intervenção militar na Venezuela é “uma das cartas sobre a mesa”. Trata-se de um cenário improvável, mas, em se tratando de Trump, a apreensão é compreensível. Juan Guaidó, ao menos em público, mantém-se firme na articulação pela queda de Nicolás Maduro e posterior convocação de nova eleição. “Nada irá nos deter. Não vamos parar por medo de ameaças”, disse.

Sejam quais forem a gravidade e a extensão dos desdobramentos de uma abrupta retirada de Juan Guaidó do panorama político da Venezuela, uma coisa é certa: o povo venezuelano continuará sofrendo com as severas consequências da maior crise humanitária da América do Sul em muitas décadas.  Ontem, a organização não governamental Human Rights Watch divulgou um relatório em que classifica a situação na Venezuela como “emergência humanitária complexa”. É um termo técnico que justificaria a intervenção da Organização das Nações Unidas (ONU) no país. De fato, a entidade pede que a ONU dê uma “resposta forte” à crise humanitária pela escassez de medicamentos e comida no país vizinho.

O relatório foi elaborado em conjunto com especialistas da Universidade Johns Hopkins. De acordo com Shannon Doocy, uma das médicas da universidade americana que trabalharam na elaboração do documento, “o colapso absoluto do sistema de saúde da Venezuela, combinado com a escassez generalizada de alimentos, está exacerbando o calvário que os venezuelanos estão vivendo e colocando mais pessoas em risco”



Ela alerta que, sem a intervenção da ONU, a crise não terá fim e mais vidas serão perdidas. No ano passado, Nicolás Maduro reconheceu, pela primeira vez, que a Venezuela passava por uma crise humanitária e autorizou a entrada de ajuda da ONU no país.


Tudo não passou de mais uma de suas ações diversionistas. Tampouco a ajuda oferecida pelo Brasil e pela Colômbia este ano pôde chegar aos destinatários.




terça-feira, 19 de março de 2019

Da esquerda, nem estátua sobra

Completa-se a demolição da Unasul; nasce Prosul

O governo equatoriano acaba de anunciar que vai retirar a estátua de Néstor Kirchner, presidente argentino entre 2003 e 2007, da frente do prédio da Unasul (União de Nações Sul-Americanas).
Aliás, Lenín Moreno, o presidente do Equador, também anunciou que o país vai se retirar do conglomerado. Aliás, Moreno também vai retomar para o Equador o prédio da Unasul, que seu antecessor, Rafael Correa, cedeu ao grupo então composto pelos 12 países sul-americanos.

[a destruição da Unasul = Ursal, criação do maldito Foro de S. Paulo - outro lixo que deve ir para o esgoto, praticamente, não é nem um acontecimento.
A Unasul = Ursal = tudo a mesma m ... - pretendiam substituir a extinta URSS = União Soviética - que não foi recriada formalmente, mas, a Rússia, sob Vladimir Putin,  age como legítima e única substituta e de forma mais flexível.
 
Para felicidade da América Latina, a esquerda está praticamente extinta nas Américas - o que resta tem a oferecer apenas miséria = vide Cuba, Venezuela e outros - e perdendo espaço em todo mundo.
 
A Prosul é uma organização que nasce mais para simbolizar o fim das excrescências expelidas pelo Foro de S. Paulo, do que por ser necessária.
A América do Sul e todo o continente americano tem um único destino: a DIREITA.]

Não é, pois, figura de linguagem dizer que não sobrou pedra sobre pedra da esquerda sul-americana hegemônica na primeira década do século. A Unasul, como se sabe, foi uma invenção de Hugo Chávez, inventor também do “socialismo do século 21” e do “bolivarianismo". Não por acaso, suas três invenções estão reduzidas a cacos.

O sinal político dos países que constituíram a Unasul em 2018 mudou da esquerda para a direita, desde então. Mudou tanto que, na sexta-feira (22), haverá uma reunião no Chile em que o anfitrião, Sebastián Piñera, o colombiano Iván Duque e o brasileiro Jair Bolsonaro lançarão uma nova organização, chamada Prosul. Era mais prático, acho eu, aproveitar as instalações atuais e os poucos funcionários remanescentes, trocar a placa de Unasul por Prosul, avisar que o estabelecimento está sob nova gerência e novo sinal ideológico e tocar a vida.

A demolição da Unasul, da qual seis países já haviam se afastado antes do anúncio do Equador, se torna mais significativa exatamente por essas iniciativas equatorianas. Nos outros países bolivarianos ou solidários com o socialismo do século 21, eleições derrubaram seus presidentes, mas, no Equador, não. Lenín Moreno foi vice de Rafael Correa e eleito com base no apoio deste.

Rompeu com ele e, no caso Unasul, sua avaliação vale como epitáfio: “A Unasul se transformou em uma plataforma política que destruiu o sonho de integração que nos venderam”. Prosul tende a também se transformar em plataforma política, com sinal trocado, o que não leva necessariamente a reconstruir o sonho de integração, que a América do Sul acalenta faz anos e nunca realiza. Temo que valha para Prosul a avaliação sobre integração que Bruno Binetti, pesquisador do Interamerican Dialogue, fez para a revista Americas Quarterly:

“Muitas iniciativas para promover a integração regional entre países latino-americanos e sul-americanos não foram bem sucedidas por um punhado de razões: falta de liderança por parte dos grandes países da região, a recusa dos governos de ceder soberania para entidades internacionais, diferença políticas entre os países-membros e falta de complementaridade econômica". Binetti acha que tais condições continuam presentes no enterro da Unasul e nascimento do Prosul. Logo, “Prosul tende a se tornar outra casca vazia no museu de instituições regionais fracassadas da América Latina".
 
Clóvis Rossi - Folha de S. Paulo
 
 

terça-feira, 12 de fevereiro de 2019

O inimigo veste batina

Augusto Heleno Ribeiro Pereira tem precedência hierárquica na curadoria militar do governo Jair Bolsonaro. É da tradição dos quartéis, onde viveu 45 dos seus 71 anos de idade — a última dúzia como general. A ascendência sobre Bolsonaro tem origem na dedicação do treinador da Academia das Agulhas Negras, que ajudou o cadete Cavalão a se destacar em pentatlo moderno. A gratidão veio coma chefiado Gabinete de Segurança Institucional.
[ESCLARECIMENTO - motivado pela transcrição, em sequência, de duas matérias envolvendo o Sínodo dos Bispos, patrocinado pela Igreja Católica, e o governo Bolsonaro: 
- sendo o Blog Prontidão Total um blog cujos colaboradores e editores  'fixos' são,  em sua maioria,  católicos - apesar do Blog ser voltado para assuntos políticos - entendemos necessário deixar claro nossa posição - especialmente, por respeito aos nossos dois leitores.
Não nos sentimos competentes para discussão sobre assuntos religiosos.
Apesar de também não sermos possuidores de amplos conhecimentos sobre política, adaptamos aquela conhecida máxima do futebol e damos nossos palpites.
Concluindo, antes que seja necessário um outro esclarecimento para esclarecer a explicação do esclarecimento:
- Discordamos totalmente da intromissão da Igreja Católica Apostólica Romana em assuntos internos do Brasil, não religiosos e que digam respeito à SOBERANIA NACIONAL.

O catolicismo precisa ser amplamente divulgado em ações de Evangelização não sendo conveniente que padres e bispos se envolvam em discussões de caráter político.

EVANGELIZAR não implica no envolvimento em causas não religiosas, com o agravante de que o apoio da Igreja Católica pode ensejar a grupos de esquerda e assemelhados, que sempre buscam confundir os incautos, aleguem que contam com o apoio da Igreja Católica Apostólica Romana.
Os fundamentos Bíblicos para o que ora apontamos, podem ser encontrados no POST seguinte.
Desde que experimentou um biênio no Comando Militar da Amazônia (2007-2009), com 17 mil soldados em quatro brigadas de infantaria de selva, Ribeiro Pereira—mais conhecido como Augusto Heleno—enxerga um potencial de “teatro de operações” em metade do mapa do Brasil, por ausência do Estado. Na últimas décadas, recitou em auditórios os clássicos da catequese sobre a “cobiça internacional” pela Amazônia, além de listar equações diplomáticas nos 11 mil kms da fronteira Norte com chance de descambar para uma situação bélica”.

[é público e notório que existe uma campanha sistemática de parte da Imprensa contra o governo Bolsonaro.
Tudo que pode ser usado é usado de forma implacável - se faz, fez errado, se não faz também errou. 
Até no relacionamento Bolsonaro x Mourão, tentam implantar a cizânia.
Duas manchetes exemplares:

- 'Mourão vai a churrasco, mas não visita Bolsonaro no hospital


"Eu neste hospital e você no churrasco?", disse Bolsonaro ao vice Hamilton Mourão pelo telefone'

- 'Quinze dias internados e nem uma visita de Mourão.' 

Não vão conseguir criar uma área de conflito entre o capitão e  o general - entre militares existe um detalhes que muitos não conhecem e se conhecem não praticam:

 

LEALDADE. ]

 

Agora, como disse à repórter Tânia Monteiro, mobiliza o governo para “neutralizar” o Vaticano, que programou para outubro o Sínodo da Amazônia, com batinas de Brasil, Bolívia, Colômbia, Equador, Venezuela, Peru e Antilhas. Faltou o chefe do GSI definir “neutralizar”. Argumenta com possíveis críticas do Vaticano à política para a Amazônia. Seria impossível, porque, se existe, até hoje ninguém viu — como o projeto de reforma da Previdência.


Ele se queixa de que “há muito tempo existe influência da Igreja e ONGs na floresta”. Tem razão. Entidades civis proliferam no vácuo estatal. A história da Igreja Católica é mais antiga. Ribeiro Pereira talvez tenha esquecido, mas Brasil é assunto em Roma desde meio século antes do “Descobrimento”. Caminha registrou o “achamento”, a missa e a ordem do capitão Cabral para deixar na praia de Santa Cruz (BA) um par de colonos. Um deles se chamava Ribeiro.

José Casado, jornalista - O Globo